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BIOQUÍMICA CLÍNICA pdf

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AULA 1 - Análise das enzimas, marcadores do IAM e metabolismo mineral 
 
DESCRIÇÃO 
Introdução ao estudo da Enzimologia: principais condições, fatores patológicos e métodos de dosagem. Marcadores do infarto 
agudo do miocárdio: principais achados laboratoriais e metabolismo mineral e ósseo. 
PROPÓSITO 
Compreender os principais conceitos em Enzimologia, os marcadores séricos do infarto agudo do miocárdio e a avaliação do 
metabolismo mineral e ósseo em seus estados basais e alterações em condições patológicas, assim como os métodos usados 
para o diagnóstico, é importante para o profissional priorizar as atividades que exerce no laboratório clínico, sendo capaz de 
realizá-las com caução e qualidade. 
PREPARAÇÃO 
Tenha acesso a um dicionário médico on-line para consultar as doenças relatadas no conteúdo. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 - Descrever as principais enzimas, as condições patológicas que alteram sua concentração e os métodos de 
diagnóstico laboratorial 
MÓDULO 2 - Identificar os marcadores cardíacos laboratoriais do infarto agudo do miocárdio 
MÓDULO 3 - Reconhecer os marcadores séricos que permitem a identificação das doenças relacionadas ao metabolismo mineral 
e ósseo 
INTRODUÇÃO 
Neste conteúdo, você vai identificar os principais conceitos em Enzimologia, aprender a interpretar os resultados séricos de 
enzimas relacionadas ao infarto agudo do miocárdio (IAM) e monitorar os marcadores do metabolismo mineral e ósseo em 
condições basais e patológicas, e aplicando corretamente o método de detecção dos metabólitos associados a cada condição 
proposta. Você vai também relacionar as alterações detectadas pelos testes bioquímicos no soro com as condições patológicas, 
estudando o comportamento fisiológico e as correlações com a doença clínica. Vamos juntos? 
MÓDULO 1 
 Descrever as principais enzimas, as condições patológicas que alteram sua concentração e os métodos de diagnóstico 
laboratorial 
ENZIMOLOGIA E NÍVEIS DE ENZIMAS NO PLASMA 
Enzimologia é a ciência que estuda as enzimas e sua natureza química, as funções 
biológicas e as alterações, bem como o seu significado como biomarcador. Enzimas são 
proteínas que atuam acelerando reações químicas, agindo como catalisadores; portanto, 
sob determinadas condições. Esses compostos proteicos globulares têm alto poder 
catalítico, grau elevado de especificidade ao seu substrato, não sendo consumidos após as 
reações químicas nas quais estão envolvidos. É parte da sua atividade não influenciar ou 
alterar o equilíbrio químico das reações, sendo reguladas por via genética ou pelas 
condições metabólicas. A atuação como enzima não é função exclusiva de proteínas, pois 
já foram descritas moléculas de RNA, denominadas ribozimas, que também executam a 
mesma função. A especificidade de cada enzima é determinada por características de uma 
cavidade ou sítio de ligação ao substrato, alocado na sua superfície. Essa denomina-se 
sítio ativo, uma ordenação de grupos presentes em cadeias laterais de alguns aminoácidos 
que se acoplam ao substrato a partir de ligações não covalentes. A ligação enzima-
substrato ocorre pela complementaridade, em um modelo chave e fechadura ou sítio-
específica. 
É bastante comum que as enzimas demandem a ação conjunta de moléculas orgânicas ou inorgânicas de tamanho diminuto, 
essenciais à sua atividade, são elas: 
COENZIMAS - Moléculas orgânicas, frequentemente, derivadas de vitaminas, a exemplo do FAD e do NAD. 
COFATORES - Íons metálicos de transição, já que os metais são essenciais à catálise, como Fe2+, Zn2+ e Cu2+. Um sistema de 
nomenclatura e categorização enzimática foi acatado pela União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular (IUBMB) e nos 
permite identificá-las em seis classes, combinadas com a natureza da reação química que catalisam: 
OXIDORREDUTASES - Atuam nas reações de óxido-redução, removendo átomos de hidrogênio ou adicionando átomos de 
oxigênio. 
TRANSFERASES - Agem fazendo as transferências de grupos funcionais, a exemplo dos grupos metil (-CH3). 
HIDROLASES - Catalisam reações de hidrólises como a quebra de lipídeos e de proteínas. 
LIASES - Quebra de ligações químicas duplas, removendo CO2 de alguns substratos (descarboxilação). 
ISOMERASES - Catalisam reações de isomerizações, convertendo moléculas às suas formas cis ou trans. 
LIGASES - Atuam na formação de ligações químicas, como as sintetases. Certos fatores podem perturbar a atividade enzimática, 
dentre os principais, temos: temperatura, pH, concentração do substrato, tempo e produto da reação. Além dos já citados, vale 
ressaltar a importância da integração das enzimas nas vias metabólicas e a interrelação dos produtos de uma via com outras. As 
vias metabólicas não operam em capacidade máxima o tempo todo. Diversos processos celulares podem ser interrompidos, 
inibidos ou ativados, durante certas fases do ciclo vital, por influência enzimática; entre eles estão aqueles que permitem um 
crescimento celular controlado e econômico. Em se tratando das concentrações e atividades de certas enzimas, podemos 
observar que o mecanismo de controle é mediado por: 
Controle genético - Controla indução ou repressão enzimáticas. 
Modificação enzimática covalente - São reações químicas reversíveis, catalisadas por outras enzimas, o que resulta na ativação 
ou inibição. 
Regulação alostérica - Quando as enzimas são reguladas por moduladores ligados a outro(s) sítio(s), sofrendo modificações 
conformacionais não covalentes. 
Compartimentalização - A síntese de algumas enzimas como moléculas precursoras, denominadas zimogênios/proenzimas, de 
início inativas, e que são ativadas em seguida pela clivagem de ligações peptídicas específicas. 
PEPTÍDICAS ESPECÍFICAS 
Por exemplo: 
Pepsinogênio ⇒ pepsina Tripsinogênio ⇒ tripsina Proelastase ⇒ elastase 
Entre outras. 
As enzimas podem ser plasma-específicas, secretadas e celulares. Durante algumas situações, já bem estabelecidas, ocorre o 
aumento na liberação plasmática de enzimas, como, por exemplo: 
Lesão celular extensa (por isquemia ou toxinas). 
Proliferação e aumento da multiplicação/renovação celular (elevação da fosfatase alcalina por restauração óssea pós-fraturas). 
Índices elevados de produção enzimática (aumento da gama-glutamil transferase em etilistas). 
Obstrução dos ductos pancreáticos, o que pode resultar no extravasamento de enzimas digestivas (amilase e lipase pancreática) 
para as ilhotas de Langerhans (ou Ilhotas pancreáticas), causando inflamação pancreática. 
A redução nos níveis enzimáticos pode ser devido a: síntese reduzida da enzima, deficiência congênita ou variantes anormais com 
atividade metabólica ínfima. 
As enzimas presentes nos fluidos biológicos são derivadas, sobretudo, do processo normal de aniquilamento, do metabolismo e 
da reposição celular. Contudo, algumas delas são detectadas em índices superiores após lesão tecidual ocasionada por 
processos patológicos, decorrentes da permeabilidade celular aumentada ou da morte precoce da célula. Quanto mais elevada a 
concentração entre os níveis intra e extracelular da enzima, mais rapidamente ela difunde para fora e pode ser detectada por 
diferentes métodos de diagnóstico em Bioquímica Clínica. 
PLASMA-ESPECÍFICAS, SECRETADAS E CELULARES 
Plasma-específicas - Enzimas que atuam no plasma e agem nos processos de coagulação e fibrinólise, como os fatores X e XII 
da cascata de coagulação. 
Secretadas - Enzimas que geralmente são secretadas inativas e, após a ocorrência da ativação, são direcionadas a agir em 
pontos extracelulares, como a lipase, tripsinogênio e o antígeno prostático específico. 
Celulares - Enzimas cujos níveis normais são baixos no soro e se elevam após a doença que causa algum tipo de lesão tecidual, 
a exemplo das transaminases e lactato desidrogenases 
 ATENÇÃO 
A dosagem das enzimas séricas é de suma importância, pois elas são marcadores sensíveis de lesão ou proliferação celular, 
permitindo em alguns casos localizaro local lesionado, bem como o acompanhamento do tratamento e o prognóstico da doença. 
Veja, a seguir, as formas variantes, ou isoformas, de algumas enzimas, e suas características fisiológicas. 
ISOENZIMAS E ISOFORMAS 
Isoenzimas são formas múltiplas de uma enzima que catalisam uma mesma reação bioquímica, mas com estruturas moleculares 
um pouco diferentes que possibilitam a separação por eletroforese. Em geral as isoenzimas estão em diferentes órgãos em 
concentrações caraterísticas. 
 EXEMPLO 
A enzima lactato desidrogenase (LDH) é um exemplo bastante conhecido. Quimicamente, 
sua estrutura proteica se apresenta como um tetrâmero, com dois tipos de cadeias 
polipeptídicas: a cadeia M (músculo) e a cadeia H (coração). Sua combinação gera cinco 
isoenzimas: LDH1 (formado por quatro subunidades H - H4), LDH2 (formado por três 
subunidades H e uma M -H3M); LDH3 (formado por duas subunidades H e duas M – H2M2); 
LDH4 (formado por 3 subunidades M e uma subunidade H – HM3) e LDH5 (formado por 4 
subunidades M-M4), distribuídas em localizações diferentes, sendo detectadas no miocárdio, 
hemácias, cérebro, fígado e musculatura esquelética. Essas formas variantes da mesma 
enzima são as isoenzimas, produzidas a partir de genes diferentes ou por processo 
alternativo, como a recombinação gênica entre alelos. 
Segundo a IUBMB, as isoenzimas modificadas após a tradução, são chamadas de isoformas. Por exemplo, após uma lesão 
cardíaca, como uma necrose, as isoenzimas tissulares CK-MM (isoenzimas da creatinoquinase) caem na circulação sanguínea e 
podem sofrer alterações enzimáticas, originando as isoformas CK-MM1, CK-MM2. No entanto, em bioquímica, isoformas e 
isoenzimas são utilizadas como sinônimos. Além dessa enzima, é válido citar outras que possuem isoenzimas. Vamos conhecê-
las? 
CREATINOQUINASE 
Sua função ocorre nas células musculares (esqueléticas e cardíacas), no armazenamento de creatina fosfato; é altamente 
energética. Está associada aos sistemas de geração de adenosina trifosfato (ATP) nas contrações ou transporte celular. A CK 
catalisa a reação de fosforilação reversível da creatinina, às custas de ATP, formando creatina fosfato (Ou fosfocreatina.) . 
A creatinoquinase está distribuída amplamente nos tecidos e órgãos, e é 
bastante elevada no músculo esquelético, cérebro e coração. É um 
dímero composto sempre por subunidades M (muscular) e/ou B 
(cerebral), com as suas isoformas: CK-BB ou CK-1, CK-MB ou CK-2 e 
CK-MM ou CK-3. Duas isoenzimas macromoleculares têm sido 
consideradas como causa de falso positivo para a CK-MB: 
CK-BB OU CK-1, CK-MB OU CK-2 E CK-MM OU CK-3 
 
CK-BB ou CK-1 - mais comum no cérebro, raramente no sangue. 
CK-MB ou CK-2 - mais comum no coração/miocárdio. 
CK-MM ou CK-3 - músculo esquelético. 
MACRO CK TIPO 1 
A macro tipo 1 é um complexo de CK-BB ou CK-MM ligado a IgG ou IgA 
MACRO CK TIPO 2 
A macro CK tipo 2 é um complexo oligomérico de origem mitocondrial e está associada a neoplasias. De grande importância, a CK 
pode variar de acordo com sexo, idade, massa muscular, atividade física e etnia. Seus níveis séricos podem estar elevados na: 
distrofia muscular progressiva (de Duchene), miosite viral e polimiosite, hipertermia maligna, polimiopatia necrosante, uso de 
drogas de abuso e estados psicóticos agudos. Além dessas, no IAM, em procedimentos cardíacos, angina pectoris, choque 
cardiogênico e miocardite. Os níveis séricos podem estar elevados também nas lesões no Sistema Nervoso Central (SNC), como 
craniais com dano cerebral, neurocirurgia, isquemia cerebral, hemorragia subaracnoidea, síndrome de Reye e hipertireoidismo. 
 
