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G3 Processo Civil - por subpontos

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1 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
GRAAL DA PROVA ORAL DO 29º CPR – 10/2018 
 
Organizado por Valdir Monteiro Oliveira Júnior 
Sumário 
1A. Jurisdição: órgãos, princípios e limites. A jurisdição no Estado de Direito. ............................................. 4 
1B. Procedimento comum e procedimentos especiais. Adaptação e flexibilidade negocial ou judicial do 
procedimento. ............................................................................................................................................ 6 
1C. Execução de títulos extrajudiciais: conceito, espécies, pressupostos, partes, competência e 
procedimento. ............................................................................................................................................ 8 
2A. Ação: conceito e natureza jurídica. Direito de ação na perspectiva constitucional. Direito à adequada 
tutela jurisdicional. Legitimidade e interesse processual. .......................................................................... 11 
2B. Audiência de conciliação e mediação. Audiência de instrução e julgamento. ....................................... 15 
2C. Mandado de Injunção. Habeas data. Aspectos processuais do Estatuto da Criança e do Adolescente e 
do Estatuto da Pessoa com Deficiência. .................................................................................................... 17 
3A. Processo: conceito e natureza jurídica. As garantias constitucionais do processo: contraditório, juiz 
natural, ampla defesa, acesso à justiça. ..................................................................................................... 22 
3B. Sentença. Conteúdo e elementos. Interpretação da sentença. Tutela inibitória ................................... 27 
3C. Juizados Especiais Cíveis Estaduais e Federais ..................................................................................... 40 
4A. Partes. Capacidade. Legitimação. Sucessão. Substituição Processual ................................................... 43 
4B. Teoria geral da prova. Ônus da prova e convicção judicial. Distribuição dinâmica ou convencional de 
ônus da prova. Prova Ilícita. ...................................................................................................................... 46 
4C. Meios adequados de resolução de conflitos: negociação, mediação e arbitragem. Convenções 
processuais. .............................................................................................................................................. 50 
5A. Litisconsórcio. Assistência. Intervenção anômala. Amicus curiae. ........................................................ 54 
5B. Pedido: conceito e características. Interpretação dos pedidos. Cumulação de pedidos. ....................... 57 
5C. Embargos de declaração. Técnica de extensão do colegiado em caso de divergência. ......................... 60 
6A. Petição inicial: função e conteúdo. Controle da admissibilidade da demanda. ..................................... 62 
6B. Ação popular. Ação de consignação em pagamento. Ações possessórias. Ação de desapropriação ..... 67 
6C. Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. ........................................................................................ 75 
7A. Formação, suspensão e extinção do processo. .................................................................................... 80 
7B. Precedentes obrigatórios: conceito, funções, efeitos. Mecanismos para controle da aplicação dos 
precedentes. ............................................................................................................................................. 82 
7C. A Instrumentalidade do Processo. O Processo Civil na Dimensão dos Direitos Fundamentais .............. 84 
8A. Comunicação processual. Prazos. Teoria das invalidades processuais. Primazia do julgamento de mérito 
e aproveitamento dos atos processuais. ................................................................................................... 87 
8B. Liquidação de sentença. Cumprimento da sentença e de outros títulos judiciais. Formas de 
implementação e efetivação das decisões judiciais. .................................................................................. 90 
8C. Recurso especial. Reclamação ............................................................................................................. 93 
9A. Resposta do réu: contestação e reconvenção. Revelia. ........................................................................ 98 
9B. Procedimento probatório. Provas em espécie. .................................................................................. 101 
2 
 
9C. Ação Civil Pública e Ação de Improbidade Administrativa. Aplicabilidade do CPC às ações coletivas. . 107 
10A. Intervenção de terceiros. Embargos de terceiro. Sujeitos auxiliares do processo. ............................ 122 
10B. Teoria Geral dos Recursos. Duplo Grau de Jurisdição. Efeitos dos Recursos. Pressupostos Recursais.
 ............................................................................................................................................................... 125 
10C. Cumprimento de sentença que reconhece exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. ........ 137 
11A. Coisa julgada sobre questões prejudiciais decididas incidentalmente. Ação declaratória incidental: 
função e hipóteses de cabimento. ........................................................................................................... 139 
11B. Tutela provisória. Tutela de urgência e tutela de evidência: conceito, espécies, pressupostos. ........ 140 
11C. Embargos do executado. Impugnação ao cumprimento de sentença. Responsabilidade patrimonial e 
atos praticados em fraude. ..................................................................................................................... 142 
12A. Atos processuais. Despesas processuais. Honorários. Processo eletrônico....................................... 146 
12B. Julgamento de casos repetitivos. Incidente de resolução de demandas repetitivas e recursos especial 
e extraordinário repetitivos. ................................................................................................................... 152 
12C. Cumprimento de sentença que reconhece exigibilidade de obrigação de fazer, não fazer e entregar 
coisa. Tutela específica dos direitos. Execução de títulos extrajudiciais que impõem a entrega de coisa, 
prestação de fazer ou de não fazer. ........................................................................................................ 156 
13A. O direito fundamental de defesa. Devido processo legal. Cognição judicial. Convicção judicial e 
fundamentação das decisões .................................................................................................................. 160 
13B. Ação de alimentos e convenções internacionais. Cumprimento de sentença que reconhece 
exigibilidade de obrigação de prestar alimentos. ..................................................................................... 172 
13C. Estabilização da tutela provisória. ................................................................................................... 173 
14A. Conexão e Continência. Reunião e Separação de Causas. Agregação de Processos e Atos Conjuntos. 
Cooperação entre órgãos jurisdicionais nacionais. .................................................................................. 174 
14B. Ação discriminatória, de divisão e de demarcação. Mandado de segurança individual e coletivo..... 176 
14C. Apelação. Recurso Ordinário Constitucional. ................................................................................... 180 
15A. Incidente de arguição de inconstitucionalidade. Incidente de assunção da competência. Ação 
monitória. Arguição incidental de inconstitucionalidade. ........................................................................ 18315B. Ação Rescisória. Querela Nullitatis. ................................................................................................. 187 
15C. Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica (IDPJ) ....................................................... 189 
16A. Sentenças e tutelas jurisdicionais dos direitos. Espécies. Ações declaratória, constitutiva, 
condenatória e mandamental. ................................................................................................................ 191 
16B. Julgamento conforme o estado do processo. Decisões parciais de mérito ....................................... 192 
16C. Instrumentos e técnicas extraprocessuais de atuação em tutela coletiva: inquérito civil, compromisso 
de ajustamento de conduta, recomendação e audiência pública. ............................................................ 194 
17A. Aspectos processuais da Lei do CADE. Aspectos processuais do Estatuto de Idoso. ......................... 198 
17B. Títulos executivos judiciais e extrajudiciais. ..................................................................................... 201 
17C. Tutela jurisdicional dos direitos e interesses coletivos, difusos e individuais homogêneos. Teoria geral 
do processo coletivo. Liquidação e cumprimento de ações coletivas. ...................................................... 202 
18A. O Ministério Público no processo civil. ............................................................................................ 205 
18B. Saneamento e organização do processo .......................................................................................... 208 
3 
 
18C. Competência interna: classificação, divisão e modificação. Competência internacional. Homologação 
de sentença estrangeira. Carta rogatória. Tratados e convenções para cumprimento de decisões 
estrangeiras no Brasil. ............................................................................................................................. 212 
19A. Estabilidades processuais: regimes e efeitos. Coisa julgada. Preclusões. Estabilidade da sentença que 
extingue o processo sem julgamento de mérito e da decisão de saneamento e organização do processo.
 ............................................................................................................................................................... 216 
19B. Procedimentos das ações coletivas. Competência para ações coletivas. Coisa julgada e litispendência 
em ações coletivas. As relações entre os instrumentos de tutela coletiva e os incidentes para resolução de 
casos repetitivos. .................................................................................................................................... 219 
19C. Julgamento unipessoal dos recursos pelo relator: pressupostos e limites. ....................................... 223 
20A. Tutela específica dos direitos difusos e coletivos. Procedimento da ação civil pública e da ação 
coletiva para direitos individuais homogêneos ........................................................................................ 224 
20B. Agravo ............................................................................................................................................ 229 
20C. Cumprimento de sentença que reconheça obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública. 
Execução fiscal. ....................................................................................................................................... 230 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1A. Jurisdição: órgãos, princípios e limites. A jurisdição no Estado de Direito. 
 
Sidney Smith 
Obra consultada: Curso de Processo Civil, de Marinoni, Arenhart e Mitidiero, volumes 1 e 2. 
 
