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UNIPÓS – UNIDADE DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO RUDRIGO MAIA DE CARVALHO PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 RUDRIGO MAIA DE CARVALHO PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 RUDRIGO MAIA DE CARVALHO PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN Dissertação apresentada e defendida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação da Emil Brunner World University, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: Educação Linha de pesquisa: Formação de professores e currículo escolar Orientador(a): Profa. Dra. Francisca Vilani Souza EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION PESQUISADOR (A): Rudrigo Maia de Carvalho ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Educação. LINHA DE PESQUISA: Formação de professores e currículo escolar POS-GRADUAÇÃO EM: Ciências da Educação. NIVEL: Mestrado TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN ORIENTADOR(A): Profa. Dra. Francisca Vilani Souza A Dissertação de autoria do(a) pesquisador(a) RUDRIGO MAIA DE CARVALHO foi APROVADA em reunião pública realizada na Representação Emil Brunner World University dos USA, pela seguinte Banca Examinadora: NOME ASSINATURA _____________________________________________ Prof. Dr. Nome do Examinador Presidente _____________________________________________ Prof. Dr. Nome do Examinador Examinador _____________________________________________ Profa. Dra. Francisca Vilani Souza Orientadora EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 Ao meu Pai Audiberto Rebouças de Carvalho. À minha Mãe Maria Dalva Maia, pelos exemplos de amor e dedicação. Aos amados irmãos e amigos por terem dado força para continuar firme e forte nessa batalha. Aos meus companheiros de farda da Segurança Pública do Brasil em especial da Guarda Civil Municipal de Mossoró-RN. A Coordenadora do Projeto Patrulha Maria da Penha de Mossoró, Jamille Silva, pelo apoio e colaboração. A minha primeira professora da Educação Infantil Dona Anita. Agradeço demais pela paciência e determinação AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a DEUS, rei de todo o universo, a quem sirvo como humilde servo, Aos meus pais, Audiberto Rebouças de Carvalho e Maria Dalva Maia de Carvalho, pelo amor, apoio, carinho, dedicação e compreensão. Aos meus irmãos, Carlos Roberto Maia de Carvalho, Maria Rosilane Maia de Carvalho, Rosimeiry Maia de Carvalho, Ronaldo Maia de Carvalho, Rogerio Maia de Carvalho, Romário Maia de Carvalho e Rosana Maia de Carvalho por serem meus amigos. Aos meus sobrinhos e sobrinhas, que muito carinho e alegria me transmitiram durante esse período. A minha professora e orientadora Doutora Francisca Vilani Souza, pela excelente orientação, segurança e confiança em mim depositado, como também pela presença e incentivo sempre demonstrados. Aos(as) docentes participantes do estudo, pelo acolhimento, disponibilidade, atenção e momentos de reflexão a mim proporcionados. A minha primeira professora da educação infantil, Dona Anita. Ao professor Doutor Júnior por suas colocações, reflexões e sugestões durante a qualificação e posteriores a ela. A todos os demais professores(as) que contribuíram direta e indiretamente para o meu crescimento para o desenvolvimento do meu mestrado durante construção. Aos colegas do mestrado pela beleza dos momentos compartilhados, pelas preocupações e caronas compartilhadas até o município de Serra do Mel. Aos agentes de Segurança Pública do estado do Rio Grande do Norte, sobretudo aos amigos de farda da Guarda Civil Municipal de Mossoró, em especial xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Enfim, a todos que contribuíram direto e indiretamente na construção dessa dissertação. “Educação não transforma o mundo. Educação Muda as pessoas. Pessoas transformam o Mundo”. Paulo Freire 1- LISTA DE FIGURAS 2- FIGURA 1 - 3- LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VCM – Violência Contra Mulher CEDAW - Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women ONU – Organização das Nações Unidas OIT – Organização Internacional do Trabalho CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas OEA – Organização dos Estados Americanos LMP – Lei Maria da Penha PMP – Patrulha Maria da Penha IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde do MS – Ministério da Saúde PMM – Prefeitura Municipal de Mossoró GCM – Guarda Civil Municipal PMP – Patrulha Maria da Penha DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher CIOTS – Centro Integrado de Operações de Transito e Seguranca Publica CIOSP – Centro Integrado de Operações de Segurança Pública RN – Rio Grande do Norte BMP – Botão Maria da Penha 4- RESUMO Texto escrito em espaço simples. 5- Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Patrulha Maria da Penha 6- ABSTRACT Keywords: SUMÁRIO 13 ‘ INTRODUÇÃO Escrever a introdução quando terminar a dissertação. Apresentação de forma sucinta do assunto da pesquisa. Iniciar com um parágrafo falando do conteúdo da investigação. ● Problema – Definir qual a problemática que será solucionada com o seu trabalho ● Finalidades ● Objetivos – geral e específicos ● Justificativa – Explicar porque o seu trabalho é relevante. ● Natureza e importância do trabalho ● Contextualização do espaço de pesquisa para situar o leitor. ● Organização do Trabalho – citar os elementos constitutivos do trabalho (capítulos e subcapítulos ) ● Fazer paragrafo conclusivo encerrando o texto. Lendo a introdução, o leitor deve sentir-se esclarecido a respeito do tema do trabalho como do raciocínio a ser desenvolvido. 14 ‘ CAPITULO I Nesse capítulo contextualiza-se a exposição da violência contra a mulher durante o processo da civilização, relatando os episódios e as vitorias que garantem os direitos femininos, relatando o papel da mulher perante a sociedade, comentando sobre a idade média e os fatos que sucederam nesse período (caça às bruxas), além de relatar a participação das mulheres na Revolução Francesa, na Segunda Guerra Mundial até a atualidade, destacando as convenções mundiais e dos direitos humanos, como também as legislações internacionais e o papel da Organização das Nações Unidas (ONU). Ainda nesse item, destaca-se também o dia internacionalda mulher e a inserção do papel das mulheres no mercado de trabalho e claro, a garantia das mulheres na educação no Brasil e no mundo, como também a participação e a conquista das mulheres no ensino superior. 1 PANORAMA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO MUNDO A violência contra a mulher está presente na sociedade e estampado na mídia diariamente, sendo vítima de agressores onde na maioria das vezes são aquelas pessoas que poderia mais protege-la, ou seja, companheiro ou até mesmo os membros mais próximos da família. Existem vários tipos de violência contra a mulher e pode-se mencionar que a violência doméstica contra mulheres é um tipo que exerce grande impacto nas taxas de homicídios contra mulheres, agressões essas que chegam a perder suas vidas pelo simples fato de serem mulheres. Para entender mais sobre essas agressões, faz-se necessário voltar ao tempo e analisar o contexto histórico, além da legislação e as batalhas enfrentadas pelas mulheres em busca de leis que a protejam dos agressores. Comenta-se que a violência contra a mulher é histórica e está associada através da cultura de determinadas sociedades. Durante séculos, a sociedade assimilava que a mulher era para servir ao homem, ou seja, ser “escrava” e o significado de ser livre, era apenas considerado para os homens, uma verdadeira discriminação. 15 ‘ Se a mulher já vinha sofrendo com o preconceito de uma sociedade machista, esse fato alongou-se durante o período de guerras e revoluções. Pode- se citar a exterminação das mulheres no período “caça às bruxas”, época essa que teve início antes do século XV, passando vindo a ter o seu ápice, durante os séculos XVI e XVII, onde milhares de mulheres consideradas pela igreja, como “forças demoníacas”, foram queimadas vivas em fogueiras. Já durante a Revolução Francesa, as mulheres foram as ruas lutar por dignidade e direitos humanos de igualdade e por espaço na sociedade. Mesmo fato aconteceu durante o período da Revolução Industrial e das duas grandes guerras mundiais, onde as mulheres lutaram em busca de defender seus territórios e suas lacunas na coletividade. Após longas batalhas, perdas e vitórias, as mulheres conseguiram seu espaço na sociedade, assumindo os mais variados cargos, que antes eram considerados apenas para homens, como também garantiu o direito a participar da democracia de um país, ou seja, lutou para ter direito ao voto, além da inserção na educação e nas universidades, buscando capacitação para exercer melhores empregos e destaques na sociedade, como também lutou por igualdade de salários e também por leis que as protejam dos agressores. As batalhas não cessaram. As mulheres continuam em busca de dignidade, respeito e igualdade, em busca de um mundo mais justo e pacifico. 1.1 CONTEXTO HISTÓRICO E SEUS ACONTECIMENTOS Conforme a Convenção de Belém do Pará (1994) (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher), a violência contra a mulher é “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”. O filósofo grego Aristóteles (384 a.C a 322 a.C) cogita que a ligação da dependência das mulheres aos homens, iniciou-se por causa da supremacia e do autoritarismo másculo na sociedade, até porque as mulheres ficavam durante muito tempo, no interior da família, cumprindo o papel de mãe e dando educação aos filhos. Ainda de acordo com Aristóteles, as mulheres não poderiam ter relações com outros homens e esse papel prevalência ao homem. 16 ‘ Paula, Dutra et al (2021) afirmam que na civilização egípcia apesar da mulher ter um papel fundamental na sociedade, já não tinha direito a escrita, portanto já era discriminada do processo de conhecimento: Na Antiguidade (4000 a.C – 476 d.C.), em sociedades como a egípcia, as mulheres não tinham acesso à escrita. Isso significa que as mulheres eram marginalizadas do processo de documentação e produção de conhecimento. Uma das principais funções sociais das mulheres no Egito antigo era a constituição da família, sendo que elas eram, muitas vezes, vendidas sem direito de escolha, para que casamentos fossem formados. (PAULA, RÊ, CONTRERAS e DUTRA (2021), 2021, p.2 – acesso em 08.09.2021). A compreensão coletiva da violência contra a mulher é histórica e vem sendo acompanhado ao longo dos séculos com ingredientes fortes associados através da cultural. A escritora, filósofa, ativista política, feminista e teórica social francesa, Beauvoir (1908-1986) foi uma das primeiras mulheres a frente de seu tempo, onde no século XX, contribuiu com seus estudos sobre a luta da igualdade de gênero e o feminismo. Beauvoir foi defensora da teoria existencialista, tendo como metodologia a liberdade e ainda mostrou que não existe uma "natureza feminina" ou uma "natureza masculina", ou seja, o homem complementa a mulher e vice- versa. No decorrer de séculos, persistiu a figura da mulher semelhante a de escrava, onde a palavra livre, significava apenas para o ser "homem". A finalidade das mulheres eram basicamente criar os filhos, amamentar e reproduzir. O homem saia para realizar atividades de caça, ocupava cargos políticos, gozava de muitos direitos e as mulheres não. Certamente, esse fato é bem mais complexo uma vez que a “figura mulher” sempre foi alvo de preconceitos e submissa ao homem, tendo que lutar por direitos e por uma sociedade machista e autoritária. Souza (2021), relata em sua obra o cotidiano das mulher na pré-história, que debates relacionados as mulheres surgem em vários períodos durante o decorrer da História. Os historiadores, paleontólogos e arqueólogos, encontravam durante escavações, em sua grande maioria, fósseis de homens, até que essa situação mudou quando foram descobertas os fósseis femininos de Luzia e Lucy, quebrando o tabu másculo da época e revelando detalhes que antes os estudiosos acreditavam que determinadas situações eram apenas para o homem, como por exemplo, sair para caçar utilizando-se de arco e flecha, entre outros. 17 ‘ Na pré-história, as mulheres já desempenhavam papel relevante e ativo no processamento da caça, onde já antes da descoberta da agricultura, havia vestígios de que as mulheres tinham um papel ativo, trazendo o sustento para seus filhos, além de coletarem frutos e raízes para abastecer todo o grupo. “Muitas vezes não fica nada de tangível da vida quotidiana de uma mulher. A comida que cozinhou foi comida; os filhos que cuidou partiram para o mundo.” (WOOLF 2014, p. 290). Na visão de Woolf, assim como o homem, a mulher também desempenha seu papel relevante na construção de uma sociedade e não apenas realizar as atividades domésticas e para construir seu legado, precisa estar inserida nos mais diversos cargos do mercado de trabalho. Woolf (2014) corrobora que a mulher nos últimos séculos da história da Europa ocidental, vem realizando suas tarefas cotidianas, como também isso virou uma tradição no decorrer dos séculos. Mannoni (1999) relatou a arbitrariedade vivenciada pelas mulheres da sua época, sempre buscando o bem comum entre todos, especialmente a defesa das mulheres e o fim do machismo, onde descartaram as mulheres do meio econômico, político e social. Importante ressaltar, por oportuno, que de acordo com o dicionário, o machismo é um ato de discriminação no qual acreditam que determinadas funções é apenas para homens, rejeitando a igualdade de posição sociais e direitos entre homens e mulheres. Camargo (2001) aponta que Virginia Woolf (2014) mostrou concepção inusitadas para a seu período, ou seja, uma mulher que desafia os padrões sociais da época, bastante ousada e inovadora, lutando e comprovando que as barreiras que impedem a criatividade feminina, é o machismo. As mulheres vem lutando por direitos poruma sociedade mais justa e pacífica, buscando a sua importância social até os dias atuais, enfrentando barreiras e conquistando espaço em diversos setores políticos, civis e sociais, com defesa constante e vigilante das suas bandeiras e causas. Durante a Idade Média as mulheres sofreram violência e perseguição, marcando a história como “caça às bruxas”. Um verdadeiro genocídio aplicado aquelas do sexo feminino. A acusação era por todas as classes sociais existente no período, porém as mais pobres eram as mais vulneráveis a passar por essa crueldade. Na verdade essas mulheres que tentavam sobreviver fazendo remédios 18 ‘ caseiros com ervas ou realizando chás para curar os enfermos da vila. A ativista FEDERICI (2019) admite que: Na figura da bruxa as autoridades puniam, ao mesmo tempo, a investida contra a propriedade privada, a insubordinação social, a propagação de crenças mágicas que pressupunham a presença de poderes que não podiam controlar, e o desvio da norma sexual que, naquele momento, colocava o comportamento sexual e a procriação sob domínio do Estado (FEDERICI, 2019, p. 53). O período mais sombrio para as mulheres designadas de caça às bruxas, aconteceu mais precisamente durante a Idade Média por volta dos séculos XV e XVI. Nesse período, a igreja católica estava perdendo o poder devido uma série de problemas filosóficos e artísticos e para retomar o poderio, a Igreja instaurou o Santo Ofício, começando o julgamento de caça às bruxas. Teixeira e Bezerra (2017) defendem que as mulheres chamadas de “bruxas” apesar de passarem por tempo desalumiado e terem sidas brutalmente condenadas à morte, deixaram um legado muito grande até os dias atuais: Atualmente, na sociedade moderna, encontramos essas “bruxas”, que mesmo sem conhecimento científico ou nenhum conhecimento valem-se do poder de cura das plantas para inúmeras doenças. No interior de algumas regiões do país é possível encontrar uma bruxa dos dias atuais: parteiras, benzedeiras, curandeiras que utilizam seu conhecimento para ajudar. Muitas vezes elas são a única fonte de auxilio de determinadas comunidades onde a medicina ainda falta. O hábito de beber chás de ervas e a utilização de talismãs advém da magia das bruxas que viveram no período medieval e que de alguma forma foi incorporado ao cristianismo. Dessa forma as bruxas medievais com sua arte, conhecimento e espiritualidade deixaram seu legado aos dias atuais, sejam eles em forma de chás, encontros