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INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS 2.pdf

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Questões de múltipla escolha
Disciplina: 536630 - INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Questão 1: Leia os quadrinhos a seguir.
Disponível em: <http://www.quadrinhosacidos.com.br/2015/07/89-e-mais-facil-descartar.html?m=1>. Acesso em: 17 dez. 2015.
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.
I. O objetivo dos quadrinhos é criticar o discurso da descartabilidade da sociedade contemporânea, na qual os objetos e as relações pessoais tendem à efemeridade.
II. Os quadrinhos enaltecem a sociedade contemporânea, na qual problemas são resolvidos rapidamente com a substituição de produtos.
III. A crítica dos quadrinhos concentra-se no machismo, uma vez que os homens esperam que as mulheres resolvam seus problemas cotidianos.
A) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
B) Apenas as afirmativas I e III são corretas.
C) Apenas a afirmativa I é correta.
D) Apenas a afirmativa II é correta.
E) Nenhuma afirmativa é correta.
Questão 2: Leia o texto e analise as afirmativas.
Quem são os jovens “nem-nem-nem”: não estudam, não trabalham e não estão procurando emprego
Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará analisa o perfil e as motivações do jovem da periferia Juliana Diógenes, O Estado de S. Paulo 1º de maio de 2019 
“Renomeamos esta geração. É a geração sem-sem-sem”, diz Rafael (nome fictício), universitário de 24 anos e morador da periferia de Fortaleza <https://tudo-sobre.estadao.com.br/fortaleza-ce>, que pede para não ser identificado. “Sem Estado, sem escola adequada, sem opções culturais. Sem nada.”
Diferentemente dos jovens “nem-nem”, a chamada geração “nem-nem-nem” inclui uma nova categoria: além de não estudar e não trabalhar, o jovem “nem-nem-nem” também não está procurando emprego formal. Dos jovens nemnem-nem, dois terços são mulheres. A cada 10 meninas da geração “nem-nem-nem” que abandonam a escola, três saem por gravidez precoce.
O diagnóstico é da pesquisa “Eles dizem não ao não”, realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e lançada nesta terça-feira, 30. O levantamento inédito analisa o perfil e as motivações do jovem da periferia que nem trabalha, nem estuda, nem está procurando emprego.
Os “nem-nem-nem” são formados, predominantemente, por mulheres negras com filhos, que ainda moram na casa dos pais, onde a mãe é a “chefe da família”, cujas famílias são cadastradas no Bolsa Família ou detentoras de renda inferior a um salário mínimo, e ex-alunas de escola pública, que abandonaram os estudos ainda no ensino fundamental por gravidez, casamento ou falta de interesse.
Iniciada em outubro de 2018, a pesquisa entrevistou 150 jovens da região do Grande Bom Jardim, na periferia de Fortaleza, no Ceará. A área contém cinco bairros que estão entre os 12 mais vulneráveis de Fortaleza. A macrorregião tem atuação de facções criminosas nacionais e regionais, que delimitam os territórios impedindo a passagem dos moradores.
Segundo o IBGE <https://tudo-sobre.estadao.com.br/ibge-instituto-brasileiro-de-geografia-e-estatistica>, o Ceará é o 6º Estado com a maior proporção de jovens “nem-nem”. Alagoas lidera. 
Facções
Segundo Rafael, desde o começo de 2016, as facções começaram a guerrear no Grande Bom Jardim, o que afetou a vida dos moradores. A atuação dos grupos organizados rivais dentro do Grande Bom Jardim impede a passagem de residentes entre os bairros, impactando a circulação de jovens para serviços básicos, como escola e posto de saúde.
