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Apostila Direito Das Sucessoes UNIP 2022-2

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Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2022-2 1
DIREITO DAS SUCESSÕES
“A morte sempre chega pontualmente na hora incerta”.
(Mário Quintana)
“Quando menos se espera, a vida já ficou para trás”
1. Considerações iniciais
É sabido que a morte, fato jurídico de alta relevância, desencadeia uma série de efeitos que afetam
profundamente as relações jurídicas entre os indivíduos. No Brasil, como em grande parte dos países
ocidentais, evita-se falar sobre a morte porque traz “má sorte” e lembra sofrimento, dentre outros
aspectos. Entretanto, é preciso ser objetivo e encarar que o homem desaparece, mas os bens continuam.
O direito de herança é assegurado pela Constituição Federal no art. 5º, inc. XXX e o Código Civil
disciplina o Direito das Sucessões nos artigos 1.784 a 2.027.
1.1 Histórico
Tem-se informações históricas que o marco da sua existência manifesta-se muito antes do nascimento de
Cristo.
A origem deste ramo do direito diz respeito aos mais remotos tempos, ligada à idéia de comunidade da
família e religiosidade. Antigamente preocupava-se mais com ordem religiosa do que patrimonial em
proceder a transferência de bens e direitos. O Direito das Sucessões no passado esteve ligado a fatores
religiosos, quanto a família e a valores sociais e culturais. 
Exemplo: em Roma, o titular do patrimônio era o pater familia, sendo que o herdeiro (filho mais velho)
substituía o falecido em todas as relações jurídicas (direitos e obrigações), assim como na religião, na
medida em que era o continuador do culto familiar. Não havia grau de parentesco, nem testamento.
QUADRO RESUMO
Fundamento Religioso
Fundamento exclusivo na
Religião
Fundamento Biológico
A transmissão hereditária dos
bens é de continuação
biológica e psicológica dos
progenitores 
Fundamento Jurídico
A transmissão causa mortis
é a decorrência lógica do
direito de propriedade
O direito das sucessões ao longo dos tempos, tem se firmado como um ramo do direito alicerçado por
princípios constitucionais, tendo como fundamento principal o direito de propriedade. Todavia não
afastando da proteção da família de tempos passados.
2. CONCEITOS:
Direito das Sucessões: Conjunto de normas que disciplina a transferência do patrimônio de alguém,
depois da sua morte, ao herdeiro em virtude de lei ou de testamento.
Disposições que regem a transmissão de bens ou valores e dívidas do falecido, ou seja, a transmissão do
ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro. O herdeiro insere-se na titularidade de uma relação jurídica
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2 
advinda do falecido, assume direitos e obrigações do antigo titular.
O falecido é chamado autor da herança ou de cujus – esta expressão latina é a abreviatura da frase “de
cujus sucessione (ou hereditatis) agitur” – aquele de cuja sucessão (ou herança) se trata. 
HERANÇA: É o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em razão da morte, a uma pessoa
ou a um conjunto de pessoas, que sobrevivam ao falecido. Somatório em que se incluem os bens e as
dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e as ações de que era titular
o falecido, e as que contra eles foram propostas, desde que transmissíveis.
ESPÓLIO: o acervo hereditário recebe o nome de espólio. Trata-se de massa patrimonial administrada e
representada pelo inventariante. Constitui-se em uma universalidade de bens de existência transitória.
Não tem personalidade jurídica, mas tem capacidade jurídica para demandar e ser demandado (art. 12, V,
CPC).
3. O VOCÁBULO SUCESSÃO:
Do latim succedere, traduz a ideia de alguém que assume o lugar de outra pessoa, passando a responder
pelos seus bens, direitos e obrigações.
A palavra sucessão, na acepção jurídica, apresenta dois sentidos:
 em sentido amplo: ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na
titularidade de determinados bens e direitos. Ato pelo qual alguém sucede a outrem, investindo-se
no todo ou em parte nos direitos que lhe pertenciam. Trata-se da sucessão intervivos. Ex: Numa
compra e venda, o comprador sucede ao vendedor; numa doação, o donatário sucede ao doador.
Isto ocorre em todos os modos derivados de adquirir o domínio ou o direito. Não se verifica
apenas no direito das obrigações, ocorre também no direito das coisas (Ex: acessio possessionis),
e até no direito de família, quando os pais decaem do poder familiar e são substituídos pelo tutor
nomeado pelo juiz.
 em sentido estrito: a palavra é usada para designar a sucessão decorrente da morte de alguém.
Designa a transferência parcial ou total de herança a um ou mais herdeiros. É a sucessão causa
mortis ou mortis causa.
4. PRINCÍPIO DA SAISINE (ou direito de saisine)
Em francês se pronuncia “cesíni” 
Surgiu na Idade Média e foi instituído pelo direito costumeiro francês. Instituído na França desde o século
XIII, determina que a propriedade e a posse da herança passem aos herdeiros com a morte do de cujus.
O próprio falecido transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança (le mort saisit le vif). Isto ocorre
por efeito direto da lei. 
Encontra-se no art. 1784 do CC: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.
Embora a morte não se confunda com a transmissão da herança, já que a morte é pressuposto para a
transmissão da herança, a lei, por uma ficção, torna-as coincidentes em termos cronológicos, presumindo
que o próprio falecido investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio, porque o
patrimônio não pode ficar sem titular.
Por força desse princípio, no mesmo instante em que acontece a morte, abre-se a sucessão e transmite-
se a herança aos herdeiros legítimos e testamentários, ainda que ignorem o fato da morte. 
Não há direito subjetivo sem titular, por isso os bens não podem ficar sem donos.
5.1. Consequências:
Deste princípio decorrem várias consequências, dentre elas podemos destacar:
- A legitimação para suceder é regulada pela lei vigente ao tempo da abertura da sucessão (art. 1787) Ex.
morte antes da CF/88 - o filho adotado nada herda se concorre com filhos consanguíneos do adotante,
mesmo que o inventário seja feito após a CF/88
- O herdeiro que sobrevive ao de cujus, mesmo que por um instante, herda os bens deixados e os
transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida;
- é na ocasião da transmissão da herança (ou seja no momento da morte) que se deve verificar o valor
dos bens que compõem o acervo hereditário, de forma a determinar o monte partilhável e o valor do
imposto de transmissão causa mortis. (Súmula 112 do STF dispõe: O imposto de transmissão causa
mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão).
OBS: DIFERENÇA ENTRE MEAÇÃO E HERANÇA: Cabe lembrar que os institutos da meação e da
sucessão se diferenciam. A meação decorre do Direito de Família e se refere à divisão dos bens comuns,
dependendo do regime matrimonial de bens. Por outro lado, a sucessão ocorre sobre os bens deixados
pelo falecido, sendo deferida a transmissão causa mortis. Assim, excluída a meação há o patrimônio do
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2022-2 3
falecido, que é a herança a ser dividida legalmente entre os herdeiros.
6. DA SUCESSÃO EM GERAL
Art. 6º, CC. – “A existência da pessoa natural termina com a morte real.”
Exige-se a prova da morte real, mediante apresentação da certidão de óbito. Cabe ao médico atestar o
óbito, indicar a data e a hora em que ocorreu. É o registro do óbito que prova a morte (art. 9º, inc. I, CC). 
A morte é o fato que transforma a mera expectativa do herdeiro em direito. Não há que se falar em
herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão do ausente, presumindo-lhe a
morte.
6.1. Morte presumida: mais de uma circunstância enseja a declaração da morte presumida: ausência
(art. 6º); quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigode vida (art. 7º, I); e se
alguém desaparece em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra (art. 7º, II). O art. 6º trata da morte presumida do ausente.
6.2. Ausente: pessoa que desaparece sem dar notícias e sem deixar representante para administrar seus
bens. (Ex: marido que vai comprar cigarro e nunca mais volta). A lei autoriza aos herdeiros do ausente a
ingressarem com o pedido de abertura da sucessão provisória num primeiro momento e, após 10 anos,
poderão requerer a sucessão definitiva, que também durará 10 anos. Nomeia-se curador ao ausente e
arrecadam-se os bens (art. 26 e seguintes do CC). Exceção no sistema sucessório, porque admite a
abertura da sucessão em razão de desaparecimento.
Obs.: Ausência difere de morte presumida (art. 7º do CC) Há situações em que, embora haja uma
evidência de morte, o corpo do de cujus não é encontrado por ter desaparecido em naufrágio, inundação ,
incêndio ou outra catástrofe. Para esses casos, a Lei de Registros Públicos (Lei 6015/73) prevê um
procedimento de justificação judicial. 
- LRP – processo de justificação do óbito
- CC – ação declaratória de morte presumida, onde o juiz fixa a data provável da morte.
O CC amplia no art. 7º, I e II, as hipóteses de morte presumida, que pode ser declarada sem a
decretação de ausência, usando a expressão genérica: “se for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida.” Neste caso, poderá ser requerida ação declaratória de morte presumida e não
simples justificação, depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento (art. 7º, § único)
Lembrar: Art. 1784 do CC (princípio da saisine)
Não há direito subjetivo sem titular (por isso os bens não podem ficar sem donos) No mesmo instante em
que acontece a morte, abre-se a sucessão. A herança transmite-se automaticamente aos herdeiros
legítimos e testamentários (ainda que estes ignorem o fato).
6.3 Comoriência – Art. 8º, CC: Quando duas pessoas morrem na mesma ocasião sem ser possível
precisar quem morreu primeiro, presumem-se simultaneamente mortas. Só interessa saber quem morreu
primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra. Do contrário, não existe interesse jurídico nessa
pesquisa. Deve haver mútuo direito sucessório entre os falecidos para que se invoque o art. 8º do CC.