LACTATO DESIDROGENASE (LDH) 
Essas enzimas e suas isoenzimas têm função de oxidorredutases, catalisadoras 
da reação reversível do lactato ao piruvato, por ação da coenzima NAD, que irá 
doar ou receber os hidrogênios. 
 
Como você viu, a LDH possui cinco isoenzimas, presentes em todas as células, porém, com abundância variada em alguns 
tecidos, tais como: 
LDH-1 Ou HHHH, miocárdio e hemácias. 
LDH-2 Ou HHHM, miocárdio e hemácias. 
LDH-3 Ou HHMM, pulmão, linfócitos, baço, pâncreas. 
LDH-4 Ou HMMM, fígado e músculo esquelético. 
LDH-5 Ou MMMM, fígado e músculo esquelético. 
A atividade da LDH encontra-se elevada no: IAM, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), miocardite, choque ou insuficiência 
circulatória, anemia megaloblástica, implantação de válvula cardíaca artificial, doenças hepáticas com icterícia, mononucleose 
infecciosa, enfermidade renal (necrose tubular e pielonefrite), doenças malignas (Hodgkin, câncer pulmonar e na região do 
abdômen), distrofia e trauma muscular, exercícios muito intensos, embolia pulmonar e pneumocistose. 
Na urina, dosagens elevadas podem indicar glomerulonefrite crônica, lúpus eritematoso sistêmico (LES), nefrosclerose diabética e 
câncer de rins e bexiga. No líquor (LCR), valores muito elevados podem ser decorrentes de hemorragias ou lesões na barreira 
hematoencefálica, meningite bacteriana ou viral, tumores cerebrais, convulsões e hidrocefalia. 
FOSFATASE ÁCIDA (FA) Consiste em um grupo de fosfatases que exibem pH ótimo de ação entre 4,5 e 7,0; catalisam a hidrólise 
de um monoéster fosfórico, produzindo álcool e um grupamento fosfato. A FA está bem distribuída pelos tecidos do corpo, 
aparecendo bastante concentrada na próstata, nos osteoblastos, fígado, baço, rins, hemácias e plaquetas. Nos homens, a fração 
da FA prostática atinge cerca de 50% do total, tendo alta importância na detecção de câncer de próstata pela análise da fração 
prostática da fosfatase (FACP). A hiperfosfatasemia pode ocorrer no carcinoma prostático, após cirurgia/terapia anti-androgênica, 
palpação retal, doença de Paget, hiperparatireoidismo, câncer de mama metastático, anemia megaloblástica, mononucleose, 
prostatite, policitemia vera, leucemia mielocítica e mieloma múltiplo. 
 SAIBA MAIS 
Como a FA prostática está em alta concentração no sêmen e no tecido prostático, ela é utilizada em medicina legal como 
marcador para investigação de estupro e outras ofensas. 
AMILASE E LIPASE – PANCREATITE E SEUS ACHADOS LABORATORIAIS 
A amilase é uma enzima fundamental ao metabolismo digestivo; age como hidrolase, catalisa a conversão do amido e do 
glicogênio que adentram o sistema digestivo pela alimentação. 
 
AMIDO E DO GLICOGÊNIO 
Amido: Polissacarídeo formado pela união de moléculas de α-glicose da amilose e 
da amilopectina, sendo armazenado em diferentes órgãos vegetais. 
Glicogênio - Principal reserva de glicose nas células animais e bactérias, 
encontrado, principalmente, no fígado e nos músculos. Na alimentação é obtido a 
partir de alimentos de origem animal. 
 
 
 
 
 