“De repente, as pessoas não podem ter mais a sua vida normal, nem andar, nem ficar na rua. Em algumas escolas, os diretores nos disseram que 50% dos meninos não estavam mais indo para a escola porque não podiam atravessar mais a rua, que passou a ser dominada por uma facção diferente daquela que comanda a rua onde os estudantes moram”, relata o jovem. […]
A área do Grande Bom Jardim tem 146 mil pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos. Desse recorte juvenil, 14,4% estão na categoria “nem-nem-nem” e outros 22,25%, na faixa “nem-nem”. […]
Uma das novidades apontadas na pesquisa é que, na verdade, a geração “nem-nem-nem” trabalha, porém não em empregos formais. A socióloga e pesquisadora Glória Diógenes, do Laboratório das Artes e das Juventudes (Lajus), da UFC, destaca que esses jovens se viram com “bicos”, embora não reconheçam essas atividades como trabalho. “Percebemos que eles por vezes acham que não trabalham. Não estudam e não trabalham, mas, na verdade, quando questionados como se sustentam, responderam com expressões como fazer corres, trampar, se desdobrar, dar os pulos. O que se destaca nessa juventude é uma reinvenção, uma força que se desdobra em atividades das mais inusitadas possíveis, desde vender loteria, até cuidar de idosos, vender maquiagens e marmitex em casa”, explica Glória.
Segundo ela, essas atividades de sobrevivência configuram um tipo novo de trabalho, que não é reconhecido nem pelos jovens, nem pela sociedade, nem pelo mercado de trabalho formal.
“São jovens que não se enquadram na formação regular de trabalho, com horas determinadas e carteira assinada”, diz. “Há uma resiliência nesse jovem. Só que não há apoio para esses pequenos projetos múltiplos. Porque a sociedade não reconhece essas pessoas como trabalhadores, mas como vagabundos”.
Já em relação à escola, também há uma rejeição por parte desses jovens, que não se sentem interessados pela educação formal. Entre os motivos alegados para o afastamento escolar estão o desinteresse (26,6%) e o trabalho (17,3%). A gravidez (32,4%) aparece em destaque no grupo dos jovens “nem, nem, nem”, que, como foi apontado anteriormente, é um grupo composto em sua maioria por mulheres.
Apesar de não trabalharem nem estudarem, 89% dos entrevistados pretendem trabalhar e outros 78% manifestaram desejo de voltar a estudar.
Disponível 	em: 	https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,quem-sao-os-jovens-nem-nem-nem-nao-estudam-naotrabalham-e-nao-estao-procurando-emprego,70002811210?utm_source=facebook%
3Anewsfeed&utm_medium=social-organic&utm_campaign=redes-sociais%3A052019%3Ae&utm_content=%3A%3A %3A&utm_term&fbclid=IwAR3usBkSOZdtrWrJPSBS-eeuwt3iX5Gxam0xWs05gxJp1MCGn6PYLl0xWuI. Acesso em: 21 fev. 2020. Adaptado.
I. Ao propor a mudança da expressão que caracteriza o grupo para “sem-sem-sem”, o entrevistado evidencia a falha do Estado na trajetória dos jovens que nem estudam, nem trabalham, nem procuram emprego.
II. Segundo os dados, na região do Grande Bom Jardim, existem cerca de 54 mil jovens na faixa de 15 a 29 anos que não estudam nem têm emprego formal.
III. De acordo com a socióloga entrevistada, a pesquisa é inválida, pois os jovens realizam trabalhos informais e garantem sua sobrevivência.
É correto o que se afirma em:
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) II, apenas.
Questão 3: Leia a charge a seguir.
Disponível em: <http://www.bixodagoiaba.com.br/2013/04/padrao-de-beleza-ao-longo-dos-anos.html>. Acesso em: 10 ago.2017.
O objetivo da charge é:
A) Criticar o crescimento da obesidade na sociedade contemporânea.
B) Mostrar que há 400 anos as mulheres tinham uma vida mais saudável e isso se refletia no seu peso.
C) Evidenciar o desenvolvimento tecnológico da pintura para a fotografia.
D) Mostrar que, em épocas distintas, existem pessoas insatisfeitas porque não apresentam o padrão de beleza socialmente determinado.
E) Criticar a imobilidade e a falta de realização prática, provocadas pelo excesso de idealização.
Questão 4: Considere a ilustração e as afirmativas. 
I.	A ilustração vale-se apenas de signos não verbais para enaltecer o potencial econômico das florestas. II.	O texto é uma crítica à exploração econômica dos recursos naturais.
III.	O objetivo da ilustração é incentivar a preservação ambiental e promover o crescimento econômico.
É correto o que se afirma somente em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
Questão 5: Leia a charge a seguir.
Disponível 	em 	https://www.facebook.com/humorinteligente01/photos/a.302397109784937/2636082953082996/?type=3&theater. Acesso em: 21 fev. 2020.
