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Fundamentos Epistemológicos do Ensino Religioso (UniFatecie)

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Fundamentos 
Epistemológicos do 
Ensino Religioso
Professora Me. Bianca Martins Silva
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
S586f Silva, Bianca Martins da 
 Fundamentos epistemológicos do ensino religioso / Bianca 
 Martins da Silva. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 69 p.: il. Color. 
1. Epistemologia da religião. 2. Teologia – História. 
3. Religião – Filosofia. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de 
Educação a Distância. III Título.
CDD : 23 ed. 230 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTORA
Professora Me. Bianca Martins da Silva
● Mestre em Filosofia Medieval pela Universidade Estadual de Maringá (UEM);
● Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (UniCesumar);
● Especialista em Gestão Educacional pelo Centro de Ensino Superior
de Maringá (UniCesumar);
● Graduanda de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM);
● Professora Mediadora de Filosofia EAD - UniCesumar.
● Auxiliar de secretaria na Faculdade Maringá.
Experiência como professora formadora e conteudista na área de Filosofia e Teologia, 
mais especificamente em assuntos relacionados com a religião, fé e pensamento.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1360760754584718
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo (a)!
Prezado (a) aluno (a), meu convite a você é que possamos aprender juntos sobre a arte 
da fé e do ensino religioso. Destacamos que aqui buscaremos nos desenvolver enquanto 
indivíduos que promovem um conhecimento e propagação saudável dos temas 
concernentes à religião. Na unidade I começaremos a nossa jornada pelo professor de 
Ensino Religioso, a importânica da religião na nossa sociedade e como ela rege os nossos 
costumes desde séculos passados até então.
Esta noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade do livro, 
que versará sobre A Importância da História da Religião para a Formação Humana. 
Assim, trataremos os valores morais e religiosos como determinante para a formação da 
sociedade; A Moralidade e o cristianismo; Religião, liberdade e estado laico e A constituição 
brasileira, a fim de destacar definições teóricas acerca da religião, educação e ciências da 
religião.
Já na unidade III, vamos ampliar nossos conhecimentos sobre Educação no Século XXI, 
visando compreender como deve ser a relação entre a escola e a religião no que tange 
ao Ensino Religioso, além da importância do ensino de religiões diversas e respeito a 
todas elas. 
Depois, na unidades IV vamos abordar sobre algumas linhas pedagógicas que guiam nosso 
estudo e atuação enquanto professores.
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
O Professor de Ensino Religioso
UNIDADE II ................................................................................................... 20
A Importância da História da Religião para a Formação Humana
UNIDADE III .................................................................................................. 35
Educação no Século XXI
UNIDADE IV .................................................................................................. 49
O Professor de Ensino Religioso
3
Plano de Estudo:
● O homem em sociedade;
● A religião;
● Religião como ação social;
● A relevância da religião.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o homem em sociedade;
● Compreender a dinâmica religiosa na sociedade;
● Estabelecer a importância da religião e ação social.
UNIDADE I
O Professor de Ensino Religioso
Professora Me. Bianca Martins da Silva
4UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
INTRODUÇÃO
Conforme exposto e explicado em nossa apresentação acerca do tema que será 
tratado e aprofundado neste material, vamos buscar compreender a sociedade e o 
indivíduo e de que forma a religião se relaciona conosco. O que é importante entendermos 
é que há uma relação direta e cíclica da religião com a sociedade e da sociedade com a 
religião. 
Apesar de não analisarmos as peculiaridades desse processo profundamente, é 
imprescindível que não nos esqueçamos desta dinâmica que faz parte e alimenta essa 
relação entre o indivíduo e sociedade. Compreender a origem da religião, ainda que por 
um panorama geral, é algo que será observado e analisado nesta unidade, uma vez que 
este aspecto é de extrema importância para nosso conhecimento.
Desenvolver um estudo sobre religião considerando a realidade brasileira e suas 
crenças, converge nossa abordagem a um aspecto partidário, ou seja, em se tratando 
deste tema será necessário focarmos na principal religião considerando os aspectos 
culturais que nos influenciam até hoje, ou seja, a religião cristã. Desta forma, iremos 
descrever um breve histórico da religião cristã e seus principais conceitos e explicar o 
porquê ela nos afeta e como a mesma se manifesta na constituição individual e social 
brasileira. 
5UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
1. O HOMEM EM SOCIEDADE
Quando nos dispomos a falar sobre o homem consequentemente passamos
a analisar o ser humano e o colocamos em uma posição de destaque considerando 
toda a Natureza presente no mundo. Definido como um animal, o homem é dotado de um 
corpo vivo com a capacidade de perceber o mundo, fazer escolhas e expressar suas 
emoções, assim, ainda que o homem seja um animal, ele manifesta a vida de modo 
diferente dos outros animais chamados de irracionais, pois eles não podem sentir o valor 
objetivo de si mesmo e dos outros no conjunto dos seres, nem sobre seus próprios 
comportamentos e sobre o mundo. Desta forma, o homem é um animal que difere dos 
outros animais. (SAVIANI FILHO, 2016)
Esta concepção de colocar o homem enquanto um indivíduo participante da 
natureza, ainda que superior a ela, pode levá-lo a achar que por ser superior aos demais 
seres vivos os leva a acreditarem que realmente somos diferentes da Natureza e a 
tratamos como algo que está a nosso serviço ou contra nós. Portanto, não é à toa que a 
humanidade se questiona acerca de sua origem e propósito no mundo. 
6UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
REFLITA 
“Com efeito, os humanos revelam a possibilidade de encontrar maneiras novas de 
viver, baseados no seu sentimento do mundoe adaptando-se às situações de forma 
refletida e calculada, por um aprendizado e uma construção de sua diferença (razão e 
sentimento).”
Fonte: Savian Filho, 2016, p. 230.
Sobre essa capacidade do ser humano de sintetizar pensamentos e criar 
significados para as coisas do mundo, chamamos de razão. A racionalidade faz parte do 
indivíduo de modo inconsciente, por isso ao homem é comum o questionamento acerca 
da vida e de seu próprio propósito.
Embora a razão seja observada como um aspecto positivo da capacidade do 
indivíduo em se colocar no mundo, há um certo debate em torno da visão acerca da 
Natureza. Isto porque, a reflexão filosófica leva o homem a adotar a Natureza como algo 
separado de si mesmo, e não como algo que fazemos parte. De acordo com Saviani 
Filho (2016), quando afirmamos que ela é nossa morada, precisamos considerar que 
também “somos” Natureza, e não apenas “estamos” nela. O nosso modo de olhar para 
o mundo e para as coisas, influencia o nosso entendimento sobre o funcionamento do
mundo e de nós mesmos enquanto indivíduos.
Com o advento da modernidade, fomos impulsionados a olhar para o mundo 
considerando seu funcionamento de forma mecânica e independente. Nos 
condicionamos a olhar para o todo como uma máquina que está à disposição dos seres 
humanos. Foi com avanço da ciência, tecnologia e filosofia, que passamos a desenvolver 
um pensamento mecanicista, isto é, a tendência foi adotar uma visão acerca do 
funcionamento do mundo como se ele fosse um procedimento matemático, que permite-se 
prever sua conclusão assim como seu desenvolvimento e quando necessário, alterá-lo.
De acordo com Saviani (2016), no século XVIII, com a Revolução Industrial, “o 
modelo mecanicista se impôs definitivamente. O ser humano passava a ser entendido 
como o operador da grande máquina da Natureza, deslocando-se dela e encarando-a 
como uma grande reserva de materiais destinados às suas necessidades”. (SAVIANI, 
2016, p. 235).
Já no século XX, a sociedade passou a sofrer algumas consequências dessa visão 
mecanicista; o que inclusive foi discutido por alguns filósofos como por exemplo Martin 
Heidegger. Pois o próprio ser humano passou a se ver e ver os outros como “máquinas”, 
ou seja, agora não apenas a Natureza servia o homem, mas o homem passou a servir a si 
mesmo, sendo visto como mais uma ferramenta da produção de objetos de consumo.
7UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
SAIBA MAIS
Martin Heidegger (1889 - 1976) foi um filósofo, escritor e professor universitário 
alemão, reconhecido como uma das figuras mais importantes do pensamento no 
século XX. O enfoque de sua teoria traz uma reflexão acerca da ontologia do homem, 
que consiste no estudo do ‘ser’. Ele nos convida a observarmos nossos pensamentos 
porque, para ele, nossas racionalizações são conclusões de nossas práticas e 
vivências cotidianas.
Fonte: A autora (2021).
Convém abordarmos aqui sobre o aspecto de “cultura”. Acredita-se que o primeiro 
autor a utilizar o termo tenha sido o antropólogo inglês Edward Burnett Tylor (1832-1917), 
que descreveu a cultura como um conjunto dos conhecimentos, crenças, Direito, arte, 
moral, ou seja, os costumes e habilidades que o indivíduo adquiriu em sua vivência em 
determinada sociedade. Assim, é importante que ao abordar o homem, consideremos não 
apenas essa diferenciação que fazemos dele em relação aos outros seres da Natureza, 
mas também, de que o homem precisa sempre ser diferenciado de outro homem. 
Essa dinâmica que especifica a individualidade de cada ser humano, demonstra o 
quanto apesar de vivermos em uma sociedade que nos molda em como observamos o 
mundo, em como ‘ser’ no mundo; além dessa cultura, o indivíduo passa a escolher como 
vai viver e o que irá fazer, a partir dos primeiros ensinamentos e cultura na qual ele está 
inserido.
