Buscar

DIREITO 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO 
 
Simone Helen Drumond Ischkanian 
 
ARTIGO 150 DO CÓDIGO PENAL (CP) – VIOLAÇÃO DE DOMICILIO. 
Classificação do Crime: O crime de violação de domicílio é um crime comum, que pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que pratique o ato de violar o domicílio alheio. 
Sujeito Passivo: É a pessoa prejudicada pela violação do domicílio, ou seja, o titular do direito de posse 
sobre o local. 
Objeto Material: É o próprio domicílio invadido sem autorização. 
Objeto Jurídico: O objetivo jurídico da norma é proteger a inviolabilidade do domicílio, garantindo a 
privacidade e a segurança da residência. 
Mérito: Quanto ao mérito, expõe que “a inviolabilidade do domicílio não é absoluta, afastando-se no caso 
de: a) consentimento do morador; b) o flagrante delito ou desastre; c) necessidade de prestar socorro; 
ou d) determinação judicial, durante o dia”. Afirma que, “do texto constitucional, como se vê, não se 
extrai qualquer formalidade especial para a comprovação do consentimento do morador, razão pela qual 
sobressai manifestamente descabida a exigência do acórdão recorrido, no sentido de impor registro 
audiovisual ou termo escrito testemunhado por duas pessoas”. 
Elemento Subjetivo: O crime é doloso, o que significa que o agente deve ter a intenção de violar o 
domicílio, sabendo que não tem autorização para isso. 
Próprio: O crime é próprio, pois só pode ser praticado por quem realiza a ação de invadir o domicílio. 
Impróprio: Não se aplica. 
Formal: O crime é formal, pois se consuma com a simples invasão do domicílio, independentemente de 
eventuais danos causados. 
Material: O crime é material, pois exige a efetiva invasão do domicílio. Configura-se, assim, a relevância 
da matéria sob as perspectivas econômica, política, social e jurídica (artigo 1.035, § 1º, do Código de 
Processo Civil), bem como a transcendência da questão cuja repercussão geral ora se submete ao escrutínio 
desta Suprema Corte. Nesse sentido, tenho que a controvérsia constitucional em apreço ultrapassa os 
interesses das partes, avultando-se relevante do ponto de vista econômico, político, social e jurídico. 
Forma Livre: A forma é livre, o que significa que o agente pode escolher o meio pelo qual irá realizar a 
invasão do domicílio. 
Forma Vinculada: Não se aplica. 
Comissivo: O crime é comissivo, pois exige uma ação positiva do agente, que é a invasão do domicílio. 
Omissivo: Não se aplica. 
Instantâneo: O crime é instantâneo, pois se consuma no momento em que o domicílio é invadido. 
Habitual: Não se aplica. 
Permanente: Não se aplica. 
De Perigo Concreto: O crime exige um perigo concreto, ou seja, é necessário que a invasão do domicílio 
represente efetivamente uma ameaça à privacidade e segurança dos ocupantes. 
De Perigo Abstrato: Também pode ser considerado um crime de perigo abstrato, pois a mera invasão do 
domicílio já é suficiente para configurar o delito. 
Unissubjetivo: O crime normalmente é cometido por um único agente, não sendo necessariamente 
plurissubjetivo. 
Plurissubjetivo: O crime também pode ser cometido por mais de uma pessoa, como em situações de 
invasões realizadas por grupos. 
Unissubsistente: O crime é unissubsistente, ou seja, se consuma com a simples invasão do domicílio, 
independente do resultado obtido. 
Plurissubsistente: Não se aplica. 
Admite Tentativa: Sim, o crime admite tentativa, quando o agente, tenta invadir o domicílio, mas não 
obtém sucesso. 
Objeção de princípio: Em relação à qual houve reserva de Ministros do Tribunal – à tese aventada de que à 
garantia constitucional da inadmissibilidade da prova ilícita se possa opor, com o fim de dar-lhe prevalência 
em nome do princípio da proporcionalidade, o interesse público na eficácia da repressão penal em geral ou, 
em particular, na de determinados crimes: é que, aí, foi a Constituição mesma que ponderou os valores 
contrapostos e optou – em prejuízo, se necessário da eficácia da persecução criminal – pelos valores 
fundamentais, da dignidade humana, aos quais serve de salvaguarda a proscrição da prova ilícita: de 
qualquer sorte – salvo em casos extremos de necessidade inadiável e incontornável – a ponderação de 
quaisquer interesses constitucionais oponíveis à inviolabilidade do domicílio não compete a posteriori ao 
juiz do processo em que se pretenda introduzir ou valorizar a prova obtida na invasão ilícita, mas sim àquele 
a quem incumbe autorizar previamente a diligência.” (HC 79.512, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Plenário, 
DJe de 16/5/2003, grifei) 
Ex positis: Nos termos do artigo 1.035 do Código de Processo Civil e artigos 323 e 326-A do Regimento 
Interno do Supremo Tribunal Federal, manifesto-me pela existência de repercussão geral da questão 
constitucional suscitada e submeto a matéria à apreciação dos demais Ministros da Corte. 
Domicílio – Violação – Consentimento: O artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, a versar a 
inviolabilidade domiciliar, pressupõe o ingresso indevido ou forçado de terceiros em domicílio alheio, razão 
pela qual o prévio consentimento do morador, por descaracterizar a situação de ilicitude da entrada, 
inviabiliza o reconhecimento de ilegalidade da diligência.” (HC 148.965, Rel. Min. Marco Aurélio, 
Primeira Turma, DJe de 24/04/2020, grifei) 
 Habeas Corpus: Recurso Extraordinário – Óbice – Inexistência. Impróprio é ter a possibilidade de o 
ato ser atacado mediante recurso extraordinário como a revelar inadequada a impetração. Inviolabilidade de 
domicílio (art. 5º, IX, CF). Busca e apreensão em estabelecimento empresarial. Estabelecimentos empresariais estão sujeitos à 
proteção contra o ingresso não consentido. 3. Não verificação das hipóteses que dispensam o consentimento. Mandado de busca e 
apreensão perfeitamente delimitado. Diligência estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude do 
resultado da diligência. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas.” (HC 106.566, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
Segunda Turma, DJe de 19/3/2015, grifei) 
 “PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. IMPORTAÇÃO E EXPOSIÇÃO À VENDA 
DE PRODUTO SEM REGISTRO NA ANVISA E DE PROCEDÊNCIA DESCONHECIDA. BUSCA DOMICILIAR 
AUTORIZADA PELO ACUSADO. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
 1. A JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DESTE SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL é no sentido de que o art. 
5º, XI, da Constituição Federal, a versar a inviolabilidade domiciliar, pressupõe o ingresso indevido ou forçado de terceiros 
em domicílio alheio, razão pela qual o prévio consentimento do morador, por descaracterizar a situação de ilicitude da 
entrada, inviabiliza o reconhecimento de ilegalidade da diligência. Precedentes. 
 2. O ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO DEFENSIVA – vício no consentimento para ingresso dos policiais – 
exigiria o reexame do conjunto fático-probatório da causa, medida incabível na via processualmente restrita do HC. 
 3. INEXISTE SITUAÇÃO DE TERATOLOGIA, ilegalidade flagrante ou abuso de poder que justifique a concessão 
da ordem. 
 4. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.” (HC 191.508-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 
Primeira Turma, DJe de 25/11/2020, grifei) 
 
