Buscar

Penal - 1112

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 1112 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 1112 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 1112 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Pontos DIREITO PENAL – TJSP 188
Previsto nos
pontos do
187?
1
Conceito de Direito Penal. Princípios Constitucionais
Penais. História do Direito Penal. História do Direito
Penal Brasileiro, Doutrinas e Escolas Penais. Fontes do
Direito Penal. Sistemas Penitenciários. NÃO
2 Da aplicação da lei penal (arts. 1º a 12). SIM
3 Do crime (arts. 13 a 25) SIM
4 Da imputabilidade penal (arts. 26 a 28) SIM
5 Do concurso de pessoas (arts. 29 a 31) SIM
6 Das penas (arts. 32 a 95) SIM
7 Das medidas de segurança (arts. 96 a 99) SIM
8 Da ação penal (arts. 100 a 106) SIM
9 Da extinção da punibilidade (arts. 107 a 120) SIM
10 Dos crimes contra a pessoa (arts. 121 a 154) SIM
11 Dos crimes contra o patrimônio (arts. 155 a 183) SIM
12 Dos crimes contra a dignidade sexual (arts. 213 a 234) SIM
13 Dos crimes contra a família (arts. 235 a 249). SIM
14
Dos crimes contra a incolumidade pública (arts. 250 a 
285) NÃO
15 Dos crimes contra a paz pública (arts. 286 a 288) SIM
16 Dos crimes contra a fé pública (arts. 289 a 311) SIM
17
Dos crimes contra a administração pública (arts. 312 a 
359) SIM
18
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS (Decreto-lei nº 
3.688, de 3 de outubro de 1941) NÃO
19
Crimes definidos na Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 
2006. SIM
20
Crimes definidos na Lei 10.826, de 22 de dezembro de 
2003 SIM
21
Crimes eleitorais (Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965, e
Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997) NÃO
22
Crimes de abuso de autoridade (Lei nº 4.898, de 9 de 
dezembro de 1965 NÃO
23 Crimes contra as relações de consumo (Lei nº 8.078, de 
11 de setembro de 1990), a ordem tributária (Lei nº 
8.137, de 27 de dezembro de 1990) e a ordem 
SIM
econômica (Lei nº 8.176, de 8 de fevereiro de 1991).
24
Crimes contra a economia popular (Lei nº 1.521, de 26 
de dezembro de 1951). NÃO
25
Crimes de trânsito (Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 
1997). SIM
26 Crimes de tortura (Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997) NÃO
27
Crimes contra a criança e o adolescente (Lei nº 8.069, 
de 13 de julho de 1990). NÃO
28
Crimes falimentares (Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 
2005). NÃO
29
Crimes contra os idosos (Lei nº 10.741, de 1º de outubro
de 2003). NÃO
30
Crimes de preconceito de raça ou cor (Lei nº 7.716, de 5 
de janeiro de 1989). SIM
31 Crimes hediondos (Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990). SIM
32
Crimes de Licitações e Contratos da Administração 
Pública (Lei 8.666/93). SIM
33 Crimes de Menor Potencial Ofensivo (Lei 9.099/95). SIM
34 Crime Organizado (Lei 12.850/13). NÃO
35 Execução Penal (Lei 7.210/84). SIM
36 Crimes contra o meio ambiente (Lei 9.605/98) SIM
DIREITO PENAL
CONCEITO DE DIREITO PENAL. HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO. DOUTRINA E
ESCOLAS PENAIS. FONTES DO DIREITO PENAL. SISTEMAS PENITENCIÁRIOS
1. Conceito de Direito Penal:
Os autores clássicos, a exemplo de Welzel, definem o direito penal ou criminal como parte do ordenamento
jurídico que define infrações penais (crimes ou contravenções) e comina as respectivas sanções (penas ou medida de
segurança). Contudo, observa Paulo Queiroz, que o ordenamento jurídico penal contém normas que não definem conduta
criminosa, como, por exemplo, as que definem princípios. Assim, propõe o autor, o seguinte conceito: “direito penal é a parte
do ordenamento jurídico que define as infrações penais, comina as respectivas sanções, estabelece os princípios-garantias
que limitam o poder punitivo e prevê os pressupostos de punibilidade”. 
Vale ressaltar o conceito extraído de Blanco Lozano, no sentido de ser o direito (não somente o penal) um
projeto de paz para os homens. De fato, qual seria outra função do direito senão assegurar o equilíbrio em sociedade,
garantindo-se a paz. Em suma, o direito penal é uma proposta de paz. Seguindo-o, vive-se melhor. Não adotando suas regras,
pune-se para obter o mesmo resultado.
Para vários autores, há diferença entre direito penal e direito criminal, sendo este abrangente daquele, porque
daria enfoque ao crime e suas consequências jurídicas, enquanto aquele seria mais voltado ao estudo da punição. Assim não
nos parece e tudo não passa de uma opção terminológica.
O direito penal é um ramo do direito público, pois somente o Estado pode criar e regular sanções aplicáveis no
seu âmbito. 
*Os seguintes pontos também parecem relevantes, já que boa parte foi cobrada na prova oral do 185:
- Direito Penal objetivo e subjetivo (Guilherme Souza Nucci):
a) Objetivo (jus poenale): é o corpo de normas jurídicas destinado ao combate à criminalidade, garantindo a
defesa da sociedade, mas também limitando o poder estatal, de modo a não afrontar, em demasia, as liberdades individuais. 
b) Subjetivo (jus puniendi): direito de punir do Estado, correspondente à sua exclusiva faculdade de impor
sanção criminal diante da prática do delito. Nucci (lastreado na doutrina de Aníbal Bruno) entende de forma diferente e
assevera que o Estado não possui um direito de punir, mas o poder-dever de punir, sempre que o crime ocorre e é
devidamente comprovado pelas vias legais. Logo, não se trata de um direito, exequível ou não, conforme critérios
discricionários. 
- Direito penal geral e especial:
a) Geral, comum ou nuclear: CP (inclusive a parte geral);
b) Especial: volta-se às leis penais especiais, contidas em leis editadas para vigorar fora do Código Penal;
Em visão diferenciada, Cezar Bitencourt sustenta que o direito penal comum é aplicado pela Justiça comum,
enquanto o direito penal especial fica a cargo de algum ramo da Justiça especial. NUCCI não concorda com tal posição, pois
o direito penal comum, especialmente no que tange à Parte Geral do Código Penal, é aplicável a todos os crimes previstos na
Parte Especial do próprio Código Penal e também a vários outros delitos, cujas leis especiais não tragam normas expressas
em contrário.
- Natureza do Direito Penal (Luiz Regis Prado, op. Cit.):
a) Natureza autônoma: elabora os seus próprios conceitos;
b) Natureza sancionatória: limita-se a sancionar fazendo uso de conceitos dos outros campos do direito;
Tem-se que o Direito Penal elabora, em geral, seus próprios conceitos, e que, também, em certas hipóteses,
limita-se a uma função sancionatória, ainda que subordinada às suas peculiaridades.
1
DIREITO PENAL
O Direito Penal é, portanto, independente em seus efeitos (sanção penal) e relativamente dependente em seus
pressupostos (preceito incriminador);
- Dogmática penal, política criminal e criminologia:
a) Dogmática penal: tem a missão de conhecer o sentido das normas e princípios jurídico-penais positivos e
desenvolver de modo sistemático o conteúdo do Direito Penal. Nesse sentido, a dogmática penal é a interpretação,
sistematização e aplicação lógico-racional do Direito Penal;
b) Política criminal: é um modo de raciocinar e estudar o direito penal, fazendo-o de modo crítico, voltado ao
direito posto, expondo seus defeitos, sugerindo reformas e aperfeiçoamentos bem como visando à criação de novos institutos
jurídicos que possam satisfazer as finalidades primordiais de controle social desse ramo do ordenamento. A política criminal
se dá tanto antes da criação da norma penal como por ocasião de sua aplicação. No âmbito judiciário, é preciso prestar maior
atenção para identificar a política criminal, mas é evidente a sua existência, concentrando-se o seu substrato na mente dos
juízes. 
c) Criminologia: ciência empírica, de cunho interdisciplinar, que estuda o fenômeno criminal utilizando-se do
método causal-explicativo. Ocupa-se com o surgimento, a prática e a maneira de evitar o crime, assim como do tratamento
dos criminosos. O Direito Penal se dedica ao estudo das consequências jurídicas do delito. A Criminologia, por seu turno,
preocupa-se com os aspectos sintomáticos, individuais e sociais do crime e da criminalidade, isto é, aborda cientificamente
os fatores que podem conduzir o homem ao crime. 
1.1. Velocidades do Direito Penal (Guilherme de Souza Nucci):
Trata-sede uma terminologia utilizada por Silva Sánchez ao analisar as alterações do direito penal, ao longo dos
anos, como se passasse por velocidades. Silva Sánchez procura demonstrar algo muito maior que as tais velocidades do
direito penal, mas sim o confronto inevitável entre os sistemas penais dos países e a criminalidade globalizada diante das
dificuldades de se encontrar uma política criminal eficiente para combate-la. A obra constitui-se em importante crítica para a
sociedade consumista da atualidade, que incentivou a globalização do crime, não sabendo como lidar com o dilema.
A primeira velocidade seria composta por um direito penal de garantias, preservando as liberdades individuais;
os crimes teriam penas mais graves, muitas delas privativas de liberdade, mas, pelo menos, os réus gozariam de ampla
defesa, contraditório e todos os componentes do devido processo legal.
A segunda velocidade evidenciaria um direito penal mais dinâmico, restringindo certos direitos e garantias para
atingir, em compensação, penas mais rápidas como as restritivas de direitos e multas.