Quando estudamos a fundo a sociedade e o homem, observamos que desde os 
primórdios da história da humanidade, a religião estava presente. As primeiras 
sociedades gregas foram organizadas estruturalmente reconhecendo a existência de 
divindades que influenciavam a vida e os acontecimentos de seus cidadãos. Desta forma, 
vamos prosseguir nosso estudo buscando compreender o quanto a religião faz parte da 
composição de cada ser humano, já que ela permeia nossa cultura. 
8UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
2. A RELIGIÃO
Quando nos propomos a dissertar sobre a religião, é interessante que 
busquemos entender o porquê ela faz parte da nossa sociedade. Segundo Lactâncio, 
no séc. III e IV d.C., a palavra religião vem do latim, religare, que apresenta a ideia de 
religar, retornar, reconectar-se à uma divindade. Encontramos essa premissa também 
em Santo Agostinho (séc. IV d.C.), em sua obra De vera religione. “Para Lactâncio (Inst. 
Div., IV, 28) e S. Agostinho (Retract., I, 13) [...] essa palavra deriva de religare, e a 
propósito Lactâncio cita a expressão de Lucrécio ‘soltar a alma dos laços da R. 
[Religião]’” (ABBAGNANO, 2007, p. 847).
O homem, conforme abordado no tópico anterior, possui uma insatisfação e busca 
por um sentido da vida. No decorrer da história é comum observarmos essa busca por 
sentido, inclusive se olharmos para outras culturas e religiões. 
Em uma análise histórica, desde os primórdios da sociedade 
ocidental, principalmente na sociedade grega, vemos a religião como um pilar 
importante na organização social (JAE-GER, 1995). Em A República de Platão 
(1987), embora observamos a figuras de divindades, a sociedade também 
procurava se organizar considerando a cultura e o pensamento racional da época. Em 
Aristóteles, vemos que o desenvolvimento da teoria do conhecimento era paralela à 
existência cultural que era embasada pelos discursos religiosos pagãos. Durante a 
Idade Média é que a religião foi acolhida com um embasamento teórico sólido e que 
passou a ter um impacto social e cultural mais efetivo e, nesta época, a religião em 
ascendência era o cristianismo, que nos cerca ainda hoje. (JAEGER, 1995, p.19)
9UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
Ainda na Idade Média, podemos observar e entender o por que de nossa 
cultura englobar um viés religioso predominantemente cristão. A Igreja católica romana 
exercia grande influência na sociedade e durante séculos estava unida ao Estado. Após o 
cisma entre Igreja e Estado, a Igreja ainda exercia grande influência social, pois possuía o 
monopólio das literaturas e da própria Universidade. O ensino universitário naquela época 
estava atrelado ao fato de se dedicar à uma vida monástica e celibatária e, ainda que os 
monges tivessem acesso a grandes obras, algumas ainda lhe eram proibidas, como 
descreve o autor Umberto Eco em O nome da Rosa. Este cenário demonstra o quanto 
estes aspectos influenciam e muito na maneira como desenvolvemos nossa cultura e 
visão de mundo. Mesmo com o fato de existirem várias filosofias e religiões no 
mundo, nosso acesso direto hoje em dia está embasado nas oriundas de uma cultura 
ocidental, que majoritariamente é composta por uma influência cristã.
Após Santo Agostinho ter consolidado uma base filosófica para a religião através 
de suas obras, São Tomás de Aquino segue instituindo um pensamento religioso que 
dialoga argumentativamente com a razão. É ele quem desenvolve uma teologia e filosofia 
que propulsiona uma “comprovação” para a existência de Deus, ao postular na Suma 
de Teologia as suas cinco vias. Que são:
● Se existe uma substância que gera todas as outras, há uma causa material, e
essa causa é Deus.
● Existe um motor imóvel, ou seja, se tudo que existe é resultado das causas em
infinitas relações, essas causas devem ter uma origem, que é Deus.
● Há seres necessários e há aqueles que podem vir a ser; Deus é um ser
necessário e, sem ele, nada existe.
● Existem graus de perfeição nas criaturas, que são provenientes do nosso
Criador. Aqueles que mais se aproximam do sagrado são mais perfeitos, sendo
eles: anjos, sacerdotes, seres humanos, animais, etc.Até que se chegue na
perfeição, isto é, Deus.
● Se no mundo há uma ordem racional, uma lógica entre causa e efeito, essa
ordem é Deus.
REFLITA 
“Tomás de Aquino (1225–1274), conhecido como o príncipe da filosofia 
escolástica, buscou pensar essas causas formais unindo-as em relação à 
comprovação da existência de Deus. Para tanto, desenvolve cinco vias que a 
comprovariam, como você confere a seguir.”
Fonte: LOHR, 1993.
10UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
Segundo Lohr (1993), essas postulações de São Tomás contribuíram com 
a consolidação do cristianismo como religião oficial. O contexto político e religioso do 
século XVI e XVII com as Cruzadas, garantiu historicamente os fundamentos do 
cristianismo e da fé. Apesar do conflito dentro da própria religião católica que 
culminou na Reforma Protestante no século XVI, liderada por João Calvino e Martinho 
Lutero, o pensamento ainda era embasado no cristianismo. E o Renascimento acaba por 
ser o período em que o ser humano estende sua fronteira no que tange aos aspectos 
sociais, culturais e econômicos. Agora a formação humana considera a racionalidade 
como fator crucial no desenvolvimento do ser humano e a natureza passou a ser 
compreendida pela ciência, e não mais através do olhar a partir de uma divindade 
criadora.
Essa cosmovisão da sociedade pelo viés cristão pode ser observado nos relatos 
históricos que de acordo com o que Dionizio (2020) disserta, na Idade Média não há uma 
dicotomia entre o pensar e a vida em si, conforme em sua obra.
Na Idade Média, a religião fundamentava toda a vida social, ao ponto que 
o que conhecemos por ciências humanas só foi desenvolvido dentro dos
muros das igrejas e dos monastérios. A economia desse período era
não só organizada pela Igreja e pela Coroa, mas também as riquezas
produzidas eram destinadas a essas duas instituições. Em relação às
artes, sua produção também tinha finalidades religiosas, como
ornamentar, construir igrejas; retratar a nobreza e o clero. (DIONIZIO,
2020, p.16)
Então, podemos concluir que, a nossa cultura possui uma influência da religião 
muito acentuada nos vários aspectos da nossa sociedade. Com isso, mesmo 
que busquemos nos desvencilhar de vários aspectos religiosos, a moralidade 
defende pressupostos que encontramos também no cristianismo. Portanto, para 
entender como a religião se relaciona com o homem, precisa observar sua própria 
cultura, e no nosso caso, o cristianismo faz parte de toda essa gama como nos foi 
explicada acima.
11UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
3. RELIGIÃO COMO AÇÃO SOCIAL
Compreendermos a ação social como uma prática religiosa, não é algo novo. 
Especialmente no século XVI com a Reforma Protestante é que encontramos esse braço 
da religião que é a ação social. Como vimos anteriormente, nossa cultura é permeada 
pela religião cristã, e por conta disso, a Bíblia é considerada por muitos como um 
manual de fé e prática. Sendo assim, a moralidade acaba estando pautada em 
contextos bíblicos e religiosos, ainda que não seja declaradamente afirmado, pois como 
estudamos acima, a nossa cultura foi formada por fundamentos cristãos.
Desta forma, a ação social não constitui uma prática que pode ser cumprida ou não 
a depender da vontade do indivíduo. Na religião, a ação social é um fator 
indispensável, pois ela chega a atestar o caráter moral e religioso do indivíduo. Com João 
Calvino (2008), observamos a manifestação dessas ações no âmbito político. Sua 
crítica ao sistema religioso questionava a dicotomia entre a teoria e prática, isto é, a 
Igreja pregava e manifestava a importância de uma vida pia, das boas obras, da 
caridade etc; porém na prática, a própria Igreja disseminava essa distinção entre 
as pessoas preferindo e privilegiando a classe nobre em detrimento dos pobres. O 
acúmulo de riquezas pela Igreja tomou uma proporção tão exagerada que culminou na 
venda das indulgências.
12UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
Foi João Calvino (2008) e outros reformadores que implementaram inicialmente 
na Suíça o ensino estatal. Ou seja, ele defendia que a relevância da religião precisava 
honrar os mandamentos de Cristo de maneira prática, cuidando dos menos favorecidos 
e oferecendo uma vida digna. Estes pontos eram responsabilidade de todos, inclusive do 
Estado, por isso, transformações sociais como um sistema de saúde e escolas financiadas 
pelo governo foram criadas e implementadas neste período.
SAIBA MAIS
“Assim, as culturas desses novos territórios passam a ser vistas como primitivas ou 
exóticas e, com isso, ocorre a comparação entre as culturas — o modo de conquista se 
torna a imposição cultural e religiosa a esses povos. Do ponto de vista histórico e 
filosófico, as práticas já iniciadas ao fim da Idade Média e pelo movimento protestante 
se tornam um instrumento indispensável de trabalho: a tradução, a filologia, o 
detalhamento de tudo que pudesse contribuir à história e à reflexão sobre a religião.”
Fonte: LOHR, 1993.