Jurisprudência do STJ/STF: ARTIGO 150 DO CÓDIGO PENAL (CP) – VIOLAÇÃO DE 
DOMICILIO. Sabe-se que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a avaliação da 
legalidade da conduta do agente estatal, quando da efetivação de busca e apreensão em domicílio, demanda análise de legislação 
infraconstitucional e reexame do conjunto fático-probatório. Nesse sentido, os seguintes julgados: ARE 1.268.456-AgR, Rel. Min. 
Dias Toffoli, Plenário, DJe de 17/9/2020; ARE 1.251.999-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, DJe de 
2/4/2020; ARE 1.237.780-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 25/11/2019; RE 1.317.063-AgR, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 26/5/2021; e ARE 1.246.283-AgR,Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 
4/3/2020. 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL PENAL. BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR. 
CONSENTIMENTO DO MORADOR. REQUISITOS DE VALIDADE. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 5º, XI, DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. MANIFESTAÇÃO PELA 
EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
MANIFESTAÇÃO: Trata-se de recursos extraordinários interpostos pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do 
Sul e pelo Ministério Público Federal, ambos com arrimo na alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo 
Superior Tribunal de Justiça, assim ementado: 
 “AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS, ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO, 
CORRUPÇÃO DE MENOR E PORTE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. ENTRADA 
FRANQUEADA PELO MORADOR. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. ILEGALIDADE RECONHECIDA. AGRAVO 
MINISTERIAL DESPROVIDO. 
 1. Conforme mais recente orientação jurisprudencial, traduzida em novel julgado da Sexta Turma (HC 598.051/SP, Rel. 
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 2/3/2021, DJe 15/3/2021), o consentimento do morador 
para a entrada dos policiais no imóvel será válido apenas se documentado por escrito e, ainda, for registrado em gravação 
audiovisual. Ausente a comprovação de que a autorização do morador foi livre e sem vício de consentimento, impõe-se o 
reconhecimento da ilegalidade da busca domiciliar e consequentemente de toda a prova dela decorrente (fruits of the poisonous 
tree). No mesmo sentido: HC 616.584/RS, Rel. RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 30/3/2021, DJe 6/4/2021. 
 2. Na hipótese, embora os policiais afirmem que a entrada no imóvel foi autorizada por morador, a defesa técnica nega 
essa versão. Assim, na ausência de provas de que o consentimento foi livremente prestado, é caso de reconhecimento da 
ilegalidade, para declarar a invalidade das provas obtidas mediante violação domiciliar e todas aquelas dela decorrentes. 
 3. Agravo regimental desprovido.” (Doc. 26, p. 1). Não foram opostos embargos de declaração. 
 Nas razões do apelo extremo, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul sustenta preliminar de repercussão 
geral e, no mérito, aponta violação ao artigo 5º, XI, da Constituição Federal (Doc. 28). Em relação à repercussão geral, alega que o 
acórdão recorrido adotou “entendimento contrário à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, dotada de repercussão geral 
(Tema 280 - RE nº 603.616), em que se definiram as balizas para ingresso em residência, sem mandado judicial”. Ressalta que, 
“tratando-se de tarifação probatória geral, em descompasso com a Constituição Federal, evidencia-se que a resolução da 
questão transcende o mero interesse subjetivo dos litigantes, podendo influir concretamente e de maneira generalizada em grande 
quantidade de casos”. 
 Aduz que “não há como prevalecer a tarifação da prova do consentimento do morador (registro audiovisual ou termo 
escrito testemunhado) como exceção à regra da inviolabilidade do domicílio empregada pelo acórdão recorrido''. Assevera que 
“o voto da eminente Ministra Rosa Weber, no julgamento do RHC 103736 destacou que ‘vigora no Direito brasileiro e no Direito 
contemporâneo em geral o princípio do livre convencimento motivado, ou da persuasão racional ou da livre convicção, sistema 
esse surgido em oposição ao sistema de provas tarifadas que prevaleceu até fins do século XVIII. Descabe, portanto, estabelecer 
regras probatórias a priori ou inflexíveis para reconhecimento de fatos específicos. A exceção no Direito brasileiro diz respeito à 
exigência do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios materiais, mas mesmo essa perícia pode ser suprida por 
prova testemunhal, cf. arts 158 e 167 do Código de Processo Penal brasileiro’ (RHC 103736, Relator(a): ROSA WEBER, 
Primeira Turma, julgado em 26/06/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-160 DIVULG 14-08-2012 PUBLIC 15-08-2012)”. 
 Enfatiza que o acórdão recorrido está “em dupla dissonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que 
considera lícito o ingresso em domicílio mediante consentimento do morador, sem exigência de registro escrito ou filmagem da 
ação policial; e entende inadequado o afastamento das conclusões do Tribunal local a respeito da legalidade da diligência, por 
demandar reexame de matéria fático-probatória, incabível em sede de recursos excepcionais e habeas corpus”. 
 Por sua vez, nas razões do extraordinário, o Ministério Público Federal apresenta preliminar de repercussão geral e, no 
mérito, entende violados os artigos 2º; 5º, XI; 18, caput; e 144, § 7º, da Constituição Federal (Doc. 32). A respeito da repercussão 
geral, traz o “posicionamento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal que admite a entrada de policiais em residências 
quando houver fundado receio de que no local há prática de crime, mormente em caso de crime permanente”. Pondera que “a 
segurança pública é dever do Estado, que está obrigado a assegurá-la de modo eficiente, em prol da totalidade dos cidadãos. 
Com efeito, assim como todos os cidadãos têm assegurado o direito à inviolabilidade de domicílio, também é assegurado às 
forças policiais procederem à entrada em residências em que esteja ocorrendo crime, e diante dessa dicotomia é que surge a 
questão dos autos que afeta toda a sociedade e vem causando insegurança jurídica diante da divergência jurisprudencial entre o 
Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Esses pontos de fricção evidenciam a repercussão geral da questão 
constitucional versada no presente recurso extraordinário”. 
 Quanto ao mérito, assevera que “a Constituição Federal admite em seu art. 5º, XI que haja violação ao domicílio em 
uma série de casos sem a autorização do morador, o que obviamente leva ao entendimento de que, com sua anuência, a entrada 
de policiais não padece de ilegalidade”. Argumenta que “ao proceder à ‘regulamentação’ do dispositivo, o Superior Tribunal de 
Justiça violou a separação dos poderes previsto no art. 2º da Lei Magna, pois realizou atividade típica do Poder Legislativo, 
invadindo as competências legislativas desse Poder. Isso porque não existe previsão constitucional/legal para o Poder Judiciário 
estabeleça por iniciativa própria a regulamentação do dispositivo constitucional como se deu no caso em testilha”. 
 Observa que “a Constituição Federal exige edição de lei específica para a organização e o funcionamento dos órgãos 
policiais, de modo que decisão judicial jamais pode se arrogar da competência legislativa prevista pela Carta Maior prevista a 
outro Poder”. Considera que a decisão recorrida, “ao determinar a gravação mediante sistema de áudio e vídeo do consentimento 
do morador pelos policiais responsáveis pela busca e apreensão e/ou prisão em flagrante, impôs às Polícias uma árdua 
obrigação, não prevista em lei, interferindo indevidamente na organização de tais instituições, ferindo também o art. 18, caput, da 
Constituição Federal que prevê a autonomia dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)”. Reporta-se à 
jurisprudência da Suprema Corte e enfatiza ser “lícito o ingresso dos policiais em residência quando há autorização do morador, 
não se exigindo consentimento por escrito ou gravação audiovisual pela autoridade policial”. 
 Em contrarrazões, o recorrido discorre sobre a inviolabilidade do domicílio e pede a manutenção do acórdão recorrido 
(Doc. 38). 
 O Vice-Presidente do Superior Tribunal de Justiça admitiu ambos os recursos, na forma do artigo 1.030, V, do Código de 
Processo Civil, por entender que “há, em princípio, divergência com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal 
sobre o tema” (Doc. 44 e 45). 
 O Ministério Público Federal manifestou-se nos autos a fim de requerer a submissão do presente recurso extraordinário à 
sistemática da repercussão geral (Doc. 54). Para tanto, argumenta que“o acórdão recorrido criou requisitos não previstos em lei 
para o ingresso policial à residência, usurpando a competência exclusiva do Poder Legislativo para regulamentar o tema. 
Ademais, o acórdão teria afrontado a orientação firmada pela Suprema Corte quando do julgamento do RE-RG 603.616 (Tema 
280), que firmou tese no sentido da licitude da entrada em domicílio quando amparada em fundadas razões, justificadas a 
posteriori, que indiquem a ocorrência em seu interior de situação de flagrante delito, ou se autorizado o ingresso, sem a 
exigência de meios probatórios específicos”. Ressalta, ainda, que “a matéria tem nítida densidade constitucional e apresenta 
relevância do ponto de vista social, político e jurídico, envolvendo a análise do direito fundamental à inviolabilidade do domicílio 
e suas exceções, conforme previsão do art. 5º, XI, da Constituição Federal”. 
 É o relatório. Passo a me manifestar. 
 Ab initio, cumpre delimitar a questão controvertida nos autos, qual seja: os pressupostos de validade do consentimento 
do morador para a busca e apreensão domiciliar, considerando-se o disposto no artigo 5º, XI, da Constituição da 
República e os princípios da inviolabilidade do domicílio, da dignidade da pessoa humana, da vedação à proteção 
deficiente e da segurança jurídica. 
 Com efeito, a matéria aqui suscitada possui densidade constitucional suficiente para o reconhecimento da existência de 
repercussão geral, competindo a esta Suprema Corte definir o ponto de equilíbrio entre a realização de atividades policiais 
legítimas e o asilo inviolável de domicílio, bem com a atuação do Poder Judiciário nesse contexto. 
 Ademais, a inclusão de Temas concernentes ao Direito Penal no âmbito da sistemática da repercussão geral traz maiores 
garantias frente à atuação persecutória do Estado, propiciando maior segurança ao cidadão e aos agentes do Poder Público e 
atendendo a princípios como os da dignidade da pessoa humana, da presunção de inocência, da segurança jurídica e da vedação à 
proteção deficiente. 
 Nessa toada, vale destacar a Nota Técnica 39/2021 do Centro Nacional de Inteligência da Justiça Federal, que traz a 
