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01-Aulas-Teoria-do-Conhecimento-versão-2022-TEXTO

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Observatório do Valongo
Curso de Astronomia
Evolução do Pensamento Astronômico – 2022/1
TEORIA DO CONHECIMENTO
E DO MÉTODO CIENTÍFICO
uma introdução
Gustavo F. Porto de Mello
OVL361 – EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ASTRONÔMICO (60H – 4T + 0P - 4CR)
Cosmogonia dos povos primitivos. A ciência dos gregos.
Astronomia na Idade Média. A grande revolução: Copérnico;
Kepler; Galileu; Newton. Medindo a Via Láctea. Surgimento da
Astrofísica. A escala de tempo do Universo. A Grande
Controvérsia: Curtis x Shapley. Os limites do Universo. O
Método Científico. A busca por dados: observação. A busca por
hipóteses: indução. O teste de leis: predição e controle. As
descobertas empíricas.
Pré-requisitos: Astrofísica Geral
PLANO DO CURSO E EMENTA OFICIAIS
Objetivo: Apresentar ao aluno a evolução da Astronomia e
o papel dela no cenário da ciência contemporânea, desde
seus primórdios até os tempos atuais. Apresentar e discutir
os princípios do método científico.
Bibliografia - os três livros estão disponíveis em nossa biblioteca:
La Investigación Científica, 1985, Bunge, M., Ariel Methods
On the Shoulders of Giants, 2002, Ed. Stephen Hawking, Running
Press
The Cambridge Illustrated History of Astronomy, 1997, Hoskin, M.,
Cambridge University Press
Textos avulsos selecionados
PLANO DO CURSO E EMENTA OFICIAIS
O curso está basicamente dividido em três partes:
1- Teoria do Conhecimento e do Método Científico: tipos de
conhecimento; epistemologia, gnosiologia e ontologia; estrutura e
aplicação do conhecimento científico, métodos científicos;
2- Introdução à Filosofia: concepção; história; conceito de
mundividência; métodos filosóficos;
3- Evolução do Pensamento Astronômico: história do
pensamento cosmológico do ser humano, da antiguidade à
atualidade, exemplificada através de revoluções marcantes de visão
de mundo: da mitologia neolítica à cosmologia extragaláctica.
Sobrando tempo: Paradigma, Sociologia e Psicologia Científicas.
PLANO DO CURSO E EMENTA – O que faremos
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Alguns autores do século XX com importantes contribuições ao tema, 
os quais estaremos citando repetidamente:
Arthur Koestler (1905-1983)
Os Sonâmbulos (1959)
Thomas Kuhn (1922-1996)
A Estrutura das Revoluções Científicas (1962)
Karl Popper (1902-1994)
A Lógica da Descoberta Científica (1934)
Esses três titulos estão
disponíveis em nossa bibliotecaKoestler
Kuhn
Popper
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Outros textos sugeridos:
Filosofia da Ciência: uma Introdução ao Jogo e suas Regras
Rubem Alves, Ed. Brasiliense (1981)
A Criação Científica
Abraham Moles, Ed. Perspectiva (1998)
A Imaginação Científica
Gerard Holton, Ed. Zahar (1979)
O Valor da Ciência
Henri Poincaré, Ed. Contraponto (2007)
Esses quatro titulos estão
disponíveis em nossa biblioteca
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Outros títulos recomendados:
Conhecimento Humano: seu Escopo e seus Limites
Bertrand Russell, Ed. UNESP (2018)
O Método, volumes I, II e III
Edgar Morin, Ed. Sulina (2003)
A Formação do Espírito Científico
Gaston Bachelard, Ed. Contraponto (1996)
Outros autores recomendados:
Jean Piaget
Paul C. Davies
Ilya Prigogine
Paul Feyerabend
TEORIA DO CONHECIMENTO E DO 
MÉTODO CIENTÍFICO
O Problema da Realidade
Tipos de Conhecimento
Astronomia no contexto das Ciências
Algumas definições fundamentais
A Possibilidade do Conhecimento
A Origem do Conhecimento
A Essência do Conhecimento
As Formas do Conhecimento
O Problema da Verdade
Metaciência: a Ciência do Método Científico
Mecanismos de Geração do Conhecimento Científico
O PROBLEMA DA REALIDADE
A aceitação da realidade nas sociedades humanas não passa de
uma mera convenção social, estabelecida por um consenso
entre as percepções sensoriais de um grupo de indivíduos.
A realidade humana é exclusiva e especificamente baseada na
capacidade (ou incapacidade) da percepção de fenômenos
através dos sentidos e sua posterior tradução pela mente. A
construção da realidade é, portanto, interna ao indivíduo e gerada
no psiquismo. Sua manifestação coletiva é transmitida entre
indivíduos através da linguagem em suas várias expressões.
A realidade é, assim, uma convenção social, com nuances sutis
de acordo com a civilização e a época histórica em questão.
Pergunta: pode haver uma substancial modificação ou evolução
histórica na percepção coletiva da realidade?
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO MITOLÓGICO
É um conhecimento primitivo apreendido diretamente do mundo
natural por culturas primitivas, através de uma narrativa construída
e aceita. Ela possui caráter universal dentro das comunidades que
a produzem. A tradição oral, e suas formas de transmissão, é
essencial para esse tipo de conhecimento − o conhecimento
mitológico possui uma estrutura narrativa.
É um conhecimento forjado a partir de moldes psicológicos
apriorísticos (fortemente ancorados no inconsciente coletivo, e,
portanto, em arquétipos).
Ele explica, organiza, justifica e torna menos assustador o mundo
natural, muito mais vasto que o ser humano − um mundo perigoso e
ameaçador, e do qual a existência humana depende inteiramente.
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO MITOLÓGICO
A forte recorrência de temas e explicações mitológicas em
culturas de épocas e localidades totalmente diferentes sugere a
universalidade dos temas mitológicos.
Tais temas seriam fundamentais à arquitetura psíquica do ser
humano, possuindo componentes neurológicas universais e
enraizadas possivelmente até (especulam alguns) no código
genético.
O conhecimento mitológico é o primeiro e mais fundamental dos
tipos de conhecimento, ocorrendo em todas as culturas
humanas, sem exceção. Ele não possui componente racional
relevante: ele é baseado essencialmente em um imaginário e
uma narrativa que, ao descrever o mundo natural, lhe dá ordem e
sentido – sendo que esses são autojustificáveis.