Neste ínterim, entra em cena Martinho Lutero, manifestando sua crítica no âmbito 
teológico. Os apontamentos feitos por ele visam expor a incongruência que a Igreja 
apresentava entre sua teoria e prática. Enquanto estava em seu mestrado, o monge 
agostiniano estudava o Antigo Testamento quando ao ler o livro de Romanos se depara 
com o verso em que afirma que “o justo viverá da fé”. Apesar de questionar sobre a venda 
das indulgências, sua crítica exposta nas 95 teses publicada e anexada na porta da 
igreja em Wittenberg, abordavam outros dogmas adotados pela Igreja na época que, 
segundo o filósofo, eram contra o que estava escrito nas Sagradas Escrituras. (NICHOLS, 
2018)
As críticas à religião levantadas neste período de reforma causaram uma revolução 
social. Indiretamente, elas promoveram uma inclusão social já que a época privilegiava 
a nobreza em detrimento das demais classes sociais, conforme aborda Nichols (2018), 
ao relatar que a tradução da Bíblia feita por Lutero e denominada como a Vulgata, que 
não apenas traduzia as Escrituras mas expunha seu conteúdo em uma linguagem vulgar, 
isto é, que todos poderiam entender.
13UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
Em aspectos gerais, a religião promove ações sociais, pois principalmente a 
religião cristã, traz uma bagagem muito impactante no que abrange a equidade de 
todos os indivíduos na sociedade. De acordo com Nichols, (2018) discurso na narrativa 
bíblica levanta o pressuposto de que todos os indivíduos são iguais e dignos da 
redenção na pessoa de Jesus Cristo. Nas entrelinhas, isso dá margem para toda e 
qualquer ação que promova uma qualidade de vida melhor para todos os indivíduos da 
sociedade. 
14UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
4. A RELEVÂNCIA DA RELIGIÃO
A relevância de uma religião sempre está relacionada com os princípios e valores 
da própria religião em questão. Por exemplo, quando buscamos desempenhar um papel 
social baseado no budismo, isso será feito de acordo com os princípios e valores do 
budismo; se buscamos isso baseado na religião islâmica, novamente, isso irá ocorrer de 
acordo com os valores e princípios islâmicos, e assim sucessivamente.
Sendo assim, temos a figura 1 que demonstra os aspectos da visão, do 
pensamento e da fala representado pelos macaquinhos com a máscara. A religião, seja 
ela qual for, engloba como a vemos, como vemos sua divindade (quando houver) e 
também como vemos o mundo. Da maneira que vemos, produzimos reflexões em nossa 
mente, e assim, reproduzimos todos os fatores com a nossa fala. A relevância implica 
nesta relação.
Sabe-se que a religião cristã possui uma relevância histórica assim como 
estudamos ao longo da nossa vida. É claro que podemos observar também alguns 
pontos negativos. Entretanto, a religião propicia uma revolução política, tanto para o 
“bem”, quanto para o “mal”. Conforme mencionado, ela proporcionou níveis 
educacionais de equidade, promoção de uma políticade saúde a todos, livre acesso às 
Escrituras sem a intermediação de um pastor ou líder religioso; pelo menos, de acordo 
com a teoria, sabemos como deveria ser a prática.
15UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
Apesar disso, vemos o outro lado do poder político que a religião pode trazer. As 
Cruzadas revelam grandes atrocidades feitas em nome de Deus, foi pela maneira que os 
líderes religiosos da época queimaram os pagãos, é pela palavra de Deus que a mulher foi 
desvalorizada, e também, pelo nome de Deus e por um discurso religioso que Hitler chegou 
ao poder, de acordo com o que Rees (2018) relata em sua obra. O desfecho de muitos 
desses fatos, já conhecemos através do relato histórico. 
REFLITA 
“... a Revolução Industrial consolida diversas mudanças no campo social, político e 
econômico, visto que os meios de produção passam a ser tomados pelas máquinas, o 
que acaba por intensificar o racionalismo pregado pelo Iluminismo e pela corrente 
materialista — que a religião sucumbiria frente à evolução científica.” 
Fonte: Russell, 2004. 
Todavia, quando analisamos cada uma dessas situações nos fica claro o quanto 
uma religião tem papel e relevância em uma sociedade. Quando abordamos 
“sociedade”, isso nos permite pensar em um grupo de pessoas. Quando pensamos no 
coletivo, precisamos observar aquilo que é importante para todos, ou seja, os pontos em 
comuns que atingem um determinado grupo de pessoas. Em uma religião, cada pessoa 
com seus gostos e jeitos singulares focam naquilo que elas têm em comum. Assim, cria- 
-se uma massa capaz de lutar e produzir algum resultado em sua cultura. Isso quer
dizer que a religião exerce um papel político que muitas vezes nós não nos atentamos de
maneira consciente.
Considerando toda a bagagem histórica e religiosa que trazemos do cristianismo 
por exemplo, vemos a revolução que esta religião causou na sociedade contemporânea. 
Segundo Alves (1984), a partir do momento em que se tem uma religião em que a todos os 
indivíduos é propiciada a oportunidade da redenção, nesse caso a “salvação”, é também 
atribuído o fator de igualdade a todos os indivíduos, que são todos pecadores. Desta 
forma, somos chamados a transmitir esses atributos da religião e aplicarmos eles à nossa 
sociedade.
Ainda de acordo com o mesmo autor, o profissional de ensino religioso precisa 
entender e expor aos seus estudantes o fator democrático da religião. A tarefa do 
educador implica em se aperfeiçoar nas ferramentas de ensino e neste caso, das religiões 
vigentes na sociedade em que está inserido.
16UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando discutimos sobre as religiões vemos que este assunto compõem um 
campo denso e subjetivo das humanidades. Compreender os fatores que culminaram 
na religião tal como conhecemos hoje, implica em estudarmos a história, a sociologia, a 
filosofia e a psicologia. 
Optamos por nesta unidade delinear um panorama histórico geral da religião 
e os principais pontos que a permitiram ocupar o status que hoje ela possui. Além 
disso, investimos um tempo explicando sobre a constituição do pensamento racional do 
homem acerca do mundo e dele mesmo. 
Estes aspectos citados, fazem total diferença na formação do profissional de 
ensino religioso pois contempla a totalidade do indivíduo e instiga o professor a se 
capacitar nas mais diversas áreas do conhecimento para dialogar com os alunos de 
maneira excelente.
17UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
LEITURA COMPLEMENTAR 
Com base na proposta e no conteúdo apresentado nesta primeira unidade, 
observamos que o conhecimento geral sobre o homem, a educação e a religião são 
indispensáveis para a formação do professor de ensino religioso. Os fundamentos 
desta ciência estão interligados com a história do Brasil e com o funcionamento humano 
e social. 
Desta forma, buscamos neste primeiro momento recomendar ao estudante 
algumas literaturas e artigos que podem muni-lo desses fundamentos a fim de que ele 
possa ter um panorama do que implica ser um professor em pleno século XXI. 
Esperamos que estes direcionamentos facilitem a interpretação e carreira profissional 
dos aspirantes a “professores de ensino religoso”. 
Fonte:
NIETZSCHE, F. W. Umano tropo umano: Volume Primo. Frammenti Postumi (1876-1878) 
Versioni di Sossio Giametta e Mazzino Montinari. Milano, Adelphi Edizioni S.P.A, 1965.
NIETZSCHE, F. W. Epistolario 1875-1879 (Epistolario di Friedrich Nietzsche, vol. III). 
A cura di G. Campioni e Federico Gerratana, Adelphi, Milano, 1995.
NIETZSCHE, F. W. Digitale Kritische Gesamtausgabe - Digital version of the German 
critical edition of the complete works of Nietzsche edited by Giorgio Colli and Mazzino Montinari. 
Disponível em: http://www.nietzschesource.org/. Acesso em: 20 set. 2021.
NIETZSCHE, F. W. Humano Demasiado Humano I: um livro para espíritos livres. 
Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras: 2000.
NIETZSCHE, F. W. A Gaia Ciência. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
NIETZSCHE, F. W. Ecce Homo: como alguém se torna o que é? Trad. Paulo César de Souza. 
 São Paulo: Companhia das Letras: 2007.
NIETZSCHE, F. W. Al di là del bene e del male Nota introdutiva di Giorgio Colli e versione 
di Ferruccio Masini. Prima edizione digitale. Milano, Adelphi Edizioni S.P.A, 2015.
18UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: O nome da Rosa
Autor: Umberto Eco.
Editora: Record.
Sinopse: “Durante a última semana de novembro de 1327, em um 
mosteiro franciscano italiano, paira a suspeita de que os monges 
estejam cometendo heresias. O frei Guilherme de Baskerville é, 
então, enviado para investigar o caso, mas tem sua missão 
interrompida por excêntricos assassinatos. A morte, em 
circunstâncias insólitas, de sete monges em sete dias, conduz 
uma narrativa violenta, que atrai pelo humor, pela crueldade 
e pela sedução erótica. Não apenas uma história de 
investigação criminal, O nome da rosa, sucesso mundial desde 
sua publicação original, em 1980, é também uma extraordinária 
crônica sobre a Idade Média. Essa edição de luxo, revisada 
pela consagrada tradutora Ivone Benedetti, contém uma 
atualização da biografia de Umberto Eco, uma nota de revisão e 
um glossário com a tradução dos termos em latim utilizados pelo 
autor.”
FILME/VÍDEO 
Título: O nome da Rosa
Ano: 1986.
Sinopse: Um monge franciscano investiga uma série de 
assassinatos em um remoto mosteiro italiano. Isso provoca 
uma guerra ideológica entre os franciscanos e os dominicanos, 
enquanto o monge lentamente soluciona os misteriosos 
assassinatos.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=V_ei9HJac9M
19UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso
WEB 
Este canal disponibiliza aulas e discussões sobre a filosofia e a constituição 
do ser humano. Como se trata de um curso de licenciatura, ele possibilita a integração 
dos conteúdos epistemológicos com a educação e ensino. Desta forma, 
acreditamos que possa auxiliar a formação do profissional de ensino religioso, 
considerando a compreensão da cultura atual que o professor de religião precisa ter 
para conversar com todas as peculiari-dades de seus alunos.
Link do site: https://www.youtube.com/c/FilosofiaUnicesumar/about
20
Plano de Estudo:
● Os valores morais e religiosos como determinante para a formação da sociedade;
● A Moralidade e o cristianismo;
● Religião, liberdade e estado laico;
● A constituição brasileira.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a importância da religião na formação humana;
● Compreender os tipos de religiões presentes em nossa cultura;
● Estabelecer a importância da religião para a formação humana.
UNIDADE II
A Importância da História da Religião 
para a Formação Humana
Professora Me. Bianca Martins da Silva
21UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 21UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
INTRODUÇÃONesta unidade, vamos buscar aprofundar nossos conhecimentos sobre a relação 
entre a religião e a formação humana. Como já foi apresentado, a cultura ocidental possui 
influências das religiões, principalmente da religião cristã. 
Precisamos compreender que esses dois aspectos compõem a cultura social, e em 
outros pontos, podemos afirmar que a nossa cultura é religiosa. Desta forma, a elucidação 
e aplicação do ensino religioso é considerado importante para a construção do indivíduo.
Outro fator relevante que aponta para a religião cristã de modo indireto, é a 
moralidade. Quando estudamos os fundamentos epistemológicos da religião 
percebemos o quanto os ensinamentos encontrados na narrativa bíblica fazem parte do 
conceito de moral nesta era contemporânea. Desta forma, vamos buscar compreender 
como se dá essa dinâmica e o quanto ela influencia na formação do indivíduo.
22UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 22UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
1. OS VALORES MORAIS E RELIGIOSOS COMO DETERMINANTES PARA
A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE
Pensar no indivíduo e suas singularidades implica em uma compreensão sobre 
as facetas da cultura em que cada um está inserido. Quando abordamos sobre cultura, 
temos de considerar o aspecto geográfico e religioso. Conforme mencionamos, por 
estarmos inseridos dentro da cultura ocidental, vemos que os valores bíblicos estão 
impressos em nossa constituição enquanto sociedade e indivíduo.
Para além dos aspectos bíblicos, observamos o que a psicologia também tem 
a dizer sobre nossa formação. Com Vygotsky (1934) aprendemos que a construção do 
conhecimento nas pessoas se dá a partir de sua mais tenra infância e pela repetição dos 
atos a partir de sua volta. Todavia, não é apenas pelas ações que aprendemos pelo 
exemplo dos que estão à nossa volta, no caráter subjetivo, a cultura familiar possui uma 
influência primordial na composição de cada ser humano. É dentro de casa que 
aprendemos a enxergar quem somos e quem o outro é. A partir daí, isso irá conduzir a 
forma de pensamento que cada pessoa terá em sua vida.
Claro que não podemos afirmar categoricamente que essa cultura familiar poderá 
determinar a cultura e personalidade do indivíduo, entretanto, estes pontos são marcantes 
para todos, pois é dito que “o homem é produto do meio em que vive”. (MARX e ENGELS, 
1848). Sendo assim, a criação de cada pessoa influencia diretamente na forma de 
pensamento e vivência que cada um adota para si na sociedade.
23UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 23UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
O que queremos explicar aqui, é que a família irá contribuir com a maneira que a 
sociedade se manifesta e estipula os limites, isto é, os valores, o estabelecimento no 
senso comum do que é certo e do que é errado, do que é bom e do que é ruim, etc. Isso 
nos leva a outro ponto histórico que precisa ser pontuado porque é sabido que a religião 
cristã faz parte da construção da nossa sociedade brasileira.
Nos primórdios da colonização brasileira, há a proposta de catequização dos 
povos aqui existentes, além disso, vale ressaltar que a proeminência dos países que nos 
colonizaram, os espanhóis e portugueses, eram instituições católicas. Estes pontos 
embasam a concepção da sociedade brasileira desde os séculos passado até aqui no 
século XXI (DAURIGNAC, 2020). Embora existam outras religiões no Brasil, a própria 
legislação brasileira possui influência da religião cristã.
24UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 24UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
2. A MORALIDADE E O CRISTIANISMO
Existe uma ideia social que afirma que moralidade é uma coisa e o cristianismo é 
outra. Porém, ao estudarmos a origem da moralidade observamos que a grande maioria 
dos teóricos dessa linha de pensamento possuíam uma coisa em comum: a mesma 
religião. Ainda que a gente afirme que a sociedade na qual fazemos parte compõe um 
Estado laico, fora da constituição vemos que muitos dos aspectos morais são também 
religiosos.
Por exemplo, muitas pessoas na sociedade afirmam que é necessário preservar 
os valores da família. Mas o que seriam estes “valores da família”? Os valores familiares 
tendem a preencher alguns pré-requisitos como a formação de uma família 
heteronormativa, em que a mãe é a responsável pelas funções do lar, enquanto o pai é o 
responsável por prover financeiramente esse esquema. Não vamos aqui postular que 
toda familia por ser heteronormativa iria se enquadrar em todos estes pontos. Porém, essa 
composição familiar é um traço claramente herdado da religião.
Ao estudarmos a moralidade e sua origem encontramos o trabalho do filósofo 
Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) intitulado a Genealogia da moral. Ele realiza um ensaio 
sobre como e o porquê intitulamos práticas aceitáveis e outras inaceitáveis. Vale 
ressaltar que para ele o homem é por natureza cruel e deseja constantemente externalizar 
sua crueldade.
25UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 25UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
Ao analisar o início da trajetória humana, os indivíduos eram capazes de 
exercerem suas vontades sem se preocuparem com olhares de julgamentos e 
repreensões, pois praticavam aquilo que lhes davam vontade.
O pensamento deste filósofo a partir dessa obra citada acima, o coloca como o 
filósofo da moralidade, criticando aspectos morais que vão desde Sócrates e de 
ideologias judaico-cristãs. É possível observar inicialmente no prefácio do livro os 
questionamentos do filósofo sobre qual seria nossa ideia acerca do “bem” e do “mal”, e 
porque consideramos que o “bem” possui um valor superior ao do “mal”? Vale ressaltar 
que a crítica de Nietzsche (1887) sobre estes aspectos não partem de uma premissa 
transcendente, e nem de um ‘Deus que veio revelar ao homem’, princípios de como agir. 
Sua crítica à moralidade tange a oposição à ética cosmológica dos gregos como a ética 
dos medievais e ética racionalista dos modernos. O questionamento do filósofo visa 
investigar como surgiram estes conceitos na sociedade (NIETZSCHE, 1998).
É na segunda dissertação que o filósofo expõe como a transvaloração do bem fez 
com que os pobres fossem vistos como os bons, ou seja, por conta da “rebeldia” acerca 
da opressão sofrida pelos senhores. Essa transvaloração dos valores levou a sociedade a 
formular uma psicologia da consciência da moral, pois há a manifestação da má 
consciência e da culpa. A antiga e remota história da humanidade demonstra o quanto a 
crueldade faz parte da natureza humana. No tempo em que a humanidade não se 
envergonha da sua real natureza, eles eram mais felizes e pleno. Após essa constituição 
de uma concepção de moral, acaba sendo gerado um mundo interior. Isto é, a partir do 
momento em que a humanidade passa a ser regido pelos valores morais, conceito do que 
é certo e errado para medir suas ações, os indivíduos passam a internalizar sentimentos 
de culpa por conta de não permitirem que seus reais sentimentos sejam manifestados em 
suas ações que a partir da ótica da moral seriam cruéis.
Essa interiorização causa a má consciência. Consciência para ele é esse instinto 
que foi impedido de se exteriorizar. Essas barreiras estabelecidas pelas organizações 
sociais fazem com que toda essa repressão se volte contra os homens, gerando assim a 
pior das doenças, que é o homem que se guerreia contra seus próprios instintos. 
Sabemos que homem, naturalmente falando, é um animal feroz, quer para o interior ou 
para o exterior. 
Desta forma, as ideias de dívida, culpa, responsabilidade, e a capacidade de fazer 
promessas foram geradas a partir destes pressupostos históricos que levaram a 
sociedade a se organizarem considerando uma moral que estabelecesse antônimos a 
ideia de “bem”. Portanto, tudo aquilo que vai contra à moral, causam as ideias de dívidas,de culpa e necessidade de reparação aos demais indivíduos, ou seja, aqueles que foram 
feridos por nós. Por isso, a humanidade desenvolveu essa culpa e má consciência acerca 
de si mesmos.
26UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 26UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
Pela influência cristã que formulou nossa sociedade, pode ser observado o 
quanto anteriormente a própria constituição ainda adotava alguns aspectos sociais de 
cunho estritamente religioso, como por exemplo a condenação ao adultério, as relações 
homoafetivas, e várias outras que ao estudarmos a história podemos compreender. O 
cristianismo acaba sendo a religião oficial da sociedade brasileira, ainda que seja 
afirmado que o Estado é laico. Acerca deste ponto, vamos discutir agora neste próximo 
tópico.
27UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 27UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
3. RELIGIÃO, LIBERDADE E ESTADO LAICO
O profissional de ensino religioso deve estar ciente que exercer esta profissão no 
Brasil implica em compreender como ela se relaciona com a diversidade de pensamento 
religioso e político social. Assim, a construção do professor abrange o conhecimento da di-
dática educacional e das religiões como um todo. Entretanto, todos estes pontos 
culminam na manifestação atual da religião, da liberdade e do Estado laico.
