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Direito dos Idosos e Pessoas com Deficiência

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Direito dos Idosos 
e das Pessoas 
com Deficiência
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos 
Distintos da Sociedade
• A Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
• O Princípio da Igualdade
• A Constituição Federal e Seus Preceitos
• A Constituição Federal de 1988
• Ações Afirmativas
• Material Complementar
 · Entender como o Princípio da Igualdade deve ser aplicado, 
particularmente, quando temos por fim estabelecer um sistema 
protetivo para determinados grupos sociais que são mais vulneráveis. 
A criação de normas protetivas para certos grupos sociais algumas 
vezes acaba por receber censuras de alguns em razão de estabelecer 
privilégios, o que, na visão dessas pessoas, feriria o Princípio da 
Igualdade. Ocorre, porém, que esse mesmo princípio acaba por 
justificar esse tratamento diferenciado. Dessa forma, precisamos 
conhecer um pouco mais desse mecanismo de Justiça Social tão 
importante para todos nós!
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Princípio da Igualdade e a Proteção 
de Grupos Distintos da Sociedade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
A Proteção de Grupos Distintos 
da Sociedade
Particularmente, após a edição da Constituição Federal de 1988, o Direito 
brasileiro passou, por meio da criação de Leis específicas, a estabelecer normas 
protetivas a alguns grupos de nossa sociedade.
Essa forma de lidar com essas importantes questões de nossa sociedade pode, 
para alguns, encontrar resistência, em especial, sob a invocação de desrespeito 
ao Princípio da Igualdade, que em nossa Constituição Federal encontra arrimo no 
mandamento insculpido no caput de seu artigo 5º, cuja redação é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos 
desta Constituição;
[...]
Considerando o acima, nós nos deparamos com algumas questões que precisam 
ser bem esclarecidas:
Estabelecer privilégios a certos grupos sociais ofende o Princípio da Igualdade?
Quais espécies de privilégios podem ser concedidas a certos grupos sociais sem que 
haja ofensa a esse princípio?
Apesar de parecerem perguntas simples, elas, na verdade, despertam muitas 
incertezas. Assim, por exemplo:
• Em certas circunstâncias, há privilégios legais estabelecidos para pessoas de baixa 
renda. Contudo, seria aceitável que pessoas de baixa renda tivessem vagas especiais 
de estacionamento, assim como ocorre para os idosos?
• Certos idosos, independentemente de serem pobres ou ricos, por exemplo, não 
pagam para utilizar transporte público urbano. Contudo, seria aceitável que todos 
os idosos pudessem compras carros de passeio sem pagar uma série de tributos?
8
9
Sobre essa situação, menciona Celso Antônio Bandeira de Mello que:
Sabe-se que entre as pessoas há diferenças óbvias, perceptíveis a olhos 
vistos, as quais, todavia, não poderiam ser, em quaisquer casos, erigidas 
validamente, em critérios distintivos justificadores de tratamentos jurídicos 
díspares. Assim, exempli gratia, são nitidamente diferenciáveis os 
homens altos dos homens de baixa estatura. Poderia a Lei estabelecer – 
em função dessa desigualdade evidente – que os indivíduos altos têm 
direito de realizar contratos de compra e venda, sendo defeso o uso deste 
instrumento jurídico às pessoas de amesquinhado tamanho?1 
 Discussões como estas precisam ser balizadas 
por parâmetros mais claros. Assim, conhecer um 
pouco mais o Princípio da Igualdade se mostra 
extremamente necessário para entendermos 
a lógica que deve estar por trás de medidas 
protetivas a certos grupos sociais.
Particularmente na França, antes da Revolução 
de 1789, havia três classes (ou “Estados”) bem 
diferenciados em direitos e obrigações:
• As duas primeiras classes (dois primeiros 
Estados) eram formadas pela nobreza e pelo 
clero, que, entre outros privilégios, não pa-
gavam impostos;
• O terceiro Estado, formado, portanto, por 
plebeus laicos, ou seja, aqueles que não 
eram nobres ou religiosos, não possuía qualquer tipo de privilégios e seus 
componentes eram os únicos que pagavam impostos. Assim, custeavam toda 
a atividade pública e os gastos com os outros dois Estados.
