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[ANOTAÇÕES EPISTEMOLOGIA]

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[EPISTEMOLOGIA]
Ementa da Disciplina: O problema das relações entre ciência e não ciência. A revolução
científica moderna e suas consequências epistemológicas. O método científico e suas
estruturas fundamentais. A constituição histórica e epistemológica do campo de problemas
psicológicos. Alguns modelos de análise empregados pela psicologia em seu nascimento. A
pesquisa científica e a psicologia. Os paradoxos da subjetividade moderna e os impasses
da cientificidade na psicologia.
Conteúdo Programático
1. O problema das relações entre ciência e não ciência.
a) Conhecimento científico e conhecimento cotidiano: continuidades e descontinuidades.
b) A revolução científica moderna: repercussões históricas, sociais e filosóficas.
c) A posição do sujeito no discurso científico da modernidade.
2. Fontes de conhecimento, o método científico e o problema da realidade.
a) Fontes pessoais e fontes sociais de conhecimento.
b) A questão do método na pesquisa científica.
c) Algumas abordagens na Filosofia da ciência: realismo versus relativismo
3. O problema da cientificidade no campo do saber psicológico.
a) A emergência da psicologia como ciência independente no século XIX: questões
históricas, filosóficas e ideológicas.
b) A constituição do campo de problemas psicológicos: os paradoxos da subjetividade
moderna
c) Projetos de psicologia e modelos de análise científica.
Avaliação:
a) 1ª prova: individual, referente às unidades 1 e 2, com objetivo de avaliar:
i) a compreensão do aluno acerca dos diferentes tipos de conhecimento, do conceito de
epistemologia e das semelhanças e diferenças entre ciência e senso comum;
ii) a compreensão do aluno acerca das fontes de conhecimento, das características do
método científico, bem como acerca das diferenças entre as perspectivas realistas e as
perspectivas relativistas, no âmbito da filosofia da ciência, no que se refere ao problema da
realidade.
b) 2ª prova: individual, referente à unidade 3, com o objetivo de avaliar a compreensão
do aluno acerca dos contextos históricos e culturais que tornaram possível a
emergência da psicologia como ciência independente, bem como acerca das bases
epistemológicas de diferentes projetos de psicologia.
Prova 1: prevista para 4/5
Prova 2: prevista para 29/6
Bibliografia Básica
ALVES, Rubem Azevedo Filosofia Da Ciência: Introdução Ao Jogo E Suas Regras 18 ed. Loyola
2013.
FIGUEIREDO, Luis Claudio Mendonça Psicologia: uma (nova) introdução - uma visão histórica da
psicologia como ciência 3 ed.
EDUC 2011. MOSER, PAUL K.; MULDER, DWAYNE H.; TROUT, J. D. A teoria do conhecimento:
uma introdução temática
MARTINS FONTES 2009.
Complementar
ALVES-MAZZOTTI, ALDA JUDITH; GEWANDSZNAJDER, FERNANDO O método nas ciências
naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa PIONEIRA 2000.
CHAUI, MARILENA Convite à filosofia ATICA 2012.
FIGUEIREDO, Luís Claudio Mendonça Matrizes Do Pensamento Psicológico 20 ed. Vozes 2014.
JAPIASSU, Hilton Ferreira a Revolução Científica Moderna: de Galileu a Newton Letras e Letras
1997.
MARCONDES, DANILO Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a wittgenstein JORGE
ZAHAR 2010.
[TEXTO 1: SENSO COMUM E CIÊNCIA - RUBEM ALVES]
O cientista virou um mito. O mito é perigoso porque ele induz o comportamento e inibe o
pensamento. Esse é um resultado engraçado (e trágico) da ciência. Se existe uma classe
especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são
liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam.
Precisamos acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa que pensa melhor que as
outras. A ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos.
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso
comum. A ciência é uma metamorfose do senso comum. Sem ele, ela não pode existir.
A ciência não acredita em magia. Mas o senso comum teimosamente se agarra a ela. A
crença na magia, como a crença do milagre, nasce de um universo no qual os desejos e as
emoções podem alterar os fatos. A ciência diz que isto não é verdade. O senso comum
continua, teimosamente, a crer no poder do desejo.
Ser bom em ciência e no senso comum é ser capaz de inventar soluções. Pessoas que
sabem as soluções já dadas são mendigos permanentes. A questão não é saber uma
solução já dada, mas ser capaz de aprender maneiras novas de sobreviver. - menos
alienação e mais raciocínio.
O senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade básica, a
necessidade de compreender o mundo, a fim de viver melhor e sobreviver. E para
aqueles que têm a tendência de achar que o senso comum é inferior à ciência, é um
equívoco.
O que não é problemático, não é pensado. Você nem sabe que tem fígado até o momento
que ele funciona mal. Quando você está escrevendo, você se esquece da ponta do lápis até
que ela quebre. A gente pensa porque as coisas não vão bem, alguma coisa incomoda.
Quando tudo vai bem, a gente não pensa, simplesmente goza e usufrui.
Sendo assim, todo pensamento começa com um problema e, quem não é capaz de
perceber e formular problemas com clareza não pode fazer ciência.
A primeira inspiração da ciência é a ordem, ela permite que se façam previsões. Quando
um cientista enuncia uma lei ou uma teoria, ele está contando como se processa a ordem,
está oferecendo um modelo da ordem. Agora ele poderá prever como a natureza vai se
comportar no futuro. É isto que significa testar uma teoria: ver se, no futuro, ela se comporta
da forma como o modelo previu.
Sem ordem, não há problema a ser resolvido. Por que o problema é exatamente construir
uma ordem ainda invisível de uma desordem visível e imediata.
Em suma:
O conhecimento só ocorre em situações-problema
Quando não há problema, não pensamos, só usufruímos. Pensamos quando uma ação foi
interrompida. O pensamento é, no seu momento inicial, uma tomada de consciência de que
a ação foi interrompida: este é o problema. Tudo o que se segue tem por objetivo a
resolução do problema, para que a ação continue como antes.
Em ciência, como no senso comum, existe uma estreita relação entre ver com clareza e
dizer com clareza. Quem não diz com clareza, não está vendo com clareza. Dizer com
clareza é a marca do entendimento, da compreensão.
Enunciar com clareza o problema é indicar de que partes ele se compõe, procedimento que
se dá o nome de análise.
A solução para o problema é o caminho que levará de onde você está até onde você
deseja ir. Sendo assim, a inteligência segue o caminho inverso da ação: o sábio começa
no fim; o tolo termina no começo.
[TEXTO 2: CONVITE À FILOSOFIA - MARILENA CHAUÍ]
Senso comum e ciência: modelos que orientam a forma como o mundo é percebido,
assim como as decisões e ações dentro desse mundo.
SENSO COMUM:
Conhecimentos compartilhados entre as pessoas que estão vivendo a mesma época e
também decorrentes de hábitos de gerações anteriores -
É o conhecimento adquirido pelas pessoas a partir dos costumes, das experiências e
vivências cotidianas. É um conhecimento superficial baseado no hábito, não é fruto de
grande reflexão.
O senso comum, também chamado de conhecimento empírico, acumula-se ao longo da
vida e é transmitido de geração em geração.
É um saber que não se baseia em métodos ou conclusões científicas, e sim na crença, no
modo comum e espontâneo de assimilar informações e conhecimentos úteis no cotidiano.
A função do senso comum é agilizar os processos de tomada de decisão para facilitar o
cotidiano. Assim, nem todas as ações devem ser alvo de reflexão, podendo ser
automatizadas pelo costume.
Características:
a) São subjetivos: exprimem sentimentos e opiniões que variam de uma pessoa para
outra.
b) São qualitativos: referem-se à qualidade; as coisas são julgadas por nós como
"pequenas ou grandes", "doces ou azedas".
c) São heterogêneos: referem-se a fatos que julgamos diferentes e diversos entre si
Ex. sonhar com água é diferente de sonhar com escada.
d) São individualizadores: casa coisa ou cada fato nos aparececomo um indivíduo ou
como um ser autônomo.
e) São generalizadores no sentido de reunir em uma só opinião ou ideia, coisas e fatos
julgados semelhantes. Ex: dos animais, das crianças, dos remédios.
f) Tendem a estabelecer relações de causa e efeito. Ex: onde há fumaça, há fogo.
g) Não se surpreendem com a regularidade, constância, diversão e repetição das
coisas.
h) Tendem a projetar medo/angústia diante do desconhecido. Ex: discos voadores.