Neste contexto, vale ressaltar o que a constituição diz acerca disso tudo. Desde 
período da colonização no Brasil, quem era responsável pelo ensino neste período era a 
Companhia de Jesus, que se tratava basicamente de um grupo religioso composto por 
padres que redigiram e organizaram o ensino. Mesmo após a expulsão desta ordem 
religiosa, não houve uma integralização do ensino com uma estrutura laica (CHIZZOTTI, 
1996; CUNHA, 2007; SAVIANI, 2007).
A Constituição Brasileira de 1824, reafirma os mesmo atributos que a corte 
portuguesa adotava, isto é, ressaltaram a união entre Estado e Igreja, e seguia os mesmo 
regimes educacionais propostos pelo padroado. (BRASIL, 1824)
28UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 28UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
REFLITA
Tal heteronomia marcou também o campo educacional que sofreu forte influência do 
campo religioso. A presença católica na escola brasileira ultrapassa a questão da 
disciplina escolar, era um problema curricular, pois praticamente todos os conteúdos 
de todas as disciplinas, assim como a formação da maioria dos professores, de uma 
forma ou de outra, relacionava-se com a religião católica, seja pelos padrões morais, 
seja pela presença física de sacerdotes na estrutura escolar.
Fonte: Sepulveda, 2017.
Foi em 1891 que a Constituição retirou toda a influência do padroado no Brasil, 
pelo menos formalmente, fazendo com que a religião deixasse de ser uma disciplina 
escolar. Entretanto, a Igreja Católica Brasileira lutou para conquistar a hegemonia no 
ensino brasileiro pleiteando aliados no âmbito político que defendiam o ensino 
religioso como disciplina curricular. Esta tática acabou funcionando e, apesar de 
oficialmente a disciplina ser inserida novamente na grade curricular em 1934, em alguns 
lugares ela estava vigente desde 1928. (BRASIL, 1891)
O principal adversário da Igreja Católica que buscava estabelecer o ensino 
religioso como disciplina obrigatória nas escolas públicas, foi o grupo chamado 
escolanovista. Assim como afirma Cunha (2007), este grupo defendia a laicidade da 
escola pública e do governo, sendo neste momento, o principal opositor da Igreja, que 
teve de agir com muita cautela para que a disciplina fosse institucionalizada.
SAIBA MAIS
“A Bíblia é uma “legislação” cunhada na Idade Média pelas populações a quem foi dado 
o direito de legislar, lembrando que tal legislação era referente ao mundo cristão e não
ao islamizado. Com a modernidade e com a ascensão da burguesia, cujo fundamento
básico é a liberdade comercial sem a interferência do Estado e da igreja, cresceu a ne-
cessidade de diminuir o grau de influência da religião na vida cotidiana. A retórica liberal,
aliada ao pensamento iluminista do século XVIII, construiu elementos teóricos fortes
na defesa da laicidade. Tornava-se fundamental, então, atacar a força hegemônica da
religião dentro do Estado.”
Fonte: Sepulveda, 2017.
29UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 29UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
Podemos observar através da história que sempre houve o interesse de manter a 
Escola e a Política como parceiros que trabalham juntos. Dessa forma, vemos o quanto o 
Estado influenciou a disseminação da religião cristã, e vice-versa. A partir do momento em 
que fica instituído a obrigatoriedade do ensino religioso como disciplina obrigatória, isso faz 
com que os preceitos morais e sociais caminhem junto com os princípios religiosos.
30UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 30UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
4. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
O Ensino Religioso como disciplina enfrentou alguns desafios no meio do 
percurso até ser integrada legalmente. Um desses desafios foi por conta do que Cunha 
(2007) denominou de sintonia oscilante. Esta sintonia oscilante faz referência a disciplina 
de Educação Moral e Cívica, que tendo sido criada em 1937, visava a substituição da 
disciplina de Ensino Religioso. Embora a Educação Moral e Cívica também atendesse 
conteúdos de cunhos religiosos, no decorrer da história essas duas disciplinas acabam 
se debatendo demonstrando este caráter oscilante apontado pelo autor.
Devido aos acontecimentos históricos presentes na época, Brasil (1946) afirma 
que na Constituição de 1946 , o carater nacionalista do governo que apesar de proibir 
práticas comunistas, adotou alguns aspectos que lhes convinham. Sendo assim, a 
igreja católica se aliou com os liberais privatistas, e por terem essa influência, o Ensino 
Religioso enfim foi incluído na grade curricular. Tal questão está presente no Art. 168, 
referentes aos princípios da legislação:
Art. 168. V - o ensino religioso constitui disciplina dos horários das 
escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado de acordo com 
a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo 
seu representante legal ou responsável (BRASIL, 1946, online).
31UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 31UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
Neste período, foi possível o exercício da disciplina, entretanto, nos deparamos 
com outro desafio. Uma vez que foi concedido o direito de ministrar aulas sobre religião, 
ainda que de maneira facultativa; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 
9394/96, promulgava um revés quanto a ministração dessas aulas nas escolas públicas, 
uma vez que não garantiria a remuneração aos professores. O que buscavam promover 
é que as aulas fossem conduzidas por representantes religiosos.
Art. 97. O ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas 
oficiais, é de matrícula facultativa, e será ministrado sem ônus para os 
poderes públicos (grifo nosso), de acordo (sic) com a confissão religiosa do 
aluno, manifestada por êle (sic), se fôr (sic) capaz, ou pelo seu 
representante legal ou responsável (BRASIL, 1996, online).
Isto quer dizer que esta vitória para o Ensino Religioso e para a igreja católica na 
época, seguiram os interesses privados, beneficiando as escolas privadas que continham 
uma ordenação religiosa em sua organização. Ou seja, na prática não houve a 
concretização de uma política pública que atendesse a sociedade como um todo, a 
política da constituição neste momento, visava formar nos conhecimentos morais a elite 
brasileira. 
32UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 32UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscamos abordar nesta unidade aspectosrelevantes no âmbito educacional da 
disciplina de Ensino Religioso. Como falamos sobre uma proposta educacional, precisamos 
expor e citar as Constituições e Leis de Diretrizes de Bases do ensino brasieiro.
Desta forma, visamos contribuir com o conhecimento acerca desta área do saber 
de uma forma neutra e que atenta a democracia do povo brasileiro, todavia, é nítido como 
em alguns momentos da história, a religião cristã acaba por reger essa busca pela 
institucionalização do Ensino Religioso.
Conforme exposto, houve um conflito entre Estado e Igreja para a 
institucionalização desta disciplina. Esperamos que da maneira que conduzimos este 
conteúdo, tenhamos contemplado os estudantes e interessados dessa área do saber e 
que todas as informações e questionamentos aqui levantados, conduzam o estudante e 
leitor a se capacitar cada dia mais na epistemologia desse saber.
33UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 33UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
LEITURA COMPLEMENTAR
O intuito das literaturas complementares referente a esta unidade, busca 
servir como base para o professor do ensino religioso não apenas quanto ao conteúdo que 
possa vir a ser ensinado em sala de aula, mas também, informar sobre as questões 
sociológicas que permeiam o pensamento religioso.
Importante enfatizar aqui que o professor de ensino religioso, jamais deixará de 
ser primeiramente um professor. Isto quer dizer que existe uma legislação que 
coordena ensino no Brasil, e o professor de ensino religioso precisa andar em 
concordância com estes aspectos. Todavia, toda lei está pautada na construção social 
e organização de uma sociedade. Pensar e discutir religião, engloba vários aspectos, 
como neste caso, o sociológico. Sendo assim, desejamos a vocês uma boa leitura! 
Fonte:
WEBER, M. Conceitos básicos de sociologia. São Paulo: Centauro, 1987.
WEBER, M. Sobre a teoria das ciências sociais. São Paulo: Centauro, 1991.
WEBER, M. Economia e sociedade. 3. ed. Brasília: UnB, 1994. v. 1.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 11. ed. São Paulo: Pioneira, 1996.
WEBER, M. Ciência e Política: Duas Vocações. 18. ed. São Paulo: Cultrix, 2011.
WEBER, M. Essencial sociologia. Londres: Reuni Unido. Editora Penguin, 2013.
WEBER, M. Escritos políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
WEBER, M. Economia e Sociedade: Fundamentos da Sociologia Compreensiva. 4. Ed. Brasília: UNB, 2015. 
WEBER, M. Ética econômica das religiões mundiais: Ensaios comparados de sociologia 
da religião. São Paulo: Editora Vozes, 2016.
WEBER, M. Metodologia das Ciências Sociais. 5. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2016.
WEBER, M. A política como vocação. São Paulo: Book Builders, 2017.
WEBER, M. Sociologia das Religiões. São Paulo: Editora Ícone, 2017.
WEBER, M. O Direito na Economia e na Sociedade. São Paulo: Editora Ícone, 2017.
WEBER, M. A política como vocação e ofício. São Paulo: Editora Vozes, 2021.
34UNIDADE I O Professor de Ensino Religioso 34UNIDADE II A Importância da História da Religião para a Formação Humana 
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: História, legislação e fundamentos do ensino religioso 
Autor: Sérgio Rogério Azevedo Junqueira.
Editora: Intersaberes.
Sinopse: Em História, Legislação e Fundamentos do Ensino 
Religioso, Sérgio Junqueira resgata as origens históricas da 
disciplina no Brasil, demonstrando sua evolução desde os 
tempos de nossa colonização “catequética”. Na obra, o leitor 
perceberá que o desenvolvimento do Ensino Religioso nas 
escolas é reflexo do amadurecimento da sociedade brasileira. 
