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ERGONOMIA E MEDICINA DO TRABALHO 02

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Unidade 3
Livro Didático 
Digital
Elaine Christine Pessoa Delgado 
Marcos Rodolfo da Silva
Giselly Santos Mendes
Ergonomia e 
Medicina do 
Trabalho
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autores 
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO 
MARCOS RODOLFO DA SILVA
GISELLY SANTOS MENDES
OS AUTORES
Elaine Christine Pessoa Delgado
Eu, Elaine, sou formada em Administração de Empresas pela 
Universidade Federal de Campina Grande (2007), com uma experiência 
técnico-profissional na área de gerência de empresas há mais de 10 anos.
Aline Pedro Feza
Marcos Rodolfo da Silva
Eu, Marcos Rodolfo da Silva, sou graduado em Enfermagem, 
pós-graduado em Enfermagem do Trabalho, técnico em radiologia 
e instrumentador cirúrgico pelo Centro Universitário da Fundação de 
Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB), 2010, 2012 e 2008, respectivamente. 
Além disso, ao longo de minha carreira, participei de cursos na área de 
urgência e emergência e atuei como enfermeiro supervisor no Pronto 
Socorro Municipal Dr. Oscar Pirajá Martins; na cidade de São João da Boa 
Vista, estado de São Paulo, no período de março de 2011 a janeiro de 2014. 
Atualmente, sou acadêmico do 5° ano do curso de Medicina no Centro 
Universitário das Faculdades Associadas de Ensino Unifae, São João da 
Boa vista - SP. Além disso, desenvolvo materiais didáticos como professor 
conteudista nas áreas de saúde pública, saúde do idoso, direito à saúde 
e a elas correlatas.
Giselly Santos Mendes
Eu, Giselly, sou mestra em Qualidade Ambiental, tecnóloga em 
polímeros, administradora e educadora com uma experiência técnico-
profissional na área de Processos Gerenciais e Educacionais de mais de 
12 anos.
Somos apaixonados pelo que fazemos e gostamos de transmitir 
nossas experiências de vidas àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso fomos convidados pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Normas regulamentadoras da ergonomia ....................................... 12
Normas regulamentadoras da ergonomia ................................................................... 12
Histórico da NR 17........................................................................................................ 14
Norma Regulamentadora 17 ................................................................................ 17
Métodos ergonômicos .............................................................................. 21
Métodos ergonômicos ................................................................................................................ 21
RULA ......................................................................................................................................23
REBA ......................................................................................................................................25
Checklist rápido de exposição (QEC – Quick Exposure 
Checklist) ..........................................................................................................................27
OWAS ..................................................................................................................................27
OCRA .....................................................................................................................................27
NIOSH ...................................................................................................................................29
Análise e laudo ergonômico................................................................... 31
Laudo ergonômico .........................................................................................................................37
Programa de ergonomia ..........................................................................40
Programa de ergonomia ........................................................................................................... 40
9
LIVRO DIDÁTICO DIGITAL
UNIDADE
03
Ergonomia e Medicina do Trabalho
10
INTRODUÇÃO
Você sabia que existem muitas normas regulamentadoras 
referentes ao ambiente de trabalho, mas apenas a NR 17 possui relação 
com a ergonomia? Que não existe indicação clara sobre a escolha de 
métodos e técnicas que devem ser utilizadas? E que a análise ergonômica 
busca a transformação das condições de trabalho, considerando a saúde 
dos trabalhadores e uma maior produtividade? A NR 17 é uma norma 
muito importante, pois apresenta orientações sobre como proporcionar 
condições apropriadas de trabalho, levando em conta que o trabalhador 
necessita de um ambiente com condições de oferecer produção elevada 
e, ao mesmo tempo, proteção. O método é formado por uma série de 
etapas, surgindo de uma hipótese para se chegar ao resultado da 
pesquisa, confirmando ou rejeitando essa hipótese. E a análise ergonômica 
é direcionada para a compreensão do trabalho com o propósito de 
mudança. Já o programa de ergonomia busca melhores condições de 
trabalho, conforto e produtividade. Nesta unidade conheceremos as 
normas regulamentadoras, os métodos, a análise ergonômica, o laudo 
ergonômico e o programa de ergonomia. 
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste 
universo!
Ergonomia e Medicina do Trabalho
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Examinar as normas regulamentadoras da ergonomia;
2. Analisar os métodos ergonômicos;
3. Descrever a análise e o laudo ergonômico;
4. Discutir o programa de ergonomia.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
12
Normas regulamentadoras da ergonomia
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de examinar as 
normas regulamentadoras sobre ergonomia, em especial 
a Norma Regulamentadora 17. E então? Motivado para 
desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante!
Normas regulamentadoras da ergonomia
Conforme Iida e Buarque (2018), os conhecimentos materializados 
em ergonomia tendem a se converter em documentos normativos. 
Esses documentos determinam regras, diretrizes ou características para 
atividades ou seus resultados, compreendendo diversos instrumentos, 
como normas regulamentadoras, normas técnicas, códigos de prática 
e regulamentos em geral. No Brasil, existem dois conjuntos desses 
documentos: as normas regulamentadoras e as normas técnicas. 
Nosso interesse nesse momento é sobre as normas 
regulamentadoras.
As normasregulamentadoras (NR) são desenvolvidas pelo governo 
federal e possuem disposição obrigatória, sendo empregadas com o 
propósito de fiscalização das condições de trabalho em vários ambientes, 
explicam Iida e Buarque (2018).
Santos Junior (2018) destaca que as Normas Regulamentadoras do 
Ministério do Trabalho e as normas da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT), geralmente se relacionam direta ou indiretamente. As 
normas da ABNT possuem contribuições técnicas, isto é, definem as 
orientações precisas para garantir a correta especificação de variáveis que 
serão empregadas como referência, pelas normas regulamentadoras, 
para possibilitar segurança aos profissionais e à sociedade. 
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é o órgão da 
administração federal que desempenha a fiscalização do trabalho, ao 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
13
qual incumbe a organização e revisão de normas regulamentadoras 
(NR). Essas NR são de cumprimento imperativo por todas as empresas 
brasileiras dirigidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 
são periodicamente revisadas pelo MTE. No Brasil, essas normas são 
organizadas e atualizadas por comissões tripartites específicas formadas 
por representantes do governo, empregadores e empregados. As NRs 
regulamentam e oferecem orientações sobre os processos relativos à 
segurança e medicina do trabalho (Figura 1), esclarecem Iida e Buarque 
(2018). 
Figura 1: Segurança e Medicina do Trabalho
Fonte: Freepik
Mattos e Másculo (2011) informam que a única norma brasileira 
que possui relação com a ergonomia é a NR 17 e, segundo essa norma, 
para analisar a adaptação das condições de trabalho às características 
psicofisiológicas dos trabalhadores, compete ao empregador efetuar a 
análise ergonômica do trabalho, que deve tratar, no mínimo, das condições 
de trabalho, de acordo com o determinado na norma regulamentadora.