seguinte conclusão: “a estruturação da matéria penal em precedentes qualificados é um esforço contínuo a ser enfrentado 
por todos os atores dentro do espectro do Poder Judiciário. O baixo número percentual histórico em matéria penal nos 
precedentes qualificados, são hoje contrastados pelo grande volume processual de ações próprias. Assim, parece razoável a 
existência de um espaço ainda a ser preenchido com a proposição de um número maior de temas em repercussão geral e 
recursos repetitivos de matéria penal, principalmente com a utilização de temas cuja a jurisprudência nos tribunais 
superiores já se encontra pacificada em outras classes processuais. A título de exemplo, foi exatamente o que proposto pelo 
Ministro Gilmar Mendes no Tema 1169 da Repercussão Geral com a utilização da técnica da reafirmação da jurisprudência 
justamente construída na concessão de habeas corpus. É em matéria penal que a segurança jurídica, o devido processo legal, a 
prestação jurisdicional célere, com respeito ao princípio da isonomia, tão caros na busca por uma Justiça mais efetiva 
através dos precedentes qualificados, se mostram de maior importância.” (grifei). Pontuo, desde logo, que o presente caso 
traz peculiaridade não abrangida pela tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 603.616, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, DJe de 10/5/2016 (Tema 280 da Repercussão Geral). Leia-se a ementa, in verbis: 
 “Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão geral. 2. Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, 
da CF. Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso de crime permanente. Possibilidade. A Constituição dispensa 
o mandado judicial para ingresso forçado em residência em caso de flagrante delito. No crime permanente, a situação de flagrância 
se protrai no tempo. 3. Período noturno. A cláusula que limita o ingresso ao período do dia é aplicável apenas aos casos em que a 
busca é determinada por ordem judicial. Nos demais casos – flagrante delito, desastre ou para prestar socorro – a Constituição não 
faz exigência quanto ao período do dia. 4. Controle judicial a posteriori. Necessidade de preservação da inviolabilidade 
domiciliar. Interpretação da Constituição. Proteção contra ingerências arbitrárias no domicílio. Muito embora o flagrante delito 
legitime o ingresso forçado em casa sem determinação judicial, a medida deve ser controlada judicialmente. A inexistência de 
controle judicial, ainda que posterior à execução da medida, esvaziaria o núcleo fundamental da garantia contra a inviolabilidade 
da casa (art. 5º, XI, da CF) e deixaria de proteger contra ingerências arbitrárias no domicílio (Pacto de São José da Costa Rica, 
artigo 11, 2, e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, artigo 17, 1). O controle judicial a posteriori decorre tanto da 
interpretação da Constituição, quanto da aplicação da proteção consagrada em tratados internacionais sobre direitos humanos 
incorporados ao ordenamento jurídico. Normas internacionais de caráter judicial que se incorporam à cláusula do devido processo 
legal. 5. Justa causa. A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária. Não será a 
constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida. Os agentes estatais devem demonstrar que 
havia elementos mínimos a caracterizar fundadas razões (justa causa) para a medida. 6. Fixada a interpretação de que a entrada 
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, 
devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados. 7. Caso concreto. 
Existência de fundadas razões para suspeitar de flagrante de tráfico de drogas. Negativa de provimento ao recurso.” 
 No julgado supra, examinou-se questão relativa à entrada forçada em domicílio, sem mandado judicial, nos casos de 
crimes permanentes, além da viabilidade de posterior controle judicial da legalidade da investida estatal. Já no caso sub examine, 
discute-se os requisitos de validade do consentimento do morador para busca e apreensão em domicílio, as balizas para o controle 
judicial da atuação do agente estatal, e, ainda, a possibilidade de o Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação de 
fazer, com vistas a dar efetividade à garantia da inviolabilidade de domicílio. 
 Dito isso, tem-se que o Superior Tribunal de Justiça decidiu a controvérsia nos seguintes termos: 
 “A irresignação não merece guarida, pois a decisão ora guerreada foi proferida em consonância à mais recente 
orientação jurisprudencial desta Corte Superior. 
 Destaca-se que, até recentemente, se as instâncias ordinárias asseverassem pela existência de consentimento do 
flagranteado para permitir a entrada dos policiais em sua residência, afastando a alegação de violação de domicílio, entendia-se 
no âmbito deste Tribunal Superior pela impossibilidade de desconstituição da premissa fática em sede de habeas corpus. Nesse 
sentido, destaco: AgRg no HC 497.508/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 23/04/2019, 
DJe 03/05/2019; HC 402.199/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 12/09/2017, Dje 19/09/2017. 
 Ocorre que, em novel julgamento, no HC 598.051/SP, sobre caso similar, a Sexta Turma, em voto do Ministro Rogério 
Schietti - amparado em julgados estrangeiros -, decidiu que o consentimento do morador para a entrada dos policiais no imóvel 
será válido apenas se documentado por escrito e, ainda, for registrado em gravação audiovisual.Na oportunidade, o Relator destacou ser imprescindível ao Judiciário, na falta de norma específica, proteger, contra o 
arbítrio de agentes estatais, o cidadão, sobretudo aquele morador das periferias dos grandes centros urbanos, onde 
rotineiramente há notícias de violação a direitos fundamentais. Pontuou que a voluntariedade do consentimento deve estar 
expressa e livre de qualquer coação e intimidação. 
 Sendo assim - para salvaguarda dos direitos dos cidadãos e a própria proteção da polícia - conclui ser impositivo aos 
agentes estatais ‘o registro detalhado da operação de ingresso em domicílio alheio, com a assinatura do morador em autorização 
que lhe deverá ser disponibilizada antes da entrada em sua casa, indicando, outrossim, nome de testemunhas tanto do livre 
assentimento quanto da busca, em auto circunstanciado’. Além disso, toda a diligência deverá ser gravada em vídeo. 
 Na hipótese em apreço, embora os policiais afirmem que a entrada no imóvel foi autorizada por morador, a defesa 
técnica nega essa versão. Aduz que não é crível que qualquer pessoa presa e acusada da posse de drogas informaria 
espontaneamente possuir mais entorpecentes em casa, franqueando a entrada. 
 Como posto no acórdão paradigma, ‘Essa relevante dúvida não pode, dadas as circunstâncias concretas - avaliadas por 
qualquer pessoa isenta e com base na experiência quotidiana do que ocorre nos centros urbanos - ser dirimida a favor do Estado, 
mas a favor do titular do direito atingido (in dúbio libertas). Em verdade, caberia aos agentes que atuam em nome do Estado 
demonstrar, de modo inequívoco, que o consentimento do morador foi livremente prestado, ou que, na espécie, havia em curso na 
residência uma clara situação de comércio espúrio de droga, a autorizar, pois, o ingresso domiciliar mesmo sem consentimento 
do morador.’ 
 Nesse passo, ausente a comprovação de que a autorização do morador foi livre e sem vício de consentimento, impõe-se 
o reconhecimento da ilegalidade da busca domiciliar e consequentemente de toda a prova dela decorrente (fruits of the poisonous 
tree).” (Doc. 26, p. 5) 
 No entanto, no presente caso, houve verdadeira interpretação do artigo 5º, XI, da Constituição, visto que a Corte de 
origem não se restringiu à análise fática da conduta policial, mas sim impôs requisitos a serem observados para que o 
consentimento do morador seja considerado válido, além de determinar medidas concretas ao Poder Público, a fim de viabilizar o 
cumprimento desses pressupostos pelos agentes estatais. Assim, mostra-se imprescindível que esta Corte se manifeste a respeito 
do tema, a fim de concretizar o princípio da segurança jurídica e prover racionalidade ao sistema judicial. 
 Este Supremo Tribunal já se debruçou inúmeras vezes sobre questões referentes à escorreita aplicação do artigo 5º, XI, 
da Constituição Federal, como se verifica dos seguintes precedentes: 
 “HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CORRUPÇÃO ATIVA. CONVERSÃO DE HC 
PREVENTIVO EM LIBERATÓRIO E EXCEÇÃO À SÚMULA 691/STF. PRISÃO TEMPORÁRIA. FUNDAMENTAÇÃO 
INIDÔNEA DA PRISÃO PREVENTIVA. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL PARA VIABILIZAR A 
INSTAURAÇÃO DA AÇÃO PENAL. GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL FUNDADA NA SITUAÇÃO 
ECONÔMICA DO PACIENTE. PRESERVAÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA. QUEBRA DA IGUALDADE (ARTIGO 5º, 
CAPUT E INCISO I DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA DA PRISÃO 
PREVENTIVA. PRISÃO CAUTELAR COMO ANTECIPAÇÃO DA PENA. INCONSTITUCIONALIDADE. PRESUNÇÃO DE 
NÃO CULPABILIDADE (ARTIGO 5º, LVII DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ESTADO 
DE DIREITO E DIREITO DE DEFESA. COMBATE À CRIMINALIDADE NO ESTADO DE DIREITO. ÉTICA JUDICIAL, 
NEUTRALIDADE, INDEPENDÊNCIA E IMPARCIALIDADE DO JUIZ. AFRONTA ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS 
CONSAGRADAS NO ARTIGO 5º, INCISOS XI, XII E XLV DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DIREITO, DO ACUSADO, 
DE PERMANECER CALADO (ARTIGO 5º, LXIII DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). CONVERSÃO DE HABEAS CORPUS 
PREVENTIVO EM HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. 
 O habeas corpus preventivo diz com o futuro. Respeita ao temor de futura violação do direito de ir e vir. Temor que, no 
caso, decorrendo do conhecimento de notícia veiculada em jornal de grande circulação, veio a ser concretizado. Justifica-se a 
conversão do habeas corpus preventivo em liberatório em razão da amplitude do pedido inicial e porque abrange a proteção 
mediata e imediata do direito de ir e vir. 
 ESTADO DE DIREITO E DIREITO DE DEFESA. O Estado de direito viabiliza a preservação das práticas 
democráticas e, especialmente, o direito de defesa. Direito a, salvo circunstâncias excepcionais, não sermos presos senão após a 
efetiva comprovação da prática de um crime. Por isso usufruímos a tranqüilidade que advém da segurança de sabermos que se um 
irmão, amigo ou parente próximo vier a ser acusado de ter cometido algo ilícito, não será arrebatado de nós e submetido a ferros 
sem antes se valer de todos os meios de defesa em qualquer circunstância à disposição de todos. Tranqüilidade que advém de 
sabermos que a Constituição do Brasil assegura ao nosso irmão, amigo ou parente próximo a garantia do habeas corpus, por conta 
da qual qualquer violência que os alcance, venha de onde vier, será coibida. 
 COMBATE À CRIMINALIDADE NO ESTADO DE DIREITO. O que caracteriza a sociedade moderna, permitindo o 