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO RELIGIOSO
Do mesmo modo que o conhecimento mitológico, ele não possui
componente racional relevante, sendo um conhecimento revelado
− a verdade sobre o mundo é revelada por entidades supra-
humanas diretamente aos seres humanos, através de veículos
humanos, tais como profetas e mensageiros. Esse conhecimento
possui também elementos de tradição e uma estrutura
frequentemente arquitetada ao redor de textos sagrados.
Seu aparecimento exige a sofisticação da sociedade a um certo
nível mínimo. Ele visa, como o mito, a explicação e organização do
mundo natural. Ao contrário do primeiro, porém, é hierarquizado,
formalizado e institucionalizado, ocupando papel fundamental na
estrutura político-econômica. Ele é capaz de criar estruturas de
poder, como vemos em nossa sociedade até os tempos atuais.
Pergunta: qual a diferença entre o poder individual, por exemplo, de um pajé em uma tribo indígena
brasileira e poder individual de um bispo ou cardeal católico? Ambos possuem poder social.
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTOS RELIGIOSO E MITOLÓGICO
Essas duas formas de conhecimento não buscam a explicação
do mundo natural baseada na ação racional do intelecto. Elas
não necessitam, e não exigem, qualquer comprovação através de
experimentação direta no mundo natural.
Ou seja − são tipos de conhecimento não refutáveis.
O fato de que esses dois tipos de conhecimento são não-
racionais, universais entre as comunidades humanas (no caso
do conhecimento religioso, desde que um nível mínimo de
complexidade seja atingido), mutuamente excludentes se
visualizados de dentro de sua lógica própria, e parte integrante
da cultura das comunidades no seio das quais emergem, é
extremamente revelador sobre a natureza psíquica humana.
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTOS RELIGIOSO E MITOLÓGICO
TEMAS DE PESQUISA ADICIONAL:
− Observem o caso das religiões artificiais da Polinésia, tais como
exemplificadas no Caso John Frum (vide o livro Deus: um Delírio, de
Richard Dawkins, 2009)
− É um fato histórico que os povos chineses e hindus desenvolveram
uma filosofia natural altamente sofisticada, assim como religiões de
riquíssimo imaginário, mas nenhuma forma de ciênciaquantitativa
refutável.
− Não existe uma fronteira clara entre os conhecimentos mitológico e
religioso, assim como a “sofisticação” de uma sociedade não é
quantificável de maneira absoluta. Os dois tipos de conhecimento
mitológico e religioso, apresentam uma transição difusa entre si, assim
como as características das sociedades que os abrigam.
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
É um tipo de conhecimento que postula a possibilidade de
compreensão do mundo através da racionalização por parte do
intelecto humano. Os objetos do mundo são tratados através de
imagens lógicas e racionais. A análise desses objetos, assim
como seus relacionamentos, é baseada em um discurso
linguístico e lógico (uma comunicação semiótica).
Este tipo de conhecimento reconhece explicitamente seu
perspectivismo histórico e sua própria evolução − ou seja, ele é
teleológico − admite um progresso rumo a formas mais completas
de conhecimento. Ele admite também uma refutabilidade limitada
principalmente no terreno da lógica: essa refutabilidade é tanto
mais possível quanto maior for o grau de formalização atingido
(detalhes sobre esse fato serão vistos mais adiante).
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico exige, para a sua emergência, de uma
considerável sofisticação por parte das comunidades humanas.
Ele se desconecta das duas formas mais primitivas de
conhecimento na medida em que envida esforços internos para
obter a sua própria legitimação, justificando sua atuação.
Isso é possível uma vez que as imagens geradas e manipuladas
se originam dentro de um contexto racional e lógico − não
reconhecendo a autoridade do conhecimento meramente tradicional,
coletivo, revelado ou não. Essas imagens são aceitas apenas se
obedecerem a um conjunto, coletivamente acordado, de regras.
Pergunta: a Teologia pode ser considerada como uma forma de conhecimento filosófico, 
mesmo quando praticada apenas dentro do contexto de uma determinanda religião?
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Em perfeita harmonia com o conhecimento filosófico, o
conhecimento científico produz imagens manipuláveis do mundo
através da racionalização por parte do intelecto humano. Tais
imagens devem ser tão formalizadas (matematizadas) quanto
possível, e devem ser estritamente refutáveis. O critério final para
o estabelecimento do valor de verdade das proposições feitas sobre
o mundo natural é dado pela sua comprovação direta pela
experimentação e/ou observação.
A construção das hipóteses, modelos e teorias (que são as
estruturas lógico-racionais do método) pode se dar
exclusivamente no terreno do conhecimento filosófico, mas a ação
científica deve se basear na experimentação sobre, e observação
do, mundo natural. Tais estruturas lógico-racionais devem ser
obrigatoriamente refutáveis através dessas experimentações.
TIPOS DE CONHECIMENTO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O objetivo central da primeira parte de nosso curso é uma
apresentação da natureza, dos métodos e das regras de aplicação
do conhecimento considerado científico, assim como alguns
aspectos do seu relacionamento com as outras formas de
conhecimento.
PERGUNTA
Porque os conhecimentos religioso e científico erigem-se clara e
fortemente em estruturas de poder socio-político-econômico nas
sociedades humanas, ao passo que os conhecimentos mitológico e
filosófico não o fazem?
ASTRONOMIA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS
ASTRONOMIA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS
A Astronomia é a mais antiga de todas ciências, se levarmos em
conta as raízes originais do relacionamento humano com seus
objetos de estudo.
O conhecimento que atravessou milênios até a atualidade teve sua
origem em épocas imemoriais a partir de um reconhecimento direto,
no mundo natural, dos ritmos da natureza (sazonalidades), dos
quais o ser humano primitivo dependia de modo crucial para a sua
sobrevivência.
O ritmo dia/noite, somado ao ritmo regular das estações, possuía
influência direta sobre a disponibilidade de alimentos, o amadurecer
de frutos e castanhas silvestres e as migrações de animais. Mais
tarde, esses mesmos ritmos determinaram o plantio e colheita na
agricultura e a criação de animais. Esses ritmos foram reconhecidos
pelo homem primitivo de todas as culturas como fundamental.