O Princípio da Igualdade
O Princípio da Igualdade também é conhecido como Princípio da Isonomia.
Isonomia: É uma palavra que junta duas expressões vindas do grego, ou seja, iso, que 
significa igual e nomos, que significa Lei. Ex
pl
or
Contudo, podemos encarar a isonomia em duas concepções bem distintas, a 
chamada isonomia formal e a isonomia material.
1 O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p.11-2.
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
9
UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Isonomia Formal
A isonomia formal, ou isonomia perante a Lei, é a forma como esse princípio 
encontra-se inserido, por exemplo, em nossa Constituição Federal, no artigo 5º.
Essa forma de igualdade surge como reação aos privilégios anteriormente 
vigentes na monarquia, razão pela qual ela foi inserida logo no início da Declaração 
de Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada pela Assembleia Nacional, 
após o início da Revolução Francesa de 1789. 
O texto do artigo 1º dessa Declaração tem a seguinte redação:
DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções 
sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
A busca de igualdade formal em seu nascedouro é, sobretudo, uma luta política, 
que almeja maior participação de grupos excluídos das decisões estatais, atribuindo-
lhes maior poder.
Essa forma de aplicar a igualdade entre as pessoas faz com que seja vedada 
qualquer forma de distinção, sendo que ela se refere, em especial, à maneira como 
o Estado deve tratar todas as pessoas, contudo, igualmente irradia suas disposições 
à forma como os particulares em suas relações devem dispensar uns aos outros.
Assim, o Poder Legislativo, ao elaborar as leis, deve buscar um tratamento 
isonômicopara as pessoas, não sendo admissível que haja a criação de privilégios.
O Poder Executivo, ao aplicar a Lei, deve tratar todos os cidadãos de igual 
maneira. Isso se reflete (ou deve refletir) em coisas corriqueiras, do dia a dia. Dessa 
forma, por exemplo, não pode o Prefeito de um Município estipular que em certos 
bairros da cidade haja a coleta de lixo doméstico duas vezes por semana e em 
outros somente uma vez.
Já o Poder Judiciário deve garantir idêntico 
tratamento a todas as pessoas que participam das 
relações processuais e aplicar a Lei, nos litígios 
que lhe são apresentados, de forma igualitária.
Na relação entre particulares, da mesma 
maneira, é vedada qualquer forma de tratamento 
que não leve em consideração a necessidade 
de respeito ao Princípio da Isonomia. Assim, 
por exemplo, não pode uma escola particular 
estipular que somente alunos com determinado 
perfil possam ser matriculados.
Figura 2
Fonte: Wikimedia Commons
10
11
Embora seja inegável a aplicabilidade do 
Princípio da Igualdade sob o aspecto formal, é 
claro que ele não resolve todos os problemas 
nessa seara, pois, de fato, não somos todos 
iguais e, em várias situações, tratar as pessoas de 
maneira idêntica acarreta situações de extrema 
injustiça.
Em várias situações não podemos tratar de 
forma idêntica um adulto e uma criança, uma 
pessoa sem problemas de saúde e uma pessoa 
que possui uma severa doença mental etc.
Para situações como essas, nós nos deparamos 
com a chamada isonomia material.
Isonomia Material
A isonomia material, também chamada de 
isonomia substancial, parte do pressuposto de que 
não somos todos iguais. Assim, para que haja justiça 
de tratamento, devem ser consideradas as diferenças 
existentes em cada um de nós. Se essas diferenças 
forem consideradas, estaremos mais próximos de 
um tratamento mais igualitário.
Ela se baseia em uma concepção de justiça e 
igualdade forjada por Aristóteles, sobretudo em sua 
obra Ética a Nicômaco.