Nossas certezas cotidianas e o senso comum cristalizam-se em preconceitos com os quais
passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.
ATITUDE CIENTÍFICA
O que distingue a atitude científica da atitude costumeira ou do senso comum?
A ciência desconfia da veracidade das nossas certas, de nossa adesão imediata às coisas,
da ausência de crítica e da falta de curiosidade.
O conhecimento científico opõe-se ponto a ponto às características do senso comum:
a) É objetivo: procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas;
b) É quantitativo: busca medidas, padrões, critérios de comparação e avaliação para as
coisas que parecem ser diferentes.
c) É homogêneo: busca as leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as
mesmas para fatos que nos parecem diferentes.
d) É generalizador: reúne individualidades, percebidas como diferentes, sob as
mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida, mostrando que possuem a
mesma estrutura.
e) São diferenciadores: não reúnem nem generalizam por semelhanças aparentes,
mas distinguem os que parecem iguais, desde que obedeçam a estruturas
diferentes.
f) Só estabelecem relações de causa e efeito depois de investigar a natureza ou a
estrutura do fato estudado.
g) Surpreende-se com a regularidade, constância, frequência e a repetição das coisas.
Procura mostrar que o que é extraordinário ou milagroso é um caso particular do que
é regular, normal, frequente. Ex: um furacão.
h) Distingue-se da magia;
i) Procura renovar-se e modificar-se continuamente, evitando a transformação das
teorias em doutrinas;
j) Os fatos ou objetos científicos não são dados empíricos espontâneos, são
construídos pelo trabalho da investigação científica, realizada com base em
métodos.
k) Afirma que, pelo conhecimento, o homem pode se libertar do medo e das
superstições.
DIFERENÇAS ENTRE SENSO COMUM E CIÊNCIA
A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos,
preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a ciência baseia-se em pesquisas,
investigações científicas, metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam
internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é o conhecimento
que resulta de um trabalho racional.
Teoria científica: é um sistema ordenado e coerente de proposições baseadas em
princípios, cuja finalidade é descrever, explicar e prever de modo mais completo possível
um conjunto de fenômenos, oferecendo suas leis necessárias. A teoria científica permite
que uma multiplicidade empírica de fatos aparentemente muito diferentes sejam
compreendidos como semelhantes e submetidos às mesmas leis e vice-versa.
SENSO COMUM CIÊNCIA
Subjetivo Objetivo
Qualitativo Quantitativo
Heterogêneo Homogêneo
Individualizadores Generalizador: reúne individualidades,
percebidas como diferentes, sob as mesmas leis,
os mesmos padrões ou critérios de medida,
mostrando que possuem a mesma estrutura.
São generalizadores no sentido de
reunir em uma só opinião ou ideia,
coisas e fatos julgados semelhantes.
São diferenciadores: não reúnem nem
generalizam por semelhanças aparentes, mas
distinguem os que parecem iguais, desde que
obedeçam a estruturas diferentes.
Tendem a estabelecer relações de
causa e efeito.
Só estabelecem relações de causa e efeito
depois de investigar a natureza ou a estrutura do
fato estudado.
Tendem a projetar medo/angústia
diante do desconhecido.
Afirma que, pelo conhecimento, o homem pode
se libertar do medo e das superstições.
Não se surpreendem com a
regularidade, constância, diversão e
repetição das coisas.
Surpreende-se com a regularidade, constância,
frequência e a repetição das coisas. Procura
mostrar que o que é extraordinário ou milagroso
é um caso particular do que é regular, normal,
frequente.
AS TRÊS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DA CIÊNCIA
Concepção racionalista: o modelo de objetividade é a matemática, se estende dos gregos
até o final do séc. XVII. Afirma que a ciência é um conhecimento racional, dedutivo e
demonstrativo capaz de provar a verdade universal de seus resultados, sem deixar dúvidas.
Galileu diz: "O grande livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos."
Concepção empirista: vai da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX. Afirma
que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que
permitem estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do
objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento.