Com base na leitura, analise as afirmativas.
I. A charge mostra o processo de fabricação de um ovo de chocolate com a intenção de ilustrar a complexidade da produção e mostrar a sua importância na economia do país.
II. O objetivo da charge é criticar o sistema econômico excludente, que explora mão de obra infantil e impede que o trabalhador consuma o que ele ajudou a produzir.
III. A charge alinha-se ao discurso da meritocracia ao mostrar o esforço pessoal e a necessidade de aspirações.
É correto o que se afirma apenas em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Questão 6: O Pisa, exame internacional desenvolvido e aplicado pela Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), avalia o letramento dos estudantes na faixa dos 15 anos nas áreas de matemática, ciências e leitura. Os resultados do Pisa são apresentados de acordo com a escala de desempenho da tabela a seguir, que mostra seis níveis de proficiência em função da pontuação obtida. 
Alunos com menos de 358 pontos são classificados como “abaixo do nível 1”, pois não conseguem compreender nem os enunciados mais simples do exame.
A periodicidade do Pisa é trienal e ele já foi aplicado em 2000, 2003, 2006, 2009, 2012 e 2015. No gráfico a seguir, estão indicadas as pontuações em matemática de alguns países que participaram de todas as edições do Pisa, incluindo o Brasil.
Pontuações de alguns países em matemática em várias edições do Pisa.
Com base nos dados fornecidos, analise as afirmativas.
I. O Brasil já apresentou, no Pisa, resultados em matemática classificados como “abaixo do nível 1”, em escala de 1 a 6.
II. Embora os resultados em matemática do Brasil e do México, nas diversas edições do Pisa, nunca tenham superado o nível 1, em escala de 1 a 6, esses países sempre mantiveram crescimentos de pontuações.
III. A Polônia apresentou significativo crescimento de pontuações em matemática no Pisa de 2009 para 2012, mas, ainda assim, nunca superou o desempenho da China (Hong Kong).
Está correto o que se afirma em:
A) I, II e III.
B) II e III, apenas.
C) I e III, apenas.
D) I, apenas.
E) III, apenas.
Questão 7: Considere a charge a seguir e assinale a alternativa que melhor a interpreta.
Disponível 	em: 	<https://www.facebook.com/DepositoDeCartuns/photos/
a.141674892627444.26560.141672549294345>. Acesso em: 2 jul. 2017.
A) Hoje em dia, as pessoas não querem ler, gostam apenas de aparelhos eletrônicos.
B) Na vida, a pessoa precisa ter luz própria para achar seu caminho.
C) A leitura transforma o modo como vemos as coisas.
D) O livro impresso é um objeto arcaico, que oferece um modo de leitura pouco atraente.
E) As pessoas andam nas trevas até absorverem mensagens de caráter religioso, que iluminam seus caminhos.
Questão 8: Leia a charge e trechos de um ensaio, escrito pelo professor Eduardo Marks, publicado pela filósofa Márcia Tiburi. 
Disponível em: <http://angloguarulhos.com.br/temas-pos-verdade-e-manipulacao-das-redes-sociais/>. Acesso em: 5 fev. 2018.
Obs.: No primeiro quadrinho, vê-se uma caricatura do filósofo René Descartes (1596-1650) e a frase conhecida como a máxima do seu pensamento.
No campo das pós-verdades; ou quando o verde também é azul
Eduardo Marks de Marques
Até meados de novembro de 2016, se alguém me falasse em “pós-verdade”, talvez a minha referência mental imediata fosse ao trabalho realizado pelo Ministério da Verdade na Inglaterra, (já nem tão) distópica criada por George Orwell em seu romance 1984. O referido ministério era responsável por promover ações de propaganda para a manutenção do partido no poder e, talvez mais sintomaticamente para os tempos em que vivemos, rever e reescrever a história para que ela sempre esteja alinhada aos interesses presentes do poder. Para mim, “pósverdade” era isso: transformar o passado a partir dos alinhamentos ideológicos do presente. No entanto, com a nomeação do termo como a palavra do ano pelos lexicógrafos do Oxford Dictionaries, me vi obrigado a rever uma série de posições.
