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Autores: Prof. Alexandre Bozolan Profa. Sandra Bozolan Colaboradores: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto Prof. José Carlos Morilla Tendências em TI Professores conteudistas: Alexandre Bozolan / Sandra Bozolan Alexandre Bozolan Doutor em Ciências, subárea Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações, pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Engenharia Elétrica e Computação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, engenheiro de computação pela Universidade Brás Cubas e licenciado em Matemática pela Universidade Paulista (UNIP). É professor nos cursos de tecnologia da UNIP e trabalha há mais de 10 anos como docente nos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia de Computação, Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Atuou por mais de 15 anos como consultor tecnológico em áreas como redes de computadores e telecomunicações em diversas empresas do segmento de TI e como pesquisador na área de fotônica, trabalhando com laser, óptica não linear, nanomateriais, coloides, fibras ópticas especiais e sensores à fibra óptica. Sandra Bozolan Doutoranda em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela mesma instituição (2016), especialista em Segurança da Informação e graduada em Tecnologia da Informação. Professora titular da Universidade Paulista. Também é professora titular no Instituto Tecnológico de Barueri e consultora em tecnologia educacional e fluência em diversas linguagens de programação na área da computação. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B793t Bozolan, Alexandre. Tendências em TI / Alexandre Bozolan, Sandra Bozolan. João Paulo Gusmão Pinheiro Duarte. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 192 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Design. 2. Tendência. 3. Infraestrutura. I. Bozolan, Alexandre. II. Bozolan, Sandra. III. Título. CDU 681.3 U512.84 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Unip Interativa Profa. Dra. Cláudia Andreatini Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Lucas Ricardi Vitor Andrade Sumário Tendências em TI APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 TENDÊNCIAS EM NEGÓCIO (PARTE 1) ..................................................................................................... 13 1.1 Transformação digital ...................................................................................................................... 15 1.1.1 Design organizacional ........................................................................................................................... 19 1.1.2 Design organizacional: um problema para a renovação ........................................................ 20 1.1.3 O futuro das organizações: além da web 2.0 ............................................................................. 21 1.2 Sustentabilidade de TI (TI verde) .................................................................................................... 23 1.2.1 Problema .................................................................................................................................................... 24 1.2.2 Toxinas ......................................................................................................................................................... 25 1.2.3 O que vem sendo consumido de energia ...................................................................................... 27 1.2.4 Descarte de equipamentos ................................................................................................................. 29 1.3 Social business ....................................................................................................................................... 30 2 TENDÊNCIAS EM NEGÓCIO (PARTE 2) ..................................................................................................... 33 2.1 Formas de organizar o modelo de negócios ............................................................................. 34 2.2 Conceitos sobre a inovação do modelo de negócio digital ................................................ 34 2.3 Design thinking ..................................................................................................................................... 37 2.4 Metodologias ágeis e Lean ............................................................................................................... 42 2.5 Processos ágeis ...................................................................................................................................... 45 2.6 Lean ............................................................................................................................................................ 46 Unidade II 3 TENDÊNCIA EM GESTÃO DA INFRAESTRUTURA (PARTE 1) ............................................................. 53 3.1 O que é um sistema? ........................................................................................................................... 56 3.1.1 O que é um sistema de informações de negócios?................................................................... 57 3.2 Custos e liderança ................................................................................................................................ 58 3.3 Empresa digital ...................................................................................................................................... 58 3.3.1 Sistemas Enterprise Resource Planning (ERP) ............................................................................ 58 3.3.2 Sistemas Supply Chain Management (SCM) ............................................................................... 59 3.3.3 Sistemas Customer Relationship Management (CRM) ........................................................... 60 3.3.4 Business intelligence (BI) .................................................................................................................... 61 3.3.5 Business Processes Management Systems (BPMS) e Enterprise Application Integration (EAI) ................................................................................................... 61 3.4 Produtos diferenciados ...................................................................................................................... 62 3.4.1 Inovação ..................................................................................................................................................... 62 3.4.2 Componentes de um sistema de computador ............................................................................ 62 3.4.3 Mainframe .................................................................................................................................................64 3.5 Computação em nuvem: tipos e modelos ................................................................................. 65 3.5.1 Características essenciais da computação em nuvem ............................................................ 67 3.5.2 Modelos de serviços ............................................................................................................................... 67 3.5.3 Multi-cloud ............................................................................................................................................... 68 3.5.4 Histórico ..................................................................................................................................................... 69 3.5.5 Características .......................................................................................................................................... 70 3.5.6 Modelos ...................................................................................................................................................... 71 3.5.7 Definição de multi-cloud..................................................................................................................... 74 3.6 Inteligência artificial (machine learning e deep learning) .................................................. 75 3.7 O que é inteligência artificial? ........................................................................................................ 76 3.8 Machine learning ................................................................................................................................. 78 3.8.1 Tipos de inteligência artificial ............................................................................................................ 79 3.8.2 Aprendizagem supervisionada .......................................................................................................... 82 3.8.3 Aprendizagem não supervisionada ................................................................................................. 85 3.8.4 Aprendizagem por reforço .................................................................................................................. 86 4 TENDÊNCIA EM GESTÃO DA INFRAESTRUTURA (PARTE 2) ............................................................. 86 4.1 Integração de sistemas ...................................................................................................................... 87 4.2 DevOps ...................................................................................................................................................... 91 4.2.1 Princípios de automação em DevOps ............................................................................................. 