6.4. ESPÉCIES DE SUCESSÃO
Art. 1786 – “a sucessão dá-se por lei ou ato de última vontade”
2.1 Quanto à fonte: a sucessão pode ser:
a) Legítima ou ab intestato – ocorre em virtude da lei
*Art. 1788 – pessoa que morre sem testamento, a herança é transmitida aos herdeiros legítimos indicados
na lei (art. 1829), de acordo com uma ordem de preferência (ordem de vocação hereditária). Representa
a vontade presumida do falecido de transmitir seu patrimônio às pessoas indicadas na lei, porque se
quisesse de outra forma teria deixado testamento.
*Art. 1788, segunda parte – a sucessão pode ser ao mesmo tempo legítima e testamentária - quando o
testamento não abrange todos os bens do de cujus, os não incluídos passam aos herdeiros legítimos
* Art. 1788, parte final – se o testamento caducar ou for julgado nulo, a sucessão será legítima. Ex: falta
dos bens deixados, revogação do testamento.
b) Testamentária – dá-se por disposição de última vontade, expressa em testamento ou codicilo.
Codicilo: ato de última vontade para disposições de pequeno valor. Ex: pessoa dispõe em um documento
assinado sobre como quer o seu enterro, ou para quem quer dar as suas jóias, suas roupas, etc.
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 4 
Art. 1846 – Havendo herdeiros necessários – herança dividida em duas partes: porção disponível e
legítima (assegurada aos herdeiros necessários).
Não havendo herdeiros necessários, a liberdade de testar é plena. Neste caso o testador pode afastar os
colaterais (art. 1850).
2.2 Quanto aos efeitos a sucessão pode ser:
a) Sucessão a título universal – o herdeiro sucede na totalidade, fração ou porcentagem da herança.
Ex: pai morre e deixa dois carros e duas casas, os herdeiros são chamados a suceder em todos os bens,
ou em frações ou partes ideais da herança e não sobre determinados bens. Ou o pai morre e deixa
testamento, os herdeiros são chamados a suceder na parte que lhes cabe.
- Pode ocorrer na sucessão legítima e na testamentária.
b) Sucessão a título singular – quando o testador deixa um bem certo e determinado (legado) ao
beneficiário (legatário). Legatário não é o mesmo que herdeiro. Não representa o falecido e não responde
pelas dívidas e encargos da herança. 
Legatário adquire a propriedade: 
- bens fungíveis- só na partilha 
- bens infungíveis – desde a abertura da sucessão 
Legatário adquire a posse:
- tanto dos bens fungíveis ou infungíveis pode requerer aos herdeiros, mas estes só são obrigados a
entregar após a partilha.
OBS1: A sucessão legítima é sempre a título universal porque transfere aos herdeiros a totalidade ou
fração ideal do patrimônio do de cujus. A sucessão testamentária pode ser a título universal ou a título
singular, conforme a vontade do testador.
OBS2: De forma expressa a lei proíbe pacto sucessório: a herança de pessoa viva não pode ser objeto
de contrato (art. 426, CC). Qualquer avença que afronte essa vedação legal é nula (art. 166, VI, CC).
6.5. ESPÉCIES DE SUCESSORES
6.5.1. Herdeiro Legítimo: indicado pela lei em ordem preferencial (art. 1829)
6.5.2. Herdeiro Testamentário (ou instituído): beneficiado em ato de última vontade, com uma parte
ideal do acervo hereditário, sem individuação dos bens.
6.5.3. Herdeiro Necessário (legitimário ou reservatário): é o ascendente, o descendente (parentes em
linha reta não excluídos da sucessão) e o cônjuge (art. 1.845).
6.5.4 Herdeiro Universal: herdeiro único. Recebe a totalidade de herança. Recebe os bens mediante
auto de adjudicação lavrado no inventário.
6.5.5. Legatário: sucessor contemplado em ato de última vontade (testamento ou codicilo) com bem
certo e determinado
Título Universal
O herdeiro é chamado para suceder na totalidade da
herança, fração ou parte dela, assumindo a
responsabilidade relativamente ao passivo. Ocorre na
Sucessão Legítima e na Sucessão Testamentária.
Título Singular
O testador deixa ao beneficiário um bem
certo e determinado (legado). 
O herdeiro não responde pelas dívidas da
herança.
6.6. LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO
Art. 1785 – no lugar do último domicílio do falecido – art. 48 do NCPC “o foro de domicílio do autor da
herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de
disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações
em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro”.
Esse é o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o óbito tenha ocorrido em
outro local (até no exterior) e mesmo que haja bens em outros lugares.
Anteriormente, o CPC de 1973 já previa como competente o foro de domicílio e, também, o da situação
dos bens ou da situação do óbito. Agora, independentemente do local do óbito, apenas se o autor da
herança não possuir domicílio certo é que prevalecerá o foro de situação dos imóveis (art. 49, parágrafo
único, I, NCPC). Se forem diferentes foros, qualquer destes (inciso II) ou, em última hipótese, se existirem
diversos bens, o local de quaisquer deles (inciso III).
A incompetência de foro deverá ser arguida em preliminar de primeiras declarações, com fundamento no
art. 64 do NCPC, que determina essa regra para a Contestação, aplicada ao procedimento de Inventário,
por analogia. Caso contrário, esta competência relativa será prorrogada (art. 65 NCPC).
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2022-2 5
Predomina o entendimento jurisprudencial que aberto o inventário em qualquer outro juízo, a
incompetência é relativa – prorrogável ante o silêncio dos interessados, não podeser reconhecida de
ofício pelo juiz.
A lei estabelece a competência da autoridade judiciária brasileira para o inventário dos bens aqui situados
(LINDB, art. 10). Se o falecido deixa bens fora do Brasil, o foro competente para o inventário é o do país
onde se situam os bens. OBS: O juízo do inventário atrai as ações que lhe sejam relativas.
7. DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO
7.1. Indivisibilidade e unidade da herança
A Herança é uma universalidade indivisível, é um todo unitário. Art. 1791 - a herança defere-se como um
todo unitário, ainda que haja vários herdeiros. 
Se há um herdeiro há uma herança. Se há 15 herdeiros há uma herança. Art. 1791, § único - até a
partilha, o direitos dos herdeiros é regido pelas normas relativas ao condomínio (art. 1314 a 1326 do CC).
Cada um dos herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em relação ao todo.
Antes da partilha nenhum herdeiro tem a posse ou a propriedade exclusiva sobre um bem certo e
determinado. Só a partilha individualiza os bens que cabem a cada herdeiro e atribui os quinhões de cada
sucessor.
A indivisibilidade nasce no momento da abertura da sucessão. A herança constitui um núcleo unitário.
Não é suscetível de divisão em partes materiais enquanto permanecer como herança.
O herdeiro pode alienar ou ceder sua quota ideal, antes da partilha (direito à sucessão aberta) – art. 80, II,
CC considera-o bem imóvel. Faz-se uma escritura pública de cessão de direitos hereditários. 
Arts. 1793 a 1795 cessão à pessoa estranha à sucessão – direito de preferência
O coerdeiro que não for informado sobre a cessão ou não concordar com ela pode depositar o preço em
juízo e receber a cota cedida a estranho – direito de preferência (regras relativas ao condomínio)
OBS: Cada um dos herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em relação ao todo.
A indivisibilidade diz respeito ao domínio e à posse dos bens hereditários, desde a abertura da sucessão
até a partilha.
OBS2: É ineficaz a cessão de direitos hereditários sobre qualquer bem da herança considerado
singularmente.
7.2. Administração da Herança - Responsabilidade dos herdeiros - Art. 1792, CC
Direito romano – o herdeiro respondia pelas dívidas do de cujus de forma ilimitada e absoluta. O seu
patrimônio se confundia com o do falecido, o que podia prejudicá-lo e prejudicar seus próprios credores.
Para evitar este inconveniente, após um tempo, permitiu-se a aceitação da herança livre das dívidas.
Finalmente, Justiniano em 531 disciplinou a aceitação da herança sob benefício do inventário, onde o
herdeiro só aceitava a herança se, após o inventário, se verificasse que o ativo superava o passivo.
No Brasil, o CC/1916 tornou regra a aceitação da herança sob benefício do inventário impondo que as
responsabilidades dos herdeiros nunca ultrapassariam as forças da herança. Tal determinação foi
reproduzida no art. 1792 do CC/02. (Pode-se dizer que no nosso ordenamento, a aceitação da herança é
sempre a benefício do inventário).
Assim, se o passivo for maior que o ativo, a situação é de insolvência civil – instaura-se procedimento de
declaração de insolvência (CPC, arts. 748 e NCPC, art. 618, VIII e 1052), incumbindo ao inventariante
requerê-la - concurso de credores, regendo-se as preferências e privilégios pelas regras próprias,
enquanto não vier lei especial venha a discipliná-lo diferentemente aplica-se o rito do CPC/1973. 
O herdeiro deve fazer o inventário para provar as forças da herança para os credores. Na ausência de
inventário ou com um inventário lacunoso, o herdeiro deve usar outros meios de prova para evidenciar o
“excesso” (existência de débito além das forças da herança).
No inventário é feito um levantamento do patrimônio do falecido, relacionando-se os bens, créditos e
débitos. As dívidas são da herança, que responde por elas (art. 1997). Só serão partilhados os bens e
valores que restarem depois de pagas as dívidas.
