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SLIDES AULA 1 Penal (Parte Geral)

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DIREITO PENAL
PROF. SAMER AGI
Lições preliminares de Direito Penal
I. Conceito de Direito Penal
É o conjunto de normas que capitulam determinados fatos
como delito e cominam aos seus autores sanções.
Franz von Liszt: é o conjunto das prescrições emanadas do
Estado que ligam ao crime, como fato, a pena como
consequência (p. 73).
Eduardo Correia (professor catedrático da faculdade de
Direito de Coimbra):
“Diz-se direito criminal o conjunto de normas jurídicas que
fixam os pressupostos de aplicação de determinadas reações
legais: as reações criminais, que englobam as penas e, ainda
medidas de outro tipo, entre as quais avultam hoje as chamadas
medidas de segurança” (p. 1).
III. D. Penal, criminologia e política criminal
• Criminologia: ciência que estuda a infração penal/comportamento
desviante, os meios de reação aos desvios perpetrados pelo infrator,
o infrator/desviante e a vítima. “Ciência das causas do crime e da
criminalidade” – Jorge de Figueiredo Dias (apud Shecaira, p. 35).
• Política criminal: “conjunto dos princípios fundados na
investigação científica das causas do crime e dos efeitos da pena,
segundo os quais o Estado deve levar a cabo a luta contra o crime
por meio da pena e das instituições com esta relacionadas” (von
Liszt apud Figueiredo Dias apud Shecaira, p. 35). Orienta como o
legislador deve atuar.
IV. FUNÇÕES DO DIREITO PENAL (F. R. Araújo, D. Penal
Didático – parte geral – pag. 11/15).
1. Proteção de bens jurídico-penais (são os bens mais
importantes para o organismo social, segundo valores
consagrados pela Constituição):
a) Teorias constitucionais amplas: Constituição adotada
como parâmetro de forma genérica. A partir de valores
constitucionais, constrói-se o sistema penal.
b) Teorias constitucionais restritas: os bens jurídico-penais
devem ser buscados diretamente na Constituição.
*Roxin: só podem ser BJP os que sejam pressupostos para uma
convivência pacífica em sociedade. Máxima liberdade.
II. Função de assegurar a vigência do Sistema.
Jakobs.
III. Função de controle social. Só é cabível quando os
demais instrumentos de controle (extrajurídico e jurídico
extrapenal) se mostrarem insuficientes – princípio da
subsidiariedade.
IV. Função de Garantia. O D. Penal garante ao cidadão
uma limitação ao poder punitivo estatal – p. da legalidade.
V. Classificações do direito penal
(R. Sanches. M. de D. Penal – parte geral)
a) Direito penal substantivo e direito penal adjetivo
a) Direito penal objetivo e direito penal subjetivo
Direito penal objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor
no país;
Direito penal subjetivo: é o direito de punir do Estado (ius
puniendi).
c) D. penal de emergência e direito penal simbólico
• Direito penal de emergência: criado a partir de situações
atípicas. O legislador cria normas de repressão, atendendo a
momentâneo anseio popular/opinião pública. O direito penal
de emergência é campo fértil para o direito penal simbólico.
• Direito penal simbólico: vai ao encontro dos anseios
populares, devolvendo à sociedade uma ilusória sensação de
segurança.
d) Direito penal promocional
É um direito penal político, que tem por escopo a
promoção de mudanças sociais por meio do direito
criminal.
É um direito penal demagogo.
Exemplo: até 2009, a mendicância era uma contravenção
penal.
e) Direito penal de intervenção
Windfried Hassemer.
O direito penal não deve ser alargado, devendo se
preocupar apenas com os bens jurídicos
individuais (vida, dignidade sexual, propriedade), bem
como de infrações penais que causem perigo concreto.
Se o tipo visa proteger bem jurídico difuso, coletivo
ou de natureza abstrata, ele não deveria ser infração
penal, mas o bem deveria ser tutelado pela adm.
pública, sem risco de privação da liberdade do
infrator.
O D. de intervenção (ou interventivo) estaria acima do D.
Administrativo, do ponto de vista de resposta estatal, mas
abaixo do Direito Penal.
Críticas:
1. Não se sabe como atuaria o direito de intervenção;
2. A resposta a infrações que causam maior dano à sociedade
seriam mais brandas, em contradição à ideia do princípio da
subsidiariedade.
f) Direito penal como proteção de contextos da vida em
sociedade
• Ideia oposta à de Hassemer.