94 Unidade III 5 TENDÊNCIAS NA GESTÃO DE DADOS (PARTE 1) ...............................................................................100 5.1 Big data e analytics ...........................................................................................................................100 5.2 A infraestrutura de big data ..........................................................................................................104 5.3 Data science .........................................................................................................................................109 5.3.1 Ciclo de vida da ciência de dados .................................................................................................. 110 5.3.2 Padronização na estrutura do projeto ......................................................................................... 110 5.3.3 Infraestrutura e recursos dos projetos de ciência de dados ................................................ 112 5.3.4 Ferramentas e utilitários para execução de projetos ............................................................. 112 5.3.5 Importância da ciência de dados ...................................................................................................115 5.3.6 Ciência de dados nos negócios .......................................................................................................116 6 TENDÊNCIAS NA GESTÃO DE DADOS (PARTE 2) ...............................................................................119 6.1 Blockchain .............................................................................................................................................119 6.1.1 Tipos de blockchain ............................................................................................................................. 123 6.1.2 Comparando blockchains ................................................................................................................. 124 6.1.3 Implementações blockchain ............................................................................................................ 126 6.2 Bitcoin .....................................................................................................................................................127 6.2.1 Transição de estado Bitcoin ............................................................................................................. 127 6.2.2 Mineração de Bitcoin ......................................................................................................................... 128 6.3 Namecoin ..............................................................................................................................................130 6.4 Ripple .....................................................................................................................................................130 6.5 Ethereum ...............................................................................................................................................131 6.6 Cibersegurança ...................................................................................................................................132 6.7 Big data analytics .............................................................................................................................134 6.7.1 Cenário atual ......................................................................................................................................... 136 6.7.2 Tipos de ataque de ameaças cibernéticas .................................................................................. 136 Unidade IV 7 TENDÊNCIAS EM AUTOMAÇÃO INTELIGENTE (PARTE 1) ...............................................................146 7.1 Indústria 4.0 .........................................................................................................................................148 7.1.1 Categoria física ..................................................................................................................................... 150 7.1.2 Categoria digital ....................................................................................................................................151 7.1.3 Categoria biológica ..............................................................................................................................151 7.2 IoT e IIoT .................................................................................................................................................151 7.2.1 Definição ................................................................................................................................................. 153 7.3 Tendências em IoT ..............................................................................................................................156 7.3.1 Internet das coisas: estado atual .................................................................................................. 157 7.3.2 Tecnologias presentes ........................................................................................................................ 157 7.3.3 Identificaçãopor radiofrequência (RFID) ................................................................................... 157 7.3.4 Redes de sensores sem fio (RSSF) ................................................................................................. 158 7.4 Computação em nuvem ..................................................................................................................158 7.4.1 Armazenamento e análise de dados ............................................................................................ 158 7.4.2 Visualização ............................................................................................................................................ 159 7.4.3 Dispositivos conectados .................................................................................................................... 159 7.4.4 IoT para hackers .................................................................................................................................... 160 7.4.5 A IOT e as cidades inteligentes ....................................................................................................... 160 7.4.6 Roteadores protegidos ........................................................................................................................161 7.5 Sensores inteligentes .......................................................................................................................161 7.6 IIoT ............................................................................................................................................................162 7.7 Impressão 3D (ou manufatura aditiva) .....................................................................................164 7.7.1 Opções de impressora 3D ................................................................................................................ 165 7.7.2 A saúde humana e a impressão 3D: bioimpressão ................................................................. 166 7.7.3 Produtos comestíveis e a impressão 3D .................................................................................... 166 8 TENDÊNCIAS EM AUTOMAÇÃO INTELIGENTE (PARTE 2) ...............................................................166 8.1 Experiência imersiva ..........................................................................................................................168 8.1.1 Experiência imersiva e a IoT .............................................................................................................171 8.1.2 A internet das coisas ...........................................................................................................................171 8.1.3 A internet dos humanos ................................................................................................................... 172 8.1.4 Comunicação human bond wireless (HBC) ............................................................................... 172 8.2 Fábricas e cidades inteligentes ....................................................................................................174 8.3 Cidades inteligentes ..........................................................................................................................176 8.3.1 O que é uma cidade inteligente? .................................................................................................. 176 8.3.2 Aplicativos de cidade inteligente .................................................................................................. 177 8.3.3 Cidade inteligente: aplicativos IoT ................................................................................................ 178 8.3.4 Infraestrutura inteligente ................................................................................................................. 178 8.3.5 Edifícios e propriedades inteligentes ........................................................................................... 179 8.3.6 Ambiente industrial inteligente ..................................................................................................... 