Jurisdição: Se a jurisdição é manifestação do poder do Estado, é evidente que ela terá diferentes objetivos, 
conforme seja o tipo de Estado e sua finalidade essencial.1 A jurisdição, em outras palavras, encarnará fins 
sociais, políticos e propriamente jurídicos, conforme a essência do Estado cujo poder deva manifestar. Se o 
Estado brasileiro está obrigado, segundo a própria Constituição Federal, a construir uma sociedade livre, justa 
e solidária, a erradicar a pobreza e a marginalização e a reduzir as desigualdades sociais e regionais e ainda a 
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação (art. 3.º da CF), os fins da jurisdição devem refletir essas ideias. Assim, a jurisdição, ao aplicar 
uma norma ou fazê-la produzir efeitos concretos, afirma a norma de direito material, a qual deve traduzir – 
pois deve estar de acordo com os fins do Estado – as normas constitucionais que revelam suas preocupações 
básicas. Ademais, como o Estado brasileiro tem como regime político a democracia representativa, com 
temperos de princípios e institutos de participação direta dos cidadãos no poder de decisão do governo2 
(democracia participativa – por exemplo, o referendo, art. 14, da CF), e existem mecanismos que viabilizam 
essa participação direta por meio do processo jurisdicional, é necessário incentivar o seu uso. A participação 
do cidadão via ação popular (art. 5.º, LXXIII, da CF, e lei 4.717/1965), por meio da qual é possível apontar desvio 
na gestão do bem comum, assim como a participação através dos legitimados à ação de inconstitucionalidade 
(art. 103, da CF) e às ações coletivas (art. 82, do CDC) e ainda mediante a participação em determinados 
processos judiciais como amicus curiae (art. 138), configuram participação no processo decisório do Estado. 
Nesse sentido, vê-se que a participação popular não fica limitada ao momento em que, nas chamadas 
“eleições”, escolhe-se um representante para governar (democracia representativa). A participação, além de 
poder ocorrer através das referidas ações no processo decisório governamental, pode dar-se na administração 
da justiça, com a presença de, por exemplo, juízes leigos nos Juizados Especiais Cíveis. A presença de leigos na 
administração da justiça, com efeito, representa participação direta no Estado. Órgãos: O certo é que o Estado 
para exercer a função jurisdicional precisa de vários juízes, juízos e tribunais, principalmente em um país com 
a dimensão territorial do Brasil, pelo que, para que a “justiça” possa ser ordenada e efetivamente exercida, é 
necessário que os vários casos conflitivos concretos sejam classificados e agrupados de acordo com pontos que 
têm em comum, que os processos que a eles servem de instrumento têm em comum ou que as pessoas que 
neles estão envolvidas possuem em comum, organizando-se a função jurisdicional na medida dos casos que 
forem agrupados. Fala-se, assim, nas justiças trabalhista (arts. 111 a 116), eleitoral (arts. 118 a 121), militar 
(arts. 122 a 124), e nas justiças federal (arts. 106 a 110) e estadual (arts. 125 e 126). O que não é da competência 
das justiças especializadas trabalhista, eleitoral e militar é da competência, por exclusão, da justiça comum. 
Dentro da chamada justiça comum, também por critério de exclusão, o que não for da competência da justiça 
federal (arts. 108 e 109) é da competência da justiça estadual. A Constituição Federal, após tratar das justiças 
especializadas trabalhista (arts. 111 a 116), eleitoral (arts. 118 a 121), militar (arts. 122 a 124) e da justiça 
federal comum (arts. 106 a 110), afirma em seu art. 125, caput, que “os Estados organizarão sua Justiça”, 
observados os princípios estabelecidos por ela própria, isto é, pela Constituição Federal. As denominadas 
“justiças”, de acordo com a Constituição Federal, as Constituições dos Estados e as leis de organização judiciária, 
possuem vários órgãos jurisdicionais. A Constituição Federal também define o Supremo Tribunal Federal (arts. 
101 a 103) e o Superior Tribunal de Justiça (arts. 104 e 105). A competência do Supremo Tribunal Federal e do 
Superior Tribunal de Justiça estádisciplinada, respectivamente, nos arts. 102 e 105 da CF. No que diz respeito 
à competência originária desses tribunais, é oportuno observar que a Constituição, ao atribuir-lhes 
competência originária, subtrai certas causas de todas as “justiças”: é por isso que essas duas Cortes Supremas 
são considerados órgãos de superposição, uma vez que não pertencem a nenhuma das “justiças”. De lado as 
hipóteses de competência originária desses tribunais (arts. 102, I, e 105, I, da CF), é importante chamar a 
atenção para os casos em que tais órgãos julgam mediante recurso. Afirma o art. 102, II, da CF, que compete 
ao Supremo Tribunal Federal “julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o 
habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória 
a decisão; b) o crime político”. O mesmo artigo, em seu inciso III, diz ser da competência do Supremo Tribunal 
Federal “julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a 
decisão recorrida: a)contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou 
lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei 
5 
 
local contestada em face de lei federal”. Por sua vez, estabelece o art. 105, II e III, da mesma Constituição, que 
“compete ao Superior Tribunal de Justiça (...) julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em 
única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal 
e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando 
denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de 
um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País”, bem como “julgar, em recurso 
especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos 
Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei 
federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a 
lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”. Como se vê, o Supremo Tribunal 
Federal pode julgar, mediante recurso extraordinário, em face de decisão de qualquer “justiça”. Por sua vez, o 
Superior Tribunal de Justiça, não considerada sua competência para julgar, em recurso ordinário, as causas em 
que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, pessoa domiciliada 
ou residente no País (art. 105, II, c, da CF), apenas pode julgar, mediante recurso especial, as causas decididas 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Limites: 
Por razões de efetividade da decisão, o direito nacional discrimina as causas que podem ser julgadas no 
território brasileiro, tendo em vista a possibilidade de dar concreta e real efetivação à decisão tomada. Nesse 
sentido, e seguindo a prática adotada por outros países, o Código de Processo Civil enumera as causas que 
serão julgadas pelo Poder Judiciário brasileiro, seja exclusivamente (art. 23), em que a soberania nacional só 
admite a decisão tomada pela jurisdição nacional, seja concorrentemente (arts. 21 e 22), casos em que a 
jurisdição nacional concorre com outras, salvo expressa exclusão negocial da jurisdição brasileira em negócios 
transnacionais (art. 25). Portanto, há causas que podem ser submetidas à jurisdição nacional ou a outra 
qualquer. Todavia, outras demandas somente serão validamente decididas, na ótica do direito brasileiro, se 
julgadas por autoridade nacional. Da jurisdição nacional concorrente tratam os arts. 21 e 22, estabelecendo 
que podem ser conhecidas pela jurisdição nacional as causas em que: “I – o réu, qualquer que seja a sua 
nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III – o fundamento 
seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil” (art. 21) e ainda as causas “I – de alimentos, quando: a) o credor 
tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de 
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II – decorrentes de relações de consumo, 
quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III – em que as partes, expressa ou tacitamente, 
se submeterem à jurisdição nacional” (art. 22). No caso de jurisdição nacional concorrente, a decisão proferida 
em outro país pode ter validade e eficácia no território nacional, desde que seja devidamente homologada 
pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, alínea i, da CF). A mera propositura de demanda perante tribunal 
estrangeiro a respeito de causa que poderia, por jurisdição concorrente, ser conhecida pela jurisdição 
brasileira, contudo, não induz litispendência, nem impede que a autoridade brasileira conheça da mesma causa 
e das que lhe forem conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos 
bilaterais em vigor no Brasil (art. 24). Simetricamente, a pendência de causa perante a jurisdição brasileira não 
impede a homologação de sentença judicial estrangeira, quando essa for exigida para produção de efeitos da 
decisão no Brasil (art. 24, parágrafo único). Refere o Código, ainda, que é possível excluir a jurisdição nacional 
nos casos em que, em “contrato internacional”, houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro 
devidamente arguido na contestação (art. 25). Obviamente, a cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro 
só é eficaz em se tratando de jurisdição concorrente, sendo ineficaz nos casos em que o direito brasileiro só 
reconhece à jurisdição brasileira o poder de julgar (jurisdição exclusiva, art. 23). Também parece claro que a 
alusão a contrato internacional, na verdade, tem por objetivo permitir a exclusão da jurisdição nacional nos 
casos em que há cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro previsto em contratos transnacionais, isto é, 
contratos que envolvem pessoas ou sociedades situadas em diferentes jurisdições. É nesse sentido que deve 
ser lida a alusão à internacionalidade. A jurisdição no Estado de Direito: Ainda são sustentadas, depois de 
aproximadamente cem anos, as teorias de que a jurisdição tem a função de atuar a vontade concreta da lei – 
atribuída a Chiovenda – e de que o juiz cria a norma individual para o caso concreto, relacionada com a tese da 
“justa composição da lide” – formulada por Carnelutti. E isso após a própria concepção de direito ter sido 
completamente transformada. A lei, que na época do Estado legislativo valia em razão da autoridade que a 
proclamava, independentemente da sua correlação com os princípios de justiça, não existe mais. A lei, como é 
sabido, perdeu o seu posto de supremacia e hoje é subordinada à Constituição. Agora é amarrada 
substancialmente aos direitos positivados na Constituição e, por isso, já constitui slogan dizer que as leis devem 
6 
 