ASTRONOMIA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS
A Astronomia praticada no mundo moderno é uma aplicação das
leis da Física e da Matemática em um contexto cosmológico.
Como tal, ela é uma das ciências ditas exatas e também uma
ciência descritiva da natureza.
O que a distingue da Física, na grande maioria dos contextos, é o
fato de que, ao contrário desta última, que é experimental, a
Astronomia é uma ciência observacional.
O cientista-astrônomo não possui nenhum acesso físico direto
ao − e nenhum tipo de controle do − fenômeno estudado (feitas
poucas exceções) e é obrigado a teorizar exclusivamente em
função do que o fenômeno oferece à observação. Não estão
disponíveis os mecanismos usuais de controle, separação de
variáveis ou de delimitação do fenômeno, os quais podemos
encontrar nos processos experimentais.
ASTRONOMIA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS
A Astronomia exerce um fascínio junto à população de nossa
sociedade que é absolutamente desproporcional em relação ao
seu papel puramente numérico no cenário da ciência − como por
exemplo, o número de pessoas atuando na área, volume total de
financiamento, quantidade de artigos publicados na área, e outros
critérios puramente quantitativos.
A razão principal deste fato, possivelmente, é que ela é uma
ciência que nos conecta, em um sentido filosófico, diretamente
ao Cosmos − em oposição ao Caos.
Alguns autores sustentam que existe uma profunda memória
racial da época em que a astronomia, como parte da
contemplação direta da natureza, era um de nossos canais mais
diretos com o mundo natural.
ASTRONOMIA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS
A Astronomia aborda, de uma maneira direta − pela mera natureza
de seus objetos de estudo − questões fundamentais de origem e
de identidade que estão entre os mais básicos questionamentos
levantados pelo ser humano, seja nos contextos mitológico,
religioso, filosófico ou científico.
Existe uma clara relação de identidade entre a percepção
individual e coletiva do ser humano e a natureza dos problemas
abordados pela Astronomia.
Isto poderia explicar (pelo menos na opinião de alguns) a razão do
enorme interesse público, que constitui-se muito mais em uma
identificação com o tipo de problema levantado por essa ciência
do que um desejo efetivo de estudar em profundidade esse mesmo
problema através de suas ferramentas formais.
EPISTEMOLOGIA
Termo oriundo do grego epistheme, que significa “saber teórico,
intelectual”.
É o ramo da ciência que estuda a origem, a estrutura, os métodos
e a validade do conhecimento (daí também ser designada como a
filosofia do conhecimento). Ela é, por excelência, a disciplina que
se ocupa em descrever a estrutura geral do conhecimento humano,
nos seus vários tipos, descrevendo sua natureza, seu alcance, suas
expressões e seus limites.
Esse tipo de conhecimento (também denominado como o
conhecimento do conhecimento) ou, mais propriamente, esse meta-
conhecimento, de acordo com alguns autores, pode ser abordado
através de métodos científicos.
METACIÊNCIA
A Metaciência é a Ciência do Método Científico, ou seja, a
ciência da Ciência, uma vez que a própria Ciência, seja como
postura filosófica ou como método de obtenção de
conhecimento, é ela mesma um objeto de estudo − e, se
possível, através de uma abordagem científica.
O objetivo último da metaciência é voltar as armas da própria
ciência para ela mesma, aplicando métodos objetivos com o
intuito de elaborar uma teoria objetiva acerca do
conhecimento e seus métodos de obtenção, a mais despida
possível de considerações acerca do sujeito.
Seria isso possível?
METACIÊNCIA
Em relação a seus objetivos, a metaciência se divide em:
Visão Interna:
− lógica (a simplificação do problema);
− metodologia (como abordar o problema);
− epistemologia (que não é coincidentecom uma teoria
completa do conhecimento);
Visão Externa:
− psicologia (Como o cientista trabalha? Qual é a sua
produtividade? Ele tem prazer ou sofrimento? Trabalha com
liberdade ou sob pressão? Isoladamente ou em grupo?);
− sociologia (Qual é a função e a dinâmica do cientista dentro
de seus vários grupos sociais?);
− história (Como se dá a evolução temporal da Ciência?).
GNOSIOLOGIA
Termo oriundo do grego gnesie, “genuíno”. Tal disciplina por vezes
também pode ser chamada de gnoseologia.
É o ramo da filosofia que se preocupa com a validade do
conhecimento em função do sujeito cognoscente (o sujeito que
exerce o ato de conhecer), ou seja, daquele que conhece, ou
busca conhecer, o objeto.
A chamada relação gnosiológica é definida como a relação
estabelecida pelo sujeito com o objeto. O conhecimento
necessariamente se estabeleceria através dessa relação, que
invoca a criação de uma imagem.
O objeto passível de conhecimento seria então não o objeto em si
(como entidade ôntica) mas sim a sua imagem (como entidade
ontológica) tal como criada pelo sujeito em seu psiquismo.
Se passível de conhecimento, de ser conhecido, o objeto é
considerado cognoscível. Perceba que a natureza da relação
gnosiológica é necessariamente semiótica − ou seja, o objeto é
representado através de signos (veremos esse tema em mais
detalhes posteriormente).
razão
ilusões
fantasias
aversões
desejos
?
psicologismo
(sujeito)
ontologismo
(objeto)
representação
denominação
logicismo
signo
GNOSIOLOGIA
ONTOLOGIA
Termo oriundo do grego ontos, na forma genitiva, “relativo ao ser”.
A ontologia é a ciência dos objetos e da natureza do ser.
A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido
como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada
um dos seres: o ato de ser, em resumo. Ela costuma ser
confundida com a metafísica, o que é uma interminável fonte de
confusão, como veremos mais adiante.
O domínio do ontológico é aquele dos objetos enquanto imagens
para um determinado sujeito, de tal modo que se possa falar em
classes de objetos, ou seja, de um ser geral, coletivo e
inespecífico. Já o domínio do ôntico é aquele do ato de ser do
objeto particular em si, em seu ser concreto e específico, um ato
de ser que não é necessariamente compartilhado com os demais
objetos de mesma classe.
ONTOLOGIA COMO UMA TEORIA DOS OBJETOS
O objeto é definido como tudo que admite um predicado, que pode ser
sujeito de um juízo, uma conceituação intimamente ligada à linguística. Um
objeto não precisa existir fisicamente (ou seja, ele pode ser abstrato), basta
que algo possa ser dito a respeito dele.