180 9 APRESENTAÇÃO O objetivo desta disciplina é apresentar as principais tendências do século XXI, as quais, impactadas pelas atuais revoluções na indústria, otimizaram a produção de produtos em larga escala, implementando linhas de montagens mais inteligentes e eficientes, além de melhorias na produção de softwares e hardwares. Esses últimos avanços na área de tecnologia foram um fator motivador para um grande interesse por parte do público em geral, além de desempenhar um papel fundamental no grande crescimento econômico para essas empresas de tecnologia. Nesse contexto, a quarta Revolução Industrial (na qual nos encontramos atualmente) trouxe impactos profundos em áreas como química, biologia, sociologia, marketing, matemática e eletrônica, que antes estavam praticamente isoladas, permitindo a fusão do mundo físico com o mundo digital. Em se tratando especificamente da tecnologia da informação, alguns assuntos são extremamente pertinentes, como a nova transformação digital, que pode ser elencada com os seguintes temas: bots, big data, cloud computing, criptomoedas, design thinking, edge computing, governança algorítmica, hologramas, internet das coisas, machine learning e PNL, nanotecnologia, biotecnologia, realidade aumentada, realidade virtual, segurança cibernética, impressão digital em 3D, solução Saas, TI verde, virtualização e wearables. Esses serão os temas centrais deste livro-texto. Ao ler este material, espera-se que o aluno possa imergir em todas as oportunidades que surgirão e também sugerir/escolher qual tendência tecnológica é a mais indicada para desenhar seu perfil profissional. Este livro-texto foi divido em quatro unidades. Na primeira unidade serão apresentadas as tendências em negócio, tema que se percebe ser fundamental aos negócios e que estão sendo impactados com a transformação digital, sustentabilidade de TI (TI verde) e social business. Nesse contexto, empresas, organizações, governo e as pessoas precisam se adaptar a todas essas mudanças, buscando informações referentes a essa transformação. Veremos ainda como o design thinking, as metodologias ágeis e o Lean Manufacturing vêm transformando o mercado de trabalho, os negócios e as pessoas. Na segunda unidade serão apresentadas as tendências em gestão da infraestrutura, como a computação em nuvem, multi-cloud, que através de seus tipos e modelos vem ganhando espaço nas empresas em vários segmentos. Estudaremos também a integração de sistemas e veremos como a inteligência artificial (machine learning e deep learning) vem substituindo a mão de obra humana e como a engenharia DevOps deve ser utilizada pelas empresas. Na terceira unidade, abordam-se as tendências na gestão de dados, como big data e analytics, data science, blockchain e cibersegurança. Serão apresentadas algumas dessas tecnologias, provando que o futuro dos negócios está sendo remodelado. Por fim, na quarta unidade, inserem-se temas de robótica, além de tendências em automação inteligente, Indústria 4.0, IoT, impressão 3D (ou manufatura aditiva), experiência imersiva e fábricas e cidades inteligentes. Veremos como o IoT invadiu nosso dia a dia. 10 Sem dúvida esta disciplina permitirá ao leitor entender um pouco de cada mundo desses conteúdos que serão apresentados. Esperamos que você tenha uma boa leitura e se sinta motivado a ler e conhecer mais sobre o assunto. INTRODUÇÃO Uma analogia talvez possa conectar as ondas da Revolução Industrial às tendências tecnológicas em informática. Durante a primeira onda da Revolução Industrial, as máquinas necessitavam de fontes de energia criadas de forma exclusiva, e esse passado remete à geração de energia mecânica/elétrica que era gerada através de processos hidráulicos. Esses processos eram, por exemplo, produzidos por rodas d’água, afixadas ao longo de algum rio. Mais tarde,a energia a vapor foi introduzida e baseava-se na produção de energia térmica através da queima do carvão. Muito embora essas fontes de energia tenham possibilitado o surgimento da produção em larga escala (se comparada aos processos manuais até então), elas possuíam várias limitações relacionadas à localização das instalações, o que poderia impedir que a capacidade de produção fosse aumentada. Assim como as rodas d’água, as máquinas a vapor exigiam que todos os equipamentos da linha de produção fossem ligados a um eixo de transmissão central gerido por um único motor que impulsionava todas as máquinas ligadas a essa fonte de energia, de forma que todos os processos de fabricação estavam atrelados à velocidade e potência energética operacional que esses equipamentos poderiam produzir. O que se sabe é que não eram nada rápidos, mas ainda assim melhores do que os processos realizados por mãos humanas ou por meio do uso de animais. Com a eletrificação das fábricas no final do século XIX, algumas das limitações foram eliminadas e novas características das fábricas foram criadas. As linhas de produção passaram a realizar novas tarefas, e para essas tarefas novas fontes de energia foram criadas, gerando novas tendências ao setor. Dessa forma, como o tamanho das fábricas não se limitava mais ao comprimento máximo do eixo de transmissão, as possibilidades de layouts de fábricas foram revolucionadas. Coube às novas empresas geradoras de energia elétrica, “as startups” da era da eletrificação, empregarem a inovação na manufatura. Hoje, as empresas consideradas nativas digitais (Google, Amazon, Microsoft, entre outras) são como as grandes geradoras de energia elétrica no começo da era da eletrificação. As tecnologias digitais influenciaram a maneira como nós nos relacionamos e comunicamos e também como influenciamos e somos influenciados por elas. Entre os temas abordados na última reunião do Fórum Econômico Mundial, ocorrido em Davos-Klosters em janeiro de 2020, que reuniu aproximadamente 3 mil participantes de todo o mundo, a geopolítica e a geoeconomia foram os grandes destaques. Nessa reunião foram apontadas questões-chave como economia, meio ambiente, tecnologia e saúde pública. Tais temas estão promovendo mudanças no século XXI, de forma a direcionar como os governantes e a sociedade devem encontrar formas de agir com rapidez em direção a um cenário global instável. Entre os temas de destaque, um chama ainda mais a atenção: o colapso da infraestrutura de informação. Outro tema inerente à tecnologia, e que está 11 entre as invenções mais importantes do nosso tempo, refere-se à transformação digital, que é a mais nova forma de nós humanos nos conectarmos a esse novo mundo (digital). Diariamente, somos bombardeados com um volume muito grande de novos termos relacionados a essa transformação e levados a interagir com eles. Cabe a nós avançarmos rumo a essa transformação, como descrito por muitos autores. O tema inovação é fascinante e muitas dessas tecnologias serão abordadas ao longo deste livro-texto. 13 TENDÊNCIAS EM TI Unidade I 1 TENDÊNCIAS EM NEGÓCIO (PARTE 1) Somos constantemente influenciados pela revolução digital, que nos despertou para uma nova era de transformações em todos os níveis da sociedade. No campo do emprego, não poderia ser diferente: há uma mudança em ambos os lados, pois empregador e empregado passaram a desenvolver papéis simultâneos, dada a dinâmica mudança dos papéis desempenhados por ambos, ora empregado, ora empregador. Estamos vivendo um momento de frenéticas mudanças, o qual nos levará a transformações cada vez mais radicais. Num futuro muito próximo, não encontraremos empregos como os dos dias atuais, pelo menos não como hoje. Isso já é percebido em ações muito simples, como solicitar um táxi, comprar/encomendar comida e locar uma residência para passar as férias de final do ano. Teremos uma nova forma de oferecer serviço, seremos todos freelancers/profissionais de muitas funções e estaremos aptos a desempenhar qualquer atividade que quisermos. De manhã pode-se atuar como instrutor de cursos on-line; à tarde, como motorista de aplicativo; e à noite, como cozinheiro, oferecendo refeições para suplementar a renda. Tudo depende de seus interesses e habilidades e também da boa e velha lei do mercado. A figura a seguir traz referências como internet de comportamento, distribuição em nuvem, inteligência baseada em negócios, estratégia baseada em experiências, múltiplas opções, engenharia de inteligência artificial, segurança digital, cyber segurança e automação. Internet de comportamento Estratégia baseada na experiência Segurança digital Distribuição em nuvem Múltiplas opções Ciber segurança Inteligência baseada no negócio Engenharia de inteligência artificial Automação Centrado nas pessoas Localização independente Entrega resiliente Figura 1 – Algumas das principais tendências de TI na atualidade 14 Unidade I As mudanças são tão profundas que, na perspectiva da história, nunca houve um momento tão potencialmente promissor e até mesmo perigoso (dependendo do ponto de vista, é claro). A preocupação, no entanto, é que os gestores costumam ser levados pelo pensamento tradicional linear (sem ruptura) ou costumam estar muito absorvidos por preocupações imediatas e, portanto, não conseguem pensar de forma estratégica sobre as forças de ruptura e inovação que moldam o futuro. A inovação não somente se baseia em aspectos da terceira geração industrial. Para Schwab (2018, p. 15), existem três razões que indicam que estamos vivendo a quarta Revolução, conforme segue: Velocidade: ao contrário das revoluções industriais anteriores, nossa geração cresce a ritmo exponencial e não linear. O resultado pode ser visto com o mundo multifacetado e profundamente interconectado em que vivemos, além disso as novas tecnologias geram outras mais novas e cada vez mais qualificadas. Amplitude e profundidade: ela tem a revolução digital como base e combina várias tecnologias, levando a mudanças de paradigmas sem precedentes da economia, dos negócios, da sociedade e dos indivíduos. A revolução não está modificando apenas o “o que” e o “como” fazemos coisas, mas também “quem” somos. Impacto sistêmico: a transformação de sistemas inteiros entre países e dentro deles, em empresas, indústria e em toda sociedade. Esse cenário, que para alguns parece utópico, está mais perto de nós do que parece. Em alguns ambientes, inclusive, já é realidade. Gabriel (2017) cita que para alguns o “tsunami digital” é