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PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR: FUNDAMENTOS Professor: Dr. Marcelo de Jesus D. Perossi Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Rossana Costa Giani Editoração Flávia Thaís Pedroso DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PEROSSI, Marcelo de Jesus D. Fundos de Investimentos e Previdência Complementar. Marcelo de Jesus D. Perossi. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 44 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Fundo de Investimento 2. Previdência 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 330 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 sumário 07| A ESTRUTURA GERAL DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO NO BRASIL 11| OS FUNDAMENTOS E AS REGRAS APLICADAS ÀS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 19| OS FUNDAMENTOS E AS REGRAS APLICADAS ÀS ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 26| OS PLANOS DE BENEFÍCIOS OFERECIDOS PELAS ENTIDADES ABERTAS E FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Discutir aspectos gerais relacionados à previdência complementar no Brasil. • Apresentar os fundamentos e as regras aplicadas às Entidades Fechadas de Previdência Complementar. • Apresentar os fundamentos e as regras aplicadas às Entidades Abertas de Previdência Complementar. • Conceituar e apresentar as principais características e regras dos planos de benefícios. • Definir o conceito de Plano de Benefício. • Mostrar os tipos de planos de benefícios. • Apresentar as principais características e regras de cada um. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A estrutura geral do sistema previdenciário no Brasil • Os fundamentos e as regras aplicadas às Entidades Fechadas de Previdência Complementar • Os fundamentos e as regras aplicadas às Entidades Abertas de Previdência Complementar • Os Planos de Benefícios oferecidos pelas Entidades Abertas e Fechadas de Previdência Complementar PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR: FUNDAMENTOS INTRODUÇÃO introdução Caro(a) aluno(a), Você já deve ter parado para pensar que diversas são as razões que levam uma pessoa a começar a contribuir em planos de previdência complementar, desde garantir uma renda complementar na aposentadoria, passando pela possibilidade de fazer uma programação financeira e, até mesmo, para obter os benefícios tributários da modalidade. Nesta unidade, discutiremos os principais aspectos relacionados à previdência complementar no Brasil, apresentando as regras aplicadas às Entidades Abertas de Previdência Complementar – EAPC e as Entidades Fechadas de Previdência Complementar – EFPC. Na aula um, você verá a estrutura geral do sistema previdenciário brasileiro, em que serão apresentados os três regimes previdenciários que compõem a previdência no Brasil: o Regime Geral de Previdência Social, os Regimes Próprios de Previdência dos Servidores Públicos e o Regime de Previdência Complementar. A aula dois abordará os aspectos mais relevantes relacionados à previdência complementar fechada no Brasil, quando você será apresentado às principais características das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – EFPC e verá como se dá a sua fiscalização e a fiscalização pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC, uma autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social. Em seguida, na terceira aula, falaremos sobre as Entidades Abertas de Previdência Complementar – EAPC, bem como sobre a sua supervisão e fiscalização, que é realizada pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda e normatizado pelo Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP. INTRODUÇÃO introdução Por fim, encerrando a unidade, na aula quatro, serão apresentados a você os planos de benefícios, tanto os oferecidos pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar, classificados em três modalidades distintas: Benefício Definido - BD, Contribuição Definida - CD e Contribuição Variável - CV; quanto aqueles oferecidos pelas Entidades Abertas de Previdência Complementar, classificados em duas modalidades distintas: Vida Gerador de Benefício Livre – VGBL e Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL. Apesar de apresentar grande crescimento da previdência privada nos últimos anos, o assunto ainda desperta dúvidas nas pessoas sobre como são as regras e qual o melhor plano para atender as suas necessidades. Ao longo desta unidade, buscaremos esclarecer essas e outras dúvidas. Pós-Universo 7 A ESTRUTURA GERAL DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO NO BRASIL Pós-Universo 8 Você sabe qual a diferença entre previdência social e previdência privada? Nesta aula, você será apresentado à estrutura geral do sistema previdenciário brasileiro, o que ajudará a responder a essa e outras questões sobre o tema. Estrutura Geral do Sistema Previdenciário Brasileiro Certamente, mesmo que ainda falte muito tempo para que isso ocorra, em algum momento da sua vida você já pensou sobre o seu futuro financeiro, sobre sua aposentadoria. Mas será que você realmente conhece suficientemente a estrutura do sistema previdenciário brasileiro para tomar a melhor decisão sobre essa questão? É importante que você saiba que a previdência no Brasil é composta por três regimes: o Regime Geral de Previdência Social, os Regimes Próprios de Previdência dos Servidores Públicos e o Regime de Previdência Complementar, como mostra a figura abaixo: Estrutura Geral da Previdência no Brasil Regime de Previdência Complementar Regimes Próprios de Previdência dos Servidores Regime Geral de Previdência Social Figura 1: Estrutura da Previdência no Brasil Fonte: Abrapp. Disponível em <http://www.abrapp.org.br/Documentos%20Pblicos/ GuiaDoParticipante.pdf> O Regime Geral de Previdência Social - RGPS, cujas políticas são elaboradas pelo Ministério da Previdência Social e executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), possui caráter contributivo e de filiação obrigatória para empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais, constituindo-se como um seguro que garante a renda do contribuinte e de sua família, em caso de perda de sua capacidade de trabalho. O Regime Próprio de Previdência Social - RPPS é instituído por entidades públicas, que podem ser Institutos de Previdência ou Fundos Previdenciários e de filiação obrigatória para servidores públicos titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Pós-Universo 9 O Regime de Previdência Complementar – RPC é um regime de previdência privado, operado por Entidades Abertas e Fechadas de Previdência Complementar, com filiação facultativa, criado com a finalidade de proporcionar uma renda adicional ao participante, que complemente a sua previdência oficial. A previdência complementar no Brasil foi regulamentada através da lei nº. 6.435, de 1977. Fonte: Câmara Legislativa. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-6435-15-julho-1977-366382-norma-pl.html>. Acesso em: 30 out. 2014. fatos e dados O RPC baseia-se na constituição de reservas e tem como objetivo principal recompor perdas do nível de renda do participante ou de seus dependentes, ocasionadas por aposentadoria, invalidez ou morte. O Plano de Previdência Complementar divide-se em dois momentos: período de acumulação e período de concessão de benefícios. No período de acumulação, quando são realizadas as contribuições, formam-se as reservas financeiras necessárias para a concessão do benefício. No período de concessão dos benefícios, as reservas acumuladas transformam- se em renda. Você planeja seu futuro? Já pensou em suas finanças pessoais? E em sua aposentadoria? Por mais que a situação no momento esteja tranquila, é preciso planejar o futuro. reflita Cabe às entidades que administram o regime de previdência complementar recolher as contribuições dos participantes, investir esses valores e pagar os benefícios. Mas quais são os modelos de previdência complementar disponíveis aos brasileiros? Pós-Universo 10 No Brasil, existem dois modelos de previdência complementar: a previdência fechada e a previdência aberta. Ambas funcionam de modo similar, em que o participante contribui periodicamente com uma quantia, de acordo com as suas disponibilidades, e o saldo acumulado pode ser resgatado integralmente ou recebido mensalmente como aposentadoria ou pensão. Mas será que a legislação brasileira trata de forma específica a questão da previdência privada? A lei complementar nº 109, de 29 de maio de 2001, que dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar, determina que as entidades de previdência complementar só podem instituir e operar planos de benefícios para os quais tenham autorização específica, segundo as normas aprovadas pelo órgão regulador e fiscalizador. A essa altura, você pode estar se perguntando: mas será que existem padrões mínimos exigidos dos planos de benefícios para assegurar os direitos dos participantes dos planos? Os planos de benefícios devem atender a padrões mínimos fixados pelo órgão regulador e fiscalizador, com o objetivo de assegurar transparência, solvência, liquidez e equilíbrio econômico-financeiro e atuarial. Compete ao órgão regulador e fiscalizador das entidades de previdência complementar normatizar planos de benefícios nas modalidades de benefício definido, contribuição definida e contribuição variável, assim como outras formas de planos de benefícios que reflitam a evolução técnica e possibilitem flexibilidade ao regime de previdência complementar. As entidades de previdência complementar constituem reservas técnicas, provisões e fundos dos planos que administram, conforme os critérios e normas fixados pelo órgão regulador e fiscalizador. A aplicação dos recursos correspondentes às reservas, às provisões e aos fundos do plano de benefícios deve ser feita conforme diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional – CMN, sendo vedado o estabelecimento de aplicações compulsórias ou limites mínimos de aplicação. Devem constar nos regulamentos dos planos de benefícios, nas propostas de inscrição e nos certificados de participantes condições mínimas a do plano de benefícios. Para assegurar compromissos assumidos junto aos participantes e assistidos de planos de benefícios, as entidades de previdência complementar podem contratar operações de resseguro, por iniciativa própria ou por determinação do órgão regulador e fiscalizador, observados o regulamento do respectivo plano e demais disposições legais e regulamentares. Pós-Universo 11 OS FUNDAMENTOS E AS REGRAS APLICADAS ÀS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Pós-Universo 12 Quando falamos em previdência complementar, é importante que você tenha em mente que no Brasil existem dois modelos: previdência fechada e previdência aberta. Nesta aula, você verá os aspectos relacionados à previdência complementar fechada. Mas antes de falarmos propriamente sobre os planos de previdência fechada, é importante compreendermos quem opera esses planos no Brasil. O segmento de previdência complementar fechada é operado pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar – EFPC, também chamadas de fundos de pensão. Essas entidades são constituídas sob a forma de entidade civil ou fundação sem fins lucrativos. As EFPC têm como objeto a administração e execução de planos de benefícios de natureza previdenciária, para grupos específicos de trabalhadores, vinculados a empregadores ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, sendo vedada a prestação de quaisquer serviços que não estejam no âmbito de seu objeto. Em dezembro de 2009, foi publicada na Edição Extra do Diário Oficial da União a lei que dispunha sobre a criação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC e sua estrutura. A Previc substituiu a Secretaria de Previdência Complementar – SPC. Para saber mais sobre a criação da PREVIC, acesse: <https://www.portalprev. com.br/cpprev_antigo/Home/CMS/Default.aspx?q=5012> saiba mais Mas quem fiscaliza e supervisiona as Entidades Fechadas de Previdência Complementar? A fiscalização e supervisão das atividades das Entidades Fechadas de Previdência Complementar são realizadas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC, uma autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social. A PREVIC também é responsável pela execução das políticas para o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar, observando, inclusive, as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional – CMN e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar - CNPC. Pós-Universo 13 Como são reguladas as relações entre EFPC e as demais partes interessadas? Todo plano de previdência complementar possui um regulamento, que é o instrumento jurídico que disciplina as relações entre EFPC, patrocinador, participantes e assistidos, no qual são definidas as regras de contribuição, os benefícios oferecidos e as condições de acesso a esses benefícios. Esse conjunto de regras é chamado de Plano de Benefícios e possui independência patrimonial, contábil e financeira. O patrocinador é a pessoa jurídica que oferece aos seus empregados um plano de previdência complementar e se propõe a contribuir, em conjunto com seu empregado em atividade, para o custeio do plano de benefícios, na formação do recurso necessário para sustentar a aposentadoria do participante ou a pensão aos seus dependentes, na ocorrência de sua morte. O instituidor é uma pessoa jurídica de caráter profissional, classista ou setorial que institui planos de previdência complementar para os seus filiados ou associados. Diferentemente do patrocinador, o instituidor não necessariamente paga parte da contribuição. Participante é a pessoa física, que, em razão do seu contrato de trabalho com a Patrocinadora, aderiu ao plano de benefícios. Assistido é o pensionista dependente que recebe do fundo de pensão o benefício em decorrência do