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UNIPÓS – UNIDADE DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO RUDRIGO MAIA DE CARVALHO PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 RUDRIGO MAIA DE CARVALHO PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 RUDRIGO MAIA DE CARVALHO PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN Dissertação apresentada e defendida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação da Emil Brunner World University, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: Educação Linha de pesquisa: Formação de professores e currículo escolar Orientador(a): Profa. Dra. Francisca Vilani Souza EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION PESQUISADOR (A): Rudrigo Maia de Carvalho ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Educação. LINHA DE PESQUISA: Formação de professores e currículo escolar POS-GRADUAÇÃO EM: Ciências da Educação. NIVEL: Mestrado TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: PROJETO PATRULHA MARIA DA PENHA: APLICABILIDADE EDUCACIONAL NO COMBATE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM MOSSORÓ- RN ORIENTADOR(A): Profa. Dra. Francisca Vilani Souza A Dissertação de autoria do(a) pesquisador(a) RUDRIGO MAIA DE CARVALHO foi APROVADA em reunião pública realizada na Representação Emil Brunner World University dos USA, pela seguinte Banca Examinadora: NOME ASSINATURA _____________________________________________ Prof. Dr. Nome do Examinador Presidente _____________________________________________ Prof. Dr. Nome do Examinador Examinador _____________________________________________ Profa. Dra. Francisca Vilani Souza Orientadora EMIL BRUNNER WORLD UNIVERSITY SCHOOL OF EDUCATION 2021 Ao meu Pai Audiberto Rebouças de Carvalho. À minha Mãe Maria Dalva Maia, pelos exemplos de amor e dedicação. Aos amados irmãos e amigos por terem dado força para continuar firme e forte nessa batalha. Aos meus companheiros de farda da Segurança Pública do Brasil em especial da Guarda Civil Municipal de Mossoró-RN. A Coordenadora do Projeto Patrulha Maria da Penha de Mossoró, Jamille Silva, pelo apoio e colaboração. A minha primeira professora da Educação Infantil Dona Anita. Agradeço demais pela paciência e determinação AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a DEUS, rei de todo o universo, a quem sirvo como humilde servo, Aos meus pais, Audiberto Rebouças de Carvalho e Maria Dalva Maia de Carvalho, pelo amor, apoio, carinho, dedicação e compreensão. Aos meus irmãos, Carlos Roberto Maia de Carvalho, Maria Rosilane Maia de Carvalho, Rosimeiry Maia de Carvalho, Ronaldo Maia de Carvalho, Rogerio Maia de Carvalho, Romário Maia de Carvalho e Rosana Maia de Carvalho por serem meus amigos. Aos meus sobrinhos e sobrinhas, que muito carinho e alegria me transmitiram durante esse período. A minha professora e orientadora Doutora Francisca Vilani Souza, pela excelente orientação, segurança e confiança em mim depositado, como também pela presença e incentivo sempre demonstrados. Aos(as) docentes participantes do estudo, pelo acolhimento, disponibilidade, atenção e momentos de reflexão a mim proporcionados. A minha primeira professora da educação infantil, Dona Anita. Ao professor Doutor Júnior por suas colocações, reflexões e sugestões durante a qualificação e posteriores a ela. A todos os demais professores(as) que contribuíram direta e indiretamente para o meu crescimento para o desenvolvimento do meu mestrado durante construção. Aos colegas do mestrado pela beleza dos momentos compartilhados, pelas preocupações e caronas compartilhadas até o município de Serra do Mel. Aos agentes de Segurança Pública do estado do Rio Grande do Norte, sobretudo aos amigos de farda da Guarda Civil Municipal de Mossoró, em especial xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Enfim, a todos que contribuíram direto e indiretamente na construção dessa dissertação. “Educação não transforma o mundo. Educação Muda as pessoas. Pessoas transformam o Mundo”. Paulo Freire 1- LISTA DE FIGURAS 2- FIGURA 1 - 3- LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VCM – Violência Contra Mulher CEDAW - Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women ONU – Organização das Nações Unidas OIT – Organização Internacional do Trabalho CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas OEA – Organização dos Estados Americanos LMP – Lei Maria da Penha PMP – Patrulha Maria da Penha IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde do MS – Ministério da Saúde PMM – Prefeitura Municipal de Mossoró GCM – Guarda Civil Municipal PMP – Patrulha Maria da Penha DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher CIOTS – Centro Integrado de Operações de Transito e Seguranca Publica CIOSP – Centro Integrado de Operações de Segurança Pública RN – Rio Grande do Norte BMP – Botão Maria da Penha 4- RESUMO Texto escrito em espaço simples. 5- Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Patrulha Maria da Penha 6- ABSTRACT Keywords: SUMÁRIO 13 ‘ INTRODUÇÃO Escrever a introdução quando terminar a dissertação. Apresentação de forma sucinta do assunto da pesquisa. Iniciar com um parágrafo falando do conteúdo da investigação. ● Problema – Definir qual a problemática que será solucionada com o seu trabalho ● Finalidades ● Objetivos – geral e específicos ● Justificativa – Explicar porque o seu trabalho é relevante. ● Natureza e importância do trabalho ● Contextualização do espaço de pesquisa para situar o leitor. ● Organização do Trabalho – citar os elementos constitutivos do trabalho (capítulos e subcapítulos ) ● Fazer paragrafo conclusivo encerrando o texto. Lendo a introdução, o leitor deve sentir-se esclarecido a respeito do tema do trabalho como do raciocínio a ser desenvolvido. 14 ‘ CAPITULO I Nesse capítulo contextualiza-se a exposição da violência contra a mulher durante o processo da civilização, relatando os episódios e as vitorias que garantem os direitos femininos, relatando o papel da mulher perante a sociedade, comentando sobre a idade média e os fatos que sucederam nesse período (caça às bruxas), além de relatar a participação das mulheres na Revolução Francesa, na Segunda Guerra Mundial até a atualidade, destacando as convenções mundiais e dos direitos humanos, como também as legislações internacionais e o papel da Organização das Nações Unidas (ONU). Ainda nesse item, destaca-se também o dia internacionalda mulher e a inserção do papel das mulheres no mercado de trabalho e claro, a garantia das mulheres na educação no Brasil e no mundo, como também a participação e a conquista das mulheres no ensino superior. 1 PANORAMA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO MUNDO A violência contra a mulher está presente na sociedade e estampado na mídia diariamente, sendo vítima de agressores onde na maioria das vezes são aquelas pessoas que poderia mais protege-la, ou seja, companheiro ou até mesmo os membros mais próximos da família. Existem vários tipos de violência contra a mulher e pode-se mencionar que a violência doméstica contra mulheres é um tipo que exerce grande impacto nas taxas de homicídios contra mulheres, agressões essas que chegam a perder suas vidas pelo simples fato de serem mulheres. Para entender mais sobre essas agressões, faz-se necessário voltar ao tempo e analisar o contexto histórico, além da legislação e as batalhas enfrentadas pelas mulheres em busca de leis que a protejam dos agressores. Comenta-se que a violência contra a mulher é histórica e está associada através da cultura de determinadas sociedades. Durante séculos, a sociedade assimilava que a mulher era para servir ao homem, ou seja, ser “escrava” e o significado de ser livre, era apenas considerado para os homens, uma verdadeira discriminação. 15 ‘ Se a mulher já vinha sofrendo com o preconceito de uma sociedade machista, esse fato alongou-se durante o período de guerras e revoluções. Pode- se citar a exterminação das mulheres no período “caça às bruxas”, época essa que teve início antes do século XV, passando vindo a ter o seu ápice, durante os séculos XVI e XVII, onde milhares de mulheres consideradas pela igreja, como “forças demoníacas”, foram queimadas vivas em fogueiras. Já durante a Revolução Francesa, as mulheres foram as ruas lutar por dignidade e direitos humanos de igualdade e por espaço na sociedade. Mesmo fato aconteceu durante o período da Revolução Industrial e das duas grandes guerras mundiais, onde as mulheres lutaram em busca de defender seus territórios e suas lacunas na coletividade. Após longas batalhas, perdas e vitórias, as mulheres conseguiram seu espaço na sociedade, assumindo os mais variados cargos, que antes eram considerados apenas para homens, como também garantiu o direito a participar da democracia de um país, ou seja, lutou para ter direito ao voto, além da inserção na educação e nas universidades, buscando capacitação para exercer melhores empregos e destaques na sociedade, como também lutou por igualdade de salários e também por leis que as protejam dos agressores. As batalhas não cessaram. As mulheres continuam em busca de dignidade, respeito e igualdade, em busca de um mundo mais justo e pacifico. 