A amilase secretada pelas glândulas salivares (S) hidrolisam o amido ainda no processo de 
mastigação e salivação, e células acinares pancreáticas (P) secretam parte da amilase sérica no trato 
gastrointestinal, via ducto pancreático, agindo no duodeno. Há também atividade dessa enzima no 
líquido seminal, nas tubas uterinas, nos pulmões, músculo esquelético estriado e tecido adiposo 
corpóreo. O aumento dos níveis séricos da amilase pode decorrer de pancreatite aguda, além de 
trauma, carcinoma ou abscesso pancreático, parotidite, doenças do trato biliar, trauma cerebral, 
cetoacidose diabética, alcoolismo agudo e uso de drogas. Essa situação é terminologicamente tratada 
por hiperamilasemia. 
No caso de hipoamilasemia (Baixa concentração de amilase plasmática.) , seus valores decrescidos têm correlação com doença 
renal, câncer de pulmão, síndrome de Meigs (ascite e fibroma de ovário) e lesões nas glândulas salivares. 
PAROTIDITE 
Infecção viral que afeta as glândulas salivares e glândulas parótidas. Na pancreatite aguda (PA), os achados laboratoriais 
apontam para a hiperamilasemia, processo inflamatório do pâncreas, que se apresenta edemaciado, hemorrágico e com necrose, 
estando os níveis de amilase sérica aumentados entre 2 e 12 horas após a epigastralgia (Dor na região epigástrica.) constante; a 
proporção do aumento não tem ligação diretacom a gravidade de cada caso. Aproximadamente 20% dos indivíduos com PA 
apresentam índices dentro da normalidade desse analito. Junto com a hiperamilasemia, é fundamental avaliar os demais 
marcadores que auxiliam no fechamento do diagnóstico, são eles: amilase urinária, depuração da amilase, isoformas da amilase e 
lipase. Esse quadro também é acompanhado de leucocitose, hiperglicemia, aumento da concentração sérica de LDH e da enzima 
alanina aminotransferases (ALT), além da elevação do hematócrito, redução do cálcio sérico e hipotensão arterial. 
A lipase é uma enzima produzida exclusivamente pelo pâncreas; hidrolisa os triglicerídeos, pelo rompimento das ligações éster 
nos átomos de carbono 1 e 3 dos triglicerídeos em 2-monoacilglicerol. Trata-se de uma enzima muito específica, atuando em 
ambiente que contém os sais biliares e necessitando de um cofator enzimático, a colipase. 
Tanto as enzimas como o seu cofator são produzidos nas células acinares pancreáticas, podendo ser detectadas no intestino, nos 
glóbulos brancos, língua, leite materno e tecido adiposo. A condição de hiperlipasemia (Elevados níveis séricos de lipase.) , que 
pode ser dosada no soro, líquido ascético e líquido pleural, é unicamente empregada no diagnóstico de doenças pancreáticas, 
especialmente, em casos agudos. Na pancreatite aguda, há aumento entre 4 e 8 horas após o início do quadro, e pode perdurar 
por até 24 horas. Pode acompanhar a hiperamilasemia, mas cerca de 20% dos pacientes apresentam amilase normal e lipase 
aumentada. Ainda pode-se observar esse marcador com taxas aumentadas em: pancreatite crônica, úlceras duodenais gástricas, 
colecistite aguda, doença renal aguda ou crônica e obstrução do ducto pancreático. 
 SAIBA MAIS 
Alguns fatores podem deflagrar a gravidade da pancreatite aguda. São eles: idade maior que 55 anos, leucocitose superior a 
16.000/μL, hiperglicemia menor que 200 mg/dL, LDH sérica > 400 UI/L e AST > 250 UI/L. Quando três ou mais critérios estão 
presentes no momento da admissão do paciente, é indicativo da gravidade do quadro. Além disso, é importante observar alguns 
parâmetros nas primeiras 48 horas, indicando mau prognóstico, como queda no hematócrito > 10%, deficit de líquido > 4 L, 
hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg), hipocalcemia < 3,2 mg/dL, hipoalbuminemia < 3,2 mg/dL, entre outros. 
DOSAGEM DE ENZIMAS NO SORO 
Aqui, você vai conhecer abordagens analíticas para a medida da atividade enzimática e tipos de métodos empregados em um 
laboratório clínico. Os métodos de análise e diagnóstico em Bioquímica Clínica, para a avaliação das enzimas, têm evoluído 
bastante ao longo do tempo. O laboratório clínico atualmente emprega técnicas automatizadas para seus ensaios e dosagens 
enzimáticas no soro, urina, ou líquido cefalorraquidiano, por exemplo, mas há diversos ensaios disponíveis quando se almeja 
identificar e/ou quantificar as enzimas nos principais fluidos biológicos. 
Ainda que haja métodos diversificados, note que alguns serão comumente 
empregados na maioria dos laboratórios clínicos. As análises de 
biomoléculas podem ser executadas de modo a alcançar resultados 
qualitativos, de presença ou ausência em uma amostra, ou quali-
quantitativos, pela determinação da presença e quantidade em um 
determinado material biológico. 
Os métodos ópticos, como a colorimetria e a espectrofotometria, baseiam-se na capacidade de algumas 
soluções absorverem/transmitirem a luz que incide sobre uma solução, a partir de fonte luminosa. Essas 
medidas caracterizam índices de absorbância e transmitância, postulados pela Lei de Lambert-Beer. Repare, 
a cubeta com líquido azul que é uma solução de amostra. A diferença entre a luz incidida (amarelo escuro) e 
luz que atravessa (amarelo claro) se traduz na forma de absorbância e indica a concentração, maior ou 
menor, da solução. 
Considerando que a luz é uma radiação eletromagnética composta de comprimentos de ondas 
(Comprimentos de ondas são medidos em nanômetros (nm).) , as análises colorimétricas são baseadas no princípio da absorção 
da luz visível pela substância a ser dosada; na espectrofotometria, o espectro de luz absorvido apresenta comprimentos de onda 
entre o ultravioleta e o infravermelho. Portanto, quanto mais elevada a concentração do analito pesquisado, maior a absorção de 
luz pela solução (absorbância), sendo grandezas diretamente proporcionais. 
IMPOTÂNCIA LABORATORIAL DA ENZIMOLOGIA NO DIAGNÓSTICO DE SINDROMES METABÓLICAS 
A especialista Jéssica Ribeiro Lima fala sobre a importância das dosagens enzimáticas para o diagnóstico das síndromes 
metabólicas. A automação em laboratório clínico, recentemente, passou a adotar essas metodologias, que vêm inseridas em 
equipamentos de grande porte, com medidas bastante precisas e rapidamente realizadas. Isso favorece a liberação de resultados 
precisos, com alta sensibilidade e reprodutibilidade, respeitando as regras mais estritas de controle de qualidade da análise. 
Inicialmente, você vai ver como essas metodologias são empregadas de forma diferencial aos analitos e, adiante, os métodos 
mais avançados de diagnóstico empregados na atualidade para os demais. Nos próximos módulos, você conhecerá outras 
enzimas e perceberá que cada enzima pode ser detectada por métodos diferentes. Veja a seguir. 
MÉTODOS PARA DETERMINAR A AMILASE 
AMILOCLÁSTICO (IODOMÉTRICO) 
Método que se baseia na capacidade do iodo em se combinar com o amido e gerar uma coloração azul intensa na reação; após a 
amilase agir num substrato por certo tempo, a cor azul em sua intensidade é medida, e assim sabe-se o teor de amido restante. 
Essa é a técnica de Van Loon modificada por Caraway. 
CROMOLÍTICO 
Método que emprega amido complexado a um corante, compondo um substrato complexo insolúvel. Ao interagir com a amilase, 
forma pequenas porções de corante-substrato solúveis em água medidos por fotometria, e pode ser automatizado. 
TURBIDIMETRIA, NEFELOMETRIA E DE POLARIZAÇÃO FLUORESCENTE 
Métodos que também podem ser utilizados nas dosagens de amilase. Oferecem rapidez e simplicidade em sua execução, 
monitorando a turvação/turbidez de uma mistura. 
MÉTODOS PARA DETERMINAR A LIPASE 
TITULOMETRIA 
Usando-se uma emulsão tamponada de azeite de oliva (substrato), é feita uma incubação com o soro teste por 24 horas, e a 
titulação dos ácidos graxos liberados é feita com hidróxido de sódio, empregando-se a fenolftaleína como agente indicador. 
TURBIDIMETRIA OU NEFELOMETRIA 
Oferecem rapidez e simplicidade em sua execução, monitorando a turvação/turbidez de uma mistura/emulsão de azeite de oliva 
resultante da ação da enzima lipase sobre um substrato. 
ENZIMÁTICO 
A lipase hidrolisa triglicerídeos como seu substrato, gerando glicerol livre que pode ser quantificado. 
MÉTODOS PARA DETERMINAR A FOSFATASE ALCALINA (FAL) 
BETA-GLICEROFOSFATO 
Método que quantifica a liberação do Pi (fosfato inorgânico) do beta-glicerofosfato, após a ação da FAL. 
P-NITROFENILFOSFATO 
Neste método, a atividade da FAL é medida pelo quantitativo de fenol liberado do p -nitrofenilfosfato, após sua incubação com o 
soro. 
4-NITROFENILFOSFATO 
Método proposto por Bowers e McComb, é o mais usado presentemente. Nesse método, a fosfatase alcalina, em meio alcalino, 
catalisa a transferência do grupo fosfato do 4- nitrofenilfosfato ao 2-amino-2metil-1-propanol (AMP), liberando 4-nitrofenol. A 
concentração é determinada pela velocidade de formação do 4-nitrofenol, medido em 405 nm, sendo diretamente proporcional à 
atividade enzimática da amostra. 
MÉTODOS PARA DETERMINAR A FOSFATASE ÁCIDA (FA) 
TIMOLFTALEÍNA MONOFOSFATO 
Método bastante empregado, trata-se de um substrato (timolftaleína monofosfato) que age como indicador, altamente específico 
para a FA, formando cor após a reação final. Esse ensaio é especificado para a fosfataste ácida prostática. 
ENZIMA IMUNOENSAIO 
Método sorológico no qual é feita a detecção de um anticorpo monoclonal ligado à FA, em suporte sólido. 
RADIOIMUNOENSAIO E CINÉTICA FLUOROMÉTRICA 
Também são métodos que servem paradetectar a fosfatase ácida. 
MÉTODOS PARA DETERMINAR AMINOTRANSFERASES (TRANSAMINASES) 
FORMAÇÃO DE COR 
Ocorre por causa da interação entre o piruvato ou oxalacetato e a dinitrofenilhidrazina, que forma as hidrazonas correspondentes. 
Trata-se de um método já obsoleto. 
QUÍMICA SECA (AUTOMAÇÃO) 
O piruvato ou o oxalacetato, formados por causa das aminotransferases presentes – sejam a ALT ou a AST, respectivamente –, 
são reduzidos pela NADH após reagirem, devido à presença da LDH e à adição de piridoxal-5-fosfato ao soro. 
 MÉTODO PARA DETERMINAR CREATINOQUINASES E SUAS FRAÇÕES (CK, CKMM, CK-MB E CK-BB) 
 Imunoinibição (técnica sorológica que emprega anticorpos anti-CK-M para inibir a fração CK-MM e detectar a fração CK-MB). 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. A ENZIMOLOGIA É UM CAMPO DE ESTUDO BASTANTE AMPLO E COM LARGA APLICAÇÃO DIAGNÓSTICA EM 
MEDICINA LABORATORIAL. NO SETOR DE BIOQUÍMICA CLÍNICA, DIVERSAS ENZIMAS E SUAS ISOENZIMAS SÃO 
ANALISADAS A FIM DE SE ESTABELECER UMA CORRELAÇÃO CLÍNICA ENTRE O ESTADO DO PACIENTE E SUAS 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS OU PATOLÓGICAS. NO QUE SE REFERE ÀS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DAS 
ENZIMAS, É CORRETA A ASSERTIVA: 
A) As enzimas atuam catalisando reações químicas importantes, sem as quais estas ocorreriam muito mais rapidamente, tanto em 
situações fisiológicas quanto nas enfermidades, sendo rapidamente consumidas. 
B) As enzimas, que podem funcionar, por exemplo, como hidrolases ou oxirredutases, não são reaproveitadas em novas reações, 
sendo descartadas pelo organismo logo após seu efeito catalisador. 
C) As enzimas mostram alta especificidade com seus substratos, substâncias sobre as quais atuam intrinsecamente, agindo em 
pontos moleculares específicos denominados sítios de ação ou sítios ativos, aos quais se ligam a partir de um sistema “chave-
fechadura”. 
D) Cada enzima existe em formas únicas, não alostéricas, e como geralmente são proteínas com ação independente de outras 
coadjuvantes, se responsabilizam por catalisar as reações, ou seja, torná-las mais rápidas. 
E) O uso da Enzimologia como ferramenta de diagnóstico tem ficado aquém dos demais analitos no laboratório clínico, diante do 
uso ainda bastante disseminado de técnicas não automatizadas, que atrasam os resultados e têm pouca especificidade. 
2. A PANCREATITE AGUDA, QUADRO CLÍNICO COM PECULIARIDADESLABORATORIAIS RELACIONADAS A ÍNDICES 
DISRUPTIVOS DE ALGUMAS ENZIMAS, É UMA DOENÇA QUE PODE SER UMA COMPLICAÇÃO DE OUTROS ESTADOS 
DE ENFERMIDADE, COMO OBSTRUÇÃO COLÉDOCA E CÂNCER DE PÂNCREAS. OS MELHORES INDICADORES 
LABORATORIAIS E SEUS ESTADOS DE ELEVAÇÃO QUANTITATIVA ESTÃO BEM DESCRITOS NA ALTERNATIVA: 
A) Amilase (hipoamilasemia) e lipase (hiperlipasemia). 
B) Amilase (hiperamilasemia) e lipase (hiperlipasemia). 
C) Amilase (hiperamilasemia) e lactato desidrogenase (hiperlipasemia). 
D) Lipase (hipolipasemia) e creatinoquinase (hipercreatinoquinasemia). 
E) Amilase (hipoamilasemia) e lipase (hipolipasemia). 
GABARITO 
1. A Enzimologia é um campo de estudo bastante amplo e com larga aplicação diagnóstica em medicina laboratorial. No 
setor de Bioquímica Clínica, diversas enzimas e suas Isoenzimas são analisadas a fim de se estabelecer uma correlação 
clínica entre o estado do paciente e suas alterações fisiológicas ou patológicas. No que se refere às características 
fundamentais das enzimas, é correta a assertiva: 
A alternativa "C " está correta. Enzimas são proteínas que atuam acelerando reações químicas, agindo como catalisadores. Elas 
não são consumidas durante as reações e necessitam de um cofator ou uma coenzima para sua atividade. Apresentam alta 
especificidade enzimática ao seu substrato, ligação sítio-específica (modelo chave-fechadura) e são marcadores sensíveis de 
lesão ou proliferação celular, permitindo em alguns casos localizar o ponto lesionado, bem como o acompanhamento do 
tratamento e o prognóstico da doença. 
2. A pancreatite aguda, quadro clínico com peculiaridades laboratoriais relacionadas a índices disruptivos de algumas 
enzimas, é uma doença que pode ser uma complicação de outros estados de enfermidade, como obstrução colédoca e 
câncer de pâncreas. Os melhores indicadores laboratoriais e seus estados de elevação quantitativa estão bem descritos 
na alternativa: 
A alternativa "B " está correta. Na pancreatite aguda, os achados laboratoriais indicam a hiperamilasemia, processo inflamatório 
do pâncreas, que se apresenta edemaciado, hemorrágico e com necrose, e com os níveis de amilase sérica aumentados entre 
duas e doze horas. Além disso, há aumento de lipase entre quatro e oito horas após o início do quadro, podendo perdurar por até 
24 horas. Os altos índices de amilase e lipase são marcadores laboratoriais, ainda que não exclusivos, mas que auxiliam no 
diagnóstico da pancreatite aguda. 
MÓDULO 2 
 Identificar os marcadores cardíacos laboratoriais do infarto agudo do miocárdio 
FISIOPATOLOGIA DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) 
As doenças cardiovasculares podem afetar o coração e os vasos sanguíneos; grande destaque para a doença arterial 
coronariana, que envolve dor no peito e infarto agudo do miocárdio, sendo a maior causa de morbimortalidade no mundo. 
Segundo o Ministério da Saúde (2019), no Brasil, por ano, 300 mil pessoas sofrem IAM, ocorrendo óbito em 30% dos casos. 
MIOCÁRDIO 
O miocárdio é um tecido muscular cardíaco, formado por fibras musculares estriadas cardíacas, anastomosadas (Quando há 
comunicação entre dois vasos ou canais.) , compondo a parte contráctil do coração. 
 Miocárdio e células cardíacas musculares. 
A região mais interna chama-se endocárdio e a mais externa, epicárdio. O músculo é envolto por um saco fibroso, o pericárdio, e 
por um líquido que forma uma barreira contra choques mecânicos, o líquido pericárdico. Pode ocorrer a morte do tecido (Necrose.) 
de parte do músculo cardíaco por carência de oxigênio, quando a artéria coronária fica obstruída. Tal evento é conhecido 
informalmente como “ataque cardíaco”. Essa obstrução pode ocorrer especialmente pela formação de um coágulo em uma área 
previamente comprometida por aterosclerose (Placa de ateroma.) , provocando estreitamentos do espaço interno dos vasos 
sanguíneos do coração. 
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 
Observando os processos patológicos, ocorre a necrose irreversível do músculo cardíaco, como resultado de isquemia (perda do 
suprimento do sangue). Esse processo é ocasionado pela aterosclerose, um processo inflamatório localizado dentro da parede 
arterial na forma de placas de ateroma, que diminui o lúmen arterial, em geral, nas artérias coronárias e, consequentemente, o 
suprimento sanguíneo de determinada região tecidual. O rompimento da placa, gera a trombose no local da lesão vascular e 
formação dos êmbolos com a oclusão total do vaso, levando ao infarto ou falência do miocárdio. 
 Infarto agudo do miocárdio. 
De início, o processo de isquemia (Ausência/má oxigenação.) é detectado e pode 
culminar no IAM. A extensão da lesão varia de acordo com a obstrução da coronária, 
o grau de circulação colateral do indivíduo e as demandas de oxigênio dos tecidos 
alimentados pela artéria. Existe uma tríade sintomatológica marcadora do IAM, que se 
dá pela presença de dor precordial, alterações no eletrocardiograma (ECG) – 
elevações dos segmentos ST e da onda Q – e enzimas cárdio-específicas elevadas 
na dosagem quali-quantitativa, sendo estes marcadores verificados rotineiramente em 
casos suspeitos de IAM. 
 