• Günter Stratenwerth: a proteção de bens estritamente
individuais deve ter foco secundário no direito penal. O
direito penal deve focar nos interesses difusos e da
coletividade, que são os mais importantes para a sociedade.
• Há aqui é a substituição do bem jurídico pela tutela direta de
relações ou contextos de vida. (direito de gestão punitiva
dos riscos gerais)
g) Direito penal garantista
Expoente: Luigi Ferrajoli.
A CF traz garantias fundamentais, dividas em 2 categorias:
• Garantias primárias: limites impostos aos exercícios de
qualquer poder.
• Garantias secundárias: se o limite estabelecido pela g.
primária não for observado ➔ garantia secundária.
Exemplo: garantia primária → vedação de pena de caráter
perpétuo. Se essa garantia não é observada pelo legislador
(criação de crime com pena de caráter perpétuo), temos a
garantia secundária: controle de constitucionalidade.
Ferrajoli➔Teoria garantista penal:
Os 10 axiomas ou implicações deônticas:
• Nulla poena sine crimine
• Nullum crimen sine lege
• Nulla lex (poenalis) sine necessitate
• Nulla necessitas sine injuria
• Nulla injuria sine actione
• Nulla actio sine culpa
• Nulla culpa sine judicio
• Nulla judicium sine accusatione
• Nulla accusatio sine probatione
• Nulla probatio sine defensione
h) Direito penal secularizado
L. Ferrajoli: ideia de que inexiste conexão entre direito e moral.
O direito penal não tem a missão de reproduzir os elementos
da moral ou de outro sistema metajurídico de valores ético-
políticos, como os dogmas religiosos.
É a ruptura entre a cultura eclesiástica e as doutrinas
filosóficas, especialmente entre a moral do clero e a
forma de produção da ciência.
i) D. penal subterrâneo e D. penal paralelo
Zaffaroni: refere-se aos sistemas penais paralelos e subterrâneos.
• Direito penal paralelo: o sistema penal formal do Estado
não exerce grande parte do poder punitivo, de forma que
outras agências acabam se apropriando desse espaço e passam
a exercer o poder punitivo paralelamente ao Estado. Ex.:
médicos aprisionando doentes mentais.
• Direito penal subterrâneo: ocorre quando as instituições
oficiais atuam com poder punitivo ilegal, em abuso de poder.
Ex.: desaparecimentos de indivíduos pela polícia.
j) Direito penal quântico
Não se contenta com a mera relação de causalidade
(relação física de causa e efeito), mas demanda também elementos
indeterminados, como o nexo normativo e a tipicidade material.
O Direito Penal Quântico caracteriza-se pela existência de uma
imprecisão no direito que se afasta da dogmática penal e se
aproxima da política criminal.
VI. Privatização do direito penal
Expressão que destaca a crescente participação da
vítima ou de sua importância no âmbito criminal.
Ex.: composição civil dos danos no JEC e indenização
mínima na sentença penal condenatória (Lei 11.719/08).
*Teoria da justiça restaurativa.
Cria a terceira via da função da pena: reparação do
dano causado.
VII.Velocidades do direito penal
Jesús-María Silva Sánchez:
• Direito penal de 1ª velocidade: enfatiza infrações penais
mais graves, que podem ser punidas com penas privativas de
liberdade. Mas é preciso que se observem todas as garantias
do indivíduo que está sendo acusado.
• Direito penal de 2ª velocidade: flexibilização de direitos e
garantias fundamentais. Destina-se a infrações penais menos
graves, às quais se aplicam penas não privativas de liberdade,
penas alternativas.
• Direito penal de 3ª velocidade: flexibilização de direitos e
garantais fundamentais, mesmo diante de infrações penais mais
graves, que podem cominar pena privativa de liberdade. É aqui
que se encontra o Direito Penal do Inimigo.
Obs.: d. penal de 4ª velocidade: Expressãonão criada por
Silva Sánchez. Ligado ao D. Penal Internacional. Cuida-se de
normas em face de Chefes e ex-Chefes de Estado, que violam ou
violaram tratados internacionais de direitos humanos. Ficam eles
submetidos ao Tribunal Penal Internacional.
VIII. Espiritualização, dinamização ou desmaterialização
do bem jurídico
A espiritualização do bem jurídico foi uma expressão criada pela
doutrina para criticar a tipificação de condutas que visam tutelar
bens jurídicos de interesse transindividual.