7.2. Cessão de direitos hereditários - Arts. 1793 a 1795
É próprio dos direitos patrimoniais a TRANSMISSIBILIDADE.
O direito à sucessão aberta, como qualquer direito patrimonial de conteúdo econômico, pode ser
comercializado. Se não houver nenhuma cláusula de inalienabilidade imposta aos bens deixados pelo de
cujus, o herdeiro pode promover a transferência de seus direitos ou quinhão por meio de cessão.
Não pode fazer isso depois de julgada a partilha 
Cessão da herança ou cessão de direitos hereditários – transferência que o herdeiro, legítimo ou
testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, que lhe compete após a abertura da
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 6 
sucessão - negócio jurídico translativo intervivos. Só pode ser celebrado após a abertura da sucessão.
Direito à sucessão aberta – bem imóvel – ainda que todos os bens deixados sejam móveis.
Como o direito a sucessão aberta é considerado bem imóvel, o negócio jurídico exige escritura pública e
outorga uxória ou marital, como condição de validade do negócio.
O que se considera imóvel não é o direito aos bens componentes da herança, mas o direito à herança,
como uma unidade abstrata.
O cessionário adquire a título universal, porque recebe uma cota-parte do patrimônio. 
Pode ser gratuita (assemelhando-se a uma doação) ou onerosa (assemelhando-se a uma compra e
venda.
O cedente garante a existência do direito cedido, não a sua extensão ou quantidade de bens, correndo o
cessionário o risco da herança ser mais ou menos absorvida pelas dívidas. O cessionário assume o lugar
e a posição jurídica do cedente (mas não assume a qualidade de herdeiro, que é pessoal e intransferível),
fincando sub-rogado em todos os direitos e obrigações, como se fosse o próprio herdeiro, recebendo, na
partilha, o que o herdeiro cedente haveria de receber.
O coerdeiro pode ceder quota-parte ou parcela de quota-parte da herança, mas nunca um ou mais bens
determinados – Isso decorre da Indivisibilidade da herança e da incerteza relativa aos bens que tocarão a
cada coerdeiro por ocasião da partilha.
Se o cedente discriminar as coisas que pretende alienar, a alienação será ineficaz perante os outros
coerdeiros (art. 1793, § 2º). Nada impede que o cedente especifique um bem como integrante de sua
quota-parte, mas isso não obriga os demais herdeiros – se estes concordarem com a cláusula inserida no
instrumento de cessão, podem acordar que o bem especificado faça parte da quota que caberia ao
cessionário, mas não estão obrigados a fazê-lo.
OBS: Art. 1793, §1º, CC
A cessão abrange os direitos hereditários havidos até a data da realização da cessão. Se depois dela,
houver em favor do cedente substituição (ele ser indicado no lugar de herdeiro ou legatário que não
aceitar ou não puder aceitar a herança) ou direito de acrescer (ex. renúncia de coerdeiro), os direitos
resultantes presumem-se não abrangidos no ato de alienação do quinhão hereditário. Direito de
preferência do coerdeiro
Sendo o direito à posse e propriedade da herança indivisível, aplicando-se as normas relativas ao
condomínio (art. 1791) o coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à
sucessão se outro herdeiro a quiser, tanto por tanto – ART. 1794 (LER)
- ART. 1795 - Repete a regra do art. 504, caput, do CC – condomínio
O coerdeiro preterido pode exercer seu direito de preferência ou prelação, pela ação de preempção,
ajuizada no prazo decadencial de 180 dias, contados da data em que teve ciência da alienação, e na qual
efetuará o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida a terceiro.
Qualquer impugnação à cessão, que não puder ser decidida de plano pelo juiz, as partes devem recorrer
às vias ordinárias, ficando reservada a quota da herança sub judice.
A preferência só pode ser exercida nas cessões onerosas, como se depreende da expressão “tanto por
tanto”. Se é feita gratuitamente não há direito do coerdeiro, assim como se é feita a outro coerdeiro que,
logicamente, não é pessoa estranha à sucessão.7.3. Abertura do Inventário - Art. 1796 
O inventário deve ser instaurado no prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão.
O art. 611 do NCPC, prevê o prazo de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se
nos 12 (doze) meses subsequentes – o juiz pode prorrogar estes prazos de ofício ou a requerimento das
partes. OBS: Cada Estado pode instituir multa sobre o imposto a recolher, como sanção pela não
observância desse prazo (STF, Súmula 542).
Inventário: processo em que se faz a relação, descrição e avaliação dos bens deixados. Apura-se o
patrimônio do de cujus, pagam-se as dívidas passivas, cobram-se as dívidas ativas, pagam-se os
legados, o imposto causa mortis e procede-se à partilha, com a expedição dos formais.
OBS: O inventário até a Lei 11.441/07 era um procedimento judicial e contencioso. 
O art. 610 do NCPC continua a permitir o inventário extrajudicial por escritura pública, desde que todos os
interessados sejam capazes e haja acordo. Havendo incapaz ou testamento, o inventário será judicial.
7.3.1 Administração provisória da herança
Até que o inventário seja instaurado, seja nomeado inventariante e este preste compromisso, o espólio
continua na posse do administrador provisório (art. 613 NCPC).
A administração provisória da herança, até o compromisso do inventariante, cabe, sucessivamente (art.
1797): a) ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; b) ao
herdeiro que estiver na posse e administração dos bens e, se houver mais de um nessas condições, ao
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2022-2 7
mais velho; c)ao testamenteiro; d) a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos
incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do
juiz.
OBS: Na prática, somente em heranças de grande monta ou quando há dificuldades para nomear-se um
inventariante, é que surge a figura do administrador provisório.
7.4. Legitimação para suceder
Regra – legitimidade passiva - Vigora o princípio de que todas as pessoas têm legitimidade para suceder,
exceto aquelas expressamente excluídas.
Art. 1798 – pessoas nascidas ou já concebidas (assegura-se os direitos do nascituro) – Vale tanto pra
sucessão legítima como para a testamentária. Se o feto nascer morto, não há aquisição de direitos, não
recebe nem transmite direitos. Sua quota hereditária será devolvida aos herdeiros legítimos do de cujus,
ou ao substituto testamentário, se tiver sido indicado.
“Pessoas” - Não podem ser contemplados animais, salvo indiretamente, pela imposição a um herdeiro
testamentário do encargo de cuidar de um animal especificamente.
Tanto as pessoas naturais como as jurídicas, de direito público ou privado, podem ser beneficiadas por
testamento.
Excluem-se as coisas inanimadas e as entidades místicas, como os santos.
Só as pessoas vivas ao tempo da abertura da sucessão podem ser herdeiras. Se no instante da abertura
da sucessão o herdeiro já é morto, defere-se a herança aos outros da sua classe, ou aos da classe
imediata se for o único.
7.4.1 Legitimação para suceder por testamento - Art. 1799, CC
Indica outras pessoas que também podem ser contempladas, além das existentes ou já concebidas
quando da abertura da sucessão. – pessoas que só podem receber herança ou legado por disposição de
última vontade.
- Inciso I – exceção à regra – permite que os filhos não concebidos (prole eventual), de pessoas indicadas
pelo testador, e vivas ao abrir-se a sucessão, possam receber a herança. O testador dá um salto,
passando por cima dos genitores, contemplando os filhos que estes tiverem, e se tiverem.
Após a liquidação ou a partilha, os bens da herança serão confiados a um curador, nomeado pelo juiz
(art. 1800). ART. 1801 – o curador poderá ser a própria pessoa cuja prole eventual o testador quis
contemplar, e sucessivamente, às pessoas que podem ser nomeadas curadoras do interdito (art. 1775).
OBS: Neste caso, não se trata mais do nascituro, mas sim do concepturo.
- Prazo de espera – 02 anos (art. 1800, § 4º)
Inciso II – Pessoas jurídicas - A existência legal das pessoas jurídicas começa com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC)
Inciso III – Fundações (art. 62, CC) - Podem ser criadas por escritura pública ou por testamento. Por não
existir, ainda, a pessoa jurídica idealizada pelo testador, os bens ficarão sob a guarda provisória da
pessoa encarregada de instituir a fundação, até o registro de seu estatuto, quando passará a ter
existência legal.
7.5. Não podem ser nomeados herdeiros testamentários nem legatários (art. 1801, CC)
Pessoas que não podem adquiri por testamento por serem consideradas suspeitas. Poderiam abusar da
confiança do testador e alterar sua vontade para obter algum benefício para si ou para seus parentes,
cônjuge ou companheiro. Poderiam até interferir na liberdade do testador.
Art. 1802 – nulas as disposições feitas às pessoas que são proibidas de suceder. Presume-se a
interposição de pessoas quando são beneficiados os previstos no parágrafo único do art. 1802
Art. 1803 – logicamente que é lícita, porque não há discriminação entre filhos. Independentemente da
origem da filiação, todos os filhos têm os mesmos direitos (art. 227, §6º, CF)
8. ACEITAÇÃO DA HERANÇA
8.1.Conceito: Ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro legítimo ou testamentário manifesta a vontade
de aceitar a herança.
Trata-se de uma confirmação, já que, aberta a sucessão, a herança transmite-se desde logo aos
herdeiros legítimos e testamentários (art. 1784 – Princípio da Saisine)
Revela a concordância do beneficiário em receber a herança. Só é herdeiro quem deseja sê-lo. Ninguém
deve ser herdeiro contra a própria vontade.
A aceitação torna definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (tem
efeitos ex tunc).
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Tem efeito retro-operante – retroage à data do óbito.
A aceitação nada mais é do que o não exercício do direito de renunciar à herança.