 • A última alteração realizada pela NR 17 foi através da Portaria MTB 
876/2018 — DOU 26/10/2018, contudo as normas regulamentadoras 
no Brasil estão passando por extensa revisão.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
14
A NR 17 estabelece que a organização do trabalho deve ser 
correspondente às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à 
natureza do trabalho a ser exercido devendo ser dada atenção às normas 
de produção, ao modo operatório, à exigência de tempo, à determinação 
do conteúdo de tempo, ao ritmo de trabalho e ao conteúdo das tarefas, 
explicita Moraes (2014). 
Oliveira (2018) explica que essa norma é muito importante, pois 
apresenta orientações sobre como proporcionar condições apropriadas 
de trabalho, levando em conta que o trabalhador necessita de um 
ambiente com condições de oferecer produção elevada e, ao mesmo 
tempo, proteção.
SAIBA MAIS:
 Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos o acesso à 
seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Norma 
Regulamentadora 17: considerações para sua revisão.” (MASS, 
MALVESTITI, MERINO E GONTIJO) acessível pelo link https://
bit.ly/34bugQZ (Acesso em: 27/08/2020).
Consoante a NR 17, as condições de trabalho abrangem aspectos 
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao 
mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de 
trabalho e à própria organização do trabalho, menciona Oliveira (2018). 
Outras normas regulamentadoras trazem aspectos muito relevantes 
para a ergonomia, apesar de não possuir seu objeto específico para essa 
área, demonstram pontos que são muito importantes para a compreensão, 
como, por exemplo, a NR 11, que trata do transporte, movimentação, 
armazenagem e manuseio de materiais; como também a NR 15, que versa 
sobre as atividades insalubres.
Histórico da NR 17
Mas como surgiu a NR 17, você sabe?
Moraes (2014) descreve que no ano de 1986 aconteceram vários 
casos de tenossinovite ocupacional (tipo de LER) em digitadores 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
15
(Figura 2), o que induziu os diretores do Sindicato dos Trabalhadores 
em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de 
São Paulo (SINDPD/SP) a entrarem em contato com a antiga Delegacia 
Regional do Trabalho, em São Paulo, procurando recursos para prevenir 
essas lesões. 
Figura 2: Digitadores
Fonte: Freepik
Moraes (2014) ainda lembra que na época, quando a fiscalização 
era realizada em diversas empresas por auditores fiscais do trabalho e 
representantes sindicais, foi verificada a presença de fatores como: 
 • Pagamento de prêmios por produção.
 • Ausência de pausas.
 • Prática de horas extras.
 • Dupla jornada de trabalho.
Em 1988 e 1989, a Associação dos Profissionais de Processamento de 
Dados efetuou reuniões com representantes da Secretaria de Segurança 
e Medicina do Trabalho em Brasília, da FUNDACENTRO e da DRT/SP para 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
16
organizar normas que determinassem limites ao trabalho, impedissem o 
pagamento de prêmios de produtividade e criassem critérios de conforto 
para os trabalhadores, que compreendiam mobiliário, conforto térmico e 
acústico e iluminância, explana Moraes (2014).
Várias sugestões de alteração da NR 17 eram propostas, contudo 
essas propostas só possuíam alterações pontuais, mantendo a estrutura 
geral em vigor (BRASIL, 2002).
Em dezembro de 1989 foi realizado um seminário nacional em São 
Paulo, que contou com a participação de médicos do trabalho, no qual 
foi decidido que a norma a ser organizada não deveria se destinar apenas 
a profissionais de processamento de dados, pois estudos assinalavam 
que a LER afetava também outros trabalhadores de várias atividades 
profissionais, relata Moraes (2014).
Em março de 1990, a então Ministra do Trabalho Dorothéa Werneck 
assinou a portaria que alterava a NR 17, pois o texto original compreendia 
vários casos de trabalho não exclusivamente de digitação, remetendo-a 
para publicação no Diário Oficial da União. Em junho de 1990, por 
interferência do SINDPD/SP, conseguiu-se que o ministro do Trabalho 
assinasse a portaria que dava nova redação à NR 17, cujo teor era o 
mesmo da portaria que não fora publicada em março, menciona o Manual 
de Aplicação da Norma Regulamentadora 17 (2002).
Após a publicação, a classe patronal, representada pela Federação 
das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e pela Federação Brasileira 
de Bancos (FEBRABAN), entendendo que a mudança se destinava 
também a outras classes de trabalhadores, requereu prontamente uma 
discussão dos técnicos do Ministério do Trabalho e de representantes 
dessas instituições para alterar o conteúdo da norma. Os empresários 
declaravam que os aspectos da organização do trabalho diziam respeito 
apenas às empresas. Felizmente conseguiu-se vencer a oposição patronal 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
17
em quase todos os aspectos, pois sua redação foi fundamentada através 
de argumentos concretos (BRASIL, 2002).
Com isso, a nova proposta foi publicada e se encontra em pleno 
vigor.
Norma Regulamentadora 17
Vamos observar alguns pontos que constam na norma.
Segundo a NR 17, o transporte manual de cargas (Figura 3) caracteriza 
toda atividade efetuada de maneira contínua ou que compreenda, mesmo 
de forma descontínua, o transporte manual de cargas (BRASIL, 1978).
Figura 3: Transporte manual de cargas
Fonte: Freepik
Dessa forma, Pegatin (2020) destaca que, sempre que possível, 
devem ser apontados meios auxiliares para o manuseio de cargas, como 
pontes rolantes, carrinhos transportadores, talhas, dentre outros, de forma 
a diminuir o esforço físico consumido pelos trabalhadores. Os limites de 
carga individual consentida dependem de vários fatores, dentre eles peso 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
18
efetivo, frequência de levantamento, qualidade de pega, dimensões do 
objeto e distância atravessada no levantamento. 
Outro ponto interessante na NR 17 é que, de acordo com a norma, 
sempre que possível, o trabalho deveser projetado ou adaptado para a 
posição sentada. E, notadamente, o trabalho nessa posição fornece, no 
geral, mais conforto e menos gasto energético que o trabalho em pé, 
informa Pegatin (2020). 
Oliveira (2018) explica que uma organização que procura oferecer 
ao trabalhador condições ergonômicas para o exercício do seu trabalho 
deve organizar um projeto para o posto de trabalho levando em conta os 
equipamentos e mobiliários indispensáveis como também os aspectos 
como as condições de bem-estar disponibilizadas. 
Contudo, a norma estabelece requisitos mínimos que devem ser 
seguidos para o que o mobiliário e os equipamentos sejam considerados 
apropriados às atividades exercidas pelo trabalhador, quer seja na posição 
sentada ou em pé.
Exemplo: Quando é possível ajustar a altura da mesa e da cadeira, 
é possível adaptar ao perfil de cada trabalhador, personalizando a 
experiência individual de cada um e acolhendo às condições legais, 
exemplifica Pegatin (2020). 
Dentre as condições mínimas de conforto determinadas pela NR 17 
para os assentos empregados no posto de trabalho, podemos destacar: 
altura ajustável à estatura do trabalhador, a borda frontal do assento 
arredondada e o encosto em formato adaptável ao corpo para proteção 
da região lombar, menciona Oliveira (2018).