estar em conformidade com os direitos fundamentais, contrariando o que antes acontecia, quando os direitos 
fundamentais dependiam da lei. A assunção do Estado constitucional deu novo conteúdo ao princípio da 
legalidade. Em primeiro lugar, esse evidenciou a necessidade de o direito ser trabalhado como um problema 
que demanda para a sua solução um empreendimento de colaboração entre o legislador, o juiz e a doutrina. 
Em segundo lugar, esse princípio incorporou o qualificativo “substancial” para evidenciar que exige a 
conformação da lei com a Constituição e, especialmente, com os direitos fundamentais. Não se pense, porém, 
que o princípio da legalidade simplesmente sofreu umdesenvolvimento, trocando-se a lei pelas normas 
constitucionais, ou expressa apenas uma mera “continuação” do princípio da legalidade formal, característico 
do Estado legislativo. Na verdade, o princípio da legalidade substancial significa uma “transformação” que afeta 
as próprias concepções de direito e de jurisdição e, assim, representa uma quebra de paradigma. Se as teorias 
da jurisdição constituem espelhos dos valores e das ideias das épocas e, assim, não podem ser ditas 
equivocadas – uma vez que isso seria um erro derivado de uma falsa compreensão de história –, certamente 
devem ser deixadas de lado quando não mais revelam a função exercida pelo juiz. Isso significa que as teorias 
de Chiovenda e Carnelutti, se não podem ser contestadas em sua lógica, certamente não têm – nem poderiam 
ter – mais relação alguma com a realidade do Estado contemporâneo. Por isso, são importantes apenas quando 
se faz uma abordagem crítica do direito atual, considerando-se a sua relação com os valores e concepções do 
instante em que foram construídas. Assim, antes de constituírem teorias capazes de dar lugar à compreensão 
do processo civil no Estado Constitucional, pertencem apenas à história da cultura jurídica processual civil. A 
transformação da concepção de direito fez surgir um positivismo crítico, que passou a desenvolver teorias 
destinadas a dar ao juiz a real possibilidade de afirmar o conteúdo da lei comprometido com a Constituição 
mediante adequada interpretação e idônea aplicação da ordem jurídica. Nessa linha podem ser mencionadas 
a teoria das normas, inclusive no que tange ao próprio conceito de norma e à incorporação da teorização dos 
princípios e dos postulados normativos em seu âmbito, as teorias dos direitos fundamentais, a técnica da 
interpretação de acordo, as novas técnicas de controle da constitucionalidade – que conferem ao juiz uma 
função em grande medida “produtiva”, e não mais apenas de declaração de inconstitucionalidade – e a própria 
possibilidade de controle da inconstitucionalidade por omissão no caso concreto. Ora, é pouco mais do que 
evidente que isso tudo fez surgir outro modelo de jurisdição, sendo apenas necessário, agora, que o direito 
processual civil se dê conta disso e proponha um conceito de jurisdição que seja capaz de abarcar a nova 
realidade que se criou. 
 
1B. Procedimento comum e procedimentos especiais. Adaptação e flexibilidade negocial ou judicial do 
procedimento. 
 
Luciano Peixoto Metaxa Kladis 21/09/18 
 
I. Procedimento comum e procedimentos especiais 
 
A doutrina clássica sustenta que o processo é um conjunto de atos concatenados objetivando um fim 
específico. Logo, especificamente no que toca ao processo civil, o processo seria um conjunto de atos 
concatenados objetivando a prestação da tutela jurisdicional. E o procedimento, por sua vez, se relacionaria 
com a forma em que os atos processuais estão organizados. Para Fredie Didier, processo e procedimento se 
diferenciam da seguinte forma: normas de processo são normas gerais e procedimento são normas especificas. 
Assim, para o autor, processo seria norma geral de procedimento. 
Em relação ao processo de conhecimento, o procedimento comum é previsto nos art. 318 e seguintes e o 
procedimento especial é disciplinado nos art. 539 e seguintes, todos do CPC/15. 
Por sua vez, o processo de execução também possui a previsão de procedimento comum (cumprimento de 
sentença, execução de títulos executivos extrajudiciais que envolvam obrigação de fazer/não fazer, pagar ou 
dar coisa) e de procedimento especial (execução fiscal, execução de alimentos, execução contra a Fazenda 
Pública). 
 Luiz Guilherme Bittencourt Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart ressaltam que nos casos em que há exercício de 
jurisdição diante de litígios entre as partes – jurisdição contenciosa – a tutela jurisdicional pode ser prestada 
mediante procedimento comum ou mediante 14 procedimentos especiais diversos1. Se comparado com o 
 
1 Ação de consignação em pagamento, ação de exigir contas, ações possessórias, ação de divisão e da demarcação de 
terras particulares, ação de dissolução parcial de sociedade, inventário e partilha, embargos de terceiro, oposição, 
7 
 
CPC/73, o Código deixou de bipartir o procedimento comum em ordinário e sumário – atualmente o 
procedimento comum é apenas um só. 
Ademais, o NCPC não prevê mais como procedimento especial de jurisdição contenciosa as ações de depósito 
(que foram "desprocedimentalizadas" e consistem em hipótese que comporta tutela de evidência - art. 311, 
III); de anulação e substituição de título ao portador e de usucapião (prevendo apenas a imposição da citação 
por editais nestes feitos, que passaram a ser de rito comum - art. 259); além da nunciação de obra nova e 
venda a crédito com reserva de domínio. 
Por fim, o NCPC ainda estabelece procedimentos especiais de jurisdição voluntária, tais como: a notificação e 
a interpelação; a alienação judicial; o divórcio e a separação consensuais, a extinção consensual de união 
estável e a alteração do regime de bens do matrimônio; os testamentos e os codicilos; e a herança jacente. 
Deve-se atentar que, diferentemente do CPC/1973, o CPC/2015 não determina a intervenção do representante 
do Ministério público em todas as causas de jurisdição voluntária, mas apenas naquelas em que houver incapaz 
ou interesse público. 
Oportuno ressaltar que o Princípio da Adequação Procedimental possui espacial relevância no que toca aos 
procedimentos especiais, na medida em que impõe ao legislador criar procedimentos próprios e específicos 
para tutelar adequadamente as diversas pretensões, adequando os ritos (o instrumental) às particularidades 
da causa. Ademais, autores como Galeno Lacerda e Fredie Didier apontam três perspectivas: adequação 
objetiva (o processo deve ser adequado ao direito material discutido), adequação subjetiva (o processo deve 
ser adequado às partes que integram a relação processual. Ex: Intervenção do Parquet nas causas em que haja 
incapazes) e adequação teleológica. 
Além do mais, oportuno ressaltar que aplica-se subsidiariamente do procedimento geral do procedimento 
comum aos procedimentos especiais. 
Em um primeiro momento, coube ao legislador prescrever procedimentos adequados às situações postas. 
Contudo, o magistrado também se tornou capaz de adequar o procedimento às particularidades do caso 
concreto (art. 139, inciso VI). Quando o juiz faz, isso tem recebido o nome de princípio da adaptabilidade, é 
uma dimensão jurisdicional do princípio da adequação. 
 
II. Adaptação e flexibilidade negocial ou judicial do procedimento. 
 
Ainda em relação princípio da adaptabilidade (este princípio se refere a atuação do magistrado ou atuação das 
partes), ressalta-se sua dimensão negocial, a qual permite que as partes alterem o procedimento de acordo 
com as particularidades do caso concreto (já que elas são as verdadeiras destinatárias da atividade jurisdicional 
e são as mais interessadas e quem mais têm conhecimento do caso concreto). Assim sendo, deve ser concedido 
a elas a possibilidade de flexibilização procedimental. Até mesmo o CPC/73 já previa a possibilidade de 
negócios jurídicos processuais (v.g: inversão do ônus da prova de maneira negocial e estabelecimento de 
cláusula de eleição de foro). Contudo, o CPC/15 passou a prever no art. 190 verdadeira cláusula geral de 
negócios processuais. 
Deve-se atentar, contudo, que até pouco tempo subsistiam vozes no sentido de que o instituto do negócio 
jurídico processual não existe no ordenamento jurídico brasileiro. (Ex: Cândido Rangel Dinamarco). Ocorre que 
após a entrada em vigor do CPC/15, o debate acerca da existência ou não dos negócios jurídicos processuais 
perdeu fôlego, já que este autoriza que as partes celebrem acordos processuais. 
Fredie Didier entende que o autorregramento decorre diretamente do direito à liberdade. Sua conformação 
no processo civil permite a solução do conflitopelo sistema multiportas (mediação, conciliação ou arbitragem), 
ou mesmo convencionar a forma em que a jurisdição será exercida. 
Nesse contexto, o autorregamento englobaria as convenções processuais, tanto as típicas quanto as atípicas. 
Assim, para Leonardo Cunha “Há no Código, uma valorização do consenso e uma preocupação em criar no 
âmbito do Judiciário um espaço não apenas de julgamento, mas de resolução de conflitos.” 
 
Apesar da crescente ampliação dos acordos processuais, entendem Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz 
Arenhart e Daniel Mitidiero que os acordos processuais não poderão ter por objeto os poderes do juiz ou a 
renúncia de direitos fundamentais, assim como não serão válidos acordos irrevogáveis ou aqueles que 
importem renúncias sem benefício correlato proporcional. 
 
habilitação, ações de família, ação monitória, homologação de penhor legal, regulação de avaria grossa, restauração de 
autos. 
8 
 
Ademais, referidos autores ponderam que a tendência da privatização ou contratualização do processo (em 
que se direciona o centro das suas preocupações resolução do litígio e, particularmente, no interesse das 
partes envolvidas) pode reduzir a função jurisdicional à mera solução da controvérsia das partes. Argumentam 
que “a privatização do processo civil simplesmente desconsidera todos os outros compromissos da jurisdição 
com seus mais elevados fins. Ao eleger a tutela do interesse das partes como primordial, o Código menospreza 
todos os outros valores que conformam o Estado e a atividade jurisdicional. Assim, é necessário perceber que 
as concessões dadas pelo Estado em favor da vontade dos litigantes não pode ser tomada como uma permissão 
geral, para que elas ditem aquilo que o Estado deve ou não fazer de modo mais amplo. Se há espaço para que 
as partes optem por soluções consensuais e se, eventualmente, é admitido que as partes disponham de alguns 
momentos do processo, daí não decorre a conclusão de que então todo ato de disposição deve ser admitido. 
Lembre -se de que mesmo países tradicionalmente ligados ao adversarial system, em que se exaltam os 
poderes de disposição processual das partes, diante das injustiças que esse sistema é capaz de produzir, 
optaram por outorgar maiores poderes de condução do processo ao juiz (case management). 
Em conta disso, é preciso tomar com cautela a tendência à contratualização do processo civil, a fim de que 
esse não se converta em mero instrumento privado de solução de litígios. O ideal, portanto, é que se possa 
prestigiar a autonomia das partes sem negar ao processo sua função de tutela dos direitos na dimensão da 
Constituição.” 
 
1C. Execução de títulos extrajudiciais: conceito, espécies, pressupostos, partes, competência e procedimento. 
 
Nathalia Di Santo 
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil [livro eletrônico]: tutela dos direitos mediante 
procedimentos diferenciados. v. 3. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. p. 34 – 68. 
 
Por vezes, o legislador empresta eficácia executiva a certos documentos, permitindo que os seus titulares 
possam acessar a via executiva sem se submeterem ao processo de conhecimento. Em regra, a posse desses 
documentos indica a existência do direito à prestação. Assim, os títulos executivos extrajudiciais nada mais são 
do que atos ou documentos que invocam certa “probabilidade da existência do direito”, representam boa dose 
de verossimilhança acerca da existência dos fatos constitutivos do direito. 
O art. 784, do CPC, apresenta o rol de títulos executivos extrajudiciais, o qual não é exaustivo, encontrando-se 
outros títulos em leis extravagantes, conforme prevê o inc. XII (“todos os demais títulos aos quais, por 
disposição expressa, a lei atribuir força executiva”). Ex. TAC (art. 5º, § 6º, da Lei 7.347/1985) e contrato escrito 
de honorários advocatícios (art. 24 da Lei 8.906/1994). Assim, não se cria título executivo extrajudicial a não 
ser por lei, não se admitindo a interpretação extensiva ou analógica do rol positivado. Pode-se questionar 
sobre a possibilidade de criação de título executivo por meio de “negócios processuais”, com base no art. 190, 
do CPC. A discussão tem mais interesse teórico do que prático, na medida em que o código prevê, como título 
executivo extrajudicial, qualquer documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas ou o 
documento público assinado pelo devedor (art. 784, incs. II e III). Porém, poder-se-ia cogitar da outorga de 
força executiva a documentos particulares que não contivessem tais requisitos. A exceção permanece não 
fugindo à regra: de um lado, porque seria questionável a natureza “processual” desse acordo; de outro, porque 
ainda que se considerasse como “processual” esse acordo, ele teria respaldo legal no art. 190, do CPC. Por 
outro lado, têm validade no território nacional os títulos extrajudiciais produzidos no estrangeiro, 
independentemente de homologação pelo Poder Judiciário brasileiro, desde que satisfaçam os requisitos de 
formação exigidos pela lei do país de origem e indiquem o Brasil como o lugar do cumprimento da obrigação 
(art. 784, §§ 2º e 3º, do CPC). Ressalte-se que existência de título executivo extrajudicial não impede a parte 
de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial (art. 785, CPC). 
Pressupostos: a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida 
e exigível (art. 783, CPC). 
Partes: arts. 778 e 779, CPC. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título 
executivo. Podem, ainda, promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente 
originário: I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do 
credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; III - o 
cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; IV - o sub-
rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. A sucessão acima prevista independe de 
consentimento do executado. A execução pode ser promovida contra: I - o devedor, reconhecido como tal no 
título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor que assumiu, 
9 
 
com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; IV - o fiador do débito constante 
em título extrajudicial; V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; 
VI - o responsável tributário, assim definido em lei. 
Competência: via de regra, a demanda executiva será proposta “no foro de domicílio do executado, de eleição 
constante no título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos” (art. 781, I) ou ainda no “foro do lugar em 
que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o 
executado” (art. 781, V). Havendo vários devedores ou possuindo o devedor vários domicílios, a execução 
poderá ser proposta em qualquer desses domicílios a critério do exequente. Sendo incerto o domicílio do 
executado, faculta-se o ajuizamento da execução no domicílio do exequente. Regra especial foi prevista para 
a execução de títulos da Fazenda Pública (execução fiscal), caso em que a demanda deve ser “proposta no foro 
de domicílio do réu, no de sua residência ou no lugar onde for encontrado” (art. 46, § 5º). Em todos os casos, 
trata-se de competência territorial e, portanto, relativa. 
Procedimento: É necessária a formação de um processo – até então inexistente – com a convocação formal 
do executado para participar, ao qual se ofereça ampla oportunidade de defesa, já que não houve o crivo 
judicial anterior a deliberar sobre a existência do direito demandado. A defesa do executado, na execução de 
títulos extrajudiciais, não se faz mediante simples impugnação, oferecidano seio do procedimento executivo. 
Ela se realiza por meio da propositura de novo processo (embargos à execução), que veiculará uma ação de 
conhecimento autônoma e incidente ao processo de execução, que objetiva discutir aspectos da execução, do 
título e do próprio crédito demandado, onde as matérias alegáveis não são restritas pela lei, como acontece 
com a impugnação. Este processo de conhecimento incidente ao de execução é, portanto, de cognição plena 
e exauriente. Permite a discussão de qualquer tema (vinculado, obviamente, ao direito postulado na execução) 
e sua sentença é apta a tornar-se imutável pela coisa julgada. Há, assim, visível distinção entre a execução 
fundada em condenação e a execução fundada em título extrajudicial. Nesta, confere-se ao devedor a 
possibilidade de discutir a causa do crédito, ao passo que naquela apenas são deferidas defesas que não 
poderiam ser opostas na fase de conhecimento. Na execução de títulos extrajudiciais, opera o legislador com 
técnicas de “sanção premiativa” (arts. 827, §1º e 916, CPC), recompensando o devedor que cumpre com a 
obrigação. Já na execução da sentença condenatória, trabalha-se com outro tipo de sanção, isto é, com uma 
sanção punitiva (art. 523,§1º, CPC). Os títulos executivos que podem circular – especialmente os títulos de 
crédito, arrolados no inc. I do art. 784, que normalmente são dotados dos atributos de autonomia e 
circularidade – devem ser exibidos no original para ensejarem a execução. Quanto aos demais títulos, podem 
ser apresentados em cópia, sujeitando-se à impugnação por falsidade. É necessário indicar na petição inicial o 
nome e a qualificação das partes, bem como a existência da obrigação referida no título e o inadimplemento 
(mora) havido. O pedido imediato será sempre o mesmo: a execução. No demonstrativo de débito, é 
obrigatório que o credor indique o índice de correção monetária e a taxa de juros de mora utilizados, os termos 
inicial e final de incidência de tais índices, a periodicidade de capitalização dos juros, quando cabível, e o 
desconto obrigatório realizado, também quando for o caso (art. 798, parágrafo único). Também será 
necessário indicar o valor da causa (art. 319, V). Eventualmente, o pedido do exequente poderá indicar a 
espécie de execução desejada, quando a lei disciplinar mais de um modo para a satisfação do credor (art. 798, 
II, a, do CPC). Se o título executivo previr obrigações alternativas, cabendo a escolha ao credor, deverá ele 
realizar essa eleição já na petição inicial (art. 800, § 2º). O exequente pode formular pedido de tutela 
antecipada de urgência no bojo da própria execução (art. 799, VIII). Sempre que possível, deve o credor, ainda, 
apresentar a relação dos bens que podem ser penhorados (art. 798, II, c, do CPC). Também na petição inicial 
da execução deve o exequente indicar se pretende ou não sujeitar a realização de seu crédito à conciliação ou 
à mediação (nos termos do art. 319, VII), não havendo razão para afastar-se essa exigência também do rito 
executivo. Admitido o processamento da demanda, faculta-se ao exequente realizar a averbação da 
propositura dessa demanda em registro público, a fim de evitar eventual fraude à execução (arts. 799, IX e 
844), bem como requerer ao juiz a inclusão do nome do executado em cadastro de inadimplentes. Havendo o 
pagamento, garantida a execução ou extinto o processo por qualquer razão, deve-se providenciar o 
cancelamento imediato da inscrição (art. 828, §§ 2º e 5º). Estando em ordem a petição inicial, determinará o 
juiz a citação do executado. Caso contrário, verificando o juiz que essa petição está incompleta ou que lhe 
faltam os documentos indispensáveis, como já dito, será o exequente intimado a corrigir o defeito no prazo 
de quinze dias, sob pena de indeferimento da petição inicial (art. 801). Recebida a petição inicial e determinada 
a citação do executado, ter-se-á por interrompida a prescrição, ainda quando ordenada por juiz incompetente. 
Tal como sucede no processo de conhecimento, no processo de execução admite-se a cumulação de diversas 
ações executivas. É corrente o entendimento de não existir litisconsórcio necessário na execução, todavia, 
10 
 