falecimento do participante. Esse benefício pago mensalmente ao pensionista é chamado de pensão. A EFPC pode ser classificada em relação aos planos que administra ou em relação aos seus patrocinadores e instituidores. Em relação aos planos de benefícios que administra, uma EFPC pode ser classificada como: • De plano comum, quando administra um plano ou conjunto de planos acessíveis ao universo de participantes. • De multiplano, quando administra um plano ou conjunto de planos para diversos grupos de participantes, com independência patrimonial. Sob a ótica dos seus patrocinadores ou instituidores, a EFPC pode ser classificada como: • Singular, quando estiver vinculada a apenas um patrocinador ou instituidor. • Multipatrocinada, quando congregar maisde um patrocinador ou instituidor. Pós-Universo 14 Constituição das Entidades Fechadas de Previdência Complementar Você saberia dizer quais as condicionantes para a criação de uma Entidade Fechada de Previdência Complementar? A criação de uma EFPC está condicionada à motivação do patrocinador ou instituidor em oferecer aos seus empregados ou associados planos de benefícios de natureza previdenciária, razão pela qual são acessíveis, exclusivamente, aos servidores ou aos empregados dos patrocinadores e aos associados ou membros dos instituidores. As EFPC constituídas por instituidores devem ofertar, exclusivamente, planos de benefícios na modalidade Contribuição Definida – CD. Outra questão relevante em relação às EFPCs é que elas devem terceirizar a gestão dos recursos garantidores das reservas técnicas e provisões mediante a contratação de instituição especializada autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou outro órgão competente, sendo que a instituição contratada para realizar a gestão dos recursos deve manter o seu patrimônio totalmente segregado e isolado do patrimônio do instituidor e da EFPC. Estrutura de Governança das Entidades Fechadas de Previdência Complementar Será que é exigido de uma EFPC padrões de governança corporativa que assegurem as boas práticas da entidade? A resposta é sim. Para garantir a governança, as EFPC devem manter estrutura mínima composta por conselho deliberativo, conselho fiscal e diretoria-executiva, sendo que o estatuto deve prever representação dos participantes e assistidos nos conselhos deliberativo e fiscal, assegurado a eles, no mínimo, um terço das vagas. Na composição dos conselhos deliberativo e fiscal das entidades qualificadas como multipatrocinadas, deve ser considerado o número de participantes vinculados a cada patrocinador ou instituidor, bem como o montante dos respectivos patrimônios. Pós-Universo 15 Investimentos dos Planos Administrados pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar Será que uma EFPC pode aplicar os recursos dos participantes dos planos de benefícios indistintamente em qualquer modalidade de investimento? Na verdade, não. Eles devem seguir as diretrizes definidas nas normas vigentes. As diretrizes para aplicação dos recursos garantidores dos planos administrados pelas EFPC foram estabelecidas por meio da Resolução Bacen nº 3.792/09, que, posteriormente, foi alterada pela Resolução CMN nº 4.275. De acordo com a norma vigente, os recursos dos planos administrados pela EFPC podem ser alocados nos seguintes segmentos de aplicação: • Renda fixa. • Renda variável. • Investimentos estruturados. • Investimentos no exterior • Imóveis. • Operações com participantes. De acordo com o Relatório de Estatística Trimestral de Dezembro de 2013, divulgado pela PREVI, o ativo total das EFPC correspondia, em setembro de 2013, a R$682 bilhões. Fonte: PREVIC. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/ uploads/2014/04/Relatorio-Previc-4%C2%BAtrim2013-_FINAL_publica%C3% A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 30 out. 2014. fatos e dados Pós-Universo 16 O Quadro 1 apresenta os investimentos elegíveis para cada seguimento de aplicação. Quadro 1: Seguimentos de Aplicação Permitidos Seguimento de Aplicação Investimentos Elegíveis Renda Fixa Títulos públicos federais, estaduais e municipais; Títulos privados emitidos por instituições financeiras e companhias abertas; Poupança; Obrigações de organismos multilaterais emitidas no país, Certificados de recebíveis emitidos por companhias securitizadoras; FIDC e FIC FIDC; Títulos e valores recebidos como lastro em operações compromissadas; e Outros títulos privados não relacionados acima desde que emitidos com coobrigação de instituição financeira; com cobertura de segura; com garantia real; e com emissão de armazém certificado (no caso de warrant). Renda Variável Investimentos Estruturados Fundos de Investimento em Particições - FIPs; Fundos de Investimento em Empresas Emergentes - FIEE; Fundos de Investimento Imobiliário - FII; e FI e FIC da categoria multimercado destinados a investi- dores não qualificados; Investimentos no Exterior Ativos emitidos no exterior pertencentes às carteiras dos fundos constituídos no Brasil; Cotas de FI e de FIC classificados como dívida externa; Cotas de fundos de índice do exterior negociadas em bolsa de valores do Brasil; Brazilian Depositary Receipts - BDR; e Ações de emissão de companhias estrangeiras sediadas no Mercado Comum do Sul - MERCOSUL. Imóveis Empreendimentos imobiliários; Imóveis para aluguel e renda; e Outros imóveis. Operações com Participantes Empréstimos feitos com recursos do plano de benefícios aos seus participantes e assistidos; e Financiamentos imobiliários feitos com recursos do plano de benefícios aos seus participantes e assistidos. Fonte: Resolução Bacen nº 3.792/09 Pós-Universo 17 Os limites de alocação por segmento de investimento estão agrupados no Quadro 2. Destaca-se, no quadro, que até 100% dos recursos podem estar aplicados em renda fixa, enquanto apenas 8% podem ser investidos em imóveis. Quadro 2: Limites de Alocação Por Segmento de Investimento Seguimento de Aplicação Limite (%) Renda Fixa 100 Renda Variável 70 Investimentos Estruturados 20 Investimentos no Exterior 10 Imóveis 8 Operações com Participantes 15 Fonte: Resolução Bacen nº 3.792/09 A regulamentação dos investimentos das EFPC, além de definir os segmentos de aplicação que podem ser feitos, os ativos elegíveis para investimento, os limites de alocação por segmento e por tipo de emissor, estabelece, também, os limites de concentração por cada emissor e investimento. Os limites de alocação por tipo de emissor são mostrados no quadro 3 a seguir, no qual se observa que a maior parte dos recursos pode ser investida em títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, 20% em instituições financeiras, 10% em diversos tipos de emissores e apenas 5% em outros emissores que não constam na tabela. Quadro 3: Limites de Alocação Por Emissor Emissor Limite (%) Tesouro Nacional 100 Instituição Financeira 20 Tesouro Estadual e Municipal 10Companhia Aberta Organismo Multilateral Pós-Universo 18 Emissor Limite (%) Companhia Securitizadora 10 