1.1 CONTEXTO HISTÓRICO E SEUS ACONTECIMENTOS Conforme a Convenção de Belém do Pará (1994) (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher), a violência contra a mulher é “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”. O filósofo grego Aristóteles (384 a.C a 322 a.C) cogita que a ligação da dependência das mulheres aos homens, iniciou-se por causa da supremacia e do autoritarismo másculo na sociedade, até porque as mulheres ficavam durante muito tempo, no interior da família, cumprindo o papel de mãe e dando educação aos filhos. Ainda de acordo com Aristóteles, as mulheres não poderiam ter relações com outros homens e esse papel prevalência ao homem. 16 ‘ Paula, Dutra et al (2021) afirmam que na civilização egípcia apesar da mulher ter um papel fundamental na sociedade, já não tinha direito a escrita, portanto já era discriminada do processo de conhecimento: Na Antiguidade (4000 a.C – 476 d.C.), em sociedades como a egípcia, as mulheres não tinham acesso à escrita. Isso significa que as mulheres eram marginalizadas do processo de documentação e produção de conhecimento. Uma das principais funções sociais das mulheres no Egito antigo era a constituição da família, sendo que elas eram, muitas vezes, vendidas sem direito de escolha, para que casamentos fossem formados. (PAULA, RÊ, CONTRERAS e DUTRA (2021), 2021, p.2 – acesso em 08.09.2021). A compreensão coletiva da violência contra a mulher é histórica e vem sendo acompanhado ao longo dos séculos com ingredientes fortes associados através da cultural. A escritora, filósofa, ativista política, feminista e teórica social francesa, Beauvoir (1908-1986) foi uma das primeiras mulheres a frente de seu tempo, onde no século XX, contribuiu com seus estudos sobre a luta da igualdade de gênero e o feminismo. Beauvoir foi defensora da teoria existencialista, tendo como metodologia a liberdade e ainda mostrou que não existe uma "natureza feminina" ou uma "natureza masculina", ou seja, o homem complementa a mulher e vice- versa. No decorrer de séculos, persistiu a figura da mulher semelhante a de escrava, onde a palavra livre, significava apenas para o ser "homem". A finalidade das mulheres eram basicamente criar os filhos, amamentar e reproduzir. O homem saia para realizar atividades de caça, ocupava cargos políticos, gozava de muitos direitos e as mulheres não. Certamente, esse fato é bem mais complexo uma vez que a “figura mulher” sempre foi alvo de preconceitos e submissa ao homem, tendo que lutar por direitos e por uma sociedade machista e autoritária. Souza (2021), relata em sua obra o cotidiano das mulher na pré-história, que debates relacionados as mulheres surgem em vários períodos durante o decorrer da História. Os historiadores, paleontólogos e arqueólogos, encontravam durante escavações, em sua grande maioria, fósseis de homens, até que essa situação mudou quando foram descobertas os fósseis femininos de Luzia e Lucy, quebrando o tabu másculo da época e revelando detalhes que antes os estudiosos acreditavam que determinadas situações eram apenas para o homem, como por exemplo, sair para caçar utilizando-se de arco e flecha, entre outros. 17 ‘ Na pré-história, as mulheres já desempenhavam papel relevante e ativo no processamento da caça, onde já antes da descoberta da agricultura, havia vestígios de que as mulheres tinham um papel ativo, trazendo o sustento para seus filhos, além de coletarem frutos e raízes para abastecer todo o grupo. “Muitas vezes não fica nada de tangível da vida quotidiana de uma mulher. A comida que cozinhou foi comida; os filhos que cuidou partiram para o mundo.” (WOOLF 2014, p. 290). Na visão de Woolf, assim como o homem, a mulher também desempenha seu papel relevante na construção de uma sociedade e não apenas realizar as atividades domésticas e para construir seu legado, precisa estar inserida nos mais diversos cargos do mercado de trabalho. Woolf (2014) corrobora que a mulher nos últimos séculos da história da Europa ocidental, vem realizando suas tarefas cotidianas, como também isso virou uma tradição no decorrer dos séculos. Mannoni (1999) relatou a arbitrariedade vivenciada pelas mulheres da sua época, sempre buscando o bem comum entre todos, especialmente a defesa das mulheres e o fim do machismo, onde descartaram as mulheres do meio econômico, político e social. Importante ressaltar, por oportuno, que de acordo com o dicionário, o machismo é um ato de discriminação no qual acreditam que determinadas funções é apenas para homens, rejeitando a igualdade de posição sociais e direitos entre homens e mulheres. Camargo (2001) aponta que Virginia Woolf (2014) mostrou concepção inusitadas para a seu período, ou