Conforme a definição, “pós-verdade” relaciona-se ou denota circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos importantes em moldar a opinião pública do que apelos emocionais e crenças individuais. Ao ler tal definição, fiquei duplamente surpreso; primeiramente, porque ela consegue, in a nutshell, resumir bem os últimos anos, ao menos no Ocidente. Quem frequenta as redes sociais como eu não consegue mais ignorar não só a polarização maniqueísta pela qual a sociedade está passando, mas também (e, quiçá, como sua causa e consequência ao mesmo tempo) essa tentativa voraz de transformar vivências e opiniões pessoais em experiência universal e senso comum. A pósverdade surge para dar nome a essa prática humana assustadora não para entendê-la e eventualmente domesticála, mas, sim, para validá-la. A pós-verdade é meta-pós-verdade em sua essência.
Estamos perdendo a habilidade de refletir criticamente sobre a realidade que nos circunda, e essa tentativa constante de transformar ontologia em epistemologia de forma direta é sua consequência mais maligna, especialmente porque ela vem acompanhada de um complexo de deus (…).
Na língua japonesa, o kanji 青pode referir-se ao mesmo tempo às cores azul e verde. O contexto faz com que saibamos a qual delas o ideograma aponta em determinado momento. A aceitação da polissemia faz com que haja harmonia em seu uso. Será que conseguiremos chegar a um estágio em que superemos as pós-verdades e consigamos voltar a conviver com dúvidas?
Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/no-campo-das-pos-verdades-ou-quando-o-verde-tambem-e-azul/ >. Acesso em: 8 fev. 2018 (com adaptações).
I. A charge valoriza a evolução do pensamento humano e a superação das ideias cartesianas, promovida pelo acesso à informação que temos atualmente.
II. A charge e o texto indicam que a pós-verdade é marcada pela supressão da razão, da reflexão, que é substituída pela mera crença.
III. De acordo com o texto, na era da pós-verdade, opiniões e crenças pessoais tendem a ser divulgadas como verdades universais e alimentam o senso comum, que é desprovido de reflexão crítica.
IV. O autor espera que a pós-verdade seja superada e, assim, as pessoas reaprendam, por meio da razão, a separar o azul do verde, eliminando dúvidas e divergências. 
Está correto o que se afirma somente em:
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) III e IV.
E) II e IV.
Questão 9: Leia o texto a seguir.
A complicada arte de ver
Rubem Alves
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.” Ela se calou, esperando o meu diagnóstico.
Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Masexiste algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. “Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”. Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que veem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas”. Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Disponível em: <http://www.releituras.com/i_airon_rubemalves.asp>. Acesso em: 28 jul. 2015.
Com base na leitura, analise as afirmativas.
I. O tipo de professor sugerido pelo autor teria a função de reduzir o problema exposto por Alberto Caeiro quando afirma que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores”.
II. De acordo com o texto, a poesia causa perturbações e faz com que as pessoas não vejam a realidade tal qual ela é, como no caso de Drummond, que não viu a pedra.
III. De acordo com o texto, as crianças gostam de brincar com o que veem e o papel do educador é fazer com que elas não percam o foco e aprendam a usar os olhos como ferramentas de conhecimento.
IV. O autor propõe um novo modelo de educação, em que o professor consiga corrigir os desvios individuais da visão e revelar aos alunos a noção correta da realidade.
É correto o que se afirma somente em:
A) I.
B) I e III.
C) III e IV.
D) II e IV.
E) I e II.
Questão 10: Leia o texto a seguir, fragmento da entrevista do filósofo Zygmunt Bauman ao periódico El País, e analise as afirmativas que seguem. As redes sociais são uma armadilha
A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo […]. As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html>. Acesso em: 6 ago. 2017.
I. Segundo o texto, as redes sociais permitem que o indivíduo gerencie suas relações pessoais sem necessariamente lançar mão de aptidões sociais, como, por exemplo, o diálogo.
II. Para Bauman, as redes sociais são uma armadilha, porque nelas estão presentes pessoas mal intencionadas.
III. De acordo com o autor, as redes sociais constituem um espaço de muitas controvérsias e não há possibilidade de diálogo.
Está correto o que se afirma somente em:
A) I.
B) I e II.
C) I e III.
D) II e III.
E) II.

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