com a natureza ou nos contos maravilhosos ouvidos desde a infância. (Teixeira, C. e Bezerra, 2017, p. 43 e 44). Essas mesmas mulheres que eram chamadas de “bruxas” em eras passadas, deixaram heranças e ensinamentos que perpetuaram gerações por gerações. São essas guerreiras que ajudam muitas pessoas com seus conhecimentos em realizar parto natural, fazer chás, benzer, entre outros. Ainda segundo Teixeira e Bezerra (2017), estima-se que 9 milhões de pessoas foram acusadas, julgadas e mortas. Destes, 80% eram mulheres, moças e meninas, tornando assim, um dos períodos mais tenebrosos e de grandes perseguições contra a mulher, marcando para sempre na história esse capítulo de terror e discriminação. Além de serem perseguidas por bruxarias, sendo queimadas em 19 ‘ praça pública, comportamentos como traição também era motivo para sofrer punições severas nesse período. A Revolução Francesa (1789 a 1799), foi uma era marcada por grandes agitações sociais e políticas e mais uma vez, as mulheres, insatisfeitas com as grandes desigualdades de gênero, foram à luta para conquistar a mesma liberdade que foi concebida aos homens. Nesse período, esse motim feminista foi marcado pela união das mulheres em busca de igualdade de direitos e deveres. Saffioti (1969) relata que a escritora Olympe de Gouges iniciou um grande marco da luta feminina pela igualdade, quando enfurecida com a exclusão das mulheres convivendo em uma comunidade machista, relatou uma recomendação denominada de “Declaração dos Direitos da Mulher”, ou sejam um termo com os mesmos direitos nivelando com a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. Infelizmente Olympe de Gouges foi enviada para a guilhotina (1739), sendo morta por acusação de tentar deixar de ser mulher e ser um homem de estado, abrindo mão de seus privilégios de mulher. Após várias décadas e séculos, as mulheres na França passaram por diversas atrocidades e várias lutas. Apesar da França estabelecer o direito ao voto para o público masculino, mais conhecido como o sufrágio universal masculino, foi o último país a aceitar o sufrágio feminino. As mulheres conquistaram o direito ao voto, logo após a finalização da Segunda Guerra Mundial. Freitas (2012) afirma que a Revolução Francesa marcou a história do Ocidente devido à queda da monarquia absolutista e ainda relata que transformou a sociedade francesa, acabando com os costumes seculares que submetiam os camponeses (mulheres e homens) a obrigações feudais. As mulheres desempenharam um papel fundamental na Revolução Francesa, desmistificando a fragilidade das mesmas, tanto nas ideias, quanto nas ações, fato esse que contribuiu para o sucesso dos revolucionários. Porém, apesar desse feitio, os teóricos como Jean-Jacques Rousseau, acreditava que a mulher deveria seguir os patrões de inferioridade feminina sendo submissa ao homem. Assim, toda educação das mulheres deve ser relativa aos homens. Agradar-lhes, ser-lhes útil, fazer-se amar e honrar por eles, educá- los quando jovens, cuidar deles quando grandes, aconselhá-los, consolá-los, tornar suas vidas agradáveis e doces: eis os deveres da mulher em todos os tempos e o que lhes deve ser ensinado desde a infância. [...] faz com que gostem de seu sexo, que sejam honestas, que saibam cuidar de seu lar, ocupar-se com sua casa; 20 ‘ [...] a obediência que deve ao seu marido, a ternura e os cuidados que deve a seus filhos, são consequências tão naturais e tão sensíveis de sua condição (ROUSSEAU, 1999, p.502). Ao mesmo tempo em que a maioria dos homens foram contra a introdução da mulher no modelo de sociedade francesa do século XVIII, mesmo que sendo raro, cita-se Condorcet como um grande apoiador da igualdade de gêneros e defendia que a mulher era apta a participar ativamente da vida pública. Condorcet (1790) mencionou: “… os direitos dos homens resultam simplesmente do fato de serem seres racionais e sensíveis, suscetíveis de adquirir ideias de moralidade e de raciocinar sobre essas ideias. As mulheres que têm, então, as mesmas qualidades, têm necessariamente os mesmos direitos. Ou nenhum indivíduo da espécie humana tem verdadeiros direitos, ou todos têm os mesmos; e aquele que vota contra os direitos do outro, seja qual for a sua religião, cor ou sexo, desde logo abjurou o seu próprio” (Condorcet, 1790, p. 1). Embora de acordo com o modelo de sociedade da Revolução Francesa do século XVIII tenha sido a grande maioria contra a luta das mulheres, por outro lado, a mulher foi beneficiada com vários direitos inseridos nas leis, merecendo destaque a igualdade de herança aos filhos, tornando-se maior de 21 anos com direito a se casar sem permissão dos pais, como também passou a ter direito ao divórcio podendo ser solicitado por ambos os sexos. As mulheres apesar de sofrer as consequências do machismo, tiveram papel relevante deste o início até o termino da revolução francesa, conquistando pontos positivos e deixando lacunas abertas para os próximas gerações. Em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, a população passou a analisar e debater a importância da implementação de um sistema universal de proteção dos direitos humanos, que fosse necessário e apto a inibir crueldades contra as monstruosidades que foram realizadas por Hitler e pelos tempo período tenebroso. Os direitos humanos luta para que os homens e mulheres tenham direitos fundamentais, comoa vida, a saúde, a liberdade e a segurança, sem discriminação. Esse documento recebeu no ano de 1948, a denominação de Declaração Universal dos Direitos do Homem, sendo admitida por 48 nações. Hoje mais de cem países adotam os direitos humanos. Porém a diferenciação de gênero só irá aparecer em meados dos anos 1980 conforme relata Schaiber (2005): 21 ‘ Após as duas Grandes Guerras Mundiais, em que milhões de pessoas foram submetidas a terrores e violência que chocaram o mundo, a comunidade internacional organizou-se para regular e tentar evitar atrocidades contra a vida e a liberdade humanas, criando-se consensos universais capazes de regular os Estados nacionais e garantir direitos de todos. (...) Essa declaração define uma série de direitos, destacando-se: o direito à vida, à nacionalidade; à liberdade de expressão; à proteção contra a prisão arbitrária e contra interferência no lar e na família; à alimentação e a um padrão de vida adequado à saúde e ao bem estar; ao trabalho, ao repouso e ao lazer; à instrução e à participação no processo político (SCHAIBER, 2005, p.107). Leite e Heuseler (2019) relata em seu artigo "A presença da mulher na Segunda Guerra Mundial" que as mulheres atuaram na guerra em linhas de frente e tiveram cargos importantes na luta, porém por outro lado, houve o sofrimento, o não reconhecimento e a violência contra o feminismo, sendo negado como por exemplo, o direito ao voto. As autoras ainda relatam que as mulheres enfrentavam as atrocidades cometidas em campo de guerra e de concentração, além de incêndios provocados por bombardeios, como também a bomba nuclear. Nesse período (1945), poucos países concediam os direitos civis e de cidadania respeitada para as mulheres. Vale informar que durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres exerceram cargos relevantes e que jamais imaginariam assumir, merecendo destaque funções de motoristas de caminhão, engenheiras, condutora de carro tanque, supervisoras de produção, além de atuar em enfermarias e no combate como soldados guerreiras na linha de frente, considerados anteriormente como cargos exclusivamente masculino, modificando a estrutura do mundo e, particularmente, da família, finalizou Leite e Heuseler (2019). Esse feitio desvendou para a sociedade que a mulher pode ocupar atribuição nos mais diversos setores e ter direitos e deveres, defendendo seu espaço e sua nacionalidade em geral. A nacionalidade é um direito fundamental do ser humano e ninguém na Terra deveria ficar desamparado. Ocorre, entretanto, que a Segunda Guerra Mundial mostrou a população e ao mundo como um todo, que a mulher pode, assim como deve, ser inserida no mercado de trabalho, nas mais diversas áreas, cargos e funções e que nada impede de alcançar tal patamar, a não ser o machismo e o preconceito, manipulado por uma sociedade analfabeta, hipócrita e rudimentar. 22 ‘ 1.2 LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL E SEUS ACONTECIMENTOS Após o término de duas grandes guerras mundiais e todo o contexto histórico de violência e discriminação contra as mulheres que perpetua por mais de 200 anos de luta, além das transformações econômicas, diversos países se reuniram para traçar metas para combater essa discriminação e almejar novos horizontes para o público feminino. Santos (2021) afirma que após o fracasso da Liga das Nações, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de cooperar com os povos para a defesa da paz e da segurança internacional. Comenta-se que foi a partir dessa visão que o processo de internacionalização dos direitos humanos passou a ser questionado. No ano de 1945, surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU), uma entidade intergovernamental criada com o intuito de assegurar o apoio internacional entre as nações, e preocupada com a dignidade e os valores das pessoas, adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com o intuito de realizar a proteção destes direitos, independentemente de onde resida. Santos (2021) assegura que o processo de internacionalização dos Direitos Humanos não aconteceu de imediato e sim devido a três princípios que foram realizados em momentos anteriores sendo: "Os direitos humanitário em 1859, na Itália; a Liga das Nações, formada entre França, Inglaterra e Estados Unidos, em 1919 finalmente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. O Jurista e atual Ministro Alexandre de Moraes assegurou a definição de Direitos Humanos como sendo: O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana pode ser definido como Direitos Humanos fundamentais (MORAES, Alexandre, 2011. p. 20). De fato, apesar das batalhas enfrentadas pelas mulheres em busca de melhorias e de conquistar seu espaço na sociedade nos mais diversos setores, ainda sofre muito preconceito e discriminação social, como também o aumento de 23 ‘ casos de violência contra as mesmas por parte não só de seu companheiro, mais sim da sociedade como um geral, estampando nas páginas tamanha barbaridade em pleno século XXI. O secretário-geral da ONU, António Guterres afirma que apesar da Declaração dos Direitos Humanos lutar em defender as causas das mulheres, repudiando qualquer ato de violência contra as mesmas, é crescente as manifestações aos direitos. Guterres relata que: Vemos o aumento da hostilidade contra direitos humanos e seus defensores por parte de pessoas que querem lucrar com a exploração e a divisão. Vemos ódio, intolerância, atrocidades e outros crimes. Estas ações colocam todos em perigo (Antônio Guterres, 2021 em comunicado no Dia Mundial dos Direitos Humanos). Diante de tal situação, sabe-se que apesar das leis estarem em vigor, se faz necessário debater assuntos relacionados as condições de vida das mulheres, além de extinguir e repudiar as situações de violência, preconceitos e desigualdade. Portanto, é direito de toda a sociedade proteger e respeitar o direito de cada ser humano, defendendo e respeitando o direito de orientação sexual. 1.3 CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINACAO SOBRE A MULHER - 1979 Aconteceu nos Estados Unidos, no ano de 1979, mais Precisamente em Nova York, idealizado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, um tratado internacional denominado de Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres (Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women - sigla CEDAW). Esse evento ficou conhecido mundialmente como uma declaração internacional de direitos das mulheres, e a passou a ter validade após o dia 3 de setembro de 1981. Esse documento foi modificado por mais de cinquenta países, incluindo o Brasil que assinou em 1979 e ratificou após 1984. A CEDAW, reconheceu no artigo 2º de sua declaração que: Os Estados-Partes condenam a discriminação contra a mulher em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a discriminação contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem: a) consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constituições 24 ‘ nacionais ou em outra legislação apropriada, o princípio da igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios apropriados à realização prática desse princípio; b) adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra a mulher; c) estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher numa base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação;d) abster-se de incorrer em todo ato ou a prática de discriminação contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituições públicas atuem em conformidade com esta obrigação; e) tomar as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou empresa; f) adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e práticas que constituam discriminação contra a mulher; g) derrogar todas as disposições penais nacionais que constituam discriminação contra a mulher (Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de discriminação contra a Mulher. (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, Nova York, Nações Unidas, 1979, p2 e 3). Essa Convenção, teve seus textos traduzidos em vários idiomas, entre eles, inglês, francês, árabe, espanhol, chinês russo e posteriormente para outros idiomas, como é o caso do português. Além disso foi criado um comitê para acompanhar de perto os trabalhos, com encontros anuais para examinar relatórios e debater outro assuntos pertinentes ao tratado. Dessa forma, esse documento de apoio e proteção dos Direitos Humanos das mulheres, foi uma conquista de extinguir toda e qualquer discriminação contra a mulher. Em seu artigo 1º o documento ainda pronuncia que: Discriminação contra a mulher significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. (Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Forma de Discriminação Sobre a Mulher, 1979). A Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Forma de Discriminação Sobre a Mulher, teve uma grande relevância na conquista e preservação dos direito das mulheres, como também Paula, Rê, Contreras, Dutra, (2021) influenciou novas lutas em busca de leis e conferências internacionais que envolvem questões de gênero, assim como os direitos das mulheres no Brasil. 25 ‘ Ainda no documento (CEDAW), é citado sobre o ato de discriminação contra a mulher alegando que “viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade humana, e constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da sociedade e dificulta o desenvolvimento das potencialidades da mulher para prestar serviço à humanidade”. De fato, para alcançar a igualdade entre a população (homens e mulheres) se faz necessário a obediência dessa ordem para poder construir uma sociedade mais justa e plácida de direitos e deveres para ambos os sexos. 1.4 II CONFERÊNCIA MUNDIAL DOS DIREITOS HUMANOS Discutir o tema dos direitos humanos das mulheres, analisando todo a concepção histórica e os embates políticos que já foram travados, se faz necessário para continuarmos a luta. No artigo “Direitos Humanos a partir de uma Perspectiva de Gênero”, Silvia Pimentel e Valéria Pandjiarjian relatam que os abusos contra as mulheres são indícios de que o Estado não é o detentor exclusivo do uso da violência e para isso, os direitos humanos devem reprimir o autoritarismo do povo machista sobre suas mulheres. A II Conferência Mundial dos Direitos Humanos, foi idealizada em Viena, no ano de 1993 e nesse evento, aprovou a resolução onde cita que a violência contra as mulheres constitui violação dos direitos humanos. De acordo com o documento da Declaração de Viena: “a participação plena e igual das mulheres na vida política, civil, econômica, social e cultural, a nível nacional e internacional, e a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo constituem objetivos prioritários da comunidade internacional”. O artigo 18 de sua Declaração ainda prossegue e identifica que: Os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integrante e indivisível dos direitos humanos universais. A violência de gênero e todas as formas de assédio e exploração sexual são incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser eliminadas. Os direitos humanos das mulheres devem ser parte integrante das atividades das Nações Unidas, que devem incluir a promoção de todos os instrumentos de direitos humanos relacionados à mulher (II Conferência Mundial dos Direitos Humanos, 1993). 