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DISSERTACAO ATUAL 11 11

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UNIPÓS – UNIDADE DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA 
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
RUDRIGO MAIA DE CARVALHO 
 
 
 
PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL 
NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY 
SCHOOL OF EDUCATION 
2021 
 
 
 
RUDRIGO MAIA DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL 
NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY 
SCHOOL OF EDUCATION 
2021 
 
 
 
RUDRIGO MAIA DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL 
NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN 
 
 
 
Dissertação apresentada e defendida ao Programa de 
Pós-Graduação em Ciências da Educação da Emil 
Brunner World University, como parte dos requisitos 
para obtenção do título de Mestre em Educação. 
 
Área de concentração: Educação 
Linha de pesquisa: Formação de professores e currículo escolar 
Orientador(a): Profa. Dra. Francisca Vilani Souza 
 
 
 
 
EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY 
SCHOOL OF EDUCATION 
2021 
 
 
 
EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY 
SCHOOL OF EDUCATION 
 
PESQUISADOR (A): Rudrigo Maia de Carvalho 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Educação. 
LINHA DE PESQUISA: Formação de professores e currículo escolar 
POS-GRADUAÇÃO EM: Ciências da Educação. 
NIVEL: Mestrado 
 
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: 
APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
EM MOSSORÓ- RN 
 
ORIENTADOR(A): Profa. Dra. Francisca Vilani Souza 
 
A Dissertação de autoria do(a) pesquisador(a) RUDRIGO MAIA DE CARVALHO 
foi APROVADA em reunião pública realizada na Representação Emil Brunner 
World University dos USA, pela seguinte Banca Examinadora: 
 
 
 
 
NOME ASSINATURA 
 
 
 
_____________________________________________ 
Prof. Dr. Nome do Examinador 
Presidente 
 
 
 
_____________________________________________ 
Prof. Dr. Nome do Examinador 
Examinador 
 
 
 
_____________________________________________ 
Profa. Dra. Francisca Vilani Souza 
Orientadora 
 
 
 
EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY 
SCHOOL OF EDUCATION 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu Pai Audiberto Rebouças de Carvalho. 
À minha Mãe Maria Dalva Maia, pelos 
exemplos de amor e dedicação. 
Aos amados irmãos e amigos por terem dado força 
para continuar firme e forte nessa batalha. 
Aos meus companheiros de farda da Segurança Pública do Brasil 
em especial da Guarda Civil Municipal de Mossoró-RN. 
A Coordenadora do Projeto Patrulha Maria da Penha de Mossoró, Jamille Silva, pelo 
apoio e colaboração. 
A minha primeira professora da Educação Infantil Dona Anita. 
Agradeço demais pela paciência e determinação 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a DEUS, rei de todo o universo, a quem sirvo como 
humilde servo, Aos meus pais, Audiberto Rebouças de Carvalho e Maria Dalva Maia de 
Carvalho, pelo amor, apoio, carinho, dedicação e compreensão. Aos meus irmãos, Carlos 
Roberto Maia de Carvalho, Maria Rosilane Maia de Carvalho, Rosimeiry Maia de Carvalho, 
Ronaldo Maia de Carvalho, Rogerio Maia de Carvalho, Romário Maia de Carvalho e 
Rosana Maia de Carvalho por serem meus amigos. Aos meus sobrinhos e sobrinhas, que 
muito carinho e alegria me transmitiram durante esse período. A minha professora e 
orientadora Doutora Francisca Vilani Souza, pela excelente orientação, segurança e 
confiança em mim depositado, como também pela presença e incentivo sempre 
demonstrados. Aos(as) docentes participantes do estudo, pelo acolhimento, 
disponibilidade, atenção e momentos de reflexão a mim proporcionados. A minha primeira 
professora da educação infantil, Dona Anita. Ao professor Doutor Júnior por suas 
colocações, reflexões e sugestões durante a qualificação e posteriores a ela. A todos os 
demais professores(as) que contribuíram direta e indiretamente para o meu crescimento 
para o desenvolvimento do meu mestrado durante construção. Aos colegas do mestrado 
pela beleza dos momentos compartilhados, pelas preocupações e caronas compartilhadas 
até o município de Serra do Mel. Aos agentes de Segurança Pública do estado do Rio 
Grande do Norte, sobretudo aos amigos de farda da Guarda Civil Municipal de Mossoró, 
em especial xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Enfim, a todos que contribuíram 
direto e indiretamente na construção dessa dissertação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Educação não transforma o mundo. Educação 
 Muda as pessoas. Pessoas transformam o 
 Mundo”. 
 
 Paulo Freire 
 
 
 
 
 
1- LISTA DE FIGURAS 
2- 
 
FIGURA 1 - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3- LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
VCM – Violência Contra Mulher 
CEDAW - Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women 
ONU – Organização das Nações Unidas 
OIT – Organização Internacional do Trabalho 
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas 
OEA – Organização dos Estados Americanos 
LMP – Lei Maria da Penha 
PMP – Patrulha Maria da Penha 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade 
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde do 
MS – Ministério da Saúde 
PMM – Prefeitura Municipal de Mossoró 
GCM – Guarda Civil Municipal 
PMP – Patrulha Maria da Penha 
DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher 
CIOTS – Centro Integrado de Operações de Transito e Seguranca Publica 
CIOSP – Centro Integrado de Operações de Segurança Pública 
RN – Rio Grande do Norte 
BMP – Botão Maria da Penha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4- RESUMO 
Texto escrito em espaço simples. 
 
5- Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Patrulha Maria da 
Penha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6- ABSTRACT 
 
 
Keywords: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
13 
‘ 
INTRODUÇÃO 
 
 
Escrever a introdução quando terminar a dissertação. Apresentação de 
forma sucinta do assunto da pesquisa. Iniciar com um parágrafo falando do 
conteúdo da investigação. 
● Problema – Definir qual a problemática que será solucionada com o seu 
trabalho 
● Finalidades 
● Objetivos – geral e específicos 
● Justificativa – Explicar porque o seu trabalho é relevante. 
● Natureza e importância do trabalho 
● Contextualização do espaço de pesquisa para situar o leitor. 
● Organização do Trabalho – citar os elementos constitutivos do 
trabalho (capítulos e subcapítulos ) 
● Fazer paragrafo conclusivo encerrando o texto. 
 
Lendo a introdução, o leitor deve sentir-se esclarecido a respeito do tema 
do trabalho como do raciocínio a ser desenvolvido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
‘ 
 
CAPITULO I 
 
Nesse capítulo contextualiza-se a exposição da violência contra a mulher 
durante o processo da civilização, relatando os episódios e as vitorias que garantem 
os direitos femininos, relatando o papel da mulher perante a sociedade, 
comentando sobre a idade média e os fatos que sucederam nesse período (caça 
às bruxas), além de relatar a participação das mulheres na Revolução Francesa, 
na Segunda Guerra Mundial até a atualidade, destacando as convenções mundiais 
e dos direitos humanos, como também as legislações internacionais e o papel da 
Organização das Nações Unidas (ONU). 
Ainda nesse item, destaca-se também o dia internacionalda mulher e a 
inserção do papel das mulheres no mercado de trabalho e claro, a garantia das 
mulheres na educação no Brasil e no mundo, como também a participação e a 
conquista das mulheres no ensino superior. 
 
 
1 PANORAMA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO MUNDO 
 
A violência contra a mulher está presente na sociedade e estampado na 
mídia diariamente, sendo vítima de agressores onde na maioria das vezes são 
aquelas pessoas que poderia mais protege-la, ou seja, companheiro ou até mesmo 
os membros mais próximos da família. Existem vários tipos de violência contra a 
mulher e pode-se mencionar que a violência doméstica contra mulheres é um tipo 
que exerce grande impacto nas taxas de homicídios contra mulheres, agressões 
essas que chegam a perder suas vidas pelo simples fato de serem mulheres. 
Para entender mais sobre essas agressões, faz-se necessário voltar ao 
tempo e analisar o contexto histórico, além da legislação e as batalhas enfrentadas 
pelas mulheres em busca de leis que a protejam dos agressores. Comenta-se que 
a violência contra a mulher é histórica e está associada através da cultura de 
determinadas sociedades. Durante séculos, a sociedade assimilava que a mulher 
era para servir ao homem, ou seja, ser “escrava” e o significado de ser livre, era 
apenas considerado para os homens, uma verdadeira discriminação. 
15 
‘ 
 Se a mulher já vinha sofrendo com o preconceito de uma sociedade 
machista, esse fato alongou-se durante o período de guerras e revoluções. Pode-
se citar a exterminação das mulheres no período “caça às bruxas”, época essa que 
teve início antes do século XV, passando vindo a ter o seu ápice, durante os séculos 
XVI e XVII, onde milhares de mulheres consideradas pela igreja, como “forças 
demoníacas”, foram queimadas vivas em fogueiras. Já durante a Revolução 
Francesa, as mulheres foram as ruas lutar por dignidade e direitos humanos de 
igualdade e por espaço na sociedade. Mesmo fato aconteceu durante o período da 
Revolução Industrial e das duas grandes guerras mundiais, onde as mulheres 
lutaram em busca de defender seus territórios e suas lacunas na coletividade. 
 Após longas batalhas, perdas e vitórias, as mulheres conseguiram seu 
espaço na sociedade, assumindo os mais variados cargos, que antes eram 
considerados apenas para homens, como também garantiu o direito a participar da 
democracia de um país, ou seja, lutou para ter direito ao voto, além da inserção na 
educação e nas universidades, buscando capacitação para exercer melhores 
empregos e destaques na sociedade, como também lutou por igualdade de salários 
e também por leis que as protejam dos agressores. As batalhas não cessaram. As 
mulheres continuam em busca de dignidade, respeito e igualdade, em busca de um 
mundo mais justo e pacifico. 
 