OBS: A aceitação costuma ser tácita (o herdeiro pratica atos que demonstram a intenção de aceitar a
herança, como por ex: intervir no inventário, representado por advogado, concordando com as primeiras
declarações).
8.2. Espécies de aceitação
8.2.1. Quanto à forma:
a) Aceitação expressa – é manifestada por declaração escrita (pública ou particular) em que o herdeiro
declara seu desejo de receber a herança (art. 1805, 1ª parte). Manifestação oral não vale como
aceitação.
b) Aceitação tácita – resulta de qualquer ato que demonstre intenção de aceitar a herança (art. 1805, 2ª
parte). Ex: intervenção no inventário, representado por advogado, concordando ou impugnando as
primeiras declarações; cessão de direitos, etc.
OBS: Já se decidiu que o simples requerimento de abertura de inventário não traduz o propósito de
aceitar a herança, por se tratar de obrigação legal do herdeiro. Também não exprimem aceitação os atos
oficiosos, como o funeral, os meramente conservatórios ou de administração e guarda provisória (art.
1805, § 1º, CC) – não importam automaticamente em aceitação da herança.
Clóvis Beviláqua define:
 atos oficiosos –organização do velório, funeral, cerimônias religiosas (atos praticados por
sentimento humanitário, altruísta, sem qualquer interesse).
 atos meramente conservatórios – necessários e urgentes para impedir a perda ou deterioração
dos bens.
 atos de administração ou guarda provisória – praticados pelo herdeiro para atender uma
necessidade urgente, sem a intenção de ter os bens para si, ou seja, com o ânimo de entregá-los,
logo que possível, a quem deva guardá-los e conservá-los.
OBS1: O herdeiro pode pagar as dívidas do morto por motivos de ordem moral, por exemplo, e isso não
necessariamente importará em aceitação da herança.
OBS2: O art.1805, § 2º, dispõe que: a cessão gratuita pura e simples aos demais coerdeiros não importa
em aceitação. Tal ato equivale a uma renúncia.
c) aceitação presumida (art. 1807, CC) - Ocorre quando algum interessado em saber se o herdeiro aceita
ou não a herança, requer ao juiz, depois de passados 20 dias da abertura da sucessão, que marque ao
herdeiro (por meio de notificação judicial) prazo razoável (não maior que 30 dias), para se pronunciar se
aceita ou não a herança, SOB PENA DE HAVER A HERANÇA POR ACEITA.
Notificação judicial. Juízo competente – juízo do inventário.
Direito (prazo) para deliberar – esgotado o prazo estipulado pelo juiz para que o herdeiro manifeste se
aceita ou não a herança, o seu silêncio será interpretado como aceitação.
Nesta espécie de aceitação não há nenhum ato positivo do herdeiro, a simples omissão é tida como
aceitação da herança.
8.2.2 Quanto à pessoa que a manifesta (ou quanto ao agente):
a) Aceitação direta – feita pelo próprio herdeiro.
b). Aceitação indireta – quando alguém a faz pelo herdeiro. Esta pode acontecer em quatro hipóteses:
1) Aceitação pelos sucessores – o herdeiro que falece antes de aceitar a herança morre na posse
de um direito, que se transmite aos seus sucessores. Trata-se de sucessão hereditária do direito
de aceitar/renunciar (art. 1809, caput, CC) A morte do herdeiro antes da aceitação da herança
impede a transmissão direta da herança (ainda não aceita) aos seus sucessores, mas transfere-
lhes o direito de aceitá-la ou renunciá-la. Não apenas os direitos sucessórios são transmitidos,
como também o prazo para deliberar. Esta espécie de aceitação (pelos sucessores) não ocorre na
pendência de condição suspensiva, estipulada pelo testador, ainda não verificada (art. 1809,
caput). Pois, se o herdeiro falecer antes do implemento da condição, o seu direito sucessório será
extinto, já que a condição suspensiva obsta à aquisição do direito (art. 125, CC). Ex: o testador
nomeia Joselito como seu herdeiro, sob a condição de obter o primeiro lugar em determinado
concurso público. Se Joselito falecer antes de verificada a condição (ou seja, antes de passar no
tal concurso), os eventuais direitos que ele receberia são como se nunca tivessem existido. Os
herdeiros de Joselito não o sucederão no direito de aceitar a herança. 
- art. 1809, parágrafo único – impõe uma condição para que os sucessores do herdeiro falecido
possam aceitar ou renunciar à primeira herança – devem concordar em receber a segunda
herança. Ex: Falece José e deixa dois filhos. Um dos filhos (Joselito) morre antes de aceitar a
herança, transmitindo seus bens para os seus filhos. Estes últimos (filhos de Joselito) só poderão
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aceitar a herança do avô (José) em nome do pai (Joselito), se previamente aceitarem a herança
paterna. Se renunciarem à herança do pai (Joselito) não poderão deliberar sobre a herança do
avô (José).
2) Aceitação pelo tutor ou curador – mediante autorização judicial (art. 1748, II, c/c art. 1781, CC).
O tutor ou curador pode receber herança, legado, doações, representando o incapaz.
3) Aceitação por mandatário (art. 653 a 692, CC) ou por gestor de negócios (arts. 861 a 875, CC).
É pacífico o entendimento de que se admite a aceitação da herança por procurador (mandatário).
Porém é controvertida a aceitação feita pelo gestor de negócios.
- Gestão de negócios – ocorre quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na
administração do negócio alheio, dirigindo-o segundo a vontade e o interesse presumível de seu
dono. Trata-se de uma intervenção motivada pela necessidade ou utilidade, com a intenção de
trazer proveito para o dono do negócio.
OBS: A princípio nada impede que a herança seja aceita pelo gestor de negócios, para evitar
prejuízos ao herdeiro, mesmo sem sua autorização. Para alguns autores, ela está condicionada à
confirmação posterior do herdeiro. Para outros, não é necessário confirmar, mas a aceitação só é
válida quando a não aceitação imediata pudesse prejudicar o herdeiro, uma vez que a ausência
de aceitação, o silêncio do herdeiro, importa em aceitação.
4) Aceitação pelos credores - Art. 1813 – afasta a possibilidade de haver renúncia lesiva a
credores. A renúncia à herança pode configurar fraude contra credores. Se o herdeiro prejudicar
credores com sua renúncia à herança, os credores podem aceitá-la em nome do renunciante, nos
autos do inventário não encerrado, mediante autorização judicial. O devedor não pode abrir mão
de seu patrimônio lesando os credores. O que ocorre neste caso é que a renúncia é ineficaz em
relação aos credores. Tanto que pagas as dívidas, o que sobrar não retorna ao herdeiro
renunciante, mas é dividido entre os demais cerdeiros. Pode-se dizer que a renúncia não é eficaz
até o montante das dívidas do herdeiro. Prazo decadencial de 30 dias para os credores se
habilitarem no inventário – art. 1813, § 1º (a contar do conhecimento da renúncia) – cabe aos
credores provar quando tomaram conhecimento da renúncia prejudicial efetuada pelo herdeiro. -
Se o processo de inventário já estiver encerrado ou se houver decorrido o prazo para o credor se
habilitar, este deverá se valer da ação pauliana para anular o negócio jurídico fraudulento (art. 158
a 165, CC). Pagas as dívidas, o remanescente é devolvido aos herdeiros e não ao renunciante,
que perdeu a condição de herdeiro.
8.3. Características da aceitação
 Ato jurídico unilateral – porque se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade;
 de natureza não receptícia – porque não depende de ser comunicado a outrem para que produza
efeitos;
 indivisível e incondicional – não se pode aceitar a herança em parte, sob condição ou a termo (art.
1808, CC)
A herança deve ser aceita sempre na sua totalidade. O herdeiro não pode aceitar apenas uma parte ou
fração do quinhão que lhe cabe na herança, nem pode aceitar determinados bens e outros não, ou ainda,
desde certo tempo ou até certo tempo. Ex: receber apenas bens imóveis – não é possível.
OBS: art. 1808, § 1º - Se o sucessor do de cujus for ao mesmo tempo herdeiro e legatário, poderá aceitar
a herança e o legado; renunciar a ambos; aceitar a herança e renunciar ao legado ou aceitar o legado e
renunciar a herança.
- art. 1808, § 2º - o herdeiro chamado à sucessão a mais de um quinhão hereditário, sob títulos
sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. Uma
pessoa pode ser ao mesmo tempo herdeiro legítimo e herdeiro testamentário (sucessores a título
universal). São heranças com origens diferentes. Por isso pode aceitar um quinhão e renunciar ao outro.
À primeira vista pode parecer que os §§ 1º e 2º do art. 1808 abririam exceções ao princípio da
indivisibilidade da herança. Mas as exceções são apenas aparentes, porque em ambos os casos
permanece a proibição de aceitar ou renunciar à herança parcialmente.
O que ocorre é que no § 1º difere-se herança de legado e no § 2º as heranças têm origens distintas
(sucessão legítima e sucessão testamentária).
8.4. Irretratabilidade da aceitação (art. 1812, CC)
Os atos de aceitação e renúncia são irrevogáveis. Como declaração unilateral da vontade, a aceitação
gera efeitos imediatos e definitivos.
Depois de agir como herdeiro, este não pode mais renunciar, não pode abrir mão da condição de
herdeiro.
O herdeiro, depois de já ter aceito a herança por escrito (aceitação expressa), ou já ter praticado atos
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 10 
típicos de herdeiro (aceitação tácita) ou já ter silenciado quando notificado a se manifestar (aceitação
presumida), não pode mais renunciar à herança, o que poderá fazer é ceder seus direitos hereditários.
