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apostila (1)Construção Sustentável

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PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 1 
 
 
Construção Sustentável 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 2 
Construção Sustentável – Novos Materiais 
 
 
A Ciência e a Engenharia dos Materiais 
 
A Engenharia de Materiais é um ramo da Engenharia em que a 
interdisciplinaridade da Física e Química é utilizada no estudo, na produção e na 
transformação da matéria. Cabe ao engenheiro de materiais estudar a estrutura, 
as propriedades, as aplicações, o processamento e o desempenho de materiais 
novos ou já existentes para fins práticos. As principais áreas 
são metais, polímeros, cerâmicos e compósitos. 
 
A Ciência e Engenharia dos Materiais (CEM) é definida, segundo COHEN e SILVA 
(1987), como “a área da atividade humana associada com a geração e aplicação 
de conhecimento que relaciona composição, estrutura e processamento dos 
materiais às suas propriedades e usos”. Trata-se do acoplamento, por um lado, da 
Ciência dos Materiais que engloba disciplinas científicas tradicionais (Física, 
Química, Matemática) e, de outro lado, com a Engenharia dos Materiais que 
estuda e desenvolve processos e aplicações dos materiais. 
 
Os parâmetros utilizados na escolha de um material adequado para um 
determinado componente centram-se nas propriedades como: resistência 
mecânica, condutibilidade térmica/elétrica, densidade e outras. Também se deve 
observar o comportamento do material durante o processamento e o uso, em que 
a plasticidade, usinabilidade, durabilidade química são essenciais, assim como 
custo e disponibilidade (PASCOALI, 2008). 
 
Embora a escala de tempo seja altamente não-linear, devido à evolução 
incrivelmente rápida da tecnologia nos tempos modernos, podemos ver que o 
papel dominante das ligas de metal alcançou um pico após a Segunda Guerra 
Mundial. Desde a década de 1960, pressões para economia de peso e custo 
levaram a uma demanda crescente por novos e sofisticados materiais não-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Material
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrutura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedade_qu%C3%ADmica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADmeros
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cer%C3%A2mica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comp%C3%B3sito
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 3 
metálicos. Na Figura 1.1, a ‘importância relativa’ nas idades da pedra e do bronze 
é baseada na avaliação dos arqueólogos (em 1960), nas horas de ensino alocadas 
em universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido, e em 2020, nas previsões 
feitas pelos fabricantes de automóveis. (SHACKELFORD, 2012). 
 
 
Figura 1: A evolução dos materiais da Engenharia com o tempo. Observe que a escala 
não é linear (DE, 1999). 
 
Segundo CALLISTER (2008), a disciplina ciência dos materiais envolve a 
investigação das relações que existem entre as estruturas e as propriedades dos 
materiais. Em contraste, a engenharia de materiais consiste, com base nestas 
correlações estrutura-propriedade, no projeto ou engenharia da estrutura de um 
material para produzir um conjunto predeterminado de propriedades. Ao longo de 
todo este livro, chamamos a atenção para as relações existentes entre as 
propriedades dos materiais e os elementos estruturais. 
 
O homem sempre utilizou-se de materiais para satisfazer suas necessidades. Nos 
tempos mais remotos os materiais serviam para obtenção de utensílios de caça, 
de uso doméstico e para o vestuário. Depois de extraídos da natureza, os 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 4 
materiais eram utilizados quase que diretamente em suas aplicações, com pouco 
ou quase nenhum processamento. Com o passar dos tempos, o homem foi 
dominando o conhecimento a respeito dos materiais e seu processamento. Pode-
se visualizar na tabela 1 a cronologia da utilização dos materiais no decorrer do 
tempo (PASCOALI, 2008). 
 
Tabela 1: Evolução do uso de materiais pelo homem 
(PASCOALI, 2008). 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA ANO MATERIAL 
Pré-história Idade da Pedra 
25.000 AC 
até 6.500 AC 
Madeira 
 Pedra lascada 
 Pedra polida 
Proto-história Idade dos Metais 
6.500 AC até 
1.500 AC 
Cobre 
 Estanho 
 Bronze 
 Ferro 
 Cerâmica 
História 
Idade Antiga ou 
Antiguidade 
4.000 AC até 500 
AC 
Vidro 
Idade Média ou 
Medieval 
500 até 1.500 Ligas metálicas 
Idade Moderna 1.500 até 1.800 Concreto 
Idade 
Contemporânea 
1.800 até os dias 
atuais 
Polímeros 
 
Os materiais são classificados tecnicamente em três classes principais 
independentes e uma composta (Figura 2) denominadas, respectivamente: 
polímeros, cerâmicas, metais e compósitos. Estes são utilizados largamente em 
diversos segmentos da indústria, sendo importantes para fabricação de materiais, 
equipamentos, peças, dentre outras coisas (HECK, 2011). 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 5 
 
Figura 2: Classificação técnica dos materiais (HECK, 2011). 
 
Segundo COHEN e SILVA (1987), os materiais, sob o ponto de vista utilitário, são 
substâncias com propriedades úteis na construção de máquinas, estruturas, 
dispositivos e produtos, ou seja, são substâncias com as quais se fazem “coisas”. 
A designação materiais de engenharia é usada, por vezes, em referência 
específica aos materiais que se utilizam para o fabrico de produtos técnicos. 
Contudo, não há uma linha de separação clara entre as duas designações, visto 
que ambas são usadas indistintamente. 
 
Os materiais sólidos são frequentemente classificados em três grupos principais: 
materiais metálicos, materiais cerâmicos e materiais poliméricos ou plásticos. Esta 
classificação é baseada na estrutura atômica e nas ligações químicas 
predominantes em cada grupo. Um quarto grupo, que foi incorporado nesta 
classificação nas últimas décadas, é o grupo dos materiais compósitos (PADILHA, 
2000). 
 
Na construção civil temos materiais que são utilizados há muitos anos da mesma 
forma, como o concreto, e outros que evoluem constantemente. E a evolução dos 
materiais de construção não é um processo recente, pois teve início desde os 
povos primitivos, que utilizavam os materiais assim como os encontravam na 
natureza, sem qualquer transformação. Com a evolução do homem, surgem 
necessidades que levam à transformação desses materiais de uma maneira 
simplificada, a fim de facilitar seu uso ou de criar novos materiais a partir deles. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 6 
Assim, o homem começa a moldar a argila, a cortar a madeira e a lapidar a pedra. 
Outro exemplo de evolução foi a descoberta do concreto que surgiu da 
necessidade do homem de um material resistente como a pedra, mas de 
moldagem mais fácil (HAGEMANN, 2011). 
 
Os materiais podem ser classificados em quatro níveis, conforme o grau de 
conhecimento científico utilizado no seu desenvolvimento. Esta classificação é 
apresentada a seguir: 
 
I. Materiais naturais. Exemplos: madeira, couro, diamante, cobre, ligas 
ferrosas provenientes de meteoritos e borracha. 
II. Materiais desenvolvidos empiricamente. Exemplos: bronze, aço comum, 
ferro fundido, cerâmicas sílico-aluminosas, vidro, cimento e concreto. 
III. Materiais desenvolvidos com auxílio qualitativo de conhecimentos 
científicos, isto é, as considerações científicas orientaram seus 
descobrimentos e a interpretação qualitativa de suas propriedades. 
Exemplos: ligas mais antiga de alumínio, de titânio e de magnésio, 
metal duro, aços inoxidáveis, aços microligados, termoplásticos, 
termorrígidos, elastômeros e ferritas. 
IV. Materiais projetados (novos ou aperfeiçoados) quase que 
exclusivamente a partir de conhecimentos científicos e cujas 
propriedades podem ser quantitativamente previstas. Exemplos: 
semicondutores, materiais para reatores nucleares, aços de ultra-alta 
resistência mecânica, materiais compósitos reforçados com fibras, ligas 
com memória de forma e vidros metálicos (PADILHA, 2000).Propriedades dos Materiais 
 
Todas as obras de Engenharia civil são realizadas com recurso a materiais de 
construção. O uso racional dos materiais, do ponto de vista técnico e econômico, 
exige o conhecimento adequado das suas propriedades e dos processos de fabrico 
ou de transformação. Só assim será possível selecionar, entre várias opções 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 7 
viáveis, aquela que permita melhores desempenhos. Torna-se, pois, necessário 
conhecer as propriedades básicas dos materiais, a sua origem e natureza, assim 
como o seu processo de fabricação. 
 
São as qualidades exteriores que caracterizam e distinguem os materiais. Um 
determinado material é conhecido e identificado por suas propriedades e por seu 
comportamento perante agentes exteriores. BAUER (2008) define algumas das 
principais propriedades dos materiais, dentre as quais podemos citar as mais 
importantes ao nosso estudo: 
 
 Extensão: a propriedade que possuem os corpos de ocupar um lugar no 
espaço; 
 Massa: a quantidade de matéria, que é constante para o mesmo corpo, 
esteja onde estiver; 
 Peso: definido como a força com que a massa é atraída para o centro da 
Terra, varia de local para local; 
 Volume: o espaço que ocupa determinada quantidade de matéria; 
 Massa específica: a relação entre sua massa e seu volume; 
 Peso específico: a relação entre seu peso e seu volume; 
 Densidade: a relação entre sua massa e a massa do mesmo volume de 
água destilada a 4ºC; 
 Porosidade: a propriedade que tem a matéria de não ser contínua, havendo 
espaços entre as massas; 
 Dureza: resistência que os corpos opõem ao serem riscados; 
 Tenacidade: a resistência que o material opõe ao choque ou percussão; 
 Maleabilidade ou Plasticidade: a capacidade que têm os corpos de reduzir 
espessura até formarem lâminas sem, no entanto, se romperem; 
 Ductibilidade: a capacidade que têm os corpos de se reduzirem a fios sem 
se romperem; 
 Durabilidade: a capacidade que os corpos apresentam de permanecerem 
inalterados com o tempo; 
 Desgaste: a perda de qualidades ou de dimensões com o uso contínuo; 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 8 
 Elasticidade: a tendência que os corpos apresentam de retornar à forma 
primitiva após a aplicação de um esforço. 
 
 
Figura 3: Síntese das Propriedades dos Materiais de 
Construção (HECK, 2011). 
 
Segundo estudos realizados por CEATEC (2010), as propriedades dos materiais se 
dividem em: 
 
Propriedades Físicas: • Maleabilidade: São consideradas maleáveis as 
substâncias que podem ser transformadas em lâminas (chumbo, ferro, alumínio); 
• Ductilidade: São consideradas dúcteis as substâncias que podem ser 
transformadas em fios (cobre – fios elétricos); • Densidade: Relação entre a 
massa e o volume de um corpo. Conhecida também como massa específica ou 
densidade absoluta. 
 
Propriedades Térmicas: • Calor Específico: Quantidade de calor necessário para 
aumentar em 1ºC a temperatura de 1 grama de massa de qualquer substância; • 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 9 
Ponto de fusão: Passagem do estado sólido para o líquido. Ex.: O minério de 
ferro se “funde” a temperatura próxima de 1500ºC para a obtenção do ferro; • 
Solidificação: Passagem do estado líquido para o sólido. Ex.: A água pura no 
estado líquido se solidifica à temperatura de 0ºC; • Ebulição: Passagem do estado 
líquido para o gasoso. Ex.: A água pura no estado líquido entra em ebulição à 
temperatura de 100ºC; • Condensação: é um fenômeno físico que acontece 
quando o vapor passa para o estado líquido. O vapor se condensa em gotículas. • 
Dilatação térmica: possibilita a determinação da variação dimensional de um 
material com a mudança de temperatura. Exemplos: Chapas de aço aquecidas; • 
Condutividade térmica: possibilita a determinação da capacidade de um material 
de conduzir ou transferir calor. Exemplos: Bom condutor (metais), mau condutor 
(borracha, madeira). 
 
Propriedades Elétricas: • Condutividade e resistividade elétrica: são as 
propriedades que definem a facilidade ou dificuldade que certos materiais 
apresentam para conduzir eletricidade. Exemplo: bom condutor (metais), mau 
condutor (borracha, madeira). 
 
Propriedades Químicas: • Solubilidade: Alguns materiais são solúveis em 
presença de água. Exemplo: Material solúvel (gesso), insolúveis (cimento, ferro); • 
Estabilidade química: capacidade que um material apresenta de não reagir 
quimicamente. Esta propriedade é que garante a durabilidade do material e 
depende da composição química, do grau de cristalização e nível de defeitos, e da 
temperatura; • Reatividade: facilidade de um material reagir quimicamente. Em 
algumas situações estas propriedades são necessárias, como no caso dos 
aglomerantes. A composição química, o grau de amorfização e nível de defeitos, a 
temperatura, os catalizadores e a granulometria influem na reatividade dos 
materiais. 
 
Propriedades Magnéticas: • Magnetismo: Propriedade de certas substâncias 
em atrair ou repelir outros elementos. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 10 
Propriedades Mecânicas: • Dureza: Propriedade dos materiais de oferecer 
resistência ao risco, ou seja, à penetração da sua superfície. A dureza é medida 
por escalas, assim têm-se as seguintes escalas: - Mohs: escala comparativa com 
materiais de referência como a unha, o vidro e o canivete. Usada em Geologia e 
dá uma avaliação qualitativa do material; - Brinnel: avalia o material através da 
área de penetração de “bilhas” esféricas padronizadas; - Rocwell: avalia o material 
através da profundidade de penetração de uma bilha padrão. Obs.: Os ensaios 
mais precisos são o Brinnel e o Rocwell, que avaliam o material a partir de uma 
referência padronizada. Com isto a avaliação passa a ser quantitativa e não 
qualitativa. Podemos definir resistência mecânica como sendo a relação entre o 
esforço aplicado a um determinado corpo e a área da seção onde está sendo 
transmitido esse esforço. A unidade de pressão que define os valores de 
resistência é o Pa (Pascal). Os valores da resistência devem ser expressos em MPa 
(Mega Pascal). 
 
Os materiais de construção são constantemente submetidos a solicitações como 
cargas, peso próprio, ação do vento, entre outros, que chamamos de esforços. 
Dependendo da forma como os esforços se aplicam a um corpo, recebem uma 
denominação. Os principais esforços aos quais os materiais podem ser submetidos 
são: 
 
• Compressão: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva a 
um “encurtamento” do objeto na direção aplicada; 
• Tração: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva o objeto 
a sofrer um alongamento na direção em que o esforço é aplicado; 
• Flexão: esforço que provoca uma deformação na direção perpendicular à qual é 
aplicado; 
• Torção: esforço aplicado no sentido da rotação do material; 
• Cisalhamento: chamada tensão tangencial, ou ainda tensão de corte ou tensão 
cortante. Caracteriza-se como um tipo de tensão gerada por forças aplicadas em 
sentidos iguais ou oposta, em direções semelhantes, mas com intensidades 
diferentes no material esforço que provoca a ruptura por cisalhamento. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 11 
 
O dimensionamento estrutural de uma edificação só é possível quando se 
conhecem perfeitamente as propriedades mecânicas dos materiais que vão ser 
utilizados na sua construção. 
 
Metais na Construção Civil 
 
Os metais são materiais com características próprias como brilho, não 
transparentes à luz visível, boa condução de calor e eletricidade devido à 
quantidade de elétrons livres. Esses elétrons de valência, em número de um, dois 
ou três no máximo, não estão ligados a qualquer átomo, permitindo um 
deslocamento que possibilita a transmissão de energia. Como os elétrons são em 
grande número e não ligados a qualquer átomo em particular, denominam-se não 
localizados, definindo assim propriedades típicas dos metais.Estes formam com 
outros metais as ligas metálicas que são misturas homogêneas em que pelo 
menos um dos elementos é um metal. A plasticidade desses materiais associada à 
boa resistência permite grandes aplicações estruturais (ZOLIN, 2011). 
 
Os materiais metálicos são substâncias de origem inorgânica que contêm 
elementos metálicos (tais como ferro, cobre, alumínio, níquel ou titânio) e não 
metálicos (por exemplo, carbono e oxigênio). Microscopicamente, os metais têm 
uma estrutura cristalina, na qual os átomos se dispõem de forma ordenada. Estes 
materiais são, na generalidade, dúcteis, resistentes à temperatura ambiente e 
apresentam boa condutibilidade térmica e elétrica. Em função da quantidade de 
ferro que contêm, dividem-se em materiais ferrosos (com elevada percentagem de 
ferro) e não ferrosos (quando o ferro não entra na sua composição ou surge em 
quantidades muito reduzidas). O ferro fundido e o aço são materiais ferrosos, 
enquanto alumínio, cobre, zinco, titânio e níquel são materiais não ferrosos. A 
Figura 4 apresenta algumas obras de construção que utilizaram metais em sua 
estrutura. Como se vê na figura 4, uma das características desses metais é a 
resistência que possuem para suportar esforços neles exercidos pela passagem de 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 12 
veículos e pela sua flexibilidade, resistindo à fadiga induzida pela ação de ventos e 
intemperismos. 
 
Figura 4: Utilização de materiais metálicos na construção: a) Ponte 25 de Abril, em 
Lisboa; b) Elevador de Santa Justa, em Lisboa; c) Ponte D. Maria Pia, no Porto. 
 
O uso do aço proporcionou uma revolução nos padrões arquitetônicos, não só 
pelo tamanho das estruturas que agora eram possíveis, mas principalmente pelo 
melhor aproveitamento do espaço. O uso do aço na construção civil tem origem 
no século XVIII com a construção da ponte sobre o Rio Severn na Inglaterra em 
1779. Esse foi um importante marco na construção civil, pois permitiu que um 
material mais resistente, porém caro, fosse utilizado para criar estruturas 
maiores. O aço para construção civil pode ser disponibilizado de diversas 
maneiras pelas indústrias siderúrgicas. Entre as formas mais comuns estão as 
chapas finas, as chapas grossas, os perfis laminados, os tubos, cabos e as barras 
(vergalhões) de aço. Essas formas podem ser combinadas das mais diversas 
maneiras, formando estruturas metálicas (INDUSTRIA HOJE, 2016). 
 
Os metais não ferrosos apresentam uma grande variedade de aplicação na 
construção civil, sendo alguns deles apresentados a seguir (ENGENHARIA CIVIL 
VIRTUAL, 2016): 
 
Cobre 
Caraterísticas e propriedades principais: 
Estrutura cristalina CFC; 
Excelente condutor eléctrico (o melhor depois da prata); 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 13 
Oxida ao ar a temperaturas superiores a 500ºC; 
Não é atacado pela água; 
É atacado pelos ácidos em presença do ar úmido, formando-se óxido de cobre 
(verdete); 
Elevadas ductilidade e maleabilidade; 
A resistência mecânica aumenta com tratamentos mecânicos ou ligando-o a 
outros elementos. 
 
Aplicações: 
Puro: 
Fio (condutores eléctricos); Chapa laminada (aplicações mecânicas); Tubo (redes 
de fluidos). 
Ligado: 
Bronze (com estanho); Latão (com zinco); Cuproníquel (com níquel). 
 
Zinco 
O zinco puro é pouco empregado como material de construção devido às suas 
modestas propriedades mecânicas e a sua fraca propensão ao encruamento; sofre 
ainda de fluência à temperatura ambiente. 
Aplicações: 
Revestimentos superficiais para proteção anticorrosiva de componentes de ferro e 
aços (zincagem e galvanização); 
Componentes fundidos para a indústria automobilística; 
Componentes de ligas (latões); 
Componente de tintas anticorrosivas: 
Ânodos sacrificiais para proteção catódica em cascos de navios, pipelines etc. 
 
Latão (Cobre e Zinco) 
Classificação: 
Latões comuns 
Latões para fundição – apresentam pequenas percentagens de outros elementos 
que aumentam o ponto de fusão e maleabilidade; 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 14 
Latões para forjar: 
Latões α / Latões α+β´ 
m 
Aplicações: 
É a liga cobre-zinco, de 95 x 5% até 60 x 40%. Apresenta densidade de 8,2 a 8,9, 
ruptura à tração de 20 a 80 kg/mm², bastante utilizada na fabricação de tubos, 
conexões, torneiras, fechaduras, ornatos etc. 
 
Estanho 
O estanho puro apenas se utiliza como material de revestimento. 
As aplicações mais significativas das ligas de estanho são os metais antiatrito, 
materiais resistentes à corrosão e as aplicações decorativas. 
 
Chumbo 
Características e propriedades principais: 
Elevada densidade; Baixo ponto de fusão; Baixa resistência à tração; Elevada 
fluência; Elevada resistência à corrosão pela maioria dos ácidos e ambientes 
naturais. 
 
Aplicações: 
Baterias; Cabos elétricos; Proteção contra radiação raios-X; Isolamento de som e 
vibrações; Elemento de liga (ligas de cobre e aços). 
 
Níquel 
O níquel puro apresenta boa resistência à corrosão em ambientes corrosivos; usa-
se como revestimento do aço em tanques destinados a produtos químicos, porém 
a maior aplicação é como elemento de liga em aços e ligas de cobre. 
 
Alumínio 
O alumínio puro é um metal leve, de cor branca, pouco duro, muito deformável, 
com elevadas condutibilidades térmica e elétrica e com baixo ponto de fusão. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 15 
Devido ao seu elevado poder redutor oxida-se ao ar, formando uma finíssima 
película de óxido de alumínio, que o protege contra a corrosão da água destilada, 
ácido nítrico, ácido carbônico, compostos de enxofre e de muitos hidrocarbonetos. 
É, no entanto, atacado pela água do mar e pelas bases alcalinas (sódio e potássio) 
e alguns ácidos (clorídrico e fluorídrico). 
 
O alumínio utilizado na construção civil é uma liga Alumínio/Magnésio/Silício, 
obtida da bauxita. 
 
Após diversos tratamentos eletroquímicos é transformado em lingotes, placas de 
laminagem, rolos de extrusão e fios. 
 
Os produtos resultantes são: 
Peças fundidas, chapas, tubos e perfis, fios de pequeno diâmetro. 
Sua aplicação na construção civil: 
Caixilharias para janelas 
Portas e divisórias 
Chapas para revestimentos interiores e exteriores 
Coberturas 
 
Polímeros na Construção Civil 
 
Os polímeros são macromoléculas formadas por um grande número de pequenas 
moléculas, designadas monômeros. Quando estas moléculas se combinam, 
ocorrem as polimerizações. Polímero é qualquer material orgânico ou inorgânico, 
sintético ou natural, que tenha um alto peso molecular e com variedades 
estruturais repetitivas, sendo que normalmente esta unidade que se repete é de 
baixo peso molecular (MANRICH, 2005). 
 
De acordo com a sua estrutura e sistema de ligação, podem distinguir-se dois 
grandes grupos de polímeros: termorrígidos e termoplásticos. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 16 
Os termorrígidos são aqueles que no processo de fabrico solidificam numa massa 
formando um corpo sólido e estável que não poderá voltar a amolecer. Estes 
polímeros não podem, portanto, ser novamente transformados. Já os 
termoplásticos apresentam-se de forma oposta aos termorrígidos. 
 
Os polímeros usados na construção civil são materiais essenciais quer do ponto de 
vista da qualidade, como da quantidade. Estes materiais plásticos possuem 
diversas aplicações, podendo por exemplo, ser utilizados no revestimento de 
pavimentos, em canalizações, artigos sanitários, estores, puxadores, fechos, colas, 
no acabamento interior de paredes etc. A verdade é que os polímeros usados na 
construção civil são cada vez mais importantes para este setor. A utilização de 
polímeros tem contribuído para diminuir os custos de construção e para aumentar 
a qualidade da obra final (ENGIOBRA, 2016). 
 
As características mecânicas dos polímeros são muito sensíveis à natureza química 
do ambiente, ou seja, na presença de água, oxigênio, solventes orgânicos etc. 
(CALLISTER, 2002). 
 
Segundo PARENTE(2006), o uso do plástico na construção civil, a segunda maior 
consumidora de plásticos do mercado mundial, é mais frequente em elementos 
não estruturais como, por exemplo, revestimento, iluminação, isolamento térmico 
e acústico, impermeabilização, adesivos e acessórios. Apenas em países 
subdesenvolvidos o uso do plástico não é tão significativo. 
 
Dentre as propriedades químicas mais importantes estão a resistência à oxidação, 
ao calor, às radiações ultravioleta, à água, a ácidos e bases, a solventes e 
reagentes (MANO, 2000), conforme descrito a seguir: 
 
Oxidação: Resistência aumenta em macromoléculas apenas com ligações simples 
entre átomos de carbono. Ex.: PE, PP. Resistência é menor particularmente em 
borrachas rompendo as cadeias e na presença de ozônio. Ex.: devido a centelhas 
elétricas nas imediações de tomadas se forma ozônio. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 17 
Calor: Resistência é maior abaixo da temperatura de transição vítrea. Resistência 
é menor frequentemente com a presença de oxigênio pela ruptura das ligações 
covalentes dos átomos nas cadeias macromoleculares. Ex.: PVC. 
 
Raios Ultravioleta: Resistência é menor em macromoléculas com dupla ligação 
entre átomos de carbono. Ex.: Fissuras e rachaduras com a fragmentação do PP 
ou LDPE, expostos à luz do sol. 
 
Umidade: Polímeros que absorvem água sofrem alteração de volume, podendo 
aumentar o peso do material. Resinas fenólicas, por exemplo, no caso de cura 
incompleta dos laminados, incham, mudam de tamanho e sofrem delaminação. 
 
Ácidos: O contato com ácidos em geral, em meio aquoso, pode causar a parcial 
destruição das moléculas poliméricas. Ex.: Resinas melamínicas e produtos 
celulósicos sofrem alteração em meio ácido mesmo diluído. 
 
Bases: Soluções alcalinas, usualmente aquosas, em maior ou menor concentração, 
são bastante agressivas a polímeros cuja estrutura apresente certos 
agrupamentos como carboxila, hidroxila, fenólica e éster. Ex.: Resinas fenólicas e 
epoxídicas. 
 
Solventes e Reagentes: Quando as moléculas do solvente são mais afins com as 
do polímero do que com elas próprias, podem penetrar entre as cadeias 
macromoleculares, gerando interações físico-químicas. Forças intermoleculares 
como pontes de hidrogênio, ligações dipolo-dipolo ou mesmo forças de Van der 
Waals, permitem a dispersão, a nível molecular, dos polímeros, isto é, sua 
dispersão. 
 
As propriedades mecânicas dos polímeros são especificadas através de muitos dos 
mesmos parâmetros usados para os metais, isto é, o módulo de elasticidade, o 
limite de resistência à tração e as resistências ao impacto e à fadiga, sendo que 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 18 
para muitos polímeros, utilizam-se gráficos tensão-deformação para a 
caracterização de alguns destes parâmetros mecânicos (CALLISTER, 2008). 
 
Na Engenharia civil e na construção são utilizados quer polímeros naturais, quer 
polímeros sintéticos (ENGIOBRA, 2016). 
 
Polímeros naturais são: lã, asfalto, borracha, couro, madeira e algodão; 
Polímeros sintéticos são: resina epoxídica, poliuretano, poliésteres. 
 
A qualidade das instalações hidráulicas prediais, no seu conceito mais amplo, é 
fundamental para a qualidade da edificação como um todo. O usuário final deseja 
que a instalação hidráulica predial possa suprir as suas necessidades com baixo 
custo, durabilidade, manutenção fácil e barata. Por outro lado, o construtor ou o 
empreendedor de uma edificação deve procurar componentes e sistemas com 
qualidade, baixo custo, facilidade de execução e também de manutenção 
(ACETOZE, 1998). Os polímeros podem ser usados para instalações prediais de 
água, esgoto sanitário e captação e condução de águas pluviais. 
 
Em instalações hidráulicas prediais de água, há uma utilização cada vez maior dos 
seus componentes produzidos em polímeros. No caso do PVC (policloreto de 
vinila), segundo ACETOZE (1998), é utilizado basicamente para a condução ou 
manuseio de água à temperatura ambiente e no caso da condução de água 
quente são indicadas as tubulações de CPVC (policloreto de vinila clorado), 
semelhante ao PVC, porém com maior estabilidade em relação à água quente. 
 
Dentre os componentes elétricos, podem ser citados os eletrodutos para a 
passagem de fios e cabos, internamente às paredes das construções; perfis para 
instalações elétricas aparentes; fios e cabos com isolamento; e componentes 
terminais da instalação (caixas, espelhos, tomadas, interruptores e outros). Estes 
componentes elétricos são bastante difundidos por permitirem um bom isolamento 
elétrico e por minimizarem os efeitos de curto circuito originados dos fios 
descascados. Há ainda, os dutos e subdutos responsáveis pela passagem de calor. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 19 
Os polímeros mais largamente empregados para confecção destes materiais são: 
PVC (policloreto de vinila), PS (poliestireno), PE (polietileno), PP (polipropileno), 
PPO (polioxifenileno) e o PCTFE (politrifluorcloroetileno). O PVC é o único polímero 
aplicado na produção de todos os componentes elétricos; enquanto que o PS é 
aplicado com maior constância em cabos elétricos; o PE e PP em isolamento de 
cabos elétricos; o PPO em relés e interruptores e o PCTFE em diversos 
componentes para equipamentos elétricos (HIPOLITO et al., 2013). 
 
Os perfis de esquadrias de PVC foram lançados na Alemanha entre 1955 e 1960 e 
atualmente representam uma parcela significativa das esquadrias vendidas nos 
mercados europeu e americano. As primeiras tentativas de produção e 
comercialização de esquadrias sintéticas, no Brasil, datam de meados da década 
de setenta quando ainda se importava o PVC, e a partir de 1979 inicia-se no Brasil 
a produção, em maior escala, das esquadrias de PVC, basicamente com tecnologia 
alemã e austríaca (HIPOLITO et al., 2013). 
 
Vários modelos de construções modulares com plástico foram propostos e 
construídos posteriormente, mas todos sem a implantação da produção em larga 
escala, fazendo com que, à época, o sistema construtivo entrasse em desuso 
(PARENTE, 2006). 
 
Estudos realizados por INAOKA et al (2010) tiveram por objetivo a aplicação do 
uso de PEAD em um projeto de habitação de interesse social. Visava, assim, 
mostrar as questões econômicas, ambientais e sociais do emprego deste material 
e sua versatilidade, para esta destinação específica. Abordou-se o método 
construtivo e a substituição das técnicas convencionais de construção, 
contribuindo com a discussão e banco de dados para possível normatização 
técnica. A redução de custo de uma edificação em painel de PEAD, em relação a 
uma construção convencional, na qual seria necessário executar escavações, 
fundações, alvenarias, pilares, contrapiso etc., se dá principalmente pelo ganho de 
produtividade. O exemplo pode ser visto na Figura 5, um protótipo de casa 
construída com esses materiais no Ceará, no ano de 2008. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 20 
 
 
Figura 5: Protótipo Casa Cor Ceará 2008 – Fachada dos Fundos 
(IMPACTO PROTENSÃO, 2016). 
 
MOTTA et al. (2002) consideram que os materiais aplicados na construção civil, 
além de ser uma ótima alternativa, são responsáveis pela melhoria da 
racionalização, economia e versatilidade da obra em construção, em conjunto com 
outros materiais ou individualmente. 
 
Cerâmicos na Construção Civil 
 
Os materiais cerâmicos são compostos de elementos metálicos e não metálicos, 
para os quais as ligações interatômicas ou são totalmente iônicas ou parcialmente 
iônicas com alguma natureza covalente. Eles são frequentemente óxidos, nitretos 
e carbetos. Estes materiais são tipicamente isolantes à passagem de eletricidade e 
calor e são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes abrasivos do que os 
metais e polímeros. Com relação ao comportamento mecânico, os cerâmicos são 
duros, porém mais quebradiços (CALLISTER, 2008). 
 
O setor cerâmico, aqui representado pelostijolos, telhas e revestimentos, é um 
dos grandes contribuintes da construção civil. Neste sentido, a avaliação de todo o 
ciclo de vida destes produtos permite dispor de dados científicos sobre a 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 21 
participação ambiental de elementos cerâmicos na construção civil. Isto permitirá, 
primeiramente, a escolha, dentre uma mesma categoria, dos produtos ou 
processos ambientalmente mais adequados e, em uma segunda etapa, a 
possibilidade de mudanças nos processos produtivos que resultem em melhorias 
no perfil ambiental dos produtos. A análise do ciclo de vida dos produtos 
cerâmicos, elaborada a partir de um inventário consistente e preciso, constitui 
uma ferramenta fundamental para a avaliação ambiental, na qual variáveis como 
consumo de matéria-prima, geração de resíduos sólidos e poluentes gasosos, por 
exemplo, constituem parâmetros decisivos para a escolha de produtos, cujo 
processo de fabricação não esteja associado à poluição dos rios e do ar ou 
simplesmente não esteja contribuindo para o esgotamento de reservas de 
recursos naturais não renováveis (SOARES et al, 2002). 
 
Propriedades tais como a facilidade de conformação, baixo custo e densidade, 
resistência à corrosão e a temperaturas elevadas, fizeram com que os materiais 
cerâmicos tradicionais conquistassem posições de relevo em diferentes setores 
industriais e artísticos. Algumas destas propriedades, nomeadamente a resistência 
à corrosão e a temperaturas elevadas, cedo fascinaram muitos industriais, no 
sentido de produzirem peças técnicas nestes materiais, os cerâmicos de 
Engenharia. Contudo, todos os esforços desenvolvidos sempre depararam com o 
mesmo problema, a fragilidade destes materiais. Isto originou uma intensa 
agitação em nível mundial no sentido de descobrir formas de “enganar” as 
fissuras, mas, apesar de terem sido já alcançados valores notáveis de tenacidade, 
estes valores são ainda insuficientes para muitas aplicações técnicas, o que 
restringe o seu uso mais generalizado (LINO, 2006). 
 
Segundo estudos realizados por SILVA et al. (2015), os revestimentos cerâmicos 
estão entre os mais usados na construção civil, com diversas possibilidades de 
aplicação, alta durabilidade e variedade de estampas, sejam comerciais ou 
residenciais. Na hora da escolha, porém, é preciso observar bem os critérios como 
resistência à abrasão, produtos químicos e impactos, além dos níveis de absorção 
de água e textura. Dos pisos e azulejos mais comuns aos modernos porcelanatos 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 22 
e pastilhas, há uma indicação adequada para cada tipo de ambiente (interno ou 
externo, molhado ou seco, alto tráfego ou não) e também de condições climáticas. 
Os processos cerâmicos podem ser classificados em “cerâmica tradicional” e 
“cerâmica avançada” (cerâmica fina ou cerâmica de alta tecnologia). Na cerâmica 
tradicional, as matérias-primas geralmente são utilizadas após beneficiamento, ou 
seja, separação de impurezas por processos físicos. De modo geral, não são 
submetidas a reações químicas, portanto, considera-se que a matéria-prima é 
natural. Já no caso das cerâmicas avançadas, normalmente, trabalha-se com 
matérias-primas sintéticas, ou seja, obtidas por meio de reações químicas 
(CALLISTER, 2008). 
 
Por um lado, os cerâmicos tradicionais atingiram um elevado estado de 
amadurecimento, prevendo-se que o futuro lhes reserve aplicações com designs 
cada vez mais arrojados e sistemas de distribuição do produto mais rentáveis. Por 
outro lado, os cerâmicos técnicos têm sido aplicados em situações cada vez mais 
exigentes, graças aos avanços tecnológicos que têm permitido a obtenção de 
propriedades mecânicas superiores. 
 
A argila é a principal matéria-prima dos revestimentos cerâmicos. Em geral, é 
comum se misturar mais que um tipo de argila para se obter a massa cerâmica 
com a plasticidade e demais características necessárias para o seu processamento. 
Não existe uma definição mineralógica, no sentido amplo, para o termo argila. A 
denominação argila tanto pode ser aplicada às partículas de diâmetro muito 
pequeno encontradas na análise de sedimentos e de solos, como a diferentes 
sedimentos em função da sua composição química. Na literatura se encontra 
referência ao “tamanho argila” ou “fração argila” para partículas com diâmetro 
equivalente inferior a 4 µm ou a 2 µm (argila coloidal) (SOUZA SANTOS, 1975). 
 
As argilas raramente são encontradas separadamente, ou seja, são misturas de 
diferentes tipos de argilas, junto com microcristais de carbonatos, feldspatos, 
micas e quartzo. Têm uma composição atribuída, essencialmente, a um de dois 
grupos: ao denominado de minerais de argila, ou argilominerais, que pela sua 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 23 
natureza conferem às argilas as suas propriedades plásticas, e ao grupo dos 
minerais acessórios (DEER et al., 1992). 
 
Os tijolos e blocos cerâmicos são materiais de importância fundamental na 
construção civil. Estas peças se apresentam de diversas formas, variando de 
acordo com a finalidade de uso. A seguir são apresentados os tipos de blocos e 
tijolos cerâmicos mais utilizados. A fabricação de tijolos é feita em fornos. Os 
fornos de queima dos artefatos cerâmicos podem ser encontrados nas mais 
distintas formas, sendo os mais comuns os fornos contínuos (quando a produção é 
contínua) e os intermitentes (quando a queima ocorre em ciclos de carga que são 
reiniciados na troca de lote) (ISAIA, 2010), conforme pode ser observado na 
Figura 6. 
 
Figura 6: Forno Contínuo do Tipo Túnel: 
Detalhe da Saída da Cerâmica (ISAIA, 2010) 
 
Os tijolos maciços são aqueles que possuem todas as faces plenas de material 
(sem furos), podendo apresentar rebaixos de fabricação (Figura 7) em uma das 
faces de maior área. Dentre as propriedades deste material cerâmico está a 
resistência à compressão, determinada segundo a metodologia da norma NBR 
6460 – Tijolo maciço cerâmico para alvenaria – Verificação da resistência à 
compressão. É comum os tijolos apresentarem expansão devido à incorporação de 
umidade do ambiente. Em consequência é recomendado que se evite a utilização 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 24 
de blocos ou tijolos cerâmicos com menos de duas ou três semanas após saírem 
do forno (ISAIA, 2010). 
 
Figura 7: Tijolos Maciços Cerâmicos com Rebaixo 
na Face de maior Área (LEGGERINI, 2011). 
 
Os blocos cerâmicos são blocos vazados moldados com arestas vivas retilíneas, 
sendo os furos cilíndricos ou prismáticos. São produzidos a partir da queima da 
cerâmica vermelha. A sua conformação é obtida através da extrusão. Durante este 
processo toda a umidade é expulsa e a matéria orgânica é queimada, ocorrendo a 
vitrificação com a fusão dos grãos de sílica (MAGALHÃES, 2012). 
 
Os blocos cerâmicos de vedação são utilizados na execução de alvenarias externas 
ou internas que não têm função de resistir a outras cargas verticais, além do peso 
da alvenaria da qual faz parte. Em outras palavras, são os blocos utilizados apenas 
para o fechamento de paredes no interior de peças estruturais, tais como vigas e 
pilares (LEGGERINI, 2011), conforme apresentado na Figura 8. São blocos usados 
na construção de paredes portantes. Devem ter furos dispostos na direção 
vertical. 
 
Figura 8: Blocos Cerâmicos de Vedação (LEGGERINI, 2011). 
 
Quando comparados aos tijolos maciços, os blocos cerâmicos apresentam maior 
qualidade no acabamento, sobretudo devido ao seu processo produtivo em 
marombas a vácuo (Figura 8), que torna suas dimensões mais planas e melhor 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 25 
esquadrejadas. Além disso, os blocos vazados apresentam menor peso específico 
em relação ao volume aparente, fato que contribui para a redução de peso das 
construções e consequente redução de custos. Também são vantagens destes 
materiais os melhores desempenhos térmico e acústico (MAGALHÃES, 2012). 
 
As paredes sãoelementos estruturais, definidos como laminares (uma das 
dimensões muito menor do que as outras duas). As paredes de alvenaria são uma 
combinação de unidades (tijolos ou blocos) e argamassa. Para que o conjunto 
trabalhe de modo eficiente é necessário que a argamassa ligue solidariamente as 
unidades tornando o conjunto homogêneo (LEGGERINI, 2011). 
 
Seleção de Materiais 
 
A seleção de materiais ocorre dentro de um processo complexo para se 
estabelecer a solução que melhor se ajuste às necessidades dos clientes. Segundo 
JOHN et al. (2007), requisitos de clientes podem ser entendidos como os 
objetivos, expectativas e necessidades dos clientes, que geralmente são uma 
descrição de características que uma edificação deve apresentar para satisfazê-los. 
Estes requisitos necessitam ser processados para se obter uma tradução técnica 
em forma de especificações que objetivamente definirão o objeto concreto do 
projeto (a edificação), seus componentes e materiais constituintes. No caso dos 
requisitos de sustentabilidade, isso se traduz na identificação de quais questões 
relevantes devem ser consideradas no desenvolvimento de edificações, mais 
especificamente, neste caso, na seleção de materiais e componentes. 
 
A vasta quantidade de materiais atualmente existentes, estimada em cerca de 
50.000-60.000 (FERRANTE, 2002), torna o conhecimento desses materiais cada 
vez mais importante para o engenheiro mecânico, em qualquer que seja a sua 
área de atuação. O conhecimento das propriedades mecânicas dos materiais, por 
exemplo, proporciona a escolha de fatores de segurança adequados, que irão 
influir de maneira decisiva na parte econômica de um projeto. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 26 
Segundo FERRANTE (2002), dos diversos critérios de seleção de materiais, os 
mais representativos são: 
 
• Considerações dimensionais 
• Considerações de forma 
• Considerações de peso 
• Considerações de resistência 
mecânica 
• Resistência ao desgaste 
• Conhecimento das variáveis 
de operação 
• Facilidade de fabricação 
• Requisitos de durabilidade 
• Número de unidades 
• Disponibilidade de material 
• Custo 
• Existência de especificações 
e códigos 
• Viabilidade de reciclagem 
• Valor de sucata 
• Grau de normalização 
• Tipo de Carregamento 
A indústria da construção civil é grande consumidora dos recursos naturais e, 
consequentemente, responsável por impactos ambientais consideráveis. O 
consumo consciente dos produtos neste segmento é, portanto, vital para a 
sustentabilidade. Os materiais devem ser avaliados com relação à utilização de 
recursos naturais, as emissões e resíduos gerados na sua fabricação. Além disso, 
os produtos não devem fazer mal à saúde e, após a sua vida útil, devem ser 
facilmente reutilizados ou reciclados. A avaliação do impacto dos produtos no meio 
ambiente deve ser feita em todo o seu ciclo de vida (desde a extração dos 
recursos naturais, na produção, utilização e até a disposição final do produto 
novamente no meio ambiente). 
 
É o que DEL CARLO et al. (2002) confirmam, ressaltando que uma importante 
característica a ser observada na escolha dos materiais construtivos é a sua fácil 
disponibilidade, ou seja, que sejam encontrados em localidades próximas, não 
tendo que ser transportados por distâncias muito grandes. 
 
ROAF (2006) destaca que a influência exercida pelo transporte sobre a energia 
embutida do material, muitas vezes, é esquecida. Quanto mais longe um material 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 27 
tiver que viajar, menor será sua eficiência quanto à energia incorporada. Isso 
deve ser considerado ao fazer a seleção dos materiais, uma vez que de pouco 
adianta utilizar um material de baixo impacto ambiental se os ‘custos ambientais’ 
do seu transporte forem maiores. 
 
Segundo MESEGUER (1991), dentre os materiais produzidos industrialmente, 
existem os tradicionais e os não tradicionais; os primeiros, por já serem utilizados 
há bastante tempo, na sua maioria são regulamentados por normas ou 
especificações e são mais fáceis de ser controlados, utilizados e ter seu 
“comportamento” analisado. No caso de materiais não tradicionais, por serem 
novos no mercado, ainda não são qualificados por uma norma técnica que os 
regulamente. No entanto, nos dois casos é importante que a qualidade do 
material seja atestada, seja por um Certificado da Qualidade do produto, por um 
certificado de garantia fornecido pelo próprio fabricante, ou por um selo de 
conformidade. Essas são as exigências mais comuns nos dias de hoje, obrigatórias 
para empresas que possuem o Sistema de Gestão da Qualidade implantado. 
 
A certificação se apresenta como uma forma de diferenciação dos produtos, como 
afirma OLIVEIRA (2006), pois ela “garante a implantação eficaz dos sistemas de 
controle e a garantia da qualidade dos produtos, diminuindo perdas e reduzindo 
custos”. Assim, a certificação visa comprovar junto ao mercado e aos clientes que 
a fabricação daquele produto é controlada de acordo com as normas específicas. 
 
A ABNT aponta como principais benefícios da certificação: 
 
• Assegurar eficiência e eficácia do produto, serviço ou sistema; 
• Assegurar que o produto, serviço ou sistema atende às normas; 
• Introduzir novos produtos e marcas no mercado; 
• Fazer frente à concorrência desleal; 
• Reduzir perdas no processo produtivo e melhorar a sua gestão; 
• Melhorar a imagem da organização e de seus produtos ou atividades junto aos 
clientes; 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 28 
• Diminuir controles e avaliações por parte dos clientes. 
 
FREIRE (1983) faz um resumo do que ele considera os principais fatores que 
influenciam a seleção de um material industrial, a saber: 
 
1- Condições de trabalho: Este fator compreende as solicitações mecânicas e 
o local de trabalho do material. Exemplos: Uma peça que será submetida a 
esforço de tração deve ser constituída de material resistente a esse esforço. 
Uma bomba que transportará ácido sulfúrico deve ser constituída de 
material que seja resistente a esse ácido. 
2- Disponibilidade do material: O material a ser selecionado deve ser 
disponível em quantidade necessária e quando desejado (no caso de 
reposição de peças). Por esse motivo, é aconselhável o uso de catálogos de 
fabricantes na seleção do material. 
3- Custos: Este fator engloba tanto o custo do material bruto, como o do 
processo de fabricação que será utilizado na confecção do produto. 
4- Aparência: É importante somente quando o produto fabricado ficar exposto 
ao público, pois nesse caso deverá ter um aspecto agradável (material de 
acabamento de eletrodomésticos, tampas de panela etc.). Quando o 
produto ficar escondido, o aspecto deixa de ter importância, como no caso 
dos tirantes de sustentação de forro. 
5- Adaptabilidade para os processos de fabricação: Se no local da produção 
existe um processo de fabricação, deve-se selecionar para a constituição do 
produto um material que se preste ao processo já instalado. Por exemplo: 
se no local já existe uma fundição, deve-se optar por um material que 
tenha características que possibilitem a sua utilização naquele processo, 
evitando-se assim, o aumento do custo final do produto devido à instalação 
de um novo processo de fabricação. 
6- Forma da peça: A forma da peça, em certos casos, condiciona o processo 
de fabricação, influindo assim, indiretamente na escolha do material. Por 
exemplo: uma peça complexa, com furos e protuberâncias, deve ser 
fabricada a partir de um processo de fundição; já uma peça de forma 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 29 
simétrica pode ser confeccionada por usinagem; portanto, opta-se por um 
material que se adapte a tais processos. 
 
Segundo HACHICH (2012), ao se iniciar uma obra, a seleção de materiais deve 
contemplar a avaliação ambiental dos materiais e componentes sempre associada 
ao seu desempenho e vida útil. Não existem produtosambientalmente corretos ou 
chamados de ‘sustentáveis’ se estes não cumprem ao menos a função a que se 
destinam por um período mínimo de tempo. Os produtos devem ser duráveis para 
que não precisem ser brevemente substituídos, já que a degradação de materiais 
exige dispendiosas atividades de manutenção e limita a vida útil das construções. 
 
O desempenho do material no edifício não depende apenas de suas 
características, mas também, em grande parte, da forma como ele é empregado, 
o que depende das soluções e criatividade do projetista, e da consciência dos 
usuários ao tratar do mesmo durante o uso do edifício. Além disso, a ferramenta 
não elimina a necessidade de avaliação do material de acordo com seu ciclo de 
vida, uma vez que certos dados, como a quantificação dos danos ambientais 
causados na extração do material e nas demais etapas de sua produção (o que 
ajuda a determinar se um material é mais ou menos sustentável que outro), 
somente são obtidos através da complexidade de uma análise do ciclo de vida ou 
mesmo pela identificação da energia incorporada em cada etapa (LUCAS et. al., 
2010). 
 
A escolha deve ser consciente, satisfazendo o maior número de condições possível 
e, principalmente, sabendo priorizar as características que sejam fundamentais a 
cada projeto. Sendo assim, aqui serão examinados os seguintes tópicos, 
considerados de extrema importância como característica dos materiais que 
devem ser levados em consideração na sua seleção: 
 
 
 
 
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 30 
1. Desempenho Térmico 
2. Desempenho Visual 
3. Desempenho Acústico 
4. Promoção da Qualidade do Ar 
5. Durabilidade 
6. Otimização do Consumo de Recursos Naturais 
7. Reutilização 
8. Reciclagem 
9. Conteúdo Energético 
10. Proteção ao Meio Ambiente 
11. Disponibilidade de Recursos 
12. Regionalidade 
13. Responsabilidade Social dos Fabricante 
 
Resíduos e Reciclagem na Construção Civil 
 
Todo processo econômico gera resíduos. Mesmo sendo considerado inservível 
por grande parcela da sociedade, os resíduos possuem, aproximadamente, 
40% de materiais recicláveis. Esta parte reciclável é atrativa econômica, 
energética ou ambientalmente (FIGUEIREDO, 1994). 
 
Para diagnosticar a geração de resíduos de construção civil nas cidades 
brasileiras, utilizam-se dados de estimativas de área construída, de 
quantificação de volumes por empresas coletoras, do monitoramento de 
descargas nas áreas de disposição final dos resíduos de construção civil. As 
duas primeiras estimativas permitem uma quantificação confiável e pode ser 
utilizada em todo município que possui cadastro de construções licenciadas 
(PINTO, 1999). 
 
O projeto europeu IRMA – “Descontaminação e Reabilitação de Edificações, 
Estruturas e Materiais na Renovação Urbana” – foi desenvolvido por uma 
parceria entre países da União Europeia e tem como objetivo desenvolver e 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 31 
implementar um “Conceito Urbano”, trazendo tecnologias e processos 
juntamente com ferramentas de auxílio à decisão e de gerenciamento para a 
sustentabilidade da renovação urbana. Os objetivos técnicos e científicos do 
conceito urbano consistem de uma sequência de medidas para identificar e 
controlar a contaminação de estruturas e edifícios em que (GARCIA e 
LAURITZEN, 2006): 
 
 As substâncias perigosas e a poluição dos edifícios são identificadas e 
classificadas; 
 As emissões tóxicas são impedidas; 
 Os edifícios e as estruturas existentes e poluídos podem ser reabilitados 
e reutilizados; 
 Os volumes de resíduos de poluição e demolição poderão ser reciclados; 
 O volume de geração de resíduos poderá ser reduzido; 
 Os materiais provenientes da demolição poderão ser recuperados, 
completamente ou seletivamente, conservando recursos naturais e 
evitando a necessidade de disposição final. 
 
O setor da construção civil, “além de ser um dos maiores da economia ele 
produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo 
consequentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer 
economia” (JOHN e AGOPYAN, 2000). Segundo estes autores, o consumo de 
recursos naturais na construção civil varia de acordo com cada região, 
dependendo de fatores como: 
 
• taxa de resíduos gerados; 
• vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas; 
• necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas 
construtivas; 
• perdas incorporadas nos edifícios; 
• tecnologia empregada. 
 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 32 
Segundo a Resolução nº 307/2002 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio 
Ambiente), os resíduos da construção civil são classificados da seguinte forma: 
 
I- Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais 
como: 
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de 
outras obras de infraestrututra, inclusive solos provenientes de terraplanagem; 
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: 
materiais cerâmicos (tijolos, azulejos, blocos, telhas, placas de revestimento 
etc.) argamassa e concreto; 
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em 
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidos nos canteiros de obras; 
 
II- Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: 
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros; 
III- Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas 
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua 
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; 
IV- Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, 
tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos 
de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações 
industriais e outros. 
 
Figura 9: Reciclagem de Resíduos Classe A para a Produção de Agregados 
(SINDUSCON-SP, 2005) 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 33 
Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) 
deverão ser elaborados e implementados pelos geradores e terão como 
objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação 
ambientalmente adequada dos resíduos. Ficam isentos da apresentação do 
Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil os geradores cuja 
obra seja inferior a 600m² de área construída ou inferior a 100m² no caso de 
demolição. 
 
Os empreendedores de obras que excedam 600 m² de área construída ou 
demolição com área acima de 100m² deverão apresentar o Projeto de 
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, o qual deverá ser aprovado 
por ocasião da obtenção do licenciamento ambiental da obra ou da obtenção do 
alvará de construção, reforma, ampliação ou demolição. 
 
Os geradores cujas obras possuam área construída superior à 70m² e inferior à 
600 m² ou remoção de solo acima de 50m³ deverão preencher formulário 
específico, nas Secretarias Municipais de Urbanismo ou Meio Ambiente, na 
ocasião da obtenção do alvará de construção, reforma, ampliação e demolição 
ou do licenciamento ambiental. 
 
No caso de obras menores que 70m² que gerem acima de 501 litros 
equivalentes a 0,501m³ de resíduos da construção civil, deverá o gerador 
assinar o Manifesto de Transporte de Resíduos - MTR emitido pelo 
transportador ou, no caso de transporte próprio, os resíduos deverão ser 
previamente separados e encaminhados para áreas devidamente licenciadas. 
 
Principais etapas de um projeto de gerenciamento (PGRCC): 
1 - Caracterização. Identificar e quantificar os resíduos; 
2 - Triagem. Realizar triagem, que poderá ser feita pelo gerador na origem, ou 
ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, 
respeitadas as classes de resíduos estabelecidas na resolução do Conama. 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 34 
3 - Acondicionamento. O gerador deve garantir o confinamentodos resíduos 
após a geração até a etapa de transporte, assegurando nos casos que sejam 
possíveis, a condição de reutilização e de reciclagem; 
4 - Transporte. Deverá ser realizado de acordo com as normas vigentes para o 
transporte de resíduos; 
5 - Destinação. Deverá ser feita de acordo com as classes a que pertencem os 
resíduos. 
 
A construção civil afeta o meio ambiente através da retirada de materiais da 
natureza que não são retornáveis, como: areia, cal, ferro, alumínio, madeira, 
água potável e também o entulho, que é o resultado das sobras, dos 
desperdícios e dos rejeitos de materiais de construção em uma obra, que pode 
ser de demolição, pavimentação ou construção de casa, muro ou de um prédio. 
Com isto, novas tecnologias da construção estão sendo criadas, entre elas: a 
reciclagem dos entulhos (PAIVA e RIBEIRO, 2011). 
 
RAO et al. (2006) citam barreiras para a utilização do agregado reciclado da 
construção civil, tais como: 
 a não aceitação popular, pois a falta de conhecimento técnico da 
população dificulta a utilização de materiais de qualidade em função da 
sua origem; 
 a falta de instalações apropriadas para a reciclagem, pois para isso são 
necessários investimentos; mas devido à falta de estudos e 
conhecimento de consumidores, não é possível prever retorno para 
investimentos, tornando-os não atrativos economicamente; 
 a falta de tecnologias apropriadas, pois ainda não existem estudos 
suficientes sobre a possibilidade de utilização do agregado reciclado que 
garanta a segurança necessária; 
 a falta de incentivo dos governos que não se interessam pelos problemas 
sociais e esperam até que estes estejam em situação extrema para 
tomar providências. 
 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 35 
A Resolução CONAMA nº 307/2002 estabelece que é responsabilidade dos 
municípios a criação, implantação e acompanhamento das diretrizes 
especificadas nos decretos municipais referentes a gestão de resíduos da 
construção e demolição. Estabelece ainda que compete aos geradores a gestão, 
incluindo reciclagem, reaproveitamento e destinação de resíduos. O Art. 2º traz 
as seguintes definições: 
 
I - Resíduos da construção civil (RCC): são os provenientes de construções, 
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes 
da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, 
concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e 
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, 
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de 
obras, caliça ou metralha; 
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, 
responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos 
definidos nesta Resolução; 
III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da 
coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de 
destinação; 
IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento 
de resíduos de construção que apresentem características técnicas para a 
aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou 
outras obras de engenharia; 
V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, 
reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, 
práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações 
necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos; 
VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem 
transformação do mesmo; 
VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter 
sido submetido à transformação; 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 36 
VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo a operações e/ou 
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que 
sejam utilizados como matéria-prima ou produto; 
IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas 
técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, 
visando à preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso 
futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de Engenharia para 
confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao 
meio ambiente; 
X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento 
ou à disposição final de resíduos. 
 
Com isso, a incorporação dos resíduos da construção civil e do beneficiamento 
mineral em produtos para construção civil vem se mostrado uma ótima 
alternativa para diversificar a oferta de matérias-primas e a economia de 
recursos naturais (MENEZES et al., 2002). 
 
A reutilização de materiais na construção civil trata de transformar os resíduos 
das obras, normalmente encarados como entulhos e caliça, em produtos 
comerciais que possam ser novamente utilizados. Com isso, criar oportunidades 
de reúso e reciclagem que se traduzam em sustentabilidade social e ambiental. 
Quase todas as atividades desenvolvidas pelo setor da construção civil geram 
resíduos como caliça e entulhos. Isto se deve aos altos índices de perdas 
durante o processo construtivo e à falta de uma cultura de reutilização e 
reciclagem no país. 
 
A prática de reúso e reciclagem pode ser encarada do ponto de vista da 
viabilidade econômica para revenda desses materiais. Outra destinação é servir 
de sub-base para pavimentos de vias de menor tráfego e em aterros sanitários 
para a conservação das estradas, como pode ser observado na Figura 10. 
 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 37 
 
Figura 10: Utilização de Resíduos da Construção Civil 
para Pavimentação de Vias 
 
Sustentabilidade na Construção Civil 
 
Segundo MOTTA E AGUILAR (2009), a construção civil representa a atividade 
humana com maior impacto sobre o meio ambiente. Por isso tem grande 
importância nas metas de desenvolvimento sustentável de um país. Além disto, 
ela promove impactos econômicos e sociais que contribuem para o aumento da 
qualidade de vida. Dessa forma, é fundamental entender os parâmetros para 
uma construção sustentável, suas práticas, teorias e processos de projeto. 
 
“Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou melhorar 
a qualidade de vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a cultura e o 
ambiente na região, ao mesmo tempo em que conserva a energia e os 
recursos, recicla materiais e reduz as substâncias perigosas dentro da 
capacidade dos ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo de vida do 
edifício. (ISO/TC 59/SC3 N 459). 
 
A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho 
Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS, entre outras instituições, 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 38 
apresentam diversos princípios básicos da construção sustentável, dentre os 
quais destacam-se (CBCS, 2016): 
 
• aproveitamento de condições naturais locais; 
• utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural; 
• implantação e análise do entorno; 
• não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e 
concentração de calor, sensação de bem-estar; 
• qualidade ambiental interna e externa; 
• gestão sustentável da implantação da obra; 
• adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários; 
• uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do processo; 
• redução do consumo energético; 
• redução do consumo de água; 
• reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos; 
• introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; 
• educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo. 
 
A Construção Sustentável é um sistema construtivo que promove alterações 
conscientes no entorno, de forma a atender às necessidades de edificação e 
uso do homem moderno,preservando o meio ambiente e os recursos naturais, 
garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras [IDHEA, 2003]. 
As diretrizes gerais para edificações sustentáveis podem ser resumidas em nove 
passos principais, que estão conformes ao que recomendam alguns dos 
principais sistemas de avaliação e certificação de obras no mundo. Os Nove 
Passos para a Obra Sustentável são (ARAÚJO, 2011): 
 
1. Planejamento Sustentável da obra; 
2. Aproveitamento passivo dos recursos naturais; 
3. Eficiência energética; 
4. Gestão e economia da água; 
5. Gestão dos resíduos na edificação; 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 39 
6. Qualidade do ar e do ambiente interior; 
7. Conforto termoacústico; 
8. Uso racional de materiais; 
9. Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis. 
 
É importante repensar os processos da média e pequena empresa a todo 
instante e procurar caminhos para tornar o negócio mais sustentável. Nesse 
sentido, é possível conseguir certificações sustentáveis para os projetos. Para 
alcançar este objetivo devem ser levadas em consideração algumas ações no 
canteiro de obras: a implementação de soluções eficientes como 
reaproveitamento de materiais e reciclagem de resíduos; também é importante 
estar atento a outras formas de diferenciar sua construtora das demais 
pensando e pondo em prática aspectos ecologicamente sustentáveis, segundo 
orientações do Ministério do Meio Ambiente: 
 
Edificação: É importante fazer a adequação do projeto ao clima do local, 
minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação, 
iluminação e aquecimento naturais. Além disso, voltar a atenção para a 
orientação solar adequada, evitando a repetição do mesmo projeto em 
situações diferentes, utilização de coberturas verdes e a suspensão da 
construção do solo, a depender do clima. 
 
Energia: A recomendação é o uso do coletor solar térmico para aquecimento de 
água, de energia eólica para bombeamento de água e de energia solar com 
possibilidade de levar o excedente para a rede pública. 
 
Água e esgoto: É interessante levar em consideração a coleta e utilização de 
águas pluviais, assim como a possibilidade de dispositivos que gerem economia 
e reúso de água, tratamento adequado de esgoto no local e, quando possível, o 
uso de banheiro seco. 
 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 40 
Áreas externas: Pensar em estratégias a fim de valorizar os elementos naturais 
e o uso de espécies nativas, assim como incluir no projeto alguns espaços para 
produção de alimentos e compostagem de resíduos orgânicos. No processo de 
construção, vale pensar no uso de reciclados para a pavimentação. 
 
A seguir um breve resumo de cada um dos passos imprescindíveis para se 
chegar a uma obra sustentável e à autossustentável (ARAÚJO, 2011): 
 
 Planejamento do ciclo de vida da edificação – ela deve ser econômica, 
ter longa vida útil e conter apenas materiais com potencial para, ao 
término de sua vida útil (ao chegar o instante de sua demolição), ser 
reciclados ou reutilizados. Sua meta deve ser resíduo zero; 
 Aproveitamento dos recursos naturais – como sol, umidade, vento, 
vegetação - para promover conforto e bem-estar dos ocupantes e 
integrar a habitação com o entorno, além de economizar recursos finitos, 
como energia e água; 
 Eficiência energética - resolver ou atenuar as demandas de energia 
geradas pela edificação, preconizando o uso de energias renováveis e 
sistemas para redução no consumo de energia e climatização do 
ambiente (sistemas de ar condicionado, no Brasil, em prédios comerciais, 
respondem por cerca de 35% da demanda energética); 
 Eficiência na gestão e uso da água – economizar a água; tratá-la 
localmente e reciclá-la, além de aproveitar recursos como a água da 
chuva; 
 Eficiência na gestão dos resíduos gerados pelos usuários da edificação; 
 Prover excelentes condições termoacústicas, de forma a melhorar a 
qualidade de vida física e psíquica dos indivíduos; 
 Criar um ambiente interno e externo com elevada qualidade no tocante à 
paisagem local e à qualidade atmosférica e elétrica do ar; 
 Prover saúde e bem-estar aos seus ocupantes ou moradores e preservar 
o meio ambiente; 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 41 
 Usar materiais que não comprometam o meio ambiente, a saúde dos 
ocupantes e que contribuam para promover um estilo de vida 
sustentável e a consciência ambiental dos indivíduos; 
 Resolver localmente ou minimizar a geração de resíduos; 
 Estimular um novo modelo econômico-social, que gere empresas de 
produtos e serviços sustentáveis e dissemine consciência ambiental entre 
colaboradores, fornecedores, comunidade e clientes. 
 
É mérito das avaliações ambientais criar uma reação na cadeia produtiva que 
tem envolvido projetistas para o desenvolvimento de projetos alinhados a esse 
conceito e à busca de materiais e sistemas construtivos mais sustentáveis. 
Ainda há muito a desenvolver. Entre os pontos a serem perseguidos estão: a 
criação de metodologias de análise de ciclo de vida de produtos e dos próprios 
edifícios (de forma a assegurar o desempenho esperado), assim como um 
mecanismo para que se informe o consumidor final sobre as características 
socioambientais dos produtos, das obras e das características sustentáveis dos 
projetos (CBIC, 2013), como pode ser visto na Figura 11. 
 
 
Figura 11: As opções: Projeto/construção verde 
e sustentável (CIBIC,2013) 
 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 42 
A Arquitetura sustentável é a continuidade mais natural da Bioclimática, 
considerando também a integração do edifício à totalidade do meio ambiente, 
de forma a torná-lo parte de um conjunto maior. É a arquitetura que quer criar 
prédios objetivando o aumento da qualidade de vida do ser humano no 
ambiente construído e no seu entorno, integrando as características da vida e 
do clima locais, consumindo a menor quantidade de energia compatível com o 
conforto ambiental, para legar um mundo menos poluído para as próximas 
gerações CORBELLA E YANNAS (2003). 
 
Considera-se projeto arquitetônico sustentável aquele que possui certificação 
ambiental. Para que haja qualidade no projeto sustentável é necessária a 
observância dos seguintes fatores (SIMAS, 2011): 
 
• Uso de placas solares e painéis fotovoltaicos; 
• Dimensionamento e arranjos espaciais da arquitetura da edificação para uma 
ventilação mais natural; 
• Sistema de canalização e tanques d’água para reaproveitamento das águas da 
chuva; 
• Uso de lixos recicláveis; 
• Materiais ecológicos ou biodegradáveis como: pneus, garrafas pets, 
ecotijolos; 
• Sistema de tratamento de esgoto biodigestor; 
• Vasos sanitários ecoeficientes; 
• Portas com madeiras do tipo MDF. 
 
O setor de construção tem uma importância significativa no atendimento das 
metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas para qualquer país. A 
indústria da construção representa a atividade humana com maior impacto 
sobre o meio ambiente. Edifícios e obras civis alteram a natureza, a função e 
aparência de áreas urbanas e rurais. Atividades de construção, uso, reparo, 
manutenção e demolição consomem recursos e geram resíduos em proporções 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 43 
que em muito superam a maioria das outras atividades econômicas (PINTO, 
1999). 
 
A sustentabilidade deve estar relacionada a aspectos de estratégia de um 
empreendimento, uma busca por descobertas, por um novo paradigma. O 
planejamento e gestão do empreendimento devem estar coerentes com esta 
estratégia pela sustentabilidade, podendo incluir, mas indo além, o 
cumprimento de requisitos impostos e evitando metas delimitadas por aspectos 
de planejamento (MOTTA E AGUILAR, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 44 
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