1.1 CONTEXTO HISTÓRICO E SEUS ACONTECIMENTOS 
 
Conforme a Convenção de Belém do Pará (1994) (Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher), a 
violência contra a mulher é “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que 
cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no 
âmbito público como no privado”. 
O filósofo grego Aristóteles (384 a.C a 322 a.C) cogita que a ligação da 
dependência das mulheres aos homens, iniciou-se por causa da supremacia e do 
autoritarismo másculo na sociedade, até porque as mulheres ficavam durante muito 
tempo, no interior da família, cumprindo o papel de mãe e dando educação aos 
filhos. Ainda de acordo com Aristóteles, as mulheres não poderiam ter relações com 
outros homens e esse papel prevalência ao homem. 
16 
‘ 
Paula, Dutra et al (2021) afirmam que na civilização egípcia apesar da 
mulher ter um papel fundamental na sociedade, já não tinha direito a escrita, 
portanto já era discriminada do processo de conhecimento: 
Na Antiguidade (4000 a.C – 476 d.C.), em sociedades como a 
egípcia, as mulheres não tinham acesso à escrita. Isso significa que 
as mulheres eram marginalizadas do processo de documentação e 
produção de conhecimento. Uma das principais funções sociais das 
mulheres no Egito antigo era a constituição da família, sendo que 
elas eram, muitas vezes, vendidas sem direito de escolha, para que 
casamentos fossem formados. (PAULA, RÊ, CONTRERAS e 
DUTRA (2021), 2021, p.2 – acesso em 08.09.2021). 
 
 
A compreensão coletiva da violência contra a mulher é histórica e vem sendo 
acompanhado ao longo dos séculos com ingredientes fortes associados através da 
cultural. A escritora, filósofa, ativista política, feminista e teórica social francesa, 
Beauvoir (1908-1986) foi uma das primeiras mulheres a frente de seu tempo, onde 
no século XX, contribuiu com seus estudos sobre a luta da igualdade de gênero e 
o feminismo. Beauvoir foi defensora da teoria existencialista, tendo como 
metodologia a liberdade e ainda mostrou que não existe uma "natureza feminina" 
ou uma "natureza masculina", ou seja, o homem complementa a mulher e vice-
versa. 
No decorrer de séculos, persistiu a figura da mulher semelhante a de 
escrava, onde a palavra livre, significava apenas para o ser "homem". A finalidade 
das mulheres eram basicamente criar os filhos, amamentar e reproduzir. O homem 
saia para realizar atividades de caça, ocupava cargos políticos, gozava de muitos 
direitos e as mulheres não. Certamente, esse fato é bem mais complexo uma vez 
que a “figura mulher” sempre foi alvo de preconceitos e submissa ao homem, tendo 
que lutar por direitos e por uma sociedade machista e autoritária. 
Souza (2021), relata em sua obra o cotidiano das mulher na pré-história, que 
debates relacionados as mulheres surgem em vários períodos durante o decorrer 
da História. Os historiadores, paleontólogos e arqueólogos, encontravam durante 
escavações, em sua grande maioria, fósseis de homens, até que essa situação 
mudou quando foram descobertas os fósseis femininos de Luzia e Lucy, quebrando 
o tabu másculo da época e revelando detalhes que antes os estudiosos 
acreditavam que determinadas situações eram apenas para o homem, como por 
exemplo, sair para caçar utilizando-se de arco e flecha, entre outros. 
17 
‘ 
Na pré-história, as mulheres já desempenhavam papel relevante e ativo no 
processamento da caça, onde já antes da descoberta da agricultura, havia vestígios 
de que as mulheres tinham um papel ativo, trazendo o sustento para seus filhos, 
além de coletarem frutos e raízes para abastecer todo o grupo. “Muitas vezes não 
fica nada de tangível da vida quotidiana de uma mulher. A comida que cozinhou foi 
comida; os filhos que cuidou partiram para o mundo.” (WOOLF 2014, p. 290). Na 
visão de Woolf, assim como o homem, a mulher também desempenha seu papel 
relevante na construção de uma sociedade e não apenas realizar as atividades 
domésticas e para construir seu legado, precisa estar inserida nos mais diversos 
cargos do mercado de trabalho. 
Woolf (2014) corrobora que a mulher nos últimos séculos da história da 
Europa ocidental, vem realizando suas tarefas cotidianas, como também isso virou 
uma tradição no decorrer dos séculos. Mannoni (1999) relatou a arbitrariedade 
vivenciada pelas mulheres da sua época, sempre buscando o bem comum entre 
todos, especialmente a defesa das mulheres e o fim do machismo, onde 
descartaram as mulheres do meio econômico, político e social. Importante 
ressaltar, por oportuno, que de acordo com o dicionário, o machismo é um ato de 
discriminação no qual acreditam que determinadas funções é apenas para homens, 
rejeitando a igualdade de posição sociais e direitos entre homens e mulheres. 
Camargo (2001) aponta que Virginia Woolf (2014) mostrou concepção 
inusitadas para a seu período, ou seja, uma mulher que desafia os padrões sociais 
da época, bastante ousada e inovadora, lutando e comprovando que as barreiras 
que impedem a criatividade feminina, é o machismo. As mulheres vem lutando por 
direitos poruma sociedade mais justa e pacífica, buscando a sua importância social 
até os dias atuais, enfrentando barreiras e conquistando espaço em diversos 
setores políticos, civis e sociais, com defesa constante e vigilante das suas 
bandeiras e causas. 
Durante a Idade Média as mulheres sofreram violência e perseguição, 
marcando a história como “caça às bruxas”. Um verdadeiro genocídio aplicado 
aquelas do sexo feminino. A acusação era por todas as classes sociais existente 
no período, porém as mais pobres eram as mais vulneráveis a passar por essa 
crueldade. Na verdade essas mulheres que tentavam sobreviver fazendo remédios 
18 
‘ 
caseiros com ervas ou realizando chás para curar os enfermos da vila. A ativista 
FEDERICI (2019) admite que: 
Na figura da bruxa as autoridades puniam, ao mesmo tempo, a 
investida contra a propriedade privada, a insubordinação social, a 
propagação de crenças mágicas que pressupunham a presença de 
poderes que não podiam controlar, e o desvio da norma sexual que, 
naquele momento, colocava o comportamento sexual e a 
procriação sob domínio do Estado (FEDERICI, 2019, p. 53). 
 
 
O período mais sombrio para as mulheres designadas de caça às bruxas, 
aconteceu mais precisamente durante a Idade Média por volta dos séculos XV e 
XVI. Nesse período, a igreja católica estava perdendo o poder devido uma série de 
problemas filosóficos e artísticos e para retomar o poderio, a Igreja instaurou o 
Santo Ofício, começando o julgamento de caça às bruxas. Teixeira e Bezerra 
(2017) defendem que as mulheres chamadas de “bruxas” apesar de passarem por 
tempo desalumiado e terem sidas brutalmente condenadas à morte, deixaram um 
legado muito grande até os dias atuais: 
Atualmente, na sociedade moderna, encontramos essas “bruxas”, 
que mesmo sem conhecimento científico ou nenhum conhecimento 
valem-se do poder de cura das plantas para inúmeras doenças. No 
interior de algumas regiões do país é possível encontrar uma bruxa 
dos dias atuais: parteiras, benzedeiras, curandeiras que utilizam 
seu conhecimento para ajudar. Muitas vezes elas são a única fonte 
de auxilio de determinadas comunidades onde a medicina ainda 
falta. O hábito de beber chás de ervas e a utilização de talismãs 
advém da magia das bruxas que viveram no período medieval e que 
de alguma forma foi incorporado ao cristianismo. Dessa forma as 
bruxas medievais com sua arte, conhecimento e espiritualidade 
deixaram seu legado aos dias atuais, sejam eles em forma de chás, 
encontros com a natureza ou nos contos maravilhosos ouvidos 
desde a infância. (Teixeira, C. e Bezerra, 2017, p. 43 e 44). 
 