seja, uma mulher que desafia os padrões sociais da época, bastante ousada e inovadora, lutando e comprovando que as barreiras que impedem a criatividade feminina, é o machismo. As mulheres vem lutando por direitos poruma sociedade mais justa e pacífica, buscando a sua importância social até os dias atuais, enfrentando barreiras e conquistando espaço em diversos setores políticos, civis e sociais, com defesa constante e vigilante das suas bandeiras e causas. Durante a Idade Média as mulheres sofreram violência e perseguição, marcando a história como “caça às bruxas”. Um verdadeiro genocídio aplicado aquelas do sexo feminino. A acusação era por todas as classes sociais existente no período, porém as mais pobres eram as mais vulneráveis a passar por essa crueldade. Na verdade essas mulheres que tentavam sobreviver fazendo remédios 18 ‘ caseiros com ervas ou realizando chás para curar os enfermos da vila. A ativista FEDERICI (2019) admite que: Na figura da bruxa as autoridades puniam, ao mesmo tempo, a investida contra a propriedade privada, a insubordinação social, a propagação de crenças mágicas que pressupunham a presença de poderes que não podiam controlar, e o desvio da norma sexual que, naquele momento, colocava o comportamento sexual e a procriação sob domínio do Estado (FEDERICI, 2019, p. 53). O período mais sombrio para as mulheres designadas de caça às bruxas, aconteceu mais precisamente durante a Idade Média por volta dos séculos XV e XVI. Nesse período, a igreja católica estava perdendo o poder devido uma série de problemas filosóficos e artísticos e para retomar o poderio, a Igreja instaurou o Santo Ofício, começando o julgamento de caça às bruxas. Teixeira e Bezerra (2017) defendem que as mulheres chamadas de “bruxas” apesar de passarem por tempo desalumiado e terem sidas brutalmente condenadas à morte, deixaram um legado muito grande até os dias atuais: Atualmente, na sociedade moderna, encontramos essas “bruxas”, que mesmo sem conhecimento científico ou nenhum conhecimento valem-se do poder de cura das plantas para inúmeras doenças. No interior de algumas regiões do país é possível encontrar uma bruxa dos dias atuais: parteiras, benzedeiras, curandeiras que utilizam seu conhecimento para ajudar. Muitas vezes elas são a única fonte de auxilio de determinadas comunidades onde a medicina ainda falta. O hábito de beber chás de ervas e a utilização de talismãs advém da magia das bruxas que viveram no período medieval e que de alguma forma foi incorporado ao cristianismo. Dessa forma as bruxas medievais com sua arte, conhecimento e espiritualidade deixaram seu legado aos dias atuais, sejam eles em forma de chás, encontros com a natureza ou nos contos maravilhosos ouvidos desde a infância. (Teixeira, C. e Bezerra, 2017, p. 43 e 44). Essas mesmas mulheres que eram chamadas de “bruxas” em eras passadas, deixaram heranças e ensinamentos que perpetuaram gerações por gerações. São essas guerreiras que ajudam muitas pessoas com seus conhecimentos em realizar parto natural, fazer chás, benzer, entre outros. Ainda segundo Teixeira e Bezerra (2017), estima-se que 9 milhões de pessoas foram acusadas, julgadas e mortas. Destes, 80% eram mulheres, moças e meninas, tornando assim, um dos períodos mais tenebrosos e de grandes perseguições contra a mulher, marcando para sempre na história esse capítulo de terror e discriminação. Além de serem perseguidas por bruxarias, sendo queimadas em 19 ‘ praça pública, comportamentos como traição também era motivo para sofrer punições severas nesse período. A Revolução Francesa (1789 a 1799), foi uma era marcada por grandes agitações sociais e políticas e mais uma vez, as mulheres, insatisfeitas com as grandes desigualdades de gênero, foram à luta para conquistar a mesma liberdade que foi concebida aos homens. Nesse período, esse motim feminista foi marcado pela união das mulheres em busca de igualdade de direitos e deveres. Saffioti (1969) relata que a escritora Olympe de Gouges iniciou um grande marco da luta feminina pela igualdade, quando enfurecida com a exclusão das mulheres convivendo em uma comunidade machista, relatou uma recomendação denominada de “Declaração dos Direitos da Mulher”, ou sejam um termo com os mesmos direitos nivelando com a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. Infelizmente Olympe de Gouges foi enviada para a guilhotina (1739), sendo morta por acusação de tentar deixar de ser mulher e ser um homem de estado, abrindo mão de seus privilégios de mulher. Após várias décadas e séculos, as mulheres na França passaram por diversas atrocidades e várias lutas. Apesar da França