INTRODUCAO AO DIREITO_AULA_10_1_2022_INTERPRETACAO DAS NORMAS JURIDICAS_2

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Introdução ao Estudo do Direito Aula 10
Professora Valquíria Soares Cavalcanti
MAIO de 2022
Situação-Problema
Marcelo possui contrato de mútuo, firmado em 2000, com parcelas sucessivas, a se extinguirem em 2005. Marcelo pretende a revisão do contrato e pede em 2003, que sejam aplicadas as novas regras do Código Civil/02, inclusive quanto à onerosidade excessiva, não previsto no Código anterior.
Pergunta-se:
Situação 1) É possível Lei nova atingir atos praticados sob a vigência de outra norma mesmo quando se prolongam no tempo?
Situação 2) Imaginem que norma jurídica alterou as penas a serem aplicadas sobre contrato não adimplido, como é o caso da situação problema acima. Como seria a interpretação do juiz?
INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
(continuação)
Antigamente, a LINDB era chamada Lei de Introdução ao Código Civil, ou LICC, promulgada pelo Decreto-Lei Nº 4.657 de 1942.  Nesse contexto, a LICC/42 era tratada como um conjunto de normas de introdução ao Direito Civil/Privado. Contudo, as normas do referido texto legal não tratavam apenas de direito privado. Mais se encaixavam numa teoria geral do direito do que no ramo do direito civil. Por essa razão, foi promulgada a Lei nº 12.376 de 2010 ou Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
(www.trilhante.com.br)
A LINDB é composta por apenas 30 artigos nos quais aborda a vigência da lei, a aplicação da norma jurídica no tempo e no espaço, fontes do direito, etc.
(www.trilhante.com.br)
A vacatio legis ou período de vacância da lei é o período entre a data de publicação de uma lei e o início de sua vigência. A finalidade desse prazo é que nesse interregno seja dado amplo conhecimento à lei, para que todos assimilem seu conteúdo antes de sua entrada em vigor.
cbadv.adb.br
VIGÊNCIA DA LEI
Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
Princípio da obrigatoriedade e da continuidade das leis
“ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (art. 3º)
obrigatoriedade
§ 3o  Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
continuidade
IMPORTANTE
A IMPOSSIBILIDADE DE DENEGAÇÃO DA JUSTIÇA:
É MISSÃO DO JUDICIÁRIO
DIZER O DIREITO 				DISTRIBUIR JUSTIÇA
Art. 5o  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
A BUSCA DA VONTADE DA LEI
ANÁLISE DOS COSTUMES E OS VALORES ATUAIS DA SOCIEDADE
Direito intertemporal no contexto do Sistema Jurídico Brasileiro
O estudo dos efeitos da alteração nas normas sobre os fatos ocorridos no passado insere-se no chamado direito intertemporal ou conflito das leis no tempo.
Retroatividade, irretroatividade e ultratividade das leis
O princípio da segurança jurídica: a existência por parte das pessoas de uma expectativa de resultado em relação aos seus atos, com base no direito em vigor. 
Ato jurídico perfeito (art. 6º, § 1º LINDB)
A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
 “o já consumado segundo a lei vigente
ao tempo em que se efetuou”
Um sujeito é titular de um direito a partir do momento em que detém um título válido, que é a comprovação da existência jurídica do direito e que possui legitimação, que representa a identidade pessoal do sujeito titular de direito.
Direito adquirido 
Coisa julgada (art. 6º, § 3º LINDB)
Não pode ser questionada a decisão judicial da qual não seja mais possível interpor qualquer tipo de recurso, seja porque esgotadas as vias recursais possíveis, seja porque transcorrido o prazo recursal sem a interposição do recurso cabível. Tal decisão judicial se consolidou na forma da legislação em vigor, não podendo ser objeto de revisão sob qualquer fundamento.
Para que exista direito adquirido é necessário que o sujeito de direito preencha os requisitos fixados em lei para a titularidade do direito. 
A mera expectativa de vir a adquirir um direito não é ordinariamente protegida em face da modificação da lei
Direito adquirido ≠ expectativa de direito
Há casos excepcionais de ultratividade da lei, em que ela alcança relações jurídicas anteriores à sua entrada em vigor, a saber: 
Direito Penal — em benefício do réu (art. 2º CP) — trata-se de situação excepcional, na qual a lei penal mais favorável ao réu aplica-se retroativamente, desconstituindo até mesmo sentenças penais condenatórias já transitadas em julgado. 
