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1 1. INTRODUÇÃO O uso de materiais sempre caminhou em conjunto com a humanidade, desde os primórdios até pleno século 21 e, a intervenção humana para a criação dos mesmos implica em sequelas negativas para os recursos naturais. Nesses processos de produção e aplicabilidade de materiais há fases de modificação de matérias primas, de confeccionar peças e dispositivos, de utilização no decurso do ciclo de vida do material e, no término desse estágio, reciclagem, reuso ou descarte. Supletivamente, uma numerosa quantia de outros insumos é consumida todos os dias de maneira secundária aos próprios produtos, como soldas, pinturas, embalagens, baterias, aditivos retardantes de chama e entre outros, nos quais há diversas substâncias tóxicas cuja mudança é importante dentro das referências do desenvolvimento sustentável. Todas etapas do curso dos materiais podem ter alguma consequência sobre o meio ambiente, destacando-se: emissões líquidas, sólidas e gasosas durante o processo de fabricação; impactos ambientais no fim do ciclo de vida do material (se precisa ser incinerado, aterrado ou se pode ser reaproveitado ou reciclado); extração de insumos a partir de reservas naturais; emissões à atmosfera enquanto o uso dos materiais; efeitos positivos quando o material é empregado para remediação, catálise ou descontaminação. A Terra dispõe de uma continência finita tanto para a disposição de recursos quanto para o descarte desses resíduos, situação que reforça a relevância de se reduzir as perdas ambientais, bem como o uso mais eficiente de energia e recursos para uma evolução sustentável dos países. Nessas circunstâncias é indiscutível a necessidade de inovações na área tecnológica para a manufatura de materiais que não prejudicam o meio ambiente. Em resposta à essas necessidades, a definição de ecomateriais passou a ser divulgada com início nos anos 90, sendo ela composta pelos seguintes índices: o desempenho, o meio ambiente e a qualidade de vida. 2 Figura 1: Direção dos Ecomateriais no desenvolvimento dos três índices. Os ecomateriais são elaborados exclusivamente para reduzirem os efeitos prejudiciais ao meio ambiente, conservando seu desempenho e preço competitivo no mercado. De modo geral, além de serem benéficos para o meio ambiente, os ecomateriais também possuem conveniências de conforto e qualidade de vida. Tendo como exemplo: materiais produzidos a partir de fontes renováveis de energia e matéria prima; materiais naturalmente atóxicos; materiais que substituem outros que prejudicam o meio ambiente ou com utilização para despoluir, tratar resíduos. Geralmente os materiais são usufruídos na forma de um produto, dispositivo ou peça e por isso, naturalmente, a concepção do ciclo de vida está sucessivamente ligada à vida útil do artigo em questão. Porém essa dedução está incorreta, já que o período de vida de um material é distinto do ciclo de vida dos seus produtos e é justamente nesse ponto em que se deve criar uma consciência do uso correto dos mesmos. 2. ENTENDIMENTO DOS ECOMATERIAIS A certificação ambiental da gama de materiais que apresentamos até então encontra-se numa fase de implementação. Há diversas normas de avaliação da mesma, como a ISO 21930, CEN BT 14/2005, ISO 14020, PEFC, Cradle to cradle, entre outros, que instituem parâmetros e abordagens diferentes para exprimir alegações de impacto ambiental. 3 No livro “Eco Productos, em la arquitectura e el deseño” (Arnal, Sauer, et al. 2008), o autor denota um quadro de 10 deduções que proporcionam um bom dimensionamento na problemática de referências do que são ecomateriais: “1 – Material absorvente de 𝐶𝑂2: A escolha de um material que participe ativamente na solução de uns dos mais complicados problemas atuais. A mitigação do aquecimento global é a melhor opção que a construção pode dar ao meio ambiente. 2 – Material sustentável: Se utilizarmos as matérias-primas que a natureza nos oferece de maneira inesgotável, não condicionamos o futuro das nossas reservas. 