Um exemplo de classificação de objetos em filosofia é o seguinte:
1- Objetos reais: objetos físicos (possuem espacialidade e temporalidade),
objetos psíquicos (não possuem espacialidade, mas possuem temporalidade);
2- Objetos ideais: são inespaciais, atemporais, e apresentam ausência de
interação com outros objetos. Exemplo: objetos matemáticos e relações ideais;
3- Objetos axiológicos: cujo ser reside em seu valor. Exemplo: valores
morais, éticos, estéticos e religiosos.
4- Objetos metafísicos: dependendo da escola filosófica, pode consistir em
uma unificação dos demais grupos, pois o objeto metafísico enquanto ser em
si e por si ou absoluto contém necessariamente, como elementos imanentes,
todos os objetos tratados pelas demais ontologias
ONTOLOGIA
A ação ou operação do sujeito sobre qualquer objeto, seja no
domínio da visualização, do discurso (logos), da lógica ou da
intelectualização gera, inevitavelmente, uma distorção deste
objeto. A relação gnosiológica, definida como a relação entre
sujeito e objeto, afasta necessariamente, portanto, a imagem
produzida pelo sujeito do objeto que a gerou.
No domínio do
ontológico o objeto
pode ser qualquer
coisa pensável e
qualquer realidade
representável.
Exercício: Exemplifique e contraste a natureza concreta ou abstrata de diferentes objetos ontológicos
O EXPERIMENTO INTERSUBJETIVO
É definido como a interseção entre distintos sujeitos, entre as
subjetividades específicas destes sujeitos.
Uma vez que cada sujeito distorce o objeto de acordo com as
características individuais de sua imagem particular, o
conhecimento objetivo (ou seja, independente do sujeito) do
objeto poderia em princípio ser recuperado através dessa
interseção de conhecimentos subjetivos do objeto, de modo a
evidenciar aspectos do objeto que fossem comuns a todas as
imagens.
Acredita-se, portanto, que a interseção, entre sujeitos, de seu
particular conhecimento subjetivo do objeto, levaria, através
desse experimento, a um conhecimento objetivo do objeto,
abstraindo todos os sujeitos e suas distorções particulares.
O EXPERIMENTO INTERSUBJETIVO
Esse conceito bastante direto e simples subjaz, como um alicerce
fundamental, a todo o gigantesco edifício construído pelo método
científico tradicional e, portanto, a todo o conhecimento científico.
O experimento intersubjetivo é a ferramenta fundamental de acesso
à realidade. Ele se encontra como premissa no início do processo
intelectual que gera todo o conhecimento científico, percebido como
um processo coletivo.
Desde esse ponto de vista, que é essencial dentro do conhecimento
científico (uma vez que este busca a objetividade, eliminando o
sujeito), o conhecimento não estaria em nenhum dos três
domínios, nem no do sujeito, nem no do objeto, nem no da
imagem: ele transcenderia os três.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Dogmatismo
Dogma: definido como uma proposição aceita dentro de um
sistema de pensamento, não sendo demonstrável de dentro
deste mesmo sistema, ou seja, ele é externo à estrutura lógica
do sistema, não podendo ser obtido através dela.
A Escola do Dogmatismo é considerada como uma escola otimista
e gnosiológica (ou seja, ela postula a possibilidade da relação
gnosiológica). Ela acredita na possibilidade do conhecimento. O ser
humano disporia da ferramenta necessária, que seria a razão – a
ação intelectual como geradora de imagens sobre os objetos.
Criticismo
Essa escola identifica o papel central que a premissa exerce sobre
a possibilidade de conhecimento e da construção da relação
gnosiológica. As premissas são proposições aceitas sem
questionamento, e supostas como verdadeiras dentro de uma
estrutura lógica sem se fazer necessária uma referência aos fatos.
Essa escola introduz a necessidade de uma postura crítica para
vigiar a ação do racionalismo. Ela identifica o problema crucial da
premissa na estrutura puramente lógica e formal do pensamento.
É uma escola ainda assim otimista − que crê na possibilidade do
conhecimento.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Relativismo
O ser humano é a medida de todas as coisas:
É uma escola pessimista que enfatiza que a relação gnosiológica é
inevitavelmente condicionada às circunstâncias específicas do
sujeito e do objeto − e, consequentemente, também da imagem.
Relativismo físico: circunstância espaço-temporal
Relativismo fisiológico : circunstância orgânica
Relativismo psicológico: circunstância individual
Relativismo antropológico: circunstância histórica e/ou cultural
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Relativismo
A Escola do Relativismo reconhece a importância fundamental da
mundividência, ou da visão de mundo (em alemão:
Weltanschauung) na construção da relação gnosiológica.
A mundividência envolve a imagem criada mais a postura do
sujeito, e ela não é contemplável como um retrato do mundo por
um esforço intelectual externo à imagem. A mundividência está
enraizada na psique do sujeito, faz parte de seu ser e de sua
vida, não podendo ser abstraída no plano do indivíduo.
A Ciência busca a imagem do mundo, porém o cientista possui
apenas a mundividência.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Relativismo
O ser humano é a medida de todas as coisas:
É interessante perceber que o MITO é uma mundividência sem
pretensões de chegar a imagem, sem pretensões de
universalidade.
O MITO é extremamente poderoso nas culturas humanas porquê
ele é vivenciado.
Sua natureza também éordenatória e explicativa, e ele tenta
explicar e justificar a realidade através de uma vivência direta do
mundo natural.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Perspectivismo
É uma escola também otimista a respeito da relação gnosiológica,
e que encara a mundividência do indivíduo como um reflexo da
realidade.
Cada uma dessas mundividências seria válida e necessária,
contribuindo para uma perspectiva coletiva geral.
Essa escola busca unir todas as perspectivas, obtendo assim a
imagem de mundo da realidade a partir dessas composição das
facetas individuais.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Historicismo
É uma escola otimista que busca a formação da imagem de mundo
a partir da integração de diversas perspectivas (mundividências)
localizadas no tempo.
Desse modo essa escola pode ser vista como um perspectivismo
colocado em um contexto histórico (temporal).
Nesse sentido ela reconhece explicitamente o sentido teleonômico
(progressista) do conhecimento científico.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Ficcionalismo
Trata-se de uma escola altamente pessimista que considera o
conhecimento como constituído de meras ficções, por vezes até
conscientes, acerca das imagens de mundo.