Para tanto, o autor demonstra que manter a disciplina em nossas 
salas de aula é uma forma de difundir o diálogo e de compreender 
as diversas culturas presentes no país.
FILME/VÍDEO 
Título: Deus é brasileiro
Ano: 2003.
Sinopse: Cansado de tantos erros cometidos pela humanidade, 
Deus resolve tirar férias dela, decidindo ir descansar em alguma 
estrela distante. Para isso, precisa encontrar um substituto para 
ficar em seu lugar enquanto estiver fora. Ele resolve então 
procurá-lo no Brasil, já que é um país tão religioso. Seu guia 
nessa busca é Taoca, um esperto pescador que vê em seu 
encontro com Deus sua grande chance de se livrar dos 
problemas pessoais. Juntos eles rodam o Brasil em busca de um 
substituto ideal.
35
Plano de Estudo:
● Desafios da educação no e para o século XXI - papel da religião e a escola;
● A educação no Brasil;
● O ensino religioso e seus desafios;
● A importância das religiões para o século XXI.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os aspectos educacionais;
● Compreender os tipos de didáticas do ensino;
● Estabelecer a importância da liberdade religiosa.
UNIDADE III
Educação no Século XXI
Professora Me. Bianca Martins da Silva
36UNIDADE III Educação no Século XXI
INTRODUÇÃO
 Nesta unidade, nosso foco é a educação religiosa no século XXI. Conforme exposto 
anteriormente, a educação no Brasil é regida por uma constituição e todos os professores 
precisam estar de acordo com suas diretrizes. Desta forma, uma vez que dissertamos 
sobre estes aspectos, cabe também apresentarmos a organização do ensino brasileiro 
com século vigente. 
O Brasil mesmo em pleno século XXI, ainda possui reflexos do ensino da era 
colonial. Sobretudo, há quem afirma que estes resquícios podem oferecer certos 
benefícios no que tange a prática do ensino religioso nas escolas como disciplina 
curricular, tendo em vista o exercício do ensino por parte dos padres católicos. Entretanto, 
buscaremos discutir nesta unidade sobre essas implicações do ensino no século XXI.
37UNIDADE III Educação no Século XXI
1. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO E PARA O SÉCULO XXI – PAPEL DA
RELIGIÃO E A ESCOLA
O profissional de ensino religioso deve estar ciente que exercer esta profissão no
Brasil implica em estar de acordo com aquilo que a legislação do país permite. Ou seja, 
apesar de observamos que há a integralização da disciplina a partir do Estado, ainda 
faz se necessário que a diversidade religiosa e cultural presentes no cenário brasileiro 
seja respeitada. 
O termo ‘educação’ conforme diz Olinto (2001, p.181), consiste no ato de 
educar, que seria “ensinar, doutrinar, cultivar o espírito”, além de compor uma gama de 
“normas pedagógicas para o desenvolvimento geral do corpo e do espírito”. Quando 
depara-se com esta definição, o raciocínio que deve-se fazer é se, de fato, as escolas 
brasileiras estão oferecendo uma educação de acordo com seu conceito. Receber uma 
educação é algo que vai além de oportunizar uma série de informações e dispor aos 
alunos. E não é porque o ensino básico inicia-se quando criança, e os indivíduos são 
determinados como menores de idade por lei, que eles podem receber qualquer coisa. 
Todos têm o direito a receberem uma educação de qualidade.
O doutor Agostinho dos Reis Monteiro (2003) em seu texto o pão do direito à 
educação afirma que:
Depois do pão, a educação é a primeira necessidade do povo”, disse Danton 
no tempo da Revolução Francesa, em 1793, na sessão da Convenção de 13 
de Agosto. O direito à educação é uma qualidade de pão vital para uma vida 
humana. (...) O direito à educação é um direito prioritário, mas não é direito a 
uma educação qualquer: é direito a uma educação com qualidade de “direito 
do homem. (MONTEIRO, 2003, p. 764)
38UNIDADE III Educação no Século XXI
Enquanto educadores precisamos ter em mente que a educação é um direito 
de todos e isto não abrange uma educação que seja medíocre. Como formadores e 
influenciadores da sociedade, não podemos oferecer qualquer conteúdo aos alunos, 
todos os indivíduos merecem o melhor da escola e de nós. Quando oferecemos algo 
mediano aos estudantes, estaremos contribuindo com a formação de uma sociedade 
mediana, por isso, nosso enfoque e busca enquanto professores deve sempre almejar o 
melhor para toda a sociedade.
Ainda abordando sobre a educação e o direito de todos a terem acesso a ela,pode-se citar o conteúdo da própria constituição vigente no Brasil. A Constituição de 1988 
em seu Art 205/ seção I, Capítulo II relata que a “educação, direito de todos e dever do 
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, 
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa...” (BRASIL, 1988) (I); isto permite inferir 
que, primeiramente, a educação é um direito dos cidadãos e dever do Estado. 
Porém, quando analisamos as políticas educacionais em pleno século XXI, é 
possível perceber uma divergência na aplicação desses princípios, tendo em vista que o 
ensino nas escolas brasileiras tem sido sucateado pelo Estado. Os professores não 
recebem um salário adequado com a demanda de suas atividades e funções e, ainda, 
constantemente tem-se ouvido notícias, que após apurações, a verba destinada a escolas 
são desviadas. 
A escola é um meio social em que permite-se a infusão de ideologias 
culturais, religiosas e políticas. Com a expansão do capitalismo a escola se moldou ao 
sistema em que a preocupação de ensino visa uma capacitação para o ingresso em 
cursos técnicos ou universidades com a finalidade de que os indivíduos tenham uma 
profissão no futuro. Não é ruim capacitar as pessoas para empregá-las no futuro. O 
problema é que isto se tornou o único objetivo da função escolar.
Isto levou com que as políticas educacionais na atualidade olhem apenas para o 
lado capitalista do sistema, ao invés de buscar suprir todas as nuances dos indivíduos. 
Assim, o enfoque da educação visa o investimento a medida em que se reconhece um 
retorno que esta pode trazer para a sociedade, isto é, nas áreas industriais e de 
produções que gerem renda ao país. A educação passou a ser vista, segundo Zamboni 
(2016), pela “lógica da relação custo-benefício”. O Banco Mundial, o maior investidor na 
educação afirma que:
39UNIDADE III Educação no Século XXI
[...] a educação é a pedra angular do crescimento econômico e do 
desenvolvimento social e uma dos principais meios para melhorar o bem- 
-estar dos indivíduos. Ela aumenta a capacidade produtiva das sociedades
e suas instituições políticas, econômicas e científicas e contribui para
reduzir a pobreza, acrescentando o valor e a eficiência ao trabalho dos
pobres... (ZAMBONI, 2016, p. 73)
A escola e a religião abrangem um olhar para o indivíduo que foca nas 
diversas nuances que integram os seres. Desta forma, o desafio educacional em todas as 
áreas conflita com essa concepção de ensino materialista que busca apenas capacitar 
trabalhadores na sociedade. Nosso dever é buscar romper com essa cultura que objetifica 
o educando, e venhamos a contribuir com uma sociedade pensante e massiva em busca
dos direitos de todos, inclusive da educação e liberdade religiosa.
40UNIDADE III Educação no Século XXI
2. A EDUCAÇÃO NO BRASIL
A educação no Brasil conforme discutimos acima encontra diversas 
necessidades de melhorias e investimentos. A implementação de políticas públicas que 
atendam a comunidade de docentes e discentes é urgente, porque para podermos 
desenvolver um bom trabalho enquanto professores, é importante que a área de ensino 
seja apropriadamente remunerada. Quando isto não acontece, o professor precisa 
multiplicar sua jornada de trabalho e acaba por ter tantas demandas que a qualidade de 
suas funções diminui.
Além disso, abordamos como “políticas públicas” o segmento responsável 
por garantir medidas dignas para a sociedade, como afirma Zamboni (2016). Ou seja, 
para que um aluno frequente uma escola e consiga apreender o conteúdo que ali está 
sendo ministrado, é imprescindível que o mesmo tenha em sua casa uma estabilidade 
mínima que supra as necessidades de cada indivíduo. É sabido que em regiões 
denominadas de comunidades carentes, uma das motivações das crianças em 
frequentarem a escola, é por conta da merenda. Se uma criança não se encontra bem 
alimentada, bem descansada, isto irá influenciar no desempenho escolar da mesma.
Falamos de políticas públicas não por ser algo de responsabilidade do professor, 
entretanto, por se tratar de aspectos que irão influenciar na rotina do professor, vale 
ressaltar que devemos observar se o Estado tem cumprido com suas obrigações. 
Destarte, a efetividade do trabalho de professor depende de como a sociedade está 
sendo conduzida pelo governo.
41UNIDADE III Educação no Século XXI
REFLITA
Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do 
século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o 
seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e 
início dos anos 1980.
Fonte: BRUINI. E. da C. Educação no Brasil. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/
educacao/educacao-no-brasil.htm. Acesso em: 01 set. 2021.
Esses aspectos até aqui abordados são pressupostos inerentes ao trabalho do 
professor, inclusive o professor da disciplina de Ensino Religioso. Conforme 
mencionado em outros momentos de nosso estudo, o estudante de uma escola privada 
acaba por facilmente ter acesso aos conteúdos dessa disciplina, porém, nas escolas 
públicas ainda nos deparamos com estes obstáculos que acabam dificultando nosso 
trabalho.