3 – Materiais recicláveis: O destino de um material reciclável se encontrar na reutilização, não acaba no aterro. 4 – Material reciclado: Evitamos a contaminação e o consumo de energia necessários para a fabricação nova do mesmo material, consequentemente reduzimos a quantidade de resíduos. 5 – A pureza compositiva: Quanto mais matérias-primas sejam necessárias para obter um material, mais complicada se torna a sua separação e a sua reciclagem. 6 – Energia incorporada: Para além de dos custos energéticos iniciais (extração, transporte, fabricação...), é importante compreender a dependência energética do material ao longo do seu ciclo de vida (inércia térmica, manutenção, rupturas e desgaste, possibilidade de ser reciclado ou reutilizado). 7 – Grau de industrialização: Apenas para projetos de pequena escala se justifica a utilização de um material artesanal que exija muita mão-de-obra e a utilização intensiva de recursos em obra (água e energia). Em todos os projetos restantes deveriam se utilizar materiais industriais onde há o consumo controlado de recursos e energia. 8 – Materiais saudáveis: Evitar usar produtos que possam afetar a saúde do fabricante, do utilizador e do trabalhador no processo de reciclagem. Principalmente no que se refere a partículas tóxicas ou cancerígenas. 9 – Exigências de manutenção: Materiais com baixa manutenção favorecem o conforto do utilizador e diminuem a utilização de pinturas, lubrificantes e vernizes. 4 10 – Materiais com certificação ecológica: Poucos materiais têm certificação que garanta uma boa utilização dos recursos, os que têm merecem um tratamento privilegiado (Sauer 2008)”. O autor Hart (1997, p.76) demonstra que no cenário atual, mesmo que as empresas passem a almejar emissões zero, o planeta Terra ainda têm riscos de sofrer as consequências das emissões já realizadas até agora. Por isso, Ashby (1999) menciona que a seleção de materiais para a fabricação de determinado produto é essencial, pois os mesmos definem tanto o uso dos recursos naturais como a quantidade de energia a ser utilizada na produção e uso do produto final. Allione et al. (2012, p.90) indicam que as três estratégias principais incluem diretrizes, que pode-se observar na figura abaixo: Figura 2: Sistema multicritério, feito de parâmetros qualitativos e quantitativos utilizado para avaliação do perfil ambiental do material de acordo com a abordagem do ciclo de vida. 5 2.1 TIPOS DE ECOMATERIAL Os ecomateriais são enquadrados em famílias, as quais são agrupados os materiais que possuem características semelhantes entre si: Ecomateriais Vernaculares Estes materiais apresentam grandes vantagens na sua utilização, devido ao seu desempenho bioclimático, fácil extração e ao nível do seu ciclo de vida. Uma construção em adobe é naturalmente reciclada no final da sua vida útil, o solo ao solo retorna, sem causar problemas de resíduos ou contaminações. Muitos destes materiais tradicionais têm também uma outra enorme vantagem, são materiais que acumulam e armazenam CO2, especificamente a madeira e os seus derivados, as fibras animais, as fibras vegetais e alguns compostos químicos, por exemplo as argamassas de cal aérea, onde a reacção química da argamassa se prolonga no tempo, transformando o carbono atmosférico em carbonato de cálcio devido à reação do hidróxido de cálcio presente na argamassa. Figura 3: arquitetura da Indonésia, design vernicular de bambu. Ecomateriais Reciclados A existência de uma indústria de gestão de resíduos leva a índices de reciclagem cada vez mais elevados. Consequentemente, passamos a dispor de recursos que pode-se utilizar sem degradar os recursos naturais de que ainda dispomos, com a vantagem de contribuirmos para reduzir o paradigma dos resíduos 6 que contaminam o ambiente.Ademais, eles são mais atrativos devido ao aumento dos custos de matérias-primas e energia ligados à transformação, armazenagem e transporte dos materiais utilizados, como também a escassez de recursos naturais, o que fortalece o a política dos RRR (reduzir, reutilizar