pode haver situações em que, por imposição legal, devam litigar conjuntamente (no polo passivo em especial) 
mais de uma pessoa. O que não se admite, na execução, é o litisconsórcio unitário, já que este processo não 
tem por objetivo uma decisão, não se cogitando de uma decisão uniforme para todos os litisconsortes. 
Espécies (peculiaridades). I. Execução por quantia certa fundada em título extrajudicial: a execução de títulos 
judiciais que impõem pagamento de soma emprega regime de atipicidade dos meios executivos. Já a 
efetivação de títulos extrajudiciais se dá por um modelo típico, com procedimento estritamente regrado pelo 
Código. Estando em ordem a petição inicial, será recebida pelo juiz, que deverá fixar os honorários de 
sucumbência a serem pagos pelo executado, no importe de dez por cento, determinando a sua citação para 
pagar o valor da dívida no prazo de três dias, advertindo-o de que, em caso de integral pagamento neste prazo, 
o valor dos honorários inicialmente fixados serão devidos pela metade (arts. 827 e 829, do CPC). Havendo mais 
de um executado, o prazo será autônomo para cada um deles, contando-se, então, a partir da juntada aos 
autos do respectivo mandado de citação, salvo no caso de cônjuges ou companheiros, quando o prazo de 
ambos será contado a partir da juntada aos autos do último mandado citatório (art. 915, § 1º, do CPC). Embora 
o código atual não seja tão explícito quanto o anterior, não se aceita, no processo de execução, a citação por 
correio. Nos casos de citação ficta – por edital ou com hora certa – se o devedor não comparecer no prazo que 
a lei lhe concede, deverá o juiz nomear curador especial (art. 72, II, do CPC). Realizada a citação, correrá então 
o prazo de três dias para que o devedor realize o pagamento do débito. Não havendo manifestação oportuna 
do requerido neste período, o arresto, efetivado por oficial de justiça, será convertido em penhora, 
independentemente de novo termo, seguindo-se a execução em seus ulteriores trâmites (art. 830 do CPC). A 
lei autoriza o devedor a, no prazo de quinze dias, reconhecer a existência do crédito demandado pelo credor, 
depositando de pronto o equivalente a trinta por cento do valor executado (aí incluídas as custas e honorários 
advocatícios), postulando o pagamento do restante da dívida em até seis parcelas mensais, acrescidas de juros 
de um por cento ao mês e correção monetária (art. 916, caput, do CPC). Desse pedido será o exequente 
intimado para manifestar-se (por isonomia, também no prazo de quinze dias, embora a lei não o especifique). 
Caso o pedido seja aceito pelo juiz, poderá o credor levantar imediatamente a quantia depositada – e, 
posteriormente, as parcelas que mais tarde forem depositadas (art. 916, §§ 2º e 3º) – suspendendo-se a 
execução até a quitação da dívida. Negado o pedido, manter-se-á o depósito de trinta por cento realizado (que 
será convertido em penhora), seguindo-se os atos executivos (art. 916, § 4º). A decisão do magistrado que 
examina o pedido de parcelamento, admitindo-o ou não, comporta agravo de instrumento (art. 1.015, 
parágrafo único, do CPC). A opção pelo parcelamento implica renúncia ao direito de apresentar embargos à 
execução (art. 916, §6º, CPC). Ao invés desse pedido de parcelamento, também poderá o executado, no prazo 
de quinze dias, opor-se à execução por meio de embargos à execução. O executado também poderá defender-
se por meio das chamadas exceções de pré-executividade. Não efetuado o pagamento do débito em três dias, 
o processo segue para a penhora, feita pelo oficial de justiça sobre os bens que localizar ou que lhe forem 
indicados pelo exequente. Poderá, ainda, o juiz determinar, a qualquer tempo, que o executado indique seus 
bens penhoráveis. O procedimento da penhora, assim como o da avaliação e o daexpropriação de bens, 
seguirá o regime examinado utilizado na execução dos títulos judiciais, variando apenas a reação do executado, 
que aqui se dá por processo autônomo (embargos do executado). II. Execução de prestações de fazer, não 
fazer e entregar coisa fundada em títulos extrajudiciais: recebida a inicial, o juiz deverá fixar, de imediato, o 
valor dos honorários advocatícios a serem pagos pelo executado, para o caso de pronto adimplemento da 
prestação e da multa periódica, como forma de induzir o devedor ao cumprimento imediato da obrigação (arts. 
806, § 1º e 814 do CPC), salvo se o exequente, expressamente, tiver formulado pedido na inicial de que a 
execução se processe sem a multa coercitiva. Não satisfeita a prestação no prazo estipulado e diante do 
insucesso da multa coercitiva ou do seu não emprego: a) tratando-se de prestação de fazer infungível: há 
conversão em perdas e danos (arts. 816, in fine, e 821, parágrafo único, do CPC e 247 do CC); b) no caso de 
prestação de fazer fungível: realização da prestação por terceiro ou a sua conversão em perdas e danos; c) 
prestação de não fazer: o CPC não oferece remédio específico para as prestações de não fazer previstas em 
títulos extrajudiciais. O regime disciplinado nos arts. 822 e 823 trata da “efetivação” das obrigações de 
desfazer, que não se confundem com as obrigações de não fazer. A única técnica executiva capaz de permitir 
a execução das obrigações de não fazer é a multa coercitiva prevista no art. 814 do CPC; d) prestações de 
entrega de coisa certa (arts. 806 a 810: o devedor será citado para, em 15 dias, satisfazer a obrigação; o juiz 
poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento) e incerta (art. 811: o executado será citado para entregá-
la individualizada, se lhe couber a escolha). III. Execução contra a Fazenda Pública fundada em título 
extrajudicial: discutia-se a possibilidade de a execução contra a Fazenda Pública poder fundar-se em títulos 
extrajudiciais. O tema foi pacificado a partir da edição da Súmula 279 do STJ, que reconheceu a viabilidade de 
11 
 
sujeitar a Fazenda Pública a processos de execução fundados em tais títulos. O tema é tratado no art. 910 do 
CPC, o qual prevê um prazo diferenciado, de 30 dias, para a defesa (embargos à execução) da Fazenda Pública 
e a imposição da forma constitucional de realização de créditos a serem exigidos do Poder Público (art. 100 da 
CF), seguindo, no mais, o procedimento da execução tradicional. Essa modalidade própria de execução só se 
aplica para prestações pecuniárias. Por isso, as prestações de fazer, não fazer e entregar coisa, devidas pela 
Fazenda Pública, sujeitam-se à forma comum de execução. IV. Execução de prestação alimentícia fundada em 
título extrajudicial: em termos procedimentais, a execução de alimentos fundada em título extrajudicial se 
assemelha à da efetivação de sentença que impõe esse tipo de prestação, dela diferindo apenas pela 
necessidade de formação de um novo processo. 
 
2A. Ação: conceito e natureza jurídica. Direito de ação na perspectiva constitucional. Direito à adequada tutela 
jurisdicional. Legitimidade e interesse processual. 
 
Daniel Medeiros Santos 
 
I) Ação: conceito e natureza jurídica 
 
 Ação é termo plurívoco na Ciência do Direito Processual. Costuma ser utilizado para se referir ao direito 
de ação, ao procedimento, à demanda e, enfim, ao direito afirmado em juízo. 
 
 Direito de ação é o direito fundamental composto por um conjunto de situações jurídicas, que 
garantem ao seu titular o poder de acessar os tribunais e exigir deles uma tutela jurisdicional adequada, 
tempestiva e efetiva. 
 
 Já a ação é um ato jurídico. Trata-se do exercício do direito de ação – por isso, pode ser chamado 
também de ação exercida. A ação também é conhecida como demanda (termo preferível, para evitar 
incompreensões). Trata-se de ato jurídico importantíssimo, pois, além de ser o fato gerador do processo, 
define o objeto litigioso, fixando os limites da atividade jurisdicional. O conceito de “elementos de ação” toma 
por base a ação enquanto ato jurídico, de onde são extraídos o pedido, a causa de pedir e as partes, elementos 
absolutamente importantes para a análise de diversos institutos jurídicos, como, i.e., a litispendência, a coisa 
julgada, a conexão e a congruência. 
 
