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ACONSELHAMENTO 
PASTORAL FAMILIAR
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Vanessa Roberta Massambani Ruthes
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Welder Lancieri Marchini
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 250
R974a Ruthes, Vanessa Roberta Massanbani
Aconselhamento pastoral familiar / Vanessa Roberta Massan-
bani Ruthes. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
129 p. : il.
 
ISBN 978-85-69910-87-9
1. Teologia Pastoral.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Vanessa Roberta Massambani Ruthes
Doutoranda em Teologia pela Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Possui 
Mestrado em Teologia pela mesma Instituição. 
Possui Especialização em Bioética pela PUCPR; 
Especialização em Espiritualidade pela Faculdade 
Vicentina e Especialização Princípios Educacionais 
pela PUCPR. Possui Aperfeiçoamento em Ética de 
la investigación con seres humanos pela UNESCO; 
e Aperfeiçoamento em Ensino de Filosofia pela 
UFPR. Licenciada em Filosofia e Pedagogia. Atua 
como professora e gestora tanto na Iniciativa 
Privada, quanto no Setor Público. É consultora 
e palestrante. Possui livros publicados na área 
de Teologia e Filosofia, como também vários 
artigos em periódicos científicos e em jornais 
de circulação.
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................01
CAPÍTULO 1
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral .................9
CAPÍTULO 2
As Técnicas de Aconselhamento Pastoral ........................43
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
As Diferentes Abordagens do
Aconselhamento Pastoral ...................................................71
Aconselhamento Pastoral Familiar ..................................103
APRESENTAÇÃO
O presente livro “Aconselhamento Pastoral Familiar”, apresenta a temática de 
Aconselhamento Pastoral de forma introdutória e ampla. 
No primeiro capítulo “Os fundamentos do Aconselhamento Pastoral”, vamos 
apresentar uma definição de Aconselhamento Pastoral, bem como compreender as 
diversas correntes psicológicas que o fundamentam. Também estudaremos sobre a 
presença do Aconselhamento Pastoral nas Sagradas Escrituras e por fim conhecer 
os seus pressupostos teológicos.
No segundo capítulo “As técnicas de Aconselhamento Pastoral”, vamos conhecer 
os objetivos fundamentais do Aconselhamento Pastoral e as diversas técnicas que 
podemos utilizar. Também vamos estudar sobre a comunicação interpessoal no 
processo de Aconselhamento, bem como compreender o Aconselhamento Pastoral 
como um processo de acompanhamento e não como intervenção.
No terceiro capítulo “As diferentes abordagens do Aconselhamento Pastoral”, 
vamos abordar o Aconselhamento pastoral a partir de públicos específicos; com os 
enfermos, com jovens e adolescentes, com a comunidade, enfim, vamos examinar 
as diferentes formas de abordagem do Aconselhamento Pastoral com esses temas.
No quarto e último capítulo “Aconselhamento Pastoral Familiar” abordaremos o 
Aconselhamento Pastoral junto a família, e para tal, vamos conhecer sobre a história 
da família ao longo dos tempos e seus conceitos. Vamos estudar sobre a história 
da terapia familiar, conhecer os fundamentos bíblicos-teológicos do casamento e da 
família e por fim, compreender o aconselhamento pastoral nas relações pais-filhos e 
com os casais.
Salienta-se que o Aconselhamento Pastoral é uma temática complexa, que 
envolve em si questões relacionadas a várias áreas do conhecimento. Entretanto, 
é também uma atividade importante e necessária no trabalho pastoral. Por isto, esta 
obra tem o objetivo de fornecer subsídios para a formação pessoas que atuam com 
este trabalho. 
Boa leitura!
CAPÍTULO 1
Os Fundamentos do 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer os diferentes pressupostos e definições do Aconselhamento Pastoral.
� Identificar as diferentes correntes psicológicas que fundamentam o 
Aconselhamento Pastoral.
� Analisar as diferentes bases do Aconselhamento Pastoral.
� Analisar o Aconselhamento Pastoral nas Sagradas Escrituras.
� Conhecer os pressupostos teológicos do Aconselhamento Pastoral.
Aconselhamento Pastoral
10
 Aconselhamento Pastoral Familiar
11
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Contextualização
Neste capítulo, vamos conhecer os diferentes pressupostos e definições do 
Aconselhamento Pastoral, identificar as diferentes correntes psicológicas que o 
fundamentam, analisar as suas diferentes bases, como também buscar entender 
os fundamentos bíblicos e teológicos desta área do conhecimento. 
É importante ressaltar que há uma enorme diferença entre Terapia e 
Aconselhamento Pastoral. Todo líder religioso pode atuar como aconselhador 
pastoral, porém nem todo aconselhador pode atuar como terapeuta, uma vez 
que para tal é necessária uma formação específica na área de psicologia. Assim 
sendo, Aconselhamento Pastoral e Terapia são coisas distintas, a primeira leva 
em consideração o indivíduo como ser religioso, a segunda considera a pessoa 
como um ser psíquico.
O presente material não tem a intenção de esgotar o referido tema, sendo 
ele um estudo introdutório sobre o Aconselhamento Pastoral. A presente temática 
é complexa e envolve dedicação com alguns conceitos e etimologias e, neste 
sentido, convidamos o leitor a desenvolver um estudo analítico-crítico sobre o 
respectivo tema para aprofundá-lo, bem como distingui-lo do conceito de terapia, 
que muitas vezes é confundido ou mal interpretado.
Definição de Aconselhamento 
Pastoral
Antes de propormos uma conceituação de Aconselhamento 
Pastoral, vamos nos aprofundar em outros termos, tais como: 
Aconselhamento, Counseling e Coaching, que são concepções 
correlatas. Estes conceitos, etimologias e epistemologias contribuem 
no processo de entendimento sobre o que vem a ser, de fato, 
Aconselhamento Pastoral. 
Sendo este um conceito complexo e sistemático, sua definição 
pressupõe a compreensão e entendimento destes termos por 
primeiro, pois nos darão uma maior clareza conceitual, bem como 
uma compreensão epistemológica, permitindo assim uma leitura e 
interpretação crítica do tema.
Aconselhamento, 
Counseling e 
Coaching, que 
são concepções 
correlatas. 
Estes conceitos, 
etimologias e 
epistemologias 
contribuem no 
processo de 
entendimento 
sobre o que vem 
a ser, de fato, 
Aconselhamento 
Pastoral.
12
 Aconselhamento Pastoral Familiar
O Que é Aconselhamento? 
A partir do senso comum ou popularmente falando, podemos conceituar 
Aconselhamento como um ato ou efeito de aconselhar, uma orientação, um 
encaminhamento, uma recomendação, uma consulta. Seria o ato de dar ou pedir 
conselhos, uma ação de trocar ideias ou opiniões para chegar a uma conclusão. 
Aconselhamento
=
Orientação, Auxílio, Conselho
Podemos também entender o Aconselhamento como uma atitude de 
persuasão ou como uma atitude de orientação. Uma espécie de auxílio, 
advertência ou orientação que um profissional, seja ele pedagogo, psicólogo ou 
aconselhador, desenvolve junto à outra pessoa no que tange as decisões que 
este possa tomar com relação à escolha de algo.
 Perante a etimologia, a palavra aconselhar vem do grego synavlía 
(συναυλία), cuja tradução significa dar conselhos ou sugestões,chamar a atenção, 
avisar sobre, admoestar, opinar, repreender levemente, censurar algo, insinuar, 
orientar, propor, recomendar, sugerir.
Na compreensão de Schneider-Harpprecht (1998), aconselhamento é a 
práxis de ajudar as pessoas com problemas de saúde, problemas psíquicos, 
problemas sociais, problemas espirituais e outros, por meio de uma pessoa ou de 
um grupo qualificado, levando aquela pessoa a se recuperar ou a entender o que 
se passa ao seu redor.
O problema não é sinônimo de confusão ou de dúvida, pois 
não indica caos ou, ainda, ausência de compreensão. O problema 
é, sim, a compreensão de que uma determinada realidade não tem 
um sentido único, ou seja, de que ela pode ser analisada a partir de 
diferentes perspectivas.
13
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
A práxis trata-se de um processo dialético entre teoria e prática. 
A atividade prática se sujeita, conforma-se à teoria, do mesmo modo 
que a teoria se modifica em função da prática.
Para Hoch (2005), Aconselhamento é a busca por formas autênticas de 
vivência, já para Ruthe (1993), o mesmo termo deve ser empregado atrelado a 
várias circunstâncias, tais como: fornecer informações, dar conselhos, criticar, 
elogiar, encorajar, apresentar sugestões e interpretar ao cliente o significado do 
seu comportamento, com a finalidade de proporcionar libertação emocional do 
indivíduo e facilitar o seu desenvolvimento, constituindo um ramo da psicologia 
científica. 
Carl Rogers (1977) delibera Aconselhamento como “uma série de contatos 
diretos com o indivíduo, com o objetivo de lhe oferecer assistência na modificação 
de suas atitudes e comportamento”.
Estas definições de Aconselhamento, apresentadas anteriormente, embora 
corretas e oportunas, são um tanto quanto vagas, tendo em vista que apenas 
estamos iniciando nossa reflexão sobre o tema. Posteriormente, ao aprofundarmos 
a questão do Aconselhamento Pastoral, tal termo receberá novo sentido.
O Que é Counseling?
Quando estamos falando de Counseling ou de Aconselhamento, estamos 
falando, a bem da verdade, da mesma coisa, o que muda é a sua aplicação no 
tempo e no espaço. Assim sendo, podemos dizer que são sinônimos quanto a sua 
interpretação e conceituação.
O Counseling é mais utilizado em empresas, escritórios, instituições públicas, 
está mais presente na área de Gestão, enquanto que o Aconselhamento é mais 
utilizado e presente em igrejas, em pastorais, comunidades, escolas, consultórios, 
clínicas, dentre outros.
Counseling 
=
Aconselhamento
14
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Counseling é uma expressão inglesa que significa 
Aconselhamento. Trata-se de um processo de comunicação entre duas 
ou mais pessoas, que tem como objetivo ajudar determinada pessoa 
a fazer as suas próprias escolhas, seja no âmbito pessoal, social, 
profissional ou religioso.
O Counseling parte do princípio de que cada pessoa tem dentro de 
si os recursos necessários para resolução de seus próprios problemas, 
e se serve de técnicas para ajudar a pessoa a se ajudar, não sendo 
necessário impor nada, absolutamente nada para esta pessoa, tendo 
assim uma postura extremamente ética em sua técnica de abordagem.
Esta técnica surgiu com o psicólogo norte-americano Carl Rogers, nos EUA, 
na década de 50 do século XX. O Counseling direciona toda a atenção na pessoa 
em primeiro lugar, e não no problema propriamente que ela apresenta, havendo 
uma valorização da pessoa humana e de suas relações, sentimentos, emoções, 
racionalidade, dentre outros.
Ajudar determinada 
pessoa a fazer 
as suas próprias 
escolhas.
Cada pessoa 
tem dentro de 
si os recursos 
necessários para 
resolução de seus 
próprios problemas.
Carl Rogers (1902-1987) foi um psicólogo norte-americano. 
Desenvolveu a Psicologia Humanista, que tem como premissa 
básica colocar o ser humano no centro de toda ação, antes mesmo 
do problema. Esta abordagem psicológica salienta todos os aspectos 
positivos da vida como promotores de saúde mental. Ela considera 
a pessoa como responsável pelas suas ações e consequentemente 
pela sua vida, sendo capaz de encontrar as diferentes vias para a 
realização da liberdade.
O profissional do Counseling, conhecido como conselho/conselheiro, 
tem como objetivo clarificar as opções diante da crise pessoal, religiosa ou 
profissional do cliente/paciente, ajudando-o de forma rápida e pontual, através 
do aconselhamento. Esta área vem crescendo, e os profissionais vêm atuando 
em diversos segmentos: empresas, clínicas e nas comunidades, com o chamado 
Aconselhamento Matrimonial ou Aconselhamento Pastoral.
15
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
O Que é Coaching?
Coaching é um conjunto de recursos que utiliza técnicas, ferramentas e 
conhecimentos de diversas ciências, como a administração, gestão de pessoas, 
psicologia, neurociência, recursos humanos, planejamento estratégico, dentre 
outras áreas, visando resultados em vários contextos, seja pessoal, profissional, 
social, familiar, religioso/espiritual ou financeiro. 
Coaching
=
Aconselhamento
=
Desenvolvimento pessoal
Coaching significa tirar um indivíduo de seu estado atual e levá-lo ao estado 
melhor e desejado de forma rápida e satisfatória. Destaca-se que coaching não é 
psicoterapia nem consultoria. A essência do coaching é ajudar a pessoa a crescer, 
orientando-a a caminhar em uma nova direção. O objetivo do coaching é levar o 
indivíduo a aprender com as próprias experiências.
O coaching é um processo de descobertas da própria pessoa voltada para 
a sua realidade e seu futuro. O coach procura ativar a capacidade da própria 
pessoa de buscar respostas para as suas questões e a orienta à autodescoberta 
e interatividade. O coaching é um processo e uma competência que tem como 
base o aperfeiçoamento e desenvolvimento pessoal.
O processo de coaching é uma oportunidade de visualização clara dos pontos 
individuais, fortes e fracos, de aumento da autoconfiança, de quebrar barreiras de 
limitação, para que as pessoas possam conhecer e atingir seu máximo potencial 
e alcançar suas metas de forma clara, objetiva, consciente e, principalmente, 
assertiva, desenvolvendo assim suas habilidades e competências em favor do 
seu bem e da instituição.
Na atualidade, é comum as pessoas buscarem por espiritualidade, mas não 
aderirem a uma religião específica. Observamos também que dentro do contexto 
religioso/espiritual a busca por equilíbrio interior é constante, sempre bem-vinda 
e positiva. Além disso, as pessoas buscam por crescimento espiritual e satisfação 
pessoal, na esperança de alcançar a felicidade e resolver seus conflitos internos, 
e nesta perspectiva, procuram por um coach e não propriamente por um líder 
religioso.
16
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Este profissional tende a oferecer à pessoa equilíbrio e harmonia por 
meio de suas orientações. Este profissional nada mais é que um mediador, um 
aconselhador, que colabora com o desenvolvimento pessoal daquela pessoa de 
forma neutra e ética, procurando trabalhar a mediação, levando o indivíduo a ter 
suas próprias convicções, sem nada impor.
Afinal, o Que é Aconselhamento 
Pastoral?
Segundo Fernandes (2012), o Aconselhamento Pastoral é um ramo de 
aconselhamento em que conselheiros pastorais geralmente integram pensamento 
psicológico moderno e método com formação religiosa tradicional, em um esforço 
para tratar de questões psicoespirituais, além do espectro tradicional de serviços 
de aconselhamento.
“O primeiro serviço que alguém deve ao outro na comunidade 
é ouvi-lo. Assim como o amor a Deus começa com o ouvir a sua 
Palavra, assim também o amor ao irmão começa com aprender a 
escutá-lo. É prova do amor de Deus para conosco que não apenas 
nos dá sua Palavra, mas também nos empresta o ouvido. Portanto, 
é realizar a obra de Deus no irmão quando aprendemos a ouvi-lo. 
Cristãos e especialmente os pregadores, sempre acham que têm algo 
a “oferecer” quandose encontram na companhia de outras pessoas, 
como se isso fosse o seu único serviço. Esquecem que ouvir pode 
ser um serviço maior do que falar. Muitas pessoas procuram um 
ouvido atento, e não o encontram entre os cristãos, porque esses 
falam quando deveriam ouvir. Quem não ouve a seu irmão, em breve 
também não ouvirá a Deus. Quem não consegue ouvir demorada 
e pacientemente, estará apenas conversando à toa e nunca estará 
realmente falando com outros, embora não esteja consciente disso”.
Fonte: Howard Clinebell (apud DIETRICH BONHOEFER, 1987, p. 69).
17
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Segundo Ferreira (2011), o Aconselhamento Pastoral pode ser definido como 
uma relação de ajuda em que uma pessoa, o conselheiro, procura assistir outra 
pessoa, nos problemas e desafios religiosos que aquela pessoa está enfrentando 
na sua vida. Tem como objetivo ajudar a pessoa a desenvolver ou alcançar a 
sua maturidade cristã ou, quem sabe, o querigma, a partir das mudanças de sua 
forma de pensar.
Querigma é o Primeiro Anúncio. A palavra tem origem no grego 
Kerissen, que significa primeiro anúncio. Proclama e apresenta Jesus 
Cristo morto, ressuscitado e glorificado para termos uma experiência 
de mudança de vida, graças à fé. Querigma significa o Primeiro 
Anúncio da Boa-Nova do acontecimento Jesus de Nazaré, realizado 
na força do Espírito Santo, baseado no testemunho pessoal dos 
apóstolos. 
O aconselhamento pastoral, enquanto prática, deve estar 
inserido no contexto cultural no qual está presente e com ele 
estabelecer um processo dialógico. Como afirma Schneider-
Harpprecht (1997, p. 74-75): “Partindo da noção do ser humano 
como ser falante que precisa compreender o seu mundo, o termo 
‘cultura’ significa as construções do discurso humano através do qual 
os seres humanos controlam o seu comportamento social, o conjunto 
diversificado dos textos falados e escritos que relaciona pessoas 
num determinado tempo e espaço físico nas mais diversas formas 
e atividades que criam produtos materiais, frutos de trabalho e arte. 
O uso da metáfora do texto para fazer referência ao material cultural 
aponta para a desconstrução do sentido através da interpretação 
como tarefa da pesquisa. A cultura é a rede de inscrições de sentido 
que se constrói, molda e perpassa as relações sociais e precisa ser 
decifrada e des-construída. O Aconselhamento Pastoral participa 
desse trabalho de interpretação. Entendemos sob Aconselhamento 
Pastoral as atividades em que a comunidade cristã procura realizar 
o ministério da poimênica, quer dizer, o ministério da ajuda mútua 
dos cristãos e da ajuda para aqueles que a procuram nos conflitos 
da vida. Aconselhamento acontece através da conversação pastoral 
18
 Aconselhamento Pastoral Familiar
e de outras formas de comunicação metodologicamente refletidas 
em atos de construção e desconstrução de sentido e relaciona a 
tradição simbólica do Cristianismo com a biografia das pessoas e 
com a sua atuação concreta. O Aconselhamento Pastoral participa 
do discurso da teologia que, como uma forma do discurso religioso 
no qual a sociedade simboliza as condições contingentes da vida 
individual e social, fundamenta, critica e conduz a ação comunicativa 
dos cristãos em determinadas igrejas a partir dos textos fundantes do 
Cristianismo. O Aconselhamento Pastoral desenvolve a sua teoria no 
diálogo crítico com o discurso da sociedade sobre a assistência e a 
terapia de pessoas. Ele sempre faz parte de uma cultura específica 
e implica a reflexão sobre a relação da prática da fé cristã com a 
cultura dos aconselhadores e dos aconselhandos no processo de 
aconselhamento. Como dizem Arthur Kleinman e John Patton, o 
aconselhador é um “minietnólogo” que observa e descreve indivíduos, 
famílias, pequenos grupos e comunidades na sua particularidade 
cultural dentro do contexto maior da sociedade”.
Uma pessoa que exerce a missão do Aconselhamento Pastoral, segundo 
Ferreira (2011), desenvolve um tipo de trabalho e abordagem marcados à partida 
por alguns pressupostos que estabelecem limites, desde logo, na relação com a 
pessoa que procura ajuda ou aconselhamento. Para o autor, esse tipo de limites, 
em primeiro lugar, tem a ver com aquilo a que podemos, talvez, chamar a posição 
de poder do conselheiro:
O aconselhamento pastoral tem enquadramento próprio. 
Sendo que a tarefa do aconselhamento é o acompanhamento 
de alguém que chega e pede ajuda específica. Não basta 
apenas ouvir, mas é preciso saber ouvir e interferir no momento 
exato, possibilitando uma maior compreensão da dificuldade a 
ser enfrentada, por parte do próprio aconselhado. A relação de 
ajuda terá como finalidade fazer com que a própria pessoa, 
que busca auxílio, compreenda-se e seja capaz de olhar para 
os próprios problemas (FERREIRA, 2011, p. 1).
Ferreira (2011) também se preocupa com a questão da relação do 
Aconselhamento Pastoral com a liderança de fé, que tende a ser uma problemática 
no espaço religioso e na própria relação de Aconselhamento Pastoral, dificultando 
o diálogo e, consequentemente, o aconselhamento.
19
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Nos casos em que o conselheiro é também o líder na comunidade 
de fé, o aconselhando tende a colocar-se automaticamente num patamar 
de submissão. Tende a ficar intimidado, a não se abrir, a ter necessidade 
de medir as palavras muito bem e resguardar-se mais do que faria 
eventualmente com um técnico anônimo, ou alguém que não represente 
qualquer espécie de poder para aquela pessoa, mas também, para o 
conselheiro esta não é uma situação fácil de gerir. É extremamente difícil, 
para quem dispõe de uma certa influência no aconselhando, resistir à 
tentação de direcionar, optando por outras posturas de aconselhamento, 
esquecendo que deve ser a própria pessoa (o aconselhando) a encontrar 
o seu próprio percurso e as soluções para os problemas que, afinal, 
também são essencialmente seus.
Fonte: Ferreira (2011, p. 2).
O termo “poimênica” vem do grego “poimén”, que significa 
“pastor”. Sendo assim, a poimênica tem a ver com o trabalho 
pastoral. Podemos entender também como Teologia pastoral, a parte 
da Teologia que trata da instituição do ministério cristão, das ordens 
sacras, seu significado, da vocação, do ministro e da renovação dela, 
da sua vida interior e das relações sociais, do comportamento na 
família, na paróquia e na nação, da sua posição e atitude espiritual 
no culto e na celebração dos ritos e sacramentos e, por fim, da cura 
de almas, no púlpito.
Qualquer que seja a necessidade que o aconselhado tenha, o conselheiro 
constatará que as pessoas têm um objetivo comum que é fundamentalmente 
egocêntrico. Em casos assim, é dever do conselheiro ajudar a desenvolver a 
maturidade espiritual e psicológica do aconselhado.
Oliveira (2013), por sua vez, afirma que Aconselhamento Pastoral deve 
ser entendido em seu sentido mais amplo, ou seja, como a ação do/a pastor/a, 
indivíduos cristãos e/ou a própria comunidade que, subsidiados por ferramentas 
bíblico-teológico-pastorais, além do auxílio da área da psicologia, juntos, ajudam 
e proveem o apoio poimênico, como: cura, nutrição espiritual e orientações à(s) 
pessoa(s) e/ou grupo em meio a momentos difíceis, de angústias e/ou crises, com 
vistas a seu desenvolvimento, crescimento e libertação.
20
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Essa compreensão do aconselhamento pastoral encontra base 
teórica em Clinebell (1998), pastoralista norte-americano que 
desenvolve seu método a partir de três elementos principais: 
crescimento, libertação e integralidade. Na sua visão, a 
poimênica, na atualidade, deve se concentrar nas seguintes 
funções: cura, sustentação, orientação, reconciliação e nutrição. 
Aspectos importantes para um trabalho de acompanhamento e 
aconselhamento pastoral a pessoas e/ou grupo que enfrentam 
crises (OLIVEIRA, 2013, p. 2).
Para Clinebell (2011), o AconselhamentoPastoral é uma coluna da Igreja 
que mantém de pé seus relacionamentos, fazendo reconciliações constantes na 
vida das pessoas. A poimênica proporciona à Igreja relacionamentos profundos 
que capacitam pessoas para a cura, libertação e crescimento de seu próximo. 
À semelhança do convívio de Jesus com seus discípulos, é no interior da 
comunidade de fé que surgem as situações para o tratamento de vidas.
De acordo com Clinebell (2011, p. 25), o Aconselhamento Pastoral, “que 
constitui uma dimensão da poimênica, é a utilização de uma variedade de métodos 
de cura (terapêuticos) para ajudar as pessoas a lidar com seus problemas e crises 
de uma forma mais conducente ao crescimento.
Desta forma, a poimênica e o Aconselhamento estão interligados e devem 
agir juntos, porém não são a mesma coisa. O Aconselhamento Pastoral é o 
trabalho específico do líder religioso no acompanhamento de vidas, tratando seus 
problemas pessoais com apoio da Teologia e da pastoral e com auxílio de técnicas 
da psicanálise e da psicologia.
Assim sendo, no entender de Clinebell (2011), a poimênica é proporcionada 
pela Igreja como um todo que acolhe e trata pessoas, contribuindo para o 
crescimento e cura de vidas no meio da comunidade de fé ou na sociedade 
em geral. Nota-se que uma precisa da outra. Se houver poimênica e faltar 
Aconselhamento Pastoral, o trabalho fica incompleto e vice-versa.
No entender de Friesen (2004), o Aconselhamento Pastoral procura cuidar 
das tensões interiores e dos diferentes complexos que interferem na qualidade 
de vida das pessoas, bem como libertar as pessoas de atitudes impróprias e 
distorções de percepção quanto à realidade, dos medos, das culpas e das iras 
inadequadas. 
Por isso, o Aconselhamento Pastoral utiliza-se da fundamentação teórica 
e espiritual oferecida pela Palavra de Deus, com os recursos que o conselheiro 
obtiver, como subsídio, da biologia, da pedagogia, da psicologia e da filosofia para 
atingir tal propósito.
21
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Segundo Friesen (2004), aconselhar pode ser definido como “proclamação 
do perdão dos pecados” e aconselhamento como a “comunicação da Palavra de 
Deus”. Para o autor, no Aconselhamento Pastoral é estabelecido um diálogo que 
tem por objetivo levar “ao rompimento com a vida nas trevas”. Neste diálogo são 
“utilizados os princípios bíblicos para a orientação da conduta e das decisões”. O 
Aconselhamento Pastoral é aquele que é realizado em nome de Jesus Cristo.
Segundo Silva (2016), a prática do Aconselhamento Pastoral é um processo 
interativo de comunicação que deve levar em conta as diferentes dimensões do 
ser humano.
Isso significa que, ao mesmo tempo em que o Aconselhamento 
Pastoral procura colher as informações referentes à vida do aconselhado 
e propor resoluções perante as dificuldades, do ponto de vista religioso 
e espiritual ele não deixará de considerar as demais dimensões dessa 
vida, sejam elas de ordem econômica, cultural, emocional ou política. 
Nesse sentido, o Aconselhamento Pastoral não se opõe ao uso de 
conhecimentos multidisciplinares, valorizando inclusive a articulação 
com outras ciências no processo de ajuda ao indivíduo.
Fonte: Silva (2016, p. 23).
Segundo Fernandes (2012), o Aconselhamento Pastoral é um ramo de 
aconselhamento em que conselheiros pastorais geralmente integram pensamento 
psicológico moderno e método com formação religiosa tradicional, em um esforço 
para tratar de questões psicoespirituais, além do espectro tradicional de serviços 
de aconselhamento. 
Para este autor, o que distingue o Aconselhamento Pastoral de outras formas 
de aconselhamento e psicoterapia é o papel e a responsabilidade do conselheiro 
e sua compreensão e expressão do relacionamento pastoral. Conselheiros são 
representantes para a Igreja do mundo espiritual e seu significado afirmado por 
suas comunidades religiosas. Assim, o Aconselhamento Pastoral oferece um 
relacionamento com essa compreensão da vida e da fé. O Aconselhamento 
Pastoral usa ambos os recursos psicológicos e teológicos para aprofundar o seu 
entendimento da relação pastoral. 
22
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Assim sendo, segundo Fernandes (2012), Aconselhamento Pastoral visa 
primeiramente despertar, alimentar e desenvolver a partir da reflexão teológica 
sobre a tradição bíblica da sabedoria, que era utilizada nos tempos bíblicos, e 
como Cristo, representa a essência da sabedoria em seu modelo ministerial. 
Fernandes (2012) destaca que o Aconselhamento Pastoral seria uma das 
dimensões da poimênica, que acontece no meio da comunidade de fé como um 
ministério natural da Igreja em cuidar de vidas que se achegam durante o ciclo da 
vida, visando sua integralidade centrada no espírito com propósito de crescimento, 
assim executando a práxis teológica na sua forma direta.
De acordo com Clinebell (1987), o objetivo maior do Aconselhamento 
pastoral é “libertar”, “potencializar” e “sustentar integralidade centrada no espírito”. 
A definição de termos básicos é a seguinte, segundo o autor: 
A poimênica e o aconselhamento pastoral compreendem 
a utilização por pessoas que exercem o ministério, de 
relacionamentos de indivíduos para indivíduos ou de pequeno 
grupo para potencializar a ocorrência de potencialização 
curativa e crescimento de indivíduos e seus relacionamentos. 
Poimênica é o ministério amplo e inclusivo de cura e 
crescimento mútuos dentro de uma congregação e de sua 
comunidade durante o ciclo de vida (CLINEBELL, 1987, p. 24).
Assim sendo, segundo Fernandes (2012), a poimênica então acontece no 
meio da comunidade de fé como um ministério natural da Igreja em cuidar de 
vidas que se achegam durante o ciclo da vida, visando sua integralidade centrada 
no espírito com propósito de crescimento.
Segundo Clinebell (1987), o Aconselhamento Pastoral que constitui uma 
dimensão da poimênica é a utilização de uma variedade de métodos de cura 
(terapêuticos), objetiva ajudar as pessoas a lidar com seus problemas e crises de 
uma forma mais conducente ao crescimento e, assim, experimentar a cura de seu 
quebrantamento. 
No entender de Fernandes (2012), a espiritualidade é um mecanismo 
importante para se fortalecer a resiliência do fiel, para que o mesmo possa 
desenvolver recursos positivos para lidar com as crises ou mudanças que ocorrem 
durante todo o ciclo de sua vida, e neste sentido, o Acompanhamento Pastoral 
tem a contribuir no processo de formação e discernimento.
Para Clinebell (1987), o Aconselhamento Pastoral é uma função reparadora, 
necessária para o crescimento das pessoas, que são seriamente comprometidas 
ou bloqueadas por crises existenciais, e nesta linha de raciocínio, o aconselhador 
tem papel relevante e indispensável, assim como o de um terapeuta. Entretanto, 
cada um tem uma função específica.
23
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
As Diversas Correntes 
Psicológicas Que Fundamentam o 
Aconselhamento Pastoral
A Psicologia vem sendo uma ferramenta imprescindível para o bom 
aproveitamento, eficiência e melhor abrangência no desenvolvimento do 
Aconselhamento Pastoral. Nesta perspectiva, passamos a ter diversas 
correntes psicológicas que passaram a fundamentar a Psicoterapia Pastoral e 
o Aconselhamento Pastoral propriamente, porém temos que ter claro que uma 
coisa é a psicologia/terapia e outra é o Aconselhamento Pastoral.
A mais aprimorada está na chamada Psicologia Humanista, desenvolvida 
pelo psicólogo Carl Rogers (1977), que tem uma nova visão terapêutica a qual 
busca uma relação mais estreita com o “cliente” (termo da psicologia considerado 
mais adequado do que o termo “paciente”). Destacamos, entretanto, que o líder 
religioso não pode simplesmente aplicar técnicas da psicologia em seu trabalho 
pastoral, se este não for psicólogo. 
Segundo Gomes (2012), a partir de Carl Rogers, que compreendia 
“aconselhamento” e “psicoterapia” como tendo o mesmo significado, o uso 
das técnicasda terapia não diretiva centrada no cliente se estendeu para além 
do âmbito da psicologia, medicina e psiquiatria, e assim, vários grupos de 
profissionais passaram a ter formação em aconselhamento. 
Este aconselhamento não diretivo não consiste em dar conselhos, mas 
num caminhar lado a lado de conselheiro e cliente (ROGERS, 1977). Nesta 
perspectiva, a Psicologia Transpessoal se assemelha com o Aconselhamento 
Pastoral, que busca caminhar com o aconselhado, levando o mesmo a obter as 
suas próprias conclusões.
A Psicologia Humanista surgiu no século XX, tem como principal 
característica considerar o ser humano como um todo. Seu objetivo 
era dar uma resposta diferente, abordando os problemas do ser 
humano, oferecendo uma perspectiva da área da saúde ao invés da 
doença. Ela se baseia no fato de que há múltiplos fatores envolvidos 
na saúde mental. Todos eles convergem e estão interligados: 
as emoções, o corpo, os sentimentos, o comportamento, os 
pensamentos. A abordagem humanista exalta a saúde mental e 
todos os atributos positivos da vida. A Psicologia Humanista defendia 
a experiência do consciente, a integridade do ser humano, o livre-
arbítrio, a espontaneidade e a criatividade do indivíduo.
https://amenteemaravilhosa.com.br/12-emocoes-poderosas/
24
 Aconselhamento Pastoral Familiar
A Psicologia Humanista teve como desdobramento histórico a Psicologia 
Transpessoal. Dentre os psicólogos humanistas, Carl Rogers é possivelmente o 
que mais contribuiu para a Psicologia do Aconselhamento e, consequentemente, 
para o Aconselhamento Pastoral de forma indireta. 
Entretanto, há na Psicologia Humanista uma dimensão existencialista, 
que será legada ao Aconselhamento e ao Aconselhamento Pastoral, 
consequentemente, sob o viés cristão a partir da ótica religiosa.
Segundo Braz (2004), os dois grandes representantes e divulgadores da 
Psicologia Humanista foram: Abraham Maslow e Carl Rogers.
Maslow preocupou-se em desenvolver uma abordagem que 
pudesse ser usada com promoção de bem-estar psicológico e 
social. Procurou compreender as mais elevadas realizações que os 
homens são capazes de alcançar. Define, então, a autoatualização 
como elemento central de sua teoria, que pode ser entendida como 
a experiência plena e intensa em que cada escolha é uma opção 
para o crescimento, concretizando o seu potencial, reconhecendo as 
defesas que impedem o seu crescimento, trabalhando com o objetivo 
de deixá-las para trás. Ressaltando que o estado de autoatualização 
não é estático, mas sim uma conquista diária, desta forma, vivenciada 
pelo homem como situações de amor pleno, experiências religiosas ou 
simplesmente vivências cotidianas. Toda pessoa possui uma tendência 
inata para tornar-se autorrealizadora, e algumas vezes a sociedade 
pode ajudá-lo ou atrapalhá-lo no seu desenvolvimento. O indivíduo 
possuiria, assim, algumas necessidades básicas a serem alcançadas 
ou desenvolvidas: fisiológicas, de segurança, de amor e pertinência, 
de estima dos outros e de si e de autorrealização, em que cada 
uma deveria ser satisfeita de acordo com o nível de preponderância, 
necessidades básicas ou inferiores precederiam às mais “nobres”.
Fonte: Kahhale e Rosa (2002, p. 87).
Rogers (1977, p. 43) definia o conceito de relações de ajuda como sendo 
“as relações nas quais pelo menos uma das partes procura promover na outra o 
crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma 
maior capacidade de enfrentar a vida”, ou ainda, “uma situação na qual um dos 
25
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
participantes procura promover numa ou noutra parte, ou em ambas, uma maior 
apreciação, uma maior expressão e uma utilização mais funcional dos recursos 
internos latentes do indivíduo”.
Para Rogers (1977), era importante que o terapeuta e o cliente conseguissem 
obter uma boa comunicação com a pessoa em relação, em especial no sentido de 
lhe fazer entender que estava a compreendê-la empaticamente, de acordo com o 
quadro de referências dela, a fim de poder contribuir no processo de colaboração 
no seu tratamento. 
Podemos transpor esta perspectiva para o Aconselhamento Pastoral sem 
nenhum problema, apenas temos que destacar que o aconselhador não realiza o 
trabalho de terapeuta, ou seja, não trabalha com as questões psíquicas e sim com 
as questões religiosas, de ordem espiritual.
Em Rogers, o aconselhamento psicológico está focalizado no presente, mais 
orientado para a ação do que para a reflexão, e mais centrado na prevenção 
do que no tratamento (processo inverso à psicoterapia); portanto, aconselhar, 
conforme Rowland (1992), é mais que dar conselhos ou prescrever condutas, no 
entanto, trata-se de ajudar o sujeito a compreender a si próprio e a situação em 
que se encontra e ajudá-lo a melhorar a sua capacidade de tomar decisões que 
lhe sejam benéficas.
Para Gomes (2012), Rogers desenvolveu a psicoterapia não diretiva e 
centrada no cliente, a partir de uma prática que visava auxiliar as pessoas que 
enfrentavam problemas, conflitos e crises, fazendo com que ajudassem a si 
próprias. Esta forma de aconselhamento enfatiza a autoajuda dos clientes na 
resolução de seus conflitos internos através da compreensão e reeducação de 
suas emoções. 
A Psicoterapia Pastoral 
 
No entender de Fernandes (2012), as pessoas que buscam a ajuda 
para problemas físicos, emocionais ou interpessoais também estão sofrendo 
espiritualmente, e nesta perspectiva, os terapeutas e profissionais da área de 
saúde humana devem necessariamente prestar atenção na dimensão espiritual da 
experiência humana, para que se possa entender as necessidades e sofrimentos 
de nossos clientes, auxiliando-os no seu processo de cura e crescimento, e assim 
também devem agir os aconselhadores pastorais.
26
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Segundo Fernandes (2012), a Psicoterapia Pastoral é um trabalho mais 
árduo, é quando o conselheiro acompanha durante um longo prazo uma pessoa 
que necessita de tratamento devido a um trauma que precise de acompanhamento 
especializado. Este trabalho é geralmente exercido por pessoas que se dedicam 
a este ministério e se capacitam com técnicas e métodos psicoterápicos, visando 
à reconstrução de vidas. 
Segundo Szassa (1995), a Psicoterapia Pastoral:
É o nome que damos a um tipo específico de influência pessoal: 
fazendo uso da comunicação, uma pessoa, identificada como 
psicoterapeuta, exerce influência supostamente terapêutica 
sobre outra pessoa, identificada como paciente. Esse 
processo, claro, nada mais é que constituinte especial de uma 
classe muito mais ampla – aliás, uma classe tão imensa que 
praticamente todas as interações humanas nela se enquadram 
(SZASSA apud HURDING, 1995, p. 31).
No entanto, para Clinebell (1987), é a utilização de métodos terapêuticos 
reconstrutivos de longo prazo, quando o crescimento é profundo ou cronicamente 
diminuído por experiências de não satisfação de necessidades básicas na infância 
ou por múltiplas crises na vida adulta. 
O cuidado pastoral é o ministério multifacetado de cuidar do bem-estar e 
crescimento espiritual de pessoas de todas as idades. Assim sendo, a Psicoterapia 
Pastoral:
É um processo assistencial a longo prazo, que procura alcançar 
mudanças fundamentais na personalidade do aconselhando, 
desvendando e tratando sentimentos ocultos, conflitos 
intrapsíquicos e memórias reprimidas dos primórdios da vida. O 
uso de métodos psicoterápicos por pastores destina-se a capacitar 
pessoas a alterar aspectos fundamentais de suas personalidades 
e de seus esquemas de comportamento para tornar estes mais 
criativos e construtivos (CLINEBELL, 1987, p. 32).
Assim, como podemos observar, não temos uma única concepção de 
Psicoterapia Pastoral, o que é muito rico e relevante. Já para Cordioli (2003), a 
Psicoterapia Pastoral:
Ocorre num contexto de uma relação de confiança 
emocionalmente carregada em relação ao terapeuta; a 
psicoterapia ocorre emum contexto terapêutico, no qual o 
paciente confia que o terapeuta irá ajudá-lo e acredita que 
este objetivo será alcançado; existe um racional, um esquema 
conceitual (teoria) ou um mito que provê uma explicação 
plausível para o desconforto (sintoma ou problema) e um 
procedimento ou ritual para ajudar o paciente a resolvê-lo 
(CORDIOLI, 2003, p. 21). 
27
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Para Fernandes (2012), o trabalho de um líder religioso consiste em 
perspectivas religiosas, éticas e psicológicas e tem o objetivo de fazer com 
que a comunidade testemunhe a sua fé. A psicologia, neste caso, entra como 
forma de complementação para o líder religioso, o conselheiro deve identificar os 
sentimentos, comportamentos e pensamentos problemáticos.
Fernandes (2012) conclui que o trabalho de um religioso e de um psicólogo, 
juntos, pode levar as pessoas a conhecerem mais de sua própria força, tanto da 
sua resiliência psicológica, da profundidade, da internalização da sua própria 
espiritualidade, e saibam em que grau a sua espiritualidade está para a sua 
capacidade de resistência psicológica, ou seja, leva as pessoas a conhecerem a 
si mesmas.
Segundo Braz (2004), dentro da psicoterapia, um dos domínios que tocam 
a dimensão espiritual é a culpa. A pesquisadora afirma que a culpa é um 
sintoma bastante frequente nos quadros de depressão, problemas conjugais ou 
alimentares, ou parte de uma perturbação secundária. Essa é uma situação-
problema que o aconselhador tem que estar atento e saber trabalhar com a 
mesma.
Braz (2004) destaca que a Psicologia Humanista é relevante para o 
entendimento da natureza holística do ser humano. Tem como principal princípio 
a autorrealização humana como forma de crescimento, contribuindo assim para a 
retirada da percepção de que algo está em falta, e sendo ele o seu próprio mestre 
e único detentor de sua vida e do seu desenvolvimento.
A Psicoterapia Pastoral é um processo pelo qual um terapeuta ou o 
Aconselhador Pastoral ajuda a analisar e a reorganizar a personalidade de uma 
pessoa. É como se fosse um trabalho de reconstrução psicológica ou espiritual, ou 
seja, o próprio indivíduo é quem vai identificar pontos de mudança necessários ao 
longo do seu amadurecimento, e com o apoio do terapeuta ou do aconselhador, 
vai encontrar estratégias que permitam a respectiva coragem e estratégias para 
a mudança necessária ao longo do processo de acompanhamento e de diálogo.
O objetivo da Psicoterapia Pastoral é ajudar o indivíduo a assimilar 
“insights” do seu comportamento diário com o aconselhador ou terapeuta, e, com 
isso, promover mudanças nos seus hábitos ou rotina religiosa e/ou espiritual, bem 
como social, se for o caso.
28
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Atividade de Estudos:
 1) Como vimos, a relação entre a Psicologia e o Aconselhamento 
Pastoral pode ser muito construtiva. Hoch (1985), em seu artigo 
Psicologia a Serviço da Libertação – Possibilidades e Limites da 
Psicologia na Pastoral de Aconselhamento, destaca e reforça 
áreas em que a Psicologia pode ser parceira do Aconselhamento 
Pastoral. Assim, leia o trecho a seguir e elabore um mapa mental 
destacando estas áreas.
 “O Aconselhamento Pastoral não precisa ter receio de se tornar 
herético quando coloca a pessoa humana no centro de suas 
preocupações. Também Deus se fez homem para resgatar a 
pessoa humana em toda a profundeza da sua humanidade. Só 
que, ao contrário da Psicologia, a Teologia e o Aconselhamento 
Pastoral não se limitam à dimensão antropológica da pessoa. O 
antropocentrismo é apenas provisório e instrumental. O objetivo 
último do aconselhamento é a relação da pessoa com Deus.
 Na medida, porém, em que esta relação da pessoa com Deus 
se medeia e se concretiza no relacionamento com as demais 
pessoas, com a sociedade, com a natureza e consigo mesmo, 
o cristão, até por uma questão de obediência a Deus e na 
preocupação pela vivência concreta da sua fé, precisa se inteirar 
da situa ção na qual vive o seu interlocutor, inclusive da sua 
situação psicológica. O conhecimento da pessoa humana em 
todas as suas dimensões é indispensável para o trabalho com as 
dificuldades e com o sofrimento humano.
 Portanto, na medida em que a constituição psíquica faz parte do 
ser pessoa, não há como excluir a psicologia da poimênica. Quem 
exclui a psicologia, exclui a psique, e quem exclui a psique está 
excluindo uma parcela marcante do próprio ser. Como podemos 
deixar de considerar as dimensões psicológicas em nosso 
envolvimento poimênico com pessoas, se são justamente fatores 
psicológicos que frequentemente estão na raiz de múltiplas 
formas de sofrimento humano? Se nós não nos relacionarmos 
com as pessoas nesse nível do seu ser pessoa, nós estaremos 
compartimentalizando o nosso interlocutor e deixando-o sozinho 
numa dimensão fundamental da sua vida. E, não raro, justamente 
naquela onde ele vem se sentindo mais sozinho e desorientado.
29
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
 A seguir, vou mencionar algumas áreas, nas quais entendo que a 
psicologia possa ser uma parceira de ajuda ao Aconselhamento 
Pastoral: 
 a) Cada pessoa tem necessidades e motivações de ordem 
física, emocional, social e espiritual, que têm origens profundas 
e que frequentemente são desconhecidas pela própria pessoa. 
Os problemas e as angústias que daí resultam, bem como as 
soluções mais adequadas, só poderão ser encontrados se a 
raiz mais profunda é descoberta ou, pelo menos, vislumbrada. 
A psicologia pode ajudar tanto ao pastor como ao pastorando a 
aprofundar a problemática, ou seja, a colocar a descoberto a real 
natureza do problema. Isto previne o Aconselhamento Pastoral 
de ser superficial na busca por soluções. Isso naturalmente 
exige muita cautela por parte do pastor. Ele não deve exceder os 
limites da sua competência e penetrar mais a fundo do que ele 
posteriormente tem condições de trabalhar.
 b) Conhecimentos de psicologia podem ajudar o agente pastoral 
a identificar o tipo de relacionamento que se estabelece entre ele 
e o seu interlocutor. A poimênica é uma atividade que acontece 
no âmbito da Igreja, mas que escapa das suas instâncias de 
controle. A conversação poimênico-pastoral é de caráter sigiloso 
e transcorre a nível da intimidade pessoal, sendo o seu conteú-
do tão imprevisível e diversificado quanto o é a própria vida 
humana. Isto representa uma oportunidade, mas se constitui 
igualmente num perigo para a poimênica. Eis que ela dá 
oportunidade a que se desenvolvam relacionamentos os mais 
diversos entre os interlocutores que precisam ser identificados 
pelo conselheiro pastoral. Onde isto não acontece, os parceiros 
da poimênica podem, sem o desejarem conscientemente, se 
envolver em formas de relacionamento indesejáveis e prejudiciais 
à finalidade a que se propõem. A psicologia pastoral pode ajudar 
o agente pastoral a identificar já no início tais fenômenos e, com 
a devida habilidade e respeito, até mesmo convertê-los em um 
instrumento de conscientização das necessidades e desejos do 
seu interlocutor. 
 c) Como já dissemos acima, toda pessoa no trato com seus 
semelhantes faz uso da psicologia e de mecanismos de 
persuasão dos quais nem sempre tem consciência. Isso vale 
também para o agente pastoral ao lidar com dificuldades de 
outra pessoa. Assim sendo, e já que é inevitável o emprego da 
psicologia, é preferível que isso seja feito de forma consciente e 
30
 Aconselhamento Pastoral Familiar
responsável. Até porque, em não sendo uma atitude consciente 
e planejada, existe o perigo do agente se tornar vítima dos seus 
mecanismos inconscientes, por exemplo, o desejo de exercer 
autoridade e poder sobre o seu interlocutor ou a necessidade 
de ter pessoas que dependam dele. A própria responsabilidade 
poimênica requer que o conselheiro pastoral tenha consciência, 
tão aproximada quanto possí vel, do que está fazendo e de que 
forma está empregandoa psicologia. A psicologia pastoral serve 
para a elucidação desse fato. 
 d) A psicologia ajuda o conselheiro pastoral a melhorar a sua 
capacidade de detectar, identificar ou, em alguns casos, até 
diagnosticar problemas no seu parceiro de diálogo. A falta de 
conhecimentos básicos de psicologia pode fazer com que certos 
problemas psicológicos que costumam ocorrer no seio de uma 
comunidade deixem de ser identificados e, por isso mesmo, 
subestimados e que depois acabem se transformando em 
dramas pessoais e familiares. Quantos problemas de violência na 
família são confundidos como sendo causados por desemprego 
ou por desajuste matrimonial, porém, se olhados mais a fundo, 
se revelam como sendo fruto de um desequilíbrio psicológico ou 
emocional. Quantos suicídios por causas ignoradas têm a sua 
origem numa depressão que ninguém, nem mesmo o pastor, 
soube identificar. Em casos extremos, mas nem tão raros assim, 
encontramos obreiros nossos, na mais sincera e ingênua intenção 
de fé e testemunho cristão, preocupados em expelir demônios de 
pessoas que, na verdade, estão acometidas de histeria ou de 
outras formas de doenças psicológicas. Há igualmente pessoas 
que nos procuram com perguntas e problemas de fé, tais como 
a incapacidade de se relacionarem com Deus e que, sem o 
saberem, são expressões de conflitos emocionais, não raro, 
adquiridos já na infância.
 Para evitar mal-entendidos, quero deixar claro que não estou 
pleiteando que o pastor se ponha a tratar de casos como os que 
acabei de mencionar: Para isso lhe falta, geralmente, a formação 
adequada. E é bom que ele saiba que não é psicólogo e nem 
mé dico. O que estou querendo dizer é que o agente pastoral 
deveria ter um conhecimento elementar de psicologia para 
poder identificar problemas de natureza psicológica e para poder 
encaminhar tais casos a profissionais competentes para deles 
tratarem. Para alguns pastores não é fácil aceitar o fato de que 
eles não são a pessoa indicada para tratar de todos os problemas 
que surgem em sua comunidade. Nós precisamos aprender a 
delegar tarefas. Às vezes, delegar é a melhor maneira de ajudar. 
31
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Mas para isso precisamos, antes de mais nada, aprender a 
distinguir o que é e o que não é da nossa competência pastoral! 
Reconhecer as possibilidades da psicologia para o serviço 
pastoral na Igreja, tendo em vista a libertação ampla da pessoa 
e da sociedade, não implica em deixar de apontar para os seus 
limites” (HOCH, 1985, p. 259-262).
As Diversas Correntes 
Psicológicas Que Fundamentam o 
Aconselhamento Pastoral
 
O quadro a seguir procura demonstrar resumidamente as demais correntes 
psicológicas que fundamentam o Aconselhamento Pastoral, e embora saibamos 
que a maior influência está na Psicologia Transpessoal, se faz necessário 
conhecer outros fundamentos. 
Realizamos isso por meio desta metodologia comparativa, objetivando 
ser um pouco mais didático quanto à transposição destes conteúdos científico-
religiosos, uma vez que eles estão diretamente ligados pelo viés do racionalismo 
e não pelo subjetivismo.
Quadro 1 – As correntes psicológicas que fundamentam o Aconselhamento Pastoral
BEHAVIORISMO
Tem por suas raízes o funcionalismo, o instrumentalismo e o associacio-
nismo. Skinner afirmava que o comportamento é essencialmente fruto de 
um condicionamento operante. Segundo Fernandes (2012), o uso de algu-
mas de suas práticas religiosas e sociais permite um certo “relacionamen-
to” com o aconselhamento e com o cuidado pastoral.
A GESTALT
A Gestalt-terapia busca manter uma perspectiva holística diante das pes-
soas, onde afirma a complexidade das pessoas e dos acontecimentos e 
inclui todas as dimensões pertinentes, incluindo a religiosidade. A Ges-
talt-terapia objetiva o “funcionamento unitário do homem como um todo”.
A PSICANÁLISE
Freud reconhece que a religião vem para preencher uma necessidade 
crítica de dependência e de apoio, e é contra a insegurança da vida. O 
rompimento com a religião traz um aumento significativo da neurose. Nem 
todo mundo é igualmente capaz de ser ateu. A religião é importante contra 
a neurose, então, se ao considerar a religião uma neurose, talvez seja uma 
neurose necessária.
32
 Aconselhamento Pastoral Familiar
A PSICOLOGIA 
ANALÍTICA:
Jung criou alguns dos mais conhecidos conceitos psicológicos, incluindo o 
arquétipo, o inconsciente coletivo, o complexo e a sincronicidade. Ele viu 
a psique humana como "de natureza religiosa", e fez desta religiosidade o 
foco de suas explorações. Jung é um dos mais conhecidos contribuintes 
contemporâneos para análise de sonhos e simbolização. Os junguianos 
tendem a tratar as crenças religiosas e os comportamentos de uma forma 
positiva, oferecendo referências psicológicas para termos tradicionais reli-
giosos como "alma", "mal", "transcendência", “sagrado” e “Deus “.
A ANÁLISE 
TRANSACIONAL
Esta terapia se baseia na descoberta de soluções para os comportamen-
tos adaptativos. O cliente e o terapeuta devem trabalhar em conjunto de 
forma respeitosa para a implementação de várias técnicas terapêuticas 
que ajudarão o cliente a alcançar seu resultado desejado. O foco principal 
da análise transacional é capacitar pessoas com a capacidade de atingir 
bem-estar psicológico.
A PSICOLOGIA 
TRANSPESSOAL
Esta terapia está interessada em explorar bem-estar extremo. Maslow arti-
culou esses conceitos-chave como "autorrealização" de Psicologia Huma-
nista, e depois ultrapassou-o com o seu ideal na Psicologia Transpessoal 
de "autotranscendência”. Segundo Fernandes (2012), o transpessoalismo 
participa das raízes-árvores do cuidado pastoral mediante seus vínculos 
com o misticismo cristão, o que força seu próprio crescimento em direção 
ao céu.
A PSICOLOGIA 
HUMANISTA
É uma categoria do pessoalismo. Edward Spranger afirmava que o objeto 
de estudo da psicologia é a experiência humana, analisando seu significa-
do tendo em mente os alvos da vida e valores de alguém. Segundo Fer-
nandes (2012), a empatia é um dos aspectos mais importantes da terapia 
humanista. Sem empatia, o aconselhador ou terapeuta não compreende 
os pensamentos do cliente como este desejaria.
A PSICOLOGIA 
EXISTENCIAL
Trata-se de uma terapia centrada na pessoa, caminha para a autodireção 
e compreensão de seu próprio desenvolvimento. Parte do pressuposto de 
que uma pessoa já tem em si os recursos necessários para crescer, pro-
põe-se criar as condições para fazê-la emergir de uma situação da qual 
ela pode sair.
Fonte: Adaptado de Fernandes (2012).
33
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Fonte: Bíblia de Jerusalém.
O Aconselhamento Pastoral Nas 
Sagradas Escrituras
O Aconselhamento Pastoral também está fundamentado na Bíblia, nela 
encontramos inúmeras passagens de aconselhamento, onde tanto Jesus 
como seus discípulos realizaram tal tarefa de forma missionária, profética e 
evangelizadora. Destaca-se que o intuito não é profissional, portanto cabe aqui 
fazer uns parênteses e deixar claro que a tarefa e missão do aconselhador 
pastoral não é de ser um profissional que objetive lucro com esta tarefa, e bem na 
verdade, nunca foi este o princípio.
Encontramos algumas passagens bíblicas que fundamentam o 
Aconselhamento Pastoral que parecem pertinentes para nossa reflexão:
Quadro 2 – Aconselhamento Pastoral fundamentado na Bíblia
Teleios:
(Hb 5:14), (Cl 1:28) (Jo 2:5)
Plenitude, maturidade;
Fato de ser inteiro;
Completo e maduro em Cristo.
Parákletos:
(II Co 1:3,4 / At 13:15); (Hb 3:13); (Fl 1:9)
Ideia de consolação;
Exortação;
Oração.
Nouthésis:
(Tt 2:15; I Ts 5:11)
Admoestar;
Exortar;
Ensinar;
Repreender.
No Antigo Testamento, a imagem de “pastor de ovelhas” foi 
atribuída aos “líderes religiosos de Israel”. Moisés e Josué são 
exemplos desses líderes (HOCH, 1985). Então Moisés disse o 
seguinte: “Ó Deus Eterno, que dás a vida a todos, indica um homem 
que possa guiar o povoe comandá-lo na batalha, para que a tua 
gente não seja como ovelhas que não têm pastor” (Nn. 27,17). 
No entanto, baseando-se nas denúncias do profeta Ezequiel, 
Hoch (1985) afirma que muitos destes líderes não corresponderam 
com o que se espera de pastores. “Vocês, autoridades, são os 
34
 Aconselhamento Pastoral Familiar
pastores de Israel. Ai de vocês, pois cuidam de vocês mesmos, mas 
nunca tomam conta do rebanho […]. Vocês não tratam as fracas, não 
curam as doentes, não fazem curativos nas machucadas, não vão 
buscar as que se desviam, nem procuram as que se perdem” (Ez. 
34.2-4).
De acordo com Hoch (1985), esse descuido por parte dos líderes 
de Israel fez com que Ezequiel anunciasse “o fim do seu pastoreio” 
e o próprio Deus passa a cuidar das suas ovelhas, sendo o bom e 
justo pastor. “Eu, o Senhor Eterno, digo que eu mesmo procurarei 
e buscarei as minhas ovelhas […], eu mesmo serei o pastor do 
meu rebanho e encontrarei um lugar onde as ovelhas possam 
descansar […]. Procurarei as ovelhas perdidas, trarei de volta as que 
se desviaram, farei curativo nas machucadas e tratarei as doentes“ 
(Ez.34.11-16).
Já no Novo Testamento, através da encarnação do Verbo Divino, 
a imagem do bom pastor que cuida de suas ovelhas é atribuída a 
Jesus. No Novo Testamento, Hoch (1985) cita a passagem de Marcos 
6.34, em que Jesus se compadece do povo que está como ovelhas 
sem pastor, bem como João 10.11-18, onde Jesus assume ser o 
“bom pastor” que veio para dar vida completa para as ovelhas, que 
conhece e protege cada uma delas, que chega a dar a sua própria 
vida pelas ovelhas (HOCH, 1985).
A partir de Jesus, fica muito evidente que o Aconselhamento 
Pastoral implica num modo de ser e agir e acontece através de 
relacionamentos: consigo mesmo, com o Transcendente, com 
o/a outro/a, com o cosmos. E, como afirma Hoch (1985, p. 98), o 
paradigma do relacionamento pastoral é o “relacionamento do próprio 
Deus com seu povo”. Esse relacionamento acontece concretamente 
através de Jesus, que é o Emanuel, o Deus conosco, o Deus [que] 
se relaciona com seu povo em meio ao seu sofrimento e o faz em 
forma humana, ou seja, através da linguagem de um relacionamento 
fraterno, em moldes reais, que a mais humilde das pessoas seja 
capaz de entendê-la […] experimentá-la.
Para Friesen (2004), é Jesus quem inaugura o modo de ser e de 
agir poimênico e também permanece como exemplo e critério para 
toda poimênica cristã atual. Jesus de Nazaré, a partir da sua forma 
de agir individual, a partir da sua consciência interior e a partir do seu 
efeito sobre o meio e de sua época (ilustrado pelas histórias bíblicas), 
pode ser visto como o inaugurador do comportamento poimênico 
[...]. Ainda no Novo Testamento, o apóstolo Paulo afirma que, além 
35
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
de Cristo ser o próprio pastor, ele também preparou pessoas para 
o serviço cristão a fim de que o seu corpo seja edificado. “Essas 
pessoas receberam diferentes dons, sendo um deles o dom de 
pastorear” (cf. Efésios 4.11-12).
Dessa forma, a imagem que anteriormente havia sido 
desvinculada dos líderes religiosos de Israel e atribuída somente a 
Deus, volta a ser relacionada também com pessoas, com o Sagrado, 
através dos dons concedidos pelo próprio Deus por meio da fé 
(NASCIMENTO, 2008).
Alguém que é chamado para estar ao lado de outrem para ajudá-lo com 
seu conselho; estar ao lado define bem o aconselhamento bíblico. Construir um 
relacionamento de ajuda é animar, encorajar, confortar e trazer a esperança de 
que a mudança é possível.
Figura 1 – Sagrada Escritura como fonte do aconselhador pastoral
Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=biblia>. Acesso em: 22 jan. 2017.
36
 Aconselhamento Pastoral Familiar
O Aconselhamento Pastoral pressupõe um diálogo entre Deus e o ser 
humano, na perspectiva da fé cristã, do qual o aconselhador tem grande 
reponsabilidade em mediar esta ação, seja por meio da oração, da escuta, da 
Bíblia. Um conselheiro pastoral é um guia espiritual. Por isso, cabe ao conselheiro 
possibilitar ajuda adequada à pessoa, oportunizando para que ela tenha um 
melhor entendimento da sua situação.
Segundo Walsh (2005), para indivíduos e famílias superarem crises, é 
importante acreditar que podem recorrer um ao outro, assim também o apoio às 
Escrituras Sagradas. "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai 
uns pelos outros, para serdes curados" (Tg 5:16). 
Para Bessa (2013), o Aconselhamento Pastoral se alicerça nas Escrituras e 
tem como elementos básicos a pessoa do conselheiro ou aconselhador, a Bíblia 
e a orientação do Espírito Santo, sem o qual este não se processa. Em outras 
palavras, esta atividade está diretamente associada a uma missão evangelizadora.
Ouvir “com ouvidos de ouvir”, como propõe o Evangelho, isto é, prestar 
atenção, estar disponível para tentar entender o outro através daquilo que ele 
fala, quer no discurso verbal, quer na expressão dos sentimentos, falando com 
a boca, mas também com os olhos, o corpo e a alma, esta é uma das tarefas e 
missão do aconselhador.
Também encontramos, no Novo Testamento, exemplos de como o Cristo 
prestava atenção ao que se passava a sua volta, mesmo em meio ao ruído da 
multidão. Certa vez, já perto das portas de Jericó, Jesus foi confrontado com 
um pobre cego que, à beira do caminho, pedia esmola (Mc. 10, 46-52). Ao 
perceber que Jesus passava e uma multidão o seguia, gritou incessantemente, 
até ser ouvido. Os discípulos tentaram fazê-lo calar, mas ele berrava ainda mais, 
dirigindo-se diretamente ao Mestre, até que este lhe deu espaço, atenção e lhe 
resolveu o seu problema.
Segundo Krause (2006), a poimênica e o Aconselhamento Pastoral, num 
primeiro momento, podem ser entendidos como atividades relativas ao “pastor”, 
“pastoril”, “próprio dos pastores espirituais”, entretanto, a poimênica não se limita 
apenas à função do/a pastor/a como ministro/a ordenado/a, não pressupõe 
uma visão meramente espiritual do ser humano e nem tem exclusivamente a 
comunidade eclesial como sua destinatária.
Krause (2006) fundamenta seu raciocínio citando 1 Pd. 2, 5, por meio da 
fé, todas as pessoas são tornadas pedras vivas e podem deixar que Deus as 
“use na construção de um templo espiritual onde [...] servirão como sacerdotes 
consagrados a Deus”.
37
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Os Pressupostos Teológicos 
Pastorais do Aconselhamento 
Pastoral
Segundo Krause (2006), o termo poimênica provém da antiga língua grega, 
da palavra “poimén”, que quer dizer “pastor de ovelhas”. A palavra “pastoral” 
também deriva desta raiz e da própria Teologia Pastoral. 
Teologia Pastoral é uma forma ou um nível de teologia voltada 
para a evangelização. Tem seus procedimentos próprios, sua 
linguagem definida e destinatários. Situa-se no meio entre a reflexão 
existencial concreta e a teologia acadêmica. Essa incorporou o 
método conhecido como VER, JULGAR, AGIR, CELEBRAR E 
AVALIAR. É uma teologia feita em centros de formação, grupos do 
CEB, e em centros de teologia para leigos. Também pode ser definida 
como Teologia Prática ou um ramo da teologia que cuida da prática 
da própria teologia, ou seja, colocar o que a teologia fala no campo 
de ação.
Do ponto de vista Teológico-Pastoral, segundo Krause (2006), a partir de 
Jesus, fica muito evidente que o Aconselhamento Pastoral implica num modo de 
ser e agir, bem como acontece através de relacionamentos: consigo mesmo, com 
o Transcendente, com o/a outro/a, com o cosmos. 
Como afirma Hoch (2003), o paradigma do relacionamento pastoral é o 
“relacionamento do próprio Deus com seu povo”. Esse relacionamento acontece 
concretamente através de Jesus, que é o “Emanuel”, o “Deus conosco”. No Novo 
Testamento, o apóstolo Paulo afirma que, além de Cristo ser o próprio pastor, ele 
também preparou pessoas para o serviço cristão a fim de que o seu corpo fosse 
edificado.É dentro desta perspectiva que o fiel procura no pastor um refúgio, um abrigo, 
um porto seguro, e que nasce a figura do aconselhador pastoral. Segundo Hoch 
(2003), “a Bíblia é um livro de poimênica”, um livro que é repleto de experiências 
de cura e de revelações.
38
 Aconselhamento Pastoral Familiar
Schneider-Harpprecht (1998) apresenta a palavra “paraclesis”, que significa 
“admoestação e consolação”, como um conceito-chave para o Aconselhamento 
Pastoral no Novo Testamento. Segundo o teólogo, a base para a admoestação e 
consolação seria a misericórdia de Deus que justifica a pessoa pecadora. 
Já para Ferreira (2011), a missão do aconselhador tem seu fundamento no 
ouvir, e este ouvir não é realmente algo fácil, trata-se de uma virtude que precisa 
ser exercitada, aprendendo a ficar calado, não interrompendo o ouvinte, não se 
distraindo com coisas externas ou interiores e, principalmente, depois de ouvir, 
evitar fazer um julgamento que censure a pessoa ajudada ou imponha a vontade 
e opinião do aconselhador. 
Segundo Oliveira (2013), as pessoas, quando procuram o cuidado pastoral, 
chegam profundamente machucadas, tristes, magoadas, sem esperança. O papel 
do/a conselheiro/a pastoral é prover sempre uma esperança realística e segura 
quanto a mudanças da realidade provocadora de conflitos, dramas ou crises.
Segundo Ferreira (2001), só o ato de ouvir já é uma missão, uma 
evangelização, uma grande ajuda para quem precisa de uma companhia e não 
tem com quem desabafar. Além disso, o objetivo final do aconselhador deve ser a 
compreensão. É possível detectar o problema real do ajudado quando se percebe 
que em sua fala ele repete muitas vezes o que o incomoda mais, se destacando 
entre outros fatores. Também é possível deduzir o que o ajudado quer dizer 
implicitamente através de suas palavras. 
No entender de Ferreira (2011), só depois de escutar é hora de corresponder 
à expectativa do ajudado e falar. Essa resposta é uma afirmação de compreensão, 
mas antes de resolver o problema, a primeira coisa que o ajudado e ajudador 
precisam saber é se este compreende aquele, mesmo que para isso precisem 
tentar várias vezes. Então, a principal resposta que o ajudado necessita ouvir é: 
“eu entendi você”. Por isso é importante que o ajudador exponha para o ajudado 
como compreendeu a questão, resumindo o que ele disse.
O/a conselheiro/a pastoral “deve procurar criar um clima que desperte o 
interesse em participar das sessões de aconselhamento [...]. É importante que 
isso seja comunicado ao casal de maneira calorosa e autêntica” (SATHLER-
ROSA, 2010, p. 139).
Para Silva (2016), na teologia, o aconselhamento se apresenta na postura 
da inclusão e de abertura para diferentes aspectos, ou seja, escolas teológicas 
(científicas), porém não se contrapõem a sua natureza divina, muito pelo 
contrário, elas acabam por se complementarem nos modelos e concepções do 
aconselhamento pastoral, por exemplo, nas perspectivas bíblicas, psicológicas, 
sociológicas e filosóficas.
39
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
Segundo Silva (2016), o Aconselhamento Pastoral, além da interface com 
outras disciplinas da teologia, especialmente com as atividades práticas da 
teologia, conforme Schneider-Harpprecht (1998), acontece numa interligação com 
outras dimensões da vida religiosa comunitária, formando assim uma rede de 
saberes necessária à formação do aconselhador.
A interligação dessas dimensões faz com que todas adquiram um significado 
poimênico, que, por sua vez, poderá incluir elementos litúrgicos, elementos de 
missão e elementos diacrônicos, podendo gerar, por exemplo, atividades de 
oração, testemunho, louvor, visitação, entre outras, tendo assim uma dimensão 
um pouco maior do objeto como um todo.
Clinebell (1987) observa que o fim último do Aconselhamento Pastoral é o 
crescimento espiritual integral das pessoas e a Teologia Pastoral, assim como 
a mediação do pastor tem muito a contribuir neste processo de redescoberta e 
formação humana.
Algumas Considerações 
No século XIX, acreditava-se que todos os problemas poderiam ser 
resolvidos pelo uso da razão, porém não foram e não são poucos os desafios 
nesses últimos dois séculos, que vêm sendo marcados por profundas crises e 
transformações. Neste cenário, as igrejas e/ou pastores/as que dão atenção ao 
trabalho de Aconselhamento Pastoral oferecem importante contribuição a este 
setor da sociedade, ajudando na formação humana e pastoral. 
Também temos neste bojo a modernidade, que traz novos valores e novos 
modos de se conceber a vida. Termos como velocidade, individualismo, relativismo 
e consumismo assumem proeminência e orientam os relacionamentos afetivos, 
a religiosidade, os pensamentos e, até, o aconselhamento. Nesta perspectiva, 
precisamos considerar o ser humano como um ser sistêmico para entender 
a espiritualidade e a religiosidade como um aspecto importante no processo 
terapêutico e fundamental para o seu bem-estar.
O diálogo entre psicologia e religião é algo amplo e complexo, entretanto 
extremamente rico e relevante para a formação humana e religiosa, que exige 
de nós uma dedicação especial, com leituras, estudos, pesquisas e outros 
conhecimentos, a fim de fundamentar esta área que está em desenvolvimento. 
Assim, também entendemos a disciplina de Aconselhamento Pastoral como algo 
40
 Aconselhamento Pastoral Familiar
relativamente novo e complexo e que está em pleno desenvolvimento, podendo 
surgir novas etimologias, bem como, novas epistemologias quanto ao seu 
conteúdo e estrutura. 
Referências
BESSA, Daniela Borja. Aconselhamento pastoral: desafio para a igreja local. Via 
teológica, v. 14, n. 28, dez. 2013.
BRAZ, Rebeca Maria Maciel. O Sentido Religioso na Psicologia. Monografia 
do curso de Bacharelado em Psicologia. Brasília: UniCEUB, Junho/2004.
CLINEBELL, Howard John. Aconselhamento pastoral: modelo centrado em 
libertação e crescimento. 5. ed. São Leopoldo: Sinodal, 1987.
COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão: edição século 21. 1. ed. São 
Paulo: Vida Nova, 2011. 
FERNANDES, Emanuel Lino. Resiliência nas relações familiares: um estudo 
das práticas de aconselhamento pastoral. Dissertação (Mestrado em Ciências da 
Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.
FERREIRA, Valdecir. Serviço de Escuta: técnica de aconselhamento pastoral. 
Subsídio de formação: CNBB, Brasília, 2011.
FRANKL, V. E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 
18. ed. São Paulo: Sinodal, 2003.
FRIESEN, Albert. Cuidando do ser: treinamento em aconselhamento pastoral. 3. 
ed. Curitiba: Esperança, 2004. 
GOMES, Sandro José. Terapia Centrada no Cliente no Aconselhamento Pastoral. 
In: Revista Psique, n. 8, jan-dez. 2012.
HOCH, Lothar C. Psicologia a Serviço da Libertação - Possibilidades e Limites da 
Psicologia na Pastoral de Aconselhamento. Revista Estudos Teológicos, v. 25. 
n. 3, 1985. 
HOCH, Lothar C.; NOÉ, Sidnei V. Comunidade Terapêutica: cuidando do ser 
através de relações de ajuda. São Leopoldo: Sinodal, 2003. 
41
Os Fundamentos do Aconselhamento Pastoral Capítulo 1 
INFOPÉDIA. Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico. 
Porto: Porto Editora, 2003-2017. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/
dicionarios/linguaportuguesa/aconselhamento>. Acesso em: 15 ago. 2017.
KRAUSE, Renilda. O aconselhamento pastoral por meio do telefone: uma 
possibilidade para a igreja no contexto urbano. Dissertação de Mestrado. EST. 
São Leopoldo/RS, 2006.
MENDES, Sibeli Azambuja. Aconselhamento Integral. Campo Grande: 
Faculdade Theológica Fathel, 2012.
NASCIMENTO, A. Aconselhamento Pastoral com base no Novo Testamento. 
2008. Disponível em: <http://superclickmonografias.com/blog/?p=62>. Acesso: 12 
set. 2017. 
OLIVEIRA, Márcio Divino de. Aconselhamento Pastoral Matrimonial: uma 
proposta de acompanhamento, enriquecimento e cura a casais em crise. Vox 
Faifae - Revista de Teologia da Faculdade,v. 5, n. 1, 2013.
PRIBERAM. Dicionário da Língua Portuguesa. 2008-2013. Disponível 
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ROGERS, C. R. Psicoterapia e Consulta Psicológica. São Paulo: Livraria 
Martins Fontes, 1977.
RUTHE, Reinhold. Aconselhamento – Como se faz? Curitiba: Editora Vida e 
Luz, 1999.
SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado pastoral em tempos de 
insegurança: uma hermenêutica contemporânea. 2. ed. São Paulo: Aeste, 2010.
SCHIPANI, Daniel S. O caminho da sabedoria no aconselhamento 
pastoral. São Leopoldo: Sinodal, 2004. 
SCHNEIDER-HARPPRECHT, C. A teologia prática no contexto da América 
Latina. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
SILVA, Edméa Correa da. Aconselhamento: Um Contraste entre o 
Aconselhamento Pastoral e a Literatura de Autoajuda. In: Revista Científica da 
Faculdade de Pindamonhangaba. São Paulo, 2016.
WALSH, F. Fortalecendo a resiliência familiar. São Paulo: Roca. 2005.
42
 Aconselhamento Pastoral Familiar
CAPÍTULO 2
As Técnicas de Aconselhamento 
Pastoral
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Identificar e entender o Aconselhamento Pastoral como um processo de 
acompanhamento.
� Entender e estudar as diversas técnicas de Aconselhamento Pastoral.
� Analisar a estruturação do Aconselhamento Pastoral como um processo de 
acompanhamento em diferentes técnicas pastorais.
� Compreender as técnicas de comunicação interpessoal no processo de 
Aconselhamento Pastoral.
� Conhecer e estudar algumas técnicas pastorais.
� Compreender a importância da análise crítica e da análise do contexto histórico 
e social frente ao aconselhado.
44
 Aconselhamento Pastoral Familiar
45
As Técnicas de Aconselhamento Pastoral Capítulo 2 
Contextualização
Neste capítulo, vamos promover um estudo analítico sobre o Aconselhamento 
Pastoral, procurando compreender os seus objetivos fundamentais, buscando 
entender o mesmo como um processo de acompanhamento, que não deve ser 
realizado isoladamente, mas em conjunto com outras áreas do saber e com a Igreja. 
Entendemos que para que o Aconselhamento Pastoral tenha sucesso é 
necessária uma boa comunicação entre as partes envolvidas. Neste sentido, 
vamos explorar neste capítulo a relação da comunicação com o Acompanhamento 
Pastoral, analisando e compreendendo como a mesma acontece na relação 
interpessoal e intrapessoal.
Também vamos estudar e compreender algumas técnicas de Aconselhamento 
Pastoral, que possam servir de exemplos para a formação do aconselhador e que 
venham a contribuir para a comunidade, consequentemente, objetivando assim o 
bem-estar de todos.
Por fim, vamos refletir sobre a importância da promoção de um olhar crítico 
e da análise do contexto histórico e social frente o aconselhado. Tal reflexão tem 
como objetivo promover uma postura que desenvolva o não envolvimento entre 
aconselhado e aconselhador. 
Os Objetivos Fundamentais do 
Aconselhamento Pastoral
O ser humano vive em constantes conflitos que envolvem diversas dimensões 
da vida. Independentemente se estes são de ordem pessoal, social ou espiritual, 
cabe à Igreja, pela sua estrutura e potencialidade, a função e a capacidade 
de instruir e orientar seus fiéis. Desta forma, ela estará colaborando para uma 
formação humana e cristã.
Entretanto, é necessário saber qual é o papel e a função da Igreja, bem como 
do aconselhador pastoral diante desta realidade circundante, é neste sentido que 
aqui apresentamos, resumidamente, os seus objetivos fundamentais, tais como 
promover cura, restauração, consciência, respeito, dignidade. Essas são algumas 
questões a que o Aconselhamento Pastoral busca responder.
Para Clinebell (2011), o Aconselhamento Pastoral se manifesta nos papeis 
46
 Aconselhamento Pastoral Familiar
curativo, apoiador, orientador e reconciliador exercidos pelo conselheiro, e visa à 
integralidade, levando as pessoas a descobrirem seus potenciais e atentar para 
os seus aspectos da vida humana.
• Entendemos a importância em saber a diferença entre o papel de um 
conselheiro pastoral e um psicoterapeuta profissional e, assim, saber 
encaminhar de forma apropriada e adequada as pessoas que precisam de 
ajuda profissional;
• O conselheiro pastoral precisa saber trabalhar com sabedoria bíblica, 
compaixão cristã e conhecimento psicológico básico em relação aos problemas 
e dificuldades dos que lhe peçam ajuda, numa perspectiva bíblico-pastoral;
• É preciso identificar o Aconselhamento Pastoral como um ministério na 
comunidade cristã e ter este como um papel missionário;
• O objetivo do Aconselhamento Pastoral é subsidiar a igreja e a comunidade 
com mais um ministério eclesiástico, que venha a acompanhar os membros da 
igreja no que diz respeito à sua vida espiritual;
• É preciso compreender da importância do Aconselhamento Pastoral para a 
saúde emocional da comunidade cristã;
• O Aconselhamento Pastoral tem por objetivo trabalhar com os membros da 
igreja em diversos setores da sua vida;
• O Aconselhamento Pastoral permite que desenvolvamos um autoexame na 
sua prática ministerial para a eficiência do processo de amadurecimento da fé;
• Permite um autoconhecer, entender a si mesmo como uma melhor pessoa;
• Permite um apoio nos momentos de crise, conflitos e tensões. 
Para Friesen (2004), o objetivo do aconselhamento pastoral é tratar das 
tensões interiores e dos diferentes complexos que interferem na quali-
dade de vida, libertando as pessoas das distorções de percepção quanto 
à realidade, bem como dos medos, das culpas, dentre outros.
Segundo Souza (2013), a pessoa humana não é fragmentada, mas deve ser 
entendida a partir de sua multidimensionalidade. Neste sentido, o aconselhador 
ou o conselheiro deve contemplar essas áreas, pois esta demanda possibilita um 
trabalho de salvação. 
Nesta direção, Souza (2013) nos aponta algumas ideias que ajudam a 
fundamentar o Aconselhamento Pastoral. O quadro a seguir apresenta as 
qualidades desejadas, bem como os objetivos fundamentais dessas qualidades 
para a sua formação. 
47
As Técnicas de Aconselhamento Pastoral Capítulo 2 
Quadro 3 – Qualidades a serem desenvolvidas
Fonte: Gomes, Silva e Gomes (2010).
Qualidade Objetivo Fundamental do Aconselhador Pastoral
Escutar
• Precisamos de um conhecimento imparcial e completo da situação do 
aconselhado.
• Contextualização dos fatos que envolvem o aconselhado.
• Como o ponto da “cura” reside naquilo onde a pessoa não quer que 
ninguém chegue, precisamos saber interpretar certas “deixas” para 
ajudar a pessoa a vencer o trauma e abrir-se sem reservas. 
• O ponto mais importante no aconselhamento é ouvir.
Calma e paciência
• Ser gentil e educado.
• Evitar qualquer atitude de pressa.
• Deixar a pessoa confortável.
• Criar um clima de confiabilidade. 
Humildade
• Abertura para aprender.
• Reconhece os seus limites.
• Abertura ao diferente.
Maturidade
• Ter firmeza naquilo que você pensa e crê. Não cair na manipulação 
da pessoa, estabelecendo sua opinião com calma, não sendo 
influenciável em relação às tentativas da pessoa se esquivar de suas 
responsabilidades. 
Olhar objetivo
• Ter a distância necessária para não se envolver emocionalmente. Esta 
distância objetiva ajuda a enxergar outros pontos. 
• Não misturar nossos sentimentos com os da pessoa passando para 
ela uma impressão de que a estamos apoiando nas suas motivações. 
É indispensável uma frieza de espírito para combinarmos empatia e 
confrontação. 
Confidencialidade 
e ética
• Manter a confidencialidade e a ética nos temas abordados. Isto é o que 
constrói a confiança no acompanhamento de um caso.
• Não devemos ficar dizendo coisas íntimas com o intuito de se 
autoafirmar como conselheiro.
• Toda área de confidencialidade tem seu limite no sentido de estar 
debaixo de uma liderança. 
Religiosidade
• Conhecimento da Palavra de Deus na profundidade do caráter, dos 
princípios

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