A Norma Regulamentadora 17 ainda recomenda algumas exigências 
de conforto (Figura 4) nos locais de trabalho onde são desempenhadas 
atividades que determinem solicitação intelectual e atenção contínuas, 
estabelecendo o nível de ruído aceitável, assim como em todos os locais 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
19
de trabalho devem existir iluminação adequada que seja correspondente 
à natureza da atividade. 
Figura 4: Condições de conforto
Fonte: Freepik
A análise ergonômica do trabalho, conforme a NR 17, deve verificar 
a organização do trabalho levando em conta as normas de produção, o 
modo operatório, o ritmo de trabalho e a exigência de tempo, assim como 
os conteúdos da tarefa e a determinação do conteúdo de tempo, elucida 
Pegatin (2020).
A norma citada ainda traz um anexo estabelecendo parâmetros 
e diretrizes mínimas para adequação das condições de trabalho dos 
operadores de check-out, visando à prevenção dos problemas de saúde 
e segurança relacionados ao trabalho (PEGATIN, 2020).
 • Operadores de check-out são empregadores que desempenham 
atividade comercial empregando sistema de autosserviço e check-
out, como supermercados, hipermercados e comércio atacadista.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
20
Outro anexo constante na NR 17 é o que estabelece parâmetros 
mínimos para o trabalho em atividades de teleatendimento/telemarketing 
nas diversas modalidades desse serviço, de modo a proporcionar um 
máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente (PEGATIN, 
2020).
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Neste capítulo você deve ter compreendido que 
os conhecimentos materializados em ergonomia tendem 
a se converter em documentos normativos que podem ser 
as normas regulamentadoras e as normas técnicas, e que as 
normas regulamentadoras são desenvolvidas pelo governo 
federal através do Ministério de Trabalho e Emprego. Viu que 
a NR 17 é a norma regulamentadora que analisa a adaptação 
das condições de trabalho às características psicofisiológicas 
dos trabalhadores e compete ao empregador efetuar a análise 
ergonômica do trabalho, que deve tratar, no mínimo, das 
condições de trabalho, devendo ser dada atenção às normas 
de produção, ao modo operatório, à exigência de tempo, à 
determinação do conteúdo de tempo, ao ritmo de trabalho e 
ao conteúdo das tarefas. Por fim, compreendeu o histórico da 
NR 17 até a sua última atualização e conheceu os principais 
pontos dessa norma.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
21
Métodos ergonômicos
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo analisaremos os métodos ergonômicos, 
conhecendo alguns deles e compreendendo suas principais 
características. Vamos juntos?
Métodos ergonômicos
Stanton et al. (2016) explicam que a ciência ergonômica é farta 
em métodos e modelos para análise de tarefas, design de trabalho, 
previsão de desempenho, coleta de dados sobre desempenho humano e 
interação com artefatos e o ambiente no qual essa interação toma lugar. 
Apesar da quantidade de métodos, existem vários desafios consideráveis 
enfrentados pelos desenvolvedores e usuários. Esses desafios abrangem:
 • Desenvolvimento de métodos que incorporem outros métodos.
 • Ligação de métodos com a teoria ergonômica.
 • Fazer com que os métodos sejam de fácil utilização.
 • Fornecer evidências sobre confiabilidade e validade.
 • Demonstrar que os métodos levam a intervenções eficazes em 
termos de custos.
 • Encorajar a aplicação ética dos métodos. 
De acordo com Iida (2019), a unidade fundamental da ergonomia 
é o sistema homem–máquina–ambiente, significando, assim, que 
uma parte desse sistema é conduzida pelas ciências naturais, como a 
biologia, fisiologia, física e química; e a outra pelas ciências sociais, como 
a psicologia, sociologia e antropologia. Cada uma dessas divisões da 
ciência utiliza métodos e técnicas distintos. 
No caso da ergonomia, dependendo da natureza do problema, 
pode preponderar um ou outro tipo, mas se esse problema estiver mais 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
22
relacionado com a máquina, ambiente ou funcionamento do organismo 
humano, podem predominar os métodos das ciências naturais; e se for de 
relacionamento humanos, aqueles das ciências sociais, afirma Iida (2019). 
Não existem indicações claras sobre a escolha dos métodos e técnicas 
apropriadas (Figura 5) a cada caso. Isso vai depender da experiência e 
habilidades do pesquisador e das restrições, como limites de tempo, 
equipe e dinheiro disponíveis para se chegar ao resultado, lembra Iida 
(2019). 
Figura 5: Métodos e técnicas apropriadas
Fonte: Freepik
Mas o que vem a ser um método?
“Método é um procedimento de busca de solução a problemas 
teóricos que geralmente parte de um conjunto formado por meios e 
procedimentos práticos que permitem dar conteúdo a um modelo” 
(ROJÃO, 2015, p. 86).
Ida e Buarque (2018) descrevem método de pesquisa como uma 
metodologia ou caminho usado pelo pesquisador para determinar 
relações entre variáveis independentes (causas) e dependentes (efeito). 
O método é formado de uma série de etapas, surgindo de uma hipótese 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
23
(também chamada de pressuposto) para se chegar ao resultado da 
pesquisa, confirmando ou rejeitando essa hipótese. Em cada uma dessas 
etapas podem-se empregar ferramentas para coleta e análise de dados, 
chamadas de técnicas para alcançar o objetivo.
As ferramentas disponibilizam, em geral, um escore, um parâmetro 
determinável que pode ser interessante para efeitos de auxílio à análise, 
instituição de critérios de criticidade e comparação entre diferentes 
postos, áreas. Contudo, destaca-se a importância de que o profissional 
compreenda que toda ferramenta é de auxílio ao diagnóstico, não devendo 
fundamentar seus relatórios somente nela, elucida Pegatin (2020). 
SAIBA MAIS:
Aprofunde-se nesse tema lendo o artigo Revisão de 
ferramentas para avaliação ergonômica (LAPERUTA et 
al.) Disponível em: https://bit.ly/3dGwc7c (Acesso em: 
30/08/2020).
Iida e Buarque (2018) afirmam que a ergonomia se utiliza de vários 
métodos e técnicas.
Assim, existem muitos métodos e ferramentas utilizados para 
avaliações no âmbito da ergonomia, vejamos alguns deles:
RULA
Conforme Stanton et al. (2016), a avaliação rápida dos membros 
superiores (método RULA; rapid upper limb assessment) (McAtamney 
e Corllett, 1993) gera uma classificação com facilidade calculada para 
cargas musculoesqueléticas em atividades nas quais as pessoas estão 
sujeitas a risco de sobrecarga no pescoço e nos membros superiores 
(Figura 6). 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
24
Figura 6: Membros superioresFonte: Freepik
A ferramenta produz uma simples classificação, como um “retrato 
instantâneo” da tarefa, que leva em consideração a postura, a força e o 
movimento estabelecido. O risco é calculado em uma pontuação de 1 
(baixa) a 7 (alta). Essas pontuações são reunidas em quatro níveis de ação, 
que concede uma indicação do período de tempo no qual é aceitável 
esperar que um controle de risco seja iniciado, esclarecem Stanton et al. 