comparável à revolução da escrita. É fato que a escrita lançou as sementes e fez desabrochar os frutos da era da produtividade e do saber, que instaurou a cultura da erudição própria do universo do livro e das enciclopédias, uma era que foi, quatro séculos depois, seguida pela reprodutividade técnica, presente na fotografia, no cinema e nas máquinas rotatórias que fizeram propagar o jornal. Nesse período, as indústrias do som e de imagens da cultura de massas, seguidas, mais tarde, por sua culminação na era da difusão propiciada pelo rádio e pela televisão, foram o ápice dos acontecimentos em meados do século passado. Esse tsunami afetou as esferas sociais e vem provocando as consequências e implicações que a era do computador traria. Conforme Brasil (2018, p. 37), “Novas tecnologias impulsionam a competitividade e beneficiam o desenvolvimento do País, o que afeta positivamente a economia, a geração de empregos e outras variáveis socioeconômicas”. O primeiro grande salto transformador, em termos sociais, surgiu em 1970, com os primeiros microcomputadores já com teclados, o que inaugurou os primórdios da interação direta humano-computador. Desde então, as interfaces e alianças entre as máquinas e os seres humanos foram se estreitando cada vez mais. Nos anos 1980, os computadores pessoais passaram a ser adquiridos não só pelas empresas, mas pelas famílias, e começaram a fazer partedos ambientes domésticos, o que deu início a uma competição entre as empresas que produziam esse tipo de produto naquela época. 15 TENDÊNCIAS EM TI Em meados de 1980, a Apple lançou seu sistema operacional com interfaces gráficas, com facilitações para as conversações do ser humano com o computador. Entretanto, a grande mudança de paradigma se deu quando o computador abriu suas portas e janelas para se converter não só em uma mídia comunicacional, mas em uma mídia de todas as mídias. De uma potente máquina de calcular, passou a ser uma máquina incorporadora e tradutória de todos os tipos de linguagens, textos, sons e imagens, voando pelos ares de uma máquina a outras. Foi então que, de uma rede de conexões entre computadores, a internet passou a ser habitada por pessoas. Daí em diante, onde entram as pessoas, elas vão impondo as marcas e seus desejos. Explodiram, assim, os aplicativos para as redes de relacionamento, logo incrementados pelos dispositivos móveis conectados à internet e geolocalizações, tudo isso funcionando graças à internet. Para Magrani (2019), com a transformação digital trazida e consolidada pela sociedade da informação e da tecnologia, vivemos uma realidade em que todos observam todos, todo o tempo, a partir de celulares, GPS, redes sociais, máquinas de busca, sites de comércio eletrônico e afins. Tudo isso torna a nossa vida mais rápida, mais cheia de informações e de serviços, mas também passa a guardar nossos movimentos e pegadas virtuais. Não nos lembramos mais de como era a vida sem essa transformação digital que tudo vê. Existe atualmente um número muito grande de dispositivos tecnológicos que tomam conta de nosso cotidiano e que desconhecíamos há alguns anos, tais como iPhone, iPad, GPS, Waze, Kindle, Uber, Airbnb, Bitcoin etc. Essas, entretanto, são tecnologias que de certa forma manipulamos com alguma familiaridade, e seus efeitos vão deixando marcas cada vez mais intensas na paisagem humana, embora, até certo ponto, pareçam invisíveis a olho nu. Poderosos algoritmos surgem a cada dia e passam a comandar o processamento de big data, projetos de cidades inteligentes, internet das coisas, robótica evolucionária e, mais recentemente, a explosão do momento, a inteligência artificial. Esta última promete evoluir exponencialmente pelo simples fato de que, com a inteligência artificial, a inteligência humana finalmente parece ter encontrado a mais poderosa coadjuvante para o destino do crescimento que se encontra inscrito em seu DNA (GABRIEL, 2017). Nesse contexto, a transformação digital também é um problema para a sociedade, pois a onipresença digital afeta a todos em suas vidas diárias. Não apenas modelos de negócios, mas também a sociedade e as famílias são profunda e constantemente desafiadas por suas interações diárias com tecnologia. É necessário ir além de uma discussão geral e compreender a natureza da transformação digital, a fim de projetar futuros plausíveis para a era digital nas empresas e organizações. É preciso compreender o fenômeno em si e como ele vem afetando toda a sociedade e as estruturas organizacionais. 1.1 Transformação digital Como o ar e a água potável, ser digital será notado apenas por sua ausência, não por sua presença. Nicholas Negroponte (1998). 16 Unidade I A transformação digital pode ser definida como a maneira como uma organização pode obter vantagem competitiva por meio do uso de tecnologias inteligentes. As empresas devem criar estratégias em suas organizações para conseguir acompanhar as mudanças. Sem uma estratégia clara, compartilhada e compreendida, qualquer forma de transformação (digital ou outra) provavelmente estará fadada ao fracasso da empresa. A transformação digital cria a sensação de que o digital (inovação) está sempre no comando, pois transforma a empresa e suas práticas antigas em uma nova empresa de sucesso, mas isso não podia estar mais longe da verdade. A tecnologia digital é uma forma de atingir um ou mais objetivos estratégicos, porém ela nunca poderá fazer isso sozinha. Segundo Rogers (2020), as tecnologias digitais estão transformando a maneira como as empresas exergam a inovação. Tradicionalmente, a inovação na empresa é um recurso caro, pois, cada vez que é preciso treinar o uso de novas tencologias, muito tempo e recurso serão dispensados para essa ação. Quase sempre é necessário o investimento de recursos financeiros, tarefa que em muitos cenários fica a cargo dos gestores, já que é necessário definir quais características um produto deve possuir antes de lançá-lo no mercado. Por fim, essas tecnologias nos forçam a pensar de maneira diferente sobre como podemos criar valor para os clientes. O que os clientes valorizam pode mudar de valor muito rapidamente. Nossos concorrentes estão constantemente descobrindo novas oportunidades para chamar a atenção dos nossos clientes. Os clientes se tornam cada vez mais imperativos e as empresas estão indo lutar para gerar valor a eles. Nesse contexto, percebe-se que as forças digitais estão reformulando os cinco domínios fundamentais da estratégia: clientes, competição, dados, inovação e valor, conforme visto na figura a seguir. Deles é possível enxergar o panorama da transformação digital. Como um mnemônico simples, você pode se lembrar dos cinco domínios como CCDIV (clientes, competição, dados, inovação e valor). Figura 2 – Cinco domínios da transformação digital Fonte: Rogers (2020, p. 20). 17 TENDÊNCIAS EM TI Entre esses cinco domínios, as tecnologias digitais estão redefinindo muitos dos princípios básicos da estratégia e da mudança das regras pelas quais as empresas devem operar para ter sucesso. Muitas restrições antigas foram superadas e novas possibilidades estão surgindo. Empresas que se estabeleceram antes da internet precisam entender que muitos dos seus recursos necessitam de atualização. Clientes Os clientes são considerados o primeiro domínio da transformação digital. Eles eram vistos como um ator agregado, o qual era borbardeado por marketing e propaganda. O modelo predominante do mercado focava alcançar escalas de eficiência por meio da produção em massa (faça um produto que agrade tantos clientes quanto possível) e dessa comunicação de massa (use mídias, mensagem e meio para alcançar e persuadir o maior número possível de clientes ao mesmo tempo). Na era digital, tudo se move rapidamente. Trata-se de um mundo descrito como “melhor” não pelo mercado de massa, mas pelas redes de clientes. Nesse paradigma, os clientes são conectados dinamicamente e interagem relacionando seus negócios com o cliente em si. No dia a dia, os clientes permanecem conectados, e influenciá-los a comprar produtos a partir da reputação de empresa e marcas passa a ser algo usual. O uso de ferramentas digitais está mudando a forma como eles descobrem, avaliam, compram e usam produtos e como compartilham, interagem e permanecem conectados com marcas. Competição O segundo domínio da transfomação digital é a competição. Tradicionalmente, competição e cooperação eram vistas como polos opostos: as empresas competiam com empresas rivais do mesmo segmento e cooperavam com parceiros da cadeia de suprimentos que distribuíam seus produtos ou forneciam insumos necessários para sua produção. Hoje, estamos nos movendo para um mundo de fronteiras de empresas fluidas, aquelas em que nossos maiores desafiadores podem ser concorrentes assimétricos. Empresas estranhas ao setor não se parecem em nada nos seus modelos de negócio, mas oferecem valores competitivos aos clientes. A “desintermediação digital” está melhorando a relação entre as parcerias e cadeias de abastecimento; assim, nossos parceiros de negócios se tornaram nosso maior concorrente, e se eles não forem acompanhados de perto, com certeza irão servir nosso clientes diretamente. Ao mesmo tempo, podemos precisar cooperar com um rival direto, devido a modelos de negócios interdependentes ou desafios mútuos de outros setores. Devido à importanciadas tecnologias digitais, há uma sobrecarga no poder dos modelos de negócios, o que permitiu às empresas criarem e capturarem um valor enorme, facilitando as interações entre outras empresas ou clientes. Dados O próximo domínio da transformação digital se refere a como as empresas produzem, gerenciam e utilizam informações, ou seja, esses dados que eram produzidos por meio de medições planejadas de conteúdo, os quais foram conduzidos dentro dos próprios negócios da empresa (fabricação, operações, vendas e marketing). Os dados resultantes foram usados como previsão, avaliações e tomada de decisão. 