 
Essas mesmas mulheres que eram chamadas de “bruxas” em eras 
passadas, deixaram heranças e ensinamentos que perpetuaram gerações por 
gerações. São essas guerreiras que ajudam muitas pessoas com seus 
conhecimentos em realizar parto natural, fazer chás, benzer, entre outros. Ainda 
segundo Teixeira e Bezerra (2017), estima-se que 9 milhões de pessoas foram 
acusadas, julgadas e mortas. Destes, 80% eram mulheres, moças e meninas, 
tornando assim, um dos períodos mais tenebrosos e de grandes perseguições 
contra a mulher, marcando para sempre na história esse capítulo de terror e 
discriminação. Além de serem perseguidas por bruxarias, sendo queimadas em 
19 
‘ 
praça pública, comportamentos como traição também era motivo para sofrer 
punições severas nesse período. 
A Revolução Francesa (1789 a 1799), foi uma era marcada por grandes 
agitações sociais e políticas e mais uma vez, as mulheres, insatisfeitas com as 
grandes desigualdades de gênero, foram à luta para conquistar a mesma liberdade 
que foi concebida aos homens. Nesse período, esse motim feminista foi marcado 
pela união das mulheres em busca de igualdade de direitos e deveres. Saffioti 
(1969) relata que a escritora Olympe de Gouges iniciou um grande marco da luta 
feminina pela igualdade, quando enfurecida com a exclusão das mulheres 
convivendo em uma comunidade machista, relatou uma recomendação 
denominada de “Declaração dos Direitos da Mulher”, ou sejam um termo com os 
mesmos direitos nivelando com a “Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão”. Infelizmente Olympe de Gouges foi enviada para a guilhotina (1739), 
sendo morta por acusação de tentar deixar de ser mulher e ser um homem de 
estado, abrindo mão de seus privilégios de mulher. 
Após várias décadas e séculos, as mulheres na França passaram por 
diversas atrocidades e várias lutas. Apesar da França estabelecer o direito ao voto 
para o público masculino, mais conhecido como o sufrágio universal masculino, foi 
o último país a aceitar o sufrágio feminino. As mulheres conquistaram o direito ao 
voto, logo após a finalização da Segunda Guerra Mundial. Freitas (2012) afirma que 
a Revolução Francesa marcou a história do Ocidente devido à queda da monarquia 
absolutista e ainda relata que transformou a sociedade francesa, acabando com os 
costumes seculares que submetiam os camponeses (mulheres e homens) a 
obrigações feudais. 
As mulheres desempenharam um papel fundamental na Revolução 
Francesa, desmistificando a fragilidade das mesmas, tanto nas ideias, quanto nas 
ações, fato esse que contribuiu para o sucesso dos revolucionários. Porém, apesar 
desse feitio, os teóricos como Jean-Jacques Rousseau, acreditava que a mulher 
deveria seguir os patrões de inferioridade feminina sendo submissa ao homem. 
Assim, toda educação das mulheres deve ser relativa aos homens. 
Agradar-lhes, ser-lhes útil, fazer-se amar e honrar por eles, educá-
los quando jovens, cuidar deles quando grandes, aconselhá-los, 
consolá-los, tornar suas vidas agradáveis e doces: eis os deveres 
da mulher em todos os tempos e o que lhes deve ser ensinado 
desde a infância. [...] faz com que gostem de seu sexo, que sejam 
honestas, que saibam cuidar de seu lar, ocupar-se com sua casa; 
20 
‘ 
[...] a obediência que deve ao seu marido, a ternura e os cuidados 
que deve a seus filhos, são consequências tão naturais e tão 
sensíveis de sua condição (ROUSSEAU, 1999, p.502). 
 
 
Ao mesmo tempo em que a maioria dos homens foram contra a introdução 
da mulher no modelo de sociedade francesa do século XVIII, mesmo que sendo 
raro, cita-se Condorcet como um grande apoiador da igualdade de gêneros e 
defendia que a mulher era apta a participar ativamente da vida pública. Condorcet 
(1790) mencionou: 
“… os direitos dos homens resultam simplesmente do fato de serem 
seres racionais e sensíveis, suscetíveis de adquirir ideias de 
moralidade e de raciocinar sobre essas ideias. As mulheres que 
têm, então, as mesmas qualidades, têm necessariamente os 
mesmos direitos. Ou nenhum indivíduo da espécie humana tem 
verdadeiros direitos, ou todos têm os mesmos; e aquele que vota 
contra os direitos do outro, seja qual for a sua religião, cor ou sexo, 
desde logo abjurou o seu próprio” (Condorcet, 1790, p. 1). 
 
 
Embora de acordo com o modelo de sociedade da Revolução Francesa do 
século XVIII tenha sido a grande maioria contra a luta das mulheres, por outro lado, 
a mulher foi beneficiada com vários direitos inseridos nas leis, merecendo destaque 
a igualdade de herança aos filhos, tornando-se maior de 21 anos com direito a se 
casar sem permissão dos pais, como também passou a ter direito ao divórcio 
podendo ser solicitado por ambos os sexos. As mulheres apesar de sofrer as 
consequências do machismo, tiveram papel relevante deste o início até o termino 
da revolução francesa, conquistando pontos positivos e deixando lacunas abertas 
para os próximas gerações. 
Em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, a população passou a analisar 
e debater a importância da implementação de um sistema universal de proteção 
dos direitos humanos, que fosse necessário e apto a inibir crueldades contra as 
monstruosidades que foram realizadas por Hitler e pelos tempo período tenebroso. 
Os direitos humanos luta para que os homens e mulheres tenham direitos 
fundamentais, comoa vida, a saúde, a liberdade e a segurança, sem discriminação. 
Esse documento recebeu no ano de 1948, a denominação de Declaração Universal 
dos Direitos do Homem, sendo admitida por 48 nações. Hoje mais de cem países 
adotam os direitos humanos. Porém a diferenciação de gênero só irá aparecer em 
meados dos anos 1980 conforme relata Schaiber (2005): 
21 
‘ 
Após as duas Grandes Guerras Mundiais, em que milhões de 
pessoas foram submetidas a terrores e violência que chocaram o 
mundo, a comunidade internacional organizou-se para regular e 
tentar evitar atrocidades contra a vida e a liberdade humanas, 
criando-se consensos universais capazes de regular os Estados 
nacionais e garantir direitos de todos. (...) Essa declaração define 
uma série de direitos, destacando-se: o direito à vida, à 
nacionalidade; à liberdade de expressão; à proteção contra a prisão 
arbitrária e contra interferência no lar e na família; à alimentação e 
a um padrão de vida adequado à saúde e ao bem estar; ao trabalho, 
ao repouso e ao lazer; à instrução e à participação no processo 
político (SCHAIBER, 2005, p.107). 
 
Leite e Heuseler (2019) relata em seu artigo "A presença da mulher na 
Segunda Guerra Mundial" que as mulheres atuaram na guerra em linhas de frente 
e tiveram cargos importantes na luta, porém por outro lado, houve o sofrimento, o 
não reconhecimento e a violência contra o feminismo, sendo negado como por 
exemplo, o direito ao voto. As autoras ainda relatam que as mulheres enfrentavam 
as atrocidades cometidas em campo de guerra e de concentração, além de 
incêndios provocados por bombardeios, como também a bomba nuclear. Nesse 
período (1945), poucos países concediam os direitos civis e de cidadania 
respeitada para as mulheres. 
Vale informar que durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres 
exerceram cargos relevantes e que jamais imaginariam assumir, merecendo 
destaque funções de motoristas de caminhão, engenheiras, condutora de carro 
tanque, supervisoras de produção, além de atuar em enfermarias e no combate 
como soldados guerreiras na linha de frente, considerados anteriormente como 
cargos exclusivamente masculino, modificando a estrutura do mundo e, 
particularmente, da família, finalizou Leite e Heuseler (2019). Esse feitio desvendou 
para a sociedade que a mulher pode ocupar atribuição nos mais diversos setores 
e ter direitos e deveres, defendendo seu espaço e sua nacionalidade em geral. A 
nacionalidade é um direito fundamental do ser humano e ninguém na Terra deveria 
ficar desamparado. 
Ocorre, entretanto, que a Segunda Guerra Mundial mostrou a população e 
ao mundo como um todo, que a mulher pode, assim como deve, ser inserida no 
mercado de trabalho, nas mais diversas áreas, cargos e funções e que nada 
impede de alcançar tal patamar, a não ser o machismo e o preconceito, manipulado 
por uma sociedade analfabeta, hipócrita e rudimentar. 
22 
‘ 
 
 
1.2 LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL E SEUS ACONTECIMENTOS 
 
Após o término de duas grandes guerras mundiais e todo o contexto histórico 
de violência e discriminação contra as mulheres que perpetua por mais de 200 anos 
de luta, além das transformações econômicas, diversos países se reuniram para 
traçar metas para combater essa discriminação e almejar novos horizontes para o 
público feminino. Santos (2021) afirma que após o fracasso da Liga das Nações, 
foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de cooperar 
com os povos para a defesa da paz e da segurança internacional. 
Comenta-se que foi a partir dessa visão que o processo de 
internacionalização dos direitos humanos passou a ser questionado. No ano de 
1945, surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU), uma entidade 
intergovernamental criada com o intuito de assegurar o apoio internacional entre as 
nações, e preocupada com a dignidade e os valores das pessoas, adotou a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, com o intuito de realizar a proteção 
destes direitos, independentemente de onde resida. 
Santos (2021) assegura que o processo de internacionalização dos Direitos 
Humanos não aconteceu de imediato e sim devido a três princípios que foram 
realizados em momentos anteriores sendo: "Os direitos humanitário em 1859, na 
Itália; a Liga das Nações, formada entre França, Inglaterra e Estados Unidos, em 
1919 finalmente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. O Jurista e atual 
Ministro Alexandre de Moraes assegurou a definição de Direitos Humanos como 
sendo: 
O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano 
que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio 
de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o 
estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento 
da personalidade humana pode ser definido como Direitos 
Humanos fundamentais (MORAES, Alexandre, 2011. p. 20). 
 
 
De fato, apesar das batalhas enfrentadas pelas mulheres em busca de 
melhorias e de conquistar seu espaço na sociedade nos mais diversos setores, 
ainda sofre muito preconceito e discriminação social, como também o aumento de 
23 
‘ 
casos de violência contra as mesmas por parte não só de seu companheiro, mais 
sim da sociedade como um geral, estampando nas páginas tamanha barbaridade 
em pleno século XXI. 
 O secretário-geral da ONU, António Guterres afirma que apesar da 
Declaração dos Direitos Humanos lutar em defender as causas das mulheres, 
repudiando qualquer ato de violência contra as mesmas, é crescente as 
manifestações aos direitos. Guterres relata que: 
Vemos o aumento da hostilidade contra direitos humanos e seus 
defensores por parte de pessoas que querem lucrar com a 
exploração e a divisão. Vemos ódio, intolerância, atrocidades e 
outros crimes. Estas ações colocam todos em perigo (Antônio 
Guterres, 2021 em comunicado no Dia Mundial dos Direitos 
Humanos). 
 
Diante de tal situação, sabe-se que apesar das leis estarem em vigor, se faz 
necessário debater assuntos relacionados as condições de vida das mulheres, 
além de extinguir e repudiar as situações de violência, preconceitos e desigualdade. 
Portanto, é direito de toda a sociedade proteger e respeitar o direito de cada ser 
humano, defendendo e respeitando o direito de orientação sexual. 
 