Entre nós, na mesma linha do filósofo grego, 
sempre são lembradas as palavras de Rui Barbosa, 
em sua obra Oração aos Moços:
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente 
aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade 
social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira 
lei da igualdade.2
Essa proposição – Tratar desigualmente os desiguais, na medida de suas 
diferenças – Embora tenha inegável alcance, não resolve todos os problemas, pois 
ainda apresenta algumas lacunas que nem sempre são fáceis de ser plenamente 
compreendidas, tais como:
2 Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 1999, p.26.
Figura 3
Figura 4
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Quem são os iguais e quem são os desiguais?
Em que medida o tratamento ao desigual se aproxima de um tratamento justo?
Debruçando-se sobre essas questões, ou seja, pensando sobre a melhor forma 
de se compreender o Princípio da Igualdade, Celso Antônio Bandeira de Mello 
escreveu O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade3, um livro que, apesar 
de ser extremamente pequeno (possui somente 48 páginas), detalha a forma como 
essas questões devem ser enfrentadas para que haja a plena aplicação da cláusula 
constitucional igualitária.
Seguindo a metodologia indicada pelo autor, vamos verificar a necessidade de 
observarmos três etapas para que cheguemos à conclusão sobre a observância, ou 
não, do respeito ao Princípio da Igualdade em situações concretas.
A primeira constatação que precisamos destacar é que a Lei tem o importante 
papel de discriminar certas situações com relevância social, buscando, em 
seguida, dar-lhes regulação.
É o que ocorre, por exemplo, quando a Lei 
trata da inimputabilidade penal dos menores 
de 18 anos, ou seja, da impossibilidade de 
serem aplicadas normas penais para condutas 
que se caracterizam como crimes praticadas 
por crianças e adolescentes. Ao discriminar 
essa situação, o legislador estabelece uma 
forma diferenciada de tratamento, ou seja:
• Se um crime é praticado por um adulto, são aplicadas as normas penais, 
sobretudo, o Código Penal;
• Contudo, se essa mesma conduta é praticada por um adolescente ou uma 
criança, são aplicadas normas diferenciadas estabelecidas pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente – Lei n.º 8.069/90.
Após a compreensão de que certas situações devem ter um tratamento 
diferenciado na lei, precisamos buscar uma correlação lógica entre o fator de 
discriminação e essa forma diferenciada de tratamento legal, ou seja, vamos 
verificar se os mecanismos diferenciados criados pelo legislador possuem correlação 
lógica com o problema que se pretende atacar.
Para entendermos melhor a necessidade dessa correlação lógica, vamos analisar 
os seguintes exemplos:
3 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
Apesar da palavra “discrimi-
nar” ser empregada, em geral, 
de forma associada a precon-
ceitos, na verdade, seu signifi-
cado é “perceber diferenças”, 
“distinguir”.
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Pesquisas reiteradamente demonstram que o valor médio 
pago para o trabalho de mulheres é bem inferior ao dos homens 
– Essa é uma situação de relevância social. 
Em razão disso, a Lei, buscando resolver essa desigualdade, 
estabelece que mulheres devem ter vagas de estacionamento 
reservadas em lojas, shopping centers e supermercados.
Outra situação notória em nosso país é que pessoas com 
baixa renda têm grande dificuldade em obter empregos que 
propiciem maiores salários, pois têm grande dificuldade em 
completar sua formação escolar, sendo poucos aqueles que 
conseguem ingressar em cursos superiores de qualidade (situa-
ção de relevância social). 
Em razão desse relevante desequilíbrio social, a Lei estabe-
lece mecanismos de gratuidade ou de financiamento a baixo 
custo em Cursos Superiores de universidades particulares; con-
tudo, somente podem ser usufruídos por pessoas de menor 
renda familiar.
Observe que nos dois exemplos, em razão de graves desequilíbrios sociais, o 
Legislador atuou buscando trazer um pouco mais de igualdade entre as pessoas.
No primeiro caso, foi identificado um desequilíbrio social em relação ao menor 
salário recebido pelas mulheres; assim, para resolver esse problema, o Legislador 
criou preferência de vagas de estacionamento. 
Nesse caso, há alguma lógica entre o pro-
blema social identificado e a forma como o Le-
gislador descriminou essa situação?