Nessa acepção, nosso conhecimento da realidade seria nada
mais que um reflexo puramente ficcional de um mundo real que
seria completamente inacessível em sua natureza real (vide a
famosa parábola da caverna de Platão). As imagens de mundo
seriam tão fortemente distorcidas a ponto de não representarem
efetivamente nenhuma informação sobre o mundo real objetivo.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Pragmatismo
É uma escola bastante radical que só visualiza o interesse do
conhecimento na sua componente operacional ou pragmática.
Nessa perspectiva de pragmatismo extremo, o conhecimento só
tem valor através de sua aplicação prática nos afazeres
humanos.
É interessante observar que, nesta visão, o valor do conhecimento
aplicado existe independentemente de sua origem teórica − e
que o próprio conhecimento aplicado prescinde de uma teorização
inicial.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Ceticismo
É uma escola altamente pessimista que sustenta que a
obtenção do conhecimento simplesmente não é possível.
Na acepção dessa escola seria impossível construir a relação
gnosiológica. A imagem não teria qualquer relação com o objeto.
A realidade seria totalmente inacessível aos sujeitos
cognoscentes, mesmo que parcialmente.
Essa escola explicitamente reconhece a natureza incognoscível
dos objetos do mundo real.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
Ceticismo
Visões Otimistas Visões Pessimistas
É impossível construir 
a relação gnosiológica 
FiccionalismoDogmatismo
Criticitismo
É possível construir a 
relação gnosiológica, 
e ela é válida (útil)
Relativismo
Perspectivismo
Historicismo
Pragmatismo
É possível construir a 
relação gnosiológica, 
mas ela é fortemente 
condicionada
É possível construir a 
relação gnosiológica, 
mas ela é inútil
A relação gnosiológica 
nos informa sobre a 
realidade objetiva de 
modo substancial
A relação gnosiológica nos 
informa tanto sobre nós, 
sujeitos, quanto sobre a 
realidade objetiva
A relação gnosiológica 
não nos informa sobre 
nada
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
A ORIGEM DO CONHECIMENTO
Racionalismo
É uma visão da origem do conhecimento que sustenta que o ser
humano possui a priori algum tipo de conhecimento através da
racionalidade. Essa visão considera que o conhecimento possui
pontos de partida que são juízos universais e necessários.
Nesse sentido ela é favorável ao conceito de que algum tipo de
mapeamento direto da realidade na psique é possível.
Exemplo de juízo universal: Todos os corpos possuem extensão.
Empirismo
É uma visão bastante radical da origem do conhecimento que
sustenta que não existe nenhuma forma de conhecimento a priori.
Apenas a experimentação ou observação seriam capazes de
gerar o conhecimento, produzindo, a partir daí, a necessidade de
sua teorização.
Desse modo, o empirismo postula que o conhecimento
necessariamente nasce da ação da experimentação e nela
termina.
A ORIGEM DO CONHECIMENTO
Intelectualismo
É uma visão mista que parte do empirismo: no ato de coletar
informações do mundo natural, o ser humano abstrai desse ato
uma estrutura racional, lógico-formal.
Desse modo, o ato de observação torna o sujeito capaz de
manipular outros fluxos de informação.
O fato empírico influencia a capacidade de formalização, e o uso
da ferramenta racional influencia a percepção dos fatos empíricos,
em um processo recorrente.
conhecimento = conteúdo de percepção + lógica formal
A ORIGEM DO CONHECIMENTO
Apriorismo
É uma visão que postula que os moldes mentais são natos, e
são capazes dessa forma de operar aprioristicamente sobre
o conteúdo da percepção, gerando assim o conhecimento.
Nessa visão o ser humano possuiria embutidos na sua
natureza biológica os métodos de aquisição do conhecimento,
operando diretamente sobre o mundo natural de modo
apriorístico.
A ORIGEM DO CONHECIMENTO
A priori A posteriori
Apriorismo
Os moldes mentais 
de aquisição do 
conhecimento são 
natos e biológicos
O ser humano está 
equipado 
intrinsecamente em 
sua natureza biológica 
para a aquisição do 
conhecimento
A ORIGEM DO CONHECIMENTO
Racionalismo Empirismo
O conhecimento só 
pode se originar na 
experimentação
O ser humano só 
atinge o conhecimento 
quando realiza 
experimentos
A racionalidade é 
um ponto de 
partida universal e 
necessário
Algum tipo de 
mapeamento da 
realidade é possível 
através da ação do 
racional
Intelectualismo
O fato empírico 
interage com a 
capacidade de 
formalização, e 
vice-versa
A coleta de 
informações do 
mundo real 
potencializa uma 
estrutura lógico-formal
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
Existe uma questão essencial dentro da discussão da
essência do conhecimento: o que é mais importante, o
sujeito ou o objeto?
A postura majoritária difundida dentro da Ciência ocidental
é a de que o objeto domina.
O cientista busca retirar sua subjetividade para, através
da imagem e do experimento intersubjetivo, poder assim
extrair os elementos intrínsecos ao objeto, sendo essa a
finalidade última do processo científico. Em outras palavras,
buscamos evoluir de nosso conhecimento subjetivo,
individual do objeto, para um conhecimento objetivo,
coletivo do objeto.
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
Dentro dessa ótica, distinguimos duas escolas
centrais de pensamento:
Objetivismo
O objeto é o senhor da situação e o elo mais fundamental da
relação gnosiológica.
Subjetivismo
O sujeito é o senhor da situação: o objeto se confunde com o
processo de criação da imagem pelo sujeito.
Objetivismo
Realismo
Nessa visão da essência do conhecimento, existe uma crença
na existência concreta dos objetos reais.
O experimento intersubjetivo, desse modo, deixa
inevitavelmente como resíduo algo que reflete a objetividade
do objeto.
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
Objetivismo
O Realismo possui diversas acepções:
Ingênuo: o sujeito tem acesso direto à realidade, sem a
necessidade da formação da imagem;
Natural: reconhece a necessidade da formação da imagem, mas
mantém a crença de que esta gera um acesso direto à realidade,
ou seja, a imagem teria alto grau de pureza;
Crítico: entende a imagem como falha e incompleta, aceitando
que a relação gnosiológica é possível, mas alerta que os canais
epistemológicos são inevitavelmente ruidosos.