1.3 CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE 
DISCRIMINACAO SOBRE A MULHER - 1979 
 
Aconteceu nos Estados Unidos, no ano de 1979, mais Precisamente em 
Nova York, idealizado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, um tratado 
internacional denominado de Convenção sobre a eliminação de todas as formas de 
discriminação contra as mulheres (Convention on the Elimination of All Forms of 
Discrimination Against Women - sigla CEDAW). Esse evento ficou conhecido 
mundialmente como uma declaração internacional de direitos das mulheres, e a 
passou a ter validade após o dia 3 de setembro de 1981. Esse documento foi 
modificado por mais de cinquenta países, incluindo o Brasil que assinou em 1979 
e ratificou após 1984. 
A CEDAW, reconheceu no artigo 2º de sua declaração que: 
Os Estados-Partes condenam a discriminação contra a mulher em 
todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios 
apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a 
discriminação contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem: 
a) consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constituições 
24 
‘ 
nacionais ou em outra legislação apropriada, o princípio da 
igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios 
apropriados à realização prática desse princípio; b) adotar medidas 
adequadas, legislativas e de outro caráter, com as sanções cabíveis 
e que proíbam toda discriminação contra a mulher; c) estabelecer a 
proteção jurídica dos direitos da mulher numa base de igualdade 
com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais 
competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da 
mulher contra todo ato de discriminação;d) abster-se de incorrer 
em todo ato ou a prática de discriminação contra a mulher e zelar 
para que as autoridades e instituições públicas atuem em 
conformidade com esta obrigação; e) tomar as medidas apropriadas 
para eliminar a discriminação contra a mulher praticada por 
qualquer pessoa, organização ou empresa; f) adotar todas as 
medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar 
ou derrogar leis, regulamentos, usos e práticas que constituam 
discriminação contra a mulher; g) derrogar todas as disposições 
penais nacionais que constituam discriminação contra a mulher 
(Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
discriminação contra a Mulher. (Convenção sobre a eliminação de 
todas as formas de discriminação contra as mulheres, Nova York, 
Nações Unidas, 1979, p2 e 3). 
 
Essa Convenção, teve seus textos traduzidos em vários idiomas, entre eles, 
inglês, francês, árabe, espanhol, chinês russo e posteriormente para outros 
idiomas, como é o caso do português. Além disso foi criado um comitê para 
acompanhar de perto os trabalhos, com encontros anuais para examinar relatórios 
e debater outro assuntos pertinentes ao tratado. Dessa forma, esse documento de 
apoio e proteção dos Direitos Humanos das mulheres, foi uma conquista de 
extinguir toda e qualquer discriminação contra a mulher. Em seu artigo 1º o 
documento ainda pronuncia que: 
Discriminação contra a mulher significará toda a distinção, exclusão 
ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado 
prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela 
mulher, independentemente de seu estado civil, com base na 
igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e 
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, 
cultural e civil ou em qualquer outro campo. (Convenção Sobre a 
Eliminação de Todas as Forma de Discriminação Sobre a Mulher, 
1979). 
 
 
A Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Forma de Discriminação 
Sobre a Mulher, teve uma grande relevância na conquista e preservação dos direito 
das mulheres, como também Paula, Rê, Contreras, Dutra, (2021) influenciou novas 
lutas em busca de leis e conferências internacionais que envolvem questões de 
gênero, assim como os direitos das mulheres no Brasil. 
25 
‘ 
Ainda no documento (CEDAW), é citado sobre o ato de discriminação contra 
a mulher alegando que “viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito 
da dignidade humana, e constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da 
sociedade e dificulta o desenvolvimento das potencialidades da mulher para prestar 
serviço à humanidade”. De fato, para alcançar a igualdade entre a população 
(homens e mulheres) se faz necessário a obediência dessa ordem para poder 
construir uma sociedade mais justa e plácida de direitos e deveres para ambos os 
sexos. 
 
1.4 II CONFERÊNCIA MUNDIAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Discutir o tema dos direitos humanos das mulheres, analisando todo a 
concepção histórica e os embates políticos que já foram travados, se faz necessário 
para continuarmos a luta. No artigo “Direitos Humanos a partir de uma Perspectiva 
de Gênero”, Silvia Pimentel e Valéria Pandjiarjian relatam que os abusos contra as 
mulheres são indícios de que o Estado não é o detentor exclusivo do uso da 
violência e para isso, os direitos humanos devem reprimir o autoritarismo do povo 
machista sobre suas mulheres. 
 A II Conferência Mundial dos Direitos Humanos, foi idealizada em Viena, no 
ano de 1993 e nesse evento, aprovou a resolução onde cita que a violência contra 
as mulheres constitui violação dos direitos humanos. De acordo com o documento 
da Declaração de Viena: “a participação plena e igual das mulheres na vida política, 
civil, econômica, social e cultural, a nível nacional e internacional, e a erradicação 
de todas as formas de discriminação com base no sexo constituem objetivos 
prioritários da comunidade internacional”. O artigo 18 de sua Declaração ainda 
prossegue e identifica que: 
 Os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis 
e constituem parte integrante e indivisível dos direitos humanos 
universais. A violência de gênero e todas as formas de assédio e 
exploração sexual são incompatíveis com a dignidade e o valor da 
pessoa humana e devem ser eliminadas. Os direitos humanos das 
mulheres devem ser parte integrante das atividades das Nações 
Unidas, que devem incluir a promoção de todos os instrumentos de 
direitos humanos relacionados à mulher (II Conferência Mundial dos 
Direitos Humanos, 1993). 
 
 
26 
‘ 
Ainda considerando a luta pelas conquistas dos direitos humanos, por 
oportuno, vale ressaltar a chamada concepção contemporânea de direitos 
humanos, que veio a ser introduzida pela Declaração Universal de 1948 e 
subsequente pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, resultado 
esse “advindo das atrocidades cometidas pelo nazismo” durante os anos de 1933 
a 1945, conforme relata Piovesan (2012). A referida autora ainda relata que foi 
neste cenário que se vislumbra o esforço de reconstrução dos direitos humanos, 
como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional. Se a Segunda 
Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o Pós-guerra deveria significar 
a sua reconstrução, concluiu Piovesan (2012). 
 Sabe-se que os direitos humanos e sobretudo o direito das mulheres não foi 
uma conquista espontânea e sim, foi erguido através de lutas e de movimentos 
sociais durante dezenas e dezenas de anos, ou seja, através de um processo 
histórico. Existia muita desigualdades social e para ter o direito de ocupar o espaço 
na sociedade e no público em geral, as mulheres precisavam lutar. É de 
conhecimento que as mulheres durante séculos, vem sofrendo com as privações 
de liberdade e de seus direitos humanos, e ao mesmo tempo, exposta a violências 
e abusos, quer seja no convívio com seu conjugue ou familiares, quer seja no 
cotidiano ou até mesmo em momento de guerra, onde enfrenta cenas de terror e 
de lutas constante, por isso, a II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, 
realizada em 1993 em Viena, vem para resguardar e cobrar o empenho de todos 
para concretizar e respeitar o bem comum entre todos. 
No artigo 22, da Declaração instituída na II Conferência Mundial sobre 
Direitos Humanos (1993), esclarece que a religião também foi tema de 
preocupação por parte da comissão e repudia a intolerância e violência, ficando a 
mulher livre para escolher a sua religião ou expressão: 
“Foi bem apela a todos os Governos para que adotem todas as 
medidas adequadas, em conformidade com as suas obrigações 
internacionais e no respeito pelos respectivos sistemas jurídicos, 
para combater a intolerância e a violência com ela conexa que 
tenham por base a religião ou o credo, incluindo práticas 
discriminatórias contra as mulheres e profanação de locais 
religiosos, reconhecendo que cada indivíduo tem direito à liberdade 
de pensamento, consciência, expressão e religião. A Conferência 
convida, igualmente, todos os Estados a porem em prática as 
disposições da Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas 
de Intolerância e Discriminação baseadas na Religião ou no Credo” 
(art. 2, Conferência Mundial dos Direitos Humanos 1993). 
27 
‘ 
 
 
A II Conferência Mundial de Direitos Humanos (1993) foi muito importante 
para garantir a preservação dos direitos humanos e assegurar mais qualidade de 
vida. Direitos civis, políticos, e assegurar a liberdade econômica, social e cultura 
oram debatidos, conforme aponta Augusto (2014): 
Objetivos da II Conferência Mundial de Direitos Humanos foram os 
seguintes: primeiro, rever e avaliar os avanços no campo dos 
direitos humanos desde a adoção da Declaração Universal de 1948, 
e identificar os meios de superar obstáculos para fomentar maior 
progresso nesta área; segundo, examinar a relação entre o 
desenvolvimento e o gozo universal dos direitos econômicos, 
sociaise culturais, assim como dos direitos civis e políticos; terceiro, 
examinar os meios de aprimorar a implementação dos instrumentos 
de direitos humanos existentes; quarto, avaliar a eficácia dos 
mecanismos e métodos dos direitos humanos das Nações Unidas; 
quinto, formular recomendações para avaliar a eficácia desses 
mecanismos; e sexto, formular recomendações para assegurar 
recursos apropriados para as atividades das Nações Unidas no 
campo dos direitos humanos. (Augusto, 1993, p. 19). 
 
 Bertholdo. (2021) afirmam em seu artigo que “todos esses direitos afirmados 
na Declaração Universal, não apresenta caráter jurídico obrigatório e vinculante, 
assumindo a forma de declaração e não de tratado”. Por sua vez, Bichara e Carreau 
esclarecem sobre as declarações e convenções acerca dos direitos humanos: 
Esses tratados internacionais incorporam o acervo jurídico 
internacional, não exigindo exatamente o seu cumprimento, mas 
contando com a cooperação dos estados signatários na 
consecução dos seus diversos objetivos.” (Bichara, Carreau, 2015, 
p. 482). 
 