A resposta somente pode ser não!
Já no segundo caso, essa correlação 
lógica se apresenta, ou seja, se são criados 
mecanismos que permitem maior acesso 
de pessoas oriundas de famílias de menor 
rendimento financeiro a Cursos Superiores; no 
futuro, essas pessoas terão maior possibilidade 
de obter melhores salários, pois conseguem 
completar sua formação acadêmica.
Figura 5
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Nesse particular, podemos concluir que, para se atingir o pleno respeito ao 
Princípio da Igualdade, é vedada a criação de normas jurídicas que estabele-
çam discriminações fortuitas ou injustificadas.
Na terceira etapa, devemos verificar se essa discriminação promovida pela Lei 
tem correlação afinada com valores prestigiados no nosso sistema constitucional. 
Ao analisarmos o texto constitucional, vamos observar que nele:
• Há uma clara indicação de que deve sempre ser observado o Princípio da Iso-
nomia, tanto é assim, que ele se encontra em posição de destaque inauguran-
do o importante Título II, que trata “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”.
• Contudo, encontramos no texto de nossa Carta Política importantes estipulações 
de valores que devem ser prestigiados pela sociedade e pelo Estado, obrigando 
que todos tenham especial atenção a certas situações e a certos grupos sociais.
Em relação a esses valores, devem ser destacados aqueles indicados em seu 
Artigo 3º do texto constitucional, que possui a seguinte redação:
Constituição Federal
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativado Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Sobre grupos sociais que precisam de destacada proteção temos, entre outros, 
expressa indicação no texto constitucional de crianças, adolescentes e jovens:
Constituição Federal
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão.
Assim, com a apreciação dessas três etapas é que podemos concluir se a Lei, 
mesmo criando diferenças de tratamento, está alinhada ao Princípio da Igualdade, 
sobretudo no que se refere à chamada Igualdade Material.
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Conciliando a Igualdade Formal e a Igualdade Material
Na verdade, não existe oposição entre esses dois conceitos, pois eles se completam.
Assim, a regra, é a igualdade formal, ou seja, as pessoas devem receber o mesmo 
tratamento, seja em suas relações com o Estado, seja em suas relações particulares, 
sem a possibilidade de diferenciações ou privilégios.
Contudo, em certas circunstâncias, a Lei pode estabelecer diferenciados trata-
mentos entre as pessoas, sempre buscando igualá-las.
Vamos ver mais um exemplo:
Ocorreu um acidente de trânsito envolvendo dois veículos. O primeiro veículo é 
um automóvel de luxo, importado, com preço estimado em algumas centenas de 
milhares de reais, que pertence a uma pessoa extremamente rica. 
O segundo veículo é de fabricação nacional, ano 1976, e em péssimo estado de 
conservação, cujo valor é, no máximo, R$ 2.000,00, sendo seu proprietário um 
aposentado que ganha dois salários mínimos mensais.
O acidente causou danos orçados em R$ 5.000,00 no veículo importado, sendo que 
seu proprietário, buscando ser ressarcido do prejuízo, ingressa com ação judicial.
O proprietário do outro veículo não tem, sequer, condições para contratar um 
advogado para realizar a sua defesa no processo judicial.
Considerando essa situação, pergunta-se:
A lei pode estabelecer um tratamento diferenciado para o pro-
prietário do veículo mais antigo, obrigando o Estado a fornecer um 
profissional preparado para a sua defesa em juízo?
Ex
pl
or
Vamos aplicar o que aprendemos!
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Em primeiro lugar, não se trata de estabelecer uma forma diferenciada de proteção 
em relação ao proprietário de um veículo mais velho ou para o proprietário de um 
veículo nacional.
Há outro elemento que precisamos destacar, ou seja, a falta de condições 
financeiras para arcar com as despesas do processo, em especial, para contratar 
um advogado para realizar a sua defesa em juízo.
Analisando-se esse caso, observamos que o Artigo 98 do Código de Processo 
Civil estabelece a concessão de gratuidade dos serviços judiciários para situações 
como essa.
Código de Processo Civil
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com 
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais 
e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na 
forma da lei.
[...]
Observem que a Lei estabelece a possibilidade de um tratamento diferenciado 
das pessoas em relação aos serviços judiciários:
• Algumas necessitam contratar advogado para ingressarem com ações judiciais 
ou se defender nessas causas;
• Outras recebem assistência provida pelo Estado e, dessa forma, não realizam 
a contratação de um defensor (este será fornecido pelo Poder Público).
Outro detalhe que deve ser observado é que o fator de discriminação, ou seja, a 
razão para que esse tratamento diferenciado ocorra é a “insuficiência de recursos”.
Na próxima etapa dessa análise, precisamos fazer a seguinte pergunta: se o 
Estado prestar assistência para a pessoa com baixos rendimentos, isso irá facilitar 
seu acesso aos serviços judiciários para a defesa de seus direitos? É claro, ao 
analisarmos esse caso, que a resposta é sim.
Por fim, essa maneira de tratar as partes de um processo judicial de forma 
diferente, encontra amparo em valores estabelecidos pela Constituição Federal? 
Nesse caso, a resposta também é sim, conforme observamos no Inciso LXXIV 
do Artigo 5º do texto constitucional.
Constituição Federal
Art. 5º [...]
LXXIV - O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos;
[...]
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Ou seja, em situações como essas, a Lei, ao tratar as partes de forma desigual, 
busca que elas tenham iguais condições para que, em juízo, possam resolver o 
litígio decorrente do acidente de trânsito.
Perante o poder
judiciário no processo
Parte com maiores
recursos e que contratou
seu advogado
Parte com menores recursos
e que teve um defensor
fornecido pelo estado
Figura 7
A Constituição Federal e seus Preceitos
Como vimos anteriormente, a Constituição Federal é extremamente importante 
para nosso estudo, particularmente em razão dos seguintes elementos:
• É ela a principal fonte do Princípio da Igualdade em nosso Direito interno;
• Ela apresenta um sistema valorativo que indica a possibilidade de criação de 
Leis que estabeleçam, de forma coerente e lógica, a proteção diferenciada a 
certos grupos sociais.
Isso nos leva à necessidade de conhecer um pouco mais sobre a Constituição 
Federal e a importância de seus preceitos para o Estado e para a sociedade.
De uma forma simples, podemos dizer que a Constituição Federal é a norma mais 
importante do Sistema Jurídico brasileiro, sendo que essa sua importância acaba por 
irradiar grande influência em todas as demais normas desse Sistema. Assim:
• Todas as demais normas do sistema jurídico (normas infraconstitucionais) 
devem ser interpretadas levando em consideração os preceitos constitucionais, 
não se admitindo interpretações confrontantes com eles;
• Se uma norma infraconstitucional estabelecer preceitos que se chocam com 
o disposto na Constituição Federal, ela não poderá ser aplicada e deve ser 
retirada do Sistema Jurídico;
• Novas normas que são criadas devem observar o que diz a Constituição Federal 
ao tratar do mesmo assunto que elas irão veicular.
Quais são os temas tratados na Constituição Federal?
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
São diversos assuntos, sendo que devemos destacar os seguintes:
• A forma do Estado brasileiro, que no nosso caso é uma federação integrada 
por quatro entes federativos, ou seja, a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios;
• A forma de governo, que no nosso caso é a República;
• O sistema de governo, que no nosso caso é Presidencialista;
• A titularidade do poder – que pertence ao povo – e a forma como esse poder 
é exercido, ou seja, em algumas situações diretamente e em outras por meio 
de representantes eleitos;
Constituição Federal
Art. 1º [...]
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
• Direitos e garantias fundamentais que buscam firmar as bases de um 
sistema jurídico e social que tenha como um de seus principais fundamentos, 
a dignidade da pessoa humana e, com esse objetivo, estabelece limites na 
atuação estatal de forma que ele não possa invadir certas liberdades públicas 
que cada um de nós é titular. É o caso, por exemplo, das restrições ao ingresso 
no domicílio, de vedações a prisões arbitrárias, de vedações a práticas que 
atentem contra a honra e imagem das pessoas etc.