Subjetivismo
Idealismo
Nessa visão da essência do conhecimento, existe uma crença na
existência apenas de objetos ideais.
Não existiriam objetos reais, apenas coisas incognoscíveis.
O sujeito seria o elo fundamental da relação gnosiológica nessa
acepção, diante da incognoscibilidade intrínseca do mundo
natural − em outras palavras, o mundo real existe, mas não temos
acesso à ele.
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
A ESSÊNCIA DO
CONHECIMENTOSubjetivismo
Fenomenalismo
Nessa visão da essência do conhecimento, as ordenações
(imagens) sobre o universo são realizadas pelo observador.A forma
dessas ordenações é subjetiva, mas o conteúdo poderia ser
objetivo. Chega-se ao COMO, mas nunca ao PORQUÊ.
Nomes fundamentais
nessa escola filosófica
são Immanuel Kant
(1724-1804) e Edmund
Husserl (1859-1938).
Kant Husserl
Subjetivismo
Fenomenalismo
Immanuel Kant, em relação à fenomenologia, pretendeu conciliar
o realismo do senso comum, segundo o qual nossas
representações correspondem às coisas, e o fenomenismo, que
reduz toda a realidade apenas a estas representações (imagens).
Para Kant, só existiriam os fenômenos, representados por
imagens, e jamais conseguimos atingir as próprias coisas, que
seriam os objetos reais. Ou seja, o mundo real existe, apenas
não podemos conhecê-lo tal como é.
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
Kant
Objetivismo Subjetivismo
o objeto é o elo 
fundamental da 
relação gnosiológica; 
podemos extrair 
elementos intrínsecos 
(objetivos) ao objeto
existem objetos reais: 
o experimento 
intersubjetivo reflete 
algo sobre a 
objetividade do objeto
A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO
Realismo Fenomenalismo Idealismo
o sujeito é o elo 
fundamental da 
relação gnosiológica; 
existem apenas 
objetos ideais
se existem objetos 
reais, jamais o 
saberemos: a 
realidade é 
incognoscível
o objeto é objetivo; 
mas as ordenações 
(imagens) sobre o 
objeto são sempre 
subjetivas
Realismo Ingênuo:
não existe imagem
Realismo Natural: 
a imagem é perfeita, 
ou quase isso
Realismo Crítico: a 
imagem é falha; a 
relação gnosiológica 
é possível, mas os 
canais 
epistemológicos são 
ruidosos
existem objetos reais, 
objetivos, mas nós 
apenas conheceremos as 
nossas representações 
(fenômenos) subjetivas
É aquele conhecimento posto sob a forma de um discurso
linguístico.
O discurso está sempre associado a um sistema linguístico, e
este é formal, ou seja, está sujeito a regras (sintaxe).
O discurso consiste de um sistema de pensamento, um conjunto
de proposições que enunciamos de forma coerente e
logicamente conectada, com significado (semântica).
O discurso ocupa tempo para ser enunciado (ou seja, ele possui
estrutura temporal).
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Conhecimento Discursivo
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Conhecimento Discursivo
O domínio do linguístico constitui-se em uma interface inevitável
entre o suposto mundo objetivo e o mundo das imagens.
A interface faz uma 
decodificação da 
linguagem do mundo 
para a linguagem 
humana. O mundo teria 
então uma sintaxe; o 
ser humano introduz 
uma semântica e uma 
pragmática.
Sobre a relevância da sintaxe, 
semântica e pragmática, 
veremos mais adiante.
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
É aquele conhecimento que não pode ser posto sob a forma de um
discurso, ou seja, ele não é reduzível à lógica.
Essa forma de conhecimento materializa aquelas formas que não
podem ser comunicadas, o que apresenta-se necessariamente
como uma limitação à realização do experimento intersubjetivo.
Os cientistas sempre sabem mais do que conseguem comunicar
(Michael Polanyi)
A objetividade absoluta em ciência é uma perigosa ilusão (Michael
Polanyi)
Conhecimento Tácito
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Polanyi rejeitou alegações de empiricistas britânicos de que toda a
experiência poderia ser reduzida a informações sensoriais. Segundo
Polanyi nossa experiência é interpretada e nossas interpretações
frequentemente se baseiam em práticas adquiridas.
Conhecimento Tácito
Michael Polanyi
Michael Polanyi (1891-1976) foi um
polimata húngaro-britânico que deu
importantes contribuições às teorias do
conhecimento em geral, e à do
conhecimento tácito em particular. Ele
influenciou a obra de Thomas S. Kuhn.
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Bons exemplos de formas de conhecimento tácito são o
aprendizado de uma linguagem por parte de crianças, e todo tipo
de conhecimento baseado diretamente em experiência pessoal,
como aprender a andar de bicicleta ou a esquiar.
O conceito de que sabemos mais do que podemos verbalizar
explica, por exemplo, porquê aprendizes adquirem conhecimento
não explícito, ou seja, alunos melhoram suas habilidades
meramente observando um mestre em ação.
Conhecimento Tácito
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Esse tipo de conhecimento configura-se em uma emergência
completa, das partes para o todo, em um nível subliminar e
inconsciente.
Trata-se de uma forma de racionalização difícil de ser estudada;
porém, há inúmeros exemplos nas ciências onde este tipo de
conhecimento deu contribuições fundamentais em um campo.
O conhecimento intuitivo não pode ser analisado, ou seja, não é
possível reconstituir seu desenvolvimento de maneira temporal ou
lógica. Ele emerge em seu todo sem nenhuma construção
analítica intermediária que possa ser discernida.
Conhecimento Intuitivo
O PROBLEMA DA VERDADE
A verdade como uma concordância entre objeto e imagem;
A verdade como uma coerência entre ideias (uma nova ideia deve ser
coerente com o conhecimento sistêmico anterior);
A verdade como uma 
demonstrabilidade formal;
A verdade como eficácia;
A verdade como aplicação tecnológica;
A verdade como propriedade física
observável;
A verdade como consenso social;
A verdade como capacidade de 
previsão;
A verdade é apenas científica e 
racional?