 
 
1.5 DIA INTERNACIONAL DA MULHER 
 
No final do século XIX, as entidades femininas proveniente de movimentos 
trabalhistas, já vinham realizando protestos na Europa e nos Estados Unidos e um 
dessas pautas eram os baixos salários devido a inserção pela Revolução Industrial, 
como também a jornadas de trabalho, que extrapolavam mais de 15 horas diárias. 
Esse acontecimento fez com que as organizações femininas, iniciassem 
28 
‘ 
movimentos grevistas, reivindicando salários dignos e também o fim do trabalho 
infantil. De acordo com Graziela (2017), a data 8 de março como dia Internacional 
da mulher, foi comemorada devido outro marco histórico no ano de 1921 na 
Conferência Internacional das Mulheres Comunista: 
O prenúncio desse Dia da Mulher havia ocorrido quatro anos antes, 
em 1913, quando foi realizado o I Dia Internacional das 
Trabalhadoras pelo Sufrágio Feminino. Na ocasião, as 
trabalhadoras russas se reuniram em Petrogrado e foram 
reprimidas. No evento, remetendo a tal iniciativa das trabalhadoras 
russas, a data foi proposta como oficial. A partir de 1922, o Dia 
Internacional da Mulher passa a acontecer em 8 de março (Graziela, 
2017, p15). 
 
 
De acordo com a obra Damas de Ouro, Monteiro (2013), apesar de todo o 
movimento realizado em Copenhagen para alertar os países sobre a 
instauração de um dia para se comemorar o Dia da Mulher, onde tinha como 
líder nesse pensamento, a socialista alemã Clara Zetkin, essa informação não 
havia chegado a América, mais precisamente nos Estados Unidos: 
Em 1910, durante uma conferência da Internacional Socialista em 
Copenhagen, na Dinamarca, foi decidida a instauração, em todo o 
mundo, de um Dia da Mulher. No ano seguinte, mais de um milhão 
de mulheres foram as ruas em diversos países da Europa para 
reivindicar o direito de voto e melhores condições de trabalho. A 
mensagem, porém, não chegou aos EUA (Monteiro e Sita, 2013 p. 
177). 
 
Dessa forma, nos Estados Unidos, o dia 8 de maio de 1908 foi uma data 
escolhida para ser comemorada o primeiro dia Nacional de luta das Mulheres com 
o intuito de mostrar a sociedade que essas mulheres passaram por tempos 
sombrios e que lutavam para a diminuição da jornada de trabalho nas fábricas. 
Atualmente o dia 8 de março é comemorado o dia Internacional da Mulher, onde na 
ocasião o momento passa a ser de reflexões das batalhas vivenciadas durante 
séculos e heroísmo das mulheres, conquistando respeito e igualdade. Lentamente 
e a cada ação, as mudanças necessárias vão sendo implementadas na sociedade. 
 
 
1.6 AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO 
 
29 
‘ 
Atualmente a inserção feminina é marcante em todos os níveis educacionais 
e de mercado, porém nem sempre foi assim. Remotamente, as mulheres tinham a 
função de cuidar dos serviços domésticos e da criação dos filhos. Não tinham direito 
ao voto, como também não podiam se matricular em escola e universidades. A 
mulher era considerada pela sociedade como um ser inferior e jamais poderiam 
ocupar cargos, na qual posteriormente passou a exercer trabalhos braçais 
escravizados e humilhantes. Por outro lado, o homem era quem podia sair para 
trabalhar e trazer o sustento para dentro de casa. 
A reivindicação dos direitos das mulheres passou a ser analisada somente 
a partir do século 18, com a chegada do Iluminismo e da Revolução Francesa, além 
da contribuição da Revolução Industrial com os adventos da máquina a vapor e a 
larga produção e consequentemente, o avanço do consumismo, atrelado ao 
capitalismo. 
Após a chegada da Revolução Industrial, as fábricas começaram a substituiu 
o trabalho considerado artesanal pela produção industrial, com isso, as máquinas 
a vapor passaram a produzir em série, como também foi necessário mão de obra. 
Na visão de Rago (1997), nesse período as mulheres passaram por uma série de 
preconceitos, pois seus salários eram inferiores aos homens, sua carga horária 
ultrapassava entre 12 e 15 horas, não recebia insalubridades e sem contar com os 
assédios que as mesmas tinha que enfrentar no dia a dia: 
As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo 
dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da 
classe social a que pertencessem. Da variação salarial à 
intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, 
elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para 
ingressar em um campo definido – pelos homens – como 
naturalmente masculino. Esses obstáculos não se limitavam ao 
processo de produção; começavam pela própria hostilidade com 
que o trabalho feminino fora do lar era tratado no interior da família. 
Os pais desejavam que as filhas encontrassem um bom partido para 
casar e assegurar o futuro, e isso batia de frente com as aspirações 
de trabalhar fora e obter êxito em suas profissões. (Rago, 1997, p. 
581-582). 
 
 
Se por um lado no período da Revolução Industrial as mulheres eram 
tratadas de forma inferior, por outro lado, em 1848 o feminismo começou a se 
fortificar, vindo a acontecer a primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca 
Falls, Nova York. 
30 
‘ 
Após a Revolução Industrial e consequentemente o surgimento das 
maquinas e a produção em larga escala, a mulher passou a trabalhar mais nas 
industrias, deixando de exercer apenas o trabalho doméstico. No Brasil não foi 
diferente, principalmente nos ramos têxtil e de confecções, e por outro lado, 
diminuindo a participação da mulher nas atividades manufatureiras. Embora as 
mulheres ganhasse espaço em outros setores que antes era considerado apenas 
para os homens, a discriminação reinou. As mulheres trabalhavam com cargas 
horárias muito extensa e recebiam muito pouco com funções idênticas ao homem. 
HELEIETH (1981) relata que: 
Ao lado de numerosas discriminações de difícil prova, onde a 
integridade moral da mulher é testada cotidianamente, figura uma 
sorte de discriminação proibida por lei no Brasil, assim como num 
número substancial de países: os diferencias de salários para os 
homens e mulheres que desempenham funções idênticas. Não se 
podem alimentar ilusões quanto a eficácia da lei brasileira que 
proíbe a discriminação salarial entre os representantes dos dois 
sexo quando no desempenho da mesma função, por que mesmo 
nos mais avançados países do mundo estes diferenciais de salários 
existem de maneira até pronunciada. (Heleieth, 1981, p. 32). 
 
 
 Destaque-se que Vinhaes (2018) narrou que além da discriminação salarial, 
as mulheres ainda teve que enfrentar o preconceito do machismo e uma sociedade 
hipócrita, além de mencionar a condição de que se fosse negra ou pobre, o grau 
de discriminação e preconceitos predominava: 
Elementos discriminatórios acentuam quadros de exclusão social, 
de pobreza e da negação de direitos. Quando se observa a 
organização do trabalho de mulheres e homens, de brancas e 
negras, no mercado,a distinção negativa para as condições das 
mulheres negras reafirma que sua inserção no ambiente doméstico 
extrapolou os sentidos privados dessa dimensão, como ocorreu 
para as mulheres brancas, mas também sua maior exclusão na 
esfera de disputa por espaço de poder e de participação política 
institucional. O forçado rebaixamento social em razão do racismo 
tornou essas mulheres mais vulneráveis no enfrentamento da 
subsistência, afastando-as da imersão discursiva mais 
sistematizada do tema aqui proposto. (Vinhaes, 2018 p.16). 
 
 
A necessidade do capitalismo atrelada ao modelo ideal das mulheres para 
almejar novos horizontes e engajar em outros setores da economia, fez com que 
Ângela (2016) relatasse os contratempos na relação da feminilidade com seu 
parceiro e trabalho mostrando as dificuldades que a mulher tinha que conciliar: 
31 
‘ 
Quando a produção manufatureira se transferiu da casa para a 
fábrica, a ideologia da feminilidade começou a forjar a esposa e a 
mãe como modelos ideais. No papel de trabalhadoras, ao menos as 
mulheres gozavam de igualdade econômica, mas como esposas 
eram destinadas a se tornar apêndices de seus companheiros, 
serviçais de seus maridos. No papel de mães, eram definidas como 
instrumentos passivos para a reposição da vida humana. A situação 
da dona de casa branca era cheia de contradições. Era inevitável 
que houvesse resistência. (Davis, 2016, p. 50). 
 
 
 
No ano de 1951, Arnaldo (1998) comenta que em Genebra, foi aprovada na 
34ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho o plano internacional sobre a 
Igualdade de Remuneração para homens e mulheres. O artigo 1 da lei, relata a 
igualdade de valores para ambos os sexos: 
Art. 1 — Para os fins da presente convenção: a) o termo 
‘remuneração’ compreende o salário ou o tratamento ordinário, de 
base, ou mínimo, e todas as outras vantagens, pagas direta ou 
indiretamente, em espécie ou in natura pelo empregador ou 
trabalhador em razão do emprego deste último; b) a expressão 
‘igualdade de remuneração para a mão-de-obra masculina e a mão-
de-obra feminina por um trabalho de igual valor’, se refere às taxas 
de remuneração fixas sem discriminação fundada no sexo. (Arnaldo 
Süssekind, Convenções da OIT, 1998, p. 338) 
 
 
Almeida (1997) escreveu que as normas da OIT, são muito importante para 
a garantia do direito das mulheres e que essas convenções são tratados leis 
(normativos) multilaterais que visam a regular certas relações sociais, abertas à 
ratificação dos Estados-membros da OIT e além disso, “criam obrigações 
internacionais para os Estados que as ratificam. A verdade é que apesar das 
mulheres terem conquistado um grande vitória na Conferência da (OIT), onde na 
ocasião foi sancionada a resolução de salários iguais para homens e mulheres, por 
outro lado, até os dias atuais tais igualdades ainda reinam mundo a fora. 
 