 Não se pode confundir, ainda, o direito de ação com o direito que se afirma ter quando se exercita o 
direito de ação. O direito afirmado pode ser designado como direito material deduzido em juízo ou a ação 
material processualizada. Direito de ação e direito afirmado são distintos e autônomos: o direito de ação não 
pressupõe a titularidade do direito afirmado. 
 
 Por último, dentro da ideia de procedimento, a ação é seu primeiro ato, instaurando-o. O direito de 
ação confere ao seu titular o direito a um procedimento adequado, para bem tutelar o direito afirmado na 
demanda. 
 
 Adentrando em específico à análise do direito de ação, temos que se trata, como qualquer direito, de 
uma situação jurídica. Esta situação jurídica possui um conteúdo complexo: trata-se de direito composto por 
uma infinidade de situações jurídicas. A ação é exercida, portanto, dinamicamente. 
 Como exemplos dessas situações jurídicas, temos o direito de provocar a atividade jurisdicional e o 
direito à escolha do procedimento. Após o exercício do direito de provocar a jurisdição, por sua vez, surge o 
direito à tutela jurisdicional, com os subsequentes direito a um procedimento adequado, direito à prova e o 
direito de recorrer, como corolários do direito de ação. 
 A visualização do conteúdo complexo do direito de ação é um dos grandes avanços da ciência jurídica 
processual contemporânea. Identificando o conteúdo complexo do direito de ação, é possível conhecer os 
limites da atuação do legislador infraconstitucional. Limitações ao direito de ação podem existir, como sempre 
em tema de direito fundamental, mas é preciso que tais limitações tenham justificação razoável, sob pena de 
inconstitucionalidade. 
 
II) Direito de ação na perspectiva constitucional. Direito à adequada tutela jurisdicional 
12 
 
 
 O art. 5º, inciso XXXV, da CRFB/88, dispõe que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito”. Traz, portanto, o que se conhece como inafastabilidade da tutela jurisdicional, 
reconhecendo o direito de ação em sua perspectiva constitucional. 
 Sob esta perspectiva, o direito de ação não se vincula à efetiva procedência do quanto alegado; ele 
existe independentemente da circunstância de ter o autor razão naquilo que pleiteia; é direito abstrato. O 
direito à decisão judicial tout court. 
 Dessa forma, o direito de ação cobre a multifuncionalidade dos direitos fundamentais, ou seja, pode 
ser utilizado conforme as necessidades funcionais dos direitos fundamentais (Arenhart). É que os direitos 
fundamentais materiais dependem, em termos de efetividade, do direito de ação. Este direito aparece, 
portanto, sempre que o Estado proíbe a tutela privada ou o uso da força privada para a realização e a proteção 
de direitos. A partir daí, o Estado assume o monopólio da solução dos conflitos e da tutela dos direitos e, por 
consequência lógica, dá ao privado o direito de acudir a ele. 
 Por essa razão, o direito de ação, além de ser abstrato e independente da efetiva existência do direito 
material afirmado em juízo, também é atípico, no sentido de que se liga indistintamente a toda e qualquer 
situação jurídica digna de tutela jurisdicional. 
 
 O direito fundamental de ação incide sobre o Estado, ou seja, sobre o juiz, o legislador e o 
administrador. Em vista dele, o administrador tem o dever de dotar o Judiciário de orçamento que lhe permita 
estruturar a administração da justiça adequadamente. O legislador deve estabelecer uma organização 
adequada e técnicas processuais idôneas à concretização dos multifacetados direitos fundamentais, que 
permitam ao cidadão exercer a ação de maneira efetiva. O seu maior obrigado, de toda sorte,é o juiz, que tem 
o dever de prestar a adequada tutela jurisdicional aos direitos. 
 
 Sublinhe-se que, quando se fala em dever de prestar a tutela jurisdicional adequada, 
não se está pensando, como antes o faziam as teorias clássicas sobre a ação, em simples resposta 
jurisdicional. Direito à tutela jurisdicional adequada, do ponto de vista do autor, é o direito ao uso das 
técnicas processuais idôneas à obtenção da tutela que lhe foi conferida pelo direito material. A ação, quando 
interligada às técnicas processuais, permite que se fale em ação adequada. 
 Por essa razão, a ausência de determinada técnica processual para a tutela de direitos constitui, a um 
só tempo, violação do direito fundamental de ação e obstáculo à atuação da jurisdição. Portanto, para que o 
cidadão possa efetivamente exercer o direito de ação e para que a jurisdição não se apresente destituída dos 
meios necessários para atuar, não há como negar ao juiz a possibilidade de suprir a ausência de lei que 
inviabilize a efetiva tutela jurisdicional do direito (Arenhart). 
 
 Entendendo que a tutela jurisdicional deve ser adequada para a tutela dos direitos, temos que o 
processo tem de ser capaz de promover a realização do direito material. Isso revela a necessidade de análise 
do direito material posto em causa para, a partir daí, estruturar-se um processo dotado de técnicas processuais 
aderentes à situação levada a juízo. A igualdade material entre as pessoas só pode ser alcançada na medida 
em que se possibilite tutela jurisdicional diferenciada aos direitos (Arenhart). 
 Por essa razão, não é possível ao Estado, i.e., proibir a prestação de tutela antecipatória 
indiscriminadamente. É ínsito ao Poder Judiciário o poder de antecipar a tutela jurisdicional. As restrições à 
tutela antecipatória (i.e., contra a Fazenda Pública) são vistas, sob esta de ordem de ideias, como 
inconstitucionais para significativa parcela doutrinária (Arenhart, Marinoni, Mitidiero). 
 
 Outra perspectiva do direito à tutela jurisdicional adequada é a adequação da técnica executiva, que 
se mostra imprescindível para prestação da tutela efetiva. A efetiva atuabilidade da tutela do direito depende 
da previsão de técnicas executivas idôneas. Nesse particular, o direito processual civil brasileiro conta com 
um sistema praticamente atípico, com a ressalva da execução contra a Fazenda Pública, que conta com a 
sistemática dos precatórios como técnica típica. 
 Para a prestação de tutela jurisdicional efetiva, se mostra imprescindível a fiel identificação da tutela 
do direito pretendida pela parte. É preciso olhar para o direito material a fim de saber-se qual a situação 
substancial que se pretende proteger judicialmente. Durante muito tempo foi suficiente pensar em tutelas 
repressivas contra o dano para prestar tutela jurisdicional. Ocorre que o aparecimento de novos direitos, 
marcados em geral pela ideia de inviolabilidade, obrigou o Estado a reconhecer o direito à tutela inibitória, 
13 
 
capaz de impedir a prática, a continuação ou a reiteração de um ilícito. Um Estado realmente preocupado com 
a integridade de sua ordem jurídica tem o dever de viabilizar tutela inibitória à parte que é dela carecedora. 
 
 Ademais, não é possível ignorar que não basta um único tipo de procedimento para todas as situações 
de direito material. Dessa forma, o autor tem o direito ao procedimento adequado à situação de direito 
substancial carente de proteção. 
 
 Concluindo, podemos dizer que a norma constitucional que afirma que a lei não excluirá da apreciação 
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, da CRFB/88) significa, de uma só vez, que: (i) o 
autor tem o direito de afirmar lesão ou ameaça a direito; (ii) o autor tem o direito de ver essa afirmação 
apreciada pelo juiz quando presentes os requisitos para apreciação do mérito; (iii) o autor tem o direito de 
pedir a apreciação dessa afirmação, ainda que um desses requisitos esteja ausente; (iv) o autor tem direito à 
técnica antecipatória; (v) as partes têm direito à adequada distribuição do ônus da prova; (vi) o autor tem o 
direito à sentença e ao meio executivo capaz de dar plena efetividade à tutela jurisdicional do direito; e (vii) o 
autor tem o direito ao procedimento adequado à situação de direito substancial carente de proteção. 
 
III) Legitimidade e interesse processual 
 
 Sob a égide do CPC de 1973, se falava em “condições da ação” como uma categoria criada pela TGP, 
com o propósito de identificar uma determinada espécie de questão submetida à cognição judicial. Uma 
condição da ação seria uma questão relacionada a um dos elementos da ação (partes, pedido e causa de pedir), 
que estaria em uma zona intermediária entre as questões de mérito e as questões de admissibilidade. À época, 
havia três condições da ação: possibilidade jurídica do pedido, legitimidade ad causam e interesse de agir. 
Seriam um círculo concêntrico intermediário entre o externo, correspondente às questões puramente formais, 
e o interior, representativo do mérito da causa. 
 Essa categoria fora desenvolvida a partir das lições de Enrico Tullio Liebman, sendo amplamente aceita 
e difundida pela doutrina brasileira. 
 
 O CPC de 2015 não mais menciona a categoria “condições da ação”. O inciso VI do art. 485 autoriza a 
extinção do processo sem resolução de mérito pela ausência de “legitimidade ou de interesse processual”. 
Não mais se menciona, portanto, a possibilidade jurídica do pedido como hipótese que leva a uma decisão de 
inadmissibilidade do processo. 
 
