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CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Ramon Alberto Cunha de Faria As adições e as exclusões são ajustes fiscais ao lucro líquido contábil, para determinar o lucro real. As adições e as exclusões podem ser permanentes ou temporárias, dependendo se o evento futuro afetará ou não a tributação da empresa. A finalidade desses ajustes é considerar despesas como não dedutíveis e receitas dedutíveis para fins de tributação do imposto de renda de pessoa jurí- dica (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Sua forma de controle é feita pelo livro de apuração do lucro real (LALUR), no qual a parte A controla as adições e as exclusões do período corrente, e a parte B, as adições e as exclusões temporárias, que acontecerão em decor- rência de eventos futuros e não afetarão a tributação do IRPJ e da CSLL; e o controle das compensações com prejuízos fiscais. A empresa que apurar um lucro contábil diferente do lucro tributável terá uma diferença nos resultados, pois a contabilidade obedece a um postulado e, nesse caso, o princípio da competência norteia os lançamentos contábeis, que para fins fiscais devem obedecer às legislações tributárias. As diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável são permanentes ou temporárias, em que as permanentes não afetarão o lucro tributável no período corrente; e as diferenças temporárias afetarão o lucro tributável em períodos posteriores. A provisão para contingência trabalhista é um exemplo de diferença tem- porária, na qual a decorrência de uma expectativa de perdas futuras sobre processos de cunho trabalhistas deverá ser adicionada ao lucro tributável no período de apuração corrente e, quando a provisão se realizar, por meio de uma sentença judicial determinando o valor correto da perda, terá de realizar o ajuste da exclusão da apuração do lucro tributável. Veja um exemplo de contabilização de uma provisão trabalhista para fins de cálculo do IRPJ e CSLL: Exemplo 1: Provisão para contingência R$ 30.000,00 IRPJ e CSLL diferidos (25% + 9% = 34%) = R$ 10.200,00 Débito: ativo fiscal diferido Crédito: provisão para IRPJ e CSLL _________ R$ 10.200,00 A alíquota de 25% de IRPJ considera os 15% de IRPJ, somando os 10% de adicional, com base na apuração do Lucro Real considerando os lucros acima de R$ 20.000,00 mensais ou R$ 240.000,00 anuais. Lembrando que a alíquota de CSLL é de 9%. De acordo com o parágrafo 47 do CPC32, que trata dos tributos sobre o lucro. Exemplo 2: Suponha que a empresa recebeu uma sentença do juiz, fazendo pagar o valor que já estava provisionado no valor de R$ 30.000,00. Débito: provisão para IRPJ e CSLL Crédito: ativo fiscal diferido ______________ R$ 10.200,00 Estamos lidando apenas com a tributação sobre o lucro, não nos impor- tando com o pagamento da provisão, visto que o lançamento contábil é de fácil visualização, em que se debita da conta provisão para contingência tra- balhista e credita-se na conta caixa. Você pode ver que, no lançamento contábil do exemplo 2, a provisão é apenas baixada, visto que o pagamento do processo foi realizado, e o crédito diferido foi utilizado apenas neste momento. Reservas são os recursos que a empresa destina em seu patrimônio para fins determinados. As contas de reservas que as separam são lançadas no pa- trimônio líquido. As fontes das reservas podem vir de diversas formas, por exemplo, pelo lucro líquido apurado no período pela empresa, pela reavaliação nos ativos da empresa e demais hipóteses. Há diversos tipos de reservas, como você verá a seguir: Reserva de lucros: são aquelas que a empresa extrai do lucro líquido apurado, representados pelas reservas legais, reservas estatuárias e re- servas livres. Reserva legal: são constituídas mediante obrigação imposta por lei, no caso a Lei nº 6.404/76 em seu artigo 193, que diz que 5% do lucro líquido do exercício, antes de qualquer destinação, deve constituir a reserva legal, valor este limitado em 20% do capita social. Reservas estatutárias: são recursos criados e destinados em virtude das disposições contidas nos estatutos das companhias de capital aberto, em que será indicada, de modo preciso, sua finalidade, a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados para esta reserva e também o limite máximo para a sua composição. Reservas livres: são reservas criadas livremente por meio de assembleia geral, por órgãos da administração com fins específicos para contas contingenciais, ou seja, para reparar futuros prejuízos que acontecerão. Reservas de capital: de acordo com o artigo 182 da Lei nº 6.404/76 esta- belecem que as contas que serão registradas em reservas de capital serão: a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor no- minal, e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital so- cial, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. A reavaliação é um critério de adoção do valor demarcado para bens reava- liados em substituição ao princípio do registro pelo valor original. O valor da reavaliação do ativo é a diferença entre o valor registrado na contabilidade e o valor do bem a preço de mercado, elaborado com base em laudo técnico realizado por, no mínimo, três peritos. Para que se entenda o critério de reavaliação é necessário que você com- preenda algumas definições: Custo – valor de aquisição de determinado ativo imobilizado registrado ou atribuído ao valor de mercado, para situação em que ocorra doações. Valor líquido contábil – montante registrado pelo registro contábil lí- quido na data de aquisição do bem, líquido e deduzidos dos valores de depreciação, amortização e ou exaustão e, também, deduzidos de possíveis ajustes do ativo ao seu valor recuperável. Valor de mercado – valor do bem ao qual a empresa, em determinada data, pretende liquida-lo e ache o valor correspondente aseu valor ori- ginal, ou seja, é um acréscimo ou decréscimo ao seu valor original, re- presentando seu valor de ativo perante ao mercado. A diferença desses ajustes é alocada como receita ou despesas futuras. A Lei 11.638/07 excluir qualquer menção sobre a reavaliação de ativos que estava na Lei 6.404/76, ficando vetado seu uso. Mas, somente serão feitas reavaliações em casos muito específicos e previstos em Lei. Ajustes de reavaliação Quando o laudo da reavaliação de ativo tangível ou imobilizado, comparados com os valores registrados pela contabilidade for inferior ou superior, a em-presa deverá obedecer alguns critérios de ajustes para mais ou para menos. No caso em que o valor do ativo após a reavaliação for inferior ao valor já registrado pela contabilidade e, caso não tenha saldo em reservas, a empresa deverá proceder a verificação da possibilidade da recuperação do valor do ativo, sem registrar seus efeitos negativos. Caso a empresa tenha saldo de reservas de reavaliação, deverá reconhecer os efeitos negativos da reavaliação nos termos da lei. Contabilização da conta de reservas de reavaliação A diferença negativa entre o valor da reavaliação e o valor líquido contábil dever ser incorporado ao ativo objeto da reavaliação, nunca à conta chamada reserva de reavaliação, que será destinada a evidenciar os ajustes de perdas no ativo intangível. Se a diferença for positiva entre o valor da reavaliação e o valor líquido contábil, este deverá ser lançado em uma conta chamada de re-ceitas não operacionais, desde que tenha registrado como despesa, uma perda decorrente da reavaliação de um mesmo ativo. A Lei 11.638/07 proibiu a elaboração de reavaliação por vontade própria das empresas e determinou que o saldo da conta de reservas de reavaliação fosse extinto na medida em que essas reservas fossem sendo concretizadas. A conta de reserva de reavaliação é considerada realizada na proporção que forem sendo liquidados os ativos, devendo ser os seus valores lançados como prejuízos acumulados ou lucros do exercício, sem transitar por contas de resultado, aumentando ou diminuindo o lucro. Terão efeitos meramente patrimoniais. Conteúdo: Página em branco
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