Concepção construtivista: iniciada no século passado. Considera a ciência como uma
construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria
realidade. Oferece estruturas e modelos de funcionamento da realidade, explicando os
fenômenos observados, não espera uma verdade absoluta, mas uma verdade aproximada
que pode ser corrigida, modificada ou abandonada. Exigem 3 pontos:
- que haja coerência entre os princípios que orientam a teoria;
- que os modelos dos objetos sejam construídos com base na observação e
na experimentação;
- que os resultados obtidos possam alterar os modelos construídos e também
alterar os próprios princípios da teoria, fazendo correções.
DIFERENÇAS ENTRE A CIÊNCIA ANTIGA E A MODERNA
Na ciência antiga os corpos são qualificados e a ciência não se relaciona com a tecnologia
e as técnicas; a experiência não é algo bem visto.
CIÊNCIA ANTIGA (Aristóteles) CIÊNCIA MODERNA (Galileu e Newton)
Baseada nas qualidades percebidas nos corpos
(leve, pesado, líquido, sólido)
O objeto é definido por propriedades objetivas
gerais, válidas para todos os seres físicos.
Baseada nas distinções qualitativas do espaço
(alto, baixo, longe, perto)
O espaço é definido pela geometria, não é
quantitativo. É homogêneo.
Baseada na metafísica da identidade e da
mudança
Os corpos não se movem em busca de perfeição,
mas porque a causa eficiente do movimento os faz
moverem-se (causa e efeito) - a física é uma
mecânica universal.
Estabelece leis diferentes para os corpos
segundo sua matéria, forma ou substância
Os objetos obedecem às mesmas leis universais
da física.
Concebe a realidade natural como um modelo
hierárquico no qual os seres possuem um lugar
natural de acordo com a sua perfeição,
colocando os como inferiores à superiores.
A natureza é a mesma em qualquer parte e para
todos os seres, não existindo hierarquias e graus
de inferioridade ou superioridade.
AS MUDANÇAS CIENTÍFICAS
Evoluir significa: tornar-se superior e melhor do que se era antes.
Progredir: ir num rumo cada vez melhor na direção de uma finalidade superior.
Evolução e progresso pressupõem: continuidade temporal, acumulação causal dos
acontecimentos, superiores do futuro e do presente com relação ao passado, existência de
uma finalidade a ser alcançada.
Supunha-se que as mudanças científicas indicavam evolução ou progresso dos
conhecimentos humanos
Desmentindo a evolução e o progresso científicos
O que a Filosofia das Ciências compreendeu foi que as elaborações científicas e os ideais
de cientificidade são diferentes e descontínuos.
Quando comparamos as físicas de Aristóteles, Galileu-Newton e Einstein, não estamos
diante de uma mesma física, que teria evoluído ou progredido, mas diante de três físicas
diferentes, baseadas em princípios, conceitos, demonstrações, experimentações e
tecnologias completamente diferentes. Em cada uma delas, a idéia de Natureza é diferente;
em cada uma delas os métodos empregados são diferentes; em cada uma delas o que se
deseja conhecer é diferente.
Verificou-se,portanto, uma descontinuidade e uma diferença temporal entre as teorias
científicas como conseqüência não de uma forma mais evoluída, mais progressiva ou
melhor de fazer ciência, e sim como resultado de diferentes maneiras de conhecer e
construir os objetos científicos, de elaborar os métodos e inventar tecnologias. A expressão
ruptura epistemológica explica essa descontinuidade no conhecimento científico.
Rupturas epistemológicas e revoluções científicas
Um cientista ou um grupo de cientistas começam a estudar um fenômeno empregando
teorias, métodos e tecnologias disponíveis em seu campo de trabalho. Pouco a pouco,
descobrem que os conceitos, os procedimentos, os instrumentos existentes não explicam o
que estão observando nem levam aos resultados que estão buscando. Encontram, diz
Bachelard, um “obstáculo epistemológico”.
Para superar o obstáculo epistemológico, o cientista ou grupo de cientistas precisam ter a
coragem de dizer: Não. Precisam dizer não à teoria existente e aos métodos e tecnologias
existentes, realizando a ruptura epistemológica. Esta conduz à elaboração de novas teorias,
novos métodos e tecnologias, que afetam todo o campo de conhecimentos existentes.