A terceira velocidade representaria a amenização dos direitos e garantias fundamentais sem nenhuma
compensação no campo das penas, pois elas seriam mais graves e daria, então, fundamento a um sistema penal muito mais
rigoroso, assemelhado a um direito penal do inimigo.
Há, inclusive, quem cite a quarta velocidade do direito penal, que seria ligada ao direito internacional, dizendo
respeito aos julgamentos penais nesse cenário. O exemplo seria o Tribunal de Nuremberg. 
Crítica nas palavras de Nucci: “Com a devida vênia, no Brasil, essa teoria das velocidades inexiste; estamos a
10 km/h, quase parados em matéria de modernização do sistema penal, trabalhando, ainda, com um Código Penal, editado
em 1940, e parcialmente reformado em 1984. Temos um amontoado de leis que não formam uma política criminal”.
2. Princípios Constitucionais Penais1
1
 Por tratar-se de um ponto novo não previsto no edital anterior e não abordado no caderno do
Jean, optou-se por adotar como livro base ao presente ponto Curso de Direito Penal, vol. 1, do
Guilherme Souza Nucci eis que o autor possui um livro específico sobre princípios constitucionais
2
DIREITO PENAL
O direito penal e o processo penal estruturam-se sob as bases de inúmeros princípios constitucionais e
infraconstitucionais, porém é essencial destacar dois princípios governantes/regentes para que se obtenha a efetividade das
propostas do Estado Democrático de Direito, quais sejam: o princípio da dignidade da pessoa humana e o princípio do
devido processo legal. 
2.1. Princípio da dignidade da pessoa humana
Trata-se de um princípio de valor pré-constituinte e de hierarquia supraconstitucional. Possui dois prismas:
objetivo e subjetivo. Objetivamente, envolve a garantia de um mínimo existencial ao ser humano, atendendo as suas
necessidades vitais básicas(Art. 7, IV da CF). Subjetivamente, cuida-se do sentimento de respeitabilidade e autoestima,
mormente do Estado. 
Para que o ser humano tenha a sua dignidade preservada torna-se essencial o respeito aos direitos e garantias
individuais, por isso tal princípio é a base e a meta do Estado Democrático de Direito, não podendo ser contrariado,
especialmente no contexto penal e processual penal. O relevo do tema concentra-se no fato de que tanto a vítima de um
crime como o seu autor têm iguais direitos no tocante à preservação da sua dignidade como pessoas humanas que são. 
2.2. Devido Processo legal
O devido processo legal possui dois importantes aspectos: o lado substantivo(material), de direito penal, e o
lado procedimental(processual), de processo penal. No primeiro encaixa-se o princípio da legalidade, basicamente, além dos
demais princípios penais. Quanto ao prisma processual, cria-se um espectro de garantias fundamentais para que o Estado
apure e constate a culpa de alguém em relação a prática de um crime. 
A ação e o processo penal somente respeitam o devido processo legal, caso todos os princípios norteadores do
direito penal e do processo penal sejam, fielmente, respeitados durante a persecução penal, garantidos e afirmados os direitos
do acusado para produzir sua defesa, bem como fazendo atuar um Judiciário imparcial e independente. A comunhão entre os
princípios penais e os processuais penais torna efetivo e concreto o devido processo legal. 
2.3. Princípios Constitucionais explícitos concernentes à atuação do Estado
2.3.1. Legalidade ou reserva legal
Consiste no seguinte preceito: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal
(art. 5, XXXIX, CF). Estão inseridos no mesmo dispositivo outros dois importantes princípios penais: a anterioridade e a
taxatividade. O primeiro deles é explícito pois está indicado nos vocábulos anterior e prévia. O segundo advém da expressão
que o defina, embora sua fiel amplitude seja decorrência da doutrina e consequentemente, da interpretação. 
A legalidade em sentido estrito ou penal guarda identidade com a reserva legal, vale dizer, somente se pode
considerar crime determinada conduta, caso exista previsão em lei. O mesmo se pode afirmar para a existência da pena. O
termo lei, nessa hipótese, é reservado ao sentido estrito, ou seja, norma emanada do Poder Legislativo. 
O sentido da legalidade é captado no cenário da tipicidade, ou seja, a perfeita adequação do fato da vida real ao
modelo abstrato de conduta criminosa é a tipicidade, instrumento de viabilização do princípio da legalidade. 
Há de se destacar a existência do princípio da legalidade em sentido amplo, não mais voltado, exclusivamente, a
esfera penal: ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei(art. 5, II). 
2.3.2. Anterioridade
Significa que uma lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a um fato concreto, caso tenha tido origem
antes da prática da conduta para a qual se destina, conforme expresso na CF e no art. 1 do CP. 
2.3.3. Princípio da Irretroatividade da lei penal
Tem por escopo o fato de que a lei penal não retroagirá para abranger situações já consolidadas. Abre-se
exceção à regra no caso das leis penais benéficas. 
penais e processuais penais de forma a tentar abarcar um conteúdo amplo tendo em vista que o Vico
realizou diversas perguntas neste tema na prova oral do TJAL.
3
DIREITO PENAL
STJ: A norma que altera a natureza da ação penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. STJ. 6ª Turma. HC
182.714-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012.
2.3.4. Humanidade
O direito penal deve pautar-se pela benevolência, garantido o bem-estar da coletividade, incluindo-se o dos
condenados. Por isso, estipula a Constituição que não haverá penas: 1) de morte (exceção feita à época de guerra declarada);
2) de caráter perpétuo; 3) de trabalhos forçados; 4) de banimento; 5) cruéis, bem como que deverá ser assegurado o respeito à
integridade física e moral do preso. 
Coloca-se como viés do princípio em questão: a) consideração da tortura como crime grave; b) vedação a
produção de provas ilícitas; c) punição a qualquer discriminação atentória aos direitos e garantias fundamentais; d) o
cumprimento da pena em estabelecimento adequado, bem como assegurar aos presos o respeito à integridade física e moral e
o direito de amamentação das presidiárias. 
Com efeito, humanizam-se, constitucionalmente, o direito penal sancionador e o processo penal ético. 
Nucci aponta que a concretude do princípio da humanidade depende de clara conscientização dos Poderes do
Estado, mais particularmente do Judiciário. O autor registra a possibilidade, no atual sistema, de se atingir penas
consideradas cruéis no cenário real, citando, como exemplo, presídios superlotados onde reinam a insalubridade e por
consequência pode levar o preso a morte. Assim ocorrendo, estar-se-ia diante da pena de morte, aplicadana prática, mas
rejeitada na teoria. 
2.4. Princípios constitucionais explícitos concernentes ao individuo
2.4.1. Personalidade ou responsabilidade pessoal
Significa que a punição, em matéria penal, não deve ultrapassar a pessoa do delinquente, conforme art. 5 , XLV
da CF: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. Isso não significa que não haja possibilidade de garantir à vitima
do delito a indenização civil ou que o Estado não possa confiscar o produto do crime. Uma das consequências do princípio,
associado à intranscendência do processo penal, é a multa, que, mesmo considerada dívida civil, para fins de cobrança, após
o trânsito em julgado da decisão condenatória, não pode alcançar os herdeiros do condenado. 
Ressalta-se que a consequência da sanção penal se divide em direta e indireta. De maneira direta, o
estabelecimento da pena gera restrições lesivas à liberdade individual do condenado. De maneira indireta, a fixação da pena
pode produzir lesões a pessoas diversas do sentenciado, mas que com ele convivem ou dele dependem, como, por exemplo, a
condenação a uma pena privativa de liberdade do provedor do lar. O princípio em comento tem por fim exclusivo assegurar
que a punição direta do Estado em relação ao individuo não se espraie, atingindo terceiros, não participantes do delito. No
mais, a nocividade relativa e indireta da pena, no contexto social, é um mal necessário, impossível de ser evitado. 
2.4.1.1. A questão da cobrança da multa penal
O respeito à personalidade da pena será vilipendiado, caso se decida cobrar a pena de multa, aplicada ao
condenado, de seus herdeiros. A polêmica surgiu com a nova redação do art. 51 do CP considerando a multa como divida de
valor. Entretanto, considerar como dívida civil não significa transforma-la em dívida civil, tendo em vista que a natureza
jurídica não foi alterada, permanecendo como sanção penal. 
A lei ordinária não tem o condão de alterar preceito constitucional. Se a responsabilidade penal é pessoal, por
óbvio não pode, jamais, atingir inocentes, não participantes do crime. A multa aplicada por juiz criminal advém da prática
delituosa, assim, em lugar da pena pecuniária poderia ser privativa de liberdade. 
2.4.2 Individualização da pena
O princípio significa que a pena não deve ser padronizada, cabendo a cada delinquente a exata medida punitiva
pelo que fez. Convém destacar que existe três momentos para a individualização: a) individualização legislativa: cabe ao
legislador, quando cria um novo tipo penal, estabelecer o mínimo e o máximo, em abstrato, previstos para a pena; b)
individualização judiciária: compete ao julgador, na sentença condenatória, concretizar a pena; c) individualização
executória: a pena aplicada, quando em cumprimento, sofre variações, conforme o desenvolvimento do sentenciado, sendo
possível reduzi-la(remissão, comutação), alterar o regime entre outros fatores. 
4
DIREITO PENAL
2.5. Princípios Constitucionais Implícitos concernentes à atuação do Estado
2.5.1. Intervenção mínima e princípios consequenciais da subsidiariedade, fragmentariedade e
ofensividade
O princípio quer dizer que o direito penal não deve interferir em demasia na vida do indivíduo, retirando-lhe
autonomia e liberdade. Afinal, a lei penal não deve ser vista como a primeira opção (prima ratio) do legislador para compor
os conflitos existentes em sociedade. O direito penal deve ser visto como subsidiário aos demais ramos do direito, somente
aplicando-o quando as demais formas fracassarem. 
