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Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Fundamentos metodológicos da epidemiologia – causalidade e viés de estudos primários aplicados ao uso de medicamentos Profa. Thais Piazza 2022.2 1 Então com a medida de associação calculada, não existem possibilidade de “equívocos”? ATENÇÃO: • Causalidade • Erros não sistemáticos • Erros sistemáticos (viéses) • Fatores de confusão 2 1 2 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Erros potenciais de estudos epidemiológicos • Erro aleatório: ocorre quando o valor medido na amostra do estudo diverge, devido ao acaso, do verdadeiro valor da população. O erro aleatório decorre de medida imprecisa da associação. As três principais causas de erro aleatório são: • variação biológica individual (sempre ocorrem); • erro de amostragem (aumentar tamanho da amostra reduz erro); • erros de medida (uso de protocolos e realização de medidas individuais). 3 Erros potenciais de estudos epidemiológicos • Erro sistemático: também chamado de viés, ocorre em epidemiologia quando os resultados diferem de uma maneira sistemática dos verdadeiros valores (perda de precisão). A precisão não é afetada pelo tamanho da amostra. “ Qualquer erro sistemático no delineamento, na condução ou análise de um estudo que resulta em uma estimativa equivocada do efeito de uma exposição sobre o risco da doença ” (Schlesselman, 1982) 4 3 4 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Principais tipos de vieses Viés de seleção Viés de informação Confusão - Viés de autosseleção - Viés de indicação - Viés de mensuração - Viés de memória - Viés de detecção Possível produto: Viés de classificação - Viés de confusão - Fatores de confusão 5 6 Quando os participantes selecionados têm mais ou menos probabilidades de apresentar o desfecho do que aqueles que são teoricamente elegíveis participantes diferem em várias características. Exemplo 1) Há uma diferença sistemática entre as características das pessoas selecionadas para o estudo em relação àquelas que não foram selecionadas (possível resultante de não resposta ou outras situações). 5 6 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 7 Quando os participantes selecionados têm mais ou menos probabilidades de apresentar o desfecho do que aqueles que são teoricamente elegíveis participantes diferem em várias características. Exemplo 2) Parcela grande de participantes saem do estudo, alterando a distribuição das características dos grupos (perda de acompanhamento). 8 Quando acontece a coleta de informações de forma errônea no estudo. Viés de informação não-diferencial: aleatória sem relação com outras variáveis do estudo, e acontece de forma semelhante entre os grupos. Tende a minimizar a diferença entre os grupos. Viés de informação diferencial: erro difere de acordo com outras variáveis. Pode gerar erro na classificação da exposição. Erro pode levar o resultado para qualquer direção (subestimar ou hiper-estimar a diferença entre os grupos). 7 8 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 9 Quando acontece a coleta de informações de forma errônea no estudo. Exemplo 1) Imprecisão na coleta de medida específica em função à não calibração de equipamento. Exemplo 2) Tendência maior de indivíduos com a doença lembrarem de eventos e experiências relacionadas com a exposição. Exemplo 3) Quando mais importância é dada à execução da coleta de dados em um grupo em relação ao outro. 10 Quando relação entre a exposição, ou a intervenção, e o desfecho é afetada por outra variável ou por um grupo de variáveis. (BONITA et al, 2010) ATENÇÃO: Inferência estatística não é suficiente para estabelecer a causalidade 9 10 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 11 Quando relação entre a exposição, ou a intervenção, e o desfecho é afetada por outra variável ou por um grupo de variáveis. Critérios: 1. Está associado com o desfecho (causa ou marcador do desfecho, mas não efeito do desfecho). 2. Está associado com a exposição (distribuído de forma desigual entre os grupos de exposição). 3. Não é um efeito ou afetado pela exposição (não é um passo intermediário entre a exposição e o desfecho). Estratégias para minimizar viéses • Pareamento • Aleatorização • Mascaramento • Restrição • Estratificação • Análises estatísticas diversas (Exs.: modelos multivariáveis, análise de propensão, análise de sensibilidade, entre outras) 12 11 12 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 (BONITA et al, 2010) 13 https://www.ted.com/talks/ben_goldacre_battling_bad_science?language=pt&subtitle=pt 14 13 14 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Causalidade • Causa = evento, condição, característica ou uma combinação desses fatores que desempenham um papel importante no desenvolvimento de um desfecho em saúde. • Associação = existência de relação entre exposição e desfecho pela verificação de medidas apropriadas e estatisticamente significativas. • Causa suficiente ou necessária ≠ causa única • Causalidade multifatorial (fração atribuível para cada fator, mas... possibilidade de interação entre fatores) 15 16(BONITA et al, 2010) 15 16 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Vioxx® (Rofecoxibe) • Mecanismo de ação: Inibição seletiva da cicloxigenase 2 (COX2). O que por sua vez inibe a conversão de ácido araquidônico em prostaglandina 2 (PGI2), responsável por iniciar a cascata da dor. • Ano : Aprovado em Maio de 1999 (FDA) • Indústria Produtora: Merck Vantagem frente aos COX não seletivos! Redução de riscos de distúrbios gástricos! • Indicação: Artrite reumatóide, enxaqueca e dor aguda. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_ANF_0104.pdf Vioxx® (Rofecoxibe) • Retirado do mercado (pós-comercialização) em 2004! • Inibidores de COX2 não reduzem a produção de tromboxano A2 (ativador e agregador plaquetário) aumentando assim o risco de eventos cardiovasculares trombóticos. • Aumentono risco relativo para eventos cardiovasculares confirmados, como ataques cardíacos e infartos, começando após 18 meses do uso do medicamento. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_ANF_0104.pdf 17 18 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Mas como identificar/avaliar a causalidade? • Inferência causal é o termo usado para o processo que busca determinar se as associações observadas são causais ou não. Logo: uso de princípios para julgar a associação! • Atenção: Necessário PRIMEIRO excluir a possibilidade de erros aleatórios e erros sistemáticos! 19 Características para avaliar a existência de relação causal 20 Relação/sequência temporal A causa precede o efeito (desfecho)? (essencial) Plausabilidade e coerência A associação é consistente com o conhecimento existente? (mecanismo de ação; evidências de estudos experimentais com animais) Consistência Outros estudos (populações diferentes) encontraram resultados similares? Analogia Estudo das analogias existentes na literatura. 19 20 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Características para avaliar a existência de relação causal 21 Força da associação Qual é a força da associação entre a causa e o efeito (desfecho)? (risco relativo) Relação dose- resposta ou gradiente biológico O aumento na exposição está associado a um aumento na ocorrência do desfecho? Características para avaliar a existência de relação causal 22 Reversibilidade ou evidência experimental* A retirada da exposição leva a uma redução do risco do desfecho? Especificidade* A causa leva a um único desfecho ou um desfecho apresenta apenas uma única causa. Delineamento do estudo As evidências estão baseadas em estudos com um delineamento robusto? Julgamento das evidências Quantas evidências embasam essa conclusão? Obs.: A incerteza sempre existirá. 21 22 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Farmácia Departamento de Farmácia Social Disciplina: Farmacoepidemiologia - 2022.2 Professora Thais Piazza 29/09/2022 Disponível em: https://www.nesc.ufg.br/up/19/o/Pr__ticas_cl__nicas_baseadas_em_evid__ncias.pdf 23 Delineamento do estudo Referências YANG, Y.; WEST-STRUM, D. Compreendendo a Farmacoepidemiologia. Porto Alegre: AMGH, 2013. Capítulo 6. BONITA, R. Epidemiologia básica / R. Bonita, R. Beaglehole, T. Kjellström; [tradução e revisão científica Juraci A. Cesar]. - 2.ed. - São Paulo, Santos. 2010. Capítulo 3 e 5. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43541/5/9788572888394_por.pdf. CASTRO, Lia Lusitana Cardozo de. Fundamentos de farmacoepidemiologia. Grupo de Pesquisa em Uso Racional de Medicamentos, 2001. MEDRONHO, R.A.; et al. Epidemiologia. 2 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009. ACÚRCIO, F.A.A. (org). Medicamentos – Políticas, Assistência Farmacêutica, Farmacoepidemiologia e Farmacoeconomia. Belo Horizonte: Coopmed, 2013. ALMEIDA FILHO, N., ROUQUAYROL, MZ. Introdução à epidemiologia. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kcoogan, 2006. 282p. Cap 4; Cap 5; Cap 6; Cap 7; Cap 9 GORDIS, Leon. Epidemiologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Revinter, c2010. 372 p.Cap. 3 24 23 24
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