Tais tipos têm o objetivo de combater condutas
(potencialmente) danosas a bens difusos e que, se não evitadas,
resultam em danos às pessoas.
Exemplo: crimes ambientais.
Parcela da doutrina critica a inadequada expansão da
tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter
difuso ou coletivo. Fundamento: tais bens são
formulados de modo vago e impreciso, ensejando a
denominada desmaterialização, espiritualização, ou
liquefação do bem jurídico.
IX. Garantismo hiperbólico monocular
Douglas Fischer
Garantismo: é a visão do direito constitucional aplicada ao
direito penal e processual penal. Expressão cunhada por
Luigi Ferrajoli.
Para muitos, o garantismo serviria apenas para
beneficiar o réu, como forma de proteção de seus
direitos fundamentais e individuais.
Hiperbólico: é aplicado de uma forma ampliada,
desproporcional.
Monocular: só enxerga os direitos fundamentais do réu.
O garantismo hiperbólico monocular contrapõe-se ao
garantismo penal integral, que visa resguardar os direitos
fundamentais não só dos réus, mas também das vítimas.
X. Ecocídio
O TPI decidiu, em 2016, reconhecer o ecocídio como
crime contra a humanidade.
Ecocídio: destruição em larga escala do meio ambiente.
Em casos de ecocídio, as vítimas poderão recorrer
internacionalmente para obrigar os autores do
crime (empresas, Chefes de Estado e autoridades),
a indenizá-los por danos morais ou econômicos.
• A responsabilidade direta e inclusive penas de prisão podem
ser emitidas no caso de países signatários do TPI.
• A sentença que caracteriza o ecocídio deve ser votada por,
no mínimo, um terço dos seus membros.
• O Brasil é signatário do Tratado de Roma, que aceita a
jurisdição do TPI.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-02/tribunal-penal-internacional-
reconhece-ecocidio-como-crime-contra
Evolução histórica
I. Período daVingança
•Fase da vingança divina: ideia de punição perpetrada por
entidades divinas. Quando o indivíduo cometia uma infração,
ele era penalizado pela tribo para que a divindade não punisse
todos os membros da comunidade.
• Fase da vingança privada: um sujeito defende seu direito
em face do outro.“Homo homini lúpus”.
• Fase da vingança pública: o direito de punir passa a ser do
Estado.
II. Período iluminista
A partir do século XVIII.
Buscam-se a racionalidade e o desenvolvimento humano.
Obra “Dos Delitos e das Penas” de Cesare Beccaria
(Marquês de Beccaria).
Conclusão de Beccaria:
“Para que cada pena não seja uma violência, de um ou
de muitos, contra um cidadão, esta pena deve ser
essencialmente pública, rápida, necessária e a mínima
possível nas circunstâncias dadas, observada a
proporcionalidade aos delitos, e ditadas tais penas pelas
leis”.
III. Período das Escolas Penais
Após o período iluminista, surgem as escolas penais.
Dois destaques:
• Escola clássica
• Escola positiva
Escola Clássica – expoente: Francesco Carrara dizia:
• crime é um ente jurídico: consiste na violação de um
direito (razão por que atinge a esfera jurídica);
• Delinquente: ser livre, que pratica um delito por vontade
própria. Livre arbítrio;
• função da pena: prevenir a prática de novos crimes e
necessidade ética.
A Escola Clássica tem como base os ensinamentos de Beccaria.
Escola Positiva – expoente: Cesare Lombroso.
• Crime: decorre de fatores naturais e sociais;
• Delinquente: não é dotado de livre arbítrio, pois, do ponto
de vista biológico ou psíquico, seria portador de uma
anormalidade. Criminoso nato;
• finalidade da pena: prevenir crimes, mas deverá ser
indeterminada, fixada a partir do caso concreto, tendo em vista
que estamos diante de um criminoso nato. A pena deve tratar
o criminoso.
A escola positiva possui caráter determinista.
IV. Direito penal brasileiro
• Brasil colônia: Ordenações Afonsinas, mesmas normas que
vigiam em Portugal.Normas com caráter religioso.
• Em 1514, as Ordenações Afonsinas são revogadas pelas Ord.
Manuelinas, que, posteriormente, são substituídas por uma
compilação feita por Nunes Leão, o Código Sebastiânico.
• Esta compilação, mais tarde, dá lugar às Ordenações
Filipinas. Continuam as ideias de direito confundido com a
religião e a moral, direito penal não secularizado.
Brasil independente em 1822.
• Constituição de 1824, vindo, após, o Código Criminal do
Império (16/12/1830).
• Tratava-se de um código penal humanitário, trazendo,
inclusive, o princípio da individualização da pena. A pena de
morte fica limitada aos crimes cometidos por
escravos.
• Em 1890, sanciona-se o Código Criminal da República.
(11/10/1890).
• Constituição de 1891: vedou a pena de morte e a pena de
prisão de caráter perpétuo.
• O Código Republicano permitia as penas de prisão,
banimento e suspensão de direitos, mas o banimento
seria de natureza temporária, já que vedado o caráter
perpétuo.
• Em 1932, vem a Consolidação das Leis Penais, realizada
pelo Desembargador Vicente Piragibe, recebendo o nome de
Consolidação de Piragibe.
• Em 01/01/1942, entra em vigor o Código Penal atual,
sendo sua parte geral reformulada pela Lei 7.209/84.
Fontes do direito penal
Podem ser divididas em fonte material e fonte formal
I. Doutrina clássica
• Fonte material: é o órgão criador do direito penal. No
Brasil, a União tem competência privativa. Estados
podem legislar sobre d. penal, em casos específicos, desde que
haja uma autorização dada por LC.
• Fonte formal: instrumentos pelos quais se exterioriza o
direito penal. Fonte formal imediata: a lei. Fonte formal
mediata: princípios gerais do direito e os costumes.
II. Doutrina moderna
• Fontes formais imediatas: lei, CF, tratados e convenções
internacionais de direitos humanos, jurisprudência, princípios e
a norma penal em branco.
• Fonte formal mediata: é apenas a doutrina.
• Fonte informal: costumes.
III. Costume
Costume: comportamento uniforme e constante (elemento
objetivo) qualificado pela convicção de obrigatoriedade
(elemento subjetivo).
• Costumes não criam infrações penais (p. reserva legal).
• Costumes não extinguem nem revogam infrações
penais. Esta é a corrente prevalente, mas há mais duas
correntes:
• 1ªC: abolicionista: entende que costumes revogam infrações
penais, material e formalmente.
• 2ªC: quando um fato deixa de ser considerado infração penal
para a sociedade, não há a revogação formal da norma, mas
material, não devendo a lei ser aplicada pelo magistrado.
• 3ªC: somente lei revoga lei. LINDB: “Não se destinando a
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue”. STF e doutrina majoritária.
IV. Características da lei penal
• Exclusividade: somente a lei define infrações e comina
sanções;
• Imperatividade: a lei penal é imposta a todos;
• Generalidade: a lei penal é de acatamento geral, ainda que
sejam inimputáveis os seus destinatários;
• Impessoalidade: a lei penal se dirige a todos abstratamente.
A lei penal trata de fatos, e não de pessoas.
V. Classificação da lei penal
Duas classificações:
• Lei penal incriminadora: define crimes e comina sanções
(preceito primário e secundário).
• Lei penal não incriminadora: a doutrina subdivide:
oPermissiva (justificante e exculpante)
oExplicativa (interpretativa): explica o conteúdo da
norma. Ex.: peculato é crime cometido por funcionário
público.Art. 327 explica.
oComplementar: delimita a aplicação das leis
incriminadoras. Ex.: art. 5º do CP trata da aplicação da lei
penal noterritório brasileiro.
oDe extensão (integrativa): viabiliza a tipicidade de alguns
fatos. Norma de adequação típica mediata. Ex.: art. 14, II, CP
e art. 29 do CP.
Intepretação da lei penal
Interpretar: buscar o significado.
I. Quanto à origem (ou ao sujeito que interpreta)
• Autêntica: feita pelo legislador;
• Doutrinária: feita pelo estudioso;
• Jurisprudencial: realizada pelos Tribunais.
II. Quanto ao modo
• Gramatical: busca o sentido literal das palavras;
• Teleológica: busca a finalidade da lei;
• Histórica: busca o fundamento de criação da norma.
• Sistemático: busca analisar o sistema em que a norma está
inserida.
• Progressiva: busca o significado legal de acordo com a ciência
que está progredindo.
• Lógica: busca utilizar métodos indutivos, dedutivos, de
dialética, tentando encontrar o sentido da lei, a partir da razão.
III. Quanto ao resultado
• Declarativa: o resultado que se alcança é o que está escrito
no texto;
• Restritiva: é preciso reduzir o alcance das palavras da lei.
Legislador disse mais do que queria;
• Extensiva: é necessário ampliar o alcance das palavras.
R. Sanches - Interpretação sui generis:
• interpretação sui generis exofórica: o significado da
norma não está no ordenamento. Ex.: art. 20 do CP não traz o
significado da palavra “tipo”.
• interpretação sui generis endofórica: o texto normativo
procura o significado em outros textos do próprio
ordenamento. É o que ocorre com a norma penal em branco.
Interpretação conforme a Constituição: o intérprete
busca, dentre várias intepretações possíveis, aquela que se
coaduna com a Constituição.
IV. Formas de interpretar a lei penal
a) Interpretação extensiva
• Art. 22 do Estatuto de Roma - Não é possível interpretação
extensiva em prejuízo do réu. Em caso de ambiguidade, a
norma deve ser interpretada em favor da pessoa investigada
ou acusada.
• O STJ também já disse que o princípio da estrita
legalidade impede a interpretação extensiva. Mas, por
exemplo, e o conceito de crime do art. 41 da Lei 11.340/06?
Zaffaroni e Pierangeli: em casos excepcionais, é possível
interpretação extensiva em prejuízo do réu, quando sua
aplicação restrita resulta em notória irracionalidade. É chamado
de “escândalo interpretativo”.
b) Interpretação analógica
O legislador traz uma série de situações que pretende regular e,
ao final, permite que aquilo que seja semelhante àquelas
situações também seja abrangido pela norma.
Ex.: homicídio qualificado, porque cometido mediante paga,
promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
V.Analogia
Não é forma de se interpretar a norma.
É modo de integração da lei penal.
Não havendo lei para o caso concreto, aplica-se a norma que
regule o caso semelhante.
Por conta da reserva legal, está vedada a analogia in malam
partem.
Para que a analogia seja aplicada, deverá haver uma lacuna
legal, e não um silêncio intencional do legislador.
A analogia poderá ser:
• analogia legis: há uma norma regulando tema semelhante.
• analogia iuris: não há uma norma regulando tema
semelhante, mas poderá ser empregado um princípio geral do
direito, que regule caso semelhante, integrando-o àquela
lacuna.
Teoria geral da norma penal
É preciso tratar dos princípios gerais do direito penal.
I. Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos
A criação de tipos penais deve ser pautada pela proibição de
comportamentos que exponham a risco ou lesionem bens
jurídicos, valores essenciais para o ser humano. E isto vai pautar
a atuação do legislador.
II. Princípio da intervenção mínima
A atuação do direito penal fica condicionada à insuficiência das
demais esferas do controle social.
O direito penal atua nos casos em que houver uma relevante
lesão ou perigo de lesão relevante a um bem juridicamente
tutelado: caráter fragmentário do direito penal.
III. Princípio da insignificância
Há subsunção do fato à norma, mas não há tipicidade
material.
Zaffaroni: não basta tipicidade formal, é necessário que haja
tipicidade conglobante, a qual seria composta pela tipicidade
material e pela antinormatividade.
Tribunais Superiores - 4 requisitos para aplicação do
princípio da insignificância:
• Mínima ofensividade da conduta;
• Ausência de periculosidade social da ação;
• Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
• Inexpressividade da lesão jurídica causada.
➢ STF e STJ: reiteração delitiva impede reconhecimento
do princípio da insignificância.
➢ Obs.: para aplicação do p. da bagatela o STJ e o STF
consideram a condição financeira da vítima.
• TSE: não é possível a aplicação do princípio da
insignificância em crimes eleitorais (REsp 11887-
18/RN).
• STF: é possível a aplicação do princípio da
insignificância ao crime consistente na conduta de
Prefeito que utilizou máquinas e caminhões da
Prefeitura para realizar terraplanagem no terreno de
sua residência (art. 1º, II, do Decreto-Lei 201/1967).
• Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da
insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
• Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é
inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
Doutrina moderna: distingue o princípio da insignificância do
princípio da bagatela imprópria:
• Princípio da bagatela própria: conduta materialmente
atípica;
• Princípio da bagatela imprópria: há uma irrelevância da
pena, ainda que o fato seja relevante. Ex.: perdão judicial.
IV. Princípio da adequação social
Ainda que uma conduta seja formalmente e materialmente típica,
não poderá ser considerada típica, se socialmente adequada.
Duas funções básicas:
• Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de
acordo com o interesse social, a conduta deverá ser tida
como atípica.
• Se esta conduta está de acordo com a sociedade, o legislador
não pode criminalizar esta conduta.
V. Princípio da exteriorização ou da materialização do
fato
Vem do axioma: Nulla injuria sine actione. Não há ofensa ao bem
jurídico sem ação.
Não há como punir o pensamento do autor.
VI. Princípio da legalidade
Art. 1º do CP: não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal ( = art. 5º, XXXIX, CF).
A partir daí, é possível perceber a ótica do D. Penal sob três
fundamentos:
• Fundamento político: vincula o P. Executivo e P. Judiciário,
proibindo arbitrariedade no exercício do poder punitivo.
• Fundamento democrático: é o povo que elege o
representante que vai definir o que é crime.
• Fundamento jurídico: a lei deve existir antes de se punir
alguém, pois a lei cria um efeito intimidativo.
A doutrina desmembra o princípio da legalidade em outros 6
princípios:
• Não há crime nem pena sem lei: princípio da reserva
legal. Deve ser lei em sentido estrito.
MP não pode definir infração penal nem cominar pena, mas
pode versar sobre D. Penal não incriminador (STF).
É inadmissível que lei delegada verse sobre d. penal. CF: é vedada
delegação de lei que verse sobre d. individuais.
• Não há crime nem pena sem lei anterior;
• Não há crime nem pena sem lei escrita;
• Não há crime nem pena sem lei estrita: proibição de
analogia para o tipo incriminador e para agravar a pena.
• Não há crime nem pena sem lei certa: é o princípio da
taxatividade. Os tipos penais devem ter clareza.
• Não há crime nem pena sem lei necessária: advém do
princípio da intervenção mínima do direito penal.
A legalidade deve ser analisada sob dois aspectos:
• Legalidade formal: obediência aos trâmites processuais,
denominado de devido processo legislativo.
• Legalidade material: lei compatível com a Constituição.
A lei penal pode ser classificada como:
• Lei completa: não depende de complemento.
• Lei incompleta: depende de complemento.
oTipo penal aberto: depende de um complemento valorativo,
dado pelo juiz. É o caso, via de regra, dos crimes culposos.
Também é o caso dos crimes comissivos por omissão (a
conduta típica dependeda quebra do dever jurídico de impedir
o resultado) e dos crimes cujos tipos fazem referência expressa
à ilicitude, com expressões como “indevidamente” e “sem justa
causa”.
oNorma penal em branco: há a necessidade de um
complemento normativo. A doutrina subdivide essa norma penal
em branco em:
• Própria (em sentido estrito, heterogênea): o
complemento normativo advém de uma norma diversa do
legislador. Ex.: crime de tráfico de drogas.
• Imprópria (em sentido amplo, homogênea): o
complemento normativo emana do próprio legislador:
• Homovitelina: o complemento emana do mesmo
diploma legal. Ex.: peculato (art. 312) é complementado
pelo conceito de funcionário público do art. 327, ambos
do Código Penal;
• Heterovitelina: o complemento emana de instância
legislativa diversa. Ex.: o CP, quando fala em contrair
casamento com impedimento, não fala o que seja
impedimento, de maneira que deverá se complementar
com o conceito previsto no CC.
Atenção! Rogério Greco vai dizer que a norma penal em
branco imprópria pode ser homovitelina ou heterovitelina,
conforme o complemento emane ou não do mesmo ramo do
direito.
Norma penal em branco ao revés: o complemento vem no
preceito secundário. É o caso dos crimes de genocídio (Lei
2.889/56).
Por se tratar de pena, necessariamente a norma será
complementada por meio de lei.
Norma penal em branco ao quadrado: a norma penal requer
um complemento, o qual também exige a integração por outra
norma. Ex.: art. 38 da Lei 9.605, estabelecendo que é crime
destruir ou danificar floresta de preservação permanente.
Lei 12.651/12. Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação
permanente, quando declaradas de interesse social por ato do
Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou
outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das
seguintes finalidades:
II - proteger as restingas ou veredas...
A norma penal em branco pode ser de instâncias
federativas diversas.
Ex.: Art. 63, Lei 9.605/98. Alterar o aspecto ou estrutura de
edificação ou local especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
autorização da autoridade competente ou em desacordo com a
concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Norma penal em branco é passível de complemento
internacional, por norma de direito internacional.

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