aparecimento do Estado moderno, é por um lado a divisão do trabalho; por outro a monopolização da tributação e da violência 
física. Em nenhuma sociedade na qual a desordem tenha sido superada admite-se que todos cumpram as mesmas funções. O 
combate à criminalidade é missão típica e privativa da Administração (não do Judiciário), através da polícia, como se lê nos 
incisos do artigo 144 da Constituição, e do Ministério Público, a quem compete, privativamente, promover a ação penal pública 
(artigo 129, I). 
 AFRONTA ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS CONSAGRADAS NO ARTIGO 5º, INCISOS XI, XII E 
XLV DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. De que vale declarar, a Constituição, que ‘a casa é asilo inviolável do indivíduo’ 
(art. 5º, XI) se moradias são invadidas por policiais munidos de mandados que consubstanciem verdadeiras cartas brancas, 
mandados com poderes de a tudo devassar, só porque o habitante é suspeito de um crime? Mandados expedidos sem justa 
causa, isto é sem especificar o que se deve buscar e sem que a decisão que determina sua expedição seja precedida de 
perquirição quanto à possibilidade de adoção de meio menos gravoso para chegar-se ao mesmo fim. A polícia é autorizada, 
largamente, a apreender tudo quanto possa vir a consubstanciar prova de qualquer crime, objeto ou não da investigação. 
Eis aí o que se pode chamar de autêntica ‘devassa’. Esses mandados ordinariamente autorizam a apreensão de computadores, 
nos quais fica indelevelmente gravado tudo quanto respeite à intimidade das pessoas e possa vir a ser, quando e se oportuno, no 
futuro usado contra quem se pretenda atingir. De que vale a Constituição dizer que „é inviolável o sigilo da correspondência‟ (art. 
5º, XII) se ela, mesmo eliminada ou „deletada‟, é neles encontrada? E a apreensão de toda a sorte de coisas, o que eventualmente 
privará a família do acusado da posse de bens que poderiam ser convertidos em recursos financeiros com os quais seriam 
eventualmente enfrentados os tempos amargos que se seguem a sua prisão. A garantia constitucional da pessoalidade da pena (art. 
5º, XLV) para nada vale quando esses excessos tornam-se rotineiros. 
 Ordem concedida.” (HC 95.009, Rel. Min. Eros Grau, Plenário, DJe de 19/12/2008, grifei). “Prova: alegação de 
ilicitude da obtida mediante apreensão de documentos por agentes fiscais, em escritórios de empresa – compreendidos no alcance 
da garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio – e de contaminação das provas daquela derivadas: tese 
substancialmente correta, prejudicada no caso, entretanto, pela ausênciade qualquer prova de resistência dos acusados ou de seus 
prepostos ao ingresso dos fiscais nas dependências da empresa ou sequer de protesto imediato contra a diligência. 
 1. Conforme o art. 5º, XI, da Constituição - afora as exceções nele taxativamente previstas (‘em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro’) só a ‘determinação judicial’ autoriza, e durante o dia, a entrada de alguém – 
autoridade ou não – no domicílio de outrem, sem o consentimento do morador. 
 1.1. Em consequência, o poder fiscalizador da administração tributária perdeu, em favor do reforço da garantia 
constitucional do domicílio, a prerrogativa da auto-executoriedade. 
 1.2. Daí não se extrai, de logo, a inconstitucionalidade superveniente ou a revogação dos preceitos infraconstitucionais 
de regimes precedentes que autorizam a agentes fiscais de tributos a proceder à busca domiciliar e à apreensão de papéis; essa 
legislação, contudo, que, sob a Carta precedente, continha em si a autorização à entrada forçada no domicílio do contribuinte, 
reduz-se, sob a Constituição vigente, a uma simples norma de competência para, uma vez no interior da dependência domiciliar, 
efetivar as diligências legalmente permitidas: o ingresso, porém, sempre que necessário vencer a oposição do morador, passou a 
depender de autorização judicial prévia. 
 1.3. Mas, é um dado elementar da incidência da garantia constitucional do domicílio o não consentimento do 
morador ao questionado ingresso de terceiro: malgrado a ausência da autorização judicial, só a entrada invito domino a 
ofende, seja o dissenso presumido, tácito ou expresso, seja a penetração ou a indevida permanência, clandestina, astuciosa 
ou franca. 
 1.4. Não supre ausência de prova da falta de autorização ao ingresso dos fiscais nas dependência da empresa o apelo à 
presunção de a tolerância à entrada ou à permanência dos agentes do Fisco ser fruto do metus publicae potestatis, ao menos nas 
circunstância do caso, em que não se trata das famigeradas „batidas‟ policiais no domicílio de indefesos favelados, nem sequer se 
demonstra a existência de protesto imediato. 
 “RECURSO EXTRAORDINÁRIO - MATÉRIA PENAL – ALEGADA VIOLAÇÃO A PRECEITOS 
CONSTITUCIONAIS – OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO - CONTENCIOSO DE MERA LEGALIDADE – 
INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO (CF, ART. 5º, XI) - BUSCA DOMICILIAR - AUSÊNCIA DE PRÉVIA ORDEM 
JUDICIAL - OCORRÊNCIA DE FLAGRÂNCIA DELITIVA – POSTERIOR DEMONSTRAÇÃO DOS ELEMENTOS 
EVIDENCIADORES DA PRESENÇA DE JUSTA CAUSA PARA A REALIZAÇÃO DA DILIGÊNCIA - ALEGADA 
NULIDADE INEXISTENTE - DECISÃO QUE SE AJUSTA A ORIENTAÇÃO QUE PREVALECE NO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL EM RAZÃO DE JULGAMENTO FINAL, COM REPERCUSSÃO GERAL, DO RE 603.616/RO - 
AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.” (RE 1199565-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe de 27/6/2019) 
 E ainda: RE 1.330.559-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, Plenário, DJe de 20/9/2021; HC 199.227-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, 
Primeira Turma, DJe de 22/6/2021; RHC 198.826, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe de 28/6/2021; HC 192.110-
AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, DJe de 25/11/2020; RHC 143.694, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira 
Turma, DJe de 15/9/2020; HC 175.075-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, DJe de 29/10/2019; ARE 
1.046.485-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 24/10/2017; ARE 829.249-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 
Segunda Turma, DJe de 1º/6/2016; RHC 91.189, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, DJe de 23/4/2010 e HC 91.350, Rel. 
Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe de 29/8/2008. 
 O Supremo Tribunal Federal tem firme entendimento no sentido de que os direitos e garantias fundamentais não são 
absolutos, de forma que não podem tornar-se instrumentos viabilizadores da prática de delitos ou seu encobrimento. Não obstante, 
o artigo 5º da Constituição traz verdadeira carta de proteção aos cidadãos contra abusos do poder estatal, o que não pode ser 
ignorado. Assim, cabe à mais alta Corte do País orientar sobre a correta interpretação desses dispositivos, mediante as melhores 
técnicas de hermenêutica e a ponderação de princípios, a fim de trazer segurança e estimular a confiança da população sobre a 
atuação e os julgamentos exarados pelo Poder Judiciário. 
 Por sua pertinência, importa realçar decisão proferida pelo Ministro Alexandre de Moraes no RE 1.342.077, em caso 
análogo ao destes autos, cujo acórdão daquela Corte Superior teria firmado o precedente adotado também nestes autos pelo 
acórdão ora recorrido. Transcrevo trecho da referida decisão, in verbis: 
 “Do julgamento dessa ordem, autuada no STJ como HC 598.051/SP, originou-se o acórdão impugnado pela via deste 
Recurso Extraordinário, ora em análise (e-STJ, fls. 103/172). 
 Após ser remetido a esta CORTE pelo Tribunal Superior (e-STJ, fl. 523), o recurso foi a mim distribuído em 16/9/2021 
(eDoc. 230). 
 Excepcionalmente, porém, a Constituição Federal estabelece específica e restritamente as hipóteses possíveis de 
violabilidade domiciliar, para que a ‘casa’ não se transforme em garantia de impunidade de crimes, que em seu interior se 
pratiquem ou se pretendam ocultar. 
 O alcance interpretativo do inciso XI, do artigo 5º da Constituição Federal foi definido pelo SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL, na análise do RE 603.616/RO (Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de 10/5/2016, Tema 280 de Repercussão Geral), a 
partir, exatamente, das premissas da excepcionalidade e necessidade de eficácia total da garantia fundamental; tendo sido 
estabelecida a seguinte TESE: 
 „A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em 
fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob 
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.‟ 
 Ocorre, entretanto, que a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, após aplicar o Tema 280 de Repercussão Geral 
dessa SUPREMA CORTE, foi mais longe, não só transformando o presente habeas corpus individual em um habeas corpus 
coletivo, como também estabelecendo requisitos constitucionalmente inexistentes e determinando em abstrato e com efeitos 
vinculantes e erga omnes a todos os órgãos da administração de segurança pública do País – estaduais, distrital e federal – 
verdadeira obrigação de fazer inexistente na Constituição Federal e na legislação, como se verifica nos itens 7.2, 12 e 13 da 
Ementa do referido julgado: 
 Nesse ponto, não agiu com o costumeiro acerto o Superior Tribunal de Justiça, pois acrescentou requisitos 
inexistentes no inciso XI, do artigo 5º da Constituição Federal, desrespeitando, dessa maneira, os parâmetros definidos no Tema 
280 de Repercussão Geral por essa SUPREMA CORTE. 
 Não bastasse isso, em segundo lugar, na presente hipótese, o Tribunal da Cidadania extrapolou sua competência 
jurisdicional, pois sua decisão, não só desrespeitou os requisitos constitucionais previstos no inciso XI, do artigo 5º da 
Constituição Federal, restringindo as exceções à inviolabilidade domiciliar, como também, inovando em matéria constitucional, 
criou uma nova exigência – gravação audiovisual da anuência de entrada no local – para a plena efetividade dessa garantia 
individual, desrespeitando o decidido por essa SUPREMA CORTE no Tema 280 de Repercussão Geral.” (RE 1.342.077, Rel. 
Min. Alexandre de Moraes, DJe de 6/12/2021) 
 Destarte, é certo que a vexata quaestio transcende os limites subjetivos da causa, porquanto o tema em apreço sobressai 
do ponto de vista constitucional, especialmente em razão da necessidade de se conferir estabilidade aos pronunciamentos desta 
Corte e, mediante a sistemática de precedentes qualificados, garantir aplicação uniforme da Constituição Federal com 
previsibilidade para os jurisdicionados.Ressalto que as questões relativas à inviolabilidade domiciliar e suas exceções alinham-se com a seguinte meta prevista 
na Agenda 2030 das Nações Unidas: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar 
o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis (ODS 16). 
 