e reciclar). Figura 4: Passada uma vida útil de 20 anos, os contentores marítimos normalmente são desativados. Este centro cultural, foi construído recorrendo a 28 contentores ISO High Cube devidamente recuperados. Ecomateriais de Nova Tecnologia São providos de avanços tecnológicos dos ramos da nanotecnologia com nano materiais e materiais metabólicos, muito utilizados nas bio-contruções onde a utilização destes materiais favorecem sua agradabilidade, tem resultados práticos e muito eficientes ao nível da climatização interior e da qualidade do ar, diminuindo os custos energéticos dos sistemas de ventilação e de climatização. 7 Figura 5: Um novo material de revestimento, desenvolvido pelo MIT, que pode ser aplicado em telhas ou em vidros, permite controlar os ganhos solares térmicos alterando a sua coloração. Na fotografia temos o exemplo da telha. No caso do vidro, a baixas temperaturas o material fica transparente, permitindo ganhos térmicos no interior, tornando-se opalino quando a temperatura aumenta, refletindo o calor desse modo. 2.2 Conceito de Eco-Friendly Nos dias atuais há a tendência sustentável e a redução do ecological footprint (pegada ecológica), a qual refere-se aos recursos naturais usados por empresas em seus processos de produção, sejam eles, insumos, água, geração de energia e dejetos da produção. O mais notável exemplo é o caso do footprint do carbono onde é considerado as emissões de carbono em sua totalidade provenientes de seus processos produtivos referentes a uma organização. Com base nisso, o conceito de eco-friendly ganhou proporções, definido como amigável ao meio ambiente, é associado a produtos, serviços e políticas empresariais que tem por objetivo provocar o menor dano possível ao meio ambiente. E adotando essa alternativa, um consumidor incorpora o conceito do consumo responsável no dia a dia e se compromete em identificar produtos, serviços e comportamentos de consumo que são de fato eco-friendly, sustentáveis e verdes. Este mercado vem sendo aquecido com os investimentos em tecnologia verde, haja vista a presença já de produtos de limpeza menos agressivos ao meio ambiente e à saúde através da substituição de produtos químicos e eventualmente tóxicos por substâncias obtidas a partir de insumos naturais e biodegradáveis. E para o consumo consciente, existe rótulos de identificação de produtos contribuintes com o meio ambiente, um deles é o Rótulo Ecológio da ABNT que foi lançado em 2008, sendo um selo ambiental de produtos que seguem os ideiais de sustentabilidade internacionais estabelecidas pela Global Ecolabelling Network (GEN), ONG responsável pelo estabelecimento da rotulagem ambiental tipo l. No Brasil, a representação é dada pela ABNT, e a regulamentação desse rótulo é dada pela NBR ISO 14024, sendo possivel sua aplicação em qualquer setor industrial. 8 Figura 6: exemplo de rótulo de identificação eco-friendly. Um exemplo bem atual é o fato do uso do canudinho de plástico ter sido proibido no Rio de Janeiro. A empresa que for flagrada fornecendo os mesmos, pode levar uma multa de até R$60 mil e é intimada a substitui-los em até 60 dias. Essa ideia veio do princípio de que diariamente descarta-se cerca de um bilhão de canudos no mundo e levam cerca de 450 anos para se decompor, representando 4% de todo o lixo plástico global. Como alternativa, estão surgindo diversos novos tipos de canudos: os de bambu, silicone, vidro, metálico, papel e até de palha. Diversas empresas já estão adotando o movimento, sendo a Nestlè um exemplo delas, onde o toddynho, produto clássico, não possui mais canudo. 