(2016).
Stanton et al. (2016) ainda explicam que o método RULA é 
empregado para avaliar a postura, força e o movimento relacionado com 
as tarefas sedentárias. Tais atividades compreendem ações com base 
na tela ou no computador, manufaturas ou tarefas de varejo nas quais o 
trabalhador fica sentado ou em pé, sem deslocamento. 
As quatro principais aplicações do RULA, de acordo com Stanton 
et al. (2016) são:
Ergonomia e Medicina do Trabalho
25
 • Aferir risco musculoesquelético, comumente como parte de uma 
investigação ergonômica mais extensa.
 • Comparar a carga musculoesquelética de designs de estações de 
trabalhos normais e alterados.
 • Analisar resultados tais como: produtividade ou adaptação do 
equipamento.
 • Aperfeiçoar trabalhadores sobre os riscos musculoesqueléticos 
indicados por diferentes posturas no trabalho.
Em todas as aplicações é intensamente aconselhado que os 
usuários recebam um treinamento prévio no método RULA, apesar de não 
serem exigidas habilidades prévias de avaliação ergonômica (STANTON 
et al., 2016). 
Iida e Buarque (2018) destacam que a RULA foi elaborada para 
analisar o trabalho de digitadores, com foco na sobrecarga nos membros 
superiores, desse modo, com avaliação menos detalhada do resto do 
corpo. No caso de trabalhos compreendendo várias posturas, o protocolo 
deve ser utilizado para os dois lados do corpo e para todas as posturas 
que foram identificadas como importantes de serem avaliadas.
REBA
Stanton et al. (2016) relatam que avaliação rápida do corpo inteiro 
é um método criado para analisar os tipos de posturas de trabalhos 
(Figura 7) inesperados, identificados nos serviços de saúde e em outros 
setores da indústria. São apurados dados sobre a postura corporal, forças 
empregadas, tipo de movimento ou ação, repetição e associações. A 
pontuação final REBA produz uma indicação do nível de risco e urgência 
com a qual alguma providência deve ser alcançada. 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
26
Figura 7: Posturas de trabalho
Fonte: Freepik
O REBA pode ser empregado quando uma avaliação ergonômica do 
local de trabalho reconhece que uma análise postural mais aprofundada é 
exigida, consoante Stanton et al. (2016), e:
 • O corpo inteiro é usado.
 • A postura é estática, dinâmica, instável ou se altera rapidamente.
 • Cargas animadas ou inanimadas são conduzidas frequente ou 
raramente.
 • Alterações no ambiente de trabalho, equipamento, treinamento ou 
comportamento de risco do trabalhador são observadas antes ou 
após as transformações.
Iida e Buarque (2018) lembram que o REBA foi criado como uma 
evolução do RULA, buscando analisar as posturas de todo o corpo de 
prestadores de serviços. O protocolo REBA é empregado para os dois 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
27
lados do corpo e para todas as posturas que foram apontadas como 
importantes de serem avaliadas. 
Checklist rápido de exposição (QEC – Quick 
Exposure Checklist) 
Stanton et al. (2016) definem o QEC como uma ferramenta que 
avalia rapidamente a exposição a riscos para distúrbios osteomusculares 
pertinentes ao trabalho (DORT), possuindo alto nível de sensibilidade e 
usabilidade, e confiabilidade muito considerável inter e intraobservador. 
Os estudos de campo reconhecem que o QEC é adequado para 
uma extensa série de tarefas e possui um curto período de treinamento 
e alguma prática, podendo, a sua avaliação, na maioria das vezes, ser 
preenchida rapidamente para cada tarefa. O QEC oferece uma avaliação 
de um local de trabalho e do design de equipamento, o que facilita o seu 
redesign e auxilia na prevenção de muitos tipos de DORT, pois desenvolve 
e educa os usuários sobre eles e sobre os riscos presentes no local de 
trabalho, ilustram Stanton et al. (2016).
OWAS 
O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) é 
uma técnica prática de registro e análise de posturas elaborada por três 
pesquisadores finlandeses (KARHU, KANSI e KUORINKA, 1977), entendem 
Stanton et al. (2016).
Para Pegatin (2020, p. 163) é uma “ferramenta que identifica as 
posturas mais frequentes em relação ao tempo de exposição”. 
O método se respalda em verificações das posturas a intervalos 
predefinidos (geralmente a cada trinta segundos) e admite que são 
realizadas no mínimo cem observações, sendo cada uma dessas 
observações avaliada e classificada, informam Stanton et al. (2016).
OCRA
Stanton et al. (2016) informam que Occhipinti e Colombini (1996) 
criaram os métodos de ação ocupacional repetitiva (OCRA) para avaliar a 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
28
exposição dos trabalhadores a atividades que descrevem vários fatores 
de risco de lesão (Figura 8) nos membros superiores. O índice OCRA pode 
ser preditivo para risco de distúrbios osteomusculares pertinentes ao 
trabalho (DORT) dos membros superiores em populações expostas. 
Figura 8: Risco de lesão
Fonte: Freepik
Iida e Buarque (2018) explicam que primeiramente foi elaborado 
o checklist OCRA, que serve para uma avaliação preliminar e, depois, 
foi desenvolvido o índice OCRA. Os dois analisam os riscos das ações 
técnicas que é a variável característica e expressiva para os movimentos 
repetitivos dos membros superiores. 
As ações técnicas são avaliadas de acordo com os seguintes 
fatores de risco de DORT: repetitividade (frequência das ações); força; 
postura; ausência de períodos de recuperação; e fatores adicionais (como 
exigência de precisão, movimentos bruscos, tipo de pega, uso de luvas, 
temperaturas extremas, vibrações), menciona Iida e Buarque (2018).
A base da metodologia, para Pegatin (2020), é constatar sobrecargas 
funcionais ao longo da jornada, a partir do número de ações por minuto, 
no tempo de exposição efetivo no trabalho repetitivo, nas posturas 
seguidas durante os movimentos e no emprego da força, dentre outros. O 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
29
escore final indica a criticidade do risco com uma escala de cores idêntica 
a outros métodos e determina uma previsão de pessoas que podem vir a 
desenvolver patologias em cinco anos, naquela faixa de risco.
NIOSH
Conforme Iida e Buarque (2018), a equação de NIOSH tem o propósito 
de prevenir ou diminuir os casos de dores motivadas pelo levantamento 
de cargas. Ela possibilita calcular o peso máximo recomendável em 
atividades repetitivas de levantamento de cargas, referindo-se somente 
à tarefa de apanhar uma carga, movimentá-la e colocá-la em outro nível, 
utilizando as duas mãos. 
Pegatin (2020) destaca que a fórmula tradicional revisada recomenda 
a avaliação para tarefas simples, que se repetem ao longo do dia (variáveis 
citadas não se alteram) e apresenta como variáveis de análise:
 • Peso do objeto levantado.