18 Unidade I Em contraste, hoje enfrentamos um dilúvio de dados. A maioria dos dados disponíveis para as empresas não é gerada por meio de nenhum planejamento sistemático, como uma pesquisa de mercado; em vez disso, esses dados estão sendo gerados em quantidades sem precedentes a partir de cada conversa, interação ou processo de dentro ou fora. Com as mídias sociais, dispositivos móveis e sensores em todos os objetos na cadeia de fornecimento de uma empresa, todos os negócios têm acesso a um rio de dados não estruturado. Esses dados são gerados sem planejamento e podem ser usados, cada vez mais, em novas ferramentas analíticas. As ferramentas de big data permitem que as empresas façam novos tipos de previsões, descubram padrões inesperados na atividade empresarial e desbloqueem novas fontes de valor. Em vez de ficarem confinados ao âmbito da inteligência artificial nos negócios, os dados estão se tornando a força vital de todas as unidades organizacionais e ativos estratégicos a serem desenvolvidos e explorados ao longo do tempo. Os dados são vitais, pois abordam como cada empresa trabalha, se diferencia no mercado e gera novo valor. Inovação O quarto domínio da transformação digital é a inovação: o processo pelo qual novas ideias são desenvolvidas, testadas e trazidas ao mercado dos negócios. Tradicionalmente, a inovação era gerenciada com foco singular no produto acabado. Como o teste de mercado era difícil e caro, a maioria das decisões sobre inovações foi baseada na análise e intuição dos gerentes. O custo do fracasso era alto, portanto, evitar o fracasso era primordial. Valor O domínio final da transformação digital é o valor que uma empresa oferece a seus clientes, ou seja, sua proposta de valor. Tradicionalmente, a proposta de valor da empresa era considerada duradoura ou quase constante. Os produtos podiam ser atualizados, campanhas de marketing atualizadas ou operações melhoradas, mas o valor básico oferecido a seus clientes era considerado constante e definido pelo setor de atividade. Um negócio de sucesso era aquele que tinha uma proposta de valor clara, encontrava um ponto de mercado de diferenciação (por exemplo, preço ou marca) e era pautado na execução, entregando a melhor versão da mesma proposta de valor para seus clientes ano após ano. Do ponto de vista de negócio, a criação de valor é sequencial, unidirecional e transitiva. É realizada por meio de transações e medida em termos monetários. Os atores econômicos têm um papel dominante em uma sequência linear de cadeias de valor agregado. De uma perspectiva de coprodução, a criação de valor é síncrona, interativa, podendo ser mais bem contextualizada em seu valor. Os clientes são considerados fator de produção e contribuem para a criação de valor. Já as empresas representam papéis diferentes simultaneamente, e a unidade básica de análise é a interação. Estamos enfrentando uma mudança profunda em paradigmas de negócios, em que o valor é criado pela coprodução, em vez de sequencialmente, em termos lineares. Nesse paradigma, os interstícios têm mais relevância do que sequências. Do ponto de vista do negócio, a criação de valor está ligada ao intangível e à dimensão de relacionamento das atividades. 19 TENDÊNCIAS EM TI Uma avaliação detalhada das formas híbridas de organização e a dimensão social de uso digital (incluindo espaço-tempo) deixa claro que a agenda de pesquisa para a modelagem de negócios precisa de uma reavaliação profunda, ainda mais devido ao desenvolvimento de inovações sociais e de plataforma em torno do que agora é chamado de economia positiva ou compartilhada (de acesso). Esses desenvolvimentos, que foram facilitados e até moldados por recursos digitais, requerem um reexame do pensamento sobre a modelagem de negócios que vai além dos limites tradicionais e da cadeia de valor. Saiba mais B2B são operações destinadas a criar um impacto momentâneo. São exemplos a contratação de um ator famoso para fazer um comercial a usuários de determinado produto ou o desenvolvimento de uma ação considerada importante para muitos usuários. Para mais detalhes sobre o assunto, consulte o livro: CHERNIOGLO, A. Marketing B2B. São Paulo: Saraiva, 2017. 1.1.1 Design organizacional Nesse contexto, é necessário identificar sinais críticos, relacionados aos usos de ferramentas digitais emergentes e, em seguida, com base nesses sinais, projetar os usos dessas ferramentas, espaços de criação de valor e modo de governança da empresa para o futuro, introduzindo uma pesquisa pautada no tema da organização. Em outras palavras, é preciso perceber como as empresas – grandes empresas em particular – devem articular seus recursos materiais e digitais à medida que nos aproximamos de novas mudanças. Aqui nos concentramos em dimensões estratégicas, organizacionais e sociais em vez de focarmos as tecnológicas ou regulatórias. A figura a seguir traz um exemplo das possiblidades de conexão no mundo do trabalho: Figura 3 – Algumas das possibilidades inseridas na transformação digital Adaptada de: canva.com (s.d.). 20 Unidade I Por design organizacional, podemos entender que ele representa a identificação e a interação dos blocos de construção conceituais que ajudam a compreender a empresa, seu uso de ferramentas digitais e a governança associada aos negócios. Naturalmente, esses esforços requerem iniciativa de grandes empresas, sendo que o termo “empresa” deve ser entendido como se referindo a uma organização com recursos que excedem um certo significado limite. Especificamente, nos concentramos em organizações que tradicionalmente constituem um “centro” para a produção econômica em nível nacional e internacional, mas que também são um centro de influência em termos de padrões, práticas e discursos gerenciais. Esse fator não está relacionado aos patrocinadores do programa; ao contrário, é questão fundamental que vai além de um critério específico. Ninguém negaria que durante os últimos sessenta anos a trajetória e, em certa medida, a transformação da situação socioeconômica sistêmica foram significativamente influenciadas por grandes empresas. Os stakeholders que cuidam de questões das (grandes) empresas e suas partes interessadas (política da empresa, tomada de decisão, análise e investidores) precisam enfrentar a mudança de paradigma em modelos de produção trazidos pela transformação digital. Uma das consequências, e desafios fundamentais, dessa mudança é uma reorganização dos espaços de criação de valor, nos quais certos componentes essenciais podem ir além das fronteiras tradicionais das grandes empresas e, portanto, fora de seu controle. Em seu objetivo central, essas transformações organizacionais e digitais precisam identificar seus blocos de construção conceituais básicos. Essas duas dimensões fornecem o foco para o trabalho analítico realizado por equipes de pesquisa apoiadas para gerir resultados eficientes. O resultado é um procedimento único para a produção de conhecimento coletivo sobre uma das grandes transformações em ação no século XXI: a transformação digital. 1.1.2 Design organizacional: um problema para a renovação O digital e as várias camadas de transformação destacam os aspectos do design organizacional como um tópico para pesquisadores e profissionais, especialmente no domínio do conhecimento organizacional e de sua economia. Nessecontexto, design organizacional refere-se a como as empresas conceituam e efetivamente articulam elementos tangíveis financeiros e recursos intangíveis, percebendo o domínio econômico da organização. Essas questões devem ser consideradas em termos de limites da empresa e economia de custos de transação, desenvolvendo-se uma estrutura elegante para entender o trade-off entre os mercados e hierarquias. Por outro lado, o conhecimento organizacional explica a existência de organizações em termos fundamentais, notavelmente a importância de agregar e desenvolver habilidades em ambientes organizacionais e a redução das incertezas decorrentes do ambiente tecnológico e da complexidade da informação de forma geral. 21 TENDÊNCIAS EM TI Observação Trade-off significa escolher uma coisa em detrimento de outra. Uma empresa que opta por aumentar o preço de um produto para assegurar determinado nível de qualidade da matéria-prima também faz um trade-off. Isso mostra duas abordagens para o design organizacional: por um lado, os limites dependem da otimização de transações e, por outro, as organizações existem por causa de suas características intrínsecas – habilidades idiossincráticas e processos administrativos colocados em prática para lidar com incertezas e informações complexas. Ao examinar a tecnologia da informação em particular, as abordagens que são enquadradas em uma visão organizacional fornecem uma estrutura para compreender a implantação de artefatos digitais dentro e ao redor das organizações. 1.1.3 O futuro das organizações: além da web 2.0 McAfee (2009) definiu e popularizou o conceito de empresa web 2.0, referindo-se basicamente a como as empresas utilizam ferramentas sociais para atingir seus objetivos. A empresa 2.0 é definida pelo uso de plataformas de software de redes sociais emergentes pelas organizações para influenciar seus clientes. Dessa perspectiva, a empresa 2.0 não é um fenômeno tecnológico, mas está relacionada a normas, políticas e diretrizes. A figura a seguir traz a logomarca das principais empresas envolvidas na web 2.0: Figura 4 – A web 2.0 Adaptada de: canva.com (s.d.). 