ECG de paciente com infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST. Nem todos os pacientes manifestam os mesmos 
sintomas e os graus de intensidade podem variar; diante disso, há necessidade de se esclarecer possíveis suspeitas clínicas 
relacionadas a 
quadros de angina pectoris, ICC (Insuficiência cardíaca congestiva) e embolia pulmonar. A síndrome coronariana aguda (SCA) 
engloba os denominados eventos isquêmicos do miocárdio, desdobrando-se desde angina, injúria tecidual reversível e angina 
instável até infarto do miocárdio e extensa necrose tissularmiocárdica. O desafio diagnóstico naqueles pacientes que referem 
queixa de dor precordial tem sido, tradicionalmente, o de firmar ou excluir a existência de lesão miocárdica. Para o diagnóstico de 
IAM, devem ser preenchidos, ao menos, dois dos seguintes requisitos: Sintomas clínicos sugestivos de isquemia miocárdica 
superiores a 30 minutos de permanência. 
 Alterações no ECG correlacionáveis com lesão miocárdica. 
 Ascensão seriada na atividade de enzimas cardíacas séricas dosadas. 
Cerca de 20% dos IAM não apresentam sintomas marcantes, além de ausência de ECG característico (sem elevação do 
segmento ST) em alguns pacientes. Na Enzimologia Clínica, são dosadas: a CK, LDH, e as isoenzimas de ambas, e menos 
frequentemente as transaminases (particularmente a AST, aspartato-aminotransferase). Há períodos específicos para os quais 
cada marcador enzimático se faz mais eficiente, após o surgimento dos primeiros sintomas do IAM. A relação tempo/detecção 
pode variar entre os pacientes, mas pode-se basear as análises em valores padrão. 
MARCADORES CLÁSSICOS DO IAM (ENZIMAS) 
Creatinoquinase total e CK-MB, lactato desidrogenase total e LDH-1 e aspartato-aminotransferase (AST) são marcadores 
clássicos do infarto agudo do miocárdio. Como visto anteriormente, a enzima CK catalisa a reação de fosforilação, reversível, da 
creatinina pelo ATP, formando creatina fosfato. Ela é distribuída amplamente nos tecidos e órgãos, mas mostra-se bastante 
elevada no músculo esquelético, cérebro e coração, e seus valores séricos podem variar com o sexo, idade, massa muscular, 
atividade física e etnia, elevando-se em diversas situações. A sua fração CK-MB ou CK-2 é a mais comum no coração/miocárdio. 
A CK-MB existe em grandes quantidades no miocárdio e pode ter seus níveis séricos aumentados de forma expressiva. Sua 
elevação média após o infarto é de 10 a 20 vezes o limite superior da normalidade e, devido à curta meia-vida, retorna 
rapidamente aos valores de normalidade. O CKMB pode ser expresso por porcentagem do CK total – esses valores vão de 3 a 6. 
Apresenta alta 
especificidade, principalmente se há suspeita de IAM e se os valores começam a aumentar de 4 a 8 horas após a dor precordial, 
com pico máximo entre 12 e 24 horas. 
 ATENÇÃO 
É relevante ressaltar que nos casos mais brandos, sem complicações, os valores de CK-MB retornam aos níveis basais de 48 a 
72 horas após o infarto. Para tornar ainda maior a especificidade no IAM, analisam-se outros marcadores, como as isoenzimas da 
LDH (LDH-1), que deve ser dosada periodicamente nas 48 horas ou mais após o episódio, para observar aumentos e diminuições 
típicas desse analito. 
 ATENÇÃO 
Nos casos de câncer de pulmão, além dos casos de desordem cerebral aguda, entre outras condições, a CK-BB pode ser 
convertida em CK-MB. A CK-MB também pode elevar-se nas seguintes situações: angina severa, fibrilação muscular crônica, 
pericardite, desfibrilação, angiografia coronária, reanimação cardiopulmonar e processos malignos, dentre outras. A lactato 
desidrogenase total se encontra elevada de 8 a 12 horas após o IAM, considerando-se o início da dor precordial como marcador, 
podendo assim permanecer por uma semana, elevando-se de três a dez vezes mais do que os valores considerados normais/de 
referência. A fração 
LDH-1 é um excelente marcador por ser mais específica nesse caso; ela costuma exceder em 45% ou mais a atividade da LDH 
total. 
 ATENÇÃO 
Em amostras hemolisadas e em casos de pacientes com válvula cardíaca prostética, a LDH-1 também pode estar aumentada. 
Aproximadamente 80% dos casos de IAM têm uma correlação de LDH-1/LDH-2, pois a LDH-2 não aumenta após o IAM, já a LDH-
1 que em condições normais tem uma menor concentração que LDH-2, aumenta sua concentração de forma expressiva, 
ultrapassando os valores de LDH-2, ficando assim uma razão com valores maiores que 1. Isso promove um percentual de 
especificidade diagnóstica próximo dos 99%. Em outras condições, essa relação também pode estar aumentada, a saber: infarto 
renal agudo, hemólise e processos malignos. A aspartato-aminotransferase (AST), quando correlata ao IAM, aumenta seus níveis 
séricos de 6 a 8 horas após a dor precordial, retornando aos níveis basais em quatro a cinco dias. Essa enzima não é específica 
do miocárdio; encontra-se em altas concentrações plasmáticas em condições patológicas do fígado, pulmões e músculo 
esquelético. É cada vez menos adotada como critério diagnóstico do IAM. Veja, a seguir, outros marcadores. Ainda que não 
enzimáticos, são essenciais e conferem maior velocidade e especificidade na detecção dessa condição clínica. 
MARCADORES MODERNOS DO IAM (ENZIMAS E OUTRAS PROTEÍNAS): 
MIOGLOBINAS E TROPONINAS 
Existem outros testes classificados como não enzimáticos para o IAM. A mioglobina, 
uma proteína do tipo heme, que se liga ao O2 nos músculos, compõe cerca de 2% das 
proteínas musculares e localiza-se no citoplasma dessas células. Logo, quando há lesão 
muscular durante o IAM, ocorre a liberação da mioglobina na circulação, cerca de 2 
horas após a dor precordial. Seus picos máximos ocorrem de 6 a 9 horas após o evento, 
normalizando-se entre um e dois dias após o IAM. 
Outras situações em que a mioglobina está elevada no plasma: cirurgia de coração 
aberto, atividade física intensa, lesão muscular, atrofia muscular progressiva genética, 
deficiência renal grave e aplicação de injeção pela via IM (Via intramuscular) . A proteína 
deve ser dosada, para fins de diagnóstico do IAM, de 2 a 12 horas após o infarto, pois se difunde rapidamente pela circulação, 
devido o seu baixo peso molecular. A troponina, uma proteína importante para a contração muscular, tem sido utilizada como um 
excelente marcador do IAM. O aparelho miofibrilar das células musculares contráteis, o sarcômero, contém proteínas 
denominadas troponinas, com as seguintes subunidades: 
Troponina I, inibidora de actina, presente no músculo esquelético e coração. 
Troponina C, ligada ao cálcio e reguladora da contração. 
Troponina T, ligada à miosina, ou tropomiosina. 
Sarcômero no relaxamento e na contração muscular. A contração depende de íons cálcio. As isoformas da troponina mais usadas 
em diagnóstico do IAM são: troponina T (cTnT), que eleva-se por 4 a 6 horas, e fica aumentada 
de seis a dez dias após o infarto; e troponina I (cTnI), que aparece no plasma de 4 a 6 horas após 
o IAM, com pico de 10 a 12 horas, ficando elevada de quatro a sete dias. Elas são liberadas 
quase que simultaneamente à CK-MB. 
 ATENÇÃO 
As dosagens de cTnT e cTnI são específicas ao músculo cardíaco, pois no músculo esquelético 
são encontradas as isoformas smTnT e smTnI. Além disso, o músculo liso não é regulado pelas 
troponinas T e I, assim as dosagens dessas isoformas são de grande utilidade, pela sua 
especificidade. A dosagem de TnC não é realizada na prática clínica, pois ela é encontrada tanto 
no músculo esquelético e cardíaco. 
DOSAGEM DE ENZIMAS CARDÍACAS NO IAM 
A especialista Jéssica Ribeiro Lima fala sobre os diferentes tempos de dosagens dos marcadores de IAM e sua correlação com a 
eficácia do atendimento clínico aos pacientes infartados. No gráfico a seguir, conseguimos ver o perfil de alteração das enzimas 
estudadas até aqui após um infarto não resolvido. 
 