Patrocinador do Plano de Beneficios FIDC e FIC de FIDC Fundo de Índice (ETF) Demais Emissores 5 Fonte: Resolução Bacen nº 3.792/09 Os limites de concentração por investimento estão agrupados no quadro 4, no qual você pode observar que a soma dos recursos administrados pelas EFPC não pode ultrapassar o limite de vinte e cinco por cento por investimento. Quadro 4: Limites de Concentração Por Investimento Investimento Limite de Concentração (%) Capital de Companhia Aberta ou SPE 25 Capital Votante de Uma Mesma Companhia Patrimônio Líquido de Instituição Financeira ETF, FIP e FIEX Patrimônio separado constituído nas emissões de certi- ficado de recebíveis com a adoção de regime fiduciário. Uma Mesma Série de Títulos e Valores Mobiliários Uma Mesma Classe ou série de cotas de FIDC Um Mesmo Empreendimento Imobiliário Fonte: Resolução Bacen nº 3.792/09 Nesta aula, você foi apresentado às regras que regem as entidades fechadas de previdência privada, bem como aos limites de investimento permitidos. Na próxima aula, apresentaremos as regras e limites aplicados às entidades abertas de previdência complementar. Pós-Universo 19 OS FUNDAMENTOS E AS REGRAS APLICADAS ÀS ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Pós-Universo 20 Como já havíamos comentado no início da aula anterior, no Brasil, existem dois modelos de previdência complementar: previdência fechada e previdência aberta. Nesta aula, você verá os principais aspectos relacionados à previdência complementar aberta. Mas antes de falarmos propriamente sobre os planos de previdência aberta, é importante que compreenda quem opera esses planos no Brasil. O segmento de previdência complementaraberto é operado pelas Entidades Abertas de Previdência Complementar – EAPC ou Sociedade Seguradora, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que exercem suas atividades com fins lucrativos. Mas quem supervisiona e fiscaliza o funcionamento das entidades abertas de previdência complementar? O funcionamento das entidades abertas de previdência é autorizado, supervisionado e fiscalizado pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda e normatizado pelo Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP. Dentre as principais atribuições da SUSEP, temos: • A fiscalização da constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradoras. • A proteção da captação dos recursos dos clientes feitos por meio de operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro. • O zelo pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados. • O zelo pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. • Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas. Importante você notar que, ao contrário dos planos de previdência fechada, que são oferecidos exclusivamente a empregados, servidores públicos e associados ou membros de entidades classistas ou setoriais, o acesso à previdência aberta é permitido a qualquer participante, independente do vínculo profissional ou associativo. Pós-Universo 21 De acordo com a SUSEP, os planos previdenciários oferecidos pelas EAPC podem ser contratados de forma individual ou coletiva e oferecem, juntos ou separadamente, os seguintes tipos básicos de benefício: • Renda Por Sobrevivência: renda a ser paga ao participante do plano que sobreviver ao prazo de diferimento contratado, geralmente denominada aposentadoria. • Renda Por Invalidez: renda a ser paga ao participante em decorrência de sua invalidez total e permanente, ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido no plano. • Pensão Por Morte: renda a ser paga ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na proposta de inscrição, em decorrência da morte do participante ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido no plano. • Pecúlio Por Morte: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na proposta de inscrição, em decorrência da morte do participante ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido no plano. • Pecúlio Por Invalidez: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao próprio participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido no plano. Prazo de diferimento é o período entre a data de início de vigência do plano de benefício e a data prevista para início de pagamento do benefício. atenção Pós-Universo 22 Aplicação dos Recursos dos Planos Oferecidos pelas Entidades Abertas de Previdência Complementar Será que, assim como os recursos dos planos oferecidos pelas EFPC, os recursos dos planos ofertados pelas EAPC também são regulamentados? A resposta é sim. A Resolução nº 3.308/05 do Bacen disciplina a aplicação dos recursos das reservas, das provisões e dos fundos das entidades abertas de previdência complementar. Com base nessa Resolução, as EAPC podem investir os recursos dos planos oferecido em apenas três seguimentos: • Renda fixa. • Renda variável. • Imóveis. De acordo com o Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados Supervisionados de Setembro de 2013 da SUSEP, o mercado de previdência complementar aberta é bastante concentrado, com os cinco principais grupos econômicos apresentando uma participação de 64,30% do mercado. Fonte: SUSEP. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/estatisticas- do-mercado/relatorio-de-analise-e-acompanhamento>. Acesso em: 30 out. 2014. fatos e dados Pós-Universo 23 No segmento de renda fixa, os recursos devem ser aplicados dentre outros ativos, isolada ou cumulativamente nos ativos listados no Quadro 1. Quadro 1: Percentual Máxima de Alocação no Segmento Renda Fixa Ativo Percentual Máximo de Alocação Títulos públicos federias Até 100% Créditos securitizados pelo Tesouro Nacional Títulos de emissão de estados e municípios Cotas de FI abertos, cujas carteiras invistam somente em títulos públicos federias e créditos securitizados pelo Tesouro Nacional, destinados exclu- sivamente as sociedades seguradoras, as sociedades de capitalização e as entidades abertas de previdência complementar sejam as únicas cotistas; CDB e RDB; letras de câmbio de aceite de instituições financeiras; LH, LCI e CCI; Até 80% CCB e CCCB de baixo risco de crédito; debêntures de distribuídas por meio de oferta pública; cédulas de debêntures; notas promissórias emi- tidas por sociedades por ações, destinadas a oferta pública; CRI; contratos mercantis de compra e venda de produtos, mercadorias e/ou serviços para entrega ou prestação futura, bem como em títulos ou certificados representativos desses contratos; cotas de fundos de investi- mento constituídos sob a forma de condomínio aberto; cotas de fundos de investimento em cotas de fundos de investimento constituídos sob a forma de condomínio aberto; depósitos de poupança; LF; DPGE. a) cotas de fundos de investimento classificados como fundos de dívida externa, constituídos sob a forma de condomínio aberto; b) cotas de fundos de investimento em cotas de fundos de investimento classificados como fundos de dívida externa, constituídos sob a forma de condomínio