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1 Gabriela Vieira 2/22 MEDFipGbi Síndromes ictéricas na infância O que é icterícia? Excesso de bilirrubina no sangue Ocorre quando as hemácias fazem a hemólise (na criança ocorre menos de 90 dias), levando a produção da bilirrubina. Surge em decorrência da incapacidade do fígado em conjugar toda bilirrubina produzida. Apresenta etiologias diversas, sendo a manifestação clínica mais frequente do período neonatal Metabolismo da bilirrubina Classificação Icterícia fisiológica: Os fatores de risco associados a uma icterícia fisiológica mais intensa incluem - filhos de mãe diabética, raça oriental, prematuridade, policitemia, drogas (vit. K3), eliminação tardia de mecônio e história familiar de irmão que teve icterícia fisiológica. Inicia-se após as 24 h de vida • No RN a termo (normal) - Níveis séricos até 13mg/dL - Pico entre 3º e 5º dia de vida - Duração de 1 semana • RN pré-termo - Níveis séricos até 15 mg/dL - Pico entre o 5º e 7º dia de vida - Duração até 2 semanas Colestase Neonatal: A icterícia colestática é sempre patológica e indica disfunção hepatobiliar É um distúrbio incomum, mas potencialmente grave, se não diagnosticada e tratada precocemente É definida pela hiperbilirrubinemia direta persistente de início do 1º ao 14º dia de vida, e decorre da obstrução mecânica ou funcional do sistema de excreção biliar, por causas anatômicas, genéticas, metabólicas ou infecciosas Causas: Intra-hepáticas e extra-hepáticas HAM Professor: Drª. Isabela 2 Gabriela Vieira 2/22 MEDFipGbi Manifestações clinicas: Icterícia fisiológica: Pele, escleras e palato amarelados, Icterícia colestática: A coloração amarelada de pele e mucosas, hepatomegalia, acolia fecal e colúria. Se a colestase for prolongada há desenvolvimento de prurido, xantomas associados a hipercolesterolemia e deficiência de vitaminas lipossolúveis, especialmente a vitamina E. Xantomas Anamnese e exame físico Apesar dos avanços nos métodos complementares diagnósticos, a história clínica completa e o exame físico minucioso continuam sendo fundamentais O exame físico da criança com colestase deve ser detalhado. Os achados variam de apenas icterícia leve, até os sinais de insuficiência hepática grave. Diagnostico Diagnostico amplo para determinar a causa; Bilirrubina sérica e frações: • Até 24 horas após o nascimento: 1,4 - 8,7 mg/dL; • Até 48 horas após o nascimento: 3,4 - 11,5 mg/dL; • Entre 3 e 5 dias após o nascimento: 1,5 - 12 mg/dL. Após o 6º dia os valores de referência são os mesmos que os do adulto • Tipo sanguíneo e fator Rh da mãe e neonato. • Teste de Coombs. • Hemograma e contagem de reticulócitos. • Ureia, creatinina, lactato, TGO, TGP, GGT • Outros: TSH/T4, pesquisa de galactosemia, pesquisa de deficiência de glicose 6- fosfatodesidrogenase • USG de abdome total Tratamento Independente da etiologia da icterícia, o nível de bilirrubina deve ser reduzido no intuito de prevenir a neurotoxicidade deste pigmento. Fototerapia Deve ser usada no recém-nascido com peso maior e igual a 2500 kg, com: BI > 10mg/dl nas primeiras 24 horas BI > 12mg/dl entre 24 a 72 horas BI > 15 ou 17mg/dl maior que 72 horas 3 Gabriela Vieira 2/22 MEDFipGbi A fototerapia consiste na aplicação de luz de alta intensidade e com espectro visível na cor azul. Cuidados com o RN: • RN totalmente despido; • Usar protetor ocular; • Aumentar a ingesta, se possível, oral; • Temperatura deverá ser medida de 4/4h; • Proteção da genitália é discutível Exsanguinotransfusão: É recomendada imediatamente se o recém-nascido mostra sinais de encefalopatia bilirrubínica (hipertonia, opistótono, febre e choro agudo). Hepatites virais São um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Vírus hepatotrópicos, sendo que atualmente os mais conhecidos – A, B, C, D, E. Os vírus da hepatite causam ampla variedade de apresentações clínicas, que vão desde um estado de portador assintomático, hepatite aguda, fulminante ou crônica até cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Hepatite A: Vírus da hepatite A (HAV) É usualmente caracterizada por ter curta duração, ser autolimitada, confere imunidade duradoura e não evolui para hepatopatia crônica Responsável pela maioria dos casos de hepatites agudas em crianças É extremamente contagiosa, de transmissão fecal- oral, direta ou indireta, através de água ou alimentos contaminados Quadro clínico de amplo espectro Marcadores sorológicos: anti-HAV IgM e anti-HAV IgG Tratamento: repouso e uso de sintomáticos. Hepatite B: Vírus da hepatite B (HBV). A infecção pelo HBV continua sendo a principal causa de hepatite crônica, cirrose e hepatocarcinoma no mundo. Transmissão através de fluidos corpóreos e do sangue. Várias formas de expressão clínica → desde pacientes assintomáticos a hepatite fulminante. Tratamento: na faixa etária pediátrica são o interferonalfa (INFa) e a lamivudina. Hepatite C: Vírus da hepatite C (HCV) → seis genótipos Entre os indivíduos infectados pelo vírus, somente pequena proporção é constituída de crianças A maioria das crianças infectadas é assintomática Nas crianças, a transmissão ocorre basicamente por duas vias: parenteral ou vertical Quadro clínico: semelhantes às outras formas de hepatites virais Todas as crianças com infecção crônica pelo vírus C e RNA-HCV detectável são candidatas ao tratamento Marcador sorológico: anti-HCV 4 Gabriela Vieira 2/22 MEDFipGbi Vacinas Hepatite B: 1ª dose: ao nascer 2ª dose: 2 meses (Penta valente 1ª dose = tetravalente + Hep. B) 3ª dose: 4 meses (Penta valente 2ª dose = tetravalente + Hep B) Hepatite A: aos 15 meses Questões 1) Mãe comparece em PS com RN de 12 dias de vida, com a queixa de que o bebê “estava amarelo, com urina muito escura e fezes brancas.” Trata-se de paciente nascido a termo, sem contexto infeccioso associado. Ao exame físico, RN estava clinicamente bem, com bom ganho ponderal e ictérico. Sobre esse caso, assinale a alternativa correta. a) Trata-se de um quadro sugestivo de colestase neonatal e, portanto, devem-se investigar situações ameaçadoras de vida, incluindo atresia de vias biliares b) Trata-se de um quadro sugestivo de colestase neonatal e, diante de um bebê clinicamente bem e com bom ganho ponderal, deve-se observar a evolução c) Trata-se de um quadro sugestivo de colestase neonatal e deve-se suspeitar de icterícia do leite materno, uma vez que o paciente apresenta bom ganho ponderal d) Trata-se de um quadro sugestivo de icterícia fisiológica, que comumente melhora ao final da segunda semana de vida, e deve-se orientar a mãe sobre a não gravidade do quadro 2) Lactente a termo com 30h de vida está com a face e o tórax acometidos pela icterícia. Ele se alimenta bem de leite materno e seu exame clínico é normal. Seu nível de bilirrubina é de 15,5 mg/dL. Qual das opções a seguir é o curso de ação mais apropriado? a) Esperar seis horas e refazer a dosagem do nível sérico de bilirrubina b) Recomendação para cessar o aleitamento materno por 48h e suplementar com fórmula c) Iniciar fototerapia d) Nenhuma ação médica é necessária 5 Gabriela Vieira 2/22 MEDFipGbi Anexos:
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