O filósofo da ciência Khun designa esses momentos de ruptura epistemológica e de criação
de novas teorias com a expressão revolução científica.
A ciência, portanto, não caminha numa via linear contínua e progressiva, mas por saltos ou
revoluções.
[TEXTO 3: O QUE É A EPISTEMOLOGIA?]
O texto faz uma breve apresentação sobre a conceituação da epistemologia e iniciado
falando quanto às dúvidas quanto ao que é ela é, tendo em vista que a mesma ainda está
em processo de formação enquanto disciplina.
Podemos afirmar que a epistemologia é uma disciplina nova cuja construção é lenta,
gerando conflitos em virtude de certos antagonismos fundamentais por parte das
abordagens epistemológicas. Apresenta uma certa dificuldade de seu estatuto ser bem
definido, tanto em relação às Ciências quanto em relação à Filosofia. O campo de pesquisa
da epistemologia é imenso, por isso há variedades de conceitos de epistemologia.
Em sua noção mais simples, a epistemologia significa etimologicamente, discurso (logos)
sobre a ciência (episteme). Esse discurso surgiu a partir do século XIX no vocabulário
filosófico. Desde o início da formação da ciência a epistemologia, apresenta-se como
integrante do discurso filosófico. É a forma como o discurso segundo o qual o discurso
primeiro da ciência deveria ser refletido.
A epistemologia está relacionada ao tradicionalismo da filosofia, quando a mesma era
colocada como uma disciplina especial dentro da filosofia e a responsabilidade pelas
pesquisas eram os filósofos. Inclui-se aí as epistemologias tradicionais, chamadas de
filosofia das ciências.
Lalande vai considerar que a epistemologia é a filosofia das ciências e nesse campo a
colocou como um estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas
ciências. Determina a origem lógica das ciências, valor e alcance.
Essencialmente, a epistemologia é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos
resultados das diversas ciências. Semelhante estudo tem por objetivo determinar a origem
lógica das ciências, seu valor e seu alcance objetivos.
A epistemologia então usaria a ciência para “filosofar”, sendo a sua relação com a ciência
totalmente de interesse. Levando então as funções clássicas da filosofia das ciências:
1. “Situar o lugar do conhecimento científico dentro do domínio do saber”
2. “Estabelecer limites do conhecimento científico: esse não pode tudo conhecer”
3. “Buscar a natureza da ciência.”
Ao buscar a natureza do conhecimento científico, a filosofia das ciências não se dá por
objeto um conhecimento em sua génese e estruturação progressiva, em vias de se fazer ou
em processo, mas um conhecimento "em si", como fato. Ela se dá um objeto ideal, e não
esses objetos reais que são as diversas modalidades nas quais os cientistas trabalham
efetivamente e a partir das quais eles constroem, ao mesmo tempo, o edifício de suas
teorias e esses elos positivos que permitem seu desenvolvimento. Portanto, trata-se de uma
modalidade de epistemologia que poderíamos chamar de oposição às epistemologias ditas
"científicas".
Ora, hoje em dia, o conhecimento passou a ser considerado como um processo e não
como um dado adquirido uma vez por todas. Devemos falar hoje de conhecimento-processo
e não mais de conhecimento-estado. Se nosso conhecimento se apresenta em devir, só
conhecemos realmente quando passamos de um conhecimento menor a um conhecimento
maior.
A tarefa da epistemologia consiste em conhecer este devir e em analisar todas as etapas de
sua estruturação, chegando sempre a um conhecimento provisório, jamais acabado ou
definitivo.
Função: submeter a prática dos cientistas a uma reflexão que, diferentemente da filosofia
clássica do conhecimento, toma por objeto, não mais uma ciência feita, uma ciência
verdadeira de que deveríamos estabelecer as condições de possibilidade, de coerência ou
os títulos de legitimidade, mas as ciências em vias de se fazerem, em seu processo de
gênese, de formação e de estruturação progressiva.
HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS
A diferença entre o historiador das ciências e o epistemólogo consiste em que o primeiro
toma as ideias como fatos, ao passo que o segundo toma os fatos como ideias*,
inserindo-os num contexto de pensamentos. Em outras palavras, o primeiro procede das
origens para o presente, de sorte que a ciência atual já está sempre anunciada no passado,
ao passo que o segundo procede do presente para o passado, de sorte que somente uma
parte daquilo que ontem era considerado como ciência pode hoje ser fundado e justificado
cientificamente.
É ainda ela que faz com que o objeto da história das ciências seja um objeto não dado,
mas um objeto construído, um objeto cujo inacabamento é essencial.
Em suma, da história das ciências, filosoficamente questionada, surge uma filosofia das
ciências que outra coisa não é senão uma das modalidades da epistemologia geral, e que
constitui uma das vias de acesso à epistemologia, próxima às que passam pela psicologia,
pela sociologia e pela metodologia dos conhecimentos.
A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
O simples fato de ainda hesitarmos entre duas denominações: filosofia das ciências e
epistemologia (aliás, há várias denominações: filosofia das ciências, teoria do
conhecimento, lógica das ciências, epistemologia, etc.), já é revelador da impossibilidade de
estabelecermos um estatuto preciso e definitivo para a epistemologia.
Seu papel é o de estudar a génese e a estrutura dos conhecimentos científicos. Mais
precisamente, o de tentar pesquisar as leis reais de produção desses conhecimentos. E ela
procura estudar esta produção dos conhecimentos, tanto do ponto de vista lógico, quanto
dos pontos de vista linguístico, sociológico, ideológico, etc. Daí seu caráter de disciplina
interdisciplinar.
[PESQUISA CIENTÍFICA: UA1]
Como a pesquisa científica surgiu em uma conjuntura específica da história, está
diretamente relacionada ao próprio desenvolvimento da ciência como uma forma de
conhecimento, derivado de procedimentos racionais, repetíveis e baseados em um método.
Na filosofia, essa área é chamada de “teoria do conhecimento”
A ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de investigação e ao criar um
método pelo qual se fará o controle desse conhecimento. A utilização de métodos rigorosos
permite que a ciência atinja um tipo de conhecimento sistemático [...].
A pesquisa científica seria pautada pela objetividade, permitindo que qualquer outra pessoa,
ao seguir os mesmos procedimentos metodológicos adotados pelo pesquisador,
encontrasse os mesmos resultados
Pesquisar, portanto, é uma ação racional e sistemática, com o objetivo de apresentar
conclusões ou soluções a objetivos e problemáticas propostas. Busca-se, pela pesquisa
científica, encontrar respostas a temas novos, sobre os quais não se tem muitas informações;
organizar sistematicamente resultadosdispersos de outras pesquisas; ou, ainda, apresentar
outras interpretações para temas consolidados, por meio de novas metodologias e teorias.
Uma pesquisa científica envolve várias fases, da escolha do tema à formulação do
problema, passando pelo planejamento e execução da pesquisa propriamente dita, até a
apresentação dos resultados da investigação.
DIFERENTES FORMAS DE CONHECIMENTO
Existem diferentes formas de conhecimento: o artístico, o empírico, o filosófico, o teológico e
aquele chamado de conhecimento científico, no qual se segue determinado método para
encontrar respostas para certas problemáticas. Esses conhecimentos, na maioria das vezes,
não podem ser tomados isoladamente, e cada um interage com determinados aspectos da vida.
Por exemplo, para o conhecimento religioso, não é necessário comprovação científica; trata-se
de uma prática de crença e de fé. Porém, ao se desenvolver uma pesquisa científica, devem-se
seguir determinados procedimentos vinculados ao cientificismo e à razão.
"[…] o conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito
que conhece e o objeto a ser conhecido. [...]
Contudo, o conhecimento científico, embora não hierárquico, é diferente dos demais, porque
implica uma racionalização, uma problematização, um questionamento sobre o real. E, para
buscar respostas, impõe diferentes procedimentos que permitem comprovar e validar os pares.
Conhecimento empírico (senso comum)
Chamamos de “conhecimento empírico” as formas de conhecimento derivadas da
experiência sensível, realizadas pela observação da realidade e de seus fenômenos e por
meio da experimentação. É considerada a primeira etapa do conhecimento, vinculada à
percepção e à sensação.