 
 
 
1.6 A MULHER E OS DIREITOS A EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO 
 
Na Europa, muitos filósofos, já defendia que as mulheres deveriam receber 
uma boa educação. A escritora e filosofa Wollstonecraft (2016) já defendia que 
32 
‘ 
as mulheres deveriam serem educadas em um novo modelo, respeitando a 
intelectualidade: 
Se dispensarmos essas teorias ilusórias e considerarmos a mulher 
como um todo, da maneira como deve ser, e não como parte do 
homem, a pergunta seria se ela possuiria razão ou não. Em caso 
afirmativo, o que por ora admitirei, ela não foi criada meramente 
para ser o consolo do homem, e o caráter sexual não deveria 
destruir o caráter humano (Wollstonecraft, 2016 p. 78). 
 
Wollstonecraft (2016) escreve que para se ter uma educação de qualidade, 
a moralidade deveria andar juntos. Por sua vez, Ferraz (2016) completa 
afirmando que a mulher como mãe deveria dar o melhor de si e ser uma 
verdadeira guerreira, pois além de criar os filhos, ainda precisava ter seu lugar 
na sociedade e que para isso, a educação feminina deveria ser levada com 
muita seriedade. 
Fernandes (2019), relata que no Brasil no período Colonial inicialmente, as 
escolas foram constituídas, pela ordem dos padres jesuítas e eram voltadas 
para o público masculino, visando à formação culta e religiosa. As “mulheres 
brancas, ricas ou não, como as negras escravas e as indígenas não tinham 
acesso à leitura e à escrita. De fato, nesse período colonial, o interesse da corte 
era apenas de extrair minério e explorar ao máximo as riquezas encontradas na 
terra. 
De acordo com Fernandes (2019), a primeira reivindicação pela instrução 
feminina no Brasil partiu de um indígena, ao padre Manoel de Nóbrega. A ideia 
não se concretizou por ter sido considerada ousada demais pela rainha de 
Portugal. A mulher tinha vontade de aprender a ler e escrever porém como já 
dito anteriormente, foi negado. 
Por volta de 1910, as mulheres começaram a dominar o mercado de trabalho 
do ensino elementar, enquanto os homens seguiam dominando o nível 
secundário. No entanto, mesmo nas primeiras décadas do século XX, havia a 
exigência do celibato para que as mulheres pudessem exercer a função de 
professoras do ensino público. Segundo o Estatuto da Instrução Pública, as 
professoras tinham que ser solteiras ou viúvas. Se casassem, perderiam o 
cargo. 
Entre várias mulheres que se destacaram na educação, menciona-se a 
polonesa Marie Curier (1867- 1934), na qual desafiou uma sociedade machista 
33 
‘ 
e todos os obstáculos em tempos sombrios e conseguiu se formar em 
Matemática e Física. Devido a sua formação, a pesquisadora deixou um legado 
muito importante com a descoberta dos elementos químicos Polônio e Rádio, 
sendo descoberta a radioatividade, vindo a ser utilizada até os dias atuais e 
ainda foi a primeira mulher a ganhar dois prémios Nobel, além de ministrar aulas 
para as mulheres impedidas de estudar, tornando-se uma grande mulher à 
frente de seu tempo. Strathern (2000) relata na obra Curie e a radioatividade em 
90 minutos que: 
Assim como Einstein tirou partido de sua fama para defender 
causas liberais, Marie Curie tornou-se um emblema da condição 
feminina independente. Com seus dois prêmios Nobel e as duas 
filhas que havia criado sozinha, tornou-se uma inspiração para a 
geração de mulheres nascida entre as duas guerras. Nenhum 
campo estava fechado. As mulheres eram capazes de se sair tão 
bem (ou melhor) que os homens em ciência. E isso não significava 
que se tivesse de renegar a família (Strathern, 2000, p.28). 
 
Dulce (1990) afirma que as mulheres nas últimas décadas “não só 
conquistou o direito a coeducação, o que beneficia ambos os sexos, como 
tomou de assalto a universidade”. É notório que os modelos da coeducação se 
destacaram na sociedade e obtiveram um avanço muito rápido nos últimos 
anos, dando oportunidade não só para as mulheres e sim, oportunidades entre 
géneros, formando mulheres e homens com mentes mais culta para que os 
mesmos respeitem as diferenças e viabilizem a uniformidade de gêneros, além 
de assegurar o desenvolvimento de uma população justa, ética e a sua 
diversidade. Dulce(1990) acrescenta que para a sociedade, existem muitas 
diferenças entre o homem e a mulher culturalmente e na educação informal. 
Quando se trata das diferenças entre homens e mulheres, o 
processo ideológico gerado pela educação informal e tão forte que 
até fica difícil argumentar. A mulher é considerada passiva (não-
agressiva), intuitiva (?), dócil e portanto submissa. Veremos como 
no mundo do trabalho tais mitos são manipulados para afastar as 
mulheres de certas profissões, mas não impedem que elas realizem 
pesadíssimas tarefas, desde que desvalorizadas socialmente. 
(Dulce, 1990, p42). 
 
 
No Brasil, no dia 15 de outubro de 1827, foi criada a primeira lei para tratar 
da educação para mulheres, porém com uma ressalva, restringindo o acesso às 
escolas fundamentais. De acordo com o regulamento, o imperador ordenou 
34 
‘ 
construir "escolas de primeiras letras em todas as cidades,vilas e lugares mais 
populosos do Império" e ainda de acordo com os artigo número 7 º, 12 º e 13 º 
explana que: 
Art. 7º Os que pretenderem ser providos nas cadeiras serão 
examinados publicamente perante os Presidentes, em Conselho; e 
estes proverão o que for julgado mais digno e darão parte ao 
Governo para sua legal nomeação. Art. 12. As Mestras, além do 
declarado no Art. 6º, com exclusão das noções de geometria e 
limitado a instrução de aritmética só as suas quatro operações, 
ensinarão também as prendas que servem à economia doméstica; 
e serão nomeadas pelos Presidentes em Conselho, aquelas 
mulheres, que sendo brasileiras e de reconhecida honestidade, se 
mostrarem com mais conhecimento nos exames feitos na forma do 
Artigo 13. As Mestras vencerão os mesmos ordenados e 
gratificações concedidas aos Mestres. (Lei de 15 de outubro de 
1827). 
 
 
 
No ano de 1832, foi publicado o livro Direitos das mulheres e injustiças dos 
homens, escrito pela educadora Nísia Floresta. Essa escritora foi considerada uma 
mulher anos luzes a frente de seu tempo pelo seu caráter e formas de lutar pelo 
preconceito contra as mulheres. A obra é considerada o pioneirismo do feminismo 
brasileiro. Na crítica de Gilberto Freyre (1996), a educadora 1Nísia Floresta foi 
considerada como “uma exceção escandalosa”: 
Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do 
século XIX. No meio dos homens a dominarem sozinhos todas as 
atividades extra-domésticas, as próprias baronesas e viscondessas 
mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas 
livros devotos e novelas [...], causa pasmo ver uma figura de Nísia 
(FREYRE, 1996, p.109). 
 
 
Nesse período tenebroso, a intuição de lecionar para as mulheres era 
habilita-la para um bom desempenho na sua vida doméstica, deixando as lutas 
sociais para outros momentos vindouros. Floresta (1989) foi defensora dos direitos 
das mulheres e explana que apesar de acreditar que as mesmas tinham 
 
1 Nísia Floresta Brasileira Augusta, nasceu no dia 12 de outubro de 1810, onde desempenhou grande 
relevância na educação (positivismo) e deixou um grande legado, sendo considerada a pioneira do feminismo 
e literatura de autoria feminina no país. Formada em jornalismo e em letras, participou de grandes 
movimentos sociais. Hoje a sua cidade natal, Papari, no Rio Grande do Norte, leva o seu nome denominada 
de Nísia Floresta. A referida autora ainda morou na Europa, vindo a falecer na França, no ano de 1885. 
35 
‘ 
capacidade de assumir responsabilidades, naquele momento eram exclusivas do 
sexo masculino afirmando que: 
Porque somos excluídas dos cargos públicos; e por que somos 
excluídas dos cargos públicos? Porque não temos ciência [...] Eu 
digo mais, não há ciência, nem cargo público no Estado, que as 
mulheres não sejam naturalmente próprias a preenchê-los tanto 
quanto os homens (Floresta, 1989, p. 52; 73). 
 
 
Martins (2000) reconhece que Nísia Floresta deixou um grande legado como 
educadora no Brasil e uma grande contribuição para as futuras gerações: 
Nísia era uma mulher erudita que militava pelo direito da mulher ao 
acesso à educação. Essas militâncias estiveram presentes em sua 
obra, fato que provocou desconforto na sociedade patriarcal na qual 
vivia. Essas reflexões contribuem para delinear o perfil da mulher 
no Rio de Janeiro dos oitocentos. E, a partir desse escopo, 
compreender as circunstâncias presentes no desenvolvimento do 
trabalho de Nísia Floresta. (Martins, 2010, p. 237). 
 