A Constituição Federalde 1988
Nossa atual Constituição Federal foi promulgada em 5 de outubro de 1988, 
sendo fruto de intensos debates realizados na Assembleia Nacional Constituinte, 
que envolveram toda a nossa sociedade.
Após a sua elaboração, o texto constitucional original sofreu diversas 
modificações, sendo elas realizadas por Emendas Constitucionais de Revisão4 e 
por Emendas Constitucionais5.
ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
Essa assembleia era formada por 559 membros, sendo estes 487 deputados 
federais e 72 senadores, sendo instalada oficialmente em 1º de janeiro de 1987.
4 Foram confeccionadas seis Emendas Constitucionais de Revisão, sendo que esse instrumento foi utilizado em razão da 
determinação contida no Art. 3.º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que estabeleceu a necessidade 
de que o texto constitucional sofresse uma revisão cinco anos após a sua promulgação.
5 Até o final de 2016, foram confeccionadas 95 Emendas Constitucionais que modificaram o texto da Constituição 
Federal de 1988.
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Inovando em relação às anteriores, nossa Constituição atual permite que 
Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos sejam incorporados 
ao nosso Sistema Jurídico com o mesmo status das demais normas constitucionais. 
Essa forma de tratar esse assunto é regida pelos §§ 2º e 3º do seu Artigo 5º, cuja 
redação é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 5º - [...]
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais.
Os Tratados e Convenções Internacionais são normas de Direito Internacional Pú-
blico que regem relações entre Estados-Nacionais e Organizações Internacionais. Con-
tudo, em razão dos mencionados dispositivos constitucionais, eles podem ser aplicados 
nas relações internas de nosso país e, dessa forma, regular as relações entre o Estado 
e os cidadãos, desde que passem pelo chamado processo de internalização.
Com isso, podemos afirmar que as normas constitucionais brasileiras são 
compostas de três elementos, ou seja, do texto da Constituição Federal, das mudanças 
realizadas pelas Emendas Constitucionais e pelas Emendas Constitucionais de 
Revisão e por Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos que 
passaram pelo processo de internalização6.
Normas
Constitucionais
Atuais
Texto da Constituição Federal
Mudanças Realizadas pelas Emendas
Contitucionais e pelas Emendas
Constitucionais de Revisão
Tratados e Convenções
Internacionais de Direitos Humanos
que foram Intercionalizados
Figura 8
6 Essa forma de entender que os Tratados e Convenções de Direitos Humanos, ao serem internalizados, passam a fazer 
parte do texto constitucional, na forma do § 3º, do Artigo 5º, da Constituição Federal se formou com a criação desse 
parágrafo pela Emenda Constitucional n.º 45, de 2004.
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Esses Tratados e Convenções Internacionais trouxeram, nos últimos anos, pro-
fundos impactos para o Direito brasileiro, além de influenciarem, de forma muito 
clara, a criação de importantes leis.
Um grande exemplo dessa situação ocorreu com a Convenção Internacional 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados 
em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, que foram internalizados, seguindo 
o disposto no § 3º do Artigo 5º da Constituição Federal, sendo promulgada, 
internamente, por meio do Decreto n.º 6.949, de 25 de agosto de 2009.
Essa norma internacional, que também integra as normas constitucionais 
brasileiras, em muito influenciou a criação da Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 
2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa 
com Deficiência), sendo que essa relação é expressamente mencionada no Artigo 
1º da Lei.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, 
em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades 
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social 
e cidadania.
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo 
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de 
julho de 2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3º 
do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor 
para o Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e 
promulgados pelo Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de 
início de sua vigência no plano interno.
Ações Afirmativas
Buscando atuação positiva que tenha por foco eliminar certas desigualdades 
historicamente consolidadas em nossa sociedade, nosso Direito passou, particular-
mente nas últimas décadas, a estabelecer as chamadas ações afirmativas, também 
chamadas de discriminações positivas ou inversas.