 Isso leva a uma cisão doutrinária acerca do tema. Uma primeira corrente entende que a categoria 
“condições da ação” se mantém em nosso sistema jurídico, a exemplo de Alexandre Freitas Câmara. Uma outra 
corrente, ao revés, entende que não há mais razão para o uso do conceito “condições da ação”, a exemplo de 
Fredie Didier. 
 
 De toda maneira, há alguns pontos que merecem ser ressaltados com o advento do CPC de 2015. 
 
 O primeiro deles se relaciona ao silêncio do CPC/2015 quanto à possibilidade jurídica do pedido. As 
críticas à possibilidade jurídica do pedido como condição da ação são antigas e conhecidas, tendo encontrado 
eco no novo Código. Dessa forma, para significativa parcela doutrinária a ausência de possibilidade jurídica do 
pedido constitui-se em situação atípica de improcedência liminar do pedido. 
 
 Como já dito, para a doutrina que adota este entendimento, não mais deve ser utilizada a terminologia 
“condições da ação”, pela ausência do único motivo que lastreava a sua utilização: a menção legal. Vale repisar, 
somente por amor ao debate, que ainda remanesce, em nossa dogmática, doutrina sustentando a 
permanência das condições da ação no direito processual civil. 
 
 In fine, também para a doutrina que adota o segundo entendimento, a legitimidade ad causam e o 
interesse processual passam a ser analisados quando da análise dos pressupostos processuais, compondo a 
análise geral das questões de admissibilidade. 
 
14 
 
 Expostas estas questões gerais, impede seja feita sucinta análise sobre os referidos institutos. A 
legitimação para agir impõe que haja vínculo entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada, que 
lhes autorize a gerir o processo em que esta situação será discutida. É a chamada “pertinência subjetiva da 
ação”. É qualidade aferida, portanto, à luz do objeto litigioso, tomando como parâmetro a relação jurídica 
substancial deduzida. 
 A principal classificação atinente à legitimação é a que a subdivide em legitimação ordinária e 
legitimação extraordinária. Há legitimação ordinária quando houver correspondência entre a situação 
legitimante e as situações submetidas à apreciação do juiz – legitimado ordinário, portanto, é aquele que 
defende em juízo interesse próprio. Há legitimação extraordinária quando não houver correspondência total 
entre a situação legitimante e as situações jurídicas submetidas à apreciação do órgão julgador – legitimado 
extraordinário é aqueleque defende em nome próprio interesse de outro sujeito de direito. 
 Há corrente doutrinária que separa os conceitos de substituição processual e legitimação 
extraordinária, mas a corrente ora dominante é aquela que vê as expressões como sinônimas (i.e., Fredie 
Didier). Oportuno ressaltar que uma das características mais relevantes da legitimação extraordinária é a que 
deriva da flexibilização do art. 506 do CPC: a coisa julgada porventura surgida em processo conduzido por 
legitimado extraordinário estenderá os seus efeitos ao substituído. 
 Tendo o exposto em vista, a ausência de legitimação extraordinária não leva à resolução do mérito da 
causa, tratando-se de uma análise puramente do direito de condução do processo. No tocante à ausência de 
legitimação ordinária, a doutrina se divide: majoritariamente, ainda se entende que a ausência de legitimação 
ordinária levaria a uma extinção sem resolução de mérito; só que, paulatinamente, vem crescendo a posição 
que defende haver, in casu, verdadeira situação de improcedência do pedido veiculado pela parte ilegítima – 
neste sentido, Fredie Didier. 
 
 O interesse de agir, por sua vez, é requisito processual que se subdivide em duas dimensões: 
necessidade e utilidade. Haverá utilidade sempre que o processo puder propiciar ao demandante o resultado 
favorável pretendido; sempre que o processo puder resultar em algum proveito ao demandante. Haverá 
necessidade sempre que a jurisdição for a única ou última forma de solução de determinado conflito. Para 
certa parcela doutrinária, também deve se analisar o chamado interesse-adequação (Dinamarco), ou seja, se 
o pedido formulado pelo autor é apto a resolver o conflito de interesses apresentado na petição inicial. 
Todavia, para significativa parcela doutrinária a adequação não é vista como integrante do interesse 
processual, sendo uma questão de pura forma (Barbosa Moreira, Didier). 
 No tocante às chamadas ações constitutivas necessárias, que são aquelas em que se afirma um direito 
que somente pode ser realizado em juízo, o exame do interesse-necessidade é dispensável, pois está in re ipsa, 
havendo presunção absoluta da necessidade de ir a juízo. 
 Cumpre observar, in fine, que o legislador brasileiro admite haver interesse-utilidade na pretensão à 
simples declaração (ações meramente declaratórias), quando o que se busca é apenas a obtenção de certeza 
jurídica. O interesse de agir revela-se na existência de incerteza quanto à situação jurídica (ou à autenticidade 
do documento) que se busca declarar. 
 
 O § 3º do art. 485 do CPC autoriza o juiz a controlar, ex officio e enquanto durar a litispendência, a 
existência de legitimidade e de interesse de agir. 
 Objetivando separar a análise das condições da ação do mérito da causa, surgiu uma concepção 
doutrinária que propugnava que sua análise, como questões estranhas ao mérito da causa, ficasse restrita ao 
quanto afirmado pelo demandante. Essa análise seria feita à luz das afirmações do demandante contidas em 
sua postulação inicial (in statu assertionis). O que importa, portanto, é a afirmação do autor, e não a 
correspondência entre a afirmação e a realidade, que já seria problema de mérito. 
 Não se trataria de um juízo de cognição sumária (o que permitiria um reexame pelo magistrado, com 
base em cognição exauriente). O juízo definitivo sobre a existência desses requisitos far-se-ia nesse momento: 
se positivo, tudo o mais seria decisão de mérito, ressalvados fatos supervenientes que determinassem a perda 
do requisito. Chama-se de teoria da asserção ou da prospettazione. 
 A verificação do preenchimento desses requisitos dispensaria a produção de provas em juízo. Essa 
verificação seria feita apenas a partir da afirmação do demandante. Sob esta ótica, não seria preciso produzir 
uma perícia para averiguar se há ou não “interesse de agir” ou “legitimidade ad causam”. Se, tomadas as 
afirmações como verdadeiras, as condições da ação estivessem presentes, estaria decidida esta parte da 
15 
 
admissibilidade do processo; futura demonstração de que não há “legitimidade ad causam” seria problema de 
mérito. 
 
2B. Audiência de conciliação e mediação. Audiência de instrução e julgamento. 
 
Paulo Henrique Cardozo, setembro de 2018. 
Fonte: Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil (2016). 
Legislação básica: Código de Processo Civil, arts. 334 e 358 a 368. 
 
Audiência de conciliação e mediação. 
No procedimento comum ordinário do CPC/73, o réu era citado e intimado para apresentar resposta por 
escrito. No Novo CPC, não é necessariamente assim, pois o art. 334 cria uma audiência de conciliação ou de 
mediação, que poderá ser realizada até mesmo por meio eletrônico. O réu somente será citado e intimado 
para contestar, se o direito não admitir autocomposição. A audiência de conciliação ou de mediação será 
designada com antecedência mínima de 30 dias, devendo o réu ser comunicado com pelo menos 20 dias de 
antecedência. Esse último prazo deve ser atendido, sob pena de violação do contraditório. De todo modo, 
somente haverá nulidade se demonstrado o prejuízo. Há doutrina criticando o fato de o legislador não ter 
previsto prazo máximo para a designação do ato. 
Nos termos do art. 165 do CPC, os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, 
responsáveis pela realização da audiência. Não havendo a criação dos centros, caberá ao juiz realizá-la. O art. 
334, § 2º, prevê que poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação ou à mediação, caso isso se 
mostre necessário, o que é bom para os casos em que, embora haja uma aproximação entre as partes, não 
ocorra solução consensual no primeiro ato. O legislador estabeleceu, contudo, que as sessões devem 
acontecer num período máximo de 2 meses, o que não obsta as partes de suspenderem o processo (art. 313, 
II) para buscar a solução. 
O autor será intimado, na pessoa de seu advogado, acerca da audiência (art. 334, § 3º). O fato de o autor ter 
se manifestado contra a realização do ato na petição inicial não é suficiente a que não seja realizada, pois a 
dispensa dependerá de manifestação do réu no mesmo sentido. Há crítica doutrinária argumentando que o 
desejo de uma dar partes de não conciliar já deveria ser o bastante. O desinteresse do autor exposto na inicial 
independe de motivação. Se o autor não se manifestar, mas o réu expressar sua discordância, é prudente a 
intimação do primeiro para que fale sobre seu interesse. O desinteresse do réu deve ser indicado em petição 
apresentada com antecedência de 10 dias da audiência (art. 334, § 5º). Havendo litisconsórcio, o § 6º do art. 
334 dispõe que o desinteresse deve ser manifestado por todos os litisconsortes. 
Acerca da não realização da audiência em razão de o direito material não admitir autocomposição, foi bem o 
legislador ao não confundir o tema com os direitos indisponíveis. Isso porque mesmo esses admitem 
autocomposição, como ocorre na tutela coletiva ou nas ações em que se discutem alimentos. 
O § 8º do art. 334 estatui que a ausência injustificada de uma das partes é ato atentatório à dignidade da 
justiça, passível de multa de até 2% do valor da causa ou da vantagem econômica pretendida, cujo credor é a 
União ou o Estado. O § 9º prevê que as partes devem estar acompanhadas de seus advogados ou defensores; 
no entanto, não estabelece qualquer consequência do descumprimento da regra. Daniel Amorim entende 
tratar-se de mera faculdade, pois a autocomposição é ato da parte. Caso a parte não deseje comparecer 
pessoalmente, pode constituir representante, mediante procuração específica (§ 10). 
O conciliador ou mediador limitar-se-á a reduzir a termo a autocomposição, encaminhando ao juízo para 
homologação (§ 11). A pauta de audiências respeitará o intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de uma 
e o início da seguinte (§ 12). 
 