9. RENÚNCIA DA HERANÇA
9.1. Conceito
- Ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro manifesta a intenção de não aceitar a herança. O herdeiroprefere conservar-se completamente estranho à sucessão. É o repúdio manifestado pelo sucessor antes
de assumir a postura de herdeiro e enquanto não agir como herdeiro.
- Como já dito, o herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. Sua recusa denomina-se renúncia ou
repúdio.
OBS: a transferência do quinhão hereditário à pessoa certa não é renúncia, é cessão. Acontece como na
aceitação, ou seja, tem efeito retro-operante (ex tunc), o herdeiro que renuncia é havido como se nunca
tivesse sido herdeiro e como se nunca a sucessão lhe houvesse sido deferida. Tanto o herdeiro legítimo
como o testamentário e o legatário podem renunciar.
OBS2: A renúncia é sempre gratuita. A cessão pode ser gratuita ou onerosa e é feita em favor de
determinada pessoa. Na renúncia o herdeiro não pode escolher quem ficará com o seu quinhão.
OBS3: Na renúncia o herdeiro abdica de todos os direitos, se afasta do inventário sem nada receber e
sem dirigir o seu quinhão para uma ou mais pessoas. Se quiser contemplar determinada pessoa, não se
trata de renúncia, mas sim de cessão.
OBS4: Quando o herdeiro legítimo renuncia, os bens retornam ao acervo hereditário e são recebidos
pelos demais herdeiros. Os coerdeiros recebem a parte do renunciante por “direito de acrescer”.
Desconstitui-se o ato translativo ocorrido no momento da morte e gera-se a ficção de o renunciante
jamais ter sido herdeiro.
9. 2. Forma - Art. 1806
A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público (escritura pública juntada aos
autos de inventário) ou termo judicial (lavrado nos próprios autos de inventário). Escrito particular não
serve.
No inventário extrajudicial – a renúncia pode ser levada a efeito na escritura pública do inventário.
OBS: Termo nos autos é a forma mais simples e menos dispendiosa. Pode ser assinado pela parte ou por
procurador com poderes especiais (art. 661, § 1º, CC)
A renúncia é negócio solene – sua validade depende de observância da forma prescrita em lei. Não pode
ser tácita e nem se presume (deve ser feita por escritura pública ou termo nos autos). Deve resultar de
ato positivo. Também não se admite promessa de renúncia porque implicaria em pacto sucessório (o que
é proibido por lei – art. 426, CC).
Não é válida se for manifestada em documento particular. O STJ já decidiu no Resp 431965/SP: “CIVIL.
HERANÇA. RENÚNCIA. A renúncia à herança depende de ato solene, a saber, escritura pública ou termo
nos autos de inventário; petição manifestando a renúncia, com a promessa de assinatura do termo
judicial, não produz efeitos sem que essa formalidade seja ultimada. Recurso especial não conhecido.”
OBS2: Como não se pode aceitar a herança em parte, também não pode haver renúncia em parte. Mas
como já visto, pode haver renúncia da herança e aceitação do legado e vice-versa – art. 1808, CC. 
9.3. Espécies de Renúncia
9.3.1. Abdicativa ou propriamente dita (renúncia própria) - Ocorre quando o herdeiro a manifesta sem ter
praticado qualquer ato que exprima aceitação e quando é pura e simples (em benefício do monte, sem
indicação de qualquer favorecido). Art. 1805, § 2º, CC (o legislador usa equivocadamente a expressão
“cessão gratuita, pura e simples” como sinônimo de renúncia. Melhor seria se tivesse usado o termo
renúncia) Esta é a verdadeira renúncia, feita gratuita e genericamente em favor de todos os coerdeiros.
Nesta o único imposto devido é o causa mortis. O renunciante não paga o imposto causa mortis porque
não participou da sucessão
9.3.2. Renúncia Translativa ou imprópria - Ocorre quando o herdeiro renuncia em favor de determinada
pessoa. Na verdade, não se trata de renúncia e sim de cessão da herança. OBS: Pode-se dar esse nome
(renúncia translativa) também no caso da renúncia pura e simples, se manifestada depois da prática de
atos que importem em aceitação da herança (habilitação no inventário, concordando com as primeiras
declarações, p.ex.). No caso da renúncia feita em favor de determinada pessoa (que é cessão na
realidade), são devidos dois impostos. O causa mortis e o intervivos. Ex: Se o filho renuncia à herança
paterna em favor de seus filhos, presume-se que aceitou a herança (incide o imposto causa mortis) e
transmitiu aos filhos por ato intervivos (incide o imposto intervivos) ITCMD
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2022-2 11
9.4. Restrições Legais ao Direito de Renunciar
Para que possa ser exercido, são necessários alguns pressupostos:
9.4.1 Capacidade jurídica plena do renunciante – a renúncia exige agente capaz Renúncia efetivada por
incapaz não tem validade, ainda que feita por seu representante legal (vez que este tem poderes de
administração e não de alienação). O representante legal do incapaz só poderá renunciar mediante prévia
autorização judicial, e o juiz somente a concederá se provada a necessidade ou evidente utilidade para o
incapaz- art. 1691, CC (o que dificilmente ocorre em se tratando de renúncia de direitos).
9.4.2 Anuência do cônjuge - Se o renunciante for casado é necessária a anuência (outorga marital ou
uxória), exceto se o regime de bens for o da separação de bens (art. 1647, I, CC). Se o regime for o da
participação final nos aquestos com cláusula de livre disposição dos bens imóveis particulares, não é
necessária a anuência do cônjuge (art. 1656, CC) e porventura o cônjuge discordar e recusar a dar sua
anuência sem motivo justo, poderá o juiz suprir a outorga denegada (art. 1648, CC).
9.4.3 Que não prejudique credores - Não pode haver renúncia lesiva a credores (art. 1813, CC). Se
ocorrer os credores podem aceitar a herança em nome do renunciante, mediante autorização judicial nos
autos do inventário.
 
9.5. Efeitos da Renúncia
9.5.1. Exclusão da sucessão do herdeiro renunciante – é o primeiro e principal efeito da renúncia (afastar
o renunciante da sucessão). Quem renuncia deixa de ser herdeiro desde a abertura da sucessão (efeito
ex tunc). Princípio da Saisine – com a abertura da sucessão a herança transmite-se desde logo ao
herdeiro. MAS, se ele a renuncia, a transmissão tem-se como se não efetuada (art. 1804, p. único, CC).
9.5.2. Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe (art. 1810, 1ª parte) -
Se o de cujus tinha vários filhos e um deles renuncia, a sua quota passa aos irmãos, pois o renunciante é
considerado como se nunca tivesse existido. Diferente da morte – se o de cujus tinha vários filhos e um
dele é premorto, a sua parte passará aos filhos (netos do falecido) – que herdarão por representação. Art.
1810, 2ª parte –Se o renunciante for o único da sua classe a herança passa aos da classe subsequente.
Então se o de cujus deixa um filho único e este renuncia á herança, esta passa aos filhos do renunciante
– que herdarão por direito próprio e por cabeça. Diferente da pré-morte, em que os filhos herdam por
representação ou estirpe.
9.5.3. Proibição da sucessão por representação - O destino da herança deve ser compatível com a ideia
de que o renunciante desaparece da sucessão. Art. 1811, 1ª parte – ninguém pode suceder
representando herdeiro renunciante. Se um filho do renunciante lhe toma o lugar na sucessão,
representando-o, não teria aquele na verdade saído da sucessão, pois continuaria representado pelo
filho. Art. 1811, 2ª parte – Se porém o renunciante for o único da sua classe, ou se todos os outros da
mesma classe renunciarem à herança, poderão os filhos vir à sucessão por direito próprio e por cabeça.
LOGO, a parte do renunciante só passa aos filhos se ele for o único de sua classe ou se todos os outros
da mesma classe renunciarem. Cabe destacar que a herança será dividida em partes iguais (entre os
netos), mesmo que o morto tenha deixado vários filhos renunciantes, cada qual com diversa quantidade
de filhos.
9.6. Ineficácia e Invalidade da Renúncia
 Ineficácia – pode ocorrer pela suspensão temporária dos efeitos da renúncia pelo juiz, a pedido
dos credores prejudicados, a fim de se pagarem.
 Invalidade absoluta(nulidade) – ocorre se não houver sido feita por escritura pública ou termo
judicial, ou quando manifestada por pessoa absolutamente incapaz, não representada e sem
autorização judicial.
 Invalidade relativa (anulabilidade) – quando proveniente de erro,dolo ou coação, a ensejar a
anulação do ato por vício de consentimento, ou quando realizada sem a anuência do cônjuge.
9.7. Irretratabilidade Da Renúncia art. 1812
São irrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança. Logo, não há que se falar em
arrependimento do renunciante Depois de ter revelado que assumiu os bens que lhe foram transmitidos
(por escrito ou agindo como herdeiro), não pode mais renunciar. Isso porque a lei não admite
comportamentos contraditórios – Princípio “nemo potest venire contra factum poprium” que tutela a
confiança e não tolera condutas incoerentes. Se o herdeiro aceita a herança, não pode renunciá-la, o que
pode fazer é cessão.
10. EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
A sucessão hereditária fundamenta-se, dentre outras coisas, em uma razão de ordem ética – a afeição
real ou presumida do falecido ao herdeiro ou legatário.
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 12 
Dois institutos preveem a possibilidade de penalizar o herdeiro que agiu de forma injusta contra o autor da
herança: a indignidade e a deserdação. São institutos que não se confundem, apesar de terem as
mesmas consequências: exclusão do herdeiro.