 • Distância horizontal entre o objeto e o corpo do trabalhador.
 • Distância vertical entre as mãos e o solo no início do levantamento.
 • Distância percorrida pelo objeto durante o levantamento.
 • Angulação (simetria) do objeto em relação ao plano sagital.
 • Frequência de levantamentos (por minutos e em relação à jornada).
 • Qualidade de pega do objeto.
A carga constante para a equação de levantamento NIOSH revisada 
(23 kg) é proveniente de tabelas psicofísicas; designadamente, esse é o 
peso máximo admissível de levantamento entre o chão e a altura das 
articulações para 75% de trabalhadoras sob condições ótimas. Essas 
condições são determinadas como levantamento ocasional (uma vez a 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
30
cada oito horas), pequeno objeto (caixa de 34 cm),distância pequena de 
levantamento (25 cm) e boas alças, informam Stanton et al. (2016).
Pegatin (2020) ainda lembra que ela é empregada para avaliação 
de sobrecargas funcionais durante o levantamento e a descarga de 
materiais, em seu escore final, determina o limite de peso recomendado 
(LPR) e o índice de levantamento (IL), indicando o grau de risco associado 
à atividade analisada.
RESUMINDO:
Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a ergonomia 
possui vários métodos e modelos para análise de tarefas, 
design de trabalho, previsão de desempenho, coleta de 
dados sobre desempenho humano e interação com artefatos 
e o ambiente no qual essa interação toma lugar, e que a 
utilização do método apropriado depende da experiência 
e habilidades do pesquisador e das restrições como limites 
de tempo, equipe e dinheiro disponíveis para se chegar ao 
resultado. Viu alguns dos métodos e ferramentas utilizadas 
no âmbito da ergonomia, como o método RULA, que 
fornece uma classificação facilmente calculada para cargas 
musculoesqueléticas em tarefas nas quais as pessoas correm 
o risco de sobrecarga no pescoço e nos membros superiores; 
O REBA, que avalia os tipos de posturas de trabalho 
imprevisíveis encontrados nos serviços de saúde e em outros 
setores da indústria; QEC, que avalia rapidamente a exposição 
a riscos para distúrbios osteomusculares relacionados 
ao trabalho (DORT); OWAS, que é uma ferramenta que 
identifica as posturas mais frequentes em relação ao tempo 
de exposição; OCRA, que identifica sobrecargas funcionais 
ao longo da jornada, com base no número de ações por 
minuto, no tempo de exposição efetivo no trabalho repetitivo, 
nas posturas adotadas durante os movimentos e no uso da 
força, dentre outros. Por fim, conheceu o método NIOSH, que 
tem como objetivo prevenir ou reduzir a ocorrência de dores 
causadas pelo levantamento de cargas.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
31
Análise e laudo ergonômico
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo descreveremos a análise ergonômica, 
demonstrando seus principais pontos e sua importância, 
como também compreenderemos o laudo ergonômico.
Análise ergonômica
Segundo D’alva (2015), a análise ergonômica do trabalho é uma 
perspectiva de intervenção que busca a transformação das condições 
de trabalho, considerando a saúde dos trabalhadores e uma maior 
produtividade. Refere-se a uma abordagem metodológica direcionada 
para a compreensão do trabalho, mas com o propósito de ação, de 
mudança.
“A análise ergonômica visa observar, diagnosticar e corrigir uma 
situação real de trabalho, aplicando os conhecimentos de ergonomia” 
(IIDA e BUARQUE, 2018, p. 68).
Quando a análise ergonômica do trabalho é abordada enquanto 
método, ela está relacionada com um conjunto de etapas e ações que 
conserva uma coerência interna, especialmente quanto à probabilidade 
de se discutirem os resultados alcançados durante a coleta de dados, 
validando-os ao longo do processo e aproximando-os mais da realidade 
pesquisada, explicitam Abrahão et al. (2009).
Diferentemente dos métodos científicos tradicionais, em que as 
proposições são antecipadamente organizadas e explicitadas, na análise 
ergonômica do trabalho elas são construídas, validadas ou contrariadas 
ao longo do processo (ABRAHÃO et al. 2009). 
A condução do processo de análise é uma constituição que 
surge de uma demanda particular de cada empresa e aponta para cada 
intervenção concretizada, ilustra D’alva (2015).
Ergonomia e Medicina do Trabalho
32
Essa abordagem possibilita, ainda, demonstrar a complexidade de 
trabalhar. Refere-se a um princípio básico, pois é durante o processo de 
intervenção e construção do conhecimento que acontece a modificação 
das representações sobre a atividade das pessoas, do ergonomista, 
do pesquisador, dos outros atores sociais relacionados e também dos 
próprios trabalhadores. Assim, é possível levantar um “ambiente” na 
organização para transformações concretas no conteúdo das tarefas e na 
organização do trabalho (Figura 9), mencionam Abrahão et al. (2009).
Figura 9: Organização do trabalho
Fonte: Freepik
Rojas (2015) explica que existem dois tipos de abordagens para a 
execução da análise ergonômica, que são a abordagem tradicional e a 
abordagem ergonômica.
A abordagem tradicional tem como fundamento o estudo dos 
movimentos corporais do ser humano indispensáveis para efetuar 
uma tarefa e o tempo consumido em cada um desses movimentos, já 
a abordagem ergonômica tem como bojo o trabalho efetivado por um 
indivíduo em uma circunstância em que a pessoa, as máquinas, os 
equipamentos e as ferramentas são mantidos de maneira constante, com 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
33
um conjunto no qual cada parte colabora para uma perfeita integração, 
esclarece Rojas (2015).
Para efetuar a análise ergonômica dos postos de trabalho, é 
necessário conhecer o comportamento do profissional enquanto 
desempenha as suas atividades, procurando conseguir sua colaboração 
e comunicando sobre as responsabilidades dele em relação ao resultado 
da análise (ROJAS, 2015).
De acordo com Iida (2019), a análise ergonômica do trabalho se 
divide em cinco etapas (Figura 10), que são: análise da demanda, análise 
da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e recomendações.
Figura 10: Etapas
Fonte: Elaborado pela autora com informações de Iida (2019).
A análise da demanda busca entender a natureza e a dimensão dos 
problemas exibidos. A demanda aparece como a descrição de problema 
ou uma circunstância problemática que alegue a necessidade de uma 
ação ergonômica, podendo ter várias origens, tanto por parte da direção 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
34
da empresa como por parte dos trabalhadores e suas organizações 
sindicais, descreve Iida (2019).
 • As possibilidades estabelecidas podem referir-se a ideias elaboradas 
preliminarmente, a todo processo analisado ou ao comportamento 
do trabalhador no desenvolvimento das atividades e tarefas (ROJAS, 
2015). 
Rojas (2015) informa que através dos resultados adquiridos e descritos 
ao demandante, a análise da demanda permite a efetivação de um plano 
de intervenção ergonômica baseado em sugestões ergonômicas para 
um novo posto, a identificação de problemas ergonômicos em postos de 
trabalho existentes e a operação de mudanças de condições ergonômicas 
no posto de trabalho em decorrência de modificações organizacionais ou 
trocas de equipamentos.
Na análise das tarefas são verificadas as divergências entre aquilo 
que é estabelecido e o que é executado na prática, podendo acontecer 
por causa de condições, como, por exemplo, máquinas desajustadas, 
diferentes daquelas que foram previstas ou até mesmo porque nem todos 
os trabalhadores seguem rigidamente o método prescrito, menciona Iida 
(2019).
 • A tarefa é um conjunto de propósitos estabelecidos que os 
trabalhadores deverão cumprir, descreve Iida (2019).
Ao se realizar a análise da tarefa sob o enfoque ergonômico, deve-
se estabelecer se ela é uma tarefa prescrita, induzida ou redefinida ou 
se houve atualização da tarefa em razão de modificações ambientais 
ou tecnológicas, assim como deve-se considerar a delimitação da 
capacidade humana para sua realização (sistema–humano–tarefa), 
elucida Rojão (2015).
A análise da atividade, consoante Rojão (2015), é realizada com base 
no comportamento do trabalhador, sendo seus gestos, comunicação e 
informação, de acordo com as regras, as leis, a natureza e a cognição. 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
35
Nessa etapa é essencial que se verifiquem os comportamentos individuais 
presentes nos postos de trabalho.
 • A análise da atividade oferece informações explicativas de como a 
comparação entre as características das pessoas e as imposições 
do trabalho causam influência nos trabalhadores e na produção 
(ABRAHÃO et al., 2009). 
Aatividade (Figura 11) é influenciada por diversos fatores que podem 
ser internos, que são aqueles situados no próprio trabalhador e são 
descritos pela sua formação, experiência, idade, sexo, dentre outros, além 
da sua disposição momentânea, como motivação, sono e fadiga; como 
também por fatores externos, que são aqueles relacionados às situações 
em que a atividade é cumprida e são classificados em conteúdo do 
trabalho (objetivos, normas e regras); organização do trabalho (constituição 
de equipes, horários, turnos); e meios técnicos (máquinas, equipamentos, 
arranjo e dimensionamento do posto de trabalho, iluminamento, ambiente 
térmico), menciona Iida (2019).
Figura 11: Atividade
Fonte: Freepik
Rojão (2015) explica que os dados arrecadados e analisados são 
fonte de proposições para desenvolver o diagnóstico da condição de 
trabalho que será empregada na elaboração do laudo ergonômico e 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
36
abrangem tanto os dados coletados nas etapas anteriores quanto os 
coletados especificamente nessa etapa. 
A próxima etapa se refere à formulação do diagnóstico em que 
busca encontrar as causas que ocasionam o problema apresentado na 
demanda e diz respeito aos fatores pertinentes ao trabalho e à empresa, 
que influem na atividade de trabalho, explica Iida (2019).
Exemplo: Os acidentes podem ser causados por pisos 
escorregadios, sinalizações mal interpretadas, manutenção deficiente das 
máquinas e outras, exemplifica Iida (2019). 
Abrahão et al. (2009) informam que nessa concepção é que 
se procura construir uma coerência entre as várias etapas da análise 
ergonômica do trabalho, pois uma grande quantidade de informações 
foi agregada e uma série de interlocutores admitidos. Ele é organizado a 
partir dos dados adquiridos ao longo da investigação, do funcionamento 
da empresa, das observações globais livres e dos conhecimentos dos 
ergonomista. O ergonomista é levado a estabelecer várias hipóteses e 
é elaborado um enunciado provisório de relação entre certas condições 
de execução do trabalho, características da atividade e resultados da 
atividade.
D’alva (2015) ainda relata que o ergonomista deve organizar um 
diagnóstico, divulgar e debater com todos os envolvidos no processo 
avaliado, como também deve difundir seu diagnóstico em outros setores 
da empresa que possam intervir ou estarem correlacionados ao segmento 
estudado. 
SAIBA MAIS:
Aprofunde-se nesse tema lendo o artigo Análise Ergonômica 
do Trabalho no Brasil: transferência tecnológica bem-
sucedida? (Jackson Filho e Antunes Lima) Disponível em: 
https://bit.ly/35pEexB (Acesso em: 27/08/2020).
Ergonomia e Medicina do Trabalho
37
A última etapa são as recomendações ergonômicas que se 
referem às medidas que deverão ser adotadas para resolver o problema 
encontrado. Essas recomendações devem ser claramente explicitadas, 
apresentando-se todas as etapas indispensáveis para solucionar o 
problema. Se for o caso, devem ser complementadas por figuras com 
explicação das alterações a serem feitas em máquinas ou postos de 
trabalho. Devem apontar também as responsabilidades, isto é, a pessoa e 
a seção de departamento encarregada da implementação, com indicação 
do respectivo prazo, esclarece Iida (2019). 
É possível organizar soluções integradas que considerem questões 
relativas aos aspectos físicos do posto de trabalho, às características 
das ferramentas, à arquitetura dos sistemas de informação, à divisão das 
tarefas, à organização dos tempos de trabalho e às características do 
ambiente de trabalho, dentre outras, assim como melhorar a elaboração 
de soluções de acordo com mudanças na organização do trabalho, 
ilustram Abrahão et al. (2009).
Exemplo: Caso não existam condições no momento de solucionar 
problemas do posto de trabalho, alterações podem ser alcançadas com 
modificações na organização do trabalho, como em ocasiões em que se 
devam incluir pausas, as quais podem ser consideradas um empecilho 
se não existirem medidas outras para impedir perdas na produção, como 
melhorias nos equipamentos, na manutenção, na movimentação dos 
insumos e dos produtos, explicitam Abrahão et al. (2009).
Abrahão et al. (2009) ainda nos lembram de que as recomendações 
para a alteração devem ser acompanhadas de um processo de 
concepção, que derivará em um projeto, com a participação dos atores 
sociais envolvidos no processo de análise. 
Laudo ergonômico
Rojas (2015) explica que a análise ergonômica é formalizada em um 
laudo ergonômico (Figura 12) que aponta os riscos ergonômicos inerentes 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
38
às áreas de trabalho, bem como providências para minimizar os riscos 
ergonômicos apontados.
Figura 12: Laudo ergonômico
Fonte: Freepik
O laudo ergonômico da atividade é um documento obrigatório 
a todas as empresas que contêm empregados, cujas atividades ou 
operações causem riscos relacionados a esforços de levantamento, 
transporte e descarga individual de materiais, ou outros que requerem 
postura forçada e, ainda, esforços repetitivos, descreve Rojas (2015).
A análise ergonômica do trabalho é o documento legal que faz 
parte da NR 17 e que, ao longo dos anos, ficou conhecido, de forma 
errada, como laudo ergonômico, fazendo referência aos documentos 
de saúde e segurança do trabalho que, frequentemente, são elaborados 
nesse formato, destaca Pegatin (2020).