22 Unidade I No entanto, existem argumentos sérios, que vão além das duas tradicionais abordagens de design organizacional que foram desenvolvidas por economistas. Vislumbram, de um lado, uma nova visão baseada em práticas emergentes; de outro, uma perspectiva que busca entender os fenômenos ou a realidade por completo, não somente como resultado da união de suas partes. Três questões ilustram a necessidade de renovar o design organizacional: arquitetura organizacional, inovação e espaço digital. A arquitetura organizacional está intimamente relacionada à transformação digital e seu impacto nas estratégias digitais. As estruturas organizacionais, estratégias e projeto de arquitetura organizacional buscam focar tópicos como redes, estruturas organizacionais, atenção e adaptação, dando importância ao design da organização como perspectiva para pesquisas futuras. A arquitetura organizacional tem apresentado problemas devido às limitações das organizações em termos de espaço (onde a questão do limite organizacional é um aspecto) e tempo (a aceleração de tudo). Portanto, as organizações precisam desenvolver capacidades inovadoras para o contínuo desenho de sua arquitetura de recursos, concomitante com a capacidade operacional para tirar proveito rapidamente de tais recursos. Em outras palavras, as organizações precisam de um novo tipo de capital organizacional que aborda especificamente a articulação desses dois recursos. A inovação tornou-se um tópico importante para os gerentes na teoria e na prática. Em termos de design da organização, isso significa que o foco da inovação está mudando da organização para as diferentes formas de espaços socioeconômicos externos, e essas mudanças impactam as empresas e como elas alocam recursos. O digital tornou-se componente importante no design organizacional. A inovação tem sido facilitada pelos custos de comunicação reduzidos que levaram ao desenvolvimento de fontes de inovação impulsionadas pelo mercado. A computação ubíqua do digital e a explosão massiva de dados têm provocado um grande desafio na forma como as empresas e organizações podem se beneficiar desses dados. A questão do big data (tema que será abordado adiante) se torna o cerne de muitos temas devido à quantidade de dados analisados e à deficiência de estrutura e tempo real para análises. As organizações que desejam aproveitar as vantagens do big data precisam implementar processos, o que cria uma mudança de poder e, portanto, gera uma resistência à mudança. Implementar os mesmos procedimentos em outros contextos pode levar a alguns problemas, pois pode criar uma mudança no poder, entre funções ou atividades específicas, embora isso possa ser exatamente o que é necessário para incorporar a análise de dados na organização de processos. A cultura organizacional e os processos são, portanto, importantes elementos a serem levados em consideração na prontidão das empresas. Uma solução pode residir na transformação das organizações, de hierarquias de comando e de controle em direção a estruturas auto-organizadas que capacitam funcionários em todos os níveis. Outra opção pode consistir em considerar os dados como transversais, opção que é vista como um ativo essencial para toda a organização. 23 TENDÊNCIAS EM TI Saiba mais Para conhecer mais sobre computação ubíqua e os paradigmas de computação com características de proatividade, onipresença, imperceptibilidade e naturalidade, leia o artigo a seguir: SILVA, E. et al. Computação ubíqua – definição e exemplos. Revista de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia, v. 2, n. 1, p. 23-32, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/YQV3dAq. Acesso em: 17 ago. 2021. 1.2 Sustentabilidade de TI (TI verde) O aquecimento global está associado ao slogan “Pense globalmente, aja localmente”. Ser verde significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Pergunte a dez diretores (CEOs) o que significa “ser verde” e você receberá dez respostas diferentes. Muito disso depende de como os CEOs estão particularmente interessados. Para alguns, pode significar compras de tecnologia mais eficiente em termos de energia do que a que eles têm. Outros podem sugerir que é uma questão de reduzir a quantidade de eletricidade que um datacenter consome. Para outros, significa a compra de hardware feito de componentes ecológicos. Uma alternativa é a utilização do hardware até o fim de sua vida útil e sugerir o descarte dos equipamentos de TI de forma adequada, conforme visto na figura a seguir: Figura 5 – TI verde Adaptada de: canva.com (s.d.). Quem está certo? Todos eles estão. A TI verde é uma combinação de todas essas questões. Para ter certeza, tome como missão lidar com apenas um desses problemas: você está fazendo uma coisa boa tanto para a organização como para o meio ambiente. Mas quanto mais você perseguir essas questões, melhor você será considerado em relação à TI verde. Esse é um assunto complexo, e pode ser difícil decidir como lidar com a ecologização dos interesses de TI da sua organização. O mantra verde global é “reduzir, reutilizar, reciclar”. Não importa o que fazemos; se pudermos apenas manter essas ideias na frente de nossas mentes em todas as nossas decisões de TI, estaremos em boa forma. Mas o melhor conselho é apenas começar. 24 Unidade I 1.2.1 Problema Provavelmente, esta não é a primeira vez que você ouviu sobre a necessidade de se tornar verde no que se refere a sua infraestrutura de TI. Mas embora a mensagem esteja lá, não há muitas organizações praticando isso. Um estudo realizado pela Symantec (2007) revelou que quase 75% dos gerentes de datacenter têm adotado estratégicas para implementar o TI verde; entretanto, apenas um em sete realmente aplica essa estratégia na organização. Observação A Symantec foi fundada em 1982 por Gary Hendrix e ao longo dosanos tem adquirido diversas empresas. Suas atividades se concentram em segurança da internet e em redes para usuários domésticos e corporações. Já suas soluções são baseadas em software e aplicativos, com proteção de antivírus, análise de vulnerabilidades, detecção de intrusos e filtragem de conteúdo e de e-mail. Sua maior concorrente é a McAfee. A razão é óbvia: dinheiro. Embora os gerentes de datacenter queiram salvar o meio ambiente, eles também querem economizar dinheiro. Na verdade, é o velho ditado empresarial que diz que para ter sucesso você tem que economizar dinheiro e manter o desempenho. Em outras palavras, eles estão se preocupando com outro tipo de verde. Saiba mais A Symantec Corporation é uma empresa de capital aberto no segmento da área de software. Para saber como a Integrated Cyber Defense Platform da Symantec permite que a empresa moderna transforme com segurança e alcance zero trust de qualquer lugar, usando qualquer dispositivo, acesse o canal oficial da Symantec no YouTube: Disponível em: https://www.youtube.com/user/symantec. Acesso em: 20 ago. 2021. Outro aspecto é que, sim, adotar uma infraestrutura verde pode custar muito dinheiro, mas você pode economizar milhares ou até milhões de dólares (dependendo do tamanho sua da organização) fazendo algumas mudanças. Embora gastar esse dinheiro possa ser uma pílula difícil de engolir, se não fizermos mudanças significativas, estaremos contribuindo para a nossa própria queda. 25 TENDÊNCIAS EM TI 1.2.2 Toxinas Velte, Velte e Elsenpeter (2009) descrevem que, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), os americanos descartam mais de 2 milhões de toneladas de eletrônicos consumidos anualmente, tornando o lixo eletrônico um dos componentes de crescimento mais rápido do fluxo de resíduos. O descarte desse lixo eletrônico não pode ser realizado no mesmo local do lixo doméstico, pois seus componentes podem liberar no solo produtos como chumbo, mercúrio, cádmio, bifenilos policlorados (PCBs), entre outros. O lixo eletrônico provoca preocupações, devido ao impacto de sua toxicidade e carcinogenicidade, quando componentes não são descartados adequadamente. Figura 6 – Descarte correto de componentes eletrônicos em áreas de coleta Disponível em: https://cutt.ly/UWVwYyh. Acesso em: 10 set. 2021. Esse é apenas um aspecto que deve ser levado em consideração, pois os equipamentos devem ser substituídos sempre que possível, e seu descarte deve ser feito em agências que capturam esses equipamentos e possuam as credênciais para manejo. A regulamentação e divulgação de locais apropriados para esse descarte ainda são um dos maiores desafios encontrados neste século. Grande parte da mudança que envolve esse descarte se deve ao fato de que o lixo eletrônico ainda está sendo tratado separadamente do convencional no processo de reciclagem. Muito mais computadores estão sendo reutilizados e reformados em comparação ao que era feito na virada do século XX. A reutilização de equipamentos traz muitos benefícios, como: • a demanda por novos produtos e pelo uso de matérias-primas virgens é reduzida; • menos água e eletricidade são usadas, pois a reutilização diminui a necessidade de produção de novos produtos; 26 Unidade I • menos embalagens são utilizadas; • a tecnologia reimplantada está disponível para mais setores da sociedade, porque os computadores e outros componentes costumam ser mais baratos; • menos toxinas são depositadas nos aterros sanitários. Várias toxinas podem ser encontradas em seu computador desktop ou em milhares de desktops em uma grande organização (conforme mostra a figura a seguir): • chumbo no tubo de raios catódicos e solda; • arsênio em tubos de raios catódicos mais antigos; • trióxido de antimônio usado como retardador de chama; • polibromados em invólucros de plástico, cabos e placas de circuito; • selênio usado como retificador de fonte de alimentação em placas de circuito; • cádmio em placas de circuito e semicondutores; • cromo usado como proteção contra corrosão em aço; • cobalto em aço para estrutura e magnetismo; • mercúrio nos interruptores e na caixa. Figura 7 – Principais componentes tóxicos encontrados em computadores Adaptada de: canva.com (s.d.). 