Audiência de instrução e julgamento. 
A audiência de instrução e julgamento é ato processual complexo, no qual são praticadas atividades pelojuiz, 
por serventuários da justiça, pelas partes, pelos advogados, por terceiros e por membros do MP. Realizam-se 
atividades preparatórias, conciliatórias, saneadoras, instrutórias, de discussão da causa e decisórias. Segundo 
o art. 368 do CPC, trata-se de sessão pública; no entanto, pode o juiz limitar o número de pessoas e determinar 
a retirada de quem se portar de modo inconveniente, ou mitigar a publicidade, nos casos de segredo de justiça. 
A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e áudio, podendo tal gravação ser realizada 
diretamente pelas partes. O juiz exercerá poder de polícia para manter a ordem e o decoro, valendo-se de 
força policial quando necessário. Deve, contudo, tratar com urbanidade todos os que participem do processo, 
bem como registrar em ata os requerimentos. 
16 
 
O direito pátrio adotava o sistema presidencial na condução da audiência, o que foi modificado pelo art. 456 
do CPC, ao prever que as perguntas sejam feitas diretamente pelo advogado das partes. Apesar da importância 
da audiência de instrução e julgamento, não se trata de ato indispensável. A audiência segue a seguinte ordem: 
abertura, pregão, tentativa de conciliação, fixação dos pontos controvertidos, esclarecimentos do perito e dos 
assistentes técnicos, depoimento pessoal, oitiva das testemunhas, debates orais e prolação de sentença. Os 
atos praticados por ambas as partes são sempre realizados primeiro pelo autor e depois pelo réu, embora a 
ordem possa ser alterada pelo juiz fundamentadamente. 
No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência. O pregão consiste na comunicação oral, de forma 
clara e em volume razoável, de que a audiência terá início, devendo as partes e os patronos ingressar na sala. 
Tentar-se-á a conciliação das partes, ainda que anteriormente isso já tenha sido feito. A intimação das partes 
para a audiência ocorre pelo patrono, sendo necessária a intimação pessoal em caso de haver depoimento da 
parte. Não há obrigação de comparecimento. Não obtida a conciliação, caberá ao juiz fixar os pontos 
controvertidos (malgrado não haja previsão no CPC/15). As provas serão produzidas, preferencialmente, na 
seguinte ordem (art. 361): perito e assistentes técnicos; depoimento pessoal do autor e do réu; oitiva das 
testemunhas do autor e do réu. Durante a produção da prova oral, advogados e MP não podem intervir sem 
licença do juiz. O juiz será o primeiro a inquirir o perito, seguido do advogado que pediu esclarecimentos e, 
por fim, do advogado do adversário. No caso do assistente técnico, após a arguição do juiz, ocorre a realizada 
pelo advogado da parte que o indicou, seguido do procurador da parte contrária. 
Tendo sido requerido pelas partes ou determinado de ofício, haverá a tomada do depoimento pessoal das 
partes. Após, ocorre a oitiva das testemunhas (os procedimentos são tratados no ponto “9.b”). Os debates 
orais são as alegações finais das partes; o prazo é de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; será de 30 minutos 
para litisconsortes (o tempo será dividido entre eles ou repartido igualmente em caso de não chegarem a um 
acordo). O juiz pode converter os debates orais em memoriais, quando a causa apresentar questões complexas 
de fato ou direito (o prazo é de 15 dias, contado sucessivamente para autor, réu e MP como fiscal da ordem 
jurídica). Caso o juiz converta as alegações orais em memoriais, sentenciará em cartório, intimando os 
procuradores pela imprensa oficial. Se os debates forem orais, o juiz pode proferir sentença em audiência, 
intimadas as partes no ato; no entanto, pode igualmente sentenciar em cartório dentro de 30 dias (prazo 
impróprio). 
O art. 365 prevê que a audiência de instrução é una e contínua, mas pode ser cindida excepcionalmente no 
caso de ausência de perito ou testemunha, havendo concordância das partes. A decisão deve ser 
fundamentada. Não sendo possível concluir a audiência no mesmo dia, o juiz marcará prosseguimento para a 
data mais próxima possível. A unidade da audiência significa que é somente uma audiência para todos os atos 
previstos, enquanto a continuidade da audiência significa que ela deve começar e terminar em uma assentada. 
Interrompida, não será designada uma nova, e sim o prosseguimento daquela em data próxima. Como 
consequência, não há novos atos preparatórios; havendo direito superveniente, aplicam-se à continuação as 
regras vigentes no início do ato; a nulidade da primeira sessão implica a da segunda; e a ausência do advogado 
na segunda sessão não permite a dispensa das provas requeridas por ele na primeira. 
A audiência pode ser adiada por acordo das partes; por ausência justificada de qualquer pessoa que dela deva 
participar; e por atraso no início por tempo superior a 30 minutos. Quem der causa ao adiamento responderá 
pelas despesas decorrentes. No caso de ausência do membro do MP, havendo motivo justificado, a audiência 
será adiada. No caso de não haver justificativa, há 3 correntes: 1ª) a presença do MP é indispensável, devendo 
ocorrer o adiamento em qualquer caso, sob pena de nulidade relativa; 2ª) a ausência do MP não determinará 
o adiamento; 3ª) se o MP for parte, a ausência injustificada não implicará o adiamento, enquanto se for fiscal 
da ordem jurídica o ato deverá ser adiado. 
Havendo ausência injustificada do perito, caberá sua condução coercitiva, o que implica adiamento. No 
tocante aos assistentes técnicos, apenas se adia a audiência se houver justo motivo. A ausência justificada da 
parte permite o adiamento, mas, se não houver motivo, será realizada normalmente. No tocante à 
testemunha, realizada a intimação e não comparecendo, cabível a condução coercitiva. Tendo a parte se 
comprometido a levá-la independentemente de intimação, é possível o adiamento se houver motivo justo 
para o não comparecimento; caso contrário, a ausência é entendida como desistência. 
A ausência justificada do advogado gera adiamento. Sendo injustificada, ainda, além de ocorrer a audiência, o 
juiz pode dispensar a prova requerida pelo advogado faltante. Segundo a doutrina, em se tratando de direito 
indisponível, o juiz deverá produzir a prova. O art. 362, § 1º, prevê que o impedimento deve ser comunicado 
com antecedência, o que só é razoável se não se tratar de algum imprevisto que gere extrema dificuldade ou 
17 
 
impossibilidade de cumprimento do prazo. A doutrina afirma, ainda, que o rol de hipóteses de adiamento é 
exemplificativo. 
Fonte: Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil (2016). 
Legislação básica: Código de Processo Civil, arts. 334 e 358 a 368. 
 
2C. Mandado de Injunção. Habeas data. Aspectos processuais do Estatuto da Criança e do Adolescente e do 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
 
Lilian Farias de Queiroz Pierre 
 
I. Mandado de Injunção 
Trata-se, juntamente com o mandado de segurança coletivo e o habeas data, de remédio constitucional 
introduzido pelo constituinte originário de 1988. (art. 5º, LXXI). Tem como requisitos: 1) Norma constitucional 
de eficácia limitada prescrevendo direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à cidadania; 2) Falta de norma regulamentadora tornando inviável o exercício de 
tais direitos (omissão do Poder Publico). Obs: Omissão total ou parcial (essa última novidade da Lei 
13.300/2016). 
Finalidade: Tornar viável o exercício dos direitos (direitos subjetivos). É controle concreto. Visa impugnar 
omissões inconstitucionais (controle incidental). 
Competência CR/88: STF (102, I, q, e II, a); STJ (105, I, h); TRE (121, §4º, V). Constituição Estadual pode atribuir 
competência a juízes estaduais ou ao TJ. 
Procedimento: O procedimento do mandado de injunção é disciplinado pela Lei nº 13.300/2016. Caso ela não 
preveja solução para alguma situação, o intérprete deverá aplicar, subsidiariamente, as regras contidas na Lei 
do Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009) e no novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015). A 
petição inicial deverá indicar,

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