Veja, agora, a prática aplicada à teoria que você estudou. 
CASO 1 
Indivíduo do sexo masculino, 60 anos, apresentou-se no setor de emergência com forte dor precordial, presente há mais de uma 
hora. Previamente, foi atendido pela clínica cardiovascular. Tem histórico de quatro anos de angina durante o esforço. Que testes 
específicos deveriam ser solicitados ao laboratório de Bioquímica? 
Após uma hora do início dos sintomas específicos, as isoenzimas (como a creatinoquinase e a lactato desidrogenase) utilizadas 
para o diagnóstico de IAM, ainda não apresentam seus níveis elevados, mesmo que o indivíduo esteja de fato sofrendo um infarto. 
Porém, muitas vezes, o paciente relata queixa de dor sem conseguir precisar quando foi exatamente oinício dos sintomas. Como 
a CK apresenta níveis altos com cerca de quatro horas após o início do evento miocárdico, este seria o teste mais preciso para se 
realizar nesse paciente, especialmente a investigação dos níveis da fração CK-MB, isoenzima específica do miocárdio. Se o 
exame for inconclusivo ou não se detectarem alterações, recomenda-se manter o paciente no hospital, repetir o exame após 
algumas horas e verificar novamente os níveis séricos dessa isoenzima. Atualmente, outros marcadores como a mioglobina e a 
troponina também são dosados, pois apresentam intervalos de tempo ainda menores e altamente específicos quando 
correlacionados com os demais 
marcadores do IAM. 
CASO 2 
A.L.T., 70 anos, mulher, parda, deu entrada no serviço hospitalar com queixa de dor no peito com duas horas de duração. 
Paciente hipertensa e diabética, descreve dor intensa e aguda, irradiando para o membro superior esquerdo; informa que vomitou 
e teve episódio de sudorese fria. Relata ainda que já vinha sentindo dor torácica aos esforços (angina pectoris), mas dessa vez 
ocorreu quando se levantou, ao acordar de manhã. Nega histórico de doenças cardiovasculares familiares. Informa uso irregular 
de losartana (50 mg), e metformina (850 mg). Seu estado geral é regular, anictérico, acianótico, afebril ao toque, hidratado e 
pálido, com ritmo cardíaco regular e taquicárdico em dois tempos e pulsos palpáveis. Extremidades quentes e sudoreicas. Neste 
caso, a paciente exibe fatores de risco importantes, como diabetes e hipertensão, sendo de alto risco. Ela descreve a clássica dor 
torácica, uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação opressiva localizada na região precordial, que irradia para o ombro 
e/ou braço esquerdo, braço direito, pescoço ou mandíbula, frequentemente com diaforese, náuseas, vômitos, ou dispneia, 
podendo durar alguns minutos (geralmente entre 10 e 20) e ceder, ou mais de 30 minutos, como nos casos de IAM. 
O ECG exerce papel fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica e deve 
ser prontamente realizado, junto com os marcadores enzimáticos séricos de necrose 
miocárdica, que têm um papel importante não só no diagnóstico, como também no 
prognóstico da Síndrome Coronariana Aguda (SAC). 
A CK catalisa a formação de moléculas de alta energia e, por isso, é encontrada em 
tecidos que as consomem (músculos cardíaco e esquelético e tecido nervoso); a mais 
usada é a fração CKMB, pois é a mais específica das CK para músculo cardíaco, 
devendo ser mensurada em laboratório o quanto antes. As troponinas cardíacas (cTnT 
e cTnI) são proteínas miofibrilares encontradas somente no músculo cardíaco. Há alta 
sensibilidade para esses analitos, e bastam discretas alterações para estabelecerem-
se compatibilidades com pequenos infartos, ainda que não haja elevação da CK-MB. 
Por esse motivo, as troponinas são hoje consideradas o marcador padrão-ouro para o 
diagnóstico de IAM e devem ser requeridas em intervalos de tempo predeterminados, de acordo como protocolo do serviço, para 
acompanhar a evolução e a gravidade. Quanto maior a elevação da troponina, mais grave é o infarto e pior é o prognóstico 
(avaliação quantitativa). Deve-se usar também como importante selo diagnóstico, a fim 
de aumentar a sensibilidade dos exames, a dosagem da mioglobina em conjunto. 
O gráfico mostra a cinética da concentração plasmática das enzimas de mioglobina, CK, 
troponina e CK-MB, dias após o IAM. 
SAIBA MAIS 
Como mencionado anteriormente, a SCA engloba os eventos isquêmicos do miocárdio, 
compreendendo o infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAM-SST), 
sem elevação do segmento ST (IAM-SSST) e angina instável (AI). A realização do ECG é 
essencial para a distinção de pacientes com ou sem elevação do segmento ST. Nos 
pacientes com elevação do segmento ST, a isquemia é grave, causada normalmente por 
trombos e êmbolos derivados da placa de ateroma, que, ao ocluir o vaso, produz lesão 
miocárdica, com liberação para a corrente sanguínea dos marcadores bioquímicos de necrose miocárdica. Nesses pacientes, é 
essencial iniciar, durante as primeiras oito horas do início dos sintomas, a terapia de reperfusão (com agentes trombolíticos) ou a 
intervenção coronariana percutânea, para dissolução do trombo, reperfusão do fluxo sanguíneo da artéria obstruída, diminuindo o 
grau de necrose tecidual. Após a utilização do agente trombolítico, há um aumento de mais de duas vezes no valor de CK-MB 
após 
90 minutos. No acompanhamento das troponinas durante a reperfusão, a diferença entre o tempo zero e 90 minutos é muito maior 
do que a CK-MB. No entanto, a concentração plasmática das enzimas cai rapidamente após o IAM, diferentemente do observado 
quando não é realizada a reperfusão, conforme mostra o gráfico a seguir: 
Atenção: O IAM-SSST e a AI são entidades relacionadas, porém, com diferentes graus de intensidade da isquemia. Caso seja 
demonstrada alteração no ECG sem a elevação dos níveis dos marcadores cardíacos, será estabelecido o diagnóstico de AI. 
 SAIBA MAIS 
Atualmente, é muito comum a solicitação pelos cardiologistas durante os exames de sangue de rotina a dosagem da PCR-
ultrassensível (PCR-us), que é um exame capaz de detectar baixas concentrações da proteína no soro. A proteína C-reativa é 
uma proteína de fase aguda, produzida no fígado, que é conhecida como um importante marcador de processos inflamatórios e/ou 
infecciosos. Com a descoberta do componente inflamatório na etiologia da aterosclerose, a dosagem do PCR-us tornou-se uma 
importante ferramenta como marcador do risco cardiovascular. Níveis de PCR aumentados estão associados com aumento no 
risco de doença arterial periférica, infarto do miocárdio, AVC e morte súbita cardiovascular. Os resultados são classificados em 
graus de risco, conforme observamos a seguir: 
Baixo risco: <1,0 mg/L ou <0,1 mg<d. 
Médio risco: de 1,0 a 3,0 mg/L ou de 0,1 a 0,3 mg/dL. 
Alto risco: >3,0 mg/L ou >0,3 mg/dL. 
Muito alto risco: ≥10,0 mg/L ou ≥1,0 mg/dL. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. DIANTE DA GRANDE VARIEDADE DE MARCADORES LABORATORIAIS QUE PERMITEM ASSOCIAÇÃO POSITIVA DOS 
RESULTADOS ALTERADOS COM O IAM E SUA DETECÇÃO O QUANTO ANTES, APÓS A DOR PRECORDIAL, TEMOS UM 
MARCADOR MENOS ESPECÍFICO, A TRANSAMINASE AST. SOBRE ESSA ENZIMA, É CORRETO AFIRMAR QUE: 
A) Níveis séricos podem elevar-se em condições patológicas do fígado, pulmões e músculo esquelético; portanto, é cada vez 
menos empregada no diagnóstico do IAM. 
B) Cada vez mais é adotada como critério diagnóstico do IAM, em associação ao ECG, independentemente dos demais 
resultados e achados laboratoriais. 
C) Os níveis séricos retornam aos níveis normais nos indivíduos que sofreram IAM após 14 a 15 dias do evento, sendo altamente 
específica dessa condição. 
D) Nunca foi usada como analito relevante no diagnóstico de infarto, sendo apenas empregada para dosagem de condições 
hepáticas. 
E) Os níveis séricos retornam ao normal nos indivíduos que sofreram IAM após 2 a 3 dias do evento, sendo altamente específica 
dessa condição. 
2. EM TODOS OS INDIVÍDUOS SUSPEITOS DE IAM, SÃO RECOMENDADAS DOSAGENS DE MARCADORES ENZIMÁTICOS 
E A REALIZAÇÃO DO ECG PARA CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO. NO SETOR DE BIOQUÍMICA CLÍNICA, QUAIS 
MARCADORES SE ALTERAM NAS PRIMEIRAS HORAS APÓS O INFARTO? 
A) CK-MB, AST e mioglobinas. 
B) CK-MB, LDH e mioglobinas. 
C) CK-MB, mioglobina, troponinas e AST. 
D) CK-MB, mioglobina e troponinas. 
E) CK-MB, GGT, LDH e mioglobinas. 
GABARITO 
1. Diante da grande variedade de marcadores laboratoriais que permitem associação positiva dos resultados alterados 
com o IAM e sua detecção o quanto antes, após a dor precordial, temos um marcador menos específico, a transaminase 
AST. Sobre essa enzima, é correto afirmar que: 
A alternativa "A " está correta. A AST, aspartato-aminotransferase, é uma enzima presente em diferentes tecidos do organismo, 
como coração, pulmão, músculo esquelético, rim, pâncreas, baço, pulmão e nos eritrócitos. Sua concentração plasmática é baixa. 
Essaenzima, quando relacionada ao IAM, apresenta elevação plasmática entre 6 e 8 horas após a dor e seus níveis basais 
voltam ao normal depois de quatro ou cinco dias. Ela é um marcador coadjuvante e cada vez menos usado no diagnóstico do IAM. 
2. Em todos os indivíduos suspeitos de IAM, são recomendadas dosagens de marcadores enzimáticos e a realização do 
ECG para confirmação do diagnóstico. No setor de Bioquímica Clínica, quais marcadores se alteram nas primeiras horas 
após o infarto? 
A alternativa "D " está correta. De todos os marcadores cardíacos usados durante uma suspeita de IAM, as enzimas CK-MB, 
mioglobina e a troponina apresentam alta especificidade e sensibilidade. Altos índices de CK-MB, mioglobinas e troponinas, entre 
2 e 8 horas após o IAM, são os melhores marcadores laboratoriais do infarto. 
MÓDULO 3 
 Reconhecer os marcadores séricos que permitem a identificação das 
doenças relacionadas ao metabolismo mineral e ósseo 
METABOLISMO MINERAL E ÓSSEO 
O metabolismo mineral e ósseo e seus estudos correlatos permitiram, ao longo 
do tempo, melhor compreensão da fisiopatologia das doenças ósseas. Nota-se 
uma melhoria da sensibilidade e maior especificidade na detecção desses 
marcadores, por exemplo, do cálcio fosfato e magnésio. Neste módulo, cada 
um desses minerais será analisado, bem como seus índices discrepantes de 
referência e as enfermidades metabólicas ósseas mais relacionadas. 
 