27 TENDÊNCIAS EM TI 1.2.3 O que vem sendo consumido de energia Todos os dias, a caminho do nosso trabalho (se ele for em regime presencial, obviamente), nota-se a emissão de poluentes na atmosfera pelas diversas fábricas espalhadas em polos industriais. Uma sensação de impotência nos aflige e não dá para se sentir confortável sabendo que você trabalha na indústria de TI que também está poluindo o planeta. Infelizmente, embora você comprovadamente não esteja poluindo tanto quanto aquela fábrica, o datacenter da empresa em que você trabalha pode ter uma parcela de culpa. Os computadores domésticos, sejam eles desktops, notebooks, ultrabooks, tablets ou os seus servidores e todos os seus switches, e assim por diante, usam eletricidade para funcionar. Além disso, uma boa quantidade de eletricidade é usada para resfriar seus dispositivos. Essa eletricidade exige um custo em dinheiro para comprar essa energia da concessionária de eletricidade, pois para que a concessionária realize a geração da eletricidade, muitas vezes utilizam-se combustíveis fósseis, que geram mais emissões de gases de efeito estufa. O uso de energia é um aspecto especialmente relevante para operar um sistema de informação verde, pois quanto mais energia é usada, mais dinheiro é gasto e maior é a produção de gás carbônico. O ponto para começar a mudar o pensamento das empresas é saber quanta energia está sendo usada para a geração de uma certa demanda de trabalho operacional. Algumas empresas estão perdendo dinheiro porque não sabem exatamente o que estão gastando e como elas podem reduzir esses custos. A economia de energia pode ser obtida por meio de tecnologias como a virtualização de servidores, ou seja, retirar o servidor físico e transferir suas funções para outra máquina que esteja remota. Tal prática traz para a organização uma economia, por máquina, de cerca de US$ 560 anualmente em custos de eletricidade. Outro aspecto é: se você tem menos equipamentos, usa menos eletricidade e causa menos impacto no planeta. Existem duas maneiras de você utilizar menos fontes de eletricidade baseadas em combustíveis fósseis: • Virtualização: a virtualização tira vários servidores físicos de operação e transporta suas funções em uma única máquina. Um software especializado torna isso possível através da execução das tarefas de dezenas de servidores em uma máquina física, reduzindo, assim, a quantidade de energia consumida. • Ter um gerador de energia: muitas empresas estão se esforçando para serem totalmente livres do uso de poluentes de carbono. Uma maneira de reduzir seu consumo energético é ir em direção à geração de sua própria energia. Isso normalmente é feito usando células solares ou turbinas eólicas. Além disso, se você gerar mais energia do que precisa, pode vendê-la de volta à sua rede elétrica. 28 Unidade I Observação A plataforma de nuvem do Azure consiste em mais de 200 produtos e serviços de nuvem projetados para ajudar você a dar vida às novas soluções para resolver os desafios atuais e criar o futuro. Crie, execute e gerencie aplicativos em várias nuvens, locais e na borda, com as ferramentas e as estruturas de sua escolha. Quanto mais equipamentos uma organização possuir e quanto menos eficiente eles forem, mais calor eles geram e mais eletricidade será necessária usar para resfriá-los. Um ponto crucial é que são exigidos equipamentos mais eficientes e que utilizem pouca energia para seu funcionamento. Nesse caso, as empresas precisam empregar estratégias renováveis para causar o menor impacto ambiental possível. De acordo com o relatório de 2020 da Universidade de Michigan, as tecnologias de informação verdes (TI verde) reduzem os impactos ambientais associadosàs tecnologias de informação (TI) convencionais. Exemplos de TI verde incluem hardware e data centers com uso eficiente de energia, virtualização de servidor e sistemas de monitoramento. A TI verde concentra-se em mitigar as cargas de material e energia associadas à TI convencional, atendendo às nossas demandas de informação e comunicação. Ainda segundo o relatório da Universidade de Michigan, as tecnologias de informação verdes são utilizadas baseadas nas informações de uso de equipamentos a seguir: • 2,16 bilhões de telefones celulares, tablets e PCs foram adquiridos em 2017; • globalmente, mais pessoas têm telefones celulares do que acesso a saneamento seguro; • 139 milhões de smartphones foram vendidos globalmente em 2008 e mais de 1,5 bilhão foram vendidos em 2018; • em 2016, 89% das famílias nos EUA tinham um computador em casa, em comparação com 8% em 1984; • de todos os lares em 2016, 77% tinham um desktop ou laptop, 76% tinham um smartphone, 58% tinham um tablet e 81% tinham uma conexão de internet banda larga; • mais de 14% das famílias usaram seu computador pessoal por mais de 10 horas por dia em 2009; • computadores e equipamentos de escritório consumiram 253 bilhões de kWh de eletricidade em 2012, 24% do consumo total de eletricidade dos edifícios de escritórios naquele ano; • o pico de energia associado a servidores e data centers em 2007 foi de 7 GW; tecnologias existentes e estratégias de design eficientes podem reduzir o uso de energia do servidor em 25% ou mais, enquanto melhores práticas de gerenciamento e consolidação de servidores podem reduzir o uso de energia em 20%. 29 TENDÊNCIAS EM TI Ainda segundo o levantamento da Universidade de Michigan, a figura a seguir apresenta o consumo de energia dos equipamentos de escritórios utilizados comumente no dia a dia: Ligado Baixo consumo Off 05 0 100 150 200 Potência (w) 250 300 350 400 350 220 150 120 100 45 40 30 30 20 25 1 1 80 25 30 Máquina de café Copiadora Desktop Laptop Desktop com configurações básicas Geladeira Tela de 21” Tela de 19” Figura 8 – Consumo de energia estimada para equipamentos de escritório Adaptada de: Universidade de Michigan (2020, p. 1). 1.2.4 Descarte de equipamentos Segundo Velte, Velte e Velte (2008), os problemas vão além do consumo de energia. Computadores e outros dispositivos são rotineiramente descartados assim que se tornam obsoletos. Lheureux, Schulte e Velosa (2017) estimam que 133 mil PCs são descartados por domicílios e/ou empresas dos EUA todos os dias. Só em 1998, mais de 20 milhões de PCs tornaram-se obsoletos nos EUA, mas menos de 11% deles foram reciclados. Os computadores antigos não precisam ser vistos como se fossem materiais infecciosos simplesmente por serem considerados velhos e no fim da vida. Se forem descartados de forma adequada, podem ser uma grande fonte de materiais secundários. O uso cada vez maior de hardware de alto desempenho e suas implantações costumam trazer alguns problemas quando seu descarte acontece de forma irregular no meio ambiente. A melhor maneira de reduzir o impacto sobre o descarte irregular no meio ambiente poderia ser comprar menos equipamentos e, quando houver necessidade de adquirir novos equipamentos, que a compra seja de dispositivos mais eficientes e que consumam menos energia. 30 Unidade I A compra de equipamentos novos e com melhor eficiência energética só será uma boa ideia se você realmente precisar de um novo equipamento. Se você tem computadores antigos que podem ser reaproveitados, apenas administre como isso pode ser feito e para qual local. Um exemplo seria adaptar um computador antigo e transformá-lo em um thin client para realizar tarefas de processamento e armazenamento em um servidor. O thin client, como o mostrado na figura a seguir, só precisa ter potência suficiente para exibir o que está acontecendo no servidor e poderá ser uma ótima solução para diminuir a compra de novos equipamentos e, por consequência, diminuir a quantidade de novos lixos eletrônicos na natureza. Considere ainda a ideia de usar um thin client para reduzir em 90% o gasto de energia elétrica, já que ele consome em média 15 watts, em vez dos 150 watts dos desktops. Figura 9 – Thin client Disponível em: https://cutt.ly/0WVthSd. Acesso em: 10 set. 2021. Observação O thin client é um equipamento que funciona como um mini PC, mas não possui, em sua estrutura interna, HD, processador e memória (não como os convencionais). Apesar de sua estrutura simples, com ele é possível obter uma rede de baixo custo e de fácil manutenção, entre outros benefícios. 1.3 Social business Atualmente, vivemos um momento de profunda transformação. Muitas dessas mudanças ocorrem em virtude de novas modalidades que surgem nos mercados globais. Tais mudanças ocorrem em um contexto de desenvolvimento acelerado da economia digital e impactam diretamente os fatores sociais. Criadores de modelos de negócios (social business) constroem negócios alinhados com a transformação da sociedade, gerando negócios modernos. 