aberto; c) cotas de fundos de investimento em direitos creditórios; d) cotas de fundos de investimento em cotas de fundos de investimen- to em direitos creditórios; e) cotas de fundos de investimento classificados como fundos cambiais, constituídos sob a forma de condomínio aberto; f ) cotas de fundos de investimento em cotas de fundos de investimento classificados como fundos cambiais, constituídos sob a forma de con- domínio aberto; Até 10% a) cédulas de produto rural com liquidação financeira; b) letras de crédito do agronegócio; c) certificados de direitos creditórios do agronegócio; d) certificados de recebíveis do agronegócio Até 5% Fonte: Resolução nº 3.308/05 do Bacen Pós-Universo 24 As EAPC podem investir, também, até 49% dos recursos dos planos no segmento renda variável, dentre outras alternativas, nos investimentos que você observar no Quadro 2. Quadro 2: Percentual Máxima de Alocação no Segmento Renda Variável Ativo Percentual Máximo de Alocação Ações Negociadas no Novo Mercado Até 49% FIA referenciado em IBOVESPA Ações classificadas com Nível 2 da BOVESPA Até 40% Ações classificadas com Nível 1 da BOVESPA Até 35% Ações negociadas em bolsa de valores Até 30% Cotas de FIM aberto Até 15% Ações negociadas em balcão organizado Até 10% Cotas de FIP Até 5% BDR classificadas nos Níveis II e III da BOVESPA Até 3% Fonte: Resolução nº 3.308/05 do Bacen No segmento imóveis, os recursos devem ser aplicados em imóveis urbanos, observados os limites a seguir especificados: a. Até 12% em imóveis urbanos. b. Até 10% em cotas de fundos de investimento imobiliário. Pós-Universo 25 Além dos limites estabelecidos por segmento, devem ser observados os seguintes requisitos de diversificação: I. a aplicação em quaisquer títulos ou valores mobiliários de emissão ou coobrigação de uma mesma pessoa jurídica, que não instituição financeira, de sua controladora, de sociedades por ela direta ou indiretamente controladas e de coligadas ou outras sociedades sob controle comum, bem como de um mesmo estado, município ou fundo de investimento não pode exceder 10% do valor total dos recursos; II. asaplicações em quaisquer títulos ou valores mobiliários de emissão ou coobrigação de uma mesma instituição financeira, de sua controladora, de sociedades por ela direta ou indiretamente controladas e de coligadas ou outras sociedades sob controle comum não pode exceder 20% do valor total dos recursos. As aplicações dos recursos em cotas de quaisquer dos fundos de investimento a seguir especificados não podem exceder 25% do patrimônio líquido dos FIDC, FIP, FII e FIEE. Por fim, o total das aplicações em valores mobiliários de uma mesma série, exceto ações, bônus de subscrição de ações, recibos de subscrição de ações de uma companhia e certificados de recebíveis imobiliários, não pode exceder 25% da série. Pós-Universo 26 OS PLANOS DE BENEFÍCIOS OFERECIDOS PELAS ENTIDADES ABERTAS E FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Pós-Universo 27 Nesta aula, vamos apresentar os principais aspectos relacionados aos planos de benefícios oferecidos pelas entidades de previdência complementar. O plano de benefícios é o instrumento jurídico que disciplina as relações entre EFPC, patrocinador, participantes e assistidos, em que são definidas as regras de contribuição, os benefícios oferecidos e as condições de acesso a esses benefícios. Mas será que existem diferenças entre os planos de benefícios oferecidos pelas EFPC e pelas EAPC? Sim, eles têm características distintas que serão discutidas a seguir. Vamos começar pelos planos oferecidos pelas EFPC. Planos de Benefícios das Entidades Fechadas de Previdência Complementar Você sabe como são classificados os planos de benefícios oferecidos pelas EFPC? Os planos de benefícios oferecidos pelas EFPC podem ser instituídos por patrocinadores e instituidores e são classificados em três modalidades distintas: Benefício Definido (BD), Contribuição Definida (CD) e Contribuição Variável (CV), cada qual com características próprias, que lhes conferem maior vantagem, de acordo com o perfil do grupo de trabalhadores. Vamos ver, a seguir, um pouco mais sobre as características de cada modalidade de plano. Plano de Benefício Definido Você já ouviu falar em Plano de Benefício Definido – BD? O Plano de Benefício Definido – BD é aquele em que o benefício complementar é estabelecido no momento da adesão do participante, com base em valores prefixados ou em fórmulas de cálculo previstas em regulamento. Para proporcionar o benefício acordado, o plano recolhe contribuições que podem variar ao longo do tempo. Para tentar esclarecer melhor o funcionamento desse tipo de plano de benefícios, vamos apresentar a você, agora, as suas principais características: • Mutualismo: significa que a avaliação dos riscos em função da coletividade gera solidariedade entre os participantes. • Conta coletiva. Pós-Universo 28 • Incerteza quanto ao volume de contribuição necessário. • Os benefícios independem das variações das reservas. • Os superávits ou déficits do plano têm caráter de responsabilidade coletiva. Plano de Contribuição Definida E o Plano de Contribuição Definida – CD, você já ouviu falar sobre essa modalidade? O CD é aquele em que o participante, ao aderir, tem conhecimento do nível de contribuições a serem vertidas ao plano e que determinarão os níveis de benefícios futuros. Nessa modalidade, o valor do benefício depende exclusivamente do total de reservas acumuladas na conta do participante. No CD, o valor do benefício complementar é estabelecido apenas no momento da sua concessão, com base no saldo acumulado resultante das contribuições vertidas ao plano e da rentabilidade das aplicações durante a fase contributiva. Nesse tipo de plano, como o benefício não é definido, as contribuições não necessariamente precisam ser revistas. O valor do benefício, portanto, poderá ser proporcional ao saldo existente na data de concessão do benefício. Plano de Contribuição Variável Imagine, agora, um plano de benefícios que possua algumas características dos BD e outras do CD. Será que existe um plano assim? Sim, existe e ele se chama Plano de Contribuição Variável – CV. Existem várias modelagens de planos do tipo e a mais comum é aquela em que os benefícios programados, na fase de acumulação ou na fase da atividade, tenham características de CD e, na fase de inatividade, tenham características de BD. Podem também oferecer para os casos de benefícios de riscos (aqueles não previsíveis, como morte, invalidez, doença ou reclusão) um benefício definido. Pós-Universo 29 De acordo com o Relatório Consolidado Estatístico da Abrapp, de dezembro de 2013, 74% dos recursos das EFPC estão alocados em planos de Benefício Definido, 9% em Contribuição Definida e 17% em Contribuição Variável. Fonte: ABRAPP. Disponível em <http://www.abrapp.org.br/Consolidados/ Consolidado_Estatistico_2013_12.pdf>. Acesso em: 30 out. 2014. fatos e dados Planos de Benefícios das Entidades Abertas