O osso é um tipo de tecido conjuntivo cujas funções são a sustentação do corpo, a proteção do sistema nervoso central e da 
medula óssea; desempenha também importante papel no metabolismo dos minerais. 
Do peso seco dos ossos, 75% são representados por sais minerais inorgânicos, como o fosfato de cálcio e o carbonato de cálcio. 
Os minerais (fosfato de cálcio) estão combinados na forma de cristais de hidroxiapatita. Há ainda, em quantidades 
proporcionalmente menores, magnésio, sódio, potássio, estrôncio, zinco, fluoreto, cloreto e sulfato; esses fortalecem a estrutura 
esquelética dos ossos. A matriz orgânica, 25% do peso ósseo, é formada por fibras de colágeno (ricas em prolina e hidroxiprolina), 
albumina, mucoproteína, sulfato de condroitina, ácido hialurônico, osteocalcina e pequenos peptídeos. 
Fisiologicamente, o osso encontra-se em contínuo remodelamento, ou seja, em processos de destruição e renovação que mantêm 
os níveis séricos de cálcio e fósforo constantes, retirando ou fornecendo esses elementos aos ossos. Todo esse processo é 
orquestrado por hormônios e ocorre dentro do osso trabecular, um importante reservatório de minerais. 
 Estrutura óssea. 
CÁLCIO 
O cálcio do organismo, em sua quase totalidade – 99% –, está armazenado nos ossos; o mínimo restante desempenha funções 
significativas não relacionadas à rigidez do esqueleto e sustentação do corpo. As diversas funções do cálcio na fisiologia humana 
têm destaque nos diversos meios celulares: 
INTRACELULAR 
Condução neuromuscular de impulsos, manutenção do tônus muscular, regulação de glândulas endócrinas e exócrinas, 
metabolismo do glicogênio, interação com a calmodulina e integridade da membrana celular. 
EXTRACELULAR 
Mineralização óssea, coagulação sanguínea e potencial elétrico da membrana plasmática. 
ESQUELETO 
Armazenado e mobilizado, quando necessário, participando do remodelamento esquelético. No organismo, o cálcio plasmático é 
encontrado em três estados físico-químicos: cálcio livre ou iônico (50%); cálcio ligado às proteínas plasmáticas (sendo 40% 
ligados à albumina); e cálcio ligado a ânions difusíveis (10%), como o HCO3-, H2PO4-, lactato, citrato e HPO42-, chamados de 
cálcio complexado. O cálcio fisiologicamente ativo é o cálcio iônico, regulado por hormônios e pela vitamina D, e que consegue 
ultrapassar as membranas plasmáticas. É importante relatar que alguns fatores podem alterar a distribuição de cálcio nesses três 
estados plasmáticos. São eles: 
O pH. No pH ácido, a alta concentração de íons H+ diminui a carga global negativa da albumina, reduzindo a ligação de cálcio à 
albumina, o que aumenta a concentração plasmática de cálcio iônico. 
A concentração alterada de albumina. Os níveis menores de albumina inicialmente disponibilizam maior concentração de cálcio 
livre. 
O aumento da concentração de substâncias que se ligam à albumina, como ácidos graxos, medicamentos e aumento de heparina 
ou outros ânions que se ligam ao cálcio iônico e diminuem a sua forma livre. 
No laboratório, é possível medir a concentração plasmática de cálcio total e o livre (iônico); o 
cálcio livre é considerado o melhor indicador fisiológico. 
CONTROLE DO METABOLISMO DO CÁLCIO 
O controle é exercido homeostaticamente, seja pela ingestão na dieta, seja pela formação e 
desintegração óssea, além da absorção e excreção desse mineral. Os moduladores principais 
do cálcio no organismo são os paratormônios (PTH), secretados, principalmente, pela 
manhã, pelas glândulas paratireoides, responsáveis por controlar a hipo ou hipercalcemia. Os 
PTH atuam: regulando a absorção intestinal de cálcio e fosfato, pois ativam a transição da 25-
hidroxivitamina D a 1,25-diidroxicolecalciferol, forma ativa biológica da vitamina D; nos rins, ao 
aumentar a reabsorção de cálcio e a excreção do fósforo; e nos ossos, mobilizando a atividade 
dos osteoclastos (Células de reabsorção óssea.) , bem como sua quantidade, deslocando o 
cálcio para fora das células. 
O outro fator relevante que merece atenção é a vitamina 
D (1,25-diidroxicolecalciferol ou calcitriol ou DHCC), um 
grupo de esteróis sintetizado pela pele após a exposição 
à radiação solar ou absorvidos no intestino. 
 
 
 
 
Clique a seguir e conheça outros hormônios que contribuem para a homeostase de cálcio: 
CALCITONINA 
Controla o nível sérico de cálcio ao inibir a reabsorção pelos osteoclastos e pode impedir a 
sua reabsorção renal. 
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 
Elevam a mobilização do cálcio dos ossos. 
ESTEROIDES ADRENAIS 
Alteram a excreção renal. 
PROSTAGLANDINAS 
Na menopausa, colaboram para a reabsorção do cálcio e diminuição da densidade óssea, 
elevando as chances de fratura por osteopenia e osteoporose. 
 
HIPERCALCEMIA 
Esse é o nome que se emprega quando o cálcio sérico total se encontra em níveis acima da referência, em geral, 10,5 mg/dL. 
Normalmente, essa condição decorre de hiperparatireoidismo (Aumento da produção do hormônio paratormônio.) primário ou 
câncer, com ou sem envolvimento ósseo e mieloma múltiplo. Pode também ocorrer taxas variáveis de fósforo sérico, hiper ou 
hipofosfatemia (Diminuição da concentração plasmática de fosfato.) e níveis da FAL (fosfatase alcalina) elevados. Além disso, a 
hipercalcemia está ligada a condições de hipervitaminose D, doenças endócrinas, imobilizações de membros inferiores ou 
superiores por tempo prolongado, insuficiência renal, terapia com lítio, uso de alguns diuréticos e aumento da concentração 
plasmática de proteínas. Há sintomas pouco específicos na maior parte dos pacientes, porém, pode-se perceber que alguns 
relatam fadiga, arritmias, fraqueza e mal-estar, com poliúria e polidipsia. 
HIPOCALCEMIA 
A hipocalcemia pode ser acompanhada de hipoalbuminemia, insuficiência renal crônica (IRC), síndromes que causam deficiência 
da vitamina D, pancreatite aguda, baixos níveis de magnésio, hipoparatireoidismo, tetania, fase de cura de doenças ósseas e após 
fraturas. Raramente, há sintomas, mas pode ocorrer irritabilidade neuromuscular (tetania). 
 ATENÇÃO 
Todas as variáveis que influenciam tanto a hiper quanto a hipocalcemia devem ser levadas em conta, quando avaliamos esses 
estados: idade, sexo, malignidade, dor óssea, medicamentos, litíase renal e histórico familiar. Essas variáveis afetam o cálcio ativo 
(iônico) no corpo e geram redução no teor do cálcio total, que está relacionado às proteínas plasmáticas e ao pH do tecido 
sanguíneo, como mencionado anteriormente. 
DETERMINAÇÃO DO CÁLCIO TOTAL 
Antigamente, essa dosagem era determinada pela precipitação do cálcio pelo oxalato, com posterior titulação da amostra compermanganato ou EDTA, com indicador Cal-red, purpurato de amônio e negro de eriocromo T. Atualmente, as dosagens são pelo 
método da o -cresolftaleína, medida por espectrofotometria, na qual forma-se cor vermelha após a reação do cálcio e a o -
cresolftaleína complexona. É possível também realizar-se por espectroscopia de absorção atômica ou diluição isotópica. 
DETERMINAÇÃO DO CÁLCIO LIVRE OU IONIZADO 
A dosagem de cálcio ionizado é feita por eletrodo íon seletivo em amostras de soro, método que não é sensível ao cálcio ligado a 
proteínas. Além do soro, pode-se utilizar sangue total com heparina em emergências, além do plasma, mas não são as amostras-
padrão. Essa metodologia emprega eletrodos de membrana que respondem seletivamente a alguns íons, medindo o potencial de 
um íon em solução. Esse eletrodo de membrana e um eletrodo externo de referência são imersos em uma solução de interesse. 
Como os potenciais de referência apresentam valor constante, qualquer modificação da concentração de um íon na célula é 
verificada. 
 ATENÇÃO 
A partir da diferença entre os potenciais do eletrodo de referência e do eletrodo de medida, é calculada a “concentração” do íon na 
solução. Mas, fique atento: nessa metodologia, é a atividade do cálcio que é medida, e não seu teor. 
CÁLCIO URINÁRIO 
A dosagem de cálcio urinário, conhecida por 
calciúria, é determinada da mesma forma 
que a dosagem no soro e no plasma, mas 
como amostra utiliza-se a urina de 24h. Essa 
medida nos permite analisar alguns aspectos 
relativos ao cálcio total urinário: níveis de 
absorção intestinal desse mineral, 
reabsorção óssea e filtração/reabsorção 
tubular renal. 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
Os esquemas abaixo mostram, de forma 
simplificada, os fluxogramas que auxiliam no 
diagnóstico clínico da hipercalcemia e da 
hipocalcemia, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Valores elevados de cálcio podem indicar doença de Paget, hipercalciúria primária, 
carcinoma ósseo com metástase, acromegalia, intoxicações, excesso de vitamina D, 
mielomas, uso de estrogênios e corticoides. 
 
Valores de cálcio abaixo do esperado sugerem: déficit de vitamina D, hipocalciúria primária 
familiar, pré-eclâmpsia, hipoparatireoidismo, osteodistrofia renal e uso de tiazídicos. 
FOSFATO 
No nosso organismo, o fósforo pode ser encontrado na forma inorgânica – forma de 
tampão fosfato sanguíneo e na cascata de fosforilação do crescimento celular – ou na forma orgânica –presente na composição 
dos ácidos nucleicos, fosfolipídios de membrana, fosfoproteínas, ATP e NADP. No organismo, a maior parte do fósforo corporal 
(85-90%) encontra-se nos ossos, na forma de hidroxiapatita inorgânica. Além disso, uma pequena concentração (10-15%) 
encontra-se em tecidos moles, como músculos, hemácias e tecido nervoso. No plasma sanguíneo, encontramos apenas 1%, que 
estão ligados a proteínas (10-20%) ou nas formas iônicas (ânion livre e complexada com sódio, magnésio ou cálcio). 
HOMEOSTASE DO FÓSFORO 
Diversos mecanismos mantêm a homeostase do fósforo em nosso organismo, ocorrendo em órgãos como o intestino delgado, os 
rins e o esqueleto. Uma refeição abundante em fosfatos eleva a fosfatemia com facilidade, e o alumínio é o ligante metálico mais 
eficiente para o fósforo e sua absorção, formando complexos insolúveis. 
 ATENÇÃO 
Os fatores que condicionam positiva ou negativamente os níveis séricos de fosfato são bastante similares àqueles do cálcio, como 
o controle exercido pelo PTH, a vitamina D e o hormônio do crescimento (GH). 
O fosfato está envolvido no metabolismo energético, na resistência estrutural aos ossos, no tampão plasmático e urinário, na 
manutenção da integridade celular, além de regular a atividade enzimática e do transporte do O2 nas hemácias (2,3-
difosfoglicerato). 
HIPERFOSFATEMIA 
Se, ao mensurarmos os níveis plasmáticos do fosfato, eles superarem o valor de 5 mg/dL, estaremos diante de um quadro de 
hiperfosfatemia. Esse achado pode ser correlacionado diretamente à hipercalcemia, uma vez que vai ocorrer aumento da 
concentração plasmática do cálcio, com redução da síntese da vitamina D, e a reabsorção óssea mediada pelo PTH ficará 
bloqueada. Este fenômeno pode decorrer da redução na excreção do fosfato pelos rins; aumento da ingestão dessa substância, 
causada por medicamentos; doenças endócrinas; aumento das reações catabólicas ou dano às células; acidose. A 
hiperfosfatemia pode levar a um estado mental alterado, hipotensão, insuficiência cardíaca e até mesmo catarata. 
HIPOFOSFATEMIA 
A redução nos níveis séricos de fosfato pode ser devido à abstinência de álcool e cetoacidose diabética. Caracteriza-se como 
leve, moderada ou grave, ao oscilar de 2 a <1 mg/dL. Esse estado pode ser 
resultante de alterações intracelulares, como maior fosfatação da glicose, 
hiperinsulinismo ou alcalose respiratória, além do aumento da excreção renal e 
baixa absorção nos intestinos. Geralmente, é assintomática. Em casos severos, está 
ligada à fraqueza e necrose muscular, dor óssea, acidose metabólica e hemólise, 
podendo ocorrer sintomas neurológicos diversos. 
DETERMINAÇÃO DO FÓSFORO 
A dosagem de fósforo é tradicionalmente realizada pela combinação dos íons 
fosfato com o molibdato de amônio, sempre em pH baixo (ácido). Em seguida, pode-
se medir o comprimento de onda (espectrometria) ou a coloração apresentada após 
o emprego de agentes redutores – no método conhecido como “azul de molibdênio” 
–, detectada por sistemas automatizados de química seca. Um importante método 
enzimático usa a purina nucleosídeo fosforilase e a xantina oxidase, a fim de reduzir 
o H2O2, a partir do fósforo e da inosina. 
FOSFATO URINÁRIO 
Este analito, quando dosado na urina, pode apresentar uma diversidade de 
variações que acompanham características de cada indivíduo, como o sexo, a 
faixa etária, o funcionamento dos rins, PTH, momento da coleta e alimentação. 
 ATENÇÃO 
Quando alcança níveis elevados na urina, pode ser por motivos como: insuficiência 
renal aguda (IRA), insuficiência renal crônica (IRC), hipoparatireoidismo, 
osteoporose, acromegalia, mieloma múltiplo, leucemia mieloide crônica (LMC), 
diabetes mellitus descompensada, atividade física intensa e hipovolemia. Quando 
os índices estão reduzidos nessa amostra, pode decorrer de reabsorção tubular 
comprometida, hiperparatireoidismo, hipovitaminose D, raquitismo, alimentação 
parenteral extensiva, diuréticos, etilismo, hemodiálise e enfermidades do fígado. 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
Os esquemas a seguir mostram, de forma simplificada, os fluxogramas que 
auxiliam no diagnóstico clínico da hiperfosfatemia e da hipofosfatemia, 
respectivamente. 
 
MAGNÉSIO 
O magnésio é um íon fundamental em diferentes funções do organismo. Atua 
como cofator enzimático e na glicólise, fosforilação oxidativa, replicação e 
metabolismo celular, manutenção dos ácidos nucleicos e síntese de proteínas, 
estabilização dos axônios e liberação de neurotransmissores. Assim como o cálcio 
e o fósforo, ele é estocado nos ossos, mantendo seus níveis séricos a partir desse depósito natural (aproximadamente 53% do 
total). Além disso, 27% encontram-se no músculo, 19% nos tecidos moles, 0,5% nos eritrócitos e 0,3% no soro. 
BALANÇO DO MAGNÉSIO 
A concentração sérica do magnésio é o resultado de um balanço na ingestão/absorção do íon, excreção (trato urinário e intestinal) 
e biodistribuição no organismo. O influxo de magnésio para dentro da célula e o seu efluxo são ligados a sistemas de transporte 
dependentes de carboidratos. A estimulação de receptores beta-adrenérgicos favorece o efluxo de magnésio, enquanto a insulina, 
o calcitriol e a vitamina B6 favorecem a sua entrada nas células. Ao mensurar seu nível sérico, não se pode usar como medida 
real o magnésio total, pois sua maior concentração está estocada nos ossos. Sua deficiência é mais bem caracterizada pelo 
histórico dos pacientes e pelo exame clínico físico. 
HIPOMAGNESEMIA 
Raramente, poderemos verificar casos em que os níveis séricos desse analitodiminuem de forma isolada. Em geral estão 
correlacionados a baixas taxas de potássio, cálcio e fósforo. Podem ocorrer devido a enfermidades ou condições do trato 
gastrointestinal (TGI), como fístulas, diarreia e pancreatite, além da excessiva perda pela filtração renal, acidose metabólica, 
doença renal grave, etilismo crônico e medicamentos, como aminoglicosídeos, anfotericina B, cisplatina, ciclosporina, pentamidina 
e tiazídicos. Quando sintomáticos, os pacientes podem apresentar tetania, depressão, debilidade e arritmias cardíacas. 
 ATENÇÃO 
O principal exame laboratorial é a dosagem sérica de magnésio. A 
hipomagnesemia pode estar associada à hipocalcemia por diminuição do PTH ou 
da resposta a este; e à hipocalemia (Diminuição da concentração plasmática de 
potássio.) , nos casos de perda urinária aumentada. A partir de dosagens urinárias 
do íon, é possível calcular sua fração de excreção urinária. Investigações adicionais 
devem ser solicitadas, dependendo da suspeita clínica inicial, como a diminuição do 
potássio sérico,hiponatremia (Diminuição da concentração de sódio.) e alteração no 
eletrocardiograma. 
HIPERMAGNESEMIA 
Trata-se de uma condição pouco 
comum, uma vez que a excreção renal 
é altamente eficaz quando há excesso 
desse analito. Os índices elevados de 
magnésio sérico são achados 
laboratoriais específicos em pacientes 
com insuficiência renal. As demais causas que também podem gerar 
hipermagnesemia são: aumento da ingestão, uso de lítio, cetoacidose diabética e 
doença de Addison; os sintomas mais comuns são perda de reflexos tendíneos, 
apneia, hipotensão, náusea e vômito. 
DETERMINAÇÃO DO MAGNÉSIO 
Determina-se o magnésio pela espectrometria de massa atômica, método altamente 
sensível, automatizado e de simples execução. Outras técnicas empregadas são: 
O uso de um meio alcalino, onde se forma um composto colorido, o amarelo de titan. 
O azul de metiltimol, que reage com o magnésio formando complexos colorimétricos. 
O corante metalocrômico calmagita e o agente quelantes clorofosfonazo III, que 
também podem ser reagentes indicadores importantes na sua dosagem. 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
Os esquemas a seguir mostram, de forma simplificada, os fluxogramas que auxiliam no diagnóstico clínico da hipermagnesemia e 
da hipomagnesemia, respectivamente. 
 
DOENÇAS OSTEOMETABÓLICAS 
As doenças osteometabólicas são um grupo de doenças relacionadas a distúrbios do metabolismo ósseo, como a osteoporose, a 
osteomalacia, o hiperparatireoidismo, o raquitismo e a doença de Paget, com destaque para a osteoporose. Essas doenças são 
caracterizadas pela perda de massa óssea e ruptura de sua microarquitetura, ocasionando a 
fragilidade desse tecido e, consequentemente, a incidência de fraturas. Vamos agora entender mais 
sobre essas doenças osteometabólicas. 
 
OSTEOPOROSE 
Esta enfermidade é associada a índices reduzidos de minerais e da matriz óssea; necessariamente, 
à perda da estrutura microscópica do tecido ósseo e sua ultra-arquitetura. No entanto, a avaliação 
histoquímica é normal. De fato, o que fica comprometido no que tange à fisiologia é a rigidez dos ossos, aumentando o risco de 
fraturas no sistema de sustentação do corpo. Trata-se da doença óssea metabólica mais frequente, ligada a diversos fatores 
clínicos, bioquímicos e epidemiológicos. Pode, portanto, ser de natureza primária, associada à deficiência de hormônios esteroides 
sexuais, ou secundária, como consequência de doenças endócrinas de natureza variada, causas gastrointestinais, disfunções da 
medula óssea e do tecido conjuntivo, uso de drogas, álcool, heparina, corticoides, anticonvulsivantes, ciclosporina e quimioterapia. 
CORRELAÇÃO ENTRE A DENSITOMETRIA ÓSSEA E O DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DO METABOLISMO MINERAL 
A especialista Jéssica Ribeiro Lima fala sobre densitometria óssea e a sua correlação com as dosagens laboratoriais dos analitos 
indicadores do metabolismo mineral. 
OSTEOMALÁCIA/RAQUITISMO 
A enfermidade da osteomalácia, também denominada raquitismo, ocorre antes do estágio no qual se completaria o 
desenvolvimento ósseo de fato, com fechamento completo das epífises. Essa doença está ligada à ausência de mineralização 
completa dos ossos, por diversas condições, mas relacionada sempre ao metabolismo do cálcio e do fósforo. 
Imagem: 
 