 
De fato, o objetivo fundamental de Nísia Floresta foi por um mundo mais 
justo e pacífico em defesa dos direitos femininos, acima de tudo, a garantia do 
acesso à educação, elemento esse que até hoje as mulheres comemoram e se 
destacam desde os cargos elementares, até as funções de alto poder na sociedade. 
Percebe-se que o machismo ainda é forte porém se comparados com tempos 
passados, as mulheres conquistaram e vem adquirindo seu espaço na sociedade 
em geral. 
Apesar das lutas e das dificuldades constante das mulheres, no Brasil o 
feminismo teve um grande avanço na educação. No ano de 1918, as mulheres 
tiveram seus direitos defendidos em ter acesso à educação por parte da educadora 
Maria Lacerda de Moura, onde lançou um livro defendendo a educação como sendo 
extremamente necessário na transformação da vida das mulheres e ao mesmo 
tempo, defendendo o processo educacional para as mesmas. Essa publicação foi 
uma das mais significantes da época, pois marcou o início do feminismo. LEITE 
(1984), citou que os conceitos de Maria Lacerda de Moura, apesar de serem 
avaliados como muito radicais, associados ao seu espírito crítico, contribuíram para 
sua posição algo marginal. 
 
36 
‘ 
 
1.7.1 A Educação das Mulheres no Ensino Superior 
 
Sabe-se que a mulher teve acesso à educação bem recente no Brasil, e mais 
recente quando se aborda a inserção em cursos superiores. Na concepção de 
Fernandes (2019), “Depois do ano de 1879, o governo imperial permitiu, 
condicionalmente, a entrada feminina nas faculdades. As candidatas solteiras 
deveriam apresentar licença de seus pais; já as casadas, o consentimento por 
escrito de seus maridos”. 
 Apesar da conquista das mulheres em ter acesso ao ensino superior, pouca 
mulheres foram matriculadas, tendo em vista o preconceito da sociedade em 
continuar acreditando que a mulher era apenas para ficar em casa cuidado dos 
filhos e servir ao marido e no máximo, realizar trabalhos domésticos. Nesse 
período, o espaço para a mulher no mercado de trabalho também era muito 
reduzido e além disso, as que realizavam o mesmo trabalho do homem com carga 
horária que ultrapassava as 15 horas, ganhavam bem menos, reinando assim, o 
preconceito e discriminação. 
Durante as últimas décadas, o Brasil vem investindo em políticas públicas 
educacionais e a maneira como o patamar se encontra, além da progressão 
feminina no ensino superior e a sua posição quanto a classificação, são frutos 
devido a esse empenho. Em um passado bem próximo, as mulheres recebiam 
apenas instrução para educar seus filhos e para exercer um trabalho doméstico, e 
jamais poderia ocupar posições de destaque na sociedade. Sabe-se que o 
investimento em políticas públicas no país, ainda é considerado muito baixo. 
Por outro lado, Carvalho (2017) argumenta que apesar das conquistas e do 
enfrentamento ao preconceito contra as mulheres na acessibilidade na educação, 
sabe-se que a sociedade ainda continua com discriminação e a percepção de forma 
diferente, afirmando que as mulheres "continuam marcadas pelos tradicionais 
estereótipos atribuídos aos papéis femininos". De acordo com a análise da 
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES-2016) 
atualmente a grande maioria dos estudantes matriculados no ensino, são mulheres, 
chegando a somar 52% das matrículas no ensino médio. Além do mais, as 
37 
‘ 
mulheres repetem menos, evadem menos e concluem a educação básica em maior 
proporção. 
Por sua vez, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) 
realizou o Censo da Educação Superior (2019), mostrando que as mulheres 
continuam a frente na educação no ensino superior. O Censo (2019) mostra que o 
corpo discente feminino, são referência na conclusão dos cursos de Graduação 
Presenciais. De um total de quase meio milhão de concluintes (448.120) no ano de 
2019, destes 263.984, são do sexo feminino e 184.136 são do sexo masculino. 
 Ainda conforme o Censo 2019 do INEP, o número de mulheres concluintes 
em cursos de graduação tanto presenciais, quanto a Distância, se torna bem maior 
se comparado com o corpo discente masculino. O censo 2019 diagnosticou que 
752.417 mulheres concluíram o ensino superior no ano de 2019. Já os homens, 
esse número foi bem inferior, ou seja, o número de concluintes em cursos de 
graduação presenciais e a distância foram de 497.659, ficando quase 255 mil a 
menos que as mulheres.Por outro lado, apesar das mulheres ter conseguido o direito à educação e 
garantir sua posição de escolaridade em destaque, as desigualdades ainda reinam 
quando o assunto é garantia de direitos e igualdade de salários, tal resultado foi 
analisado nos dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas 
(IBGE 2014): 
Apesar da superioridade escolar feminina, os resultados no 
mercado de trabalho não favorecem as mulheres. O rendimento 
feminino não se iguala ao masculino em nenhuma das áreas gerais, 
conforme evidencia a razão entre o rendimento das mulheres e o 
rendimento dos homens (IBGE, 2014). 
 
 
Exemplifica que as mulheres continuam a frente no ensino superior, lutando e 
se qualificando para conquistar cada vez mais o mercado de trabalho e conquistar 
espaços jamais imaginários. Apesar das mulheres serem a maioria no ensino 
superior, lutando e se qualificando para conquistar espaços jamais imaginários, 
ainda enfrentam cenários desiguais, trabalhando em jornadas extrapoladas mais 
do que os homens, ou seja, além de cuidar dos filhos e de todo o trabalho 
doméstico, muitas delas, sustentam sua família com o sustento que ganha. Por fim, 
percebe-se que apesar de ter o direito de igualdade de gênero conquistados, as 
38 
‘ 
mulheres ainda terão que enfrentar muitas barreiras e desafios em sociedade 
machista e preconceituosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO II 
 
Nesse capítulo, faz-se um resumo sobre a violência doméstica e suas 
ferramentas de defesa, descrevendo os tipos e conceitos de violência e o termo 
feminicídio. Além disso, descrevemos sobre a Convenção sobre a Eliminação de 
todas das formas de Discriminação Racial e a Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. Além disso, traz-se nessa 
obra, a vida e o grande legado que Maria da Penha Maia Fernandes contribuiu para 
a vitória do contexto atual e a inserção de leis para a proteção das mulheres. Por 
fim, analisamos as medidas protetivas, ou seja, ferramenta de proteção, onde a 
vítima solicita após confeccionar o Boletim de Ocorrência e isso garante o 
afastamento do agressor em até 48 horas. 
 
 
1- FEMINÍCIDIO 
 
39 
‘ 
De todas as violências que as mulheres enfrentam no cotidiano, pode-se 
considerar que a violência doméstica principalmente exercida por seus parceiros, é 
uma das maiores causas de agressão no Brasil que mais matam as mulheres. 
Apesar das mulheres terem conquistados no decorrer de séculos os seus direitos 
(direitos garantidos na Constituição Federal (1988) e em todas as convenções e 
Tratados Internacionais), muitas mulheres desistem de denunciar seus parceiros e 
permanecem caladas com medo de represália, no qual a maioria dos motivos é 
devido a dependência financeira, a insegurança e também do resultado o medo do 
resultado da justiça em caso do agressor se tornar inocente e posteriormente isso 
termine em morte. 
O Feminicídio é considerado o homicídio de uma mulher apenas pelo 
simples fato de ser mulher, englobando várias motivações, entre elas, o desprezo, 
ou até mesmo o sentimento de perda, o ódio, entre outros motivos. De acordo com 
o Atlas da violência (2020) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 
entre os anos de 2008 e 2018, aproximadamente 4.519 mil mulheres foram 
assassinadas, uma taxa de 4,3 a cada 100 mil mulheres e destas, 68% das vítimas, 
eram mulheres negras e esse fator contribuiu para o aumento de 12,4 % de crimes 
praticados contra as mulheres negras, portanto, no Brasil a cada 2 horas, uma 
mulher é assassinada, deixando o Brasil em um dos maiores patamares quando o 
assunto é homicídio contra mulher. Sabe-se que esses números podem ser bem 
maiores. Waiselfisz (2015) afirma que não descarta que o termo feminicídio engloba 
vários termos no mundo e esses dados estão sujeitos controvérsias e críticas: 
Não ignoramos que, atualmente, existem e coexistem diversos 
termos recentemente cunhados, que não têm aceitação universal e 
estão sujeitos ainda a críticas e controvérsias. Não é nossa intenção 
aprofundar na polêmica nem dirimir nas discussões sobre os 
conteúdos políticos ou conceituais da terminologia. (WAISELFISZ 
J.J. Mapa da violência 2012, p. 8). 
 
 
Já para Pasinato (2011) relata sobre a terminologia do termo da violência 
contra a mulher (feminicídio) e descreve as dificuldades em analisar os dados 
estatísticos tendo a confiabilidade para analisar a questão: 
Um dos maiores desafios para a realização desses relatórios é a 
falta de informações oficiais sobre essas mortes. As estatísticas da 
polícia e do Judiciário não trazem, na maior parte das vezes, 
informações sobre o sexo das vítimas, o que torna difícil isolar as 
mortes de mulheres no conjunto de homicídios que ocorrem em 
cada localidade. Além disso, na maior parte dos países não existem 
40 
‘ 
sistemas de informações judiciais que permitam conhecer quantos 
processos judiciais envolvendo crimes contra mulheres chegam a 
julgamento e quais as decisões obtidas (Pasinato, 2011, p. 2.) 
 