O PROBLEMA DA VERDADE
Em relação à essência e a possibilidade do conhecimento,
a grande maioria dos cientistas ocidentais posiciona-se
como:
Objetivista
O objeto é fundamental e prioritário: a subjetividade do
cientista deve ser abstraída;
Realista
Existem objetos reais, independentemente do sujeito, e a
imagem os representa pelo menos parcialmente;
Criticista
É essencial vigiar as premissas na estrutura lógica do
raciocínio.
A POSTURA DOS CIENTISTAS
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Os pontos de partida filosóficos, ou premissas básicas, para
a geração do conhecimento científico são:
Primeira hipótese (filosófica)
Existem objetos reais em um mundo real, e o exercício da
objetividade pode extrair estes aspectos reais das imagens
subjetivas criadas pelos observadores, desde que essa
subjetividade possa ser abstraída.
Segunda hipótese (ontológica)
A realidade manifesta-se em diferentes níveis que estão
hierarquicamente dispostos em crescente complexidade.
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
− A estrutura pergunta-resposta é fundamental como uma
ferramenta de conhecimento:
O conhecimento científico é gerado através de perguntas, ou
seja, observações e/ou experimentos, feitos ao/sobre o mundo
natural, sendo os resultados observados desses atos
considerados como as respostas.
− A importância do sentido da pergunta:
A pergunta circunscreve e determina a natureza da resposta.
O próprio caráter da pergunta condiciona e elimina as
possibilidades de interpretação.
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
− A inutilidade de obter-se a resposta para uma pergunta mal
formulada:
Uma pergunta irrelevante feita no contexto de determinado
problema não contribuirá para a obtenção de conhecimento
sobre esse problema, mesmo que se obtenha uma resposta.
− A dialética hegeliana no contexto filosófico − hipótese,
antítese e síntese:
Hipóteses geram a necessidade de observações, que podem
gerar um contraditório (antítese) à hipótese, após o que se
elaborará uma nova tese que irá, por sua vez, gerar novas
hipóteses e novas observações em um processo cíclico, rumo
à uma síntese final (considerada sempre temporária).
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O objetivo do conhecimento, em toda a sua variedade, é satisfazer
uma ansiedade completamente natural do ser humano em
organizar psicologicamente, de modo integrado e coerente, as
percepções sensoriais que são recolhidas do mundo.
Esse processo de organização possibilita a existência humana e a
sua ação sobre o mundo − na verdade, ele se constitui em uma
parte significativa da existência psíquica humana por si só. O ser
humano é o único animal, tanto quanto se saiba, que tece
considerações psíquicas sobre o mundo. Uma das consequências
do conhecimento científico é a possibilidade de tecnologia
complexa − com profundasalterações no meio ambiente.
Vocês são capazes de conceber a civilização humana atual sem a
presença de tecnologia complexa?
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
As abordagens filosófica e científica podem ser consideradas
apenas como uma linguagem: o que elas introduzem de novo
é a natureza racional da pergunta feita ao mundo natural, e a
expectativa em relação à resposta.
Os conhecimentos mitológico e religioso utilizam apenas elementos
não-racionais na constituição do conhecimento. Eles não
preconizam a necessidade de fazer-se uma pergunta ao mundo,
nem estão preocupados com uma eventual resposta. Eles tão
somente criam o conhecimento a partir de um imaginário interno. É
importante reconhecer-se que a única fonte psíquica que o ser
humano possui para criar hipóteses (refutáveis ou não) em filosofia e
ciência é tão somente esse mesmo imaginário…
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A Ciência, basicamente, introduz como um fato novo a
capacidade de predição dos modelos baseados na
racionalidade, na experimentação e no princípio de
refutabilidade, além da formalização matemática dos
resultados.
É uma necessidade fundamental do processo científico que o ser
humano questione constantemente, sem privilegiá-las em nenhum
momento, as suas crenças mais queridas e reconfortantes.
A esmagadora maioria das pessoas acha essa postura
extraordinariamente difícil de manter… (Loren Eiseley)
MECANISMOS DE GERAÇÃO DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Existe uma hierarquia, dentro do método científico,
que vai da instância da HIPÓTESE, para a do
MODELO, e por último para a da TEORIA, que é a
instância máxima − representando o máximo nível de
abrangência e sofisticação do pensamento científico.
As divisões entre a abrangência dos três termos é
bastante clara e hierárquica, mas podem se tornar
um pouco difusas dependendo do contexto específico.
HIPÓTESE, MODELO e TEORIA
A HIPÓTESE é qualquer proposição intelectual objetiva sobre o mundo
natural que tenha um imediato valor explicativo, ou seja, tenha uma
interpretação causa-efeito admissível a partir de um ou mais fenômenos.
Ela deve ser imediatamente testável e passível de ser descartada se não
sobreviver a um teste observacional direto. Se bem sucedida, novas
hipóteses podem ser formuladas a partir da hipótese original, erigindo
eventualmente um sistema de hipóteses logicamente interligadas, cujo
valor explicativo e interpretativo vai crescendo com a complexidade.
Exemplos: qualquer construção lógica simples com uma relação causal.
"Sempre que chove, ocorre um arco-íris", é uma hipótese.
"Se chove, ocorre arco-íris se o sol está em uma determinada posição em
relação às nuvens de chuva" é uma hipótese composta.
HIPÓTESE, MODELO e TEORIA
O MODELO evolui de um sistema de hipóteses e normalmente visa explicar
um fenômeno de maneira abrangente. Um conjunto de hipóteses, quando
bem sucedido, pode se tornar um modelo. Ele é hierarquicamente superior
à hipótese por ter um valor explicativo mais abrangente e geral, podendo
eventualmente ser exportado de uma área de conhecimento para outra. O
modelo pode ter algumas de suas partes rejeitadas e substituídas, mas
normalmente ele nasce de um conjunto de hipóteses cujo valor explicativo já
foi estabelecido. É comum modelos serem passíveis de ajustes, adendos e
correções e, mesmo quando incompletos, podem continuar a ser relevantes
em sua área do conhecimento. Modelos podem mostrar relação entre si e se
reunir para obter explicações mais amplas sobre uma gama de fenômenos.
As hipóteses são construções simples que podem ser descartadas com
facilidade. Um modelo, para ser descartado, tem que ser desafiado em vários
níveis, e esse processo pode constituir-se em uma pequena revolução dentro
de uma área específica do conhecimento.
Exemplos: o oscilador harmônico amortecido e forçado; o modelo de Bohr
para o átomo de hidrogênio; os modelos geocêntrico e heliocêntrico.