Ocorre formação óssea normalmente, mas os ossos não apresentam a dureza intrínseca – ficam moles. A doença decorre, 
principalmente, da carência da vitamina D e diminuição nos valores de fosfato (hipofosfatemia crônica), manifestando-se sob a 
forma de fraqueza muscular, andar cambaleante, dor óssea e tendência aumentada a fraturar os ossos. 
DOENÇA ÓSSEA DE PAGET 
A doença de Paget – também conhecida como osteíte deformante – é uma doença crônica, de causa ainda pouco conhecida, com 
comprometimento ósseo local ou sistêmico. No início da doença, ocorre alta taxa de remodelação óssea com aumento da 
atividade de osteoclastos e aumento na velocidade da degradação e formação óssea. As áreas superativas aumentam de 
tamanho, mas, apesar de serem grandes, são estruturalmente anormais e fracas. 
 Doença de Paget. 
A doença acomete indivíduos geralmente acima de 40 anos de idade, atingindo em torno de 5% da população; atinge os ossos do 
crânio, pelve, vértebras e fêmur. São frequentes as queixas de dor muscular e óssea, deformidade, atrite, deficit neurológico, 
tumores ósseos e ICC. Laboratorialmente, nota-se aumento da FAL, da osteocalcina, do cálcio, fósforo, além da elevação da 
hidroxiprolina urinária. 
OSTEODISTROFIA RENAL 
A osteodistrofia renal compõe um conjunto de anormalidades do esqueleto, comumente associadas a doenças renais, em função 
do comprometimento dos mecanismos fisiológicos que provocam a patologia, alterando a excreção dos íons cálcio, fósforo e 
magnésio. Em associação, pode-se verificar osteíte fibrosa, osteomalácia, osso aplástico e amiloide esquelética. 
 ATENÇÃO 
PTH em níveis elevados, na IRC (Insuficiência renal crônica.) , pode resultar nesse tipo de enfermidade. Intoxicações por alumínio 
também já foram correlacionadas a essas condições fisiopatológicas. A sintomatologia mais comum é a dor óssea, podendo haver 
deformidades naqueles indivíduos em estágio de crescimento, além de calcificações em órgãos como pulmões e coração. 
Observe a imagem radiográfica da região periosteal, mostrando uma reação periosteal fina e tunelamento cortical no fêmur. O 
paciente apresenta doença renal em estágio terminal e hiperparatireoidismo terciário. 
MARCADORES DA FORMAÇÃO ÓSSEA 
Os principais marcadores da formação óssea são cálcio, fósforo, magnésio, PTH, vitamina D e 
FAL, devendo ser dosados frequentemente e seus índices alterados correlacionados às patologias 
anteriormente descritas, em associação às queixas e história clínica de cada paciente. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. O METABOLISMO MINERAL E ÓSSEO, EM SUA AVALIAÇÃO, PERMITE MELHOR COMPREENSÃO DA 
FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS ÓSSEAS, COM ELEVADA SENSIBILIDADE E MAIOR ESPECIFICIDADE NA DETECÇÃO 
DESSES MARCADORES EM BIOQUÍMICA CLÍNICA. SOBRE ESSE ASSUNTO, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: 
I. UM DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DE DOSAGEM DO CÁLCIO SÉRICO É POR ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO 
ATÔMICA. 
II. A DOSAGEM DE CÁLCIO URINÁRIO, OU CALCIÚRIA, É DETERMINADA DE FORMA IDÊNTICA AOS MÉTODOS USADOS 
NO SORO E NO PLASMA, COLETANDO-SE A URINA DE 24H PARA TAL ENSAIO. 
III. A DOSAGEM DE CÁLCIO IONIZADO É FEITA POR ELETRODO ÍON SELETIVO EM AMOSTRAS COLETADAS COM 
HEPARINA. ESSA METODOLOGIA TAMBÉM É USADA PARA O CÁLCIO SÉRICO. 
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM: 
A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) I e III. 
2. A DOENÇA ÓSSEA DE PAGET OCORRE EM INDIVÍDUOS ACIMA DE 40 ANOS, MAIS COMUMENTE NA PÉLVIS, NO 
CRÂNIO, NA COLUNA E NAS PERNAS. OS FATORES DE RISCO PARA ESSA ENFERMIDADE DEFORMANTE INCLUEM 
ENVELHECIMENTO E HISTÓRICO FAMILIAR DA DOENÇA. COM O TEMPO, OS OSSOS AFETADOS PODEM FICAR 
FRÁGEIS E DEFORMADOS,E GERALMENTE A DOENÇA É ASSINTOMÁTICA DURANTE UM LONGO PERÍODO. ALÉM 
DAS ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS, HÁ ALTERAÇÕES NO METABOLISMO MINERAL QUE REFLETEM NOS EXAMES 
LABORATORIAIS. 
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTEMPLA OS ACHADOS LABORATORIAIS MAIS COMUNS DESSA DOENÇA, 
INDICANDO COMPROMETIMENTO ÓSSEO: 
A) Diminuição de PTH, vitamina D, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
B) Aumento da amilase e lipase, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
C) Aumento da FAL, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
D) Aumento da amilase, lipase, GGT e sem alteração sensível nos indicadores de metabolismo mineral. 
E) Diminuição da FAL, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
GABARITO 
1. O metabolismo mineral e ósseo, em sua avaliação, permite melhor compreensão da fisiopatologia das doenças ósseas, 
com elevada sensibilidade e maior especificidade na detecção desses marcadores em Bioquímica Clínica. Sobre esse 
assunto, analise as afirmativas a seguir: 
I. Um dos principais métodos de dosagem do cálcio sérico é por espectroscopia de absorção atômica. 
II. A dosagem de cálcio urinário, ou calciúria, é determinada de forma idêntica aos métodos usados no soro e no plasma, 
coletando-se a urina de 24h para tal ensaio. 
III. A dosagem de cálcio ionizado é feita por eletrodo íon seletivo em amostras coletadas com heparina. Essa metodologia 
também é usada para o cálcio sérico. 
É correto o que se afirma em: 
A alternativa "D " está correta. No organismo, o cálcio é encontrado livre, ligado a proteínas como a albumina e complexado com 
ânions. No entanto, o cálcio livre é aquele dito fisiologicamente ativo. A dosagem de cálcio ionizado é feita por eletrodo íon seletivo 
em amostras de soro, método que não é sensível ao cálcio ligado a proteínas. Além do soro, pode-se utilizar sangue total com 
heparina em emergências e o plasma, mas não são as amostras-padrão. A dosagem do cálcio sérico é feita por diferentes 
métodos, como por exemplo a espectroscopia de absorção atômica e na urina são utilizados os mesmos métodos de dosagens 
que no sangue, mas em amostras de 24 horas. 
2. A doença óssea de Paget ocorre em indivíduos acima de 40 anos, mais comumente na pélvis, no crânio, na coluna e 
nas pernas. Os fatores de risco para essa enfermidade deformante incluem envelhecimento e histórico familiar da 
doença. Com o tempo, os ossos afetados podem ficar frágeis e deformados, e geralmente a doença é assintomática 
durante um longo período. Além das alterações fisiopatológicas, há alterações no metabolismo mineral que refletem nos 
exames laboratoriais. Assinale a alternativa que contempla os achados laboratoriais mais comuns dessa doença, 
indicando comprometimento ósseo: 
A alternativa "C " está correta. Ainda não há uma origem fisiopatológica clara para explicar como surge a doença de Paget. Nessa 
doença, há um comprometimento ósseo local ou sistêmico, inicialmente, com alta taxa de reabsorção óssea e aumento da ação 
dos osteoclastos. Laboratorialmente, são notados aumento da FAL, da osteocalcina, cálcio, fósforo e elevação da hidroxiprolina 
urinária. 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste estudo, você conheceu os principais conceitos em Enzimologia, que viabilizaram a compreensão das bases da Bioquímica 
Clínica, assim como as principais enzimas diagnosticadas no laboratório clínico, que culminaram na criação de importantes 
ferramentas auxiliares de diagnóstico médico de diversas enfermidades. Atualmente, a maior parte das dosagens é realizada por 
métodos automatizados; no entanto, é válido conhecer as demais metodologias para a determinação dos índices séricos dos 
analitos 
estudados. Em casos como o IAM e a pancreatite aguda, assim como em enfermidades ósseas e metabólicas, a velocidade, a 
precisão e a sensibilidade na determinação desses marcadores clínicos são cada vez mais importantes no diagnóstico, e 
interferem diretamente na assistência dos pacientes. 
Além de trazer elementos importantes para o entendimento da qualidade dos ensaios laboratoriais, este estudo buscou valorizar a 
Bioquímica Clínica como parte da estratégia de saúde que visa à manutenção do bem-estar de todos. 
 
 
AULA 2 - Análise das Proteínas e Hepatograma 
 
DESCRIÇÃO 
Principais aminoacidopatias. Proteínas plasmáticas, de fase aguda e do metabolismo do ferro. Hepatograma. 
PROPÓSITO 
Conhecer as características dos aminoácidos, das proteínas e enzimas hepáticas é fundamental para compreender os 
distúrbios/patologias que envolvem esses elementos, permitindo determinar de forma acurada os exames laboratoriais e o 
fornecimento de diagnósticos mais precisos. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 - Descrever os distúrbios no metabolismo de aminoácidos e os padrões de eletroforese de proteínas plasmáticas em 
diferentes patologias 
MÓDULO 2 - Descrever o metabolismo do ferro, suas deficiências e o diagnóstico laboratorial 
MÓDULO 3 - Relacionar as patologias hepáticas com as alterações no hepatograma 
INTRODUÇÃO 
Quando estudamos a fisiologia humana, dividimos o organismo em várias partes para facilitar a análise, mas os sistemas estão 
todos integrados, não é verdade? Portanto, aqui, você estudará a Análise de proteína e hepatograma dividida em três módulos: 
um sobre aminoácidos e proteínas; outro sobre metabolismo do ferro; e o último sobre o fígado. 
À primeira vista, os assuntos podem parecer estranhos entre si, mas, acredite, não são. Veremos as alterações genéticas pontuais 
que afetam vias metabólicas de aminoácidos, causando distúrbios ligados a 
funções hepáticas e alterando o perfil proteico no plasma sanguíneo. Logo, 
pequenas mudanças geram alterações que impactam todo o organismo. O 
fígado é o órgão que produz a maior parte das proteínas plasmáticas e de 
fase aguda. Entre elas, estão aquelas que participam do metabolismo do 
ferro. O bom funcionamento desse órgão complexo e vital para a 
manutenção da vida pode ser avaliado com a ajuda de exames laboratoriais 
que envolvem essas e outras substâncias, permitindo auxiliar diagnósticos e 
acompanhar patologias associadas. Para isso, você precisará, primeiro, 
entender cada parte desse todo. Vamos lá! 
MÓDULO 1 
 Descrever os distúrbios no metabolismo de aminoácidos e os padrões de eletroforese de proteínas plasmáticas em 
diferentes patologias 
DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS 
Cadeia de aminoácidos ou biomoléculas chamadas proteínas. As proteínas são as moléculas orgânicas mais abundantes no 
corpo humano e desempenham funções vitais para o organismo, como catálise de reações químicas, transporte, contração 
muscular, sinalização intracelular, controle da expressão gênica e funções estruturais. Elas são formadas a partir da união de 
aminoácidos por meio de ligação peptídica: ligação covalente entre o radical amino (-NH2) de um aminoácido e o ácido 
carboxílico (-COOH) de outro. 
Os distúrbios do metabolismo de aminoácidos, também chamados de aminoacidopatias, são, em sua maioria, hereditários. 
Transmitidos de forma autossômica recessiva, ou seja, cada um dos pais transmite uma cópia do gene defeituoso. O defeito 
afeta a atividade de determinadas enzimas, causando acumulação de substratos que, em alguns casos, podem ser tóxicos e gerar 
danos a tecidos e/ou órgãos. Em outros, pode levar à diminuição da produção de produtos importantes do metabolismo, como 
veremos mais adiante. Os quadros clínicos, portanto, resultam de defeitos na decomposição (metabolismo/ação enzimática) dos 
aminoácidos, acarretando maiores concentrações nos líquidos biológicos, como sangue, urina, líquor e outros. 
Algumas aminoacidopatias se apresentam como defeitos no transporte de aminoácidos nos túbulos renais. Nesses casos, esses 
distúrbios renais são chamados de distúrbios renais de aminoácidos, com o aumento de aminoácidos sendo detectados apenas 
na urina. 
AUTOSSÔMICA 
O gene não provém de um cromossomo sexual. 
PRINCIPAIS AMINOACIDOPATIAS 
FENILCETONÚRIA (PKU) 
Este é um dos distúrbios do metabolismo de aminoácidos mais conhecidos. A criança nasce com quantidades insuficientes da 
enzima fenilalanina hidroxilase,

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