3. APLICAÇÕES Ecoprodutos são artigos de origem artesanal ou industrial que sejam não-poluentes, atóxicos, benéficos para o meio ambiente e à saúde dos seres vivos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Como saber se o material ou tecnologia é sustentável ou menos impactante? • Matéria-prima – é virgem ou reciclada? Como é extraída? É um recurso renovável? • Qual é o processo produtivo? Apresenta baixo consumo de energia? E de água? O processo é poluente? (ar, água, terra, ruído). Que tipo de resíduos gera? 9 • O produto é poluente? • A sua instalação ou manutenção gera resíduos? • Como é a logística de distribuição do produto? Consome muita energia? • E a embalagem? Possui potencial de reciclagem ou de reutilização? • Possui algum tipo de certificação (como ISO 14001) ou SELO? Seguindo esta lista de fatores de avaliação para o conhecimento do material em meio ao baixo impacto e sustentabilidade, temos diversas aplicações sustentáveis, sendo alguns exemplos destas: Poupança de água e de energia • Luminárias de LED Aplicação: Iluminação. Descrição: Chip emissor de luz que também é chamado de “SOLID STATE LIGHTING”, conhecido como “LED”. Impacto ambiental: Aparelho com duração de 15 anos sem manutenção. O seu raio luminoso é livre de UV e de calor e o seu tamanho compacto proporciona uma maior flexibilidade. Uma tecnologia que supera a iluminação convencional, promovendo uma economia que varia de 50 a 80%. Conforto termo-acústico • Tecidos GreenScreen Aplicação: Persianas e cortinas para proteção solar. Descrição: Tecido para proteção solar, isento de PVC e COVs. Impacto ambiental: Reduzem a entrada de calor e evitam a luminosidade excessiva. São mais seguros pois, em caso de incêndio, não há emissão de fumo denso nem quantidades mensuráveis de gás de ácido hidroclorídrico, muito nocivo para o sistema respiratório. 10 Qualidade interna do ar • Resina Ecopiso Aplicação: Revestimento de pisos. Descrição: Resina impermeabilizante produzida com mais de 70% de matérias- primas naturais renováveis, entre elas o óleo de rícino. Impacto ambiental: Não liberta gases tóxicos durante ou depois da sua aplicação. Madeiras • Madeira de Demolição Aplicação: Produção de móveis, revestimento de piso. Descrição: Madeiras nobres de lei, em extinção, provenientes principalmente de elementos de antigas construções, como esquadrias, soalhos, entre outros. Impacto ambiental: Possibilita o reuso de peças que seriam descartadas, diminuindo a procura de madeira nova. Tecidos e Fibras sustentáveis • Tecido Locomotiva Eco Juta Aplicação: Decoração. Descrição: Tecido composto por 60% algodão e 40% juta. Impacto ambiental: Desenvolvida a partir de fibra de juta, cuja plantação não utiliza fertilizantes ou repelentes. Após descartada, a juta decompõe-se em 2 anos, enquanto o algodão leva 10, e o poliéster pode chegar aos 100 anos. 3.1 PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SOLO-CIMENTO Processo de produção de Solo-Cimento (Tijolo Ecológico) utilizando resíduo do polimento de grés de porcelanato como fonte de sílica As indústrias de porcelana sintetizadas, em seu processo de revestimento geram em média, 300 g.m² de resíduos provindos do processo de polimento. Uma empresa nacional, tem capacidade efetiva de produção de aproximadamente 36.000.000 m² por ano de porcelanatos, garantindo uma produção que gira em torno 11 de 1000 toneladas de resíduos de produção ricos em feldspato alcalino, segundo Krummer e Bristot. O resíduo gerado no processo de lixação do porcelanato antes citado, é incorporado ao como material alternativo e com ideais sustentáveis de reaproveitamento e reciclagem na produção de solo-cimento, mais conhecido como "tijolo ecológico", onde sua principal vantagem sustentável se dá pela ausência da necessidade da queima de materiais como lenha, gás e eletricidade. O processo de produçãodo tijolo solo-cimento é obtido através da mistura de solo, que tem em sua composição solos argilosos adicionado cimento e resíduos de porcelanato a fim de obter-se as propriedades necessárias para a prensagem. A homogeneização do material é feito em uma betoneira com adição de água até atingir o nível de humidade ótimo. Após a etapa de mistura ocorre a moldagem do tijolo ecológico em uma prensa hidráulica ou manual, sendo assim compactados e estando prontos para a armazenagem, onde ocorre a cura deles, levando em média 28 dias. O resíduo material usado na substituição da areia, quando analisada sua composição, apresentou aproximadamente 57% de silício e 13% de alumínio, o que garante a viabilidade no uso para produção dos tijolos. Em ensaios de compactação, os quais levam em consideração o grau de umidade ótimo, foi atestado que com a adição de resíduos, promove uma redução na umidade, ficando em torno de 14,3% a 13,3%, garantindo uma maior compactação. Em ensaios de resistência a compressão, foram atendidas as exigências de NBR 8491/84, solicitando o mínimo de 2 MPa, para os tijolos ecológicos, a resistência média obtida foi de 8,33 MPa a 8,63 MPa. Para os ensaios de absorção, o material também atestou positivo, atendendo a NBR 942/94, a qual permite uma absorção máxima de 20%, enquanto o tijolo ecológio registrou de 8,33% a 9,03%. 12 Figura 7: ilustração de uma máquina que produz tijolos ecológicos e o resultado. Vantagens do tijolo ecológico: seu design especial permite passar tubulações hidráulicas e elétricas no meio da obra, logo com a parede sendo montada, sendo assim, não há necessidade de quebrar parede para fazer mais obra depois; são facilmente encaixados uns nos outros, gerando economia de argamassa e outros produtos ligantes; podem receber qualquer tipo de acabamento ou revestimento; não se perde tempo cortando tijolos para encaixes, pois ele são produzidos como meio bloco de tijolo; duram até 6 vezes mais do que tijolos comuns; apresentam excelente isolamento térmico e há uma redução de custos em até 80% com cimento e 100% de madeira. Desvantagens do tijolo ecológico: exige mão de obra qualificada por exigir assentamento especial; absorvente muita umidade, exigindo cuidados com impermeabilização após a aplicação; são materiais com baixa resistência a impactos e são tijolos de maior espessura que podem comprometer espaços internos de uma casa se não planejado antes. 13 3.2 ESTUDO DE CASO DE AÇOS HSLA Estudo de caso da seleção de aços de alta resistência e baixa liga (HSLA) para o design de estruturas metálicas O aço é uma liga metálica de ferro e carbono, sendo uma liga quando há a união de dois ou mais elementos químicos onde pelo menos um é um metal, além de que todas as fases existentes têm propriedades metálicas. Com objetivo de analisar vários materiais em comparação ao HSLA, realizou- se uma apuração de materiais computadorizada com o software Cambridge Engineering Selector para verificar se existem outros materiais com melhores eco propriedades. Assim, foram elaborados dois gráficos comparando certos materiais, o primeiro relacionado com a liberação de CO2 na atmosfera em kg/kg versus preço e o segundo em termos de tensão de escoamento (com fim de comparar os valores até onde o material suporta esforços antes que uma deformação irreversível possa ocorrer) versus energia incorporada (que é a energia que deve ser empregada para criar 1kg de material utilizável). Figura 8: Gráfico de seleção de materiais comparando preço e liberação de CO2 na atmosfera em kg/kg. 14 Figura 9: Gráfico de seleção de materiais comparando tensão de escoamento e energia incorporada empregada para criar 1 kg de material utilizável. Através do estudo dos gráficos mostrados acima, percebe-se que não há uma relação direta entre preço e liberação de CO2. O custo por kg do material cresce exponencialmente quando se observa os outros materiais analisados. Nesses parâmetros, os HSLA, representados pelo YS550 no gráfico, só perdem para os aços baixo carbono, representados por AISI 1020 e para ferros fundidos. Porém, examinando a figura 9, verifica-se que quando a tensão de escoamento é ponderada em função da energia incorporada, os HSLA apresentam valores muito superiores e com a menor energia incorporada de todos. Fabricação dos aços HSLA Através de mecanimos de endurecimento dos metais, propiciamos a eles características específicas como por exemplo, alta resistência mecânica e alta tenacidade, sendo possivel apenas a relação de que quanto maior for a restrição ao movimento de discordâncias, maior será a resistência de um material metálico. Tratando-se de métodos de