42UNIDADE III Educação no Século XXI
3. O ENSINO RELIGIOSO E SEUS DESAFIOS
Podemos afirmar que o principal desafio para a nossa disciplina de Ensino 
Religioso faz juz a dificuldade de um consenso entre religião e o estado. Não viemos aqui 
defender que ambas as áreas devem andar lado a lado, até porque a história nos conta 
as implicações desta aliança. Mas se observarmos a constituição, ainda fica uma briga 
em que sempre buscam transferir a responsabilidade, para não dizer culpa, um no outro. 
Segundo SEPULVEDA, D. e SEPULVEDA, J. A. (2017), a religião vai 
defender que o Estado deve proporcionar o ensino de uma disciplina que trate das 
religiões nas escolas como uma disciplina que faz parte da grade curricular. Todavia, o 
Estado alega que por ser laico e existirem as comunidades religiosas, a 
responsabilidade deste ensino deve se concentrar nas comunidades eclesiásticas.
SAIBA MAIS
O Estado se tornou laico, vale dizer tornou-se equidistante dos cultos religiosos em 
assumir um deles como religião oficial. A modernidade vai se distanciando cada 
vez mais do cujus regio, ejus religio. A laicidade, ao condizer com a liberdade 
de expressão, de consciência e de culto, não pode conviver com um Estado portador 
de uma confissão. Por outro lado, o Estado laico não adota a religião da irreligião ou 
da antirreligiosidade. Ao respeitar todos os cultos e não adotar nenhum, o 
Estado libera as igrejas de um controle no que toca a especificidade do religioso e 
se libera do controle religioso. Isso quer dizer, ao mesmo tempo, o deslocamento do 
religioso do estatal para o privado e a assunção da laicidade como um conceito 
referido ao poder de Estado.
Fonte: CURY, 2004, p. 183.
43UNIDADE III Educação no Século XXI
Precisamos enfatizar também que propor uma disciplina que promova o Ensino 
Religioso, necessita abordar as religiões como um todo. É justamente pela laicidade 
do Estado que existe liberdade religiosa e, portanto, deveríamos estar mais abertos para 
discutir sobre estes assuntos. Conforme Ames (2006), o senso comum afirma que o 
conceito de que certos temas, como religião e política, não deveriam ser discutidos, 
justamente pelo fato da escola ser o ambiente que aborda o Conhecimento, as 
especificidades das religiões deveriam ser estudadas.
O maior desafio do Ensino Religioso está em sua própria proposta. De 
acordo com Valente (2018), considerar apenas o ensino do cristianismo, que seria a 
religião majoritária em nosso país, contradiz os argumentos que são usados para 
defender a institucionalização do mesmo. Primeiramente, a laicidade do Estado precisa 
ser elogiada ao invés de criticada, pois é justamente por ela que podemos nos 
expressar livremente. Em segundolugar, é necessário uma organização e gestão 
desta disciplina que observe, respeite e defenda a totalidade da diversidade 
religiosa existente em nosso país.
44UNIDADE III Educação no Século XXI
4. A IMPORTÂNCIA DAS RELIGIÕES PARA O SÉCULO XXI
Pensar sobre a religião implica em buscar responder sobre certos questionamentos 
que estão arraigados na constituição do ser humano desde as primeiras eras que 
conhecemos através da história da humanidade. Normalmente, é a religião que irá 
formular respostas acerca da razão e propósito da vida. Esta área assegura um campo 
de discussão completamente abstrato, por isso, não é um ramo que proporciona 
exatidão em suas explicações. (VALENTE, 2018)
Não há como aplicarmos o empirismo na fundamentação e teorias das 
vastas religiões, pois a característica principal das religiões governam no que 
denominamos de âmbito espiritual, que é algo que faz parte da vida das pessoas (para 
aqueles que não são ateus, materialistas etc); porém, não é a vida que vivemos nesta 
terra. A religião, na verdade, propõe uma discussão do que seria o nosso pós vida, por 
isso, dependendo da crença, existem várias teorias. (ALEXANDER, 2010)
A sociedade tem dificuldade de abordar características abstratas que fazem parte 
da nossa realidade, como por exemplo nossas emoções. Da mesma forma que não 
podemos utilizar objetos e materiais físicos para descrever a tristeza, a religião possui a 
mesma raiz. Contamos com a sensibilidade dos seres humanos para compreender e se 
disporem a estudar a ciência das religiões.
45UNIDADE III Educação no Século XXI
Ao nos depararmos com a angústia em nosso cotidiano, é comum que 
busquemos nas doutrinas religiosas meios para aliviar nossos sentimentos. Pelo fato das 
ciências não trazerem respostas acerca destes questionamentos, é que se faz necessário 
as religiões para a humanidade. Quando o homem se coloca como acima da Natureza, 
ele acaba por buscar fora da Natureza, respostas a tudo aquilo que a Natureza não lhe 
concedeu. Essa complexidade da religião vem de encontro com a complexidade do 
próprio ser humano. (ALEXANDER, 2010)
Por estes e outros aspectos é que a religião é importante ainda no século 
XXI. Não apenas sua discussão, assim como sua vivência. Cada religião se apropria de 
uma linguagem e de símbolos peculiares a elas, e isso só é possível por conta da 
busca por sentido que a humanidade percorre ao longo de sua existência. Se até aqui 
ainda discutimos pressupostos religiosos, isto demonstra que, de alguma forma, elas 
trazem sentido ao mundo, pois ao longo das eras não foram esquecidas.
46UNIDADE III Educação no Século XXI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutir acerca da educação no século XXI é um assunto vasto e que depende de 
vários outros segmentos para contemplar seu objetivo. A educação é um direito de 
todos os indivíduos e encontramos esse direcionamento em nossa política e constituição. 
Todavia, observamos que na prática, o sistema é falho em vários aspectos. Como 
professores precisamos estar atentos ao funcionamento das políticas educacionais e 
lutarmos a favor de melhorias sempre.
Uma vez que a sociedade constantemente sofre mudanças, a demanda de um 
educador é alta pois precisa dar conta daquilo que ainda precisa ser regularizado e das 
transformações que o ensino vem sofrendo. Neste ínterim, podemos observar a 
importância que a religião possui para os indivíduos que visam discutir pontos abstratos 
de nossa existência.
A educação atrelada à religião levanta uma série de desafios que ainda 
precisamos descobrir como enfrentar para que possamos atravessar os obstáculos que 
nos prendem socialmente. Discutir sobre o Ensino Religioso é um tema latente e 
carente de estudo e formulações científicas e devidamente embasadas. Assim, contamos 
com a dedicação de vocês para nos auxiliar nessa caminhada.
47UNIDADE III Educação no Século XXI
LEITURA COMPLEMENTAR
O intuito das literaturas complementares referente a esta unidade, busca 
servir como base para o professor do ensino religioso não apenas quanto ao conteúdo 
que possa vir a ser ensinado em sala de aula, mas também, informar sobre as 
metodologias de aprendizagem e quais abordagens as mesmas se referem. Para tanto, 
trouxemos textos baseados no educador que neste ano completaria seu centenário, já que 
o mesmo constitui grande referência mundial no âmbito da educação.
O professor de ensino religioso é antes de mais nada um indivíduo que está sempre 
aprendendo novas informações e conteúdo. Isto quer dizer que todos nós estamos sempre 
dispostos diante de novas informações e precisamos sempre renovar nosso conhecimento 
para nós e para os outros.
É muito importante que cada um de nós estejamos dispostos a prosseguir nessa 
jornada pelo conhecimento estando sempre abertos para o novo, para as novas 
metodologias ativas, mas também para aquilo que se constitui como base educacional 
em nosso país, como toda a literatura de Paulo Freire.
Sendo assim, desejamos a vocês uma boa leitura!
FONTE:
FALS BORDA, Orlando. Ciencia Propia y Colonialismo Intelectual Ciudad de México: 
Editorial Nuestro Tiempo, 1970.
FALS BORDA, Orlando. Por la praxis: el problema de cómo investigar la realidad para transformarla. 
 In: FALS BORDA, Orlando, et al. Crítica y Política en Ciencias Sociales: el debate sobre teoría y 
 práctica. Bogotá: Punta de Lanza, 1978.
FALS BORDA, Orlando. Conocimiento y poder popular: Lecciones con campesinos de Nicaragua, 
 México, Colombia. Bogotá: Punta de Lanza; Siglo Veintiuno Editores, 1985.
FALS BORDA, Orlando. Ante la crisis del país: ideas-acción para el cambio. Bogotá: El Áncora 
 Editores; Panamericana Editorial, 2003.
FALS BORDA, Orlando. Una sociología sentipensante para América Latina. Compilado por Victor 
 Manuel Moncayo. Bogotá: Siglo del Hombre y Clacso, 2009.
FALS BORDA, Orlando. La investigación-Acción en convergencias disciplinarias. In: Antología 
 Orlando Fals Borda Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, 2010, p. 359-368.
FALS BORDA, Orlando. Pesquisa-Ação, ciência e educação popular nos anos 90. In: STRECK, 
Danilo (Org.). Fontes da Pedagogia Latino-Americana: uma antologia. Belo Horizonte: Autêntica 
 Editora, 2010 [1995].
FALS BORDA, Orlando; ZAMOSC, León. Balance y perspectivas de la IAP. In: GARCÍA, Carlos 
 (Org.). Investigación Acción Participativa en Colombia Bogotá: Punta de Lanza; Foro Nacional 
por Colombia, 1985.