OBS: na renúncia o herdeiro é excluído da sucessão porque assim o quis.
10.1. Indignidade
É uma sanção civil que acarreta a perda do direito sucessório. Se o herdeiro ou legatário pratica atos
ofensivos contra o de cujus pode ser privado do direito sucessório. Trata-se de uma questão moral de não
se beneficiar o ingrato com o patrimônio deixado pelo ofendido. O instituto da indignidade objetiva impedir
que uma pessoa suceda a outra, extraindo vantagem de seu patrimônio, depois de cometer contra ela
atos lesivos graves. Não basta qualquer ato ofensivo para que o herdeiro seja excluído da sucessão por
indignidade. 
Somente os casos previstos no art. 1814 do CC, que podem ser divididos em: atentado contra a vida,
contra a honra e contra a liberdade de testar do de cujus.
10.2. Pressupostos para a exclusão por indignidade
 que o herdeiro ou legatário seja incurso nos casos legais de indignidade (art. 1814);
 não tenha sido reabilitado (perdoado) pelo de cujus (art. 1818);
 haja uma sentença declaratória da indignidade (o indigno só é afastado da sucessão mediante
sentença judicial transitada em julgado). (Art. 1815)
10.3. Causas de exclusão por indignidade
Os atos ofensivos que caracterizam a indignidade estão enumerados de forma taxativa (numerus clausus)
no art. 1814 do CC – não comportando interpretação extensiva ou por analogia.
Para Maria Berenice Dias, a escolha feita pelo legislador reproduz uma preocupação antiquada e
conservadora, pois prioriza a imagem social e deixa de fora crimes que têm repercussão mais danosa à
pessoa da vítima. Melhor seria delegar ao juiz o encargo de identificar se o ato do herdeiro justificaria a
exclusão da herança. Por exemplo, é um absurdo excluir da sucessão o filho que cometeu injúria contra a
mãe e contemplá-lo se ele a estuprou (já que o estupro não está no rol do art. 1814).
De acordo com o art. 1814, CC, consideram-se indignos:
10.3.1. Os que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste,
contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente - O
inc. I trata da mais grave de todas as causas, pois a ingratidão do herdeiro neste caso é evidente. Há até
um provérbio alemão que se amolda a esta hipótese, que diz: “mão ensanguentada não apanha herança”.
Observa-se que não é necessário que o herdeiro seja autor do homicídio, se for coautor ou partícipe é
suficiente para sua exclusão.
O CC/1916 previa a hipótese de indignidade se o homicídio doloso (consumado ou tentado) fosse
cometido contra o autor da herança. O CC/02 pune também o herdeiro que comete homicídio contra o
cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente do autor da herança.
Não se pune o homicídio culposo com a exclusão por indignidade.
Não se exige que haja condenação criminal para que o indigno seja excluído da sucessão. O indigno é
quem comete o fato e não quem sofre a condenação penal. 
A prova do fato e da culpabilidade pode ser feita no juízo cível.
Se houver sentença condenatória, reconhecendo a materialidade e autoria do causador do dano, além do
dolo, não há que se reexaminar a questão no cível. Por outro lado, se houver absolvição em razão da
inexistência do crime ou da autoria, a exclusão por indignidade será afastada.
Prevalece no Brasil o princípio da independência da responsabilidade civil em relação à penal (art. 935,
CC) – Enquanto os fatos não estiverem definidos na esfera criminal, as ações cível e criminal correrão de
forma independente e autônoma para apurar ambas as responsabilidades: a civil e a penal. Se já foi
proferida sentença criminal condenatória, é porque se reconheceu a culpa ou dolo do causador do dano e
a sentença faz coisa julgada no cível.
Se o réu for absolvido na esfera penal por alguma excludente de antijuridicidade também se afasta a
pena de indignidade, porque não houve voluntariedade, não existiu o elemento subjetivo (dolo). *Da
mesma forma acontece nos casos de loucura/embriaguez, aberratio ictus - art. 73, CP - erro na execução
ou erro por acidente (A quer matar B e atira nele, por desvio, má pontaria, acerta C); e nos casos de erro
sobre a pessoa (A quer matar B, vê C na rua e atira nele pensando ser B), porque o ato lesivo não foi
voluntário.
Há autores que entendem que a instigação/induzimento ao suicídio deve equiparar-se ao homicídio
doloso para efeito de indignidade.
Professor Lister Albernaz Direito Civil – Sucessões 2022-2 13
OBS: se o menor comete o delito, a doutrina diverge se pode ser declarado indigno. Chega a ser imoral
que um adolescente possa se beneficiar de sua menoridade e receber a herança, após ter matado o pai.
10.3.2 Os que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime
contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro. - O inciso II aponta duas hipóteses de exclusão:
10.3.2.1 Denunciação caluniosa em juízo contra o de cujus (art. 339, CP) - A lei exige que a
imputação do crime tenha sido proferida em juízo (não importa em indignidade se o herdeiro a
fizer em jornais, livros, cartas, ou até mesmo na esfera administrativa). A jurisprudência restringe
ainda mais, exigindo que a denunciação caluniosa tenha sido praticada em juízo criminal. Logo,
acusação feita no juízo cível (em ação de separação, interdição, por exemplo) não conduziria à
indignidade sucessória. Giselda Hironaka critica: acha que pode ser feita a acusação caluniosa em
qualquer juízo, porque o que a lei exige é que o fato imputado caluniosamente seja considerado
crime. Também não há necessidade de condenação criminal, basta que tenha sido instaurado o
procedimento ou investigação em virtude da postulação do herdeiro que imputou caluniosamente
ao autor da herança a prática de um crime.
10.3.2.2 A prática de crimes contra a honra do de cujus, ou de seu cônjuge/companheiro. - Crimes
contra a honra – calúnia, difamação e injúria (arts. 138 a 140 do CP) Há quem diga que, pela má
redação do art. 1814, II, CC o crime de denunciação caluniosa só exclui o herdeiro se praticado
contra o de cujus. Se for contra o companheiro/cônjuge não exclui. A melhor solução apontada
pela doutrina e pela jurisprudência é quem em ambos os casos (denunciação caluniosa e crimes
contra a honra), a regra atinja a ofensa ao autor da herança e ao cônjuge/companheiro. Também
não é necessário haver condenação criminal. Para Washington de Barros Monteiro é necessário.
É possível ocorrer crime contra a honra mesmo após a morteda vítima (art. 138, § 2º, CP).
10.3.3 Os que por violência ou meios fraudulentos inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor
livremente de seus bens por ato de última vontade. A lei preserva a liberdade de testar – a vontade
testamentária deve ser livre - A inibição ou impedimento pode ser tanto mediante violência (física) ou
fraude (moral). Esta regra visa punir quem atenta contar a liberdade de testar – ex: impedir a feitura de
testamento; alterar o que estava pronto; exercer pressão sobre o testador; ocultar, viciar, inutilizar ou
falsificar o testamento; atrapalhar o cumprimento das disposições testamentárias. A fraude e a violência
são vícios que podem ensejar a anulação do testamento. Isso não impede que o indigno sofra a pena de
exclusão da sucessão.
4. Procedimento para a exclusão - Art. 1815
Depende de propositura de ação específica (declaratória de indignidade), intentada por quem tenha
interesse na sucessão.
O CC/1916 estabelecia que a ação só podia ser proposta por quem tivesse interesse na sucessão. Ex:
um filho do falecido ajuizava a demanda para excluir seu irmão indigno. O CC/02 não prevê
expressamente que a ação deve ser movida por quem tenha interesse na sucessão. Mas deve-se
observar a regra de que para propor ou contestar a ação é necessário ter interesse e legitimidade.
Por certo que prevalece implícito o princípio de que a ação de exclusão por indignidade deve ser proposta
por quem tenha interesse na sucessão. Se o interessado permanece inerte, não pratica ato ilícito, é
apenas uma opção. Têm interesse: o coerdeiro favorecido com a exclusão do indigno; o Município, o DF
e a União na falta de outros sucessores legítimos e testamentários
Os credores do interessado (que seria beneficiado com a exclusão) não têm legitimidade para propor a
ação – Ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado por lei.
Há quem entenda que o MP tem legitimidade para propor a ação (por ser o guardião da ordem jurídica e
haver interesse público e social de evitar que o sucessor ingrato receba vantagem, beneficiando-se do
patrimônio deixado por sua vítima). Principalmente no caso de interessados menores ou de inexistência
de outros herdeiros.
Para quem entende que o MP não é parte legítima os menores devem estar representados por seus
representantes legais e não havendo outros herdeiros que não o indigno, cabe ao Município, DF e União
requerer sua exclusão da sucessão (art. 1844)
A ação deve seguir o rito ordinário para permitir maior produção de provas e assegurar a ampla defesa do
acusado de indignidade.
Prazo decadencial de 04 anos para a propositura da ação – 04 anos contados da abertura da sucessão
(Art. 1815, p. único, CC).
Com o óbito do indigno antes da sentença, extingue-se a ação, já que a indignidade é uma sanção civil,
tem caráter de pena, e não pode passar da pessoa do indigno.
A ação para exclusão do indigno não pode ser proposta em vida do autor da herança, até mesmo pela
inexistência de sucessão, o que acarretaria a ausência de interesse processual (necessidade/utilidade).
Em vida, o ofendido pode deserdar o seu ofensor.