ARTIGO 151 DO CÓDIGO PENAL (CP) – VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA - CP - Decreto 
Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940. Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91614/CP-Decreto-Lei-n-2.848-de-07-de-Dezembro-de-1940#art-151
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91614/CP-Decreto-Lei-n-2.848-de-07-de-Dezembro-de-1940#art-151
fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sonegação ou destruição de 
correspondência § 1º - Na mesma pena incorre: I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, 
embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; Violação de comunicação telegráfica, 
radioelétrica ou telefônica II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente 
comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; 
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; IV - quem instala ou 
utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal. § 2º - As penas aumentam-se 
de metade, se há dano para outrem. § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço 
postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: Pena - detenção, de um a três anos. § 4º - Somente se procede 
mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. Correspondência comercial 
 
Classificação do Crime: O crime de violação de correspondência é um crime comum, que pode ser 
praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que pratique o ato de violar a correspondência alheia. 
Sujeito Passivo: É a pessoa prejudicada pela violação da correspondência, geralmente o destinatário 
legítimo. 
Objeto Material: O objeto material do crime é a própria correspondência que foi violada sem autorização. 
Objeto Jurídico: O objetivo jurídico da norma é proteger a inviolabilidade da correspondência, garantindo a 
privacidade das comunicações. 
Elemento Subjetivo: O crime é doloso, o que significa que o agente deve ter a intenção de violar a 
correspondência, sabendo que não tem autorização para isso. 
Próprio: O crime é próprio, pois só pode ser praticado por quem tem acesso à correspondência e a viola 
intencionalmente. 
Impróprio: Não se aplica. 
Formal: O crime é formal, pois se consuma com a simples violação da correspondência, independentemente 
de eventuais danos causados. 
Material: O crime é material, pois exige a efetiva violação da correspondência. 
Forma Livre: A forma é livre, o que significa que o agente pode escolher o meio pelo qual irá realizar a 
violação da correspondência. 
Forma Vinculada: Não se aplica. 
Comissivo: O crime é comissivo, pois exige uma ação positiva do agente, que é a violação da 
correspondência. 
Omissivo: Não se aplica. 
Instantâneo: O crime é instantâneo, pois se consuma no momento em que a correspondência é violada. 
Habitual: Não se aplica. 
Permanente: Não se aplica. 
De Perigo Concreto: O crime exige um perigo concreto, ou seja, é necessário que a violação da 
correspondência represente efetivamente uma ameaça à privacidade das comunicações. 
De Perigo Abstrato: Também pode ser considerado um crime de perigo abstrato, pois a mera violação da 
correspondência já é suficiente para configurar o delito. 
Unissubjetivo: O crime pode ser cometido por um único agente, não sendo necessariamente plurissubjetivo. 
Plurissubjetivo: O crime também pode ser cometido por mais de uma pessoa, como em situações de 
conivência ou cumplicidade na violação da correspondência. 
Unissubsistente: O crime é unissubsistente, ou seja, se consuma com a simples violação da correspondência, 
independente do resultado obtido. 
Plurissubsistente: Não se aplica. 
Admite Tentativa: Sim, o crime admite tentativa, quando o agente tenta violar a correspondência, mas não 
obtém sucesso. 
 