Pinheiro (2014) nos lembra de que o laudo ergonômico deverá ser 
elaborado sempre que preciso, verificando o seu desenvolvimento e 
efetivação dos ajustes indispensáveis e estabelecimento de novas metas 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
39
e prioridades, devendo ser refeito caso existam alterações no posto, no 
trabalho ou no usuário. 
O laudo ergonômico deve ser arquivado por um período mínimo de 
20 anos, relata Pinheiro (2014).
O laudo ergonômico de uma estação de trabalho deve ser 
conduzido à análise global do posto de trabalho, sempre levando em 
conta o psicobiofísico do seu operador, e deve ser organizado por posto 
de trabalho individual, levando em consideração a empresa como um 
todo, não devendo nada ser avaliado de forma segmentada, informa 
Pinheiro (2014).
RESUMINDO:
Neste capítulo você deve ter compreendido que a análise 
ergonômica do trabalho é uma abordagem de intervenção 
que busca a transformação das condições de trabalho com 
o propósito de ação, de mudança, corrigindo uma situação 
real de trabalho, aplicando conhecimentos da ergonomia e 
que existem dois tipos de abordagens para a execução da 
análise ergonômica, que são a tradicional e a ergonômica. 
Viu que a análise ergonômica do trabalho está relacionada 
com etapas e ações que estão associadas, sendo as cinco 
etapas a análise de demanda, análise de tarefa, análise de 
atividade, diagnóstico e recomendações. Por fim, entendeu 
o laudo ergonômico, que aponta os riscos inerentes às áreas 
de trabalho, como também as providências para minimizar 
os riscos ergonômicos encontrados, sendo obrigatório para 
todas as empresas que possuem empregados com atividades 
que causem riscos relacionados a esforços de levantamento, 
transporte e descarga individual de materiais ou outros que 
requerem postura forçada e, ainda, esforços repetitivos.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
40
Programa de ergonomia
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo discutiremos o programa de ergonomia, 
demonstrando a sua importância para o ambiente de trabalho, 
compreendendo o projeto de ergonomia e a importância da 
ergonomia para a gestão.
Programa de ergonomia
Para Silveira (2004), um programa é um projeto elaborado de forma 
detalhada, com o objeto de informar sobre os detalhes de um plano.
Couto (2002) entende que a introdução de um programa de 
ergonomia determinará e assegurará como serão as modificações com o 
passar do tempo, através de um conjunto de acontecimentos, alterando 
e excluindo as condições de trabalho impróprias geradoras de lesões ou 
outras formas de perdas,para melhores condições de trabalho em que os 
trabalhadores possam operar com o máximo de conforto e produtividade. 
Iida (2019) explica que o programa de segurança do trabalho deve 
possuir uma existência formal, fundamentando-se em documentos 
escritos, que façam parte da política geral da empresa, devendo, 
também, existir recursos que sejam exclusivamente destinados à sua 
implementação, para que os responsáveis possuam autonomia de ação 
e rapidez nas decisões, sem depender de mecanismos complicados e 
burocratizados de decisão. 
 • O programa deve envolver a administração superior da empresa, 
organizar uma unidade responsável pela implementação e incluir 
todos os escalões administrativos e de trabalhadores (IIDA, 2019).
Segundo Vidal (2002), a introdução de um programa de ergonomia 
pode acontecer sob a perspectiva reativa como resultado ao acúmulo de 
problemas provocados pelo descuido justificado ou não com os pontos 
ergonômicos da empresa; ou proativo que procura prevenir a circunstância 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
41
das coisas e garantir a efetividade em longo prazo, através da relação de 
outros esforços, como as certificações de qualidade e de uma engenharia 
de produto desenvolvida.
A existência de um programa de ergonomia não constitui uma 
outra maneira de trabalhar com ergonomia, mas a geração de exigências 
favoráveis no ambiente e na concepção de uma equipe para a execução 
de boas condutas, bons projetos e bons registros no campo. Em contraste 
a um trabalho casual, preciso e centrado, os programas de ergonomia 
(Figura 13) possuem como fundamento proporcionar o exercício 
ergonômico de maneira contínua, gradativa e planejada, esclarece Vidal 
(2002).
Figura 13: Programas de ergonomia
Fonte: Freepik
Iida e Buarque (2018) destacam que o “espírito” de segurança 
deve transcorrer toda a organização, desde a alta administração até o 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
42
trabalhador mais simples, e a administração superior deve manifestar 
apoio ao programa, reportando-se aos empregados para discutir sobre a 
política da empresa, as condições de trabalho e problemas de segurança.
As palestras podem ser realizadas em reuniões ou encontros formais, 
mas são mais eficazes em um ambiente informal (IIDA e BUARQUE, 2018).
Silveira (2004) demonstra algumas vantagens na introdução de 
programas de ergonomia na empresa, que são: 
 • Ações mais sólidas, acrescentando as chances de parcerias e 
envolvimento dos beneficiários, causando impacto.
 • Indivíduos estimulados a fazerem parte de ações proporcionadas 
pela organização, possibilitando parcerias internas.
 • Ações de melhorias nos ambientes de trabalho com melhores 
resultados e menores custos, provocando confiança, por parte 
da organização e seus colaboradores, causando sentimento de 
legitimidade e credibilidade.
 • Melhoria gradativa da reflexão coletiva sobre a experiência, fornecendo 
produção de conhecimento expressivo a outros programas dentro da 
empresa.
 • Promoção de ambiente para negociação e expressão dos agentes, 
por estar alicerçado sobre metas, propósitos e critérios de avaliação, 
provocando negociação de interesses.
No que diz respeito ao alcance, os programas de ergonomia 
podem ser sintetizados a um programa de saúde ocupacional; constituir 
o delineamento produtivo da empresa, agindo concomitantemente nos 
produtos e processos ou até mesmo incorporar as decisões estratégicas 
de modernização e de atualização tecnológica da organização, descreve 
Vidal, (2002). 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
43
Já que o programa é um projeto elaborado de forma detalhada, 
devemos compreender também o que é um projeto de ergonomia.
Os projetos em ambiente industrial geralmente possuem menores 
custos de produção quanto mais forem padronizados, contudo esses 
princípios, muitas vezes, discordam dos preceitos da ergonomia, que 
procura adequar o trabalho ao homem e não o inverso, informa Pegatin 
(2020).
 O projeto não é, necessariamente, sempre de criação e algo novo, 
mas sempre de transformação (algo a ser implementado ou existente). 
Nesse caso, é importante que seja desenvolvido após uma análise 
ergonômica do trabalho.
Rebelatto (2004) afirma que o projeto ergonômico deve dispor de 
uma coleta de dados sólida e segura. Isso torna a abordagem ergonômica 
mais “científica”, de maneira que se reúnam dados para recomendar 
como as pessoas se comportam com diferentes aspectos das condições 
de trabalho (Figura 14). Posteriormente, procura-se encontrar o melhor 
conjunto de condições de conforto e desempenho.
Figura 14: Condições de trabalho
Fonte: Freepik
Ergonomia e Medicina do Trabalho
44
O projeto ergonômico do posto de trabalho, de acordo com Iida 
e Buarque (2018), busca melhorar a eficiência do trabalho humano, 
garantindo saúde, segurança e satisfação do trabalhador, com os 
seguintes propósitos: 
 • Garantir posturas adequadas, possibilitando realizar movimentos 
corporais indispensáveis à execução das tarefas.
 • Conservar a carga de trabalho dentro dos limites de tolerância, 
diminuindo os estresses físicos e cognitivos.
 • Promover a execução das tarefas, possibilitando a aquisição e 
processamento de informações e cumprimento de movimentos 
musculares favoráveis. 
Projetos de postos de trabalho ou ferramentas com perspectiva 
ergonômica precisam de informações sobre natureza da tarefa, posturas, 
direcionamento dos gestos, olhares, fatores ambientais e processamento 
de informações, menciona Pegatin (2020).
Iida (2019) relata que o projeto do posto de trabalho integra um 
planejamento mais completo das instalações produtivas, também 
chamado de arranjo físico ou layout de fábricas e escritórios. Esse 
planejamento das instalações é realizado em três níveis: 
 • Nível 1. Projeto do macroespaço — realização do estudo do espaço 
global da empresa, onde são determinadas as dimensões de cada 
departamento e das áreas auxiliares.
 • Nível 2. Projeto do microespaço — voltado para cada unidade 
produtiva (posto de trabalho), inclui o trabalhador no seu ambiente 
laboral, como também as máquinas, equipamentos, condições locais 
de ruídos e temperaturas referentes a esse trabalhador.
 • Nível 3. Projeto detalhado — determina as características interface 
homem–máquina–ambiente, para que as interações entre esses 
subsistemas sejam apropriadas.
A contribuição ergonômica pode acontecer nesses três níveis, 
sendo no macro o estudo de aspectos como iluminação, temperatura, 
horários, trabalho em equipe; no nível micro sendo essencialmente o 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
45
estudo do posto de trabalho; e no detalhado estudos dos controles e 
manejos e dispositivos de informação (IIDA E BUARQUE, 2018).
Iida (2019) entende que as atividades de projeto de posto de trabalho 
podem ser agrupadas em cinco etapas: análise da tarefa, arranjo físico do 
posto de trabalho, dimensionamento do posto de trabalho, construção e 
teste do modelo e ajustes individuais.
Vejamos as principais características de cada uma delas.
A análise da tarefa é o conjunto de ações humanas que faz o sistema 
funcionar para que se atinja o objetivo pretendido. Envolve a descrição da 
tarefa que determina o objetivo, o operador, as características técnicas, 
as aplicações, as condições operacionais, as condições organizacionais 
e as condições ambientais; envolve também a descrição das ações que 
se concentram mais nas características que influem no projeto interface 
homem–máquina e se classificam em informações e controles; e a revisão 
crítica das tarefas e ações que busca principalmente avaliar as condições 
que poderiam provocar dores e lesões osteomusculares nos postos de 
trabalho, devendo-se prestar atenção às tarefas altamente repetitivas e 
às ações estáticas, esclarece Iida e Buarque (2018).
A revisão crítica das tarefas pode ser realizada através da aplicação 
da análise ergonômica do trabalho parase corrigirem eventuais problemas 
detectados antes de se avançar com o projeto (IIDA e BUARQUE, 2018).
O arranjo físico do trabalho é o estudo da distribuição espacial ou 
do posicionamento relativo dos diversos elementos que compõem o 
posto de trabalho (Figura 15), elucida Iida (2019).
Figura 15: Posto de trabalho
Fonte:Freepik
Ergonomia e Medicina do Trabalho
46
O dimensionamento, conforme Iida (2019) determina que a maioria 
dos usuários deverá ter uma postura confortável no posto de trabalho, 
devendo ser consideradas para a adaptação do posto de trabalho aos 
seus usuários, as seguintes dimensões:
 • Altura da superfície do trabalho.
 • Alcances normais máximos das mãos.
 • Espaços para acomodar as pernas e realizar movimentações laterais 
do corpo.
 • Dimensionamento das folgas.
 • Altura para a visão e ângulo visual.
A etapa final é a construção e teste do posto de trabalho, no 
qual poderão ser observados o alcance dos movimentos (Figura 16), 
conforto, postura e a visibilidade dos instrumentos, assim como os ajustes 
necessários poderão ser inseridos com poucos gastos de tempo e de 
recursos, esclarece Iida (2019).
Figura 16: Alcance dos movimentos
Fonte: Freepik
Ergonomia e Medicina do Trabalho
47
Pegatin (2020) afirma que os melhores resultados são alcançados 
quando o produto de uma ação em ergonomia é introduzido em um 
programa de gestão em saúde e segurança do trabalho e, especialmente 
, quando está alinhado à estratégia da alta administração, para isso, 
indicadores devem ser gerenciados sistematicamente, com a finalidade 
de avaliar o alcance das ações.
Dessa forma, existem algumas vantagens que podem ser atribuídas 
ao sistema de gestão, segundo Pegatin (2020):
 • Gera uma estrutura na organização que possibilita atividades futuras 
de forma consistente e controlada.
 • Melhora a tomada de decisões, o planejamento e a definição de 
prioridades.
 • Colabora para o uso mais eficiente do capital de recursos dentro da 
organização.
Pegatin (2020) ainda afirma que entre as ações norteadoras de um 
programa de gestão de ergonomia merecem destaque as ações práticas 
do cotidiano, e uma condição operacional que facilita o sucesso do 
programa são os chamados comitês de ergonomia (COERGOS).
Os trabalhadores que fazem parte do comitê de ergonomia possuem 
como propósito identificar, priorizar e eliminar condições ergonômicas 
críticas, distribuindo responsabilidades entre os níveis operacional e de 
gestão, e a estrutura desse comitê varia de acordo com as características 
e com o porte da organização, obviamente, pela possibilidade de recursos 
técnicos e humanos disponíveis, explana Pegatin (2020). 
RESUMINDO:
Neste capítulo você deve ter compreendido que um programa 
é um projeto elaborado de forma detalhada, que a introdução 
de um programa de ergonomia pode ser sob a perspectiva 
reativa ou proativa e que a existência de um programa de 
ergonomia constitui uma geração de 
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RESUMINDO (continuação):
exigências favoráveis no ambiente e na concepção de uma 
equipe para a execução de boas condutas, bons projetos 
e bons registros no campo. Viu também as vantagens na 
introdução de programas de ergonomia na empresa, como 
é o projeto ergonômico, seus propósitos e suas etapas. 
Por fim, compreendeu que os melhores resultados são 
alcançados quando o produto de uma ação em ergonomia 
é introduzido em um programa de gestão em saúde e 
segurança do trabalho, e que uma condição operacional que 
facilita o sucesso do programa são os chamados comitês de 
ergonomia.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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Ergonomia e Medicina do Trabalho
51Ergonomia e Medicina do Trabalho
Elaine Christine Pessoa Delgado 
Marcos Rodolfo da Silva
Giselly Santos Mendes
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Trabalho

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