O denominado princípio da fragmentariedade é apenas um corolário da intervenção mínima, significando que
nem todas as lesões a bens jurídicos protegidos devem ser tuteladas e punidas pelo direito penal. O direito penal deve ocupar-
se das condutas mais graves, verdadeiramente lesivas à vida em sociedade, passíveis de causar distúrbios de monta à
segurança pública e a liberdade individual. Pode-se, ainda, falar em fragmentariedade de 1 grau e de 2 grau. A primeira
refere-se à forma consumada do delito, ou seja, quando o bem jurídico precisa ser protegido na sua integralidade. A segunda
cinge-se à tentativa, pois protege-se o risco de perda ou de lesão, bem como a lesão parcial do bem jurídico. 
2.5.2. Ofensividade (ou lesividade)
Há quem sustente a existência autônoma do princípio da lesividade/ofensividade, alegando que somente podem
ser criados tipos penais incriminadores capazes de ofender um bem jurídico alheio, devidamente tutelado. 
No entanto, Nucci entende de forma distinta, não conseguindo enxergar o princípio da lesividade distinto do
princípio da intervenção mínima. Defende, portanto, que a ofensividade ou lesividade deve estar presente no contexto do tipo
penal incriminador, para validá-lo, legitimá-lo, sob pena de se esgotar o direito penal em situações inócuas e sem propósito.
Desta feita, a ofensividade é um nítido apêndice da intervenção mínima ou subsidiariedade do direito penal democrático, é
uma consequência do respeito a intervenção mínima. 
2.5.3. Insignificância e adequação social
Não há dúvida que esses dois princípios, decorrentes da intervenção mínima, são relevantes. Entretanto, serão
tratados em capítulo próprio. 
2.5.4. Taxatividade
A taxatividade dos tipos penais tem a finalidade de aclarar o objetivo de cada figura criminosa, permitindo a
exata captação do sentido dos modelos. Significa que as condutas típicas devem ser suficientemente claras e bem elaboradas,
de modo a não deixar dúvida, em relação ao seu cumprimento, por parte do destinatário da norma. Esse é um princípio
decorrente, nitidamente, da legalidade, logo, é constitucional implícito. 
Cabe esclarecer que a utilização de terminologia aberta constitui parte integrante da necessidade de exposição
de ideias mais complexas, impossíveis de descrição pormenorizada. Entretanto, o abuso no uso de terminologias duvidosas,
confusas ou de conteúdo excessivamente abrangente são incompatíveis com a segurança jurídica determinada pelo princípio
da legalidade. 
2.5.5. Proporcionalidade
A proporcionalidade indica a harmonia e a boa regulação de um sistema, abrangendo, em direito penal,
particularmente, o campo das penas. As penas devem ser individualizadas e ao mesmo tempo necessitam ser
proporcionalmente aplicadas, conforme a gravidade da infração penal cometida. Por isso, há uma meta revelada em direção a
dois objetivos: a) preservar a harmonia entre a cominação de penas e os modelos de condutas proibidas; b) fundamentar o
equilíbrio entre a aplicação das penas e os concretos modos de realização do crime. 
O primeiro objetivo deve ser seguido pelo legislador quando cria um novo tipo incriminador ou quando
pretende alterar um já existente. O segundo, voltando-se ao juiz, indica-lhe a razoável proporção entre o peso da sanção e o
dano provocado pela infração penal. 
Em suma, significa que as penas devem ser harmônicas em face da gravidade da infração penal cometida, não
tendo cabimento o exagero, tampouco a extrema liberalidade na cominação das sanções nos tipos penais incriminadores. 
5
DIREITO PENAL
Exemplos de tipos penais, citados pelo autor, que ferem o princípio da proporcionalidade: art. 273 do CP e arts.
30 e 49 da Lei 9605/98.
2.5.5.1. O princípio da proibição da proteção deficiente
Cuidando-se de mero espelho da proporcionalidade, não se pode utilizar a proibição da proteção deficiente para
derrubar importantes conquistas penais e processuais penais dos últimos tempos. Por isso, esse princípio encontra barreiras
em vários outros, como a legalidade, a culpabilidade, a intervenção mínima etc. A pretexto de suprir eventual deficiência
estatal, na tutela da segurança pública, torna-se inadmissível invocar a analogia in malam partem ou a retroatividade de lei
prejudicial ao réu. Ademais, um erro ou omissão porventura existente não deve gerar outro pior, consistente na invasão à
seara do abuso e da comoção pela lei e ordem. 
2.5.6. Vedaçãoda dupla punição pelo mesmo fato
A proibição de dupla punição em virtude do mesmo fato criminoso é decorrência de dois princípios
constitucionais: o princípio da legalidade em harmonia com o princípio da vedação do duplo processo pelo mesmo
acontecimento. Este último encontra expressa previsão na Convenção Americana de Direitos Humanos e ingressa em nosso
cenário constitucional pela abertura concedida pelo art. 5, §2 da CF. 
Em síntese, significa que ninguém deve ser processado e punido duas vezes pela prática da mesma infração
penal, entendido este como fato principal(tipo básico) e todas as suas circunstâncias(tipo derivado e outros elementos
previstos em lei). 
Cabe destacar que a reincidência não afronta o princípio em questão. A reincidência não utiliza, como
parâmetro, o mesmo fato para qualquer finalidade. Vale-se de fato novo por completo. A prática de outro delito significa fato
primário original, nunca antes considerado pela Justiça Criminal. No momento de aplicação da pena, por este inédito delito,
leva-se em conta outra circunstância, igualmente nova, consistente na reincidência, como padrão comportamental,
construindo fato circunstancial inovador. Assim, dadas nova infração penal e nova circunstância de caráter pessoal, fixa-se
pena inédita, com medida justa ao padrão encontrado para aquele fato, em primeira mão avaliado pelo Judiciário. 
2.6. Princípios constitucionais implícitos concernentes ao indivíduo 
2.6.1. Culpabilidade
Significa que ninguém será penalmente punido se não houver agido com dolo ou culpa, dando mostras de que a
responsabilização não deve ser objetiva, mas subjetiva. O princípio da culpabilidade serve, de um lado, para conferir a
necessária proteção do individuo em face de eventual excesso repressivo do Estado, fazendo com que a pena, por outro,
circunscreva-se às condutas merecedoras de um juízo de desvalor ético-social. 
A intervenção mínima assegura o Estado Democrático de Direito, restringindo-se ao mínimo possível a atuação
punitiva estatal. Diante disso, exigir a presença da culpabilidade, entendida esta, na teoria do crime, como a existência de
dolo ou culpa, constitui garantia humana fundamental. O lastro dessa garantia pode ser encontrado na dignidade da pessoa
humana, princípio regente e norteador de toda a atividade estatal de respeito ao individuo e de valorização de sua autoestima
e inserção em sociedade. 
Por fim, é fundamental não confundir o princípio da culpabilidade, como garantia contra a responsabilidade
penal objetiva – não há crime sem dolo ou culpa -, com a culpabilidade, como elemento do crime e fundamento da pena. 
3. História do Direito Penal:
A história do direito penal nasce com a história da pena, a qual acompanha a própria humanidade. A pena
aparece, em todos os tempos, como uma ingerência na esfera do poder e da vontade do indivíduo. O direito penal se
desenvolveu para atender as necessidades de seu tempo. 
Nesse contexto, adota-se, para fins didáticos, a tríplice divisão, representada pelas seguintes fases:
1) Vingança divina: o homem primitivo regulava sua conduta pelo temor religioso ou mágico, sobretudo em 
relação com o culto dos antepassados e com certas instituições de fundo mágico ou religioso. Entendia-se que a lei tinha 
origem divina, sendo assim, a violação da norma consistia numa ofensa aos deuses e a punição do infrator desagravava a 
6
DIREITO PENAL
divindade. O castigo deveria estar em consonância com a grandeza do deus ofendido. A expulsão do grupo era uma espécie 
de pena.
2) Vingança privada: a infração era vista como uma ofensa ao grupo e não diretamente à pessoa. Nesse período,
imperava a lei do mais forte, a vingança de sangue, fazia-se justiça com as próprias mãos, inexistia proporção entre o delito 
praticado e a pena imposta, o que não raras vezes levava à dizimação de grupos inteiros. Para evitar essa dizimação, surge a 
lei do Talião (latim – talis = tal qual), que impõe que o castigo deve ser igual à conduta perpetrada (pagará a vida com a vida,
olho por olho...). Essa é a primeira manifestação do princípio da proporcionalidade, da humanização da pena, por mais 
contraditório que isso possa parecer. Com o passar dos tempos, diante do elevado número de infratores, as populações 
ficavam deformadas, motivo pelo qual o sistema evoluiu para o sistema da composição, forma de conciliação entre o ofensor 
e o ofendido ou seus familiares, pela prestação pecuniária como forma de reparar o dano. Essa composição é precursora da 
moderna reparação do dano do direito civil e das penas pecuniárias. 
3) Vingança pública: o Estado avoca para si o poder-dever de manter a ordem e a segurança social. A pena 
assume nítido caráter público. Não obstante, as penas continuavam intimidatórias e cruéis, como, por exemplo, o 
esquartejamento, a roda, a fogueira, a decapitação, a forca etc. 