Conforme o Mapa da violência divulgado pela ONU (2015), o Brasil ocupa a 
5ª posição mundial no índice de feminicídio, e além disso, vale ressaltar que 64,2% 
dos casos, o agressor é companheiro da vítima ou até mesmo membro da família. 
Ainda analisando o resultado da pesquisa em questão, o tipo de ocorrência 
designada de lesão corporal, lidera os números de ações penais, ou seja, nos 
últimos 5 anos, 157.012 processos foram denunciados nos Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a mulher. 
Ainda com relação aos homicídios praticados contra a mulher no mundo, de 
acordo com os dados do Mapa da Violência (2015), indica que o Brasil tem taxas 
superiores ao do Reino Unido (48 vezes mais homicídios femininos), Irlanda (24 
vezes mais homicídios femininos) e por fim, 16 vezes mais homicídios femininos 
que Japão ou Escócia. Além disso, a pesquisa apontou que a mulher negra é vítima 
prioritária da violência e que as taxas de homicídio da população branca estão 
diminuindo, enquanto aumentam as taxas de mortalidade entre os negros. 
Por essa razão, foi publicada no dia 9 de março de 2015, a Lei nº 13.104 
(2015), onde alterou o artigo 121 do Código Penal, para prever o feminicídio como 
circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072/1990, 
para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. De acordo com a Lei nº 
13.104 (2015), e considerado crime de feminicídio quando há violência contra a 
mulher por razões da condição ser do sexo feminino envolvendo violência 
doméstica e família e menosprezo ou discriminação à condição de mulher. O artigo 
7º Brasil (2015) em questão ainda relata que a Pena do crime praticado de 
feminicídio se torna mais grave quando é aumentada de 1/3 até a metade caso o 
crime seja praticado no período de gestação ou logo após os 3 meses seguintes 
após parto, ou que a vítima seja menor de 14 anos ou maior de 60 anos e ainda 
com deficiência. 
 Fragoso (2002) agrega o significado de feminicídio baseado nas questões 
social, econômica e política em que vivem essas mulheres relatando que a análise 
de classe social e de outras estruturas de poder ou condições materiais que podem 
41 
‘ 
influir na violência por parte dos homens contra as mulheres são apenas 
mencionadas, sem análise (Fragoso, 2002, p.4). 
Sabe-se que o feminicídio foi designado durante anos, como crime 
passional, ou seja, quando há uma ligação amorosa/sexual entre o agressor e a 
vítima. Ainda com relação ao termo femicídio (feminicídio), Fernandes (2015), 
citando Melo, ratifica a maneira como a expressão foi utilizada: 
A opção deste termo serve para demonstrar o caráter sexista 
presente nesses crimes, desmistificando a aparente neutralidade 
subjacente ao termo assassinato, evidenciando tratar-se de 
fenômeno inerente ao histórico processo de subordinação das 
mulheres (Fernandes,2015, p. 71). 
 
 
Na visão do autor citado, antigamente o crime de feminicídio era considerado 
passional porque havia sentimento ou emoção de afeto entre o casal e com 
sentimento de posse em relação à vítima, onde muitas vezes, o crime era praticado 
com um sentimento de paixão doentia, ou seja, com comportamento possessivo e 
dominador e muitas das vezes o parceiro se tornava agressivo, vindo a acontecer 
as agressões físicas, e sexo sem a vontade da vítima (estupro) e na grande maioria 
acontecia o mais grave: o homicídio. 
Antes da Lei entrar em vigor, caso acontecesse um homicídio e fosse 
comprovado que se tratou de um crime passional, ou seja, que teve como 
motivação uma violenta emoção, a pena era diminuída entre um sexto e um terço. 
 
 
2.1 CONVENÇÃO SOBRE ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE 
DISCRIMINAÇÃO RACIAL 
 
A Convenção sobre a Eliminação de todas das formas de Discriminação 
Racial, foi um evento que foi adotado pelo Brasil no ano de 1969 e anteriormente 
foi aprovado pelas Nações Unidas (1965). Essa convenção foi promulgada 
mediante o decreto nº 65.810/1969, onde Brasil (1969) menciona que de acordo 
com os princípios básicos de igualdade e dignidade a população em geral, afim de 
promover e encorajar o respeito universal com observância nos direitos humanos 
sem discriminação de sexo, raça ou religião, proclama que os homens que nascem 
livres e igual em dignidade, tem os mesmos direitos garantidos, sem distinção de 
42 
‘ 
qualquer natureza e de raça ou nacionalidade, ou seja, todos os serem humanos 
são iguais perante a lei e tem a proteção dos direitos contra discriminação e 
incitamento a discriminação, podendo viver em paz e harmonia entre sociedades. 
 Ainda de acordo com Brasil (1969), a discriminação racial pode ser 
considerada qualquer distinção, exclusão ou preferência baseadas em raça, cor, 
descendência ou origem nacional ou étnica. Analisando dados da Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, o estudo mostrou que 42,7% 
dos brasileiros se declararam como brancos, 46,8% pardos, 9,4% como pretos e 
1,1% como amarelos ou indígenas. Sabe-se que apesar de existir leis que 
asseguram esses cumprimentos, diariamente vimos estampados nas mídias 
nacionais e internacionais, os números alarmantes de discriminação racial, 
principalmente no que se refere aos negros. 
 Segundo a Revista Veja (2020) foi encomendado uma pesquisa ao Instituto 
Paraná Pesquisas, para saber se o Brasil era um país racista. Dos 61% dos 
entrevistados relataram que o Brasil é um país racista, enquanto 34% negaram o 
problema. Além disso, outro dado relevante da pesquisa, foi o fato de que "67% das 
mulheres admitem o problema, contra 54% dos homens, e que, quanto maior o grau 
de escolaridade dos entrevistados, maior é a porcentagem daqueles que 
reconhecem o racismo". Almeida (2018), descreve que o racismo está associado a 
uma ideologia de acordo com o convívio de uma determinada sociedade 
exemplificando a vida real. 
Uma pessoa não nasce branca ou negra, mas torna-se a partir do 
momento em que seu corpo e sua mente são conectados a toda 
uma rede de sentidos compartilhados coletivamente, cuja existência 
antecede à formação de sua consciência e de seus efeitos 
(ALMEIDA, 2018, p. 53). 
 
Ainda na visão do autor, o racismo é uma discriminação que está associada 
a raça como base de uma maneira sistemática onde tem a raça como fundamento, 
onde evidencia através de práticas lucidas ou inconscientes onde complementa 
com inferioridade ou privilégios, dependendo do grupo racial que esteja inserido. 
Comenta-se que no processo de colonização do Brasil, devido a forma de 
escravidão que esta nação passou com o advindo de muitos negros do continente 
Africano, amarrados e em condições extremamente desumanas, em navios 
denominados de "navios negreiros", onde muitos morreram de fome e frio, onde se 
43 
‘ 
perpetuaram em três séculos de escravidão, deixaram marcas profundas na 
sociedade brasileira. Após a libertação dos escravos através da Lei Áurea (1888) 
pela princesa Isabel, até os dias atuais, gradativamente foi surgindo leis para 
amparar e diminuir a discriminação no Brasil. Sabe-se que por um lado os homens 
sofrem preconceitos por serem negros, imagina quando as vítimas são mulheres. 
Cita-se que quando o assunto é discriminação na hierarquia de gênero, o número 
de vítimas sendo mulheres negras são alarmantes, tanto em vítimas de mortes, 
quanto em vítimas de violência doméstica. 
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada IPEA (2008), a discriminação motivada pela sociedade, está 
disseminada em vários campos, como por exemplo, no sistema educacional: 
No sistema educacional, seus impactos incidem na reprodução de 
estereótipos ligados às convenções sociais de gênero e de raça 
originando e reforçando uma segmentação sexual do mercado de 
trabalho e das ocupações sociais. Se para as mulheres os 
indicadores de acesso e permanência são, na média superiores aos 
masculinos, no que se refere à dimensão racial, o sistema de ensino 
é marcado por desigualdades que incidem sobre o acesso e a 
permanência dos alunos (as) negros(as). Este elemento é bastante 
significativo, uma vez que a escolarização é indicada como 
necessária à constituição de melhores oportunidades sociais 
futuras. (IPEA, Retrato das Desigualdades de gênero e raça, 2008. 
P. 19). 
 
 
2.2 CONVENÇÃO INTERAMERICANA: “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ” 
 
No dia 09 de junho de 1994, as mulheres foram contempladas com um 
importante documento em prol do combate a punição e erradicação da violência, 
ou seja, o projeto foi aprovado no 24º Período Ordinário de Sessões da Assembleia 
Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), isto é, a Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. De 
acordo com a Convenção Interamericana, de imediato o documento não passou a 
vigorar, pois antes teve que ser submetida ao órgão constitucional (Congresso 
Nacional) que aprovou no dia 31 de agosto de 1995, mediante Decreto Legislativo 
nº 107. 
Na oportunidade, salienta-se que a Convenção entrou em vigor internacional 
em 3 de março de 1995, sendo um importante documento de referência mundial ao 
44 
‘ 
enfrentamento à violência contra a mulher. Ainda conforme o Decreto Nº 1.977, 
artigo 1 º, passou a ser vigorada em todo o país mediante a Carta de Ratificação, 
decretando: 
Art. 1º A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar 
a Violência contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de 
junho de 1994, apensa por cópia ao presente Decreto, deverá ser 
executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. 
(Convenção de Belém do Pará, 1994). 
 
 
No dia 1º de agosto de 1996, esse documento, foi promulgado mediante Decreto 
de Nº 1.973 que relata o seguinte: 
Reconhecendo que o respeito irrestrito aos direitos humanos foi 
consagrado na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
Homem e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e 
reafirmado em outros instrumentos internacionais e regionais, 
afirmando que a violência contra a mulher constitui violação dos 
direitos humanos e liberdades fundamentais e limita todas ou 
parcialmente a observância, gozo e exercício de tais direitos e 
liberdades; Preocupados por que a violência contra a mulher 
constitui ofensa Contra a dignidade humana e é manifestação das 
relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e 
homens; Recordando a Declaração para a Erradicação da Violência 
contra a Mulher, aprovada na Vigésima Quinta Assembleia de 
Delegadas da Comissão Interamericana de Mulheres, e afirmando 
que a violência contra a mulher permeia todos os setores da 
sociedade, independentemente de classe, raça ou grupo étnico, 
renda, cultura, idade ou religião, e afeta negativamente suas 
próprias bases; Convencidos de que a eliminação da violência 
contra

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