Tratando dessa questão, menciona Claudio Lembo:
O princípio da igualdade procura a interdição da arbitrariedade. Ele, 
porém, não veda o trato de situações especiais, em que ações afirmativas 
se tornam necessárias. 
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Essas ações afirmativas se fundamentam na situação real de pessoas 
ou grupos que, pela gravidade da situação no contexto social, exigem 
diferenciação de tratamento, suportada em razões objetivas e razoáveis7. 
Uma interessante definição de ações afirmativas foi a criada pelo Grupo de 
Trabalho Interministerial – GTI População Negra:
Medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa 
privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar 
desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de 
oportunidade e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas 
pela discriminação e marginalização, por motivos raciais, étnicos, 
religiosos, de gênero e outros8.
A análise dessa definição nos permite apresentar alguns importantes elementos 
que firmam o que representam as ações afirmativas.
As ações afirmativas se caracterizam por serem medidas especiais e 
temporárias. Especiais, pois tratam de forma distinta e privilegiada certos grupos 
sociais. Temporárias, pois se espera que no futuro elas não sejam mais necessárias, 
pois, com sua efetivação se busca, pouco a pouco, diminuir as razões que motivaram 
a sua criação, de forma que, no futuro, elas se tornem desnecessárias.
Como exemplo do caráter especial e temporário das ações afirmativas, temos 
a Lei n.º 12.711/12, com a importante modificação estabelecida pela Lei n.º 
13.409/16. Essa norma estabelece o regime de cotas nas Instituições Federais 
de Educação Superior vinculadas ao Ministério da Educação, sendo que as vagas 
decorrentes desse Sistema devem ser preenchidas por:
• Estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em Escolas 
Públicas, em especial, aqueles de baixa renda;
• Autodeclarados pretos, pardos e indígenas;
• Pessoas com deficiência.
• O caráter temporário fica bem destacado no Artigo 7º da Lei, com a redação 
dada pela Lei nº 13.409, de 2016.
Lei n.º 12.711/12
Art. 7º No prazo de dez anos a contar da data de publicação desta Lei, será 
promovida a revisão do programa especial para o acesso às instituições de 
educação superior de estudantes pretos, pardos e indígenas e de pessoas 
com deficiência, bem como daqueles que tenham cursado integralmente 
o ensino médio em escolas públicas. 
7 A pessoa: seus direitos. Barueri: Manole, 2007, p.166.
8 Apud Araújo, Luiz Alberto David; JÚNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: 
Verbatim,2014, p.182.
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Outra característica das ações afirmativas é que essas medidas são 
implementadas pelo Estado ou pelos particulares, sendo que eles podem 
adotá-las de forma espontânea ou compulsória. 
Quando implementadas pelo Estado, especialmente para aplicação no âmbito 
interno da Administração Pública, ou quando são compulsoriamente estendidas 
aos particulares, as ações afirmativas são, em geral, estabelecidas por Lei. 
Porém, não é essa a única forma de criação dessas medidas, pois podem os parti-
culares espontaneamente e sem o apoio na norma legal estabelecer ações afirmativas. 
As ações afirmativas têm como foco de atuação a eliminação de um tratamento 
desigual, historicamente consolidado, que atinge certos grupos sociais, fazendo 
com que eles tenham menores oportunidades, causando maiores discriminações e 
marginalização.
Como raiz dessa discriminação, temos questões raciais, étnicas, de origem, 
financeira e religiosa, entre outras.
Entre outras, no texto constitucional, encontramos as seguintes ações afirmativas:
• Em relação ao trabalho da mulher;
Constituição Federal
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: [...]
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei;
• Em relação à reserva de parte dos cargos públicos às pessoas com deficiência;
Constituição Federal
Art. 37 [...]
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as 
pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
É claro que as ações afirmativas não são uma unanimidade em nossa sociedade; 
contudo, o Supremo Tribunal Federal, de forma reiterada, reconhece a sua 
constitucionalidade e importância. 