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9.5. Efeitos da indignidade
O reconhecimento judicial da indignidade produz vários efeitos, dentre eles:
9.5.1 descendentes do herdeiro excluído sucedem como se aquele fosse morto antes da abertura da
sucessão - premorto (art. 1816). Os efeitos da exclusão são pessoais. Os herdeiros sucedem o indigno
por representação como se ele fosse premorto. Fundamenta-se no princípio de que a pena não pode
passar da pessoa do delinquente (princípio da personalização da pena). Somente os DESCENDENTES
sucedem o indigno. Se não existirem, os demais herdeiros receberão a parte do indigno. Os bens
retirados do indigno chamam-se ereptícios.
9.5.2. os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão – o indigno é considerado pré-
morto ao de cujus – Como consequência deve restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança
houver percebido, mas tem direito à ser indenizado pelas despesas com a conservação dos bens (art.
1817, p. único).
9.5.3. o excluído da sucessão não terá direito ao usufruto e administração dos bens que passem a seus
sucessores, nem à sucessão eventual desses bens. (art. 1816, p. único). Os pais são, por lei (art. 1689, I
e II), usufrutuários e administradores dos bens dos filhos menores. Esta regra (art. 1816, p. único) impede
que o indigno tire proveito, indiretamente, das rendas produzidas pela herança da qual foi afastado. A lei
impede também que o indigno herde de seus descendentes quanto aos bens que ele receberam do de
cujus em decorrência da exclusão daquele por indignidade.
9.6. Distinções entre ilegitimidade para suceder, indignidade e deserdação indignidade
ilegitimidade para suceder
9.7. Reabilitação ou perdão do indigno (art. 1818)
O herdeiro que incorre em indignidade pode ser perdoado pelo ofendido, porque ninguém melhor que ele
para avaliar o grau da ofensa. É ato formal e privativo da vítima, é ato personalíssimo, só o próprio
ofendido pode fazê-lo. A lei impõe ao ofendido que o faça por declaração expressa em testamento ou ato
autêntico (escritura pública ou declaração feita em cartório autenticada por escrivão). Não tem valor
documento particular, declarações verbais, cartas, etc.
Maria Berenice Dias entende que o escrito particular firmado pelo de cujus e por duas testemunhas, bem
como o codicilo, são válidos para a reabilitação do indigno. Admite-se o perdão tácito ou parcial (art.
1818, p. único) somente na via testamentária quando o testador houver, após a ofensa, contemplado o
indigno em testamento. (Neste caso este poderá suceder no limite da deixa testamentária). Para a
maioria da doutrina, o perdão, uma vez concedido, é irretratável.
Nulo o testamento que contém o perdão, este não terá efeito, salto se tiver sido adotada a forma pública
de testamento, quando poderá valer como ato autêntico.
9.8. Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente - art. 1817, caput
O excluído da sucessão é considerado herdeiro aparente em relação às alienações onerosas efetuadas a
terceiros de boa-fé. Via de regra, para os demais efeitos, a sentença de exclusão retroage, exceto para
invalidar os atos praticados pelo indigno, neste caso a sentença tem efeito ex nunc, sendo válidas as
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alienações efetuadas pelo excluído antes da sentença.
Decorre da necessidade de privilegiar a boa fé de terceiros que negociaram com o falso herdeiro (art.
1827, p. único).
Herdeiro aparente: é o que se encontra na posse dos bens hereditários como se fosse legítimo sucessor
do de cujus, assumindo posição notória, ostensiva, sendo por todos considerado, por força de erro
comum ou geral, como verdadeiro herdeiro. (Zeno Veloso). 
Para que os atos praticados sejam válidos é necessário que o negócio tenha sido realizado a título
oneroso. A alienação feita a título gratuito pelo indigno antes da sentença de exclusão não será
considerada válida, devendo prevalecer o direito do herdeiro real.
Portanto, para a validade do ato praticado pelo herdeiro aparente é necessário: negócio jurídico oneroso
e terceiros adquirentes de boa-fé.
A intenção do legislador é prestigiar a boa fé do terceiro adquirente. Se provada a má-fé do contratante,
consistente no conhecimento de tratar-se o vendedor de herdeiro indigno/aparente, não se convalida a
alienação, pois assumiu o risco natural de aquisição de bem de quem tinha o risco de perder a
propriedade.
Além disso, se a disposição da herança ocorrer a título gratuito (o herdeiro indigno doar algum bem a
terceiro), o ato não será válido, pois o terceiro não terá prejuízo, apenas será privado de um ganho. O art.
1817 se aplica apenas às “alienações onerosas”.
Aos herdeiros prejudicados subsiste o direito de proporação objetivando o ressarcimento de perdas e
danos contra o herdeiro aparente. 
10. HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE
10.1. Herança Jacente
Maria Helena Diniz: “ter-se-á herança jacente quando não houver herdeiro legítimo ou testamentário,
notoriamente conhecido, ou quando for repudiada pelas pessoas sucessíveis”. Quando se abre a
sucessão e o de cujus não deixou herdeiros nem testamento, diz-se que a herança é jacente (art. 1819,
CC).
A herança é jacente quando não há quem dela possa cuidar legitimamente. Existe jacência quando não
se sabe de herdeiros: ou porque não existem, ou porque não se sabe de sua existência, ou ainda porque
os herdeiros conhecidos renunciaram à herança. A herança jacente tem uma série de medidas que
objetiva proteger os bens de um titular ainda desconhecido.
A jacência não se confunde com a vacância. O estado de jacência é uma passagem fática, transitória. A
vacância é a entrega dos bens à Fazenda Pública por não haver herdeiros que se habilitem no período da
jacência.
10.1.1. Natureza Jurídica
Segundo Silvio Venosa a herança jacente é uma entidade com personificação anômala, representada por
um curador. Para Carlos Roberto Gonçalves é um ente despersonalizado – um acervo de bens
administrado por um curador, sob a fiscalização da autoridade judiciária, até que se habilitem os herdeiros
incertos ou desconhecidos, ou se declare a vacância.
 
10.1.2. Características
- Transitoriedade
- A herança jacente tem legitimação ativa e passiva para estar em juízo. O CPC (art. 12, IV) determina a
representação processual por um curador (tanto da herança jacente quanto da herança vacante).
- Herança jacente é diferente de espólio (apesar de ambos não terem personalidade jurídica), porque na
primeira a sucessão ocorre porque não há herdeiros conhecidos e no segundo os herdeiros são
conhecidos.
- O procedimento de arrecadação dos bens da herança jacente vem disciplinado nos Arts. 75, VI, 689 e
738 a 743 do NCPC.
10.1.3 Hipóteses de Jacência
- Sem testamento: pode ocorrer tanto na inexistência de herdeiros conhecidos como na renúncia da
herança pelos herdeiros conhecidos.
- Com testamento: quando o herdeiro testamentário não existir ou não aceitar a herança e não houver
herdeiros das demais classes.
OBS: Há outros casos de jacência. Ex: testador nomeia filho já concebido e ainda não nascido de
determinada pessoa, a herança é arrecadada como jacente e aguarda-se o nascimento com vida do
beneficiário, se este não ocorre no prazo de dois anos, a herança passa aos herdeiros legítimos (art.
1800, §§ 3º e 4º). Quando o de cujus deixa bens para uma pessoa jurídica ainda em formação; pendência
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de condição suspensiva. NENHUMA DESSAS SITUAÇÕES CONDUZ À VACÂNCIA DA HERANÇA.
10.2. Herança Vacante (art. 1820, CC)
A vacância é o estado definitivo da herança que foi jacente. Não havendo herdeiro aparente o juiz
promove a arrecadação dos bens para preservar o acervo e entregá-lo aos herdeiros que se apresentem
ou ao Poder Público, caso a herança seja declarada vacante.
Os bens são arrecadados para evitar a dilapidação por terceiros ou para que não desapareçam. A
declaração de vacância é condição indispensável para que a herança seja incorporada ao domínio
público.
Enquanto isso a herança permanecerá sob a guarda de um curador, nomeado livremente pelo juiz (art.
1819, CC; 738, NCPC).
Segundo Sílvio Rodrigues “herança vacante é a que não foi disputada com êxito por qualquer herdeiro e
que, judicialmente, foi declarada de ninguém”
A declaração de vacância põe fim ao estado de jacência da herança e a devolve ao Poder Público
(Município, DF ou União). Neste caso, como o Estado não é herdeiro, os bens não se transmitem no
momento da abertura da sucessão, é indispensável que haja a declaração judicial da vacância e que
transcorra o prazo de 05 anos da abertura da sucessão para que o Estado receba os bens.
OBS: O ente público não é herdeiro, não integra a ordem de vocação hereditária. Não pode renunciar à
herança porque é sucessor obrigatório (sucessor por força de lei). Deve aplicar os bens e valores que
receber em fundações destinadas ao desenvolvimento do ensino universitário, sob a fiscalização do
Ministério Público (Decreto Lei 8207/45).
Procedimento de arrecadação dos bens – arts. 738 a 743 do NCPC: O procedimento tem 04 fases: a
arrecadação dos bens; a publicação dos editais e procura de herdeiros; a entrega dos bens ao ente
publico; e a definitiva transferência dos bens ao Poder Público (Município ou DF).
 Chegando ao conhecimento do juiz da comarca onde o de cujus tinha domicílio, de que este não
deixou sucessores conhecidos, o juiz, de ofício, instaura o procedimento de arrecadação da
herança considerada jacente. O Ministério Público, a Fazenda Pública ou outro interessado podem
comunicar ao juiz para que seja instaurado o procedimento de arrecadação. (Caso excepcional
dentro da lei processual, onde o juiz age de ofício e inicia um processo por portaria)
 Feita a arrecadação da herança jacente (lavrado o auto de arrecadação – arts. 740 e 741 do
NCPC), os bens da herança ficarão sob a guarda e administração de um curador (remunerado)
até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado ou até a declaração de vacância. 