IDADE ANTIGA: Direito penal grego e direito penal romano. Na Grécia antiga, o crime e a pena eram marcados
pelo sentimento religioso. O desenvolvimento da ciência política na Grécia colocou em pauta discussões relevantes acerca do
fundamento do direito de punir e a finalidade da pena. Todavia, o foco era o campo social e político (a polis), e não os
direitos fundamentais. A pena passou a ter certa dose de humanidade. Na história do direito Romano, em matéria penal, o
poder dos magistrados era totalmente discricionário e limitado apenas pela apelação ao povo, direito exclusivo do cidadão
romano, isso exclui as mulheres, os escravos e os estrangeiros. A elaboração da Lei das XII Tábuas foi fundamental para a
evolução do Direito Romano, pois disciplinou a vingança privada e posteriormente a administração da justiça foi transferida
para o poder estatal central. Como a prioridade do Império Romano era a busca pelo poder e pela prosperidade das classes
privilegiadas (imperadores e patrícios), não há proteção dos direitos fundamentais em face do arbítrio estatal. 
IDADE MÉDIA: Direito penal germânico e canônico. O direito germânico não continha leis escritas.
Caracterizava-se como direito consuetudinário, concebido como ordem e paz. A transgressão poderia ser privada ou pública:
se pública, era imposta a perda da paz, que consiste na ausência de proteção jurídica, podendo ser morto ou perseguido por
qualquer pessoa; se privado o crime, era o infrator entregue à vítima ou seus familiares para o exercício do direito de
vingança, incluindo a pena de morte. Por influência do direito romano e do cristianismo, adotou a Lei do Talião e a
composição. Com relação às provas, admitia as ordálias ou juízos de deus, marcada por superstições e atos cruéis. Ex.
mergulhar em água fervente para provar a inocência. O direito canônico é o ordenamento da igreja católica. A primeira
consolidação de suas normas e regras se deu por volta de 1140, por decreto de Graciano. Serviu-se do procedimento da
inquisição: torturas e penas cruéis. A pena se dirigia à cura do delinquente. O direito penal canônico contribuiu para o
surgimento da prisão moderna, principalmente no tocante à reforma do criminoso. No entanto, as penas eram cruéis e
desumanas.
IDADE MODERNA: Período humanitário. O direito penal na idade moderna foi inspirado pelo Iluminismo,
tendo como destaque a obra de CesareBonesana, Marquês de Beccaria, intitulada “Dos delitos e das penas”. Tal obra
antecipou as ideias posteriormente consagradas na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. A pena perde
o seu caráter religioso, passando a predominar a razão. Beccaria defende a pena proporcional ao delito perpetrado, visando a
evitar o cometimento de novos crimes, servindo de exemplo à sociedade.
4. História do Direito Penal Brasileiro:
4.1. Período colonial
Antes do descobrimento, a civilização primitiva adotava a vingança privada. Os silvícolas não desconheceram o
sistema de Talião e, ainda que empiricamente, adotavam a composição e a expulsãoda tribo. As penas eram
predominantemente corporais. O sistema era marcado por tabus e misticismo. Com o descobrimento, passa a vigorar o
direito lusitano, aplicando-se sucessivamente: 
7
DIREITO PENAL
a) Ordenações Afonsinas (1446 a 1514 – promulgadas por D. Afonso V). As penas eram marcadas pela
crueldade, inexistiam princípios, como da legalidade e ampla defesa, e a aplicação da pena ficava a critério do juiz. A prisão
preventiva visava a impedir a fuga do delinquente ou a obrigar o pagamento da pena pecuniária.
b) Ordenações Manuelinas (editadas em 1514, por D. Manuel). Pouco se diferenciou das ordenações Afonsinas. 
c) Ordenações Filipinas (1603 a 1830 – Rei Felipe II). Manteve as características das ordenações anteriores, ou
seja, foi marcada pela crueldade, desproporcionalidade, arbitrariedade etc. As consequências penais eram estendidas aos
descendentes. Predominava a pena de morte, as sanções bárbaras e infamantes, como açoites e amputação de membros. 
4.2. Código criminal do Império
A Constituição de 1824 determinou a elaboração de um Código Criminal fundado na justiça e equidade. O
Código foi sancionado em 1830 pelo Imperador D. Pedro I, tornando-se o primeiro código autônomo da América Latina. O
direito penal evoluiu em prol da humanização, sendo abolidas as penas de açoite, tortura, marca de ferro quente, a pena não
mais passava da pessoa do delinquente. Contudo, ainda era permitida a pena de morte, de trabalhos forçados entre outras. O
sistema de dia-multa é uma inovação do Código Criminal do Império. Outras inovações foram o princípio da legalidade, as
regras sobre tentativa, o elemento subjetivo, a autoria e a participação, os casos de inimputabilidade, as causas de justificação
e as agravantes e atenuantes.
4.3 Período republicano
O Código de 1890, editado com o advento da República, foi criado às pressas e em razão disso apresentou
inúmeras falhas, por consequência foram editadas inúmeras leis extravagantes, que foram reunidas posteriormente na
Consolidação de Leis Penais, promulgada em 1932. Durante o Estado Novo, em 1937, foi apresentado um projeto de Código
Penal, que foi sancionado em 1940 e vigora até os dias atuais, tendo sido reformado em sua parte geral pela Lei 7.209/1984. 
Anote-se, enfim, ter havido a promulgação de um novo CP em 1969, mas que nunca chegou a vigorar.
Objetivando a substituição do CP de 1940, foi elaborado por Nelson Hungria, mas acabou sendo revogado em 1978, após ter
a sua vigência sucessivamente prorrogada. 
4.4. Período Atual
O atual Código Penal tem natureza eclética, adotando preceitos da escola clássica e outros da escola positiva.
Após a reforma de 1984, o Estatuto continuou pragmático, acolhendo postulados finalistas, mas mantendo-se fiel ao
causalismo. 
5. Escolas Penais
Escola Clássica: Final do século XVIII. Nasceu como reação ao Estado Absolutista. Tem como principais
expoentes Beccaria (quem traça as linhas basilares do sistema), Fancesco Carrara, Carmignani, Rossi. Utilizavam o método
racionalista e dedutivo (lógico) e, em regra, eram jusnaturalistas. Conceitos fundamentais: crime era um conceito meramente
jurídico; predominava a concepção do livre arbítrio, o homem era moralmente responsável pelos seus atos; a pena era a
retribuição pelo crime cometido, e só era imposta àquele que estava em suas perfeitas condições psíquicas. As contribuições
dessa escola foram a tendência de eliminar as penas corporais e os suplícios, bem como a imposição da pena pelo Estado. 
Linhas gerais:
a) Direito tem uma natureza transcendente: segue a ordem imutável da lei natural;
b) Delito como ente jurídico: violação de um direito;
c) Responsabilidade penal lastreada na imputabilidade e no livre arbítrio;
d) Pena como retribuição;
e) Delinquente é o homem natural com livre arbítrio entre o bem e o mal, mas que optou pelo último;
Escola Positiva: Meados do século XIX. Também é denominada de Positivismo criminológico. Recebeu o
nome de positiva pelo método e não por aceitar a filosofia do positivismo. CesareLombroso representou a fase antropológica
da escola positiva, para ele o homem não é livre em sua vontade, ao contrário, sua conduta é determinada por forças inatas.
Ele deu início cientificamente a aplicação do método experimental no estudo da criminalidade e criou a teoria do criminoso
8
DIREITO PENAL
nato. Enrico Ferri representa a fase sociológica no positivismo criminológico. Negava o livre-arbítrio, fundamentando a
responsabilidade penal na responsabilidade social. Rafael Garofalo representa a fase jurídica da escola positiva. É o pai da
expressão “criminologia”. Atribui-se a ele o conceito de delito natural compreendido como ação prejudicial e que fere ao
mesmo tempo alguns desses sentimentos que se convencionou chamar o senso moral de uma agregação humana. Na Escola
Positiva destacou-se o método experimental, no qual o crime e o criminoso deveriam ser estudados individualmente,
inclusive com auxílio de outras ciências. Ganhou relevo o determinismo, negando-se o livre-arbitrio, haja vista que a
responsabilidade penal fundamentava-se na responsabilidade social, no papel que cada ser humano desempenhava na
coletividade. 
Linhas gerais:
a) Direito como produto social;
b) Delito como um fenômeno natural e social: fatores individuais, sociais e físicos;
c) Responsabilidade penal lastreada a periculosidade;
d) Pena como um meio de defesa social (função preventiva especial); 
e) Delinquente sem livre arbítrio; 
f) Contexto: despontar da filosofia positivista + florescimento dos estudos biológicos e sociológicos;
g) Três grandes fases:
g.1) Antropológica (Lombroso): teoria do criminoso nato (expressão da autoria de Ferri);
g.2) Sociológica (Ferri): negação do livre arbítrio. Não há vontade humana. De acordo com o autor, as ações
humanas “são sempre o produto de seu organismo fisiológico e psíquico e da atmosfera física e social onde nasceu e na qual
vive”;
g.3) Jurídica (Garofalo): sistematização da Escola;
Escola crítica ou eclética: Em 1891, Manuel Carnevale dá início ao positivismo crítico. Como o próprio
nome diz: posição intermediária entre as escolas anteriores;
Linhas gerais:
a) Delito como fenômeno natural e social;
b) Responsabilidade penal lastreada na imputabilidade moral. O conceito de livre arbítrio é substituído pelo
determinismo psicológico, em que é imputável aquele que se deixa levar pelos motivos, aplicando-se a pena. Ao incapaz de
se levar pelos motivos, aplica-se a medida de segurança;
c) Pena como um meio de defesa social;
Escola correcionalista. Surgiu na Alemanha, em 1839. Karl David August Röeder. Para esta escola, a pena
tem a finalidade de corrigir a injusta pena e perversa vontade do criminoso e, dessa forma, não pode ser fixa e determinada,
mas passível de cessação de sua execução quando se tornar prescindível. Este foi o grande mérito do jurista: ter lançado no
Direito Penal a semente da sentença indeterminada. 
Escola do tecnicismo jurídico-penal. Sustentava que o método de estudo do direito penal era o positivo,
restrito às leis vigentes, dele abstraindo o conteúdo causal-explicativo inerente a antropologia, sociologia e filosofia. O
Direito Penal tem conteúdo dogmático, razão pela qual o seu intérprete deve utilizar apenas o método técnico-jurídico, cujo
objeto é o estudo da norma jurídica em vigor. Em uma segunda etapa admitiu a existência do direito natural. 
Escola da defesa social. É uma doutrina preocupada unicamente com a proteção da sociedade contra o crime.
Essa função de defesa deveria ser garantida da forma mais eficaz e integral possível, repudiando a imposição de penas
insuficientes. O fim único da justiça penal é garantir, da melhor maneira possível, a proteção da pessoa, da vida, do
patrimônio e da honra dos cidadãos. Adotavam os institutos das medidas de segurança e das penas indeterminadas enquanto
persistisse a periculosidade. No períodocompreendido entre as duas primeiras guerras mundiais desenvolveu-se a profilaxia
criminal, baseada na assistência educativa e na organização de uma prevenção calcada no estudo da personalidade do
9
DIREITO PENAL
delinquente, não se esquecendo do respeito pela pessoa humana. Devido aos regimes autoritários europeus que traziam de
volta ao direito penal as ideias de castigo e intimidação, desenvolveu-se uma nova fase da escola da defesa social, marcada
pela prevenção do crime e o tratamento do menor delinquente, bem como a reforma penitenciária. 
6. Doutrinas Penais:
Positivismo jurídico. Tinha preferência pela cientificidade, excluindo os juízos de valor e limitando seu objeto
ao direito positivo. Deve-se a escola positiva o conceito clássico de delito. Sendo a conduta definida como um mero
movimento corporal que produz modificação no mundo exterior. Assim, a conduta tem caráter objetivo e vinculada ao
resultado pela relação de causalidade. É uma posição normativista e formal, justificada pelos seus partidários como respeito à
legalidade e segurança jurídica.
Neokantismo penal. Introduz considerações axiológicas ao estudo do direito penal. Substitui o método
puramente jurídico-formal do positivismo, acolhendo a compreensão do conteúdo dos fenômenos e categorias jurídicas.
Afirma-se que o direito penal preocupa-se com os “fins” e não com as “causas”. Essa doutrina permitiu graduar o injusto de
acordo com a gravidade da lesão produzida. A conduta ganha significado social, não é mais mero movimento corporal.
Introduziu os elementos normativos e subjetivos nos tipos penais. A ilicitude passou a ter uma concepção material, sendo
aceita como lesividade social. Adotou-se a teoria psicológico-normativa da culpabilidade.
Garantismo penal. Trata-se de um modelo universal que busca contribuir para a crise dos sistemas penais.
Assim, engloba diversas fases: criação da lei penal, com eleição dos bens jurídicos tutelados, validade das normas e
princípios do direito penal e do processo penal, respeito pelas regras e garantias inerentes à atividade jurisdicional, a regular
função dos sujeitos processuais, as peculiaridades da execução penal etc. Luigi Ferrajole, principal expoente desse sistema,
apresenta 10 axiomas ou princípios, nos quais se assenta o modelo garantista: (1) princípio da retributividade; (2) princípio
da reserva legal; (3) princípio da necessidade; (4) princípio da lesividade; (5) princípio da extraterritorialidade; (6) princípio
da culpabilidade; (7) princípio da jurisdicionalidade; (8) princípio acusatório; (9) princípio do ônus da prova; e (10) princípio
do contraditório.
Funcionalismo penal. Iniciou-se na Alemanha, em 1970. Pretende abandonar o tecnicismo jurídico com
enfoque na adequação típica, possibilitando ao tipo penal desempenhar sua função de mantenedor da paz social e aplicador
da política criminal. Daí o nome Funcionalismo. Esta doutrina questiona o conceito de conduta do sistema clássico e finalista
e delimita o âmbito das expectativas normativas da conduta, vinculando-se à teoria da imputação objetiva. Nota-se, pois, que
o adequado funcionamento da sociedade deve preponderar sobre a letra fria da lei, mas sem a desconsiderar. A mitigação do
texto legal encontra limites, os quais são dados de acordo com duas concepções do funcionalismo: (1) funcionalismo
moderado, dualista ou de política criminal, capitaneado por ClausRoxin e que se preocupa com a finalidade do direito penal;
e (2) funcionalismo radical, monista ou sistêmico, liderado por GüntherJakobs, que se satisfaz com os fins da pena.
Direito Penal do risco. As modificações introduzidas na humanidade ao longo dos últimos anos, com
fenômenos como a globalização, a massificação dos problemas e, principalmente a configuração de uma sociedade de risco,
implicaram em profundas alterações no Direito Penal, criando-se um “direito penal do risco”. O controle, a prevenção e a
gestão de riscos são tarefas que o Estado deve assumir e para tanto o legislador recorre ao tipo penal de perigo abstrato como
instrumento técnico adequado por excelência. O fato de o Direito Penal ser frequentemente convocado a controlar os novos
problemas sociais acarretou mudanças na sua estrutura clássica, entretanto, não se pode olvidar da subsidiariedade e
fragmentariedade do Direito Penal. A expansão incontrolável pode provocar o esquecimento de sua função precípua, qual
seja, a proteção exclusiva de bens jurídicos indispensáveis para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, em face de
sua administrativização, e consequentemente, com a criação de leis penais meramente simbólicas e de tipos penais de perigo
abstrato em prejuízo de crimes de dano e de perigo concreto. Para solucionar a expansão do Direito Penal de Risco a doutrina
estrangeira apresenta algumas formas de solução:
 Direito intervencionista ou de intervenção: o Direito penal não oferece resposta satisfatória para a 
criminalidade oriunda das sociedades modernas. Assim, WinfriedHassemer, propôs o que se denomina de direito
de intervenção, o qual consiste na manutenção, no âmbito do Direito Penal, somente de condutas lesivas aos 
bens jurídicos individuais e também daquelas que causam perigo concreto. As demais, de índole difusa ou 
coletiva, causadoras de perigo abstrato, por serem apenadas de maneira mais branda, seriam reguladas por um 
sistema jurídico diverso, com garantias materiais e processuais mais flexíveis, possibilitando um tratamento 
10
DIREITO PENAL
mais célere e amplo dessas questões. Além disso, não seria tarefa do Poder Judiciário aplica-las, e sim da 
Administração Pública. 
 As velocidades do Direito Penal: Parte do pressuposto de que o Direito Penal contém dois grandes blocos, 
distintos, de ilícitos: o primeiro, das infrações penais as quais são cominadas penas de prisão (direito penal 
nuclear), e o segundo, daquelas que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais (direito penal 
periférico). Logo, defende um Direito Penal mais distante do núcleo do criminal no qual se impusessem penas 
mais próximas de sanções administrativas e se flexibilizassem os critérios de imputação e as garantias político-
criminais, mantendo-se um Direito Penal mínimo e rígido com um procedimento amplo e garantista para 
aqueles crimes nos quais possa resultar a imposição de pena privativa de liberdade. A diferença para a corrente 
anterior é que nesta todos os ilícitos guardam natureza penal e devem ser processados e julgados pelo Poder 
Judiciário. 
 Direito Penal do Inimigo: desenvolvida por GuntherJakobs, coloca em discussão a real efetividade do Direito
Penal existente, pugnando pela flexibilização ou mesmo supressão de diversas garantias materiais e processuais 
até então reputadas em uníssono como absolutas e intocáveis. Jakobs traça o perfil do individuo considerado 
“inimigo” o qual seria aquele que não aceita as regras impostas pelo Direito para a manutenção da coletividade, 
ou seja, o criminoso habitual, o reincidente ou aqueles que integram uma organização criminosa estruturada. 
Para esses teríamos o Direito Penal do Inimigo com a supressão de direitos processuais como a ampla defesa e o
de constituir um defensor. Lado outro, teríamos o Direito Penal do Cidadão para aqueles que não se 
enquadrariam no conceito de inimigo e que seria dotado de todas as garantias constitucionais, processuais e 
penais típicas de um Estado Democrático de Direito. Tal corrente seria considerada a 3 Velocidade do Direito 
Penal.
 Neopunitivismo: rotulado como a quarta velocidade do direito penal e desenvolvida por Daniel Pastor o 
neopunitivismo relaciona-se ao Direito Penal internacional, utilizado pelo Tribunal Penal Internacional e com 
restrição e supressão de garantias penais e processuais penais de réus que no passado ostentaram a função de 
chefes de estado e violaram gravemente tratados internacionais. 
 Direito penal como proteção de contextos da vida em sociedade:com a finalidade de garantir o futuro da 
sociedade, deixa em segundo plano a proteção dos interesses individuais, para salvaguardar imediatamente os 
bens jurídicos inerentes a toda a coletividade. Ao contrário do direito intervencionista busca de modo precípuo a
proteção dos bens jurídicos difusos. 
7. Fontes do Direito Penal:
Indicam o lugar de onde veio e como se revela a norma penal. Espécies: 
a) Fonte material: indica de onde provém a norma penal. É a fonte de produção, ou seja, o órgão encarregado da
criação do Direito Penal. É a União, nos termos do artigo 22, I, da CF.
b) Fonte formal: como se revela a norma penal. A doutrina clássica entende que a fonte formal pode ser: (a)
fonte formal imediata – a lei; e (b) fontes formais mediatas: costumes e princípios gerais de direito.
A doutrina moderna coloca como fontes formais imediatas do Direito Penal: lei, Constituição Federal, tratados
internacionais de direitos humanos, jurisprudência, princípios, atos administrativos na norma penal em branco, e como fonte
mediata apenas a doutrina. Com relação ao costume, a doutrina moderna o considera fonte informal do Direito Penal.