Jurisprudência do STJ/STF: ARTIGO 151 DO CÓDIGO PENAL (CP) – VIOLAÇÃO DE 
CORRESPONDÊNCIA PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLAÇÃO 
DE CORRESPONDÊNCIA. FUNCIONÁRIO DOS CORREIOS. ART. 151 , § 3º , DO CÓDIGO 
PENAL . MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. 
1. As filmagens gravadas no local dos fatos e analisadas no laudo pericial não deixam dúvidas de que 
os réus violaram correspondências e devassaram indevidamente o seu conteúdo, com abuso da sua 
função em serviço postal, incidindo na conduta descrita no caput e no § 3º do art. 151 do Código Penal 
 
2. Os elementos probatórios trazidos aos autos são suficientes para trazer o juízo de certeza necessário 
à condenação dos réus, não havendo que se falar em aplicação do princípio in dubio pro reo. 
3. Dosimetria das penas. Pena-base fixada no mínimo legal. 
4. Afastado o pedido de incidência da agravante prevista no art. 61 , II , g , do Código Penal , pois a 
violação ao dever profissional já está contida na qualificadora prevista no § 3º do art. 151 do mesmo 
código. 
5. Crime continuado. CP, art. 71 . Seguindo a jurisprudência consolidada no âmbito dos tribunais 
superiores, a fração de aumento decorrente da continuidade delitiva deve ser fixada conforme o 
número de infrações. 
6. Regime inicial aberto e substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos. 
7. Apelação parcialmente provida. 
 
ARTIGO 152 DO CÓDIGO PENAL (CP) – CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL 
Classificação do Crime: Violação de correspondência: não é típica a conduta de quem toma conhecimento 
do conteúdo de envelope encaminhado em mãos, aberto e contendo certidões de antecedentes criminais. 
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que pratique o ato de violar a correspondência comercial alheia. 
Sujeito Passivo: É a pessoa prejudicada pela violação da correspondência comercial, geralmente o 
destinatário legítimo. 
Objeto Material: O objeto material do crime é a correspondência comercial que foi violada sem 
autorização. 
Objeto Jurídico: O objetivo jurídico da norma é proteger a confidencialidade e a inviolabilidade da 
correspondência comercial, garantindo a privacidade das comunicações comerciais. 
Elemento Subjetivo: O crime é doloso, o que significa que o agente deve ter a intenção de violar a 
correspondência comercial, sabendo que não tem autorização para isso. 
Próprio: O crime é próprio, pois só pode ser praticado por quem tem acesso à correspondência comercial e a 
viola intencionalmente. 
Impróprio: Não se aplica. 
Formal: O crime é formal, pois se consuma com a simples violação da correspondência, independentemente 
de eventuais danos causados. 
Material: O crime é material, pois exige a efetiva violação da correspondência comercial. 
Forma Livre: A forma é livre, o que significa que o agente pode escolher o meio pelo qual irá realizar a 
violação da correspondência comercial. 
Forma Vinculada: Não se aplica. 
Comissivo: O crime é comissivo, pois exige uma ação positiva do agente, que é a violação da 
correspondência comercial. 
Omissivo: Não se aplica. 
Instantâneo: O crime é instantâneo, pois se consuma no momento em que a correspondência comercial é 
violada. 
Habitual: Não se aplica. 
Permanente: Não se aplica. 
De Perigo Concreto: O crime exige um perigo concreto, ou seja, é necessário que a violação da 
correspondência comercial represente efetivamente uma ameaça à privacidade das comunicações comerciais. 
De Perigo Abstrato: Também pode ser considerado um crime de perigo abstrato, pois a mera violação da 
correspondência já é suficiente para configurar o delito. 
Unissubjetivo: O crime pode ser cometido por um únicoagente, não sendo necessariamente plurissubjetivo. 
Plurissubjetivo: O crime também pode ser cometido por mais de uma pessoa, como em situações de 
conivência ou cumplicidade na violação da correspondência. 
Unissubsistente: O crime é unissubsistente, ou seja, se consuma com a simples violação da correspondência, 
independente do resultado obtido. 
Plurissubsistente: Não se aplica. 
Admite Tentativa: Sim, o crime admite tentativa, quando o agente tenta violar a correspondência comercial, 
mas não obtém sucesso. 
 
Jurisprudência do STJ/STF: ARTIGO 152 DO CÓDIGO PENAL (CP) – CORRESPONDÊNCIA 
COMERCIAL. Jurisprudência que cita Crime de Violação de Correspondência - STM - HABEAS 
CORPUS: HC XXXXX AM 2004.01.XXXXX-8 Jurisprudência • Acórdão • HABEAS CORPUS - 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL - ATIPICIDADE - FALTA DE JUSTA CAUSA - 
CONCUSSÃO - ART. 305 DO CPM - VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA - ART. 227 DO CPM 
1. Concussão em co-autoria: co-réus denunciados pela mesma situação fática obtiveram a concessão 
da ordem em outro writ impetrado com o mesmo fim ( HC nº 2003 . 01 033830-6/AM; 2. Pedido de 
extensão da ordem concedida com espeque no art. 515 do CPPM e precedentes jurisprudenciais; 3. 
Violação de correspondência: não é típica a conduta de quem toma conhecimento do conteúdo de 
envelope encaminhado em mãos, aberto e contendo certidões de antecedentes criminais. 4. Ordem 
concedida, à unanimidade, para o trancamento da ação penal por falta de justa causa quanto ao crime 
de concussão e, por maioria, em relação ao crime de violação de correspondência. 
 
 
ARTIGO 153 DO CÓDIGO PENAL (CP) – DIVULGAÇÃO DE SEGREDO 
Classificação do Crime: O crime de divulgação de segredo se encontra previsto no artigo 153 do Código 
Penal e consiste na ação de “divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de 
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a 
outrem". 
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que pratique o ato de divulgar um segredo alheio sem autorização. 
Sujeito Passivo: É a pessoa prejudicada pela divulgação do segredo, geralmente a titular da informação 
confidencial. 
Objeto Material: O objeto material do crime é o próprio segredo que foi divulgado sem autorização. 
Objeto Jurídico: O objetivo jurídico da norma é proteger a confidencialidade das informações e evitar que 
sejam divulgadas sem autorização, o que pode causar danos a terceiros. 
Elemento Subjetivo: O crime é doloso, o que significa que o agente deve ter a intenção de divulgar o 
segredo, sabendo que não tem autorização para isso. 
Próprio: O crime é próprio, pois só pode ser praticado por quem tem conhecimento do segredo e divulga 
intencionalmente. 
Impróprio: Não se aplica. 
Formal: O crime é formal, pois se consuma com a simples divulgação do segredo, independentemente de 
eventuais danos causados. 
Material: O crime é material, pois exige a efetiva divulgação do segredo. 
Forma Livre: A forma é livre, o que significa que o agente pode escolher o meio pelo qual irá realizar a 
divulgação do segredo. 
Forma Vinculada: Não se aplica. 
Comissivo: O crime é comissivo, pois exige uma ação positiva do agente, que é a divulgação do segredo. 
Omissivo: Não se aplica. 
Instantâneo: O crime é instantâneo, pois se consuma no momento em que o segredo é divulgado. 
Habitual: Não se aplica. 
Permanente: Não se aplica. 
De Perigo Concreto: O crime exige um perigo concreto, ou seja, é necessário que a divulgação do segredo 
seja capaz de causar dano a terceiros. 
De Perigo Abstrato: Também pode ser considerado um crime de perigo abstrato, pois a mera divulgação do 
segredo já é suficiente para configurar o delito. 
Unissubjetivo: O crime pode ser cometido por um único agente, não sendo necessariamente plurissubjetivo. 
Plurissubjetivo: O crime pode ser cometido por mais de uma pessoa, como em situações de conivência ou 
cumplicidade na divulgação do segredo. 
Unissubsistente: O crime é unissubsistente, ou seja, se consuma com a simples divulgação do segredo, 
independente do resultado obtido. 
Plurissubsistente: Não se aplica. 
Admite Tentativa: Sim, o crime admite tentativa, quando o agente tenta divulgar o segredo, mas não obtém 
sucesso. 
 
Jurisprudência do STJ/STF: ARTIGO 153 DO CÓDIGO PENAL (CP) – DIVULGAÇÃO DE 
SEGREDO. APELAÇÃO CRIMINAL. DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS (ART. 153 , § 1º-A, CP ). 
SENTENÇA CONDENATÓRIA. PLEITO ABSOLUTÓRIO. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE 
COMPROVADAS. OITIVA JUDICIAL DA VÍTIMA CORROBORADA PELAS DEMAIS PROVAS MATERIAIS QUE 
INSTRUEM O FEITO. NEGATIVA DE AUTORIA DO RÉU FRÁGIL E ISOLADA NO CONJUNTO PROBATÓRIO. 
AVENTADA ATIPICIDADE DA CONDUTA. ALEGAÇÃO DE QUE O ACUSADO TERIA DIVULGADO AS 
INFORMAÇÕES SIGILOSAS DO OFENDIDO A FIM DE EXERCER SEU DIREITO À DEFESA. POSSIBILIDADE 
DE UTILIZAÇÃO DE OUTROS MEIOS LEGAIS PARA TANTO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TIPICIDADE 
MATERIAL DA CONDUTA DEVIDAMENTE VERIFICADA. NÃO ACOLHIMENTO. CONDENAÇÃO MANTIDA 
.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 3ª C. Criminal - XXXXX-50.2012.8.16.0048 - Assis Chateaubriand - 
Rel.: DESEMBARGADOR PAULO ROBERTO VASCONCELOS - J. 16.02.2021). 
 
ARTIGO 154 DO CÓDIGO PENAL (CP) – VIOLAÇÃO DO SEGREDO PROFISSIONAL 
Classificação do Crime: O crime de violação do segredo profissional é um crime comum, que pode ser 
praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que pratique o ato de violar o segredo profissional. 
Sujeito Passivo: É a pessoa prejudicada pela violação do segredo profissional, geralmente o titular do 
segredo. 
Objeto Material: O objeto material do crime é o segredo profissional violado, que é uma informação 
confidencial relacionada à atividade profissional da pessoa. 
Objeto Jurídico: O objetivo jurídico da norma é proteger a confidencialidade das informações profissionais 
e evitar que sejam divulgadas sem justa causa, o que pode causar danos a terceiros. 
Elemento Subjetivo: O crime é doloso, o que significa que o agente deve ter a intenção de violar o segredo 
profissional, sabendo que não há justa causa para isso. 
Próprio: O crime é próprio, ou seja, só pode ser praticado por quem tem acesso à informação em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão. 
Impróprio: Não se aplica. 
Formal: O crime é formal, pois se consuma com a simples violação do segredo, independentemente de 
eventuais danos causados. 
Material: O crime é material, pois exige a efetiva violação do segredo profissional. 
Forma Livre: A forma é livre, o que significa que o agente pode escolher o meio pelo qual irá violar o 
segredo profissional. 
Forma Vinculada: Não se aplica. 
Comissivo: O crime é comissivo, pois exige uma ação positiva do agente, que é a violação do segredo 
profissional. 
Omissivo: Não se aplica. 
Instantâneo: O crime é instantâneo, pois se consuma em um único ato de violação do segredo. 
Habitual: Não se aplica. 
Permanente: Não se aplica. 
De Perigo Concreto: O crime exige um perigo concreto, ou seja, é necessário que a violação do segredo 
represente efetivamente uma ameaça à segurança da informação. 
De Perigo Abstrato: Também pode ser considerado um crime de perigo abstrato, pois a mera violação do 
segredo já é suficiente para configurar o delito. 
Unissubjetivo: O crime pode ser cometido por um único agente, não sendo necessariamente plurissubjetivo. 
Plurissubjetivo: O crime também pode ser cometido por mais de uma pessoa, como em situações de 
conivência ou cumplicidade na violação do segredo. 
Unissubsistente: O crime é unissubsistente, ou seja, se consuma com a mera violação do segredo, 
independente do resultado obtido. 
Plurissubsistente: Não se aplica. 
Admite Tentativa: Sim, o crime admite tentativa, quando o agente tenta violar o segredo, mas não obtém 
sucesso. 
 