O conhecimento empírico é muito importante para a pesquisa científica, porque é por meio
do contato com determinadas realidades e de sua observação que somos levados a
elaborar problematizações e hipóteses para a formulação do conhecimento filosófico e
científico. Em outras palavras, não existe hierarquização ou oposição, mas
complementaridade entre níveis diferentes da construção do conhecimento, com valores
próprios.
Características: Acrítico, sem reflexão, subjetivo, falível, inexato e assistemático (não se
preocupa em ter uma sistematização e organização de ideias em um conjunto coerente,
consistindo em uma série de conhecimentos dispersos
Conhecimento filosófico
Em relação ao conhecimento filosófico, podemos afirmar que se trata de uma forma de
saber que procura respostas para algumas problematizações e alguns conhecimentos
acerca da realidade. Caracteriza-se pela capacidade de refletir dos seres humanos,
utilizando o raciocínio e empregando a linguagem.
Conhecimento científico
Já o “conhecimento científico”, também chamado por alguns autores de “teórico”, tem sua
origem em elaborações racionais a partir dos dados apresentados pelo conhecimento
empírico. Não é passível de observação imediata do aparente.
Se caracteriza por uma investigação, com objetivos mais universais de explicação,
empregando-se conceitos e teorias e organizando-se sistematicamente o conteúdo.
O conhecimento científico parte de um questionamento, de uma problematização da
realidade, que pressupõe conhecer o que já foi estudado ou realizado sobre o tema e o que
será possível compreender a partir da atividade investigativa.
Conhecimento teológico ou religioso
Sua fonte são as práticas e os textos religiosos, e seu critério de verdade é a crença e a fé.
Para o conhecimento teológico ou religioso, o princípio da autoridade é fundamental, pois
ele se apoia em verdades indiscutíveis, exigindo uma atitude de fé perante um
conhecimento revelado, ou seja, compreender uma verdade que já está pronta.
FUNDAMENTOS DO MÉTODO CIENTÍFICO
O ponto de partida de qualquer pesquisa é a meta ou o objetivo. Em um segundo momento,
desenvolve-se um modelo do processo que será estudado ou do fenômeno que será
manipulado. Posteriormente, vem a coleta de informações (ou utilização de dados já coletados).
Comparam-se os dados e o modelo em um processo de avaliação, que consiste simplesmente
em estabelecer se os dados e o modelo têm sentido. Se o modelo não dá conta dos dados,
procede-se à sua revisão — modificação ou substituição. Assim, o método científico é um
processo dinâmico de avaliação e revisão.
Meta: o objetivo do estudo. �
Modelo: qualquer abstração do que está sendo trabalhado ou estudado. �
Dados: as observações realizadas para representar a natureza do fenômeno. �
Avaliação: processo de decisão sobre a validade do modelo. �
Revisão: mudanças necessárias no modelo
[TEXTO 4: UMA EXPLICAÇÃO DO CONHECIMENTO]
Uma teoria do conhecimento tem o dever de, no mínimo, elucidar a diferença entre o
conhecimento verdadeiro e o conhecimento aparente, entre o artigo genuíno e as imitações
plausíveis. Sua principal função é esclarecer em que consiste o verdadeiro conhecimento.
O CAMPO DA EPISTEMOLOGIA E O CONCEITO DE CONHECIMENTO
Uma epistemologia pode elucidar um conceito (uma noção, uma ideia) de conhecimento
científico sem que o epistemólogo se comprometa com a existência real de tal
conhecimento. Ex: conceito de unicórnio.
Os conceitos não devem seu significado ao fato de se realizarem na prática; caso contrário,
não poderíamos pensar em objetos fictícios.
A epistemologia abrangente tratará de elucidar primeiro a categoria geral do conhecimento,
pré-requisito para o esclarecimento dos domínios potenciais dos conhecimentos específicos
(conhecimento ético, religioso, matemático..).
A meta do epistemólogo, aqui, é de explicar o que é o conhecimento.
No ponto de vista tradicional, proposto por Platão e Kant, é o que o conhecimento
propositivo humano (o conhecimento de que tal coisa é de tal jeito) tem três elementos
conjuntos necessários: justificação, verdade e crença. Segundo esse ponto de vista,
o conhecimento é uma crença verdadeira e justificada.
Correntes contraditórias:
Quine (1969) – Naturalismo substitutivo que propõe que a epistemologia seja um
capítulo da psicologia empírica. Cientificismo Substitutivo nega a existência de qualquer
filosofia cognitivamente legítima antes das ciências ou independente delas.
Rorty (1982) – Pragmatismo substitutivo – visa o proveito, o lucro e a utilidade.
Desprezando as preocupações filosóficas sobre a realidade do mundo. Nele as proposições
são aceitáveis pela veracidade, utilidade, não pela conformidade a matriz disci plinar vigente
bstitutivo – visa o proveito, o lucro e a utilidade.
O VALOR DA EPISTEMOLOGIA
Um tipo de justificação necessária ao conhecimento depende de uma corroboração
suficiente fornecida pelos dados disponíveis.
A incapacidade de reconhecer os meios que conduzem à realização de nossos objetivos
normalmente resulta em uma frustração desses objetivos; é por isso que a epistemologia se
preocupa em compreender a distinção que existe entre o verdadeiro reconhecimento dos
meios e a aparência de um tal reconhecimento. Exemplo: com o mero reconhecimento de
meios que pareçam poder nos garantir a obtenção de um diploma na faculdade; o que
queremos são meios reais.
Esse é o valor da epistemologia: atribuir valor ao reconhecimento de meios eficazes para a
realização dos objetivos. Ela distingue o conhecimento ou reconhecimento verdadeiro e
conhecimento aparente. - forma de reconhecer meios eficazes para atingir objetivos.
Em qualquer disciplina, a epistemologia pode contribuir na medida em que elucida as
condições, as fontes e os limites do verdadeiro conhecimento.
Os epistemólogos tradicionais não podem ser, por exemplo, os juízes indicados para julgar
disputas teóricas específicas relacionadas às técnicas usadas pelo Projeto Genoma
Humano. Mas, pode contribuir para a formulação desses juízos, pois lança luz sobre as
noções de conhecimento e justificação e sobre os princípios correspondentes que podem
ser usados para identificar a justificação e o conhecimento verdadeiros. - é uma disciplina
essencial para quantos desenvolvem projetos de qualquer natureza, não só cognitivos.A epistemologia tradicional não é substituível pelas ciências (ao contrário do que diz o
naturalismo substitutivo) e nem pelo estudo do que é útil para nós (ao contrário do que diz o
pragmatismo substitutivo).
Notas de Sala
A epistemologia faz uma crítica ao conhecimento científico a respeito de suas justificativas,
procurando entender a sua validade. -
Uma verdade não justificada não é conhecimento científico.
Argumento de Platão para entender o conhecimento científico: ciência é uma crença
verdadeiramente justificável. Não basta ser verdadeira, tem que ser justificável.
Assim, a epistemologia trata de criticar essa justificativa dentro de uma "verdade científica".
Repare-se que uma pessoa pode com frequência afirmar que sabe que algo é de uma certa
forma quando não é, mas, nesse caso, embora afirme que sabe, na realidade não sabe. De
facto, essa pessoa ignora a verdade. Quando alguém está enganado e acredita no que é
falso, então falta-lhe o conhecimento. Vemos agora que uma condição necessária para uma
pessoa conhecer algo é que isso seja verdade. Outra condição necessária é a de que
essa pessoa acredite nisso (crença verdadeira). Agora, a condição para se considerar a
crença verdadeira como conhecimento tem a ver com a justificação que uma pessoa tem
para acreditar naquilo em que acredita. Essa justificação tem que ser boa e não
"frustrável" por qualquer falsa suposição.
Assim, podemos afirmar que uma pessoa não tem conhecimento a não ser que possa
justificar, e justificar completamente, a sua crença. Além disso, o que normalmente
determina se uma pessoa tem uma boa justificação para a sua crença é a qualidade da
evidência em que se baseia essa crença.
Concluímos assim que uma pessoa conhece algo somente quando a sua crença é
verdadeira, completamente justificada, e a justificação não é frustrável.
Texto complementar: (Link aqui)
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/FILOSOFIA/Artigos/conhecimento_crenca.pdf

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