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Direito das Sucessões Da Sucessão em Geral Conceito: a parte especial do direito civil que regula a destinação do patrimônio de uma pessoa depois de sua morte. Súmula 642 do STJ: “O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória”. Abertura da Sucessão Art. 1.784 do Código Civil: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. · A herança é um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis. · Abre-se a sucessão somente com o óbito, real ou presumido, no lugar do último domicílio do falecido. · Com a morte, transmite-se a herança aos herdeiros, de acordo com a ordem de vocação hereditária: Art. 1.829 do Código Civil: I - aos descendentes (filhos, netos, bisnetos...) em concorrência com o cônjuge sobrevivente. Hipóteses em que não há concorrência do cônjuge com o descendente: · Cônjuge casado com o falecido no regime da comunhão total: nesse caso, o cônjuge não é herdeiro, mas sim meeiro, o que significa que ele já é proprietário de 50% do patrimônio; · No regime da separação obrigatória de bens (obrigatório para maiores de 70 anos): pois não há bens comuns ao casamento; · No regime da comunhão parcial: caso o autor da herança não houver deixado bens particulares (bens adquiridos antes do casamento ou depois de forma não onerosa). II - aos ascendentes (pais, avós...) em concorrência com o cônjuge: · Se houver um só ascendente ou se o grau desse for maior, o cônjuge fica com a metade; · Concorrendo com sogro e sogra, a herança será dividida por três. III - ao cônjuge sobrevivente: · Caso não haja descendentes ou ascendentes, os cônjuges ou companheiros sobreviventes herdarão sozinhos, independentemente do regime de bens de sua união com o falecido (se não estiver separado judicialmente ou de fato do falecido). IV - aos colaterais (irmãos, sobrinhos, tios, primos...): · Se houver apenas irmãos unilaterais ou bilaterais na sucessão, a herança é dividida igualmente entre eles; · Se concorrerem irmãos bilaterais e unilaterais, os irmãos unilaterais têm direito à metade do que couber aos irmãos bilaterais; Exemplo: fulano faleceu e deixou 2 irmãos, sendo um bilateral e um unilateral. Portanto, o bilateral receberá 75% e o unilateral 25%. · A regra estende-se também no caso de sucessão aos sobrinhos filhos de irmãos unilaterais e bilaterais; · Em relação aos irmãos, cabe o direito de representação: os herdeiros do irmão falecido passam a representá-lo na sucessão, em relação ao quinhão que lhe caberia. Art. 1.852: “O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.” Princípio da Saisine · A morte opera a imediata transferência da herança aos seus sucessores legítimos e testamentários, visando impedir que o patrimônio deixado fique sem titular, enquanto se aguarda a transferência definitiva dos bens aos sucessores do falecido; · A lei do dia da morte rege todo o direito sucessório, quer se trate de fixar a vocação hereditária, quer de determinar a extensão da quota hereditária. Não pode a lei nova disciplinar sucessão aberta na vigência da lei anterior; · O herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os bens por este deixados e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. Espécies de Sucessão e de Sucessores · Sucessão legítima: morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos (ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até 4º grau), o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento ou se o testamento caducar, ou for julgado nulo. · Sucessão testamentária: quando decorre de manifestação de última vontade, expressa em testamento ou codicilo; · Havendo herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge), divide-se a herança em duas partes iguais e o testador só poderá dispor livremente da metade para fazer o que ele quiser; · Não havendo herdeiros necessários, plena será a liberdade de testar, podendo o testador afastar da sucessão os herdeiros colaterais. Legitimação para suceder · Pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão; · Pessoas jurídicas, se já constituída. Caso não constituída, apenas se for fundação. Exemplo: Fundação Roberto Marinho. · Os nascituros podem ser chamados a suceder tanto na sucessão legítima como na testamentária, ficando a eficácia da vocação dependente do seu nascimento. Caso o feto nascer morto, nem recebe, nem transmite direitos, sendo a herança ou quota hereditária devolvida aos herdeiros legítimos do de cujus, ou ao substituto testamentário (antes, observar o que o testamento diz). Caso nasça com vida e logo após venha a óbito, a herança é transmitida; · O herdeiro “esperado” no prazo de dois anos após a abertura da sucessão; · Animais não podem ser contemplados, salvo indiretamente, pela imposição ao herdeiro testamentário do encargo de cuidar de um especificamente. Quem não pode suceder · A pessoa que escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; · As testemunhas do testamento; · O concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; · O tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Aceitação e Renúncia da herança · Os herdeiros, no início do inventário judicial, devem ser citados para se fazerem presentes no procedimento, podendo expressar ou não a aceitação da herança; · Ao juiz caberá fixar prazo razoável, não superior a trinta dias, para o herdeiro dizer se aceita ou não a herança. Características da aceitação: · Revela apenas a anuência do beneficiário em recebê-la; · Tem efeito retro-operante, pois os direitos hereditários não nascem com ela, mas retroagem, automaticamente à data do óbito do autor da herança; · Possui caráter indivisível, não pode aceitar apenas uma parte; · A aceitação não comporta condição ou termo; · Após aceitar a herança, o herdeiro fica impedido de renunciá-la. Espécies da aceitação: · Expressa: resulta de declaração escrita, pública ou particular, do herdeiro manifestando seu desejo de receber a herança; · Tácita: quando resulta de conduta própria de herdeiro, que demonstrem a intenção de aceitar a herança; e · Presumida: se houver ausência de qualquer manifestação do herdeiro, dentro do prazo de 30 dias, requerido por algum interessado ao juiz, após 20 dias da abertura da sucessão, para pronunciar-se. Características da renúncia: · É o ato pelo qual o herdeiro declara, expressamente, que a não quer aceitar, preferindo conservar-se completamente estranho à sucessão; · Exige plena capacidade jurídica do renunciante, se efetivada pelo incapaz não terá validade, ainda que manifestada por seu representante; · É irrevogável; · A parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente; · Ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante; · O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra. Espécies da renúncia: · Abdicativa (renúncia propriamente dita): quando o herdeiro a manifesta sem ter praticado qualquer ato que exprima aceitação, logo ao iniciar o inventário ou mesmo antes, em benefício do monte, sem indicação de qualquer favorecido; · Translativa: quando o herdeiro renuncia em favor de determinada pessoa, citada nominalmente; · Deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial; · Não pode ser tácita, nem se presume. Dos excluídos da sucessão · São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I — que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoade cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; · Se culposo, não acarreta a exclusão. II — que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; · Em nenhuma delas é prevista a tentativa. III — que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. · A exclusão tem natureza punitiva, não pode assim prejudicar os descendentes daquele que foi excluído pela sentença de indignidade, e o sucedem, por representação, como se o indigno morto fosse; · O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão; · O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles; · A exclusão por indignidade só será declarada por sentença com o trânsito em julgado. Da herança jacente Conceito: quando não há herdeiro certo e determinado, ou quando se não sabe da existência dele, ou, ainda, quando é renunciada; · Consiste num acervo de bens, administrado por um curador, sob fiscalização da autoridade judiciária, até que se habilitem os herdeiros, incertos ou desconhecidos, ou se declare por sentença a respectiva vacância · O Estado ordena sua arrecadação, para o fim de entregá-lo aos herdeiros que aparecerem e demonstrarem tal condição. Somente quando, após as diligências legais, não aparecerem herdeiros, é que a herança, até agora jacente, é declarada vacante, para o fim de incorporar-se ao patrimônio do Poder Público; Herança vacante — quando é devolvida à fazenda pública por se ter verificado não haver herdeiros que se habilitassem no período da jacência. · É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança.
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