de Previdência Complementar Depois de falarmos sobre os planos oferecidos pelas EFPC, vamos apresentar a você, agora, os planos oferecidos pelas EAPC. Quais são as principais características dos planos de benefícios oferecidos pelas EAPC? É isso que veremos a seguir. Os planos de benefícios oferecidos pelas EAPC devem ter em seu regulamento a regra para concessão e elegibilidade dos benefícios programáveis, dos benefícios de risco, além de contemplar as seguintes situações: portabilidade, benefício proporcional diferido, autopatrocínio e resgate. A portabilidade consiste na transferência das reservas acumuladas em um plano de benefício para outro plano. O Benefício Proporcional Diferido – BPD corresponde ao recebimento parcial do benefício, em valor proporcional ao tempo em que permaneceu contribuindo para o plano. O autopatrocínio é o instituto que faculta ao participante, em caso de perda parcial ou total da contribuição do seu patrocinador, manter a contribuição ao plano e assumir a contribuição do patrocinador em relação à parcela reduzida. Desse modo, o participante terá assegurado o recebimento futuro do benefício nos níveis anteriormente pactuados. Em caso de desligamento do plano, o participante tem o direito de receber a reserva constituída. O valor do resgate deverá corresponder, no mínimo, à totalidade das constituições realizadas pelo participante, descontadas as parcelas de custeio administrativo que, na forma do regulamento e do plano de custeio, sejam de sua responsabilidade. Pós-Universo 30 Se você já se interessou em fazer um plano de benefícios oferecido por uma EAPC, provavelmente, já se deparou com as seguintes questões: fazer um PGBL ou um VGBL? O que significam essas siglas? Os planos de benefícios oferecidos pelas EAPC são classificados em duas modalidades distintas: Plano Gerador de Benefício Livre - PGBL e Vida Gerador de Benefício Livre - VGBL, cada qual com características próprias, que lhes conferem maior vantagem, de acordo com o perfil do participante. Tanto o VGBL quanto o PGBL são considerados planos de sobrevivência, sendo o VGBL classificado como seguro de pessoa e o PGBL como plano de previdência complementar, que proporcionam aos segurados e participantes uma renda mensal, que poderá ser vitalícia ou por período determinado, ou ainda em um pagamento único. A principal diferença entre os dois planos está no tratamento tributário dispensado a cada um. Apesar de, em ambos os casos, o imposto de renda incidir apenas no momento do resgate ou recebimento da renda, no VGBL o imposto de renda incide apenas sobre os rendimentos, enquanto no PGBL o imposto incide sobre o valor total a ser resgatado ou recebido. As EAPC oferecem duas modalidades distintas de planos de benefícios: O Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL e o Vida Gerador de Benefício Livre – VGBL. atenção Além dos PGBL e VGBL, a SUSEP e as EAPC criaram os seguintes planos padrões comercializados pelo mercado de previdência complementar aberta: PRGP,PRSA e PRI. A seguir, veremos como funciona cada um. Pós-Universo 31 Vida Gerador de Benefício Livre - VGBL Apesar de comercializado como um plano de previdência complementar, o VGBL - Vida Gerador de Benefício Livre é classificado pela SUSEP como seguro de pessoa. O VGBL é recomendado para quem faz declaração de imposto de renda simplificada ou não é tributado na fonte. Serve também como alternativa para diversificação de investimentos. Dado que, no caso do VGBL, a tributação incide apenas sobre o ganho de capital, para quem pretende aplicar mais de 12% da renda bruta em previdência complementar, esse excedente deve ser direcionado ao VGBL. Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL Os planos denominados Plano Gerador de Benefício Livre - PGBL, durante o período de diferimento, tem como critério de remuneração da provisão matemática de benefícios a conceder a rentabilidade da carteira de investimentos do fundo de investimento especialmente constituído – FIE, instituído para o plano, cujos únicos quotistas sejam, direta ou indiretamente, sociedades seguradoras e entidades abertas de previdência complementar. Em termos tributários, o PGBL permite que o participante deduza o valor das contribuições da sua base de cálculo do IR, com limite de 12% da renda bruta anual, reduzindo o valor de imposto a pagar ou aumentando a restituição de IR. O Plano PGBL pode ter sua carteira de investimentos estruturada sob três modalidades: soberano, renda fixa ou composto. O objetivo do plano é a concessão de benefícios de previdência aberta complementar e não deve ser confundido com fundos de investimento de mercado financeiro. O valor do benefício é calculado em função da provisão matemática de benefícios a conceder na data da concessão do benefício e do tipo de benefício contratado, de acordo com os fatores de renda apresentados na proposta de inscrição. Pós-Universo 32 A Previdência complementar e os jovens Carlos Eduardo, 21 anos, estudante de economia e estagiário em um grande banco, apesar da pouca idade e da baixa remuneração recebida, por influência dos pais, tem o hábito de reservar parte do que recebe mensalmente na poupança. Carlos imagina que o volume que conseguiu juntar ao longo dos anos lhe permite encontrar outra forma para aplicar os recursos guardados nesse período. Para a sua surpresa, descobre, então, que fazer um plano de previdência, apesar da pouca idade, poderia ser uma alternativa interessante. Ao se aprofundar um pouco mais sobre o assunto, Carlos descobre que apesar de a previdência complementar geralmente estar associada a imagem de um produto para a chamada “melhor idade”, nos últimos anos, vem aumento a sua procura também por um público mais jovem. Em geral, são planos contratados para formar uma reserva para custear projetos, como o pagamento de uma faculdade ou uma pós-graduação, ou, ainda, para dar entrada no primeiro imóvel. Carlos então conclui que não existe idade para começar a contribuir para um plano de previdência complementar, que, além de incentivar o participante a ter disciplina financeira, no longo prazo, ajuda a realizar projetos de vida ou reforçar a aposentadoria. Fonte: Fato elaborado pelo autor, os nomes e situações são fictícias. minicaso Para os planos PGBL, o participante conta com um dos seguintes tipos de renda mensal: • Renda Mensal Vitalícia: consiste em uma renda paga vitalícia e exclusivamente ao participante, a partir da data de concessão do benefício. O benefício cessa com o falecimento do participante. • Renda Mensal Temporária: consiste em uma renda paga temporária e exclusivamente ao participante. O benefício cessa com o falecimento do participante ou o fim da temporariedade contratada, o que ocorrer primeiro. Pós-Universo 33 • Renda Mensal Vitalícia com Prazo Mínimo Garantido: consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data da concessão do benefício, sendo garantida aos beneficiários da seguinte forma: No momento da