Nesse sentido, vale a pena conhecer parte do acórdão desse importante órgão 
judicial na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 186-DF, 
que tratou da reserva de cotas em estabelecimento de Ensino Superior da União 
destinada a grupos-étnico-culturais, cujo teor é o seguinte:
Arguição de descumprimento de preceito fundamental. atos que 
instituíram sistema de reserva de vagas com base em critério étnico-racial 
(cotas) no processo de seleção para ingresso em instituição pública de 
ensino superior. alegada ofensa aos arts. 1º, caput, iii, 3º, iv, 4º, viii, 5º, i, 
ii xxxiii, xli, liv, 37, caput, 205, 206, caput, i, 207, caput, e 208, v, todos 
da constituição federal. ação julgada improcedente.
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I – Não contraria - ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade 
material, previsto no caput do art. 5º da Carta da República, a possibilidade 
de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho universalista, que 
abrangem um número indeterminados de indivíduos, mediante ações de 
natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem grupos sociais 
determinados, de maneira pontual, atribuindo a estes certas vantagens, por 
um tempo limitado, de modo a permitir-lhes a superação de desigualdades 
decorrentes de situações históricas particulares.
II – O modelo constitucional brasileiro incorporou diversos mecanismos 
institucionais para corrigir as distorções resultantes de uma aplicação 
puramente formal do princípio da igualdade.
III – Esta Corte, em diversos precedentes, assentou a constitucionalidade 
das políticas de ação afirmativa.
IV – Medidas que buscam reverter, no âmbito universitário, o quadro 
histórico de desigualdade que caracteriza as relações étnico-raciais e 
sociais em nosso País, não podem ser examinadas apenas sob a ótica 
de sua compatibilidade com determinados preceitos constitucionais, 
isoladamente considerados, ou a partir da eventual vantagem de certos 
critérios sobre outros, devendo, ao revés, ser analisadas à luz do arcabouço 
principiológico sobre o qual se assenta o próprio Estado brasileiro.
V - Metodologia de seleção diferenciada pode perfeitamente levar em 
consideração critérios étnico-raciais ou socioeconômicos, de modo a 
assegurar que a comunidade acadêmica e a própria sociedade sejam 
beneficiadas pelo pluralismo de ideias, de resto, um dos fundamentos do 
Estado brasileiro, conforme dispõe o art. 1º, V, da Constituição.
VI - Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir riquezas 
criadas pelo esforço coletivo, significa distinguir, reconhecer e incorporar 
à sociedade mais ampla valores culturais diversificados, muitas vezes 
considerados inferiores àqueles reputados dominantes.
VII – No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discriminação 
reversa apenas são legítimas se a sua manutenção estiver condicionada 
à persistência, no tempo, do quadro de exclusão social que lhes deu 
origem. Caso contrário, tais políticas poderiam converter-se benesses 
permanentes, instituídas em prol de determinado grupo social, mas em 
detrimento da coletividade como um todo, situação – é escusado dizer 
– incompatível com o espírito de qualquer Constituição que se pretenda 
democrática, devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os 
meios empregados e os fins perseguidos.
VIII – Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada 
improcedente.
Com esses elementos, estamos em condições de avançar em nosso estudo sobre 
destacadas questões que envolvem a nossa sociedade!
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UNIDADE O Princípio da Igualdade e a Proteção de Grupos Distintos da Sociedade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Dados da completos da decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação 
de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 186 – DF
https://goo.gl/gpZ7vw
Constituição Federal de 1988
https://goo.gl/zaRrL
Declaração de direitos do homem e do cidadão de 1789
https://goo.gl/d576n
 Livros
O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 
3.ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
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Referências
ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito 
constitucional. 18.ed. São Paulo: Verbatim, 2014.
BARBOSA, Ruy. Oração aos moços. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui 
Barbosa, 1999.
LEMBO, Cláudio. A pessoa: seus direitos. Barueri: Manole, 2007.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O conteúdo jurídico do princípio da 
igualdade. 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
SILVA, Jose Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 39.ed. São 
Paulo: Malheiros, 2016.
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