48UNIDADE III Educação no Século XXI
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Contra a escola
Autor: Fausto Zamboni.
Editora: Vide editorial.
Sinopse: Por que a escola não educa e condena tantas vidas ao 
desperdício e à esterilidade? A educação (ex-ducere, 
conduzir para fora) deixou de ser uma abertura à razão e ao 
espírito, convertendo-se em engenharia social, em manipulação 
dos instintos baixos para a realização da vontade de poder. O 
homem, não mais educado naquilo que tem de essencialmente 
humano, passou a ser instrumentalizado em vista de algum 
interesse econômico ou social. Em consequência, desumanizou- 
-se, transformando-se no imbecil que, com base em concepções 
erradas acerca da natureza humana, cria políticas desumanas. 
Nessa situação de doença linguística e espiritual, perdeu a 
experiência de amplas faixas da realidade ligadas à razão e ao 
espírito, assim como a capacidade de compreendê-las e 
expressá-las. De nada nos serve essa louca pretensão de alterar 
a natureza humana e remodelar o mundo. Cabe a nós, então, 
fazer o inventário dos nossos descaminhos, e retomar a estrada 
mestra abandonada.
FILME/VÍDEO 
Título: A onda
Ano: 2008
Sinopse: O filme do alemão Dennis Gansel apresenta a 
experiência conduzida por um professor diante de uma turma 
desmotivada, que precisava aprender o conceito de autocracia. O 
diretor reforça a importância da escola na formação dos jovens 
para que erros históricos, como o fascismo, não venham a ser 
repetidos.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?
v=QBKEi8qamKM
49
Planode Estudo:
● Conceitos e definições da Pedagogia da Autonomia;
● O perfil do professor de Ensino Religioso;
● A ciência das religiões;
● A finalidade do Ensino Religioso.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estabelecer a importância do conhecimento pedagógico para o Ensino Religioso;
● Compreender a importância do respeito à diversidade religiosa;
● Contextualizar as definições teóricas acerca da religião, 
educação e ciências da religião.
UNIDADE IV
O Professor de Ensino Religioso
Professora Me. Bianca Martins da Silva
50UNIDADE IV O Professor de Ensino Religioso
INTRODUÇÃO
Nesta etapa de nosso estudo, vamos analisar certos aspectos do professor de 
Ensino Religioso. Para tal, é importante abordarmos sobre algumas linhas pedagógicas 
que guiam nosso estudo e atuação enquanto professores.
A pedagogia e a psicologia, desenvolveram certos estudos através da 
observação do funcionamento do ser humano. Além disso, a filosofia e a sociologia 
contribuem com este traço analítico da organização da sociedade.
O professor em geral tem um perfil e um modo de atuação que está atrelado com 
a sua formação, sobretudo, vamos entender a peculiaridade do professor de Ensino 
Religioso, uma vez que, se trata de uma área que consolida a vida social e a crença 
religiosa. Esperamos que ao fim desta unidade, estas pressupostas venham a esclarecer 
a posição deste profissional e contribua com a formação do mesmo.
51UNIDADE IV O Professor de Ensino Religioso
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
A pedagogia é uma importante área do ensino que trabalha com a capacitação 
de profissionais que irão atuar nas escolas a partir das idades mais inferiores dos 
indivíduos. É uma ciência que contou com a participação de diversas áreas do ensino 
para a sua consolidação. Além disso, a pedagogia sofreu através do tempo, várias 
reformulações e aprimoramento de sua arte, o que ocasionou na constituição de linhas 
pedagógicas que delimitam o perfil do educador e a maneira que pode escolher como 
aplicar o ensino.
Desta forma, temos na pedagogia o que é chamado de tradições pedagógicas 
liberais. Segundo Libâneo (2018), essas pedagogias são dividas entre algumas áreas, 
e dentre elas, podemos conhecer as seguintes:
● A pedagogia tradicional: Trata-se de uma perspectiva metodológica que teve 
seu início no século XVIII e ainda é utilizada em algumas escolas brasileiras. 
Ela coloca o professor como uma figura de autoridade, pois defende que para 
que a criança desenvolva um pensamento crítico, ela deve conhecer uma 
estrutura sólida de informações na mais tenra idade. Com isso, as aulas 
constituem um caráter expositivo e com exercícios de repetições.
52UNIDADE IV O Professor de Ensino Religioso
● A pedagogia democrática: Esta linha, por estar dentro de uma corrente 
libertária do ensino e aprendizagem, defende a participação de todos no 
processo de desenvolvimento. Assim, o aluno, os pais, os professores e 
funcionários, têm o direito à participação na instituição de ensino. Ela coloca o 
aluno como figura central do processo de aprendizagem, diferentemente das 
correntes tradicionais que adotavam o professor como essa figura. Aqui, o 
professor é apenas um facilitador do conhecimento.
● A pedagogia montessoriana: Esta linha de aprendizagem foi criada pela 
italiana Maria Montessori sendo uma metodologia que se concentra na 
experiência e na abstração. Ela propõe que o aluno tenha em sala de aula 
materiais que estimulem a aprendizagem e é ele mesmo quem escolhe o que 
deseja aprender naquele dia. A proposta é que cada um aprenda no seu 
ritmo.Todavia, nesta proposta de aprendizagem existem alguns módulos que 
precisam ser cumpridos, para delimitar a avaliação e avanço de uma turma 
para outra. Em sala de aula, ela permite apenas vinte alunos no máximo, e a 
avaliação é feita pelo professor.
● A pedagogia construtivista: Na pedagogia construtivista, é utilizado uma 
metodologia de problemas hipotéticos e resoluções de problemas. O professor 
não é responsável por passar o conteúdo aos alunos, mas ele também deve 
tra-balhar a capacidade cognitiva dos estudantes, fazendo com que eles 
formulem as soluções para os problemas, os colocando como seres 
autônomos dentro da sala de aula.
● A pedagogia de Waldorf: Esta pedagogia foi criada pelo filósofo austríaco 
Rudolf Steiner e é organizada em sete ciclos. O intuito é trabalhar o alunos de 
maneira holística, ou seja, considerá-lo como um todo (corpo, alma e espírito). 
Os ciclos são divididos em etapas biológicas, que vão de 0 a 7 anos, depois 
dos 7 aos 14, e o último dos 14 aos 21; todas elas sendo gerenciadas pelo 
mesmo tutor, que será quem irá fazer a avaliação de cada aluno.
Dentre as tradições pedagógicas progressistas, vamos analisar as três linhas 
mais importantes do movimento, baseado nos estudos de Paulo Freire (1996):
53UNIDADE IV O Professor de Ensino Religioso
● A escola progressista libertária: Esta linha pedagógica coloca o professor 
como mediador, em que ele apenas irá propor orientações aos alunos neste 
processo de desenvolvimento e aprendizado. As tradições progressistas 
defendem o caráter político e senso crítico que precisa ser desenvolvido nos 
estudantes, assim, trabalha junto com a autonomia dos indivíduos.
● A escola progressista libertadora: A progressista libertadora seria um 
sistema de ensino chamado de horizontal, em que o aluno e professor 
trabalham juntos neste desenvolvimento do ensino e aprendizagem. O 
conteúdo trabalhado em sala de aula é proveniente da vivência que eles tiram 
de seu dia a dia, assim, os alunos são divididos em grupos para proporem e 
discutirem suas ideias.
● A escola progressista crítico-social: A escola progressista crítico-social 
possui um viés democrático e político acentuado, de forma que defende que a 
classe trabalhadora e menos favorecida tem o direito ao conhecimento. Ela 
aponta o ensino como uma arma transformadora da sociedade, e os 
educadores são responsáveis por ensinarem através das experiências sociais 
e a visão de cada um acerca dos acontecimentos.
Normalmente, cada escola e professor tendem a seguir uma linha pedagógica 
específica, e vale ressaltar que cada uma dessas linhas possuem desdobramentos 
internos que afunilam ainda mais alguns métodos pedagógicos em que o professor pode 
escolher trabalhar. E foi através da análise dessas linhas pedagógicas que o educador e 
filósofo Paulo Freire desenvolveu a chamada pedagogia da autonomia.
Antagônico do sistema de ensino tradicional, Paulo Freire (1996), defende um 
ensino voltado para a construção da autonomia de cada indivíduo. Além disso, em sua 
última obra publicada em vida, “A pedagogia da autonomia” levanta a importância de 
valorizar e respeitar a cultura de cada aluno e suas experiências individuais. Ele 
questiona veementemente as propostas de rigidez ética que se volta ao sistema 
capitalista, o que segundo ele, é uma doutrinação dos seres humanos desde a 
menoridade e ainda exclui os menos favorecidos do processo de socialização.
A pedagogia da autonomia está dentro da tendência pedagógica progressista, e vê 
esse enfoque no aluno como um desenvolvimento e libertação de um sistema social 
que oprime e reprime os pensamentos e posturas que os indivíduos podem ter na 
sociedade. Em relação às posturas religiosas presentes na sociedade, esta linha 
pedagógica é muito promissora quando aplicada juntamente a apresentação do conteúdo 
das disciplinas de Ensino Religioso, pois mune o professor de ferramentas de ensino que 
serão éticas e eficientes no processo de aprendizagem.
54UNIDADE IV O Professor de Ensino Religioso
2. O PERFIL DO PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO
Neste tópico de nosso material queremos convidar em especial os professores de 
Ensino Religioso a adotarem a pedagogia da autonomia para desempenharem seu papel 
enquanto educadores nas escolas brasileiras. Conforme foi exposto em nosso estudo, a 
sociedade brasileira defende a

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