adesão ao plano, o participante escolhe um prazo mínimo de garantia que é indicado na proposta de inscrição. O prazo mínimo da garantia é contado a partir da data do início do recebimento do benefício pelo participante. Se, durante o período de percepção do benefício, ocorrer o falecimento do participante, antes de ter completado o prazo mínimo de garantia escolhido, o benefício é pago aos beneficiários conforme os percentuais indicados na proposta de inscrição, pelo período restante do prazo mínimo de garantia. No caso de falecimento do participante, após o prazo mínimo garantido escolhido, o benefício fica automaticamente cancelado, sem que seja devida qualquer devolução, indenização ou compensação de qualquer espécie ou natureza aos beneficiários. No caso de um dos beneficiários falecer antes de ter sido completado o prazo mínimo de garantia, o valor da renda é rateado entre os beneficiários remanescentes até o vencimento do prazo mínimo garantido. Não havendo qualquer beneficiário remanescente, a renda é paga aos sucessores legítimos do participante, pelo prazo restante da garantia. • Renda Mensal Vitalícia Reversível ao Beneficiário Indicado: consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício escolhida. Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção dessa renda, o percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição é revertido vitaliciamente ao beneficiário indicado. Na hipótese de falecimento do beneficiário, antes do participante e durante o período de percepção da renda, a reversibilidade do benefício é extinta, sem direito a compensações ou devoluções dos valores pagos. Pós-Universo 34 No caso de o beneficiário falecer, após já ter iniciado o recebimento da renda, o benefício é extinto. Além das modalidades de Rendas mencionadas no item anterior, teremos: • Renda Mensal Vitalícia Reversível ao Cônjuge Com Continuidade aos Menores: consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante, a partir da data de concessão do benefício escolhida. Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção dessa renda, o percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição é revertido vitaliciamente ao cônjuge e, na falta desse, reversível, temporariamente, ao menor ou menores, até que completem a idade para maioridade estabelecida no regulamento e conforme o percentual de reversão estabelecido. Além das modalidades de Rendas mencionadas no item anterior, temos: • Pagamento Único: No primeiro dia útil seguinte à data prevista para o término do período de diferimento, será concedido ao participante benefício sob a forma de pagamento único, calculado com base no saldo de provisão matemática de benefícios a conceder verificado ao término daquele período. • Renda Mensal por Prazo Certo: consiste em uma renda mensal a ser paga por um prazo pré-estabelecido ao participante/assistido. Na proposta de inscrição, o participante indica o prazo máximo, em meses, contado a partir da data de concessão do benefício, em que é efetuado o pagamento da renda. Se, durante o período de pagamento do benefício, ocorrer o falecimento do participante/assistido, antes da conclusão do prazo indicado, o benefício é pago ao beneficiário (ou beneficiários), na proporção de rateio estabelecida, pelo período restante do prazo determinado. Na hipótese de um dos beneficiários falecer, a parte a ele destinada deve ser paga aos sucessores legítimos, observada a legislação vigente. Na falta de beneficiário nomeado, a renda deve ser paga aos sucessores legítimos do participante-assistido, observada a legislação vigente. Pós-Universo 35 Não havendo beneficiário nomeado ou, ainda, em caso de falecimento de beneficiário, a renda deve ser provisionada mensalmente, durante o decorrer do restante do prazo determinado, sendo o saldo corrigido pelo índice de atualização de valoresprevisto no regulamento do plano contratado, até que identificados os sucessores legítimos a quem devem ser pagos o saldo provisionado e, se for o caso, os remanescentes pagamentos mensais. Plano com Remuneração Garantida e Performance - PRGP Os planos denominados PRGP garantem, durante o período de diferimento, remuneração dos recursos da provisão matemática de benefícios a conceder, por taxa de juros efetiva anual e índice de atualização de valores, os quais devem estar previstos em seu regulamento. Plano com Atualização Garantida e Performance - PAGP Os planos denominados PAGP garantem, durante o período de diferimento, atualização dos recursos da provisão matemática de benefícios a conceder, por índice de atualização de valores, a qual deve ser prevista em regulamento. Plano com Remuneração Garantida e Performance Sem Atualização - PRSA Os planos denominados PRSA garantem, durante o período de diferimento, remuneração dos recursos da provisão matemática de benefícios a conceder, por índice de juros, este está previsto em regulamento. Plano de Renda Imediata - PRI Os planos denominados PRI garantem, mediante contribuição única, o pagamento de benefício por sobrevivência, sob a forma de renda imediata. Como você pode observar ao longo desta aula, seja por meio de um plano de benefícios oferecido por uma EFPC ou por uma EAPC, são inúmeras as alternativas disponíveis atualmente. Também são inúmeras as razões que levam uma pessoa a aderir a um plano de previdência. Cabe a ela, contudo, escolher qual o plano mais adequado às suas necessidades. atividades de estudo 1. No Brasil, existem dois modelos de previdência complementar, que são respectivamente: a) Fundo Garantidor do Tempo de Serviço e Fundo de Amparo ao Trabalhador. b) Regime Geral de Previdência Social e Fundo Garantidor do Tempo de Serviço. c) Previdência Complementar Fechada e Previdência Complementar Aberta. d) Regime Próprio de Previdência Social e Fundo de Amparo ao Trabalhador. e) Regime Geral de Previdência Social e Regime Próprio de Previdência Social. 2. É correto afirmar que o Regime de Previdência Complementar – RPC: a) Tem as políticas executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). b) Possui caráter contributivo e de filiação obrigatória para empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais. c) Tem as políticas elaboradas pelo Ministério do Trabalho. d) É um regime de previdência público. e) É baseado na constituição de reservas e tem como objetivo principal, recompor perdas do nível de renda do participante ou de seus dependentes, ocasionadas por aposentadoria, invalidez ou morte. 3. A fiscalização e supervisão das atividades das Entidades Fechadas de Previdência Complementar são realizadas: a) Pela PREVIC. b) Pelo Banco Central. c) Pela CVM. d) Pela Anbima. e) Pela SUSEP. atividades de estudo 4. A pessoa jurídica que oferece aos seus empregados um plano de previdência complementar e se propõe a contribuir, em conjunto com seu empregado em atividade, para o custeio do plano de benefícios, na formação do recurso necessário para sustentar a aposentadoria do participante ou a pensão aos seus dependentes, é chamada de: a) Beneficiário. b) Pensionista. c) Dependente. d) Patrocinador. e) Assistido. 