31 TENDÊNCIAS EM TI Plataformas de ecossistemas de negócios digitais criam as condições para implementar os procedimentos em acordo com a economia. O ambiente da economia digital permite o desenvolvimento de conceitos inovadores, como a economia do compartilhamento, big datas e economia circular. A eficácia da implementação dos modelos de negócios com base nesses conceitos resulta da necessidade de construir uma comunidade interligada. Quanto maior a comunidade, maior é a concentração das atividades ao seu redor para propor soluções e maior a chance de futura monetização. As premissas das soluções de mercado mencionadas criam modelos de negócios sociais para os quais o ponto de partida é o teórico conceito do tripo resultado (JABŁOŃSKI; JABŁOŃSKI, 2020). Os modelos de negócios baseados nesse conceito são frequentemente chamados de modelos de negócios sustentáveis, sendo modelos de negócios digitais que têm aspectos sociais embutidos em fórmulas resultantes no potencial da tecnologia criada. Os efeitos sociais das empresas são criados em um fator social que é o motor vital de seus modelos de negócios, bem como modelos de negócios híbridos que combinam atividade comercial e atividades públicas. Triplo resultado M od el os d e ne gó ci os Em pr ee nd ed or ism o so ci al M od el os d e ne gó ci os su st en tá ve is M od el os d e ne gó ci o hí br id o N ov o co m po rt am en to d a so ci ed ad e Economia compartilhada Big data Economia circular Co ns tr uç ão d a co m un id ad e Efeitos sociais Novo comportamento da sociedade Ecossistema de economia digital Economia de valor positivo Figura 10 – Triplo resultado Adaptada de: JabłoŃSki e JabłoŃSki (2020). Essas novas condições mudam o comportamento das pessoas e também trazem uma melhoria na sua qualidade de vida em muitos lugares do mundo. Como resultado dessas novas tendências, efeitos 32 Unidade I sociais positivos e novos comportamentos positivos da comunidades também são criados. Atualmente, essas condições estão levando a uma nova forma de modernização dos negócios, em que o objetivo das empresas não deve ser apenas maximizar o lucro financeiro, mas também criar lucro social. Esse é o efeito do modelo de negócios que é comumente aceito, e em acordo com as expectativas dos grupos de partes interessadas. Dessa perspectiva, modelos de negócios sociais tornam-se o foco. A aceitação social de soluções inovadoras na sociedade da informação determina a capacidade de gerir progressos e enfrentar os desafios da sociedade, como mudanças climáticas, migração de pessoas, exclusão digital e acesso a educação e informação. O modelo de negócio digital deve ser criado na esperança de que a próxima geração de desenvolvimento da indústria e serviços, ou seja, a Indústria 4.0 e o gerenciamento de serviços 4.0, criem negócios a um nível superior, adequadopara o desenvolvimento da sociedade, por meio da conceituação e operacionalização de modelos de negócios digitais. Muitas questões sociais têm criado novos desafios na dimensão do contexto da construção dos novos negócios e empreendimentos. Exemplos são a avaliação das atividades de empresas voltadas para a geração de receita, o modo como essa receita vem sendo gerada e que tipos de empreendimentos de valor podem ser criados. Atualmente, as metas são pautadas na construção das comunidades e relacionamentos com as partes interessadas nos negócios, enquanto a monetização é adiada para algum momento no futuro. Construir uma marca digital de uma empresa é prioridade, assim como o impacto nas comunidades e seu estilo de vida, entendendo o mundo e percebendo seus valores. As novas empresas e empreendimentos vêm levando em consideração as questões sociais. Quando a avaliação da atuação das empresas tem foco na rentabilidade, é importante saber como a receita é gerada e que tipos de valores uma empresa pode criar. Uma proposta equilibrada é o resultado de diferentes abordagens que definem o propósito das empresas. Modernas soluções tecnológicas criam condições para moldar atitudes sociais e minam os princípios existentes da economia clássica. O mundo virtual gera novos mercados, estabelece novos princípios de cooperação entre as pessoas e cria novas fórmulas de comunicação. O antigo modelo de ação baseado em um contrato de abordagem se transforma em uma abordagem relacional. Interações sociais e pessoais são fatores importantes que motivam as pessoas a realizar transações. Novas soluções na esfera social são geradas com a revolução tecnológica, o que estabelece novos princípios de criação de mercados e comportamento das pessoas. A influência da tecnologia digital nesses aspectos é visível. Novos conceitos e tendências ideológicas são operacionalizadas por meio de soluções tecnológicas inovadoras, que permitem a implementação de soluções globais cujo potencial ainda não foi totalmente utilizado. Isso não se dá só por problemas tecnológicos, mas também sociológicos, em que as novas gerações usam essas soluções em maior medida do que as mais antigas. A qualidade de vida atualmente está fortemente relacionada ao acesso às tecnologias digitais. Países com um maior nível de digitalização têm mais potencial. Como resultado, eles podem implementar novas ideias sociais mais rapidamente e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O potencial em termos de economia compartilhada, economia circular e big data é muito grande. Tudo isso permite a 33 TENDÊNCIAS EM TI criação de soluções de negócios, bem como recursos relacionados ao novo conceito de gestão pública. A economia compartilhada é um plano para uma ideia de negócio futuro que explica como conectar a economia a questões ambientais e sociais. A economia de valor é uma visão holística da criação de valor para diferentes grupos de interessados. Explora e lida com áreas de conhecimento como economia, filosofia, sociologia, antropologia cultural, ética empresarial e responsabilidade social corporativa. Em outra observação, representa uma disputa sobre se o valor está constantemente presente no centro da discussão sobre cognição, bem como sobre a dessemelhança da natureza exata e das ciências sociais. É impossível formular uma teoria econômica correta de valor sem reconhecer quais deles têm uma natureza social e quais são valores existenciais e não instrumentais que dão sentido à nossa existência. O valor que a economia desempenha tem um papel importante no processo de formação de modelos de negócios sociais na economia digital. Os critérios para classificar negócios e os valores da vida são importantes. Parece interessante tentar combinar negócios e aspectos da economia clássica com uma nova abordagem de valores, nomeadamente a partilha de recursos de acordo com o conceito de economia da partilha. A natureza social do valor é amplamente revelada nessas soluções como parte da identificação de características que descrevem o ambiente contemporâneo do negócio, e os atributos de construção de laços sociais são fundamentais. O equilíbrio de influências públicas, privadas e plurais são de fundamental importância para o desenvolvimento da economia moderna. Nesse contexto, aspectos sociais são cruciais para o desenvolvimento de uma nova abordagem para moldar modelos de negócios. Segundo Barki e Izzo (2014), a sustentabilidade ambiental está relacionada à necessidade de criar um produto e serviços que não danifiquem ainda mais o planeta, modelo que deveria ser pensado para qualquer novo negócio. A inovação é uma necessidade das organizações, pois ajuda a pensar e agir de maneira diferente. 2 TENDÊNCIAS EM NEGÓCIO (PARTE 2) No cenário atual da economia, definido pela intensa aceleração tecnológica, bem como o aumento das pressões competitivas, devido ao crescimento da oferta associada à abertura de mercados, organizações e empresas estão sendo obrigadas a adequar-se a uma contínua inovação, a fim de criar e entregar valor a seus clientes e, em seguida, manter ou melhorar sua posição de mercado. Tal impulso, gerado pela inovação, normalmente induz a um aumento geral dos padrões competitivos em muitas áreas. Tradicionalmente, a inovação foi concebida e buscada por meio de duas dimensões principais: inovação de produto e inovação de processo. Inovações de produto são incorporadas em bens ou serviços oferecidos por uma empresa para proteger suas margens por meio de diferenciação ou renovação de sua oferta enquanto as inovações de processo se relacionam à mudança na forma como as atividades são realizadas, a fim de melhorar a eficiência ou a eficácia das operações de fabricação. 34 Unidade I Muitas mudanças ocorreram nos últimos anos, empresas passaram a definir outras formas e buscar inovação. Na verdade, o foco das empresas está cada vez mais em inovar o modelo de negócio como alternativa ou complemento essencial para inovação de produto e/ou processo. 2.1 Formas de organizar o modelo de negócios A estruturação do modelo de negócios e sua adaptabilidade às variáveis, às condições de mercado e à competitividade são elementos fundamentais não apenas na busca por novas fontes de vantagem competitiva, mas também para sustentar a vantagem de concorrência existente. A inovação do modelo de negócios pode provar ser a alavanca crucial que permite à empresa permanecer competitiva na corrida para o produto ou processo. Os produtos que são incorporados a um negócio inovador e eficientes modelos têm menos probabilidade de se tornarem obsoletos com a introdução de novos produtos pelos concorrentes, pois geralmente é mais difícil para os concorrentes replicarem e substituírem todo um sistema de atividades em vez de um único produto ou processo. Um exemplo é a empresa Apple, cujos produtos causam no mercado um frenesi em torno da produção altamente inovadora de software e hardware, a qual sempre foi o seu foco. O lançamento do iPod, reprodutor de mídia portátil, em combinação com o software iTunes, sistema que permite aos usuários acessar a loja da Apple para comprar músicas on-line e outros tipos de conteúdo e transferi-los de um iPod para um computador, corresponde a uma inovação formidável dos negócios da Apple. A empresa não apenas desenvolveu como trouxe ao mercado produtos de hardware e software com alto grau de inovação, o que demonstra que várias mudanças estão acontecendo em seu ambiente de negócios, adicionando distribuição de música a suas atividades. Essa transformação resultou na construção de novas relações, por um lado, com os clientes, permitindo-lhes acessar e adquirir músicas digitais de lojas digitais, e por outro lado, com parceiros de negócios, como as grandes gravadoras, que foram integradas ao modelo de negócios da Apple através da criação da loja de música on-line da empresa. A interoperabilidade entre seus produtos, que é o núcleo do modelo de negócios da Apple, permite
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