Leis interpretativas - promovidas pelo próprio legislador, por meio da edição de uma nova lei, que interpreta comandos de uma lei anteriormente em vigor. Neste caso, doutrinariamente se entende que a interpretação dada por esta nova lei opera retroativamente à data inicial de vigência da lei interpretada. 
É possível lei nova atingir atos praticados sob a vigência de outra norma mesmo quando se prolongam no tempo?
2) Imaginem que norma jurídica alterou as penas a serem aplicadas sobre contrato não adimplido, como é o caso da situação problema acima. Como seria a interpretação do juiz?
Situação-Problema: retomando
O artigo 227 da Constituição Federal, em seu inciso 6, diz que: Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas designações discriminatórias relativas à filiação. Assim, Luís criado desde os seis meses de idade por Ademilson, hoje conta com 18 anos. Em seu registro ainda consta pai desconhecido. Em função disso, entra judicialmente com pedido de reconhecimento de paternidade sócio afetiva, mesmo sendo maior. Assim, por que pode a interpretação da norma constitucional estender-se aos casos de família sócio afetiva?
Leia o texto: 
A grande aliança: história, razão e vontade no direito moderno. Disponivel em: https://www.scielo.br/pdf/rdp/v8n2/2179-8966-rdp-8-2-1143.pdf. Acesso em 15/06/2020
STRECK, Lenio Luiz; DELFINO, Lúcio. Novo CPC e decisão por equidade: a canibalização do Direito. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2015-dez-29/cpcdecisao-equidade-canabalizacao-direito Acesso em: 20/01/2021
Veja o que diz nossa jurisprudência:
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº 1.291.651 - SP (2012/0174595-0) https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201201745950&dt_publicacao=18/12/2020
Leitura Específica
Aprenda +
Amplie seus estudos com o texto:
MANUS, Pedro Paulo Teixeira. A aplicação da lei vigente como obrigação funcional do juiz. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2016-ago-19/reflexoes-trabalhistas-aplicacao-lei-vigentecomo-obrigacao-funcional-juiz. Acesso em: Acesso em 21/01/2021
Veja o vídeo:
AGU Explica- Formas de integração da norma jurídica. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=shVkb_OtzWk . Acesso em: 21/01/2021
Atividade Autônoma Aura
01) Quanto à Lei de Introdução ao Direito Brasileiro, “LINDB” é correto o que se afirma em:
I) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
II) Se antes de a lei entrar em vigor houver a necessidade de alguma correção no seu texto e com isso ocorrer uma nova publicação, os prazos previstos para a entrada em vigor, começarão a correr da antiga publicação.
III) Quanto à sua eficácia temporal e espacial, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dispõe que salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada no Diário Oficial.
IV) Não existe a possibilidade de que a vacatio legis tenha um lapso temporal diferente, tanto inferior como superior ao estabelecido na LIDNB.
V) No período de vacatio legis a leiproduzirá efeitos apenas para os fatos novos.
a) Somente I II e V
b) Somente II, II e V
c) Somente II, II e V
d) Somente a I e III
e) Somente a III e IV
02) Quando há colisão entre as normas, princípios ou direitos constitucionais, como por exemplo: a liberdade religiosa (art. 5º, VI) versus o direito à intimidade (art. 5º, X); e a liberdade de expressão (art. 5º, IV e IX) , a doutrina aponta as seguintes soluções:
a) Eles devem ser resolvidos por meio do emprego da técnica da ponderação e do princípio da razoabilidade.
b) Deve-se aplicar a interpretação literal, que não dá possibilidade ou margens para enganos, fundada na letra da lei.
c) Na ponderação avalia-se a norma e aplica-se de acordo com a hierarquia.
d) A doutrina do diálogo das fontes (Erik Jayme trabalha com a ideia de complexidade das fontes jurídicas).
e) O menor sacrifício aos direitos não tem relevância quanto ao conflito entre normas.
Bons estudos!
Até a próxima aula!