endurecimento, vemos que eles dão-se por 15 redução do tamanho de grão, pela formação de solução sólida, por encruamento, por dispersão de partículas e por transformação de fase. Para metais HSLA, metais policristalinos, o tamanho dos grãos influem nas propriedades mecânicas, como por exemplo, em materiais com grãos finos, a resistência é maior que materiais com grãos grosseiros porque há maior quantidade linear de contornos de grão e isso dificulta a movimentação de discordâncias. No caso dos metais HSLA, o processo de produção é importantíssimo e projetado para maximizar elementos aditivos usados na liga. Aços que sofrem o processo de resfriamento em contato com a água, o TMCP (water-cooled thermomechanical control process) possibilitam boa soldabilidade, como também altas resistências mecânicas, sendo muito valorizados nas empresas de construção naval, estruturas marítimas, tubulações e construção civil. Por isso, aços soa produzidos através do processo de resfriamento por TMCP, a fim de obter a resistência, dureza e soldabilidade, tornando-se muito mais viável. O TMCP consiste em dois estágios em série, laminação controlada e posteriormente, resfriamento acelerado. Durante o processo de laminação, os grãos são alongados em um formato de panqueca, o que introduz descontinuidades cristalográficas como falhas e bandas de deformação. Essas permanecem até que o processo de resfriamento acelerado inicia, quando a temperatura de laminação é abaixo de 800°C. A efetividade do TMCP se dá pelo fato de possibilitar a redução da temperatura de pré-aquecimento, diminuindo o custo de fabricação, bem como elimina a necessidade de tratamentos térmicos posteriores. 16 Figura 10: Esquema de linha de TMCP para fabricação de aços planos. As características do aço HSLA estão bastante alinhadas com as estratégias de seleção dos ecomateriais. As matérias primas são reduzidas pelo baixo teor de elementos de liga, assim como os níveis de emissões são menores devido a redução do uso de energia durante o processo de fabricação. Também possuem a vida da estrutura prolongada pela robustez e maior resistência, além do aumento da qualidade do material e do processo de solda na estrutura. A maioria dos fabricantes já consideram os aços HSLA como uma alternativa ecológica, trazendo a consciência e a responsabilidade ambiental. CONCLUSÃO A aplicação progressiva do conceito de ecomateriais é o fruto de diversas reivindicações, desde as necessidades geradas pelo crescimento populacional à ampliação dos níveis de comodidade e consumo produzidos pelo desenvolvimento das indústrias, transpassando da globalização das técnicas de compreensão ambiental, significativamente consolidados pela evidente crise climática e acentuados com os resultados econômicos do esgotamento dos recursos energéticos e naturais. A variedade dos ecomateriais ultrapassa a quantidade de materiais não ecológicos disponíveis no mercado, às vezes até transcendem as exigências dos materiais não ecológicos. Porém a verdadeira distinção entre eles encontra-se na 17 capacidade dos ecomateriais possibilitarema contínua manufatura de modo menos prejudicial aos recursos naturais que estão cada vez mais escassos e o uso dos mesmos de modo mais consciente. REFERÊNCIAS Allione, C., Giorgi, C., Lerma, B., Petruccelli, L. From ecodesign products guidelines to materials guidelines for a sustainable product. Qualitative and quantitative multicriteria environmental profile of a material. Energy 39. page 90 e 99.2012. Ashby, M.F. Materials selection in mechanical design. 2nd ed. Oxford: Butterworth; 1999. Chiaverini,V. “Aços e ferros fundidos”. Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais – ABM, 7 ed. p. 22. 2002. Ferreira, O.P; Alves, O.L.; Macedo, J.S.; Gimenez I.A.; Barreto, L.S. Ecomateriais: Desenvolvimento a aplicação de materiais porosos funcionais para proteção ambiental. Quim. Nova, Vol. 30, No. 2, 464-467, 2007. Hart SL. Beyond greening: strategies for a sustainable world. 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