8. Sistemas Penitenciários:
Sistema Filadélfia. O sentenciado cumpre a pena integralmente na cela, sem dela nunca sair. Alguns críticos
do RDD afirmam que ele acaba por implicar em um retorno ao Sistema Filadélfia. 
Sistema Auburn ou Auburniano. O sentenciado, durante o dia, trabalha com os outros sentenciados. Todavia,
deve fazê-lo em silêncio, recolhendo-se no período noturno à cela. Porque trabalhavam em silêncio, o sistema também é
chamado de Silent System. É neste sistema que surge a comunicação por códigos e mímicas dentro das penitenciárias. 
Sistema Inglês. Há um período inicial de isolamento, no qual o condenado permanece sempre em sua cela.
Após este estágio, o preso trabalho durante o dia e recolhe-se à cela durante a noite. Depois de cumprida parcela da pena, o
preso é colocado em liberdade condicional. Também é chamado de sistema progressivo, já que a pena é cumprida de forma
progressiva. O sistema adotado no Brasil aproxima-se do inglês. Neste sentido, o artigo 112 da LEP.
11
DIREITO PENAL
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL (ARTS. 1 A 12)
1. PRINCÍPIOS 
1.1. PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL 
1.1.1. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO 
O Direito Penal moderno é o Direito Penal do bem jurídico. Nesta seara, o princípio em questão veda ao Direito
Penal a preocupação com as intenções e pensamentos das pessoas, do seu modo de viver ou de pensar, ou ainda de suas
condutas internas, enquanto não exteriorizada a atividade delitiva. Com efeito, a função primordial do Direito Penal é a
proteção de bens jurídicos fundamentais para a preservação e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. 
Por bem jurídico entende-se todos os dados que são pressupostos imprescindíveis a um convívio pacífico entre
os homens (materiais ou imateriais). Pela teoria constitucional do Direito Penal, a tarefa de criar crimes e cominar penas
somente se legitima quando são tutelados valores consagrados na Constituição Federal, ou seja, a eleição de bens jurídicos
deriva dos mandamentos constitucionais. Portanto, um conceito de bem jurídico vinculante político-criminalmente só pode
derivar dos valores garantidos na Lei Fundamental do nosso Estado de Direito baseado na liberdade do indivíduo, através dos
quais são marcados os limites da atividade punitiva do Estado.
O princípio da exclusiva proteção do bem jurídico não se confunde com o princípio da alteridade. Neste, há um
bem jurídico a ser penalmente tutelado, mas pertencente exclusivamente ao responsável pela conduta legalmente prevista,
razão pela qual o Direito Penal não está autorizado a intervir; naquele, por sua vez, não há interesse legítimo a ser protegido
pelo Direito Penal.
1.1.1.1. Espiritualização/Liquefação/Desmaterialização do direito penal 
Parte da doutrina critica a expansão inadequada e ineficaz da tutela penal em razão dos novos bens jurídicos de
caráter coletivo e difuso (metaindividuais), especialmente pela forma de crimes de perigo abstrato, definidos como os delitos
em que a lei presume, de forma absoluta, a situação de risco ao bem jurídico penalmente tutelado. Argumenta-se que tais
bens são formulados de modo vago e impreciso, ensejando a denominada desmaterialização, espiritualização, dinamização
ou liquefação do bem jurídico. 
1.1.2. INTERVENÇÃO MÍNIMA 
O direito penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário (sua intervenção
fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle) e fragmentário (observa somente os casos de relevante lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado) mediante exercício de seletividade: “do arquipélago de ilícitos, o direito penal se
ocupa de apenas algumas ilhas”. 
1
DIREITO PENAL
O caráter fragmentário orienta que o Direito Penal só pode intervir quando se trate de tutelar bens fundamentais
e contra ofensas intoleráveis; já o caráter subsidiário significa que a norma penal exerce uma função meramente suplementar
da proteção jurídica em geral, só valendo a imposição de suas sanções quando os demais ramos do Direito não mais se
mostrem eficazes na defesa dos bens jurídicos (STJ, REsp 1.393.317/PR).
Já a fragmentariedade às avessas ocorre nas situações em que um comportamento inicialmente típico deixa de
interessar ao Direito Penal, sem prejuízo de sua tutela pelos demais ramos do Direito (ex: adultério).
1.1.3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Conforme o STF, quatro são os vetores (requisitos objetivos) na aferição do relevo material da tipicidade penal: 
a) nenhuma periculosidade social da ação; 
b) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
c) mínima ofensividade da conduta do agente; 
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Além dos quatros requisitos objetivos acima citados, discute-se nos Tribunais Superiores se também é
necessário um requisito subjetivo, qual seja, não ser o réu reincidente, portador de maus antecedentes ou criminoso habitual.
Há duas posições: 
1) A habitualidade delitiva revela reprovabilidade suficiente a afastar a aplicação do princípio da insignificância.
(STF, 2 T., HC 127888, 23/06/15; STF, 1 T, HC 133956, 21/06/2016) 
2) A reincidência, a reiteração criminosa e a habitualidade delitiva não são, por si sós e isoladamente, suficientes
para afastar a aplicação do princípio da insignificância. (STF, Pleno, HC 123108, j. 03/08/2015; STJ, 6 T. RHC 55.560, J.
04/08/2015) 
OBS: O STJ possui entendimento prevalente no sentido de que a reincidência, por si só, não afasta a
insignificância, tendo em vista que esta atua na própria tipicidade material da conduta, não importando eventual
primariedade do agente.
OBS 2: O examinador Des. Camargo Aranha Filho entende que o princípio da insignificância não se aplica a
reincidentes, por este fato denotar maior reprovabilidade da conduta. Portanto, em eventual resposta, recomendável dizer que se
trata de tema polêmico e explicar as duas posições existentes.
OBS 3: O examinador já entendeu também, em um caso de furto de aparelho celular, que não pode ser considerada a
conduta insignificante, diante do transtorno que causa e da extrema importância do celular no cotidiano, que guarda informações
valiosíssimas para o usuário.
2
DIREITO PENAL
OBS 4: diferença entre insignificância e furto privilegiado – neste último, a coisa deve ser de pequeno valor
(inferior a um salário mínimo), já no primeiro o valor deve ser irrelevante para o Direito Penal (não há critério fixo, devendo
ser valoradas as circunstâncias do caso concreto, no entanto, pode-se utilizar como base 20% do salário mínimo).
 Princípio da Insignificância no STJ e no STF: 
- Princípio da Insignificância x Regime de Cumprimento de pena: 
Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicaçãodo
princípio da insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento seja cogitável,
eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial
aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, §2º, c, do CP no caso concreto, com base no
princípio da proporcionalidade. (STF, Plenário. HC 123108/MG e HC 123734/MG, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgados em 03/08/2015 (Info 793))
- Furto qualificado praticado mediante escalada, arrombamento ou concurso de pessoas: para o STJ indica a
reprovabilidade do comportamento e afasta a aplicação do princípio da insignificância(STJ, 5 T., RHC 71863, j.
27/09/2016); 
- Crimes contra a Administração Pública: 
Súmula 599 do STJ - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
administração pública.
STF: há julgados da 2ª Turma admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras
hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 2108/2012 
- Posse de droga para consumo pessoal: 
STF: “É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que não se aplica o princípio da
insignificância aos delitos relacionados a entorpecentes. V – A lei 11.343/2006, no que se refere ao
usuário, optou por abrandar as penas e impor medidas de caráter educativo, tendo em vista os
objetivos visados, quais sejam: a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas. VI – Nesse contexto, mesmo que se trate de porte de
quantidade ínfima de droga, convém que se reconheça a tipicidade material do delito para o fim de
reeducar o usuário e evitar o incremento do uso indevido de substância entorpecente.”(STF, 1 T.
HC 102940, j. 14/02/2012). Em sentido contrário: STF, 1 T, HC 110475, j. 14/02/2012. 
STJ: “Esta Corte Superior firmou entendimento de que não se aplica o princípio da
insignificância ao crime de posse de drogas para consumo pessoal porquanto se trata de delito de
perigo abstrato, e a pena quantidade de entorpecente é inerente à própria essência do tipo penal
em questão.” (STJ, 5 T, REsp 1581713, j. 23/08/2016) 
- Lei Maria da Penha: 
3
DIREITO PENAL
Súmula 589 do STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
- Crime ambiental: 
“Esta corte entende ser possível a aplicação do princípio da insignificância aos delitos
ambientais quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado.”(STJ, 5
T., AREsp 901961, j. 18/08/2016). No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016. Em sentido contrário: RHC 125566/PR e HC
127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845) 
- Ato infracional: STJ entende pela possibilidade de aplicação do princípio da insignificância aos atos infracionais.
(STJ, HC 357845, j. 16/08/2016). 
- Estatuto do Desarmamento: em regra não se aplica o princípio da insignificância(STJ, HC 338.153/RS),
entretanto, o STF no HC 133984/MG entendeu pela atipicidade da conduta daquele que porta, na forma de pingente,
munição desacompanhada de arma, aplicando-se o princípio da insignificância a hipótese. 
- Súmula 606 do STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei 9.472/1997.
- Falsificação de documento público: 
Não se aplica o princípio da insignificância para crimes contra a fé pública, como é o
caso do delito de falsificação de documento público. (STF, 2 Turma, HC 117638, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 11/03/2014) 
- Descaminho R$ 10.000,00 (Lei 10.522/2002) x R$ 20.000,00 (Portaria 75/2012 do Min. Fazenda) 
 
STJ STF 
+ o STJ entendeu por algum tempo que o
patamar ainda seria de R$ 10.000,00 ,porém, em
recente decisão, também adotou o valor de
R$20.000,00, alinhando-se à posição do STF.
+ o patamar agora é de R$
20.000,00 
1.1.3.1. Princípio da insignificância imprópria ou da bagatela imprópria 
De acordo com esse princípio, sem previsão legal no Brasil, inexiste legitimidade na imposição da pena nas
hipóteses em que, nada obstante a infração penal esteja indiscutivelmente caracterizada, a aplicação da reprimenda desponte
como desnecessária e inoportuna.
4
DIREITO PENAL
A análise da pertinência da bagatela imprópria há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação fática, e jamais
no plano abstrato. Nesse contexto, o fato real deve ser confrontado com um princípio basilar do Direito Penal, qual seja, o da
necessidade da pena, consagrado no art. 59, caput, do CP. 
Veja-se que, ao contrário do que se verifica no princípio da insignificância (própria), o sujeito é regularmente
processado. A ação penal precisa ser iniciada, mas a análise das circunstâncias do fato submetido ao crivo do Poder
Judiciário recomenda a exclusão da pena. Destarte, a bagatela imprópria funciona como causa supralegal de extinção da
punibilidade.
1.1.4. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL 
Inexiste razão para a intervenção do Direito Penal, quando se está diante de conduta socialmente adequada, vale
dizer, amoldada aos preceitos gerais de Direito e, em particular, harmonizada com a realidade social da atualidade. Outra vez,
anote-se a missão pacificadora do Estado, em matéria penal, sem interferir em demasia nos conflitos sociais e, muito menos,
intervindo em situações onde sua presença é simplesmente ignorada ou desprezada pelos protagonistas. 
Da mesma forma que se exige a abnegação estatal quanto aos crimes de bagatela, não se pode deixar de ressaltar
igual medida de renúncia em relação às condutas ajustadas à realidade social atual.
O socialmente adequado não diz respeito a uma análise plebiscitária das condutas aparentemente agressivas,
motivo pelo qual não cabe um julgamento calcado na maioria, nem mesmo no sentimento do homem médio. Concerne ao
magistrado detectar a postura da sociedade, consensual e, por vezes, indiferente, em relação a determinada conduta humana. 
Súmula 502 do STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação
ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs
piratas. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. CASA DE
PROSTITUIÇÃO. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA FRAGMENTARIEDADE E DA
ADEQUAÇÃO SOCIAL: IMPOSSIBILIDADE. CONDUTA TÍPICA. CONSTRANGIMENTO NÃO
CONFIGURADO. 1. No crime de manter casa de prostituição, imputado aos Pacientes, os bens
jurídicos protegidos são a moralidade sexual e os bons costumes, valores de elevada importância
social a serem resguardados pelo Direito Penal, não havendo que se falar em aplicação do
princípio da fragmentariedade. 2. Quanto à aplicação do princípio da adequação social, esse, por
si só, não tem o condão de revogar tipos penais. Nos termos do art. 2º da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (com alteração da Lei n. 12.376/2010), “não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. 3. Mesmo que a
conduta imputada aos Pacientes fizesse parte dos costumes ou fosse socialmente aceita, isso não
seria suficiente para revogar a lei penal em vigor. 4. Habeas corpus denegado. 
1.2 PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE 
1.2.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E ANTERIORIDADE 
5
DIREITO PENAL
Mera legalidade e estrita legalidade = a mera legalidade é uma norma dirigida aos juízes, aos quais prescreve a
aplicação das leis tais como são formuladas; a estrita legalidade designa a reserva absoluta de lei, que é uma norma dirigida
ao legislador, a quem prescreve a taxatividade e a precisão empíricadas formulações legais. Não se pode contentar com a
mera legalidade pois nem todo tipo penal construído pelo legislador obedece, como deveria, ao princípio da taxatividade. O
ideal é sustentar a estrita legalidade, ou seja, um crime deve estar descrito em lei, mas bem detalhado(taxativo), de modo a
não provocar dúvidas ou prequestionamentos. 
A legalidade, no campo penal, não pode ser uma garantia meramente formal, sendo insuficiente apenas a
existência de uma lei anterior à conduta. Torna-se indispensável que a elaboração do tipo penal seja especifica, ou seja,
claramente individualizadora do comportamento delituoso. Podemos citar como exemplo de tipo penal que fere esse conceito
o art. 3°, b, da Lei 4898/65. 
Legalidade Material e formal = Denomina-se legalidade material ou substancial o princípio vinculado ao
conceito material de crime, ao passo que legalidade formal está ligada ao conceito formal de delito. Vale, pois, defini-los:
materialmente, crime é todo fato humano lesivo de um interesse que possa comprometer as condições de existência,
conservação e progresso da sociedade. Formalmente, crime é toda conduta que ofende um bem juridicamente tutelado,
prevista em lei, sob ameaça de pena.
Medida de segurança e legalidade = a medida de segurança não é pena, mas não deixa de ser uma espécie de
sanção penal, aplicável aos inimputáveis ou semi-imputáveis que praticam fatos típicos e ilícitos. Doutrina majoritária
entende que se aplica o princípio da legalidade e da anterioridade as medidas de segurança.
Fundamentos: 
a) político = exigência de vinculação do Executivo e Judiciário a leis formuladas de maneira abstrata  impede o
poder punitivo com base no livre arbítrio. 
b) democrático = respeito ao princípio da separação das funções  o Legislativo deve ser o responsável pela
criação de infrações penais. 
c) jurídico = uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. 
Desdobramento da legalidade: 
a) reserva legal = somente LO ou LC pode versar sobre direito penal incriminador. 
* o texto constitucional proíbe MP de versar sobre direito penal (CF, art. 62, § 1º, b). Pode a MP versar sobre
direito penal não incriminador (ex: causa extintiva de punibilidade)? (1) há vedação expressa (prevalece entre os
constitucionalistas); (2) a proibição alcança apenas o direito penal incriminador, o STF, tanto antes da EC nº 32/2001 (RE
254.818/PR) quanto depois, sufragou tal tese (ex: posse de arma de fogo - MP 417/2008). 
* as infrações contidas em Resoluções do TSE, CNJ e CNMP são consolidações de tipos penais previamente
tipificadas em lei. 
6
DIREITO PENAL
b) lei anterior/prévia = proíbe-se a retroatividade maléfica, a retroatividade benéfica é direito constitucional. 
c) lei escrita = veda o costume incriminador. Só se aceita os costumes interpretativos e integrativos. 
d) lei estrita = a competência para criar crimes e cominar penas é do Poder Legislativo(CF, art. 22, I) por meio
de lei, de sorte que essa tarefa é proibida aos Poderes Executivo e Judiciário, bem como é proibida a analogia contra o réu. 
* atipicidade da conduta da ligação clandestina de sinal de TV a cabo, pois o objeto em tela não seria energia
(CP, art. 155, § 3º) (STF, HC 97261/RS). 
e) lei certa = princípio da taxatividade ou mandado de sentença. Exige dos tipos penais clareza (o legislador não
deve deixar margens para dúvidas). 
* art. 41-B da Lei nº 10.671 (Estatuto do Torcedor)  “promover tumulto”? 
f) lei necessária = consequência do princípio da intervenção mínima. 
* o princípio da legalidade é o princípio basilar do garantismo negativo. 
 Cabe ressaltar que a utilização do termo crime para espelhar o princípio da legalidade deve ser entendido como
crime e contravenção penal, devendo a diversidade terminológica, para efeito de aplicação dos princípios da legalidade e da
anterioridade ser desconsiderada. O gênero oficialmente acolhido pela Lei de Introdução ao Código Penal é infração penal,
do qual decorrem as espécies crime e contravenção penal. Cuida-se, assim, de interpretação extensiva, utilizada no âmbito
constitucional e também no tocante à previsão feita pelo art. 1° do CP.
Por fim, o princípio da anterioridade significa ser obrigatória a prévia existência de lei penal incriminadora para
que alguém possa ser por um fato condenado, exigindo, também, prévia cominação de sanção para que alguém possa sofrê-
la.
1.2.2. EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO DO FATO 
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias (atos) = não serve à moral ou a meramente
pretensões pedagógicas. Ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, desejos, meras cogitações ou estilo de vida
(mendicância - LCP, art. 60) = abomina-se o direito penal do autor (CP, art. 2º = “fato”). 
 
DIREITO PENAL DO
AUTOR 
DIREITO PENAL
DO FATO 
DO FATO, levando em
consideração o seu AUTOR 
+ marcado pela
punição de pessoas que NÃO
tenham praticado conduta. 
+ punição de fatos
causados pelo homem
(atos). 
+ só devem ser
incriminados fatos, mas na punição
considera-se as condições pessoais
do agente¹. 
 
7
DIREITO PENAL
¹ adotado pelo Brasil (CP, art. 59). 
1.2.3 OFENSIVIDADE ou LESIVIDADE 
Para que ocorra o delito é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
* é questionável a recepção e constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato - seus defensores aduzem ser
uma opção legítima do legislador na tutela antecipada de bens jurídicos relevantes (STF). 
Crime de: 
PERIGO ABSTRATO PERIGO CONCRETO 
+ o perigo resultado da conduta é
absolutamente presumido por lei. 
+ o perigo resultado da conduta deve
ser comprovado no caso fático. 
 
* a vítima pode ser difusa ou determinada. 
1.3.PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO 
1.3.1 PERSONALIDADE ou INTRANSCENDÊNCIA 
Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe responsabilidade penal coletiva. Como reconhecido
pelo Supremo Tribunal Federal: “O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica
superem a dimensão estritamente pessoal do infrator.”.
Em decorrência desse princípio não se admite denúncia genérica, sem qualquer individualização das condutas,
ressaltando a flexibilização no caso dos crimes societários. 
1.3.2. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 
Nenhum resultado penalmente relevante pode ser atribuído a quem não o tenha produzido por dolo ou culpa. A
disposição contida no art. 19 do CP exclui a responsabilidade penal objetiva.
Apontam-se vestígios da responsabilidade objetiva em duas situações no Direito Penal brasileiro: 
a) actio libera in causa = embriaguez não acidental completa, havendo culpa na ingestão da substância. 
b) rixa qualificada = todos os rixosos respondem pela lesão corporal grave, mesmo a vítima das lesões. 
1.3.3. CULPABILIDADE ou IMPUTAÇÃO PESSOAL
Pode ser analisado em três sentidos diversos: 
a) Culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de aplicação da pena: nesse ponto a culpabilidade é
formada por: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa; 
8
DIREITO PENAL
b) Culpabilidade como medição de pena: nesse aspecto, a culpabilidade possui a função de estabelecer os
parâmetros pelos quais o juiz fixará a pena no momento da condenação, conforme dispõe o art. 59 do CP; 
c) Culpabilidade como princípio da responsabilidade subjetiva: o sujeito só pode ser responsabilizado se sua
conduta ofensiva for dolosa ou culposa.
Decorre 3 consequências materiais do princípio da culpabilidade: a) não há responsabilidade penal objetiva; b) a
responsabilidade penal é pelo fato praticado e não pelo autor; c) a culpabilidade é a medida da pena. 
1.3.4. IGUALDADE ou ISONOMIA 
Todos são iguais perante a lei, sendo possível haver distinções justificáveis (igualdade material ou substancial). 
* estrangeiros, mesmo que em situação irregularno Brasil, têm os mesmos direitos penais que os nacionais (ex:
sursis, PRD, liberdade provisória...). 
2.2. FONTES DA LEI PENAL 
Fonte é o lugar de criação e a forma de revelação do direito penal. 
MATERIAL FORMAL 
+ fonte de produção 
+ órgão encarregado da criação do direito 
- privativa da União (CF, art. 22, I e
parágrafo único)¹. 
Estado = direito penitenciário. 
+ fonte de conhecimento. 
+ modo de revelação do direito
(exteriorização) 
- imediata = CF, lei, tratados internacionais de
direitos humanos, princípios e atos administrativos
(complementos da norma penal em branco
heterogênea), jurisprudência. 
- mediata = doutrina 
¹ Estados podem ser autorizadas, por LC, a legislar sobre matérias específicas de direito penal. 
Os costumes são normas de conduta que as pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção
de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. São fontes informais do direito. O costume não é fonte de normas
incriminadoras. Mas, por outro lado pode auxiliar em sua interpretação, como no caso da definição de certos elementos do
tipo penal, tais como: honra, decoro, reputação, ato obsceno e etc. Possui também aplicação em relação às leis penais não
incriminadoras, como na interpretação de causas de exclusão da ilicitude e da culpabilidade. 
Os costumes se dividem em 3 blocos:
a) Secundum legem ou interpretativo – auxilia o intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos e circunstâncias
penais. Ex Ato obsceno (art. 223 do CP)
9
DIREITO PENAL
b) Contra legem ou negativo - também conhecido como desuetudo – contraria a lei, no entanto sem ter o condão de
revogá-la segundo entendimento majoritário. Ex: contravenção penal do jogo do bicho.
Quanto ao costume abolicionista temos três correntes:
1ª corrente = admite-se caso a infração penal não mais contrarie o interesse social (ex: o jogo do bicho não é mais
infração).
2ª corrente = não admite, mas o juiz deve deixar de aplicar a lei quando a infração penal não mais contrarie o
interesse social (ex: o jogo do bicho ainda é formalmente típico, cabendo ao legislador revogar a infração).
3ª corrente = não admite, pois enquanto não revogada a lei, a norma tem plena eficácia, conforme preceituado na
LINDB (ex: o jogo do bicho permanece típico e aplicável no caso concreto) – prevalente na doutrina e é o entendimento do
STJ. (Resp 1.435.872/MG – 2014).
c) Praeter legem ou integrativo – supre a lacuna da lei e somente pode ser utilizado na seara das normas penais não
incriminadores, notadamente para possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão da ilicitude ou da
culpabilidade. Ex: circuncisão empregada como rito religioso pelos israelitas.
A Constituição Federal, situada no ápice do ordenamento jurídico brasileiro, não cria crimes nem comina penas.
Esta tarefa é por ela acometida à lei, ao incluir entre os direitos e garantias fundamentais o princípio da reserva legal ou da
estrita legalidade (art. 5°, XXXIX). Mas a Lei Suprema contém inúmeras disposições aplicáveis ao Direito Penal fixando
alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir.
Cabe ressaltar que Guilherme Souza Nucci afirma que não há qualquer vedação expressa a criação de tipos
penais por Emendas Constitucionais, afirma o autor que seria impróprio, mas não inconstitucional. 
Mandados Constitucionais de Criminalização = A Constituição determina ao legislador infraconstitucional a
criação de certos crimes. Nestes casos predomina na doutrina que o legislador está vinculado à determinação constitucional,
de sorte que não poderá se esquivar da obrigação imposta. Podem ser de dois tipos: 
a) Expressos: estão previstos na carta magna, como o racismo, tráfico e etc. Predomina na doutrina que o
legislador estará vinculado a essa determinação. 
b) Implícitos: decorrem dos direitos humanos e do dever de proteção eficiente, tendo em vista a eficácia das
normas constitucionais. 
Pode-se concluir que dos mandados constitucionais de criminalização decorre a diminuição da liberdade de
conformação do legislador e de interpretação do julgador, no sentido de evitarem normas e interpretações que ensejam
insuficiente promoção dos deveres de proteção do estado, justamente em razão do princípio da proporcionalidade em sua
vertente de garantismo positivo. 
10
DIREITO PENAL
TRATADOS INTERNACIONAIS = não podem criar crimes ou cominar penas para o direito interno, só para o
âmbito no direito penal internacional. Tratando-se de norma internacional acerca de direito humanos, logo, em favor
do indivíduo, pode integrar o sistema normativo internacional (art. 5°, §§2° e 3° da CF).
JURISPRUDÊNCIA = apesar de não criar crime ou cominar pena, revela o direito penal (ex: CP, art. 71 - crime
continuado = 30 dias, comarcas vizinhas) Ex. Súmula Vinculante. 
2.3. NORMA PENAL 
Norma primária: aviso e proibição ao cidadão de fazer ou não fazer algo. Apresenta dois aspectos: imperativo
(norma proibitiva ou mandamental) e valorativo (bem jurídico tutelado). 
Norma secundária: dirigida ao juiz obrigando-o a aplicar a pena.
Normas permissivas: preveem licitude 
Normas exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente ou ainda a impunidade de determinados delitos.
Normas complementares ou explicativas: esclarecem o significado de outras normas, limitando o âmbito de sua
aplicação. 
4. INFRAÇÃO PENAL 
Sistema dualista ou bipartite: 
a) crime ou delito 
b) contravenção penal(crime anão, delito liliputiano ou crime vagabundo) 
* em alguns países há diferenciação entre delito e crime = sistema tripartite. 
* a diferença entre crime e contravenção não é ontológica (do ser), mas axiológica (de valor).
CRIME CONTRAVENÇÃO 
+ reclusão, detenção ou PPL + multa 
+ tentativa punível (art. 14, II, CP) 
+ espécies de ação penal = APPI, APPC
e APPr 
+ existência de extraterritorialidade (art.
7º) 
+ máximo de cumprimento de PPL = 30
anos¹ 
+ prisão simples, prisão simples + multa ou
multa 
+ tentativa não punível (art. 4º LCP) 
+ somente APPI 
+ só puníveis as praticadas no território
nacional 
+ máximo de cumprimento de PPL = 5 anos 
+ competência = somente Justiça Estadual² 
11
DIREITO PENAL
+ competência = Justiça Estadual ou
Federal 
+ elemento subjetivo = dolo ou culpa 
+ duração sursis = 2 a 4 anos (CP, art. 77)
+ voluntariedade 
+ duração sursis = 1 a 3 anos (LCP, art. 11) 
¹ os benefícios progressão de regime e livramento condicional não consideram o teto de 30 anos (CPC, art. 75), mas
sim a pena sentenciada (STJ, Súmula 715). 
² mesmo que atinja BENS da União, suas autarquias ou empresas públicas (única exceção é o foro por prerrogativa
de função em Tribunais). 
Art. 1º LCP (conceito de crime) x art. 28 da lei 11.343/06 (uso de drogas) - prevaleceu no STF que o art. 28 da
LD é crime, em que pese não se adequar ao conceito previsto no art. 1º da LCP. O legislador não está vinculado a uma
definição legal de crime criada anteriormente. 
5. ESPÉCIES DE LEI PENAL 
 
LEI PENAL COMPLETA ou PERFEITA = dispensa complemento normativo (dado por outra norma) ou
valorativo (dado pelo juiz) = autossuficiente (ex: CP, art. 121). 
LEI PENAL INCOMPLETA ou IMPERFEITAS = reservam a complementação da definição da conduta
criminosa a uma outra lei, a um ato da Administração Pública ou ao julgador. São as leis penais em branco, nos dois
primeiros casos e os tipos penais abertos, no último. Em algumas situações o legislador subtrai do julgador a valoração da
culpa, traçando parâmetros para aferição do elemento subjetivo (CP, art. 180, § 3º; LD, art. 38).
 
NORMAS PENAIS EM BRANCO TIPO ABERTO 
+ depende de complemento normativo - é
aquela cujo preceito primário (descrição da conduta) é
indeterminado quanto ao seu conteúdo, porém
determinável = norma cega. 
+ depende de complemento valorativo - é
aquele cujo conteúdo deve ser analisado no

Continue navegando