 Incumbe ao curador: I – representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do
Ministério Público; II – ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a
arrecadação de outros porventura existentes; III – executar as medidas conservatórias dos direitos
da herança; IV – apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa; V – prestar
contas ao final de sua gestão. Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161 do NCPC.
 Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede mundial de
computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do
Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no
órgão oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que
os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses contado da primeira
publicação (art. 741 do NCPC). 
 Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação,
sem prejuízo do edital.
 Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular.
 Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a
identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se -á em inventário.
 Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança.
 Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital e não havendo herdeiro habilitado nem
habilitação pendente, será a herança declarada vacante (art. 743 do NCPC e art. 1820, CC).
 Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar
improcedente, aguardando-se, no caso de serem diversas as habilitações, o julgamento da última.
 Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o companheiro, os
herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.
 Decorrido um ano da primeira publicação dos editais, sem que haja herdeiro habilitado ou
habilitação pendente, o juiz, após ouvir o MP e a Fazenda Pública, declarará, por sentença,
vacante a herança, ocasião em que os bens são entregues ao Poder Público, ainda que não
transferida a propriedade definitivamente.
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OBS: Se surge herdeiro no período da jacência, os efeitos desta desaparecem e a procedência da
habilitação do herdeiro converte a arrecadação em inventário,excluindo a possibilidade de vacância (art.
741, §3º, NCPC)
OBS2: Se houver credor do falecido e este se habilitar, o juiz, ouvido o MP, o curador e a Fazenda
Pública, se julgar procedente a habilitação, determinará o pagamento do débito até o limite das forças da
herança.
OBS3: Cabe lembrar que o CC dispõe no art. 1823 que quando todos os sucessores renunciarem à
herança, ela será desde logo declarada vacante (para evitar o desnecessário processo de arrecadação).
10.2.1 Efeitos da declaração de vacância - Art. 1822
Põe fim à imprecisão que caracteriza a situação de jacência, estabelecendo a certeza jurídica de que o
patrimônio hereditário não tem titular. Promove a transferência dos bens para o Poder Público (não em
caráter definitivo). O prazo de aquisição definitiva se conta da abertura da sucessão – 05 anos.
A declaração de vacância não impede que herdeiros necessários reivindiquem a herança enquanto não
decorrido o prazo de 05 anos, contado da abertura da sucessão (art. 1822, caput)
Afasta da sucessão os colaterais que não se habilitarem até a declaração de vacância (art. 1822, p.
único) - Art. 1821 – É reconhecido aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas,
nos limites das forças da herança.
A sentença que converte a herança jacente em herança vacante promove a transferência dos bens, ainda
que de forma resolúvel, para o Poder Público. O curador é obrigado a entregar os bens após um ano da
primeira publicação dos editais, mas o prazo de aquisição definitiva (05 anos) não se conta deste fato e
sim da abertura da sucessão.
Lembrar: A declaração de vacância defere a propriedade dos bens arrecadados ao ente público, mas
ainda não em caráter definitivo – propriedade resolúvel.
OBS: O STJ tem admitido a aquisição por usucapião de bem da herança jacente se ainda não houve
declaração de vacância (REsp 73458/SP e REsp 36959). “CIVIL. USUCAPIÃO. HERANÇA JACENTE. O
Estado não adquire a propriedade dos bens que integram a herança jacente, até que seja declarada a
vacância, de modo que, nesse interregno, estão sujeitos à usucapião. Recurso especial não conhecido”.
(Terceira Turma, Resp 36959-SP, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 24.04.2001, DJ 11.06.2001, p. 196).
“USUCAPIÃO. Herança jacente. O bem integrante de herança jacente só é devolvido ao Estado com a
sentença de declaração da vacância, podendo, até ali, ser possuído ad usucapionem. Precedentes.
Recursos não conhecidos.” (Quarta Turma. REsp 253719-RJ, Rel. Min, Ruy Rosado de Aguiar, j.
26.09.2000)
 
11. SUCESSÃO LEGÍTIMA
11.1. Considerações Iniciais
A sucessão dá-se por lei ou ato de última vontade (art. 1786). É a sucessão deferida por determinação
legal.
CONCEITO: Sucessão legítima ou ab intestato é a sucessão que ocorre quando não há testamento; ou
ainda em caso de invalidade ou caducidade do testamento, além também da sucessão em relação aos
bens não contemplados no testamento. Em razão disso, se diz que a sucessão legítima tem caráter
subsidiário (art. 1788, CC).
OBS: A sucessão testamentária pode ocorrer simultaneamente à sucessão legítima, em havendo herdeiro
necessário a quem a lei assegura o direito à legítima ou quando o testador dispõe apenas de parte dos
seus bens no testamento.
Herdeiros legítimos: pessoas indicadas pela lei em ordem preferencial. Este gênero se subdivide em
duas espécies:
 - herdeiros necessários (legitimários ou reservatários) – descendentes, ascendentes e o cônjuge.
A existência desses herdeiros impede a disposição por ato de última vontade, dos bens
constitutivos da legítima ou reserva (art. 1789)
 - herdeiros facultativos (colaterais) – herdam na falta de herdeiros necessários e na falta de
testamento. Para serem excluídos da sucessão, basta que o testador disponha de seu patrimônio
por inteiro, sem contemplá-los. (Havendo só herdeiros facultativos, a liberdade de testar é plena). 
 Todo herdeiro necessário é legítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário.
Herdeiro testamentário: herdeiro nomeado em testamento a título universal. 
Como já dito, falecendo o de cujus ab intestato (sem deixar testamento) a herança é deferida a
determinadas pessoas. O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma sequência,
denominada ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA.
11.2. Ordem de Vocação Hereditária
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Para Sílvio Rodrigues, trata-se da relação preferencial, estabelecida pela lei, das pessoas que são
chamadas a suceder ao finado.
Consiste na distribuição dos herdeiros em classes preferenciais, baseadas na proximidade com o de
cujus e nas relações de família e de sangue, conforme se vê pelo disposto no art. 1829, CC.
Pode-se dizer que todos os parentes são herdeiros em potencial.
Para a ordem de vocação hereditária, a lei se inspirou na vontade presumida do autor da herança – Já
que na ordem das afeições familiares, o amor primeiro desce, depois sobe e em seguida dilata-se. 
Se o de cujus quisesse beneficiar pessoa diferente dos herdeiros legítimos teria feito testamento; se não
o fez se presume que gostaria que os bens passassem às pessoas da família na ordem de vocação
hereditária.
O chamamento dos sucessores é feito por classes, e uma classe só é chamada a suceder se não houver
herdeiros da classe precedente. Há uma hierarquia de classes, obedecendo a uma ordem, por isso se diz
que a ordem é preferencial. A existência de herdeiros de uma classe exclui o chamamento dos herdeiros
da classe subsequente.
Somente na hipótese da classe estar vazia é que se chamam os integrantes da classe subsequente. A
presença de um único herdeiro de uma classe, afasta as demais classes.
São quatro classes (art. 1829):
 1º lugar – descendentes (filhos, netos, bisnetos, etc) em concorrência com o cônjuge sobrevivente
 2º lugar – ascendentes (pais, avós, bisavós, trisavós, etc.) em concorrência com o cônjuge
sobrevivente.
 3º lugar – cônjuge sobrevivente
 4ª lugar- colaterais (irmãos, sobrinhos, tios, primos, sobrinhos-netos e tios-avós).
Logo, se o autor da herança deixar descendentes e ascendentes vivos, só os primeiros herdarão. Na
ausência de herdeiros ou se todos renunciarem à herança, esta jaz sem dono – é recolhida como jacente
e devolvida ao ente público em que os bens estão localizados. O ente público não é herdeiro, recebe os
bens em razão da declaração de vacância.
 
OBS: A omissão do companheiro no art. 1829 é uma falha legislativa, que pode ser suprida pelo art. 1844.
Embora reconhecidos, os seus direitos são disciplinados em local inadequado, no capítulo das
disposições gerais (art. 1790, CC).
OBS2: A ordem de vocação hereditária se restringe ao rol do art. 1829, não incluindo parentes por
afinidade ou dependentes.
No CC/1916 a ordem de vocação tinha caráter absoluto – estabelecia uma sequência de vocação
essencialmente compartimentada, sem qualquer espécie de concorrência entre as classes.
O CC/02 estabeleceu a concorrência dos cônjuges ou companheiros supérstites sem prejudicar a ordem
de vocação tradicionalmente aceita pelo ordenamento jurídico. 
O cônjuge além de concorrer com descendentes ou ascendentes só herdará a totalidade da herança se
não houver descendente e ascendentes, e os colaterais só herdarão se não houver, descendentes,
ascendentes e cônjuge sobrevivente.
OBS: O CC/02 trouxe importantes mudanças na ordem de vocação hereditária:
 excluiu o município, o DF e a União (Poder Público) do rol de herdeiros legítimos, vez que estes
não adquirem os bens com a morte do de cujus pelo Princípio da Saisine e sim somente após a
declaração de vacância.
 Colocou o cônjuge no rol dos herdeiros necessários e em concorrência com os descendentes e
ascendentes.
OBS2: A sucessão que não obedece a ordem de vocação hereditária é considerada anômala ou irregular.
Ex: Lei 6858/80 - alvará para levantamento de valores devidos pelos empregadores aos empregados,
saldos

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