5. A pessoa física que, em razão do seu contrato de trabalho com a Patrocinadora, adere ao plano de benefícios, é chamada: a) Investidor. b) Participante. c) Cotista. d) Instituidor. e) Autônomo. 6. O funcionamento das entidades abertas de previdência é autorizado, supervisionado e fiscalizado pela: a) ABRAPP. b) SUSEP. c) CVM. d) PREVIC. e) ANBIMA. atividades de estudo 7. Os planos de previdência aberta podem ser oferecidos: a) Exclusivamente a empregados. b) Exclusivamente a servidores públicos. c) Exclusivamente a associados ou membros de entidades classistas ou setoriais. d) A qualquer participante, independentemente do vínculo profissional ou associativo. e) Exclusivamente a militares. 8. Dentre os planos oferecidos pelas EAPC, a importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao beneficiário, em decorrência da morte do participante ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido no plano, é chamada de: a) Pecúlio por morte. b) Renda por morte. c) Pensão por morte. d) Renda por invalidez. e) Pecúlio por invalidez. 9. O plano de benefício oferecido pelas EFPC, no qual o valor do benefício depende exclusivamente do total de reservas acumuladas na conta do participante, é chamado de: a) PGBL. b) VGBL. c) CV. d) CD. e) BD. atividades de estudo 10. Em termos tributários, o plano de benefícios oferecido pelas EAPC, que permite que o participante deduza o valor das contribuições da sua base de cálculo do IR, com limite de 12% da renda bruta anual, reduzindo o valor de imposto a pagar ou aumentando a restituição de IR, é o: a) VGBL. b) PGBL. c) CD. d) BD. e) CV. resumo Nesta unidade, foram discutidos os aspectos gerais relacionados à previdência complementar no Brasil, apresentados os fundamentos e as regras aplicadas às Entidades Fechadas de Previdência Complementar – EFPC e às Entidades Abertas de Previdência Complementar - EAPC, bem como os principais conceitos, características e regras relacionados aos planos de benefícios. Dado que existe um teto para o benefício pago pela Previdência Social e que esse limite pode ser insuficiente para manter o padrão de vida após a aposentadoria, a previdência complementar se apresenta como uma alternativa de complementar o nível de renda após a aposentadoria da inatividade ou em situações adversas, como invalidez ou morte. Por diferentes motivos, as pessoas contribuem em planos de previdência complementar, desde garantir uma renda complementar na aposentadoria, passando pela possibilidade de fazer uma programação financeira e, até mesmo, para obter os benefícios tributários da modalidade. Apesar de ainda não totalmente disseminada no país a cultura de poupar parte da renda para garantir uma aposentadoria tranquila, cada vez mais pessoas se preocupam com o seu futuro, o que inclui realizar um planejamento financeiro de longo prazo. O crescimento da previdência privada, observado nos últimos anos, fez com que as entidades que oferecem esses planos aumentassem sua importância na qualidade de investidores. As EAPC e as EFPC integram um conjunto de investidores conhecidos como investidores institucionais, em que fazem parte os fundos de investimento, as companhias seguradoras, os fundos de pensão e as sociedades de capitalização. Outro aspecto importante sobre as EAPC e as EFPC diz respeito a sua contribuição com o desenvolvimento dos mercados financeiros e de capitais. No papel de investidores de longo prazo, as entidades abertas e fechadas de previdência complementar podem atuar como mecanismo de financiamento de projetos de infraestrutura e atividades produtivas, por meio de investimentos em títulos privados de renda fixa ou renda variável, além de contribuir para o alongamento da dívida pública. material complementar Gestão Financeira dos Fundos de Pensão Autores: Jean-François Boulier e Dénis Dupré Editora: Prentice Hall Sinopse: Nessa obra, os autores apresentam desde as bases da teoria financeira até as mais complexas técnicas de gestão financeira dos fundos de pensão. Na Web Para ver dúvidas e respostas sobre a escolha de um plano de previdência, acesse: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/07/1303049-video-como-escolher-o-plano- de-previdencia-privada.shtml>. Para ver infográfico, mostrando as vantagens e desvantagens dos planos PGBL e VGBL, dos fundos de pensão e da poupança, acesse: <http://www.infomoney.com.br/infograficos/previdencia-privada>. Para saber mais sobre EFPC, acesse o site da PREVIC: <www.previdencia.gov.br/previc/>. Para saber mais sobre EAPC, acesseo site da SUSEP: <www.susep.gov.br>. Margin Call – O Dia Antes do Fim Diretor: J. C. Chandor Ano: 2011 Sinopse: O filme narra as últimas 24 horas de um banco de investimento durante a crise financeira de 2008 nos EUA. Durante a madrugada, o banco anuncia a demissão de boa parte do seu quadro de empregados. Um dos analistas demitidos entrega a um subordinado do departamento de risco, que foi mantido na empresa, para finalizar um estudo sobre a situação do banco. Ao concluir o trabalho, o analista descobre que o banco está prestes a quebrar. Comentário: O filme transforma em ficção a crise financeira de 2008 que atingiu os principais bancos de investimento nos EUA, fazendo o espectador compreender melhor os fatores que a provocaram. referências BRASIL. Conselho Monetário Nacional. Resolução nº 3456 de 01.06.2007, alterada pela Resolução nº 3792/2009. Dispõe sobre as diretrizes de aplicação dos recursos garantidores dos planos administrados pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar. BRASIL. Conselho Nacional de Seguros Privados. Resolução nº 88, 19.08.2002, alterada pela Resolução nº 98/2002. Dispõe sobre os critérios para a realização de investimentos pelas sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e entidades abertas de previdência complementar e dá outras providências. FORTUNA, E. Mercado Financeiro – Produtos e Serviços. 19. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2013. SUSEP – Superintendência de Seguros Privados – Disponível em: <http://www.susep.gov.br/>. Acesso em: 30 out. 2014. PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Disponível em: <http:// www.previdencia.gov.br/previc/>. Acesso em: 30 out. 2014. resolução de exercícios 1. c) Previdência Complementar Fechada e Previdência Complementar Aberta. 2. e) É baseado na constituição de reservas e tem como objetivo principal, recompor perdas do nível de renda do participante ou de seus dependentes, ocasionadas por aposentadoria, invalidez ou morte. 3. a) Pela PREVIC. 4. d) Patrocinador. 5. b) Participante. 6. b) SUSEP. 7. d) A qualquer participante, independentemente do vínculo profissional ou associativo. 8. a) Pecúlio por morte. 9. d) CD 10. b) PGBL. A ESTRUTURA GERAL DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO NO BRASIL
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