HIPÓTESE, MODELO e TEORIA
A TEORIA evolui quando um modelo, ou conjunto deles, atinge abrangência
suficientemente ampla para ter impacto significativo na compreensão
global de um vasta área do conhecimento, oferecendo uma explicação
fundamental acerca das causalidades da natureza. Ela deve prover uma
compreensão prática mas também filosófica de um conjunto de fenômenos. A
teoria é uma entidade tão abrangente, intelectualmente falando, que pode
ter influência ou relevância mesmo para fora de seu domínio específico de
especialidade, ou mesmo para fora do pensamento científico!
Uma teoria deve ser acurada em suas predições, consistente na sua
formulação, de ampla aplicabilidade, e deve apresentar os fenômenos
de modo ordenado e coerente. Ela deve ainda ser profícua em sugerir
novos fenômenos potencialmente observáveis, assim como expor novos
relacionamentos entre fenômenos já conhecidos.
A teoria possui a hierarquia máxima dentro das estruturas explicativas
científicas e só pode ser desafiada e/ou substituída através de um processo
prolongado, conflituoso e intenso, e por vezes até revolucionário (ver
Thomas Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas).
HIPÓTESE, MODELO e TEORIA
A teoria está normalmente associada a um paradigma, que é uma estrutura
que transcende o nível puramente intelectual e possui também fortes
componentes psicológicas e sociológicas, erigindo um verdadeiro
sistema integrado de pensamento e de comportamento.
O paradigma é uma instituição social que se defende e busca preservar a
sua existência. Thomas S. Kuhn deu grandes contribuições ao conceito de
paradigma em ciência, e de como o progresso científico está associado à
quebra de paradigmas, que seriam as revoluções científicas. Kuhn via as
tais revoluções como normais, recorrentes e periódicas. Um paradigma,
deve enfrentar uma crise aguda e prolongada através da identificação de
anomalias, desvios e incongruências, até que surja suficiente motivação
sociológica para que o mesmo abandonado. A crise, na visão de Kuhn, é
necessariamente positiva − o abalo do paradigma gerará um novo e melhor
conhecimento.
Exemplos de Teorias: Teoria da Gravitação; Eletromagnetismo Clássico;
Termodinâmica; Mecânica Analítica; Teoria da Evolução das espécies através
da seleção natural.
HIPÓTESE, MODELO e TEORIA
OS MÉTODOS
1) Estabeleça as diferenças, assim como os pontos em comum, entre os tipos de
conhecimento mitológico e religioso, esclarecendo seus métodos e caráter psicológico, assim
como o contexto social e histórico quando for necessário.
2) Estabeleça as diferenças, assim como os pontos em comum, entre os tipos de
conhecimento filosófico e científico, esclarecendo seus métodos e caráter psicológico, assim
como o contexto social e histórico quando for necessário.
3) Jamais haverá uma certeza ôntica a respeito da realidade enquanto a apreensão destas por
parte do ser humano for baseada na percepção sensorial. Entretanto, o método científico
obtém uma descrição objetiva da natureza que é socialmente aceita. Desenvolva.
4) No contexto das ciências do mundo natural e matemáticas, a Astronomia desperta um
interesse bastante direto do público, apesar de estar de modo geral envolvida com questões
bastante afastadas do cotidiano da sociedade. A que você atribuiria esse fato?
5) A gnosiologia é a disciplina que estuda a relação do objeto com o sujeito em função da
construção da imagem como canal epistemológico. A Ontologia é a disciplina que estuda a
natureza do objeto enquanto apreendido em função dessa imagem. Esclareça as semelhanças
e diferenças entre essas disciplinas.
QUESTÕES
6) A ciência é um tipo de conhecimento que visa a objetividade, ou seja, obter o entendimento
do mundo de forma independente das particularidades do sujeito. Com esse objetivo, a ciência
torna o conhecimento público, onde a crítica e a discussão têm por finalidade eliminar os
“resíduos” individuais, Você vê algum limite nesse processo? Justifique.
7) A linguagem científica é usada para comunicar o conhecimento científico, e ela deve
idealmente ser a mais formal possível.Toda linguagem, entretanto, possui sintaxe, semântica
e pragmática. Na sua opinião existe algum limite na comunicação do conhecimento científico
enquanto linguagem? Justifique.
8) Descreva o que você entende por Experimento Intersubjetivo.
9) Descreva o que você entende por Relação Gnosiológica.
10) Como se distinguem as escolas pessimistas e otimistas de Epistemologia, no que diz
respeito à possibilidade do conhecimento?
11) Como você entende a diferença, se é que existe, entre a Epistemologia e a Ontologia?
12) A respeito da possibilidade de obtenção de conhecimento, a vertente filosófica do
Dogmatismo sustenta que a relação gnosiológica é possível através do uso da lógica e da
razão humana. De que modo a escola filosófica do Criticismo relativiza essa posição?
QUESTÕES
13) A respeito da essência da obtenção do conhecimento, qual é a diferença entre as escolas
do Objetivismo e a do Subjetivismo?
14) A Ciência ocidental que praticamos autointitula-se racionalista, realista, crítica e
objetivista. Explique.
15) Porquê em Ciência e Filosofia atribui-se tanta importância ao conhecimento discursivo?
Responda identificando também os principais componentes da comunicação do
conhecimento através desse modo.
16) Descreva as características fundamentais das formas de conhecimento tácito e intuitivo,
contrastando-as com o conhecimento discursivo.
17) Escolha pelo menos três das definições de verdade em epistemologia que foram
discutidas em aula e desenvolva uma argumentação em favor de seu uso.
18) Quais são as duas componentes essenciais de uma metaciência? Dentre essas
componentes, escolha um subtema para cada uma e descreva como você compreende a sua
importância.
QUESTÕES
19) No que diz respeito à chamada estrutura pergunta-resposta do método científico, como
você compreende a importância da refutabilidade? Se essa estrutura não mais exigisse a
refutabilidade, qual seria a principal consequência desse fato para a obtenção do
conhecimento? Justifique.
20) Descreva de forma esquemática o processo geral da investigação científica, sob a forma de
um fluxograma ou algoritmo.
21) Descreva de modo hierárquico o papel da hipótese, do modelo e da teoria na construção do
conhecimento científico.
22) Comente a figura ao lado:
QUESTÕES

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