Jurisprudência do STJ/STF: ARTIGO 154 DO CÓDIGO PENAL (CP) – VIOLAÇÃO DO SEGREDO 
PROFISSIONAL - Sexta Turma tranca ação penalpor aborto ao ver quebra de sigilo profissional entre 
médico e paciente. A constatação de quebra do sigilo profissional entre médico e paciente levou a Sexta 
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a trancar, nesta terça-feira (14), uma ação penal que apurava o 
crime de aborto provocado pela própria gestante (artigo 124 do Código Penal – CP). Além de ter acionado 
a polícia por suspeitar da prática do delito, o médico foi arrolado como testemunha no processo – situações 
que, para o colegiado, violaram o artigo 207 do Código de Processo Penal (CPP) e geraram nulidade das 
provas reunidas nos autos. 
Ao trancar a ação penal, a Sexta Turma determinou a remessa dos autos ao Ministério Público e ao Conselho 
Regional de Medicina ao qual o médico está vinculado, para que os órgãos tomem as medidas que 
entenderem pertinentes. De acordo com o processo, a paciente teria aproximadamente 16 semanas de 
gravidez quando passou mal e procurou o hospital. Durante o atendimento, o médico suspeitou que o quadro 
fosse provocado pela ingestão de remédio abortivo e, por isso, decidiu acionar a Polícia Militar. Após a 
instauração do inquérito, o médico ainda teria encaminhado à autoridade policial o prontuário da paciente 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm#art124
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art207
para comprovação de suas afirmações, além de ter sido arrolado como testemunha. Com base nessas 
informações, o Ministério Público propôs a ação penal e, após a primeira fase do procedimento do tribunal 
do júri, a mulher foi pronunciada pelo crime do artigo 124 do CP. CPP proíbe médico de revelar segredo 
profissional obtido durante atendimento: No pedido de habeas corpus, além de sustentar a tese de quebra de 
sigilo profissional pelo médico, a defesa apontou suposta incompatibilidade entre a criminalização do aborto 
provocado e os princípios constitucionais, requerendo a declaração de não recepção, pela Constituição de 
1988, do artigo 124 do CP. 
O ministro Sebastião Reis Júnior, relator, destacou que o habeas corpus não é a via judicial adequada para a 
realização do controle difuso de constitucionalidade, mesmo porque a definição sobre o tema está pendente 
de análise pelo Supremo Tribunal Federal (ADPF 442). O relator lembrou que, segundo o artigo 207 do 
CPP, são proibidas de depor as pessoas que, em razão de suas atividades profissionais, devam guardar 
segredo – salvo se, autorizadas pela parte interessada, queiram dar o seu testemunho. "O médico que 
atendeu a paciente se encaixa na proibição, uma vez que se mostra como confidente necessário, estando 
proibido de revelar segredo de que tem conhecimento em razão da profissão intelectual, bem como de depor 
sobre o fato como testemunha", concluiu. 
O ministro mencionou também o Código de Ética Médica – citado em voto vencido no julgamento do caso 
em segundo grau –, cujo artigo 73 impede o médico de revelar segredo que possa expor o paciente a 
processo penal e determina que, se convocado como testemunha, deverá declarar o seu impedimento. 
ARTIGO 154-A DO CÓDIGO PENAL (CP) – INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO 
Classificação do Crime: O crime de invasão de dispositivo informático é um crime comum, que pode ser 
praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que pratique o ato de invadir um dispositivo informático alheio sem 
autorização. 
Sujeito Passivo: É a pessoa titular do dispositivo informático invadido. 
Objeto Material: O objeto material do crime é o próprio dispositivo informático que foi invadido, como um 
computador, smartphone, tablet, entre outros objetos eletrônicos. 
Objeto Jurídico: O objetivo jurídico da norma é proteger a segurança e a privacidade das informações 
armazenadas em dispositivos informáticos. 
Elemento Subjetivo: O crime é doloso, o que significa que o agente deve ter a intenção de invadir o 
dispositivo informático, sabendo que não possui autorização para tal. 
Próprio: O crime é próprio, ou seja, só pode ser praticado por quem possui capacidade técnica para invadir 
dispositivos informáticos. 
Impróprio: Não se aplica. 
Formal: O crime é formal, sendo suficiente a mera tentativa de invasão, independentemente do resultado. 
Material: O crime é material, pois exige a efetiva invasão do dispositivo informático. 
Forma Livre: A forma é livre, o que significa que o agente pode escolher o meio pelo qual irá realizar a 
invasão, desde que viole a segurança do dispositivo. 
Forma Vinculada: Não se aplica. 
Comissivo: O crime é comissivo, pois exige uma ação positiva do agente, que é a invasão do dispositivo 
informático. 
Omissivo: Não se aplica. 
Instantâneo: O crime é instantâneo, pois se consuma em um único ato de invasão. 
Habitual: Não se aplica. 
Permanente: Não se aplica. 
De Perigo Concreto: O crime exige um perigo concreto, ou seja, é necessário que a invasão represente 
efetivamente uma ameaça à segurança do dispositivo ou aos dados armazenados nele. 
De Perigo Abstrato: Também pode ser considerado um crime de perigo abstrato, pois a mera invasão já é 
suficiente para configurar o delito. 
Unissubjetivo: O crime pode ser cometido por um único agente, não sendo necessariamente plurissubjetivo. 
Plurissubjetivo: O crime também pode ser cometido por mais de uma pessoa, como em situações de 
ciberataques realizados por grupos. 
Unissubsistente: O crime é unissubsistente, ou seja, se consuma com a mera invasão, independente do 
resultado obtido. 
Plurissubsistente: Não se aplica. 
Admite Tentativa: Sim, o crime admite tentativa, quando o agente, tenta invadir o dispositivo, mas não 
obtém sucesso. 
 
Jurisprudência do STJ/STF: ARTIGO 154-A DO CÓDIGO PENAL (CP) – INVASÃO DE 
DISPOSITIVO INFORMÁTICO 
 
APELAÇÃO CRIMINAL. INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO. FORMA 
QUALIFICADA. TIPICIDADE CONFIGURADA. CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA. 
CONSEQUENCIAS DO CRIME. ANÁLISE ESCORREITA. QUANTUM. READEQUAÇÃO. PENA 
PECUNIÁRIA. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. REDUÇÃO. PROPORCIONALIDADE COM A 
PENA CORPORAL. SUBSTITUIÇÃO. POSSIBILIDADE. 
I - A expressão "dispositivo informático" não se refere apenas aos equipamentos físicos (hardware), 
mas também os sistemas, dispositivos que funcionam por computação em nuvem, facebook, 
instagram, e-mail e outros. 
 
II - O crime previsto no art. 154-A do CP possui dois núcleos de conduta típica não cumulativos: (i) 
invadir dispositivo informático alheio, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações 
sem autorização do titular e (ii) instalar vulnerabilidades, visando obter vantagem ilícita. Pela 
literalidade do dispositivo, a ausência de violação de dispositivo de segurança impede a configuração 
típica apenas da conduta de invadir. 
 
III - Pratica a conduta tipificada no art. 154-A , § 3º, do CP aquele que, sem o conhecimento de sua 
então namorada, instala programa espião no notebook dela, com o fim de monitorar as conversas e 
atividades e, diante dessa vulnerabilidade, consegue violar os dispositivos de segurança e, com isso, ter 
acesso ao conteúdo das comunicações eletrônicas privadas e outras informações pessoais, inclusive 
diversas senhas. 
 
IV - A constatação de que a conduta do réu causou transtornos de ordem psicológica que excederam a 
normalidade do tipo justifica a avaliação desfavorável das consequências do crime. V - Ausente 
determinação legal acerca do quantum de aumento da pena-base, a par da análise desfavorável de 
circunstância judicial, a jurisprudência entende adequada a fração de 1/8 (um oitavo) sobre o 
intervalo entre os limites mínimo e máximo abstratamente cominados no tipo legal. 
 
VI - A pena de multa é sanção que integra o preceito secundário do tipo penal sob exame e de 
aplicação cogente. Deve, ainda, ser estabelecido observando os mesmos parâmetros utilizados para 
fixação da pena corporal. 
 
VII - Em se tratando de crime cometido no contextodas relações domésticas, mas sem o emprego de 
violência ou grave ameaça, admite-se a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos, desde que presentes os requisitos do art. 44 do CP . 
 
VIII - Recurso conhecido e parcialmente provido.

Outros materiais