26 ‘ Ainda considerando a luta pelas conquistas dos direitos humanos, por oportuno, vale ressaltar a chamada concepção contemporânea de direitos humanos, que veio a ser introduzida pela Declaração Universal de 1948 e subsequente pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, resultado esse “advindo das atrocidades cometidas pelo nazismo” durante os anos de 1933 a 1945, conforme relata Piovesan (2012). A referida autora ainda relata que foi neste cenário que se vislumbra o esforço de reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional. Se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o Pós-guerra deveria significar a sua reconstrução, concluiu Piovesan (2012). Sabe-se que os direitos humanos e sobretudo o direito das mulheres não foi uma conquista espontânea e sim, foi erguido através de lutas e de movimentos sociais durante dezenas e dezenas de anos, ou seja, através de um processo histórico. Existia muita desigualdades social e para ter o direito de ocupar o espaço na sociedade e no público em geral, as mulheres precisavam lutar. É de conhecimento que as mulheres durante séculos, vem sofrendo com as privações de liberdade e de seus direitos humanos, e ao mesmo tempo, exposta a violências e abusos, quer seja no convívio com seu conjugue ou familiares, quer seja no cotidiano ou até mesmo em momento de guerra, onde enfrenta cenas de terror e de lutas constante, por isso, a II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, realizada em 1993 em Viena, vem para resguardar e cobrar o empenho de todos para concretizar e respeitar o bem comum entre todos. No artigo 22, da Declaração instituída na II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (1993), esclarece que a religião também foi tema de preocupação por parte da comissão e repudia a intolerância e violência, ficando a mulher livre para escolher a sua religião ou expressão: “Foi bem apela a todos os Governos para que adotem todas as medidas adequadas, em conformidade com as suas obrigações internacionais e no respeito pelos respectivos sistemas jurídicos, para combater a intolerância e a violência com ela conexa que tenham por base a religião ou o credo, incluindo práticas discriminatórias contra as mulheres e profanação de locais religiosos, reconhecendo que cada indivíduo tem direito à liberdade de pensamento, consciência, expressão e religião. A Conferência convida, igualmente, todos os Estados a porem em prática as disposições da Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discriminação baseadas na Religião ou no Credo” (art. 2, Conferência Mundial dos Direitos Humanos 1993). 27 ‘ A II Conferência Mundial de Direitos Humanos (1993) foi muito importante para garantir a preservação dos direitos humanos e assegurar mais qualidade de vida. Direitos civis, políticos, e assegurar a liberdade econômica, social e cultura oram debatidos, conforme aponta Augusto (2014): Objetivos da II Conferência Mundial de Direitos Humanos foram os seguintes: primeiro, rever e avaliar os avanços no campo dos direitos humanos desde a adoção da Declaração Universal de 1948, e identificar os meios de superar obstáculos para fomentar maior progresso nesta área; segundo, examinar a relação entre o desenvolvimento e o gozo universal dos direitos econômicos, sociaise culturais, assim como dos direitos civis e políticos; terceiro, examinar os meios de aprimorar a implementação dos instrumentos de direitos humanos existentes; quarto, avaliar a eficácia dos mecanismos e métodos dos direitos humanos das Nações Unidas; quinto, formular recomendações para avaliar a eficácia desses mecanismos; e sexto, formular recomendações para assegurar recursos apropriados para as atividades das Nações Unidas no campo dos direitos humanos. (Augusto, 1993, p. 19). Bertholdo. (2021) afirmam em seu artigo que “todos esses direitos afirmados na Declaração Universal, não apresenta caráter jurídico obrigatório e vinculante, assumindo a forma de declaração e não de tratado”. Por sua vez, Bichara e Carreau esclarecem sobre as declarações e convenções acerca dos direitos humanos: Esses tratados internacionais incorporam o acervo jurídico internacional, não exigindo exatamente o seu cumprimento, mas contando com a cooperação dos estados signatários na consecução dos seus diversos objetivos.” (Bichara, Carreau, 2015, p. 482). 1.5 DIA INTERNACIONAL DA MULHER No final do século XIX, as entidades femininas proveniente de movimentos trabalhistas, já vinham realizando protestos na Europa e nos Estados Unidos e um dessas pautas eram os baixos salários devido a inserção pela Revolução Industrial, como também a jornadas de trabalho, que extrapolavam mais de 15 horas diárias. Esse acontecimento fez com que as organizações femininas, iniciassem 28 ‘ movimentos grevistas, reivindicando salários dignos e também o fim do trabalho infantil. De acordo com Graziela (2017), a data 8 de março como dia Internacional da mulher, foi comemorada devido outro marco histórico no ano de 1921 na Conferência Internacional das Mulheres Comunista: O prenúncio desse Dia da Mulher havia ocorrido quatro anos antes, em 1913, quando foi realizado o I Dia Internacional das Trabalhadoras pelo Sufrágio Feminino. Na ocasião, as trabalhadoras russas se reuniram em Petrogrado e foram reprimidas. No evento, remetendo a tal iniciativa das trabalhadoras russas, a data foi proposta como oficial. A partir de 1922, o Dia Internacional da Mulher passa a acontecer em 8 de março (Graziela, 2017, p15). De acordo com a obra Damas de Ouro, Monteiro (2013), apesar de todo o movimento realizado em Copenhagen para alertar os países sobre a instauração de um dia para se comemorar o Dia da Mulher, onde tinha como líder nesse pensamento, a socialista alemã Clara Zetkin, essa informação não havia chegado a América, mais precisamente nos Estados Unidos: Em 1910, durante uma conferência da Internacional Socialista em Copenhagen, na Dinamarca, foi decidida a instauração, em todo o mundo, de um Dia da Mulher. No ano seguinte, mais de um milhão de mulheres foram as ruas em diversos países da Europa para reivindicar o direito de voto e melhores condições de trabalho. A mensagem, porém, não chegou aos EUA (Monteiro e Sita, 2013 p. 177). Dessa forma, nos Estados Unidos, o dia 8 de maio de 1908 foi uma data escolhida para ser comemorada o primeiro dia Nacional de luta das Mulheres com o intuito de mostrar a sociedade que essas mulheres passaram por tempos sombrios e que lutavam para a diminuição da jornada de trabalho nas fábricas. Atualmente o dia 8 de março é comemorado o dia Internacional da Mulher, onde na ocasião o momento passa a ser de reflexões das batalhas vivenciadas durante séculos e heroísmo das mulheres, conquistando respeito e igualdade. Lentamente e a cada ação, as mudanças necessárias vão sendo implementadas na sociedade. 1.6 AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO 29 ‘ Atualmente a inserção feminina é marcante em todos os níveis educacionais e de mercado, porém nem sempre foi assim. Remotamente, as mulheres tinham a função de cuidar dos serviços domésticos e da criação dos filhos. Não tinham direito ao voto, como também não podiam se matricular em escola e universidades. A mulher era considerada pela sociedade como um ser inferior e jamais poderiam ocupar cargos, na qual posteriormente passou a exercer trabalhos braçais escravizados e humilhantes. Por outro lado, o homem era quem podia sair para trabalhar e trazer o sustento para dentro de casa. A reivindicação dos direitos das mulheres passou a ser analisada somente a partir do século 18, com a chegada do Iluminismo e da Revolução Francesa, além da contribuição da Revolução Industrial com os adventos da máquina a vapor e a larga produção e consequentemente, o avanço do consumismo, atrelado ao capitalismo. Após a chegada da Revolução Industrial, as fábricas começaram a substituiu o trabalho considerado artesanal pela produção industrial, com isso, as máquinas a vapor passaram a produzir em série, como também foi necessário mão de obra. Na visão de Rago (1997), nesse período as mulheres passaram por uma série de preconceitos, pois seus salários eram inferiores aos homens, sua carga horária ultrapassava entre 12 e 15 horas, não recebia insalubridades e sem contar com os assédios que as mesmas tinha que enfrentar no dia a dia: As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da classe social a que pertencessem. Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos homens – como naturalmente masculino. Esses obstáculos não se limitavam ao processo de produção; começavam pela própria hostilidade com que o trabalho feminino fora do lar era tratado no interior da família. Os pais desejavam que as filhas encontrassem um bom partido para casar e assegurar o futuro, e isso batia de frente com as aspirações de trabalhar fora e obter êxito em suas profissões. (Rago, 1997, p. 581-582). Se por um lado no período da Revolução Industrial as mulheres eram tratadas de forma inferior, por outro lado, em 1848 o feminismo começou a se fortificar, vindo a acontecer a primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova York. 30 ‘ Após a Revolução Industrial e consequentemente o surgimento das maquinas e a produção em larga escala, a mulher passou a trabalhar mais nas industrias, deixando de exercer apenas o trabalho doméstico. No Brasil não foi diferente, principalmente nos ramos têxtil e de confecções, e por outro lado, diminuindo a participação da mulher nas atividades manufatureiras. Embora as mulheres ganhasse espaço em outros setores que antes era considerado apenas para os homens, a discriminação reinou. As mulheres trabalhavam com cargas horárias muito extensa e recebiam muito pouco com funções idênticas ao homem. HELEIETH (1981) relata que: Ao lado de numerosas discriminações de difícil prova, onde a integridade moral da mulher é testada cotidianamente, figura uma sorte de discriminação proibida por lei no Brasil, assim como num número substancial de países: os diferencias de salários para os homens e mulheres que desempenham funções idênticas. Não se podem alimentar ilusões quanto a eficácia da lei brasileira que proíbe a discriminação salarial entre os representantes dos dois sexo quando no desempenho da mesma função, por que mesmo nos mais avançados países do mundo estes diferenciais de salários existem de maneira até pronunciada. (Heleieth, 1981, p. 32). Destaque-se que Vinhaes (2018) narrou que além da discriminação salarial, as mulheres ainda teve que enfrentar o preconceito do machismo e uma sociedade hipócrita, além de mencionar a condição de que se fosse negra ou pobre, o grau de discriminação e preconceitos predominava: Elementos discriminatórios acentuam quadros de exclusão social, de pobreza e da negação de direitos. Quando se observa a organização do trabalho de mulheres e homens, de brancas e negras, no mercado,a distinção negativa para as condições das mulheres negras reafirma que sua inserção no ambiente doméstico extrapolou os sentidos privados dessa dimensão, como ocorreu para as mulheres brancas, mas também sua maior exclusão na esfera de disputa por espaço de poder e de participação política institucional. O forçado rebaixamento social em razão do racismo tornou essas mulheres mais vulneráveis no enfrentamento da subsistência, afastando-as da imersão discursiva mais sistematizada do tema aqui proposto. (Vinhaes, 2018 p.16). A necessidade do capitalismo atrelada ao modelo ideal das mulheres para almejar novos horizontes e engajar em outros setores da economia, fez com que Ângela (2016) relatasse os contratempos na relação da feminilidade com seu parceiro e trabalho mostrando as dificuldades que a mulher tinha que conciliar: 31 ‘ Quando a produção manufatureira se transferiu da casa para a fábrica, a ideologia da feminilidade começou a forjar a esposa e a mãe como modelos ideais. No papel de trabalhadoras, ao menos as mulheres gozavam de igualdade econômica, mas como esposas eram destinadas a se tornar apêndices de seus companheiros, serviçais de seus maridos. No papel de mães, eram definidas como instrumentos passivos para a reposição da vida humana. A situação da dona de casa branca era cheia de contradições. Era inevitável que houvesse resistência. (Davis, 2016, p. 50). No ano de 1951, Arnaldo (1998) comenta que em Genebra, foi aprovada na 34ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho o plano internacional sobre a Igualdade de Remuneração para homens e mulheres. O artigo 1 da lei, relata a igualdade de valores para ambos os sexos: Art. 1 — Para os fins da presente convenção: a) o termo ‘remuneração’ compreende o salário ou o tratamento ordinário, de base, ou mínimo, e todas as outras vantagens, pagas direta ou indiretamente, em espécie ou in natura pelo empregador ou trabalhador em razão do emprego deste último; b) a expressão ‘igualdade de remuneração para a mão-de-obra masculina e a mão- de-obra feminina por um trabalho de igual valor’, se refere às taxas de remuneração fixas sem discriminação fundada no sexo. (Arnaldo Süssekind, Convenções da OIT, 1998, p. 338) Almeida (1997) escreveu que as normas da OIT, são muito importante para a garantia do direito das mulheres e que essas convenções são tratados leis (normativos) multilaterais que visam a regular certas relações sociais, abertas à ratificação dos Estados-membros da OIT e além disso, “criam obrigações internacionais para os Estados que as ratificam. A verdade é que apesar das mulheres terem conquistado um grande vitória na Conferência da (OIT), onde na ocasião foi sancionada a resolução de salários iguais para homens e mulheres, por outro lado, até os dias atuais tais igualdades ainda reinam mundo a fora. 1.6 A MULHER E OS DIREITOS A EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO Na Europa, muitos filósofos, já defendia que as mulheres deveriam receber uma boa educação. A escritora e filosofa Wollstonecraft (2016) já defendia que 32 ‘ as mulheres deveriam serem educadas em um novo modelo, respeitando a intelectualidade: Se dispensarmos essas teorias ilusórias e considerarmos a mulher como um todo, da maneira como deve ser, e não como parte do homem, a pergunta seria se ela possuiria razão ou não. Em caso afirmativo, o que por ora admitirei, ela não foi criada meramente para ser o consolo do homem, e o caráter sexual não deveria destruir o caráter humano (Wollstonecraft, 2016 p. 78). Wollstonecraft (2016) escreve que para se ter uma educação de qualidade, a moralidade deveria andar juntos. Por sua vez, Ferraz (2016) completa afirmando que a mulher como mãe deveria dar o melhor de si e ser uma verdadeira guerreira, pois além de criar os filhos, ainda precisava ter seu lugar na sociedade e que para isso, a educação feminina deveria ser levada com muita seriedade. Fernandes (2019), relata que no Brasil no período Colonial inicialmente, as escolas foram constituídas, pela ordem dos padres jesuítas e eram voltadas para o público masculino, visando à formação culta e religiosa. As “mulheres brancas, ricas ou não, como as negras escravas e as indígenas não tinham acesso à leitura e à escrita. De fato, nesse período colonial, o interesse da corte era apenas de extrair minério e explorar ao máximo as riquezas encontradas na terra. De acordo com Fernandes (2019), a primeira reivindicação pela instrução feminina no Brasil partiu de um indígena, ao padre Manoel de Nóbrega. A ideia não se concretizou por ter sido considerada ousada demais pela rainha de Portugal. A mulher tinha vontade de aprender a ler e escrever porém como já dito anteriormente, foi negado. Por volta de 1910, as mulheres começaram a dominar o mercado de trabalho do ensino elementar, enquanto os homens seguiam dominando o nível secundário. No entanto, mesmo nas primeiras décadas do século XX, havia a exigência do celibato para que as mulheres pudessem exercer a função de professoras do ensino público. Segundo o Estatuto da Instrução Pública, as professoras tinham que ser solteiras ou viúvas. Se casassem, perderiam o cargo. Entre várias mulheres que se destacaram na educação, menciona-se a polonesa Marie Curier (1867- 