estabelecer o direito ao voto para o público masculino, mais conhecido como o sufrágio universal masculino, foi o último país a aceitar o sufrágio feminino. As mulheres conquistaram o direito ao voto, logo após a finalização da Segunda Guerra Mundial. Freitas (2012) afirma que a Revolução Francesa marcou a história do Ocidente devido à queda da monarquia absolutista e ainda relata que transformou a sociedade francesa, acabando com os costumes seculares que submetiam os camponeses (mulheres e homens) a obrigações feudais. As mulheres desempenharam um papel fundamental na Revolução Francesa, desmistificando a fragilidade das mesmas, tanto nas ideias, quanto nas ações, fato esse que contribuiu para o sucesso dos revolucionários. Porém, apesar desse feitio, os teóricos como Jean-Jacques Rousseau, acreditava que a mulher deveria seguir os patrões de inferioridade feminina sendo submissa ao homem. Assim, toda educação das mulheres deve ser relativa aos homens. Agradar-lhes, ser-lhes útil, fazer-se amar e honrar por eles, educá- los quando jovens, cuidar deles quando grandes, aconselhá-los, consolá-los, tornar suas vidas agradáveis e doces: eis os deveres da mulher em todos os tempos e o que lhes deve ser ensinado desde a infância. [...] faz com que gostem de seu sexo, que sejam honestas, que saibam cuidar de seu lar, ocupar-se com sua casa; 20 ‘ [...] a obediência que deve ao seu marido, a ternura e os cuidados que deve a seus filhos, são consequências tão naturais e tão sensíveis de sua condição (ROUSSEAU, 1999, p.502). Ao mesmo tempo em que a maioria dos homens foram contra a introdução da mulher no modelo de sociedade francesa do século XVIII, mesmo que sendo raro, cita-se Condorcet como um grande apoiador da igualdade de gêneros e defendia que a mulher era apta a participar ativamente da vida pública. Condorcet (1790) mencionou: “… os direitos dos homens resultam simplesmente do fato de serem seres racionais e sensíveis, suscetíveis de adquirir ideias de moralidade e de raciocinar sobre essas ideias. As mulheres que têm, então, as mesmas qualidades, têm necessariamente os mesmos direitos. Ou nenhum indivíduo da espécie humana tem verdadeiros direitos, ou todos têm os mesmos; e aquele que vota contra os direitos do outro, seja qual for a sua religião, cor ou sexo, desde logo abjurou o seu próprio” (Condorcet, 1790, p. 1). Embora de acordo com o modelo de sociedade da Revolução Francesa do século XVIII tenha sido a grande maioria contra a luta das mulheres, por outro lado, a mulher foi beneficiada com vários direitos inseridos nas leis, merecendo destaque a igualdade de herança aos filhos, tornando-se maior de 21 anos com direito a se casar sem permissão dos pais, como também passou a ter direito ao divórcio podendo ser solicitado por ambos os sexos. As mulheres apesar de sofrer as consequências do machismo, tiveram papel relevante deste o início até o termino da revolução francesa, conquistando pontos positivos e deixando lacunas abertas para os próximas gerações. Em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, a população passou a analisar e debater a importância da implementação de um sistema universal de proteção dos direitos humanos, que fosse necessário e apto a inibir crueldades contra as monstruosidades que foram realizadas por Hitler e pelos tempo período tenebroso. Os direitos humanos luta para que os homens e mulheres tenham direitos fundamentais, comoa vida, a saúde, a liberdade e a segurança, sem discriminação. Esse documento recebeu no ano de 1948, a denominação de Declaração Universal dos Direitos do Homem, sendo admitida por 48 nações. Hoje mais de cem países adotam os direitos humanos. Porém a diferenciação de gênero só irá aparecer em meados dos anos 1980 conforme relata Schaiber (2005): 21 ‘ Após as duas Grandes Guerras Mundiais, em que milhões de pessoas foram submetidas a terrores e violência que chocaram o mundo, a comunidade internacional organizou-se para regular e tentar evitar atrocidades contra a vida e a liberdade humanas, criando-se consensos universais capazes de regular os Estados nacionais e garantir direitos de todos. (...) Essa declaração define uma série de direitos, destacando-se: o direito à vida, à nacionalidade; à liberdade de expressão; à proteção contra a prisão arbitrária e contra interferência no lar e na família; à alimentação e a um padrão de vida adequado à saúde e ao bem estar; ao trabalho, ao repouso e ao lazer; à instrução e à participação no processo político (SCHAIBER, 2005, p.107). Leite e Heuseler (2019) relata em seu artigo "A presença da mulher na Segunda Guerra Mundial" que as mulheres atