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Indaial – 2022 Patrimonial Prof.ª Marcela Gimenes Bera Oshita Prof.ª Thauane Lima de Souza 1a Edição Segurança Elaboração: Prof.ª Marcela Gimenes Bera Oshita Prof.ª Thauane Lima de Souza Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: O82s Oshita, Marcela Gimenes Bera Segurança patrimonial. / Marcela Gimenes Bera Oshita; Thauane Lima de Souza. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 151 p.; il. ISBN 978-85-515-0485-7 1. Bens móveis e imóveis – Brasil. I. Souza, Thauane Lima de. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 340 Olá, acadêmico! Bem-vindo ao Livro Didático Segurança patrimonial! A segurança é um tema de interesse de todos, pois a proteção individual garante a manutenção da vida em sociedade. Nesse contexto, a segurança patrimonial visa garantir a integridade dos bens móveis e imóveis, buscando prevenir eventuais danos, além de detectar e corrigir caso esses danos ocorram no patrimônio. O profissional qualificado deverá conhecer sobre os tipos de bens, garantindo, dessa forma, uma correta prevenção e adaptação para cada tipo de particularidade que a empresa possua. Neste material, você vai conhecer sobre os principais aspectos do profissional vigilante, entendendo sobre a forma de executar as atividades profissionais, visando a prevenção, controle e guarda dos vários tipos de bens da empresa. Na Unidade 1, será abordado o conceito de segurança patrimonial, trazendo as definições sobre o patrimônio, além de demonstrar como o Código Penal Brasileiro trata a segurança patrimonial, e apresentar as diferenças entre portaria e vigilância, além de descrever os direitos e deveres do profissional. Em seguida, na Unidade 2, você estudará sobre a segurança privada, os princípios básicos que norteiam a profissão, as legislações específicas sobre o tema, além de tratar sobre inteligência e contrainteligência. Por fim, na Unidade 3, você irá aprender sobre a proteção perimetral, as armas letais e não letais, os procedimentos de proteção, as técnicas de portaria, bem como sobre os procedimentos de iluminação e energia na segurança perimetral. Bons estudos! Prof.ª Marcela Gimenes Bera Oshita Prof.ª Thauane Lima de Souza APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - SEGURANÇA PATRIMONIAL ..............................................................1 TÓPICO 1 - O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL EMPRESARIAL .......... 3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 O QUE É PATRIMÔNIO? ........................................................................................ 3 2.1 O HISTÓRICO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL ............................................................. 4 2.2 CLASSIFICAÇÕES DE PATRIMÔNIO ................................................................................5 3 O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL ....................................................8 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 13 TÓPICO 2 - DIREITO PENAL E A SEGURANÇA PATRIMONIAL ............................ 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15 2 O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO ......................................................................... 15 2.1 CÓDIGO PENAL BRASILEIRO E OS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ....................18 2.1.1 Tipos de crimes contra o patrimônio ....................................................................20 3 PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA AO PATRIMÔNIO: ESTUDO DE CASO .......22 3.1 ESTUDO DE CASO .............................................................................................................. 23 3.1.1 Resolução do estudo de caso ................................................................................ 23 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................26 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 27 TÓPICO 3 - CONTROLE DA ENTRADA/SAÍDA DE PESSOAS/VEÍCULOS ...........29 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................29 2 MÉTODOS DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA ............................................29 3 PORTARIA E VIGILÂNCIA................................................................................... 31 3.1 VIGILÂNCIA ARMADA LETAL E NÃO LETAL ................................................................. 32 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 37 RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................... 44 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................45 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 47 UNIDADE 2 — SEGURANÇA PRIVADA ..................................................................49 TÓPICO 1 — A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA .............................................. 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 51 2 SEGURANÇA PRIVADA VERSUS SEGURANÇA PÚBLICA ................................ 51 2.1 AS ESPÉCIES DE SEGURANÇA PRIVADA .................................................................... 52 3 O PLANEJAMENTO E A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA ...........................56 3.1 O PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA ............................................................................ 59 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................63 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................64 TÓPICO 2 - A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO SEGMENTO ................................... 67 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 67 2 O HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO DA SEGURANÇA PRIVADA ............................ 67 2.1 AS PORTARIAS DA POLÍCIA FEDERAL .......................................................................... 70 3 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS E FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA PATRIMONIAL ........................................................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 76 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 77 TÓPICO 3 - A INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA ..................................... 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 79 2 O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA ............................. 79 3 A SEGURANÇA PRIVADA E INTELIGÊNCIA ......................................................83 3.1 ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................83 3.1.1 Resolução do estudo de caso ................................................................................83 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................86 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................92 REFERÊNCIAS .......................................................................................................95 UNIDADE 3 — PROTEÇÃO PERIMETRAL .............................................................. 97 TÓPICO 1 — ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS ..........................................................99 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................99 2 ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS ..........................................................................99 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 107 AUTOATIVIDADE .................................................................................................108 TÓPICO 2 - PROTEÇÃO PERIMETRAL ................................................................. 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 111 2 PROTEÇÃO PERIMETRAL ................................................................................. 111 2.1 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA PATRIMONIAL ......................................................... 116 2.1.1 Cerca elétrica ............................................................................................................. 116 2.1.2 Câmeras de segurança ...........................................................................................117 2.1.3 Alarmes ......................................................................................................................117 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 122 TÓPICO 3 - TÉCNICAS DE PORTARIA ................................................................ 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 125 2 TÉCNICAS DE PORTARIA ................................................................................. 125 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................128 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 129 TÓPICO 4 - ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA NA SEGURANCA PERIMETRAL ........................................................................................................131 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................131 2 IMPORTÂNCIA DA ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA NA SEGURANÇA PERIMETRAL ........................................................................................................131 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 139 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................140 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 141 REFERÊNCIAS .....................................................................................................143 1 UNIDADE 1 - SEGURANÇA PATRIMONIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender o que é e o que não é a segurança patrimonial; • identifi car os elementos chaves de um plano de segurança patrimonial; • realizar o controle de acesso efi ciente de pessoas e veículos em locais protegidos; • conhecer e compreender os aspectos técnicos da segurança patrimonial armada. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL EMPRESARIAL TÓPICO 2 – DIREITO PENAL E A SEGURANÇA PATRIMONIAL TÓPICO 3 – CONTROLE DA ENTRADA/SAÍDA DE PESSOAS/VEÍCULOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL EMPRESARIAL 1 INTRODUÇÃO A Constituição Federal Brasileira de 1988 apresenta o termo “segurança” como um direito fundamental individual e coletivo do cidadão brasileiro ou residente no país, assegurada pelo próprio Estado. A Declaração Universal de Direitos Humanos também apresenta a segurança como um direito e como uma meta que deve ser alcançadapor todos os países (BRASIL, 1988). A segurança é identificada de várias formas, e pode ser relacionada à segurança pessoal, pública e patrimonial. A segurança pessoal é aquela que está relacionada à sensação do indivíduo de exercer seus direitos constitucionais, de poder transitar nas vias públicas, de ter o seu imóvel inviolável, de poder passear com seu veículo etc. A segurança pública é aquela em que o Estado exerce o controle sobre a ordem pública, por meio da polícia, com objetivo de prevenir os delitos. Já a segurança patrimonial diz respeito à segurança dos bens do indivíduo. Com o crescimento populacional, as desigualdades sociais e a situação de superlotação nos presídios, observa-se um crescimento na violência, principalmente nos grandes centros urbanos. Com isso, a preocupação em proteger o patrimônio, seja ele individual, empresarial e até mesmo o patrimônio público, passou a ser uma constante de toda a população. Neste tópico, você terá a oportunidade de conhecer os conceitos fundamentais relacionados à segurança patrimonial. Também irá aprender a diferenciar esse tipo de segurança, além de conhecer suas principais características. Ademais, você conhecerá os diversos tipos de bens e suas principais particularidades. 2 O QUE É PATRIMÔNIO? O patrimônio, tanto no âmbito legal como econômico, é definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica. Assim, é possível afirmar que patrimônios são todos os bens que uma empresa ou que um indivíduo possui, como por exemplo, os imóveis, veículos ou até mesmo as obrigações, como as duplicatas a pagar a um fornecedor, impostos, despesas de aluguel etc. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 A segurança, por atender as necessidades básicas do ser humano, é um direito que está relacionado diretamente com a dignidade da pessoa humana, sendo obrigatória a sua execução. Mesmo que não estivesse expressa, explicitamente, na Constituição Federal, seria uma ordem jurídica pré-existente (GLINA, 2020). INTERESSANTE Como o patrimônio se apresenta de várias formas, a segurança patrimonial tem como objetivo garantir a prevenção desses diferentes tipos de bens de forma personalizada. Por exemplo, os bens intelectuais devem ser protegidos de forma que preserve a inviolabilidade das informações e dos direitos autorais. Isso difere muito da segurança dos bens físicos, por exemplo, que necessitam de controle de fl uxo de pessoas, monitoramento e, em alguns casos, até de um tipo de guarda mais adequado, como cofres ou bancos. 2.1 O HISTÓRICO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL A segurança patrimonial é aquela em que os bens do indivíduo ou da empresa são resguardados. Em outras palavras, na segurança patrimonial, os bens são objeto de guarda e proteção. Isso pode ocorrer por uma pessoa ou por uma empresa específi ca. Segundo Moreira (2007), atualmente a segurança patrimonial tem sido direcionada principalmente às edifi cações, em construções novas ou existentes. No entanto, também pode ocorrer em residências, hospitais etc. Glina (2020) destaca que a segurança é um termo que está relacionado com a necessidade antropológica do indivíduo, visto que a pessoa humana necessita da segurança até para satisfazer suas necessidades fi siológicas. A segurança do patrimônio é um assunto abordado desde tempos remotos. Os homens primitivos buscavam a segurança em cavernas, além de construírem alguns armamentos. As civilizações antigas se baseavam na geografi a do local para construir suas cidades. Entre os índios, destaca-se a produção de lanças visando sua segurança patrimonial. Todas essas estratégias têm como objetivo preservar a segurança pessoal e do local em que viviam. Com o passar do tempo, as cidades se estruturaram, assim como as residências. Por isso, foram demandadas novas estratégias de segurança, que foram se aperfeiçoando buscando a proteção não só do local, como de questões particulares das pessoas e as especifi cidades dos seus bens. As grandes civilizações buscavam proteger suas cidades por meio de muros ou fossos. As cidades fora da Europa foram edifi cadas utilizando 5 recursos naturais como dispositivos de segurança. Alguns exemplos são a cidade de Jamestown, atual Virgínia, EUA, no século XVI, que era protegida pela topografia elevada que possibilitava a visão da chegada de inimigos, e a cidade de Quebec, Canadá, no século XIX, protegida por muros para autoproteção dos habitantes (MOREIRA, 2007). No Brasil, na época do descobrimento, foram construídos fortes como estratégias militares para evitar o ataque de estrangeiros (MOREIRA, 2007). Durante muitos anos, em nosso país, a preocupação com a segurança patrimonial era observada, mais frequentemente, entre a classe alta. Além de possuírem maior quantidade de bens, essa classe também dispunha de dinheiro para arcar com medidas de segurança patrimonial pela instalação de câmeras de segurança, implantação de portaria eletrônica, monitoramento dos veículos etc. No entanto, nas últimas décadas, a preocupação com a proteção dos bens passou a ser percebida por todas as classes sociais em função do aumento da violência. Assim, os projetos arquitetônicos passaram a se preocupar mais com a segurança e com a implementação de serviços de monitoramento desde o início das obras. A segurança patrimonial também se estendeu para outros bens além dos imóveis, como aos bens eletrônicos, veículos e máquinas, entre outros. Com isso, foram surgindo legislações específicas que tratam das práticas de proteção dos bens, além das normatizações para a uniformização e adequação das normas de segurança e das profissões regulamentadas com essa função. 2.2 CLASSIFICAÇÕES DE PATRIMÔNIO Os bens se apresentam de formas variadas, podendo ser um imóvel, veículo, roupas, sapatos, dinheiro no banco, entre outros. Nesse subtópico, serão abordados diferentes tipos de classificação de patrimônio, tendo em vista que cada empresa atua em diferentes ramos de proteção de bens e, portanto, as medidas de segurança devem ser específicas de acordo com cada área de atuação. Cavalcante (2015) classifica os bens em dois grandes grupos: os patrimoniais e os imóveis. Observe na Figura 1 alguns exemplos dessa classificação de bens. 6 FIGURA 1 – EXEMPLOS DE BENS PATRIMONIAIS E IMÓVEIS FONTE: A autora Ainda, conforme Cavalcante (2015), existem outras possíveis classificações de bens, ordenados de acordo com suas características quanto à escassez, realidade física, função, duração, origem e relações recíprocas (Quadro 1). QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE BENS FONTE: A autora 7 A segurança patrimonial busca proteger, mais especificamente, os bens classificados como econômicos, que são aqueles adquiridos pelo indivíduo. Além disso, garante também a proteção dos bens materiais e de serviços, visto que a prestação de serviços é um bem intangível e deve ser preservada. Os bens duráveis são aqueles em que se direcionam maiores investimentos na segurança privada, já que possuem um valor monetário superior aos bens não duráveis. Já os bens concorrentes e complementares são preservados de ambas as formas. No entanto, entre os bens intangíveis existem informações de uma empresa – que podem ser o banco de dados de clientes, sistemas de controle de caixa, informações de fornecedores –, e essas informações requerem outro sistema de controle. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2005), expediu uma norma que trata sobre esses sistemas de segurança, e destaca que: A informação é um ativo que, como qualquer outro ativo importante, é essencial para os negócios de uma organização e, consequentemente, necessita ser adequadamente protegida. Isto é especialmente importante no ambiente dos negócios, cada vez mais interconectado. Como um resultado desse incrível aumento da interconectvidade, a informação está agora exposta a um crescente número e a uma grande variedade de ameaças e vulnerabilidades (ABNT, 2005, p. 9). Os critériosde segurança das informações devem ser implementados para evitar as ameaças, garantir a continuidade do negócio, diminuir os riscos, e aumentar o retorno do capital investido, além de possibilitar maior oportunidade para os negócios. De acordo com a ABNT (2005), as medidas de segurança das informações devem ser implementadas a partir de: [...] um conjunto de controles adequados, incluindo políticas, processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de software e hardware. Estes controles precisam ser estabelecidos, implementados, monitorados, analisados criticamente e melhorados, onde necessário, para garantir que os objetivos do negócio e de segurança da organização sejam atendidos. Convém que isso seja feito em conjunto com outros processos de gestão do negócio (ABNT, 2005, p. 9). A preocupação com os sistemas de segurança das informações assegura a competitividade, o fluxo de caixa e proporciona um aumento do lucro, além do cumprimento aos requisitos legais e uma melhor visão da empresa junto ao mercado, valorizando suas ações (ABNT, 2005). A ABNT (2005) estabelece alguns requisitos de segurança das informações de uma instituição que devem ser seguidos a partir de três tipos de informação: • a primeira fonte da informação: é determinada por meio da análise e avaliação de riscos, considerando os objetivos estabelecidos no planejamento; 8 • a segunda fonte de informação: inclui a legislação, estatutos ou regulamentos que as empresas de segurança devem atender; • a terceira fonte de informação: é um conjunto de princípios do negócio, sua meta, visão e objetivos que conduzem as operações. Salienta-se que os bens livres devem ser protegidos por todos – inclusive por órgãos públicos – por meio de programas de preservação ao meio ambiente com o objetivo de garantir que esses recursos estejam sempre disponíveis para a população. 3 O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL A segurança patrimonial é realizada com o objetivo de combater quaisquer riscos à integridade do patrimônio de uma pessoa física ou jurídica. Relaciona-se com a prevenção das ocorrências de diversos eventos, como exemplificado na Figura 2. FIGURA 2 – OBJETIVOS DE PROTEÇÃO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL FONTE: A autora 9 Ao contratar uma empresa de segurança patrimonial alguns parâmetros devem ser realizados com o objetivo de prevenir os tipos de delitos contra o bem, como o assalto, furto, espionagem, sequestro, lesão e dano. O objetivo da segurança patrimonial é propor estratégias de prevenção desses delitos, além de instalação de equipamentos que auxiliem no processo de controle dos bens, como sistemas que registrem a quantidade de materiais que saíram do estoque, ou que entraram, além de um monitoramento das pessoas que entram e saem do estabelecimento. Nesse sentido, é preciso considerar que os procedimentos da segurança patrimonial devem zelar pelo patrimônio, com enfoque na prevenção de danos ou detecção em tempo adequado com oportuna correção. Essa segurança pode ser aplicada de diversas formas, como pela instalação de câmeras de segurança, presença de uma portaria eletrônica, entre outros. A segurança patrimonial deve ser uma prioridade desde o processo de planejamento de abertura de uma empresa – seja ela de prestação de serviço, ou de comércio – para que seja garantido o bom desempenho e sucesso da entidade. Todas as empresas, independentemente de seu porte, necessitam de segurança patrimonial. No entanto, a estruturação dessa segurança e a forma como a administração irá conduzir os processos de prevenção devem ser adaptadas à realidade de cada tipo de organização. Dessa forma, a segurança patrimonial está diretamente relacionada à gestão administrativa da empresa. Para ter o controle efetivo da guarda dos bens, deve- se, então, realizar procedimentos de controle e gerenciamento dos tipos de bens que compõe a organização. Desde a Antiguidade, observa-se a natureza violenta por alguns indivíduos, apresentando diferentes motivações, como as guerras religiosas, territoriais, desigualdade social, pobreza e reinvindicações diversas. A violência tem níveis maiores ou menores, dependendo do país (MOREIRA, 2007). INTERESSANTE Existe uma diferença entre danos e interferências no patrimônio de uma empresa: os danos estão relacionados diretamente com a perdas materiais, como por exemplo a ocorrência de um incêndio ou o desmoronamento de uma loja; já as interferências são aquelas ligadas ao uso de informações da empresa, seja por meio de espionagem ou furto de informações que acarretam prejuízos fi nanceiros. Para melhor compreensão da temática, Silva (2009) classifi ca a segurança do patrimônio em três etapas: prevenção, detecção e reação. Observe na Figura 3 a hierarquia em relação à prioridade de ações entre cada uma dessas etapas. 10 FIGURA 3 – ETAPAS E PRIORIDADES DAS AÇÕES DE SEGURANÇA DO PATRIMÔNIO FONTE: A autora Na etapa de prevenção, as medidas devem ser pensadas e planejadas junto com propostas que visem resguardar os bens e proteger de roubos ou furtos, por meio de controle de fluxo de pessoas, monitoramento de entrada e saída de material, instalação de câmeras de segurança, dispositivos de rastreios, bem como treinamento de funcionários e orientações aos clientes. Para Silva (2009), 80% das atividades e recursos em segurança patrimonial devem ser destinados a essa etapa. Na fase seguinte, ocorre a detecção de eventuais problemas. Isso ocorre pela devida monitoração da quantidade de bens, análise de relatórios, visita aos locais onde os bens patrimoniais são guardados e, em alguns casos, processos de revistas em indivíduos e funcionários, correspondendo a 15% das atividades e recursos destinados à segurança patrimonial. Por fim, a terceira etapa da segurança, que deve englobar até 5% das atividades e recursos em segurança, consiste na reação a algum evento adverso. Devem ser realizadas medidas para que os bens que foram roubados, furtados ou danificados sejam recuperados, por meio da polícia, pela análise da gravação das câmeras de segurança e até mesmo pelo controle do fluxo de pessoas. Atente que cada passo deve ser seguido para que a segurança patrimonial obedeça aos requisitos básicos de instalação e que se torne eficiente e eficaz dentro da organização a fim de evitar eventuais prejuízos ao patrimônio. 11 De acordo com Moreira (2007), o termo “segurança” tem origem latina e signifi ca seguro ou livre do perigo. Na língua inglesa, o termo é escrito como “security”. Agora que você já compreendeu a importância da segurança patrimonial, você irá estudar sobre os crimes que podem ocorrer contra os bens patrimoniais de um indivíduo, e conhecer o que o Código Penal Brasileiro traz de crimes e penas contra quem comete algum delito contra o patrimônio. GIO ESTUDOS FUTUROS Moreira (2007) enfatiza que alguns fatores devem ser verifi cados no momento da instalação de um sistema de segurança em uma empresa: a análise da propriedade, riscos, ameaças e possíveis vulnerabilidades, que serão determinantes para estabelecer quais procedimentos de segurança deverão ser instalados. A segurança patrimonial pode ser dividida em duas, a pública e a privada. Na segurança pública, o Estado é o responsável por elaborar políticas que visem a proteção da propriedade e da comunidade. Na segurança privada, o objetivo também é proteger vidas e propriedades, no entanto, a principal preocupação está relacionada com os bens, sejam eles materiais, de informações, que são resguardados de ações indesejadas, de pessoas não autorizadas, e se dá de forma particular, por meio de contratação de profi ssionais qualifi cados (MOREIRA, 2007). A segurança pública é voltada para a Polícia Militar, com estratégias de preservação da ordem pública, e a proteção das pessoas e do patrimônio. A polícia civil está relacionada com a investigação dos crimes, sendo responsável pela investigação dos crimes contra o patrimônio. A Polícia Federalbusca a manutenção da lei, atuando também de forma preventiva e investigativa. Por fi m, a Polícia Rodoviária é responsável pela garantia da segurança nas rodovias, prevenindo possíveis crimes de receptação, sequestro e tráfi co de bens patrimoniais. A segurança privada é aquela que o cidadão deve contratar de forma particular, podendo ser realizada por meio de um profi ssional habilitado com registro no órgão competente, ou por meio de empresa de segurança patrimonial. 12 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Existem diferentes tipos de bens de uma empresa, sendo classificados por diferentes critérios, como a escassez, realidade física, função, duração, origem e relações recíprocas. • O início da segurança patrimonial no Brasil, durante a vinda dos portugueses ocorreu pela construção de fortes. Posteriormente, a proteção ocorreu principalmente em bairros de classe alta. Apenas alguns séculos depois, a segurança patrimonial passou a ser popularizada. • O conceito de segurança patrimonial abrange os tipos e particularidades de cada bem, direcionados à prevenção de furtos, roubos os eventuais danos. • A proporção de prevenção, detecção e reação de ações e recursos direcionados à segurança patrimonial devem seguir a proporção de 80% para a prevenção, 15% para detecção e 5% para reação. • A segurança patrimonial pode ser classificada como pública ou privada. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Os bens de uma empresa são classificados de acordo com suas especificações, como: pela sua escassez, realidade física, função, duração, origem e relações recíprocas. Cada empresa possui bens com determinadas particularidades e especificações, que devem ser observadas no momento da prática profissional. Sobre as classificações dos bens e as características de cada um deles, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A classificação quanto à escassez é aquela em que os bens se dividem em livres e econômicos. b) ( ) A classificação quanto à realidade física é aquela em que os bens se dividem em serviços e prestação. c) ( ) A classificação quanto à origem dos bens é aquela em que os bens se dividem em livres e serviços. d) ( ) A classificação dos bens quanto à origem é aquela em que os bens se dividem em serviços e econômicos. 2 A segurança patrimonial busca prevenir que os bens de uma organização sofram danos ou sejam submetidos ao ataque de terrorismo ou de espionagem. Dessa forma, são elaboradas estratégias de prevenção, detecção e reação para a segurança do patrimônio. Com base nas definições das aplicações de procedimentos de segurança patrimonial dentro de uma empresa, analise as afirmativas a seguir: I- As medidas de reação após um dano a um patrimônio devem ser sempre superiores às medidas de prevenção. II- A segurança patrimonial visa desenvolver estratégias de prevenção em detrimento às atividades de detecção. III- As medidas de detecção de um dano ao patrimônio devem ocorrer após a realização das medidas de reação. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 3 No Brasil, a segurança patrimonial iniciou na época do descobrimento, quando foram construídos fortes com o objetivo de impedir que outros estrangeiros chegassem ao país. No entanto, com o passar dos anos os procedimentos AUTOATIVIDADE 14 de segurança patrimonial foram se modificando. De acordo com o conteúdo estudado sobre a evolução da segurança patrimonial, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Algumas cidades da antiguidade eram construídas em fossos, com o objetivo de prevenir a ação de invasores. ( ) A segurança patrimonial evoluiu de forma que, atualmente, todas as empresas necessitam de um sistema de segurança. ( ) Inicialmente, no Brasil, todos os bairros possuíam algum sistema de segurança nas residências. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A segurança patrimonial é exercida com o objetivo de garantir a preservação dos bens de uma empresa ou o patrimônio de uma pessoa física. Os sistemas particulares de segurança são implantados em residências, hospitais, lojas e fábricas. Disserte sobre os procedimentos que devem ser analisados durante um processo de implantação de um sistema de segurança patrimonial. 5 Existem muitas estratégias de implantação de segurança patrimonial em uma organização que devem estar relacionadas com o tipo de bem que a empresa possui. Por exemplo, em empresas de prestação de serviço, a segurança deverá estar relacionada diretamente ao controle do fluxo de pessoas no local da empresa. Nesse contexto, disserte sobre a classificação dos bens móveis e imóveis. 15 DIREITO PENAL E A SEGURANÇA PATRIMONIAL 1 INTRODUÇÃO A segurança patrimonial é aquela voltada à guarda dos bens do indivíduo. No entanto, para que seja realizada, é necessário que obedeça à legislação. O Código Penal Brasileiro apresenta o que é lícito ou ilícito no momento da prática da segurança. Trata- se de uma legislação que aborda a aplicação de penas para pessoas que cometem algum delito, é considerado como uma base para determinada conduta. Dentro da segurança patrimonial, existem algumas normas que devem ser seguidas para que os direitos individuais não sejam extrapolados. Da mesma forma, são estabelecidas normas que permitem a aplicação de determinadas penalidades em caso de situações ilícitas. Neste tópico, você terá a oportunidade de estudar alguns artigos do Código Penal que tratam sobre segurança patrimonial. Além disso, será realizado um estudo de caso relacionado à aplicação de procedimentos de segurança patrimonial para que você aprenda na prática sobre a sua execução. 2 O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO Na Antiguidade as penas eram determinadas como uma forma de cometer vingança sobre algum delito. Contudo, na maioria das vezes, essa vingança era desproporcional, de modo a ferir os direitos humanos. A humanidade passou por várias transformações no processo de punição dos culpados, incluindo castigos corporais, trabalhos forçados e até a pena de morte. No entanto, com a participação do Estado no processo de punição dos culpados, as penas passaram a ter como princípio a integridade humana, além de conceder ao julgado de uma ação penal a possibilidade de defesa. Atualmente, as penas têm o objetivo de punir de forma proporcional ao delito cometido. Também, proporcionar uma educação para evitar que esse condenado cometa novos delitos. No Brasil, o primeiro Código Penal foi sancionado em 1830, por Dom Pedro I, descrito como “Direito Português”. No ano de 1890, foi criado o Código Criminal da República, elaborado nos mesmos moldes do Código de 1830. O Código Penal Brasileiro, UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 16 tal como conhecemos hoje, foi criado em 1940, baseado nas ideias de Alcântara Machado. Esse Código tem como objetivo garantir a ordem social, visto que determina os tipos de penalidades, as medidas de segurança, os procedimentos da ação penal, além de tratar sobre os tipos de crimes e suas respectivas punições. No entanto, sua vigência foi efetivada apenas em 1942. Você sabia que em 1969 foi criado um Código Penal, desenvolvido por Nélson Hungria? No entanto, o documento foi revogado em 1978, retornando ao Código de 1940, vigente até os dias de hoje (D’OLIVEIRA, 2014). NOTA No Brasil após a regulamentação do Código Penal Brasileiro de 1940, os crimes passaram a ser punidos com penas previamente previstas, não sendo possível a criação de uma pena exclusivamente para punir uma pessoa específica. Outro fato importante é que, após a regulamentação do Código Penal, não é possível a uma pena retroagir em malefício do réu, ou seja, se um indivíduo estiver cumprindo uma pena de sete anos e a lei reformular o prazodaquele crime para dez anos, a modificação dessa lei não alcançará esse condenado que já está sendo punido. Atualmente, no Brasil, são permitidos três tipo de penas: a pena privativa de liberdade, que é aquela em que o indivíduo tem o seu direito de locomoção retirado por um período; a pena restritiva de direito, em que o indivíduo é obrigado a realizar algum serviço alternativo; e a pena de multa, na qual o sujeito deve pagar valores monetários proporcionais ao dano causado. O Código Penal Brasileiro é dividido em duas partes, como você pode visualizar na Figura 4. 17 FIGURA 4 – DIVISÕES DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO FONTE: A autora Dessa forma, o Código Penal Brasileiro, detalha em sua porção especial os crimes de acordo com as espécies. Entre elas, identificam-se os crimes relacionados ao patrimônio das pessoas. Com essa divisão, o Código Penal busca agrupar os delitos por suas relações, estabelecendo uma pena similar em casos semelhantes. Isso permite a aplicação de medidas de punições adequadas de acordo com a razoabilidade e proporcionalidade. Ao destacar os crimes contra o patrimônio, a legislação assegura a proteção aos bens individuais dos cidadãos, garantindo que, caso seja realizado algum dano contra esse patrimônio, medidas sejam tomadas para que esse cidadão recupere seus bens ou que seja ressarcido pela violação que vier a sofrer. Se, eventualmente, não existisse nenhuma legislação que trata sobre a proteção aos bens de uma pessoa, as medidas de segurança visando a proteção desses bens teriam que ser modificadas, e não haveria nenhuma garantia de que esses bens pudessem ser recuperados, nem que a pessoa que danificou ou usurpou desses bens seria punida. 18 A garantia constitucional à segurança está assegurada também por meio do Código Penal Brasileiro, no momento que descreve os delitos e suas respectivas penas, além de determinar que a vida e o patrimônio do cidadão estejam protegidos e amparados por lei. 2.1 CÓDIGO PENAL BRASILEIRO E OS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO O Decreto-Lei nº 2.848, de 1940, intitulado “Código Penal Brasileiro”, apresenta alguns crimes que podem ser cometidos contra o patrimônio das pessoas. Esses crimes são classificados de acordo com a gravidade, sendo estabelecido penas para cada caso particular (BRASIL, 1940). É importante destacar que os bens que estão resguardados pelo Código Penal são de todos os tipos e espécies, incluindo bens tangíveis ou materiais (como um carro ou um computador), até os intangíveis ou imateriais (como a propriedade intelectual de um professor, ou a marca de uma empresa). Lembre-se que existem vários tipos de bens, e que cada um necessita de um tipo de cuidado específico. Por isso, as penas para aquele que violar esses bens são baseadas em seu tipo ou característica. IMPORTANTE Analise o Quadro 2, que relaciona os diferentes tipos de crimes contra o patrimônio. Qualquer crime contra o patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas irá obedecer a essa classificação, sendo punido de acordo com a legislação. 19 QUADRO 2 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FONTE: Adaptado de Brasil (1940) É importante destacar que para cada tipo de crime existem algumas agravantes que fazem com que a pena seja aumentada. Por exemplo, em uma situação onde o dano é relacionado a algum bem com valor histórico, a detenção aumenta para seis meses a dois anos. Outro exemplo de agravante é no caso que, para roubar é empregada a violência contra a pessoa com o objetivo de fi car impune do crime. Nesse caso, a pena pode aumentar de um terço até a metade. Em casos em que ocorre o dano qualifi cado, ou seja, quando o crime for cometido por meio de violência ou ameaça, a pena de detenção poderá ser de seis meses a três anos. Em crimes de fraudes eletrônicas, a pena é reclusão de quatro a oito anos, mais aplicação de multa. Lembre-se que todos esses crimes ocorrem contra o patrimônio de pessoas físicas ou jurídicas. Por isso, é importante que, como profi ssional, você conheça os procedimentos que podem ser adotados na segurança patrimonial para prevenir que eventuais crimes sejam cometidos. Agora que você já entendeu um pouco mais sobre o Código Penal Brasileiro, você terá a oportunidade de conhecer os crimes ao patrimônio. Confi ra! ESTUDOS FUTUROS 20 2.1.1 Tipos de crimes contra o patrimônio Para melhor compreensão da temática, a legislação brasileira classifica os crimes contra o patrimônio em várias categorias (Figura 5), que serão detalhadas a seguir. FIGURA 5 – TIPOS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FONTE: A autora Antes de mais nada, é preciso compreender que o conceito de dano na legislação está relacionado à ideia de destruir, inutilizar, deteriorar o bem de outra pessoa, e pode ser agravado em casos que ocorra a violência ou o emprego de substância inflamável. Além disso, é considerado como dano uma situação em que o indivíduo utiliza animais em propriedade alheia causando prejuízo, ou caso altere o local protegido por lei. De acordo com o Código Penal Brasileiro, o furto se refere a situações em que o indivíduo subtrai para si ou para outro algum bem de um particular. O roubo de um bem ocorre quando essa subtração ocorre mediante ameaça ou violência, ou quando deixa a vítima incapaz de resistir. A extorsão está relacionada com o constrangimento, utilizando violência ou ameaça, com o objetivo de vantagem econômica, por meio de sequestro ou de forma indireta. 21 A extorsão de forma indireta é aquela em que o delinquente exige ou recebe, como forma de garantia de dívida, algum documento que possa ser causa de procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiros. Nesse caso a pena é de reclusão de um a três anos mais multa (BRASIL, 1940). IMPORTANTE O Código Penal também defi ne usurpação como o ato de suprimir ou deslocar algum sinal indicativo de linha, para apropriar de coisa imóvel alheia. Pode ser relacionada à água, terreno, imóvel ou algum edifício. A apropriação indébita ocorre quando o indivíduo se utiliza de bem móvel de outra pessoa, quando esse bem está sob sua posse. O estelionato ocorre quando uma pessoa obtém para si ou para outro vantagem ilícita, gerando prejuízo a terceiros, induzindo alguém a um erro. Pode ser relacionado à fraude de cheque, de valor de seguro, entre outros. Por fi m, a legislação defi ne receptação como o fato de adquirir, receber, transportar, ou ocultar, em proveito próprio ou de outra pessoa um bem proveniente de crime, e pode ser agravado em situações em que os bens pertençam ao Estado, ou que tenham relação com animais. Ao analisar os tipos de delitos que podem ocorrer contra o patrimônio de uma pessoa ou de uma empresa, observa-se que os crimes acontecem de modo que, ou o bem passa a não pertencer mais a pessoa – no caso de roubo, furto –, ou é atribuído algum prejuízo ao bem, como é o caso do dano. Ainda, algum indivíduo pode receber algum bem furtado, como no crime de receptação. A extorsão está relacionada ao fato de um indivíduo convencer, de forma ilegal, o outro a posse do seu bem, semelhante à extorsão, temos a usurpação e a apropriação indébita, ambos fazendo com que a posse do bem seja passada para terceiros por meios ilícitos. É importante destacar que um indivíduo possa, ao mesmo tempo, ser responsabilizado por um crime contra o patrimônio e um crime contra a vida, nos casos em que ocorre um roubo seguido de morte. O Código Penal, ao determinar as espécies de crimes contra o patrimônio, estabelece que medidas privativas possam ser adotadas visando a sua proteção e que estarão resguardadas pelo Estado. Também determina que as provas possam ser utilizadas com o objetivo de punir os culpados pelos delitos. INTERESSANTE 22 3 PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA AO PATRIMÔNIO: ESTUDO DE CASO O processo de planejamento da segurança patrimonial (Figura 6) deve ser organizado de forma detalhada visando garantir que todas as medidas sejam executadas, para isso é necessário que o planejamento ocorrade forma a abranger, tanto o curto, como médio e o longo prazo. O planejamento de curto prazo é definido como planejamento operacional, o qual busca obter uma visão da execução dos trabalhos, além de definir os objetivos, direcionado para os supervisores. O planejamento de médio prazo é o tático, o qual busca departamentalizar o negócio, com definições de ações de cada área, por fim, o planejamento em longo prazo é aquele definido como estratégico, e é direcionado à alta administração, com foco em planos abrangentes. FONTE: A autora FIGURA 6 – TIPOS DE PLANEJAMENTO Ao definir que uma empresa iniciará suas atividades, é necessário que a alta administração, juntamente com os gerentes e supervisores, elaborem as diretrizes que serão executadas ao longo dos anos na instituição. No que diz respeito às etapas da gestão de segurança patrimonial, é importante, nesse momento, definir os tipos de bens que estarão disponíveis na empresa, o tipo de atendimento ao cliente e os sistemas de segurança que serão implantados. Esse tipo de planejamento é definido como o estratégico, e garante uma visão geral das etapas que serão executadas a longo prazo na empresa. Em seguida, os gerentes devem, juntamente com suas equipes, analisar os métodos para colocar em prática as estratégias determinadas em longo prazo. Deve- se definir medidas de médio prazo, como ações com funcionários, campanhas de treinamento, palestras sobre segurança. O objetivo dessa etapa é garantir o cumprimento das ações em médio prazo. 23 Por fi m, os supervisores e a equipe de funcionários devem colocar em prática as ações e estratégias defi nidas. Para tal, deve-se realizar a gestão do controle, análise e verifi cação dos bens, além do acompanhamento junto aos responsáveis pela segurança dos sistemas operacionais de controle de fl uxo de pessoas. O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e suas equipes uma ferramenta que os municie de informações para a tomada de decisões, ajudando-os a atuar de forma proativa, antecipando-se às mudanças que ocorrem no mercado em que atuam (ANDION; FAVA, 2002). INTERESSANTE Agora que você já compreende quais são as etapas de planejamento, analise o seguinte estudo de caso sobre a implantação de um sistema de segurança patrimonial de um condomínio. 3.1 ESTUDO DE CASO Uma empresa de médio porte, localizada em um bairro de classe média da cidade de Salvador (Bahia), decidiu contratar uma empresa para realizar a segurança patrimonial do local. Imagine que você é o responsável por conduzir esse processo de implementação de segurança patrimonial. Quais seriam suas primeiras ações? O que não poderia faltar em seu projeto? 3.1.1 Resolução do estudo de caso Ao iniciar a segurança patrimonial em uma instituição, você deve ter em mente que o êxito na execução das atividades inicia antes da implementação do projeto, no momento do planejamento. Salienta-se, que a análise de risco deve preceder o processo de planejamento de instalação de um sistema patrimonial com o objetivo de garantir que sejam verifi cadas todas as condições de risco antes da implantação da empresa. IMPORTANTE 24 Vale destacar, que o planejamento deve obedecer ao ciclo do curto, médio e longo prazo, delimitando a operacionalização, inclusive, das etapas futuras de execução. Para aprofundar seu conhecimento sobre o processo de planejamento da implantação de um sistema de segurança patrimonial em um condomínio, leia o documento disponível neste link: http://cassiopea.ipt.br/teses/2011_HAB_Ellen_Pompeu.pdf. DICA Antes de qualquer coisa, é preciso realizar um planejamento que avalie o risco da região, indicando os possíveis riscos, como por exemplo a possibilidade de ocorrência de roubo de equipamentos ou espionagem. Para isso, você precisará determinar o perfil da empresa em questão. Uma empresa de pequeno porte, por exemplo, que trabalha com prestação de serviço, irá necessitar de um sistema de segurança patrimonial básico, diferenciando-se de empresas que vendem mercadorias, como grandes supermercados e atacadões. Por isso, é preciso, incialmente, determinar qual o tipo de empresa necessita de segurança, qual o ramo de atividade, para que seja escolhido o tipo de segurança adequada. Segundo Pessoa (2012, p. 25), algumas medidas de segurança devem ser implementadas em áreas físicas, como descrito a seguir: Perímetros de segurança tais como barreiras, paredes, divisórias, portões de entrada com cartões, podem ser utilizados, mas para isso é fundamental levar em consideração que cada medida de controle que venha a ser utilizada deve estar sempre alinhada aos ativos existentes no interior do perímetro, e dos resultados da análise de risco. Quanto maior o valor dos ativos existentes, maior será a capacidade de resistência da solução implantada. Ainda de acordo com Pessoa (2012), alguns requisitos principais devem ser analisados, como a área de recepção, os sistemas de alarmes, detecção de intruso, e os processamentos de organização em localização diferente das gerenciadas. Pessoa (2012) ainda destaca que, quanto maior o valor relacionado ao grupo de ativos da empresa, maior será a capacidade de resistência da solução implantada. Além disso, alguns critérios devem ser analisados no momento de instalação das estratégias de segurança, como o local da área de recepção da empresa, os alarmes, se existe sistema para registrar a quantidade de pessoas que entram e saem do estabelecimento, como um sistema de detecção de intrusos, e se existe uma sala restrita da administração, diferenciada dos terceiros. 25 Também é preciso considerar o tipo de bem que será protegido. Em instituições fi nanceiras, por exemplo, os sistemas de segurança devem estar voltados para a segurança das informações, por meio da tecnologia de informação do controle de acesso do banco de dados dos clientes, informações bancárias sigilosas, entre outros. Segundo a empresa KPMG (Cutting Throug Complexity), um dos maiores bancos britânicos foi multado em um milhão de Libras quando um portátil que continha informações de clientes foi roubado da casa de um funcionário (PESSOA, 2012). INTERESSANTE Existem muitas variáveis que devem ser consideradas em um projeto, mas um ponto em comum em todo sistema de segurança é o controle de fl uxo de pessoas e o monitoramento de câmeras. Após a identifi cação dos possíveis riscos, você deve realizar o projeto de análise, avaliação e elaboração de propostas para o controle dos riscos. Todo o processo de planejamento também necessita de um gerenciamento adequado para que a implementação seja bem-sucedida. No próximo tópico você terá a oportunidade de aprender sobre o dia a dia de um profi ssional de segurança patrimonial, o controle de entrada e saída de pessoas e os tipos de portaria e vigilância com arma letal e não letal. ESTUDOS FUTUROS 26 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O Código Penal Brasileiro apresenta uma parte geral e outra específica, que trata exclusivamente sobre os tipos de crimes e suas respectivas penalidades. • Existem diferentes tipos de crimes que podem ser incorridos no patrimônio de um indivíduo, como o roubo, furto, extorsão, além da apropriação indébita, usurpação, dano e estelionato. • As penalidades aplicadas a pessoas que cometem delitos contra o patrimônio podem incluir a pena de reclusão, detenção ou multa. • As etapas de planejamento da implantação de um sistema de segurança patrimonial devem ser de curto, médio e longo prazo, baseando-se no planejamento operacional, tático e estratégico. 27 1 O Código Penal Brasileiro trata, na parte especial, sobre os crimes que podem ser incorridos contra o patrimônio das pessoas, além de descrever as penalidades que devem ser aplicadas em quem comete algum desses delitos. Sobre os crimes contra o patrimônio descritos no Código Penal Brasileiro, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Usurpação, apropriação indébitae receptação são exemplos de crimes que podem ser cometidos contra o patrimônio de uma pessoa. b) ( ) O crime de furto é aquele em que o sujeito subtrai para si ou para outra pessoa o bem imóvel de terceiros utilizando arma de fogo. c) ( ) O crime de estelionato é idêntico ao crime de usurpação, diferenciando-se apenas porque o primeiro é cometido com arma de fogo e o segundo não. d) ( ) Na apropriação indébita a pena é a de detenção, sendo isento do pagamento de multa, no entanto deve-se reparar o dano. 2 Com relação aos crimes contra o patrimônio das pessoas, o estelionato é o delito em que um sujeito obtém vantagem para si, levando terceiros a prejuízos. O dano é aquele crime em que terceiros danificam, quebram ou violam o patrimônio de outros, de forma intencional. Com base nos crimes contra o patrimônio das pessoas, analise as afirmativas a seguir: I- O estelionato praticado contra pessoas idosas ou vulneráveis tem sua pena aumentada. II- Se tratando de bens do patrimônio do Estado em um crime de receptação, a pena é aumentada. III- O crime de roubo, no Direito Penal Brasileiro, a pena ocorre por meio de detenção. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 3 O processo de planejamento deve obedecer a três etapas, a de curto, médio e longo prazo, ou seja, o planejamento operacional, tático ou estratégico. Para isso, é preciso identificar os riscos a fim de desenvolver ações que visam preveni-los de forma eficaz, com estratégias direcionadas a todas as etapas. De acordo com as etapas do planejamento de implantação de um sistema de segurança patrimonial classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: AUTOATIVIDADE 28 ( ) O planejamento estratégico é aquele que visa analisar as demandas de curto prazo juntamente com os supervisores. ( ) O planejamento à médio prazo é definido como operacional e é realizado, basicamente, pela alta administração. ( ) O planejamento tático é aquele realizado à médio prazo, sendo desenvolvido por gerentes. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) F – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 O patrimônio de uma pessoa deve ser protegido. Para isso, o Código Penal Brasileiro detalhou os crimes que podem ser cometidos contra esses bens visando protegê-los, além de definir a penalidade que deve ser aplicada a indivíduos que infringirem essas regras. Disserte sobre os crimes de roubo, descrevendo sobre a penalidade e agravamento de cada um. 5 O planejamento deve ser realizado antes de qualquer atividade. Com a segurança patrimonial, isso não é diferente. Entre as etapas de planejamento, a análise de risco busca identificar as possíveis interferências para definir estratégias da sua prevenção. Disserte sobre as etapas de análise de riscos. 29 TÓPICO 3 - CONTROLE DA ENTRADA/SAÍDA DE PESSOAS/ VEÍCULOS 1 INTRODUÇÃO A segurança patrimonial de um estabelecimento se inicia no momento da entrada ou saída de pessoas ou de veículos. Por isso, é preciso conhecer os procedimentos que devem ser adotados para evitar possíveis danos ao patrimônio. O controle de pessoas ou de veículos em um local, quer seja um condomínio, empresa ou hospital, precisa ser efetivo. A entrada de pessoas erradas pode deixar o patrimônio desprotegido aumentando os riscos de danos ou prejuízos. Assim, foram criados vários sistemas de segurança patrimonial capaz de gerir de forma eficaz esse fluxo de veículos ou de pessoas. Atualmente, existem sistemas que integram informações através do uso de câmeras de segurança que identificam um veículo/pessoa que está entrando ou saindo do estabelecimento. Também existem sistemas manuais, como ocorre com a identificação de um veículo por meio de adesivos cadastrados. No entanto, existe uma gama de estratégias possíveis em segurança. Com o avanço da tecnologia, essas medidas de segurança patrimonial se tornam mais efetivas, especialmente no controle maior do fluxo de pessoas e na identificação e prevenção de delitos. Neste tópico, você terá a oportunidade de estudar sobre os sistemas de controle de entrada e saída de pessoas e veículos dentro de um estabelecimento. Da mesma forma, poderá estudar sobre os procedimentos de portaria e vigilância armada letal e não letal. 2 MÉTODOS DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA Você já estudou sobre a importância de um sistema de segurança patrimonial que controla o fluxo de pessoas e veículos dentro de um estabelecimento. Contudo, você sabe quais são os cuidados que a administração deve ter no momento de contratação de um sistema de controle? UNIDADE 1 30 Inicialmente, ao ser determinado o controle de fluxo do estabelecimento, é importante observar alguns fatores, como a adequação do sistema ao estabelecimento, a abrangência e o funcionamento desse sistema de segurança, assim como o treinamento dos funcionários que manusearão o sistema. Salienta-se que cada empresa deve optar por um sistema único individual que atenda aos requisitos particulares do estabelecimento. Por exemplo, um sistema de controle de entrada e saída de pessoas e veículos dentro de um condomínio deve ser diferente de um sistema implantado em um posto de combustível, visto que, no último, o fluxo de veículos é variado e mais frequente do que no condomínio. Ao estabelecer o sistema que será implementado no estabelecimento, o administrador deve, juntamente com os funcionários, entender sobre o funcionamento, aplicabilidade e limitações do sistema para poder prever as possíveis fraudes. O sistema de controle do fluxo de pessoas e veículos de um estabelecimento deve ser escolhido levando em consideração todas as particularidades do estabelecimento, bem como a segurança dos dados que estejam sendo captados, além de apresentar a possibilidade de backup de segurança das informações. IMPORTANTE Pessoa (2012) destaca que, é de extrema importância que algumas medidas de proteção aos itens de segurança sejam adotadas para preservação dos equipamentos, como por exemplo que os equipamentos sejam protegidos contra a falta de energia elétrica, ou oscilação de fluxo de energia, além de inspeção e testes para garantir a inviolabilidade dos equipamentos, garantindo a eficiência dos dados registrados, sempre observando as recomendações do fabricante dos equipamentos O controle e manutenção dos equipamentos de segurança devem estar listados nas etapas do planejamento, para que sejam realizados de forma periódica garantindo a sua eficiência. Em relação à organização do fluxo de monitoramento dos equipamentos de segurança, Pessoa (2012) destaca que, devem ser definidas as responsabilidades pela gestão e operação de todos os recursos, e o ideal é que tenha mais de um responsável na operação, evitando que uma pessoa faça todas as etapas do monitoramento, garantindo a lisura das informações. 31 Para conhecer sobre a Tecnologia da informação — Técnicas de segurança — Código de prática para a gestão da segurança da informação, a ABNT disponibilizou a norma. Acesse neste link: http://www.aulasemparedes.com.br/wp-content/ uploads/2014/09/215545813-ABNT-NBR-177991.pdf. DICA A ABNT (2005) apresenta uma norma que trata sobre técnicas de segurança e destaca que é importante o planejamento e a preparação dos sistemas com o objetivo de garantir os recursos necessários para evitar falhas, reduzir sobrecargas, e procedimentos de cópias de segurança, além de implantação de sistema capaz de recuperar os dados que porventura sejam perdidos. Outro item que não pode deixar de ser protegido é o gerenciamento das redes de internet evitando o ataque de hackers. O controle de entrada e saída de pessoas e/ou veículos inicia pela portaria. Por isso, é necessário compreender os procedimentos que devem ser adotados pelo vigilante para que tenha um efetivocontrole do fluxo. 3 PORTARIA E VIGILÂNCIA Você sabe dizer o que é um serviço de portaria e de um vigilante? Consegue descrever as diferenças entre eles? A profissão de porteiro não possui regulamentação específica, ou seja, o profissional não necessita de formação na área. O profissional também é responsável pela guarda dos bens, bem como o controle de entrada e saída de pessoas ou veículos por meio de sistemas de segurança. Ademais, é responsável pela orientação de pessoas. Em alguns casos, também, realiza a manutenção de pequenos reparos. Os vigilantes, por sua vez, necessitam de um curso de formação e reciclagem periódica. Durante o efetivo exercício de suas atividades, o vigilante pode utilizar algumas armas letais e não letais, como será estudado a seguir. A Lei n. 7.102/1983 e a Portaria n. 3.233/2012 da Diretoria Geral/ Departamento Polícia Federal regulam as atividades do vigilante. DICA 32 3.1 VIGILÂNCIA ARMADA LETAL E NÃO LETAL Para se tornar vigilante, o profissional deverá cumprir alguns requisitos estabelecidos na Portaria 3.233/2012, como você pode observar na Figura 7: FONTE: A autora FIGURA 7 – CONDIÇÕES MÍNIMAS NECESSÁRIAS PARA ATUAÇÃO COMO PROFISSIONAL VIGILANTE Após serem cumpridos esses pré-requisitos, o profissional deve obter a carteira de vigilante, cuja sigla é CNV. O porte do CNV é obrigatório durante toda a atividade profissional, e deve ser solicitada ao Departamento de Polícia Federal. A profissão de vigilante vem acompanhada de alguns direitos e deveres, como estabelecidos pela Portaria nº 3.233/2012: Art. 163 Assegura-se ao vigilante: I – o recebimento de uniforme, devidamente autorizado, às expensas do empregador; II – porte de arma, quando em efetivo exercício; III – a utilização de materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e estado de conservação, inclusive armas e munições; IV – a utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de funcionamento; V – treinamento regular nos termos previstos nesta Portaria; VI – seguro de vida em grupo, feito pelo empregador; e VII – prisão especial por ato decorrente do serviço (BRASIL, 2012). De acordo com a regulamentação da Portaria da Polícia Federal, é direito do vigilante receber o uniforme, o porte de arma, desde que esteja em pleno exercício de suas atividades. O profissional também tem direito à prisão especial em caso de delito ocorrido durante o serviço. No entanto, além dos direitos, o vigilante também deverá cumprir alguns deveres, como os descritos na Portaria n. 3.233/2012: 33 Art. 164 São deveres dos vigilantes: I – exercer suas atividades com urbanidade, probidade e denodo, observando os direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos, no exercício de suas funções; II – utilizar, adequadamente, o uniforme autorizado, apenas em serviço; III – portar a CNV; IV – manter-se adstrito ao local sob vigilância, observando-se as peculiaridades das atividades de transporte de valores, escolta armada e segurança pessoal; e V – comunicar, ao seu superior hierárquico, quaisquer incidentes ocorridos no serviço, assim como quaisquer irregularidades relativas ao equipamento que utiliza, em especial quanto ao armamento, munições e colete à prova de balas, não se eximindo o empregador do dever de fiscalização (BRASIL, 2012). Como dever do vigilante, relata-se o efetivo cumprimento das suas atividades de forma proba e honesta, sendo possível, em caso de descumprimento, a punição com a perda da CNV. A empresa de vigilância deve fornecer ao vigilante, durante o momento da prática profissional, o armamento. Para isso, devem ser cumpridos alguns requisitos. De acordo com a Portaria nº 3.233/2012, a empresa de vigilância patrimonial deve apresentar um requerimento ao Coordenador de Segurança Patrimonial e informar a quantidade das armas e munições que deseja adquirir, além de inserir alguns documentos, como a relação dos vigilantes e das armas que possui, com número de calibre, série, entre outros. Para conhecer sobre o curso de formação de vigilante, o programa e outras informações importantes, leia o Anexo I da Portaria nº 3.233/2012, disponível neste link: https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/seguranca-privada/legislacao- normas-e-orientacoes/portarias/portaria-3233-2012-2.pdf/view. DICA O vigilante é importante no processo do controle de segurança patrimonial de um estabelecimento. Por isso, é importante que o profissional esteja sempre atualizado sobre os regulamentos que regem a profissão, para garantir uma boa execução dos seus serviços e, por fim, contribuir para preservação e conservação do patrimônio da entidade ao qual atua. Vale destacar que a vigilância patrimonial pode ser realizada por escolta armada, e de acordo com a Portaria nº 3.233/2012, alguns requisitos devem ser obedecidos como: 34 Art. 63 O exercício da atividade de escolta armada dependerá de autorização prévia do DPF, mediante o preenchimento dos seguintes requisitos: I – possuir autorização há pelo menos um ano na atividade de vigilância patrimonial ou transporte de valores; II – contratar, e manter sob contrato, o mínimo de oito vigilantes com extensão em escolta armada e experiência mínima de um ano nas atividades de vigilância ou transporte de valores; e III – comprovar a posse ou propriedade de, no mínimo, dois veículos, os quais deverão possuir as seguintes características: a) estar em perfeitas condições de uso; b) quatro portas e sistema que permita a comunicação ininterrupta com a sede da empresa em cada unidade da federação em que estiver autorizada; e c) ser identificados e padronizados, com inscrições externas que contenham o nome, o logotipo e a atividade executada pela empresa (BRASIL, 2012). Para os vigilantes que trabalham na escolta armada, é preciso ter uma guarnição mínima de quatro vigilantes habilitados por veículo. Além da escolta armada, os vigilantes também podem prestar serviço de segurança pessoal. Nesse caso específico, a Portaria nº 3.233/2012, Art. 69, determina como requisitos: I - possuir autorização há pelo menos um ano na atividade de vigilância patrimonial ou transporte de valores; e II - contratar, e manter sob contrato, o mínimo de oito vigilantes com extensão em segurança pessoal e experiência mínima de um ano nas atividades de vigilância ou transporte de valores (BRASIL, 2012). A Portaria nº 3.233/2012 também determina que sejam realizados alguns requisitos de fiscalização para segurança de estabelecimentos financeiros. Nesses casos, a instituição deve contratar uma empresa especializada por meio do plano de segurança aprovado previamente pelo Delegado Regional Executivo (DREX). Ainda, a Portaria nº 3.233/2012 determina que a guarda das armas, munições e coletes de balísticas devem ser feitas em locais seguros, de acesso restrito a pessoas estranhas. Além disso: Os equipamentos e até cinco armas de fogo que estejam sendo empregados na atividade de segurança privada poderão ser guardados em local seguro aprovado pela Delesp ou CV, no próprio posto de serviço, não podendo o tomador do serviço ter acesso ao material, cuja responsabilidade pela guarda cabe exclusivamente à empresa especializada. § 2º As empresas especializadas podem guardar em suas dependências viaturas, armas, munições e outros equipamentos de outras empresas, quando em trânsito regular decorrente das atividades de transporte de valores ou escolta armada, por até uma noite, desde que informado à Delesp ou CV da circunscrição, com pelo menos vinte e quatro horas de antecedência, pela empresa que guardará as armas e o que seu certificado de segurança esteja válido (BRASIL, 2012). 35 A profi ssão de vigilante também pode ser exercida com a utilização de cães adestradores, desde que os cães sejam adestrados por profi ssionais comprovadamente habilitados, com curso de cinofi lia. Os animais devem ser de propriedade de empresa de vigilância ou de um canil de organização militar. Além disso, os cães devem sersempre acompanhados por vigilantes habilitados em condução de animal. Destaca-se, que o vigilante patrimonial pode ser punido, em casos de infração, com penas de advertência, multa, proibição temporária ou cancelamento da autorização de funcionamento (BRASIL, 2012). Algumas situações podem ser agravantes às penas descritas: Art. 181 São consideradas circunstâncias agravantes, quando não constituírem infração: I – impedir ou difi cultar, por qualquer meio, a ação fi scalizadora da Delesp ou CV; II – omitir, intencionalmente, dado ou documento de relevância para o completo esclarecimento da irregularidade em apuração; e III - deixar de proceder de forma ética perante as unidades de controle e fi scalização do DPF. Subseção III Das Circunstâncias Atenuantes Art. 182 São consideradas circunstâncias atenuantes: I – primariedade; II – colaborar, efi cientemente, com a ação fi scalizadora da Delesp ou CV; e III – corrigir as irregularidades constatadas ou iniciar de forma efetiva a sua correção, ainda durante as diligências (BRASIL, 2012). Durante o curso de formação do vigilante, o profi ssional deve estudar sobre o perfi l do profi ssional de vigilância, as noções de segurança privada, as legislações de direitos humanos, as relações de trabalho, os sistemas de segurança pública, o combate ao incêndio, os primeiros socorros, a educação física, a defesa pessoal, o armamento de tiro, as radiocomunicações, as noções de segurança eletrônica, o uso progressivo da força e os gerenciamentos de crises. O profi ssional vigilante possui uma vasta opção de atividades em sua carreira. No entanto, deve sempre considerar a realização das suas atividades em empresas idôneas, com registro e autorizações regulares, para que possam cumprir as determinações da legislação. Entre as armas e munições não-letais estabelecidas na Portaria nº 3.233/2012, cita-se: os espargidor de agente químico lacrimogêneo e arma de choque elétrico em quantidade igual à de seus vigilantes; granadas fumígenas lacrimogêneas e granadas fumígenas de sinalização. INTERESSANTE 36 A profissão de vigilante, em termos de segurança patrimonial, é aquela que melhor representa a guarda dos bens, e deve sempre ser realizada por profissionais habilitados e que contemplem todos os requisitos para garantir a boa execução dos serviços e a preservação dos bens. Em casos em que não seja possível a proteção, o profissional deve estar apto a detectar e corrigir falhas para recuperar eventuais danos ao patrimônio da empresa ou da pessoa. 37 SEGURANÇA PRIVADA: CARACTERÍSTICAS DO SETOR E IMPACTO SOBRE O POLICIAMENTO André Zanetic VIGILANTES No Brasil, os agentes de segurança autorizados a atuar oficialmente no setor da segurança privada são designados “vigilantes”, que “são os profissionais capacitados pelos cursos de formação, empregados das empresas especializadas e das que possuem serviço orgânico de segurança, registrados no Departamento da Polícia Federal – DPF, responsáveis pela execução das atividades de segurança privada”. De acordo com o Artigo 109 da Portaria 387/2006-DG/DPF, para o exercício da profissão, o vigilante deverá preencher os seguintes requisitos, comprovados documentalmente: I – ser brasileiro, nato ou naturalizado; II – ter idade mínima de vinte e um anos; III – ter instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental; IV – ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado por empresa de curso de formação devidamente autorizada; V – ter sido aprovado em exames de saúde e de aptidão psicológica; VI – ter idoneidade comprovada mediante a apresentação de antecedentes criminais, sem registros de indiciamento em inquérito policial, de estar sendo processado criminalmente ou ter sido condenado em processo criminal; VII – estar quite com as obrigações eleitorais e militares; VIII – possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas. Embora, inicialmente, o perfil dos vigilantes tenha sido marcado pela baixa profissionalização do setor, com um nível de qualificação, escolaridade e renda bastante inferior ao dos policiais, este quadro vem se alterando significativamente ao longo do tempo. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar – PNAD/ IBGE, ocorreram importantes mudanças no perfil socioeconômico e profissional da população empregada tanto na segurança pública quanto na atividade de vigilância e guarda, nas diferentes regiões do Brasil. O nível de escolaridade dos vigilantes privados é, ainda hoje, consideravelmente menor do que o dos policiais, porém vem melhorando aceleradamente, assim como entre os profissionais das forças públicas. Em 1985, 10,3% possuíam escolaridade equivalente ao ensino médio (completo ou incompleto), passando para 18,8% em 1995 e para 31,3% em 2001. LEITURA COMPLEMENTAR 38 Na segurança pública, essas proporções eram de 31%, 48,7% e 59%, nos três anos mencionados. Além disso, há uma melhora em termos de profissionais do setor frequentando o ensino superior: de 1985 para 2005, o percentual passou de 0,9% para 2,7% (na segurança pública esse número é muito superior, sendo 14,3% em 1985 e 30% em 2001). É importante notar que a melhora da escolaridade entre os profissionais do setor de segurança privada é significativamente superior àquela verificada para a população em geral: enquanto em 1985 a proporção de indivíduos com nível de ensino médio da população em geral era de 16,2% e a dos profissionais da segurança pública correspondia a 10,3%, em 2001 estes últimos passaram a possuir uma proporção (31,3%) muito acima do total da população (21%) com esse nível de escolaridade. Possivelmente, esse aumento na escolaridade possa estar refletindo um crescimento da demanda por profissionais mais qualificados na área de segurança, sobretudo em função da necessidade de atualização e capacitação para operação de equipamentos mais sofisticados, cada vez mais em uso no setor. Se o nível de escolaridade vem crescendo em ambos os setores, com relação à renda essa melhora é nítida apenas para a segurança privada. Ainda de acordo com as informações da PNAD, enquanto os salários se mantiveram estáveis na segurança pública durante o período de 1985 a 1995, a renda média dos vigilantes cresceu consideravelmente. Em 1985, a maior parcela dos profissionais do setor concentrava se na faixa de renda entre 1 e 2 salários-mínimos (42%), proporção que diminuiu para 24% em 1995, enquanto entre os profissionais da segurança pública esse percentual praticamente não se alterou (MUSUMECI, 1998). Ainda assim, quase 80% dos vigilantes particulares recebiam até quatro salários-mínimos em 1995 (o que, na época, equivalia a R$ 400,00), enquanto na segurança pública essa faixa se reduzia para 44,8%. Em 2001, a média salarial de um vigilante no país era de R$ 726,94, maior do que a de um policial civil (R$ 658,48), mas ainda menor do que a de um policial militar (R$ 996,00). Durante o período em que está em serviço, o vigilante não só é obrigado a usar um uniforme específico, como este uniforme deve possuir características que garantam a sua ostensividade, de acordo com o Artigo 103 da Portaria 387/2006-DG/DPF. Assim, o uniforme deverá, obrigatoriamente, conter, além do emblema da empresa, um apito com cordão e uma plaqueta de identificação autenticada pela empresa, constando o nome, o número da Carteira Nacional de Vigilante e a fotografia colorida em tamanho 3 x 4. Os vigilantes que atuam pelas empresas de vigilância patrimonial, quando em serviço, podem portar revólver calibre 32 ou 38, além de cassetete de madeira ou de borracha e algemas. Fora estes instrumentos, são vedados o uso de qualquer outro objeto não autorizado pela Coordenação Geral de Controle de Segurança Privada. Os vigilantes que atuam no setor da vigilância patrimonial também poderão utilizar armas e munições não-letais, assim como outros produtos controlados que são classificados como de uso restrito, para utilização em suas funções,
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