1934), na qual desafiou uma sociedade machista 33 ‘ e todos os obstáculos em tempos sombrios e conseguiu se formar em Matemática e Física. Devido a sua formação, a pesquisadora deixou um legado muito importante com a descoberta dos elementos químicos Polônio e Rádio, sendo descoberta a radioatividade, vindo a ser utilizada até os dias atuais e ainda foi a primeira mulher a ganhar dois prémios Nobel, além de ministrar aulas para as mulheres impedidas de estudar, tornando-se uma grande mulher à frente de seu tempo. Strathern (2000) relata na obra Curie e a radioatividade em 90 minutos que: Assim como Einstein tirou partido de sua fama para defender causas liberais, Marie Curie tornou-se um emblema da condição feminina independente. Com seus dois prêmios Nobel e as duas filhas que havia criado sozinha, tornou-se uma inspiração para a geração de mulheres nascida entre as duas guerras. Nenhum campo estava fechado. As mulheres eram capazes de se sair tão bem (ou melhor) que os homens em ciência. E isso não significava que se tivesse de renegar a família (Strathern, 2000, p.28). Dulce (1990) afirma que as mulheres nas últimas décadas “não só conquistou o direito a coeducação, o que beneficia ambos os sexos, como tomou de assalto a universidade”. É notório que os modelos da coeducação se destacaram na sociedade e obtiveram um avanço muito rápido nos últimos anos, dando oportunidade não só para as mulheres e sim, oportunidades entre géneros, formando mulheres e homens com mentes mais culta para que os mesmos respeitem as diferenças e viabilizem a uniformidade de gêneros, além de assegurar o desenvolvimento de uma população justa, ética e a sua diversidade. Dulce(1990) acrescenta que para a sociedade, existem muitas diferenças entre o homem e a mulher culturalmente e na educação informal. Quando se trata das diferenças entre homens e mulheres, o processo ideológico gerado pela educação informal e tão forte que até fica difícil argumentar. A mulher é considerada passiva (não- agressiva), intuitiva (?), dócil e portanto submissa. Veremos como no mundo do trabalho tais mitos são manipulados para afastar as mulheres de certas profissões, mas não impedem que elas realizem pesadíssimas tarefas, desde que desvalorizadas socialmente. (Dulce, 1990, p42). No Brasil, no dia 15 de outubro de 1827, foi criada a primeira lei para tratar da educação para mulheres, porém com uma ressalva, restringindo o acesso às escolas fundamentais. De acordo com o regulamento, o imperador ordenou 34 ‘ construir "escolas de primeiras letras em todas as cidades,vilas e lugares mais populosos do Império" e ainda de acordo com os artigo número 7 º, 12 º e 13 º explana que: Art. 7º Os que pretenderem ser providos nas cadeiras serão examinados publicamente perante os Presidentes, em Conselho; e estes proverão o que for julgado mais digno e darão parte ao Governo para sua legal nomeação. Art. 12. As Mestras, além do declarado no Art. 6º, com exclusão das noções de geometria e limitado a instrução de aritmética só as suas quatro operações, ensinarão também as prendas que servem à economia doméstica; e serão nomeadas pelos Presidentes em Conselho, aquelas mulheres, que sendo brasileiras e de reconhecida honestidade, se mostrarem com mais conhecimento nos exames feitos na forma do Artigo 13. As Mestras vencerão os mesmos ordenados e gratificações concedidas aos Mestres. (Lei de 15 de outubro de 1827). No ano de 1832, foi publicado o livro Direitos das mulheres e injustiças dos homens, escrito pela educadora Nísia Floresta. Essa escritora foi considerada uma mulher anos luzes a frente de seu tempo pelo seu caráter e formas de lutar pelo preconceito contra as mulheres. A obra é considerada o pioneirismo do feminismo brasileiro. Na crítica de Gilberto Freyre (1996), a educadora 1Nísia Floresta foi considerada como “uma exceção escandalosa”: Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio dos homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra-domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas [...], causa pasmo ver uma figura de Nísia (FREYRE, 1996, p.109). Nesse período tenebroso, a intuição de lecionar para as mulheres era habilita-la para um bom desempenho na sua vida doméstica, deixando as lutas sociais para outros momentos vindouros. Floresta (1989) foi defensora dos direitos das mulheres e explana que apesar de acreditar que as mesmas tinham 1 Nísia Floresta Brasileira Augusta, nasceu no dia 12 de outubro de 1810, onde desempenhou grande relevância na educação (positivismo) e deixou um grande legado, sendo considerada a pioneira do feminismo e literatura de autoria feminina no país. Formada em jornalismo e em letras, participou de grandes movimentos sociais. Hoje a sua cidade natal, Papari, no Rio Grande do Norte, leva o seu nome denominada de Nísia Floresta. A referida autora ainda morou na Europa, vindo a falecer na França, no ano de 1885. 35 ‘ capacidade de assumir responsabilidades, naquele momento eram exclusivas do sexo masculino afirmando que: Porque somos excluídas dos cargos públicos; e por que somos excluídas dos cargos públicos? Porque não temos ciência [...] Eu digo mais, não há ciência, nem cargo público no Estado, que as mulheres não sejam naturalmente próprias a preenchê-los tanto quanto os homens (Floresta, 1989, p. 52; 73). Martins (2000) reconhece que Nísia Floresta deixou um grande legado como educadora no Brasil e uma grande contribuição para as futuras gerações: Nísia era uma mulher erudita que militava pelo direito da mulher ao acesso à educação. Essas militâncias estiveram presentes em sua obra, fato que provocou desconforto na sociedade patriarcal na qual vivia. Essas reflexões contribuem para delinear o perfil da mulher no Rio de Janeiro dos oitocentos. E, a partir desse escopo, compreender as circunstâncias presentes no desenvolvimento do trabalho de Nísia Floresta. (Martins, 2010, p. 237). De fato, o objetivo fundamental de Nísia Floresta foi por um mundo mais justo e pacífico em defesa dos direitos femininos, acima de tudo, a garantia do acesso à educação, elemento esse que até hoje as mulheres comemoram e se destacam desde os cargos elementares, até as funções de alto poder na sociedade. Percebe-se que o machismo ainda é forte porém se comparados com tempos passados, as mulheres conquistaram e vem adquirindo seu espaço na sociedade em geral. Apesar das lutas e das dificuldades constante das mulheres, no Brasil o feminismo teve um grande avanço na educação. No ano de 1918, as mulheres tiveram seus direitos defendidos em ter acesso à educação por parte da educadora Maria Lacerda de Moura, onde lançou um livro defendendo a educação como sendo extremamente necessário na transformação da vida das mulheres e ao mesmo tempo, defendendo o processo educacional para as mesmas. Essa publicação foi uma das mais significantes da época, pois marcou o início do feminismo. LEITE (1984), citou que os conceitos de Maria Lacerda de Moura, apesar de serem avaliados como muito radicais, associados ao seu espírito crítico, contribuíram para sua posição algo marginal. 36 ‘ 1.7.1 A Educação das Mulheres no Ensino Superior Sabe-se que a mulher teve acesso à educação bem recente no Brasil, e mais recente quando se aborda a inserção em cursos superiores. Na concepção de Fernandes (2019), “Depois do ano de 1879, o governo imperial permitiu, condicionalmente, a entrada feminina nas faculdades. As candidatas solteiras deveriam apresentar licença de seus pais; já as casadas, o consentimento por escrito de seus maridos”. Apesar da conquista das mulheres em ter acesso ao ensino superior, pouca mulheres foram matriculadas, tendo em vista o preconceito da sociedade em continuar acreditando que a mulher era apenas para ficar em casa cuidado dos filhos e servir ao marido e no máximo, realizar trabalhos domésticos. Nesse período, o espaço para a mulher no mercado de trabalho também era muito reduzido e além disso, as que realizavam o mesmo trabalho do homem com carga horária que ultrapassava as 15 horas, ganhavam bem menos, reinando assim, o preconceito e discriminação. Durante as últimas décadas, o Brasil vem investindo em políticas públicas educacionais e a maneira como o patamar se encontra, além da progressão feminina no ensino superior e a sua posição quanto a classificação, são frutos devido a esse empenho. Em um passado bem próximo, as mulheres recebiam apenas instrução para educar seus filhos e para exercer um trabalho doméstico, e jamais poderia ocupar posições de destaque na sociedade. Sabe-se que o investimento em políticas públicas no país, ainda é considerado muito baixo. Por outro lado, Carvalho (2017) argumenta que apesar das conquistas e do enfrentamento ao preconceito contra as mulheres na acessibilidade na educação, sabe-se que a sociedade ainda continua com discriminação e a percepção de forma diferente, afirmando que as mulheres "continuam marcadas pelos tradicionais estereótipos atribuídos aos papéis femininos". De acordo com a análise da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES-2016) atualmente a grande maioria dos estudantes matriculados no ensino, são mulheres, chegando a somar 52% das matrículas no ensino médio. Além do mais, as 37 ‘ mulheres repetem menos, evadem menos e concluem a educação básica em maior proporção. Por sua vez, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) realizou o Censo da Educação Superior (2019), mostrando que as mulheres continuam a frente na educação no ensino superior. O Censo (2019) mostra que o corpo discente feminino, são referência na conclusão dos cursos de Graduação Presenciais. De um total de quase meio milhão de concluintes (448.120) no ano de 2019, destes 263.984, são do sexo feminino e 184.136 são do sexo masculino. Ainda conforme o Censo 2019 do INEP, o número de mulheres concluintes em cursos de graduação tanto presenciais, quanto a Distância, se torna bem maior se comparado com o corpo discente masculino. O censo 2019 diagnosticou que 752.417 mulheres concluíram o ensino superior no ano de 2019. Já os homens, esse número foi bem inferior, ou seja, o número de concluintes em cursos de graduação presenciais e a distância foram de 497.659, ficando quase 255 mil a menos que as mulheres.Por outro lado, apesar das mulheres ter conseguido o direito à educação e garantir sua posição de escolaridade em destaque, as desigualdades ainda reinam quando o assunto é garantia de direitos e igualdade de salários, tal resultado foi analisado nos dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE 2014): Apesar da superioridade escolar feminina, os resultados no mercado de trabalho não favorecem as mulheres. O rendimento feminino não se iguala ao masculino em nenhuma das áreas gerais, conforme evidencia a razão entre o rendimento das mulheres e o rendimento dos homens (IBGE, 2014). Exemplifica que as mulheres continuam a frente no ensino superior, lutando e se qualificando para conquistar cada vez mais o mercado de trabalho e conquistar espaços jamais imaginários. Apesar das mulheres serem a maioria no ensino superior, lutando e se qualificando para conquistar espaços jamais imaginários, ainda enfrentam cenários desiguais, trabalhando em jornadas extrapoladas mais do que os homens, ou seja, além de cuidar dos filhos e de todo o trabalho doméstico, muitas delas, sustentam sua família com o sustento que ganha. Por fim, percebe-se que apesar de ter o direito de igualdade de gênero conquistados, as 38 ‘ mulheres ainda terão que enfrentar muitas barreiras e desafios em sociedade machista e preconceituosa. CAPITULO II Nesse capítulo, faz-se um resumo sobre a violência doméstica e suas ferramentas de defesa, descrevendo os tipos e conceitos de violência e o termo feminicídio. Além disso, descrevemos sobre a Convenção sobre a Eliminação de todas das formas de Discriminação Racial e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. Além disso, traz-se nessa obra, a vida e o grande legado que Maria da Penha Maia Fernandes contribuiu para a vitória do contexto atual e a inserção de leis para a proteção das mulheres. Por fim, analisamos as medidas protetivas, ou seja, ferramenta de proteção, onde a vítima solicita após confeccionar o Boletim de Ocorrência e isso garante o afastamento do agressor em até 48 horas. 1- FEMINÍCIDIO 39 ‘ De todas as violências que as mulheres enfrentam no cotidiano, pode-se considerar que a violência doméstica principalmente exercida por seus parceiros, é uma das maiores causas de agressão no Brasil que mais matam as mulheres. Apesar das mulheres terem conquistados no decorrer de séculos os seus direitos (direitos garantidos na Constituição Federal (1988) e em todas as convenções e Tratados Internacionais), muitas mulheres desistem de denunciar seus parceiros e permanecem caladas com medo de represália, no qual a maioria dos motivos é devido a dependência financeira, a insegurança e também do resultado o medo do resultado da justiça em caso do agressor se tornar inocente e posteriormente isso termine em morte. O Feminicídio é considerado o homicídio de uma mulher apenas pelo simples fato de ser mulher, englobando várias motivações, entre elas, o desprezo, ou até mesmo o sentimento de perda, o ódio, entre outros motivos. De acordo com o Atlas da violência (2020) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os anos de 2008 e 2018, aproximadamente 4.519 mil mulheres foram assassinadas, uma taxa de 4,3 a cada 100 mil mulheres e destas, 68% das vítimas, eram mulheres negras e esse fator contribuiu para o aumento de 12,4 % de crimes praticados contra as mulheres negras, portanto, no Brasil a cada 2 horas, uma mulher é assassinada, deixando o Brasil em um dos maiores patamares quando o assunto é homicídio contra mulher. Sabe-se que esses números podem ser bem maiores. Waiselfisz (2015) afirma que não descarta que o termo feminicídio engloba vários termos no mundo e esses dados estão sujeitos controvérsias e críticas: Não ignoramos que, atualmente, existem e coexistem diversos termos recentemente cunhados, que não têm aceitação universal e estão sujeitos ainda a críticas e controvérsias. Não é nossa intenção aprofundar na polêmica nem dirimir nas discussões sobre os conteúdos políticos ou conceituais da terminologia. (WAISELFISZ J.J. Mapa da violência 2012, p. 8). Já para Pasinato (2011) relata sobre a terminologia do termo da violência contra a mulher (feminicídio) e descreve as dificuldades em analisar os dados estatísticos tendo a confiabilidade para analisar a questão: Um dos maiores desafios para a realização desses relatórios é a falta de informações oficiais sobre essas mortes. As estatísticas da polícia e do Judiciário não trazem, na maior parte das vezes, informações sobre o sexo das vítimas, o que torna difícil isolar as mortes de mulheres no conjunto de homicídios que ocorrem em cada localidade. Além disso, na maior parte dos países não existem 40 ‘ sistemas de informações judiciais que permitam conhecer quantos processos judiciais envolvendo crimes contra mulheres chegam a julgamento e quais as decisões obtidas (Pasinato, 2011, p. 2.) Conforme o Mapa da violência divulgado pela ONU (2015), o Brasil ocupa a 5ª posição mundial no índice de feminicídio, e além disso, vale ressaltar que 64,2% dos casos, o agressor é companheiro da vítima ou até mesmo membro da família. Ainda analisando o resultado da pesquisa em questão, o tipo de ocorrência designada de lesão corporal, lidera os números de ações penais, ou seja, nos últimos 5 anos, 157.012 processos foram denunciados nos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher. Ainda com relação aos homicídios praticados contra a mulher no mundo, de acordo com os dados do Mapa da Violência (2015), indica que o Brasil tem taxas superiores ao do Reino Unido (48 vezes mais homicídios femininos), Irlanda (24 vezes mais homicídios femininos) e por fim, 16 vezes mais homicídios femininos que Japão ou Escócia. Além disso, a pesquisa apontou que a mulher negra é vítima prioritária da violência e que as taxas de homicídio da população branca estão diminuindo, enquanto aumentam as taxas de mortalidade entre os negros. Por essa razão, foi publicada no dia 9 de março de 2015, a Lei nº 13.104 (2015), onde alterou o artigo 121 do Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072/1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. De acordo com a Lei nº 13.104 (2015), e considerado crime de feminicídio quando há violência contra a mulher por razões da condição ser do sexo feminino envolvendo violência doméstica e família e menosprezo ou discriminação à condição de mulher. O artigo 7º Brasil (2015) em questão ainda relata que a Pena do crime praticado de feminicídio se torna mais grave quando é aumentada de 1/3 até a metade caso o crime seja praticado no período de gestação ou logo após os 3 meses seguintes após parto, ou que a vítima seja menor de 14 anos ou maior de 60 anos e ainda com deficiência. Fragoso (2002) agrega o significado de feminicídio baseado nas questões social, econômica e política em que vivem essas mulheres relatando que a análise de classe social e de outras estruturas de poder ou condições materiais que podem 41 ‘ influir na violência por parte dos homens contra as mulheres são apenas mencionadas, sem análise (Fragoso, 2002, p.4). Sabe-se que o feminicídio foi designado durante anos, como crime passional, ou seja, quando há uma ligação amorosa/sexual entre o agressor e a vítima. Ainda com relação ao termo femicídio (feminicídio), Fernandes (2015), citando Melo, ratifica a maneira como a expressão foi utilizada: A opção deste termo serve para demonstrar o caráter sexista presente nesses crimes, desmistificando a aparente neutralidade subjacente ao termo assassinato, evidenciando tratar-se de fenômeno inerente ao histórico processo de subordinação das mulheres (Fernandes,2015, p. 71). Na visão do autor citado, antigamente o crime de feminicídio era considerado passional porque havia sentimento ou emoção de afeto entre o casal e com sentimento de posse em relação à vítima, onde muitas vezes, o crime era praticado com um sentimento de paixão doentia, ou seja, com comportamento possessivo e dominador e muitas das vezes o parceiro se tornava agressivo, vindo a acontecer as agressões físicas, e sexo sem a vontade da vítima (estupro) e na grande maioria acontecia o mais grave: o homicídio. Antes da Lei entrar em vigor, caso acontecesse um homicídio e fosse comprovado que se tratou de um crime passional, ou seja, que teve como motivação uma violenta emoção, a pena era diminuída entre um sexto e um terço. 2.1 CONVENÇÃO SOBRE ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL A Convenção sobre a Eliminação de todas das formas de Discriminação Racial, foi um evento que foi adotado pelo Brasil no ano de 1969 e anteriormente foi aprovado pelas Nações Unidas (1965). Essa convenção foi promulgada mediante o decreto nº 65.810/1969, onde Brasil (1969) menciona que de acordo com os princípios básicos de igualdade e dignidade a população em geral, afim de promover e encorajar o respeito universal com observância nos direitos humanos sem discriminação de sexo, raça ou religião, proclama que os homens que nascem livres e igual em dignidade, tem os mesmos direitos garantidos, sem distinção de 42 ‘ qualquer natureza e de raça ou nacionalidade, ou seja, todos os serem humanos são iguais perante a lei e tem a proteção dos direitos contra discriminação e incitamento a discriminação, podendo viver em paz e harmonia entre sociedades. Ainda de acordo com Brasil (1969), a discriminação racial pode ser considerada qualquer distinção, exclusão ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica. Analisando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, o estudo mostrou que 42,7% dos brasileiros se declararam como brancos, 46,8% pardos, 9,4% como pretos e 1,1% como amarelos ou indígenas. Sabe-se que apesar de existir leis que asseguram esses cumprimentos, diariamente vimos estampados nas mídias nacionais e internacionais, os números alarmantes de discriminação racial, principalmente no que se refere aos negros. Segundo a Revista Veja (2020) foi encomendado uma pesquisa ao Instituto Paraná Pesquisas, para saber se o Brasil era um país racista. Dos 61% dos entrevistados relataram que o Brasil é um país racista, enquanto 34% negaram o problema. Além disso, outro dado relevante da pesquisa, foi o fato de que "67% das mulheres admitem o problema, contra 54% dos homens, e que, quanto maior o grau de escolaridade dos entrevistados, maior é a porcentagem daqueles que reconhecem o racismo". Almeida (2018), descreve que o racismo está associado a uma ideologia de acordo com o convívio de uma determinada sociedade exemplificando a vida real. Uma pessoa não nasce branca ou negra, mas torna-se a partir do momento em que seu corpo e sua mente são conectados a toda uma rede de sentidos compartilhados coletivamente, cuja existência antecede à formação de sua consciência e de seus efeitos (ALMEIDA, 2018, p. 53). Ainda na visão do autor, o racismo é uma discriminação que está associada a raça como base de uma maneira sistemática onde tem a raça como fundamento, onde evidencia através de práticas lucidas ou inconscientes onde complementa com inferioridade ou privilégios, dependendo do grupo racial que esteja inserido. Comenta-se que no processo de colonização do Brasil, devido a forma de escravidão que esta nação passou com o advindo de muitos negros do continente Africano, amarrados e em condições extremamente desumanas, em navios denominados de "navios negreiros", onde muitos morreram de fome e frio, onde se 43 ‘ perpetuaram em três séculos de escravidão, deixaram marcas profundas na sociedade brasileira. Após a libertação dos escravos através da Lei Áurea (1888) pela princesa Isabel, até os dias atuais, gradativamente foi surgindo leis para amparar e diminuir a discriminação no Brasil. Sabe-se que por um lado os homens sofrem preconceitos por serem negros, imagina quando as vítimas são mulheres. Cita-se que quando o assunto é discriminação na hierarquia de gênero, o número de vítimas sendo mulheres negras são alarmantes, tanto em vítimas de mortes, quanto em vítimas de violência doméstica. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA (2008), a discriminação motivada pela sociedade, está disseminada em vários campos, como por exemplo, no sistema educacional: No sistema educacional, seus impactos incidem na reprodução de estereótipos ligados às convenções sociais de gênero e de raça originando e reforçando uma segmentação sexual do mercado de trabalho e das ocupações sociais. Se para as mulheres os indicadores de acesso e permanência são, na média superiores aos masculinos, no que se refere à dimensão racial, o sistema de ensino é marcado por desigualdades que incidem sobre o acesso e a permanência dos alunos (as) negros(as). Este elemento é bastante significativo, uma vez que a escolarização é indicada como necessária à constituição de melhores oportunidades sociais futuras. (IPEA, Retrato das Desigualdades de gênero e raça, 2008. P. 19). 2.2 CONVENÇÃO INTERAMERICANA: “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ” No dia 09 de junho de 1994, as mulheres foram contempladas com um importante documento em prol do combate a punição e erradicação da violência, ou seja, o projeto foi aprovado no 24º Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), isto é, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. De acordo com a Convenção Interamericana, de imediato o documento não passou a vigorar, pois antes teve que ser submetida ao órgão constitucional (Congresso Nacional) que aprovou no dia 31 de agosto de 1995, mediante Decreto Legislativo nº 107. Na oportunidade, salienta-se que a Convenção entrou em vigor internacional em 3 de março de 1995, sendo um importante documento de referência mundial ao 44 ‘ enfrentamento à violência contra a mulher. Ainda conforme o Decreto Nº 1.977, artigo 1 º, passou a ser vigorada em todo o país mediante a Carta de Ratificação, decretando: Art. 1º A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994, apensa por cópia ao presente Decreto, deverá ser executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. (Convenção de Belém do Pará, 1994). No dia 1º de agosto de 1996, esse documento, foi promulgado mediante Decreto de Nº 1.973 que relata o seguinte: Reconhecendo que o respeito irrestrito aos direitos humanos foi consagrado na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e reafirmado em outros instrumentos internacionais e regionais, afirmando que a violência contra a mulher constitui violação dos direitos humanos e liberdades fundamentais e limita todas ou parcialmente a observância, gozo e exercício de tais direitos e liberdades; Preocupados por que a violência contra a mulher constitui ofensa Contra a dignidade humana e é manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens; Recordando a Declaração para a Erradicação da Violência contra a Mulher, aprovada na Vigésima Quinta Assembleia de Delegadas da Comissão Interamericana de Mulheres, e afirmando que a violência contra a mulher permeia todos os setores da sociedade, independentemente de classe, raça ou grupo étnico, renda, cultura, idade ou religião, e afeta negativamente suas próprias bases; Convencidos de que a eliminação da violência contraa mulher é condição indispensável para seu desenvolvimento individual e social e sua plena e igualitária participação cm todas as esferas devida; e Convencidos de que a adoção de uma convenção para prevenir, punir e erradicar todas as formas de violência contra a mulher, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, constitui positiva contribuição no sentido de protegeres direitos da mulher e eliminar as situações de violência contra ela. (Anexo ao DECRETO Nº 1.973, DE 1º DE AGOSTO DE 1996). A prescrição da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher "Convenção de Belém do Pará", corresponde a um grande avanço na compreensão e nitidez e combate da violência, sendo composta de cinco capítulos e no total de 25 artigos que juntos abrangem os tipos de violência física, sexual e psicológica (Brasil, 1995). Dado o exposto, a referida Convenção, instituiu para as mulheres, o direito de gozar de uma vida livre sem violência, como também menciona e reconhece a luta internacional pela proteção e liberdade dos direitos humanos das mulheres, tanto no público, quanto no privado: 45 ‘ a) direito a que se respeite sua vida; b) direitos a que se respeite sua integridade física, mental e moral; c) direito à liberdade e à segurança pessoais; d) direito a não ser submetida a tortura; e) direito a que se respeite a dignidade inerente à sua pessoa e a que se proteja sua família; f) direito a igual proteção perante a lei e da lei; g) direito a recesso simples e rápido perante tribunal competente que a proteja contra atos que violem seus direitos; h) direito de livre associação; i) direito à liberdade de professar a própria religião e as próprias crenças, de acordo com a lei; e j) direito a ter igualdade de acesso às funções públicas de seu pais e a participar nos assuntos públicos, inclusive na tomada de decisões (CONVENÇÃO INTERAMERICANA para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, 1995). Sabe-se que a violência contra as mulheres são manifestações de desigualdades sociais que acontecem diariamente e estão estampadas nas mídias e na sociedade. Contraste esse, com discrepância cultural, familiar, política e econômica. Assim sendo, a declaração é enriquecida no IV Capítulo, mencionando que os estados partes, forneçam resultados com o envio das ações em relação à implementação dos mecanismos interamericanos de proteção: Artigo 10 - A fim de proteger o direito de toda mulher a uma vida livre de violência, os Estados-Partes deverão incluir nos relatórios nacionais à Comissão Interamericana de Mulheres informações sobre as medidas adotadas para prevenir e erradicar a violência contra a mulher, para prestar assistência à mulher afetada pela violência, bem como sobre as dificuldades que observarem na aplicação das mesmas e os fatores que contribuem para a violência contra a mulher (Brasil, Convenção Interamericana, 1995). Em síntese, a Convenção de Belém do Pará (1995) foi um marco relevante para a proteção dos direitos humanos femininos. Além de garantir a defesa dos direitos, prevenção, erradicação e punição a Violência Contra a Mulher, ainda instituiu o significado de violência contra a mulher e também tratou do entendimento sociojurídico contra a mulher, tornando futuramente assim, alicerce para a construção da Lei nº 11.340 (Lei Maria da Penha), regulamento esse que será pleiteado posteriormente nessa obra. 2.3 TIPOS DE VIOLÊNCIA Sabe-se que a violência vem acompanhando a civilização desde a sua evolução humana, passando por diversas sociedades e povoados, até as grandes 46 ‘ cidades. De acordo com Porto (2007, p. 13): “A violência é uma constante na natureza humana desde a aurora do hem e, possivelmente, até o crepúsculo da civilização, este triste atributo parece acompanhar passo a passo a humanidade”. De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, o capítulo I do referido documento, define a violência contra a mulher sendo, “Qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (Brasil, 1995). Por sua vez, Minayo e Souza (1998) descreve que a violência pode ser compreendida como uma ação de forma intencional, praticada por indivíduo classes, grupos ou até mesmo instituições que venham a provocar grandes estragos emocional, físicos e sociais. Na concepção de Marilena Chauí (1998) o significado de violência, vem do latim vis, força, vigor, potência, emprego de força, ou seja, atitude de brutalidade, “abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão, intimidação, pelo medo e pelo terror”. Já de acordo com às formas de violência contra a mulher, inseridas no artigo 7º da LMP nº 11.340/2006, as violências são caracterizadas do tipo sexual, patrimonial, física, moral e psicológica. Brasil (2006) corrobora que a violência física pode ser compreendida como sendo uma forma de atuação que ofenda a integridade e a saúde do corpo em si. Já a violência psicológica por sua vez, é o ato que causa danos emotivos e a queda da autoestima ou que venha a prejudicar ou ainda perturbar o seu desenvolvimento, controlando suas atitudes e tomadas de decisões, como um todo. A violência é a sexual, onde pode ser entendida como uma atitude que venha a constranger a participar da relação sexual sem o consentimento, através de intimidação e ameaças, muitas vezes utilizando o uso da forca e induzindo a vítima a cometer o ato mediante ganhos materiais, ou que a impeça de usar formas de prevenção ou que a force ao matrimônio, ao aborto, a gravidez, ou até mesmo a prostituição através de suborno ou algum tipo de vantagem e que limite suas vontades sexuais. Já a violência patrimonial é aquela que configura a dos seus objetos parciais de bens ou valores pessoais e econômicos. Por fim, a violência moral, é compreendida como ato que designe calúnia, injuria ou difamação. 47 ‘ Teles e Melo (2003) defende que a violência sexual é qualquer atitude sem o consentimento da mulher, principalmente quando se tem o uso da força, além de chantagens, ameaças e intimidações, ou seja, qualquer ato que se realize sem a vontade da mulher por vontade própria. Esse tipo de violência, está ligado como por exemplo ao caso de estupro ou seja, quando a parceira não quer cometer o ato libidinoso com o (a) parceiro (a), sem consentimento, se tornando assim, agressão sexual. Na visão de Krug et al, (2002, p.380) Para muitas mulheres a agressão física não é um evento isolado, porem inicia através de um padrão contínuo de comportamento abusivo, ou seja, a maioria das vezes, ocorre a violência física de forma sistemática dentro da dinâmica do casal, vindo a aumentar o número de acontecimentos, tornando-se muitas vezes, quase que corriqueiros e diários. O IMP (2009) defende que a violência moral (2009) é o método de acusar a mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta, críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher através de xingamentos que incidem sobre a sua índole e desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir. Com relação a violência psicológica Brasil (2008, p. 10) finaliza relatando que pode ser entendida como um conjunto de atitudes ou omissão que venha a degradar as ações e controlar seus comportamentos, crenças e tomada de decisões, chegando a intimidar a vítima, com ameaças e indiretas. Dado o exposto, entende-se que a mulher pode sofrer das mais diversas formas de violências brutais perante uma sociedade machista e preconceituosa, fato esse moralmente reprovável pelas leis que protegem as mulheres contra a violência e por uma sociedade que clama por justiça e pelo fim da discriminação contra as mulheres, tornando-seassim, uma violação dos direitos não só da mulher, como dos humanos, conforme esclarece Agudelo (1990, p.1-7) “representa um risco maior para a realização do processo vital humano: ameaça a vida, altera a saúde, produz enfermidade e provoca a morte como realidade ou como possibilidade próxima”, finalizou. 2.3.1 Quem foi Maria da Penha? 48 ‘ A LMP foi promulgada devido a um fato que aconteceu com a mulher chamada de Maria da Penha Maia Fernandes, onde na oportunidade, no ano de 1974, ela ao cursar o mestrado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em 1974 conheceu um homem colombiano de nome Marcos Antônio Heredia Viveros. Após o namoro, em 1976 veio o casamento e na sequência, o nascimento de três filhas e após concluir seu mestrado, foram morar na cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará. Após conseguir a cidadania brasileira, Antônio Heredias iniciou as agressões com sua parceria Maria da Penha. De acordo com a biografia de Maria da Penha (2012), o ex-companheiro Marcos, iniciava as agressões com uma citação, um palavrão, um empurrão, insultamento e depois pedia desculpas e dizia que amava, ou que estava estressado ou seja, se arrependia e dava um de coitadinho e depois essas agressões passaram a se tornar frequentes, chegando a bater na mesma com força e palavras de baixo calão. A vítima relata que o agressor agia com intolerância não apenas a mulher, e sim, com comportamentos explosivos com as próprias filhas: Minha terceira filha, ao ensaiar os seus primeiros passos, á sofria coma intolerância, com as exigências absurdas do pai Para equilibrar-se, nessa fase do aprendizado, a maioria das crianças costuma apoiar-se nas paredes. Ele, porém, não consentia, para que as mesmas não ficassem "sujas" e, se a encontrava apoiando- se, dava palmadas dolorosas nas suas mãozinhas. Para proteger as crianças, quando estava perto de Marco volta do trabalho Dina, Rita e eu fazíamos uma fiscalização por toda a casa em busca de qualquer detalhe que pudesse desestabiliza-lo. Embora em tão tenra idade, a falta do controle urinário da minha caçula era resolvida também à custa de palmadas. Para as crianças almoçarem com tranquilidade eu lhes servia essa refeição mais cedo. (Fernandes, Penha, 2012, p. 24) Em 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte do companheiro, vindo a sofrer um tiro nas costas enquanto dormia, onde ficou paraplégica. Porém na Delegacia, o investigador afirmou que havia sido uma tentativa de assalto, porém após procedimentos de perícia, o caso veio à tona como uma farsa. Maria da Penha retornou para sua casa e passou a sofrer mais agressões. O IMP (2009) menciona que apesar de estar paraplégica, o companheiro de Maria da Penha não teve compaixão e manteve em cárcere privado por aproximadamente uns 15 dias e por fim, tentou eletrocutá-la durante o banho. 49 ‘ A vítima passou a sofrer outras vezes e no ano de 1991, o agressor recebeu a voz de prisão devido aos crimes que cometeu, vindo a receber 15 anos de prisão porém recorreu e saiu em liberdade. Diante do fato, Maria da Penha não parou. Lutou por justiça, e seu caso teve uma relevância muito grande no cenário nacional e internacional (1998) em relação a violência contra a mulher. A vítima escreveu sua biografia, narrando os sentimentos identificados em sua experiência de violência doméstica, obra essa que teve sua primeira publicação em 1994 e republicado em 2010 e que até hoje serve de conhecimento e alerta para milhares de mulheres. Ainda conforme Penha (2012), o agressor passou a agir se fazendo de vítima da sociedade, com várias artimanhas, inclusive chegou a comunicar chorando ao lado da vítima no hospital que iria ajudar vendendo o veículo, porém o carro foi batido por um possível comprador. Tudo não passou de mentira e esse fato foi descoberto no inquérito policial. Além disso, o agressor fazia de tudo para demostrar que amava a vítima e queria ajudá-la de toda forma e ao mesmo tempo se fazia de vítima para sair com proveitos como relata a autora: Considerados com tanta "falta de sorte", colegas seus de trabalho em Fortaleza chegaram a realizar uma cota com o intuito de ajuda- lo, conforme consta nas declarações dos depoentes. Não menos solidários, colegas meus se movimentaram para atenuar a desdita (Penha, Cap. IV, 2012 p.8). Diante da justiça, Marcos Antônio recebeu mais 10 anos e 6 meses de prisão. Apesar de tudo isso, foi relatado irregularidades nos processos por parte dos advogados de defesa, e mais uma vez a sentença não foi cumprida. De acordo com o IMP (2009), o caso ganhou dimensão internacional. "O Centro para a Justiça e o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher denunciaram o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA)". Dado o exposto, Affonso e Pandjiarjian (2012) relatam que: Penha viveu uma “ciranda infernal”, mas não se rendeu. Com o apoio incondicional de familiares, amigos e amigas, e de profissionais que dela cuidaram, em meio às dores e humilhações sofridas e às dolorosas descobertas que enfrentou nesse processo, ela foi capaz de romper o ciclo de terror, submissão e violência a que esteve submetida. Encontrou força, razão e sentido na luta por justiça e contra a impunidade. Uma luta que é sua, nossa, de todas 50 ‘ as mulheres; deve ser também de todos os homens, da sociedade e do Estado. (Affonso e Pandjiardian, 2012, p. 9) IMP (2009) ainda relata que a questão virou repercussão internacional, atropelando a violação de direitos humanos e deveres protegidos por vários documentos e acordos assinados, inclusive pela Convenção de Belém do Pará e a CEDAW, porém não foi o suficiente para o Brasil tomar atitude, permanecendo omisso. Diante dos fatos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Organização dos Estados Americanos) relatou as seguintes recomendações ao estado Brasileiro na emissão do relatório de N° 54/01, onde prescreve o caso 12.051 de Maria da Penha Maia Fernandes, no capítulo VIII (2001) as seguintes preconização: Completar, rápida e efetivamente, o processamento penal do responsável da agressão e tentativa de homicídio em prejuízo da Senhora Maria da Penha Maia Fernandes. 2- Proceder a uma investigação séria, imparcial e exaustiva a fim de determinar a responsabilidade pelas irregularidades e atrasos injustificados que impediram o processamento rápido e efetivo do responsável, bem como tomar as medidas administrativas, legislativas e judiciárias correspondentes. 3- Adotar, sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o responsável civil da agressão, as medidas necessárias para que o Estado assegure à vítima adequada reparação simbólica e material pelas violações aqui estabelecidas, particularmente por sua falha em oferecer um recurso rápido e efetivo; por manter o caso na impunidade por mais de quinze anos; e por impedir com esse atraso a possibilidade oportuna de ação de reparação e indenização civil. (CIDH, Brasil, 2001). Ainda de acordo com a Comissão em questão, foi recomendado que as medidas de capacitação e sensibilização dos servidores judiciais e os policiais capacitados para entender a importância de não aceitar a violência doméstica, como também resumir os processos judiciais penais para que possa ser diminuído o tempo do processo sem impactar nos direitos e nas garantias. Além do mais, aumentar o número de delegacias especializadas para a proteção e garantia dos direitos da mulher e anexar recursos específicos indispensáveis para a tramitação e andamento da apuração das investigações de todas as denúncias de violência doméstica e claro, prestar esclarecimento junto ao Ministério Público no 51 ‘ desenvolvimento de informações judiciais. Por fim, acrescentar em seuprograma pedagógicos, elementos curriculares indicados para o entendimento e da importância e consideração a mulher e seus direitos conquistados na Convenção de Belém do Pará. Ainda segundo o IMP (2009) após várias conferências com os órgãos responsáveis pela criação e homologação das Leis, tanto do Legislativo, quanto do Executivo e a sociedade em geral, foi elaborado o Projeto de Lei N º 4.559/2004, onde foi aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (Projeto de Lei de Câmara n. 37/2006) e posteriormente, no dia 7 de agosto de 2006, o presidente em exercício (2006) sancionou a Lei N º 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha. Para Guimarães e Pedroza (2015), a LMP (2006) só foi elaborada e aprovada devido à grande repercussão nacional e internacional no qual o caso da Maria da penha teve. O artigo 5º da LMP define violência doméstica e familiar contra a mulher como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. 2.3.2 A Lei Maria da Penha A Lei Maria da Penha (LMP) é uma das mais importantes legislação que ampara as mulheres coibindo e prevenindo a violência doméstica e familiar contra a mulher. Sendo sancionada no dia 7 de agosto de 2006 e munida de 46 artigos, sendo distribuídos em sete títulos. De acordo com a Lei Maria da Penha (LMP) 2016, essa Lei ampara as mulheres em consonância com a Constituição Federal e tratados internacionais ratificados na Convenção de Belém do Pará: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências (Lei Nº 11.340, LMP, 2006). 52 ‘ Mazuoli e Bianchine (2009) defende que a LMP, que protege e ampara as mulheres contra a violência doméstica e familiar, é fruto de muitas lutas e conquistas devido a vários acontecimentos e essa norma salvaguarda a proteção dos direitos das mulheres. Dado o exposto, a LMP (2006) caracteriza como uma das leis mais importante no combate a violência contra a mulher pois o seu alcance abrange tanto a esfera penal, quanto a cível, além de amparar a mulher quando realizar uma medida protetiva contra o agressor, como também cria mecanismos de envolvimento de toda uma rede de proteção ligada ao combate à violência. Destaca-se ainda, a recomendação nº 9 Brasil (2007), que está prevista na Lei nº 11.340 (2006) onde recomenda que os Tribunais de Justiça, criem Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher e adote outras medidas inseridas na determinada lei implementando ações de políticas públicas para assegurar a garantia e defesa dos direito das mulheres. Importante ressaltar que a mulher ainda dispõe da Lei nº 13.505, promulgada no dia 8 de novembro de 2017, no qual descreve sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores do sexo feminino", obedecendo às seguintes diretrizes: I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Brasil, Lei 13.505, 2017). Pode-se verificar que as mulheres dispõem de várias ferramentas em prol da garantia de seus direitos, assegurando assim, mais tranquilidade e confiabilidade na justiça brasileira e colocando os agressores para responder perante a lei. Merece destacar que muita coisa ainda precisa ser feita para que os números estatísticos sobre a violência contra a mulher diminua. Por fim, o artigo 12 da Lei nº 13.505 (2017) afirma que a autoridade policial se achar necessário, poderá solicitar os serviços públicos necessários à defesa da 53 ‘ mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2015), divulgou uma pesquisa, onde analisou a efetividade e o impacto da aplicabilidade da LMP (2006) com relação as taxas de homicídios de mulheres. O Instituto investigou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS) e obtiveram que a LMP fez diminuir em 10% a taxa de homicídio contra as mulheres. Parece pouco, porém quando engloba os milhões de habitantes do Brasil, percebe-se que a lei evitou milhares de casos de violência dentro de suas residências, conforme aponta o Instituto. Por fim, para englobar a Lei nº 11.340, foi publicada a Lei nº 14.188/2021, na qual estabelece um cronograma de cooperação através de Sinal Vermelho no combate a Violência Doméstica. Esse mecanismo é mais uma ferramenta para incrementar como medidas de enfrentamento a violência, conforme rege Brasil (2021): Art. 1º Esta Lei define o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica como uma das medidas de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher previstas na Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), altera a modalidade da pena da lesão corporal simples cometida contra a mulher por razões da condição do sexo feminino e cria o tipo penal de violência psicológica contra a mulher. Art. 2º Fica autorizada a integração entre o Poder Executivo, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, os órgãos de segurança pública e as entidades privadas, para a promoção e a realização do programa Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica como medida de ajuda à mulher vítima de violência doméstica e familiar, conforme os incisos I, V e VII do caput do art. 8º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Brasil; Lei 14.188. 2021). Após a publicação dessa lei, a rede de proteção contra a violência doméstica e familiar ficou mais firme, unindo os órgãos e estabelecendo tramites para designar os obstáculos enfrentados no dia a dia no combate a violência doméstica contra a mulher. Ainda conforme a Lei 14.188 (2021), relata que o documento garante a mulher, a punição do agressor em caso de dano emocional ou que venha a degenerar seus comportamentos, “crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação” e que caso seja constatado 54 ‘ o risco a vida ou a integridade física, o agressor será imediatamente afastado do lar. 2.3.3 Medidas protetivas (violência doméstica e familiar) Apesar das conquistas das mulheres por direitos iguais aos homens ao redor do planeta, a violência contra a mulher ainda perpetua e está estampada na sociedade diariamente. Muitas mulheres ainda lutam ao redor do mundo por direitos básicos e sofrem muitas agressões desde física, psicológica, moral ou até mesmo sexual, sendo a violência física a mais denunciada. Na perspectiva de Soares (2005), a violência física contra a mulher, é apenas a ponta do iceberg da situaçãode violência à que as mulheres encontram-se subordinadas. Para Maria Berenice Dias: A própria Lei Maria da Penha não dá́ origem a dúvidas, de que as medidas protetivas não são acessórias de processos principais e nem a eles se vinculam. Assemelham-se aos writs constitucionais que, como o habeas corpus ou mandado de segurança, não protegem processos, mas direitos fundamentais do indivíduo. São, portanto, medidas cautelares inominadas que visam garantir direitos fundamentais. (Dias, Maria 2015, p. 142). As medidas protetivas são normas garantidas para a mulher que após sofrer violência doméstica familiar e realizar o Boletim de Ocorrência, a justiça envia no prazo de até 48 horas, essa solicitação ao agressor, onde somente o oficial de justiça entrega a notificação ao agressor e jamais, a vítima. A LMP (2006) estabelece no artigo 12 que em todos os casos de violência doméstica contra a mulher, após a vítima ir na Delegacia, faz-se necessário a adoção de procedimentos para solicitar as medidas protetivas e entregar ao agressor o mais rápido possível para que se cumpra como determina a lei: I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; V - ouvir o agressor e as testemunhas; VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar 55 ‘ aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; (Brasil, Lei Maria da Penha, n º 11.340, 2006. A LMP (2006) ainda estabelece a remessa no prazo estabelecido, os autos do inquérito policial a autoridade competente, sendo ao juiz ou ao Ministério Público e que deverá conter a habilitação da vítima e do agressor, com seu nome e a idade dos filhos, além de relatos do acontecimento e o tipo de medida protetiva impetrado pela mulher. Após esse feitio, o servidor policial engloba todas as informações no documento com o boletim de ocorrência e xerox de todos os documentos inseridos no processo pela vítima, podendo conter laudos médicos ou até mesmo os prontuários emitidos pelo estabelecimento de saúde. Faz se necessário explanar que antes da promulgação da Lei n º 13.984/2020, o artigo n º 22 da LPM (2006) protegia como medidas de urgência da seguinte maneira: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003; II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. (Brasil, Lei Maria da Penha, n º 11.340, 2006). Ainda sobre as medidas protetivas, Brasil (2020) relata que a lei Nº 11.340, foi alterada, ficando estabelecido novos critérios garantidos na Lei nº 13.984, para estabelecer como medidas protetivas de urgência a frequência do agressor a centro de educação e de reabilitação e acompanhamento psicossocial, onde corrobora em dois artigos, sendo: Art. 1º Esta Lei altera o art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para obrigar o agressor a frequentar centro de educação e de reabilitação e a ter acompanhamento psicossocial. Art. 2º O art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar com as seguintes alterações: VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e VII – acompanhamento psicossocial 56 ‘ do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio (Brasil, Lei 13.984, 2020). Como as medidas protetivas estão atreladas e asseguradas nessa legislação, onde geralmente os casos mais frequentes, são o afastamento do agressor da residência da vítima e também a aproximação da vítima versus agressor, garantindo assim, um pouco mais de conforto e tranquilidade a mulher. Portanto, após a alteração na Lei (LMP), fica constatado que, caso o agressor receba ordens da justiça para cumprir com o estabelecido nos artigos acima mencionado e caso o mesmo descumpra, estará cometendo crime de desobediência e poderá receber a voz de prisão em flagrante caso descumpra. Brasil (2006) frisa que o Ministério Público pode recomendar ao juiz, as medidas protetivas de urgência, podendo essas ser outorgada de imediato, como também ser solicitada pela própria vítima, podendo ser empregadas de forma "isolada ou cumulativamente", além disso, as medidas protetivas de urgência poderão sofrer alteração ou revisão por outras de maior eficácia. Vale salientar que em qualquer fase do inquérito policial, o agressor poderá receber a voz de prisão preventiva, conforme está prescrito no artigo 20, Brasil (2006): Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. (Brasil, Lei Maria da Penha, n º 11.340, 2006). Para cumprir com a determinação, Mascotte e Balbino (2020) reitera que a justiça deve acompanhar a presença do agressor nesses programas e verificar se está sendo cumprindo as exigências e em caso de descumprimento, o agressor poderá ser conduzido em flagrante: A Polícia Judiciária deve ter acesso completo ao relatório de frequência dos programas de reflexão e reabilitação e de acompanhamento psicossocial, devendo ser imediatamente comunicada no caso de falta injustificada do agressor, o qual poderá ser inclusive conduzido em flagrante delito à presença da Autoridade Policial. Constatado o descumprimento e presente o estado flagrancial, deve a Autoridade Policial ratificar a prisão com 57 ‘ base no artigo 24-A da Lei 11.340/06, não podendo arbitrar fiança ao autuado (artigo 24, §2º, da Lei 11.340/06). (Mascotte e Balbino, 2020. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/80954). Essas medidas explanadas, foram tópicos recomendado na Convenção de Belém do Pará. Mascotte e Balbino (2020) ainda corrobora que nessa convenção ficou acertado que os países criem e obedeçam todas as medidas para educar as condutas dos seres humanos, tanto homens quanto mulheres e qualquer gênero e relatando ainda que criem programas formais e adequados a todas as classes do processo educacionais, para evitar preconceitos e atos fundamentados na ideia de inferioridade ou superioridade de qualquer gênero. Em 2018, a Lei Nº 11.340 (2006) sofreu novas alterações, conforme relata o documento. Essa agregação se fez necessário para representar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência, sendo tipificadosno artigo 24 da lei Nº 13.641, onde preconiza que em caso de transgredir a decisão judicial, o agressor poderá receber uma detenção que varia de 3 meses até dois anos de prisão: Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. § 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. Brasil, lei nº 13.641, 2018). Dado o exposto, nota-se que com a inserção das leis 13.641/18 e a 13.984/20, a LMP, ficou mais íntegra, tornando os crimes de violência doméstica familiar mais rigoroso, garantindo a vítima, mais proteção e segurança para enfrentar essas situações e não mais calar-se diante de tal acometimento, como também a lei defende a ressocialização e a reabilitação psicossocial do agressor e por outro lado, assegura como infração penal o não cumprimento. 58 ‘ CAPITULO III 3. METODOLOGIA A metodologia foi desenvolvida a partir do referencial teórico apresentado durante os capítulos anteriores, levando em consideração a análise dos dados a partir da implementação do Projeto Patrulha Maria da Penha (PMP) na cidade de Mossoró RN, evidenciando os impactos positivos acerca da implementação e atuação do Programa PMP na fiscalização do cumprimento das Medidas Protetivas de Urgência em casos de violência doméstica contra a mulher. 3.1 TIPO DE PESQUISA A pesquisa ora apresentada atende a uma abordagem do tipo qualitativa e quantitativa, ou seja, qualiquantitativo. Na pesquisa quantitativa o método científico é baseado nas técnicas estatísticas afim de obter informações para a necessidade de um determinado estudo, ou seja, compreende e analisa as informações de um determinado estudo, permitindo determinar equívoco de modo mais esclarecedor, prevendo o período necessários para o cumprimento das tarefas. Nesse tipo de pesquisa, pode-se mencionar que apresenta os números que comprovam os objetivos gerais de uma determinada pesquisa, ou seja, coleta dados concretos (números), sendo estatísticos e estruturados, formando a base para tirar as conclusões gerais do estudo e compreender melhor o resultado do trabalho, sendo esse tipo de pesquisa onde o investigador trabalha em lugar externo, de forma natural, utilizando a estratégia da investigação de modo estruturada, sendo essa investigação do tipo dominante e confirmatória. Rampazzo (2005), ainda corrobora acrescentando que a pesquisa quantitativa começa analisando de certos números, verificando os casos individuais e quantificando as razões de acordo com o determinado estudo. Por outro lado, Bardin (2011) defende que a definição da temática, indicadores permitem a definição do assunto analisado, divulgadores, sendo quantitativos ou não, que 59 ‘ concedam a finalização de entendimento referente aos níveis de construção ou ainda de recepção destas informações. Apresentando a pesquisa do tipo qualitativa, é legitimo mencionar que os dados dessa natureza, permitem compreender a complexidade e as especificidades das informações, onde não detalha apenas mensurar um tema, mas sim, representa-lo, utilizando as impressões, pontos de vista e também opiniões sobre o assunto abordado, sendo de forma menos estruturada, aprofundando com mais precisão sobre as motivações e suas as ideias, proporcionando uma compreensão mais detalhada das perguntas da pesquisa, onde o lugar do investigador se torna interno, com a aproximação do estudo de forma natural, com estratégias de investigação não sendo estruturada, explorando os tipos de análise. De acordo com Prodanov e Freitas (2013) relatam que na abordagem qualitativa, as questões são obtidas sem mostrar qualquer domínio proposital do pesquisador, analisando o que tem por trás dos resultados em consideração. Freitas e Prodanov (2013) comprova que por causa das técnicas científicas, é concebível mostrar objetos implícitos e explícitos no fenômeno objeto desse aprendizado. Ainda conforme defende Vieira e Zouain (2005) que a pesquisa qualitativa concede merecimento e destaque aos depoimentos dos entrevistados envolvidos, ao que foi relatado nos discursos dando ênfase o que foram transmitidos por eles, ou seja, preza pelo diagnostico detalhado dos fenômenos e dos elementos que o envolvem. 3.2 PROBLEMÁTICA O município de Mossoró foi escolhido para a presente pesquisa devido à recente implantação do projeto Patrulha Maria da Penha (PMP), analisando as medidas protetivas antes e pós projeto, verificando os números de vítimas atendidas pela rede, os tipos de ocorrências e a confiabilidade das vítimas assistidas por este programa na cidade de Mossoró RN. A população mossoroense, 60 ‘ segundo o censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), é de 259.815 pessoas e com o público estimado para 2021 de 303.792 pessoas, continuando como a segunda maior cidade do estado do Rio Grande do Norte. O contingente de mulheres na cidade é de (134.068) e homens (125.747), ou seja, a proporção de mulher para cada homem é em média 1,06, tornando quase que proporcional a quantidade de homens versus mulheres. O projeto Patrulha Maria da Penha na cidade de Mossoró RN (PMP), foi um convênio assinado mediante Termo de Cooperação Técnica nº 80.763/2019 entre o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça, em parceria com a Prefeitura Municipal de Mossoró-RN (PMM), sendo operacionalizado pela GCM de Mossoró desde dezembro do ano de 2020 (24 horas), visando dar assistência as mulheres vítimas de violência doméstica familiar no âmbito municipal (zona urbana e rural), bem como realiza ações educativas visando a conscientização e prevenção de novos casos com a aplicação de palestras educativas em logradouros públicos municipais, tais como escolas, Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros. A proposta do projeto da PMP foi aprovada entre 1.323 de outras cidades que concorreram ao projeto. O lançamento do programa em Mossoró, aconteceu no dia 09 de março de 2020, na 16ª edição da Semana Justiça pela Paz em Casa, que aconteceu no dia 09 de março de 2020. A instituição da Guarda Civil Municipal de Mossoró (GCM) é uma corporação de segurança pública, hierarquizada e ligada diretamente a Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito (SESDEM), pertencente a Prefeitura Municipal de Mossoró – RN. Atualmente a GCM conta com cerca de 288 agentes, sendo 245 do sexo masculino e 43 do sexo feminino, destas, atualmente em torno de 20 mulheres estão inseridas diretamente no Programa PMP. O PMP realiza visitas as vítimas, por meio de guarnições específicas, compostas por agentes da GCM de ambos os sexos, sendo a comandante da guarnição uma servidora do sexo feminino, e todos identificados por fardamento da instituição, além de braçadeiras com os símbolos da GCM e com o nome do Programa, em viaturas destinadas com o nome da Guarda Municipal e do programa específico em questão, equipamentos esses, adquiridos através da verba deste 61 ‘ convênio. As vítimas de violência doméstica, ao solicitarem o atendimento do PMP da GCM, são encaminhadas para a DEAM ou Policia Civil e realizam o registro de boletim de ocorrência e são oferecidas as medidas protetivas de urgência previstas na Lei Nº 11.340/2006, sendo estas encaminhadas ao Poder Judiciário, em até 48 horas. Ainda recebem o acolhimento psicossocial caso necessário e todo o atendimento da Rede de Proteção. No primeiro encontro, a guarnição se apresenta a vítima, e o contato inicial é realizado pela GCM feminina, a qual esclarece a finalidade do projeto,informa sobre a dinâmica educacional de funcionamento da PMP, e repassa o número de contato direto para situações de emergência (153 ligação gratuita). Neste primeiro momento a mulher responde a um questionário padrão sócio assistencial, contendo dados pessoais e um breve relato do relacionamento da vítima e do agressor. Que fomenta a base de dados quanto perfil e a realidade socioeconômica dos envolvidos. 3.3 OBJETIVOS OBJETIVOS Geral • Investigar a aplicabilidade educacional do projeto Patrulha Maria da Penha em Mossoró - RN Específicos • Contextualizar o panorama da violência contra a mulher no mundo • Descrever violência e suas classificações • Mencionar a Lei Maria da Penha e decretos • Apresentar o Projeto e a rede de proteção e assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar em Mossoró -RN 3.4 LÓCUS DA PESQUISA Para coleta dos dados referentes à atuação e sobre as vítimas atendidas no projeto da Patrulha Maria da Penha (PMP), entrevistará em torno de 36 (servidores) lotados no projeto Patrulha Maria da Penha, da Guarda Civil Municipal de Mossoró- 62 ‘ RN (GCM), como também, analisará os dados estatísticos do Centro Integrado de Operações de Transito e Segurança Pública (CIOTS), órgão esse ligado diretamente a Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Transito (SESDEM), da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulheres (DEAM), do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública do RN (CIOSP), e por fim, do Juizado da Violência Doméstica e Familiar. A pesquisa acontecerá na Sede da Guarda Municipal, situada na rua Rui Barbosa, número 225, no bairro Alto da Conceição (Mossoró-RN), onde entrevistará em torno de 18 mulheres e 18 homens, todos do PMP. Além disso, investigará os dados estatísticos do CIOTS, localizado no endereço acima mencionado. Dando continuidade, examinaremos informações do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP) órgão esse, pertencente a Secretaria Estadual de Segurança Pública e está situado atualmente na rua Felipe Camarão número 2133, no prédio do Aeroporto Dix-Sept Rosado e funciona 24 horas. Ainda se faz necessário analisar dados estatísticos referentes as medidas protetivas protocoladas pelas vítimas pertencentes a Delegacia Especial da Defesa da Mulher (DEAM), localizada na rua Julita G. Sena, 241 – bairro Nova Betânia, Mossoró - RN, 59611-440. Por fim, iremos investigar os dados do Juizado da Vara da Violência Doméstica, localizado na Alameda das Carnaubeiras, 355 – Presidente Costa e Silva, Mossoró - RN, 59625-410 onde iremos obter dados complementares da pesquisa. 3.5 SUJEITOS DA PESQUISA Este presente estudo, tem como missão aplicar a pesquisa para as guarnições dos servidores da instituição da Guarda Civil Municipal (GCM) da PMM, lotados no projeto PMP, agentes que atendem ocorrências envolvendo situação de violência doméstica no seu cotidiano, garantindo a integridade física, dando 63 ‘ assistência a essas mulheres com todo o treinamento que foram adaptados e as demais instituições ligadas a rede de proteção contra violência doméstica e familiar. 3.6 INSTRUMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS O Google Formulários, mais conhecido como Google Forms, é uma ferramenta gratuita lançado pelo Google, para a interação com as pessoas, onde o usuário pode elaborar questionários e formulários com perguntas, imagens, vídeos, gráficos, podendo escolher respostas de cunho fechadas ou abertas, únicas ou múltiplas, facilitando a criação de pesquisas personalizadas e seguras. O instrumento é fundamental para pesquisadores que analisam alcançar feedbacks sobre algo que está investigando, por exemplo. O Google Formulários é compatível com qualquer navegador e sistema operacional e tem como objetivo, a coleta das respostas para serem utilizadas em uma exploração específica, com diagnóstico dos dados de forma rápida e simples. O explorador pode enviar o formulário tanto por e-mail quanto pelas redes sociais. Para entender essa determinada pesquisa, inicialmente foi empregada a pesquisa bibliográfica, para melhor entender a fundamentação sobre o tema, como também as legislações vigentes que protegem as vítimas de violência doméstica, principalmente a Lei Maria da Penha, nº 11.340/2006, além de suas modificações, onde estabelecem as formas de violência doméstica, com suas medidas protetivas de urgências e como deve ser empregado o atendimento a essas mulheres que sofrem violência doméstica. Na sequência, foi aplicado um questionário para as mulheres e homens lotados no pelotão da PMP, contendo as informações sobre a faixa etária dessas mulheres, o perfil dos agressores das vítimas assistidas pela patrulha, a quantidade de medidas protetivas solicitadas e as exclusão do programa, além do número de descumprimentos e prisão em flagrante. Além disso, os tipos de violência mais comuns, além do número de mulheres que reatam o relacionamento com o agressor. 64 ‘ A análise dos dados teve como orientação, o referencial teórico estudado acerca do histórico sobre o contexto de violência na qual as mulheres passaram durante o período de séculos, perpetuando até a atualidade. Além disso, a investigação dos dados, explana a importância do projeto educacional da inserção da Patrulha Maria da Penha na cidade de Mossoró e a sua importância no contexto de estimular as vítimas a criar coragem em denunciar e não intimidar-se com relação ao agressor, além de realçar para os (as) acometedores (as) de violência doméstica que as leis existem para proteger e garantir uma convivência sem agressão transformando o mundo e consequentemente a sociedade mais justa e pacífica para as gerações vindouras. 1 - Estudar a Percepção das mulheres acerca da violência doméstica após a inserção delas na Patrulha Maria da Penha; 2- Estudar a Percepção das Guardas Municipais que compõem a Patrulha Maria da Penha e a percepção de outros servidores da segurança pública, sobre o atendimento dispensado as mulheres em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher. 3 - Estabelecer o perfil dos homens agressores das vítimas assistidas pela Patrulha Maria a Penha. Quantas mulheres solicitaram medidas protetivas e quantas solicitaram exclusão do Programa? Quantos atendimentos desde o início do projeto e quantas visitas preventivas? Quantos acionamentos por descumprimento de medidas protetivas inclusive em flagrante? Existe alguma mulher que foi morta ou sofreu algum tipo de lesão grave após a inserção no programa? Quais as principais causas de ocorrência registradas por mulheres? ameaça, descumprimento de medida protetiva de urgência, lesão corporal, crimes contra honra, vias de fato, violação de domicilio? Antes e após a implantação do projeto, houve redução de ocorrências registradas? Algumas vítimas não são localizadas nos endereços informados na medida protetiva? se sim, o motivo. 65 ‘ Quantas palestras educativas serão aplicadas durante o projeto e quantas ja foram cumpridas? Quais os principais locais dessas palestras? Existem casos em que as vítimas reatam o relacionamento com o agressor e solicitam a interrupção das visitas? Existem modelo de certidão de recusa de atendimento? Existem modelo de certidão quanto à exclusão do Programa, para que as vítimas saibam por meio da Patrulha Maria da Penha que o atendimento foi finalizado? CAPITULO IV ANÁLISE DOS DADOS (30 laudas) 66 ‘ 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um parágrafo introdutório sobre o seu tema do trabalho. Uma frase ou duas mostrando como os objetivos foram alcançados. Apresentação da metodologia abordada juntamente com alguns resultados. Não mais que um parágrafo da conclusão deverá ser dedicado a este ponto. Descriçãode alguma dificuldade apresentada durante a elaboração da pesquisa. Exposição analítica dos resultados encontrados. Você vai dedicar o maior número de parágrafos nesta tarefa. Apresentar análise crítica do trabalho e dos resultados obtidos e as considerações a que chegou. Cabe dedicar um ou no máximo dois parágrafos de sua conclusão. Finalização do campo conclusivo com um parágrafo sobre a quem e porque você recomendaria a leitura de seu trabalho. Não comece parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem repetidamente a mesma estrutura de frase. 5.1 RECOMENDAÇÕES 67 ‘ REFERÊNCIAS Definição de Violência contra a Mulher.https://www.tjse.jus.br/portaldamulher/definicao- de-violencia-contra-a-mulher.Acesso em 18 de agosto de 2021 Convenção de Belém do Pará.(Adotada em Belém do Pará, Brasil, em 9 de junho de 1994. http://www.cidh.org/basicos/portugues/m.belem.do.para.htm. Acesso em 18 de agosto de 2021 OPITZ, Claudia. O quotidiano da mulher no final da Idade Média. In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle. (Dir.) História das mulheres: a Idade Média. São Paulo: Afrontamento, 1990. SOUSA, Rainer Gonçalves. "O cotidiano da mulher na Pré-História"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-cotidiano-mulher-na-pre- historia.htm. Acesso em 18 de agosto de 2021. VALE, A. (2015). 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O lançamento teve a presença da desembargadora Zeneide Bezerra, coordenadora geral do Núcleo de Ações e Programas Socioambientais do Tribunal de Justiça do RN (TJRN). O treinamento dos Guardas Municipais foi mediante parceria com grande parte concedida pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar e toda sua equipe, além de outras instituições de Segurança Pública e foi destinada para 100 guardas municipais. Atualmente conta com 36 servidores atuantes (homens e mulheres), em escalas de 24 horas por 120 de folgas, mediante designação da Lei nº 098 (2015) do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações da GCM Mossoró (PCCR), agentes esses, capacitados e especializados em atender ocorrências da natureza violência contra a mulher. Além disso, o projeto PMP conta com dois guardas municipais designados no serviço administrativo, mediante artigo 7º e 8º do decreto municipal nº 6.241, onde um GCM fica responsável pela coordenação do projeto e o outro pela coordenação das Ações Educativas de Prevenção da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher: Art. 7º Um Guarda Civil Municipal coordenará o Projeto Maria da Penha, com função gratificada, símbolo FG1. Art. 8º Um Guarda Civil Municipal coordenará as Ações Educativas de Prevenção da 75 ‘ Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com função gratificada, símbolo FG1. (JOM 635b, 2021, p. 26). Apesar do acordo de criação da PMP prever 2 veículos tipo caminhonetes, 6 motocicletas, fardamentos e outros utensílios de divulgação, a pandemia do COVID-19, atrasou bastante a entrega desses equipamentos, tendo em vista que muitas fábricas, no auge do surto, interrompeu suas atividades, como foi o caso da entrega das motocicletas, onde teve várias licitações consideradas desertas. A dinâmica da atuação da PMP da GCM inicia com o recebimento de ordem judicial recebida e atualizada duas vezes na semana através de correio eletrônico (e-mail) do Juizado da Violência Doméstica e Familiar e ainda mediante ocorrências envolvendo natureza de violência doméstica contra a mulher ( Maria da Penha), onde a guarnição recebe o chamado através do número 153, canal esse que funciona 24 horas na Central CIOTS, órgão esse ligado a SESDEM, denominação essa alterada mediante o Decreto Nº 6.241 (organização e adequações), publicado no Jornal Oficial do Município (JOM) 635b de 12 de outubro 2021. Após averiguar a situação e constatar a veracidade dos fatos na Delegacia de Polícia Civil (DPC) ou na DEAM, esses dados são enviados para o Juizado da Violência Doméstica e familiar e posteriormente comunicado a PMP, a realizar visitas no endereço informado na ordem judicial para a realização da primeira visita. A PMP realiza visitas as vítimas, por meio de guarnições específicas, compostas por agentes da GCM de ambos os sexos, sendo a comandante da guarnição uma servidora do sexo feminino, e todos identificados por fardamento da instituição, além de braçadeiras com os símbolos da GCM e com o nome do Programa, em viaturas destinadas com o nome da Guarda Municipal e do programa específico em questão, equipamentos esses, adquiridos através da verba deste convênio. Vale fomentar que o CIOTS tem um avançado sistema de videomonitoramento, com câmeras de alta resolução do tipo Speed-dome, onde realiza a fiscalização em quase toda a área central e adjacências, buscando delitos dentro de suas competências. Além disso, a vítima de violência doméstica dispõe de um canal denominado de Disque Denúncia da GCM Mossoró, onde a mulher 76 ‘ aciona a Central através do número (84) 98631-7000, (What’sApp) linha essa com sigilo absoluto garantido, podendo enviar fotos do agressor, áudios, vídeos, como também a localização). O Programa está sediado no prédio da GCM de Mossoró, onde a base conta com um Centro de Treinamento da GCM para capacitações, palestras educativas e reuniões com o efetivo da corporação, além de toda a mobília necessária para o serviço administrativo, computadores, projetor, armários, cadeiras e mesas, onde são armazenados os questionários e relatórios dessas visitas e os boletins de ocorrências, todos oriundos do projeto. Botão Maria da Penha Apesar de estar em desenvolvimento e em fase de finalização, o convênio do programa PMP disponibilizará em breve para as vítimas, o Botão Maria da Penha (BPM), ou seja, uma plataforma que pode ser baixada em celulares com sistema IOS ou Android e está sendo confeccionado pela empresa Beta Sistemas e funcionará da seguinte forma: após a vítima registrar a ocorrência e o Juizado enviar a solicitação de acompanhamento de visitas para a guarnição da Maria da Penha, a comandante da viatura realizará a primeira inspeção e colherá todas as informações e orientar sobre o software aliado. Em caso de descumprimento de medidas protetivas, agressão ou outras ocorrências de cunho violência doméstica, a mulher acionará o botão digital e a solicitação de socorro será emitida para o CIOTS, onde o despachante irá receber o pedido e enviará a viatura da PMP para atendimento. Salienta informar que ao baixar o Aplicativo (exige pouca memória no smartphone) pela primeira vez, a vítima irá realizar seu cadastro e criar sua senha. A plataforma é caracterizada com a logomarca do Patrulha Maria da Penha e também o brasão da GCM. Atualmente o projeto PMP conta com duas viaturas, designadas como PMP- 07 e PMP-08, sendo o efetivo distribuído da seguinte maneira: a viatura PMP-07 conta com 3 servidores, sendo 2 GCMS do sexo feminino e um homem, ficando 77 ‘ essa primeira responsável pelas visitas e acompanhamentos das medidas protetivas, tendo àfrente, uma comandante feminina. A PMP-08, tem seu efetivo empregado com 2 guardas masculinos e a Comandante da guarnição do sexo feminino. A função dessa última, é realizar o apoio da PMP 07, no atendimentos de ocorrências geradas e emitidas através do CIOTS e das ordens judiciais do Juizado da Violência Doméstica e Familiar, além das demandas inseridas no projeto, tais como palestras educativas, patrulhamento no entorno das casas das vítima com medidas protetivas, entre outros. É obrigatório no mínimo uma guarda feminina na composição da PMP, afim de que a vítima se sinta à vontade para relatar a real situação, bem como fortalecer o vínculo entre a GCM e a mulher assistida, gerando uma relação de confiança e garantindo a sensação de segurança da vítima. A GCM realiza as visitas as mulheres que já tem medidas protetivas e essas inspeções acontecem graças a uma parceria entre o Juizado de Violência Doméstica, onde ficou acordado que semanalmente, mais precisamente nas quartas e sextas, o órgão competente envia as novas medidas protetivas, ou seja, registros contendo as principais informações da vítima, tais como o número do processo, o nome da vítima, o contato telefônico, o endereço e ainda o resumo do relato como foi mencionado no Boletim de Ocorrência na delegacia. Com as informações colhidas, a guarnição mantem o primeiro contato com a vítima de forma gentil e de maneira empática, tendo em vista que a mulher já passou por violência e na maioria das vezes está de abalada. A comandante da viatura se posiciona no lugar da vítima e deixa que ela fale sua história, as dificuldades da situação e na sequencia os integrantes da PMP relata para a mulher que os mesmos são aliados e estão ali para combater esses abusos e que pode contar com a patrulha 24 horas caso necessite. É importante que a vítima esteja a vontade e segura para esclarecer se o agressor está visitando a residência ou se mantem contato com a mesma, além disso, a viatura realizar uma conversa sobre o agressor, se ele ingeri bebida alcoólicas, usa drogas, ou se já responde processo criminal. 78 ‘ Apesar da guarnição não fazer a visita ao agressor, o documento emitido pelo juizado consta o nome do acometedor e o endereço, para serem utilizados em caso de descumprimento dessas medidas ou ainda em caso de flagrante. Esses registros enviados através do juizado pelo e-mail para a PMP, são impressos pela guarnição de serviço e programados as visitas durante o turno (24 horas), dando ênfase em horários onde a vítima esteja em sua residência. Chegando na casa da vítima, verifica se ela está em casa. Acontece muito dela não está. A gente liga. Agora atualmente temos um celular que é da PMP, esse celular não é para denúncias. As denúncias é o 153 e o disque denúncia. Caso não esteja em casa, geralmente está no trabalho, a gente combina um horário ou mesmo se ela não quiser a visita da patrulha, ela diz mesmo pelo celular. Deixamos o número, fala do trabalho, do objetivo, do projeto da guarda municipal voltado para as vítimas de violência doméstica e pergunta se ela quer as visitas, ne? se ela quer que continuem as visitas. Algumas dizem que sim, ou dizem que não. As que dizem não, deixamos o contato. Se precisar você pode ligar 153. GCM FEM. Durante as visitas, as guarnições da PMP intensificam e orientam as vítimas com relação ao distanciamento do agressor ou qualquer meio de comunicação, e caso venha a ocorrer, é configurado como descumprimento de medida protetiva, mediante a LMP (Lei nº 11.340), artigo 24-A. Outro dado observado é que constantemente a vítima já tem restabelecido o relacionamento e ao perceber essa situação, as guardas municipais colocam em relatório para futuramente ser comunicada ao juizado e ser arquivado pelo órgão competente. Nós não temos o poder de arquivar uma medida protetiva, mas nós passamos essa informação para o juizado da violência domestica informando que essa vítima já reatou o relacionamento ou que aquela vítima não quer o patrulhamento e nem quer as visitas" GCM FEM. Na demanda de ocorrências envolvendo violência contra a mulher, o CIOTS aciona as duas viaturas que são destinadas para o atendimento desses chamados, além disso, quando as visitas são nas zonas rurais ou periferias, por questão de segurança, são enviados as duas viaturas. Nessas visitas tudo que é relatado pelas vítimas são acrescentados nas medidas protetivas. Mensalmente é confeccionado 79 ‘ um relatório com as medidas protetivas pelas comandantes das PMP e expedido através de correio eletrônico para o juizado da vara da violência doméstica. De acordo com dados da PMP, desde o início do projeto (Dezembro de 2020) até atualmente, já são mais de 300 mulheres com registros de medidas protetivas sendo assistidas pelo programa na cidade de Mossoró. Em situações mais extremas, onde ultrapassam os limites da PMP, como por exemplo, risco de eminencia de vida ou até mesmo aquelas mulheres que ficaram com sequelas graves e mesmo assim, reatam o relacionamento com o agressor, é necessário uma atenção maior. Nesse sentido, é repassado para o Juizado da vara da família e esse órgão realiza a visita a mulher e retornam com relatório social e posteriormente arquivado. Agosto Lilás O Agosto Lilás, é uma campanha educativa que acontece em todo o país e foi criada como parte da luta para representar a LMP (nº 11.340/06), sancionada no mês de agosto de 2006, para combater os casos de violência contra a mulheres. No ano de 2021, foram comemorados os 15 anos da aplicação da Lei em questão. O Agosto Lilas foi uma iniciativa da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM). Na cidade de Mossoró-RN, a campanha é realizada através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Juventude da PMM em parceria com outros órgãos inseridos, tais como o Centro de Referência da Mulher (CRM) e o Juizado da Violência doméstica, onde durante todo o mês de agosto, é intensificado as ações desse princípio, além de sensibilizar a sociedade sobre o fim da violência contra a mulher e e os mecanismos de denúncia existentes, como também, fortalecer e divulgar todos os serviços especializados da rede de atendimento à mulher em situação de violência. Nesse período, os agentes lotados na PMP, realizar atividades em conjunto com o CRM e o Juizado da Violência doméstica, tais como palestras educativas e adesivagens nas escolas municipais e Unidades Básicas de Saúde (UBS), falando 80 ‘ não só da PMP, porém de outros serviços pertinentes, como também concedendo entrevistas em programas de rádio, televisão e jornais, como também na Câmara Municipal e transmissões ao vivo de áudio e vídeo em redes sociais, além de visitar as escolas municipais. Vale ressaltar que a PMP ainda aproveita de locais públicos bastante frequentados para divulgar o projeto. Devido as ações educativas do Agosto Lilas, o CIOTS passou a ter um aumento significativo de ocorrências devido a divulgação bem intensas das ações educativas, dos canais para realizar essas denúncias. DESCRICAO DA EXPERIENCIA 81 ‘ 1- LISTA DE FIGURAS 2- 3- LISTA DE GRÁFICOS 4- RESUMO 5- Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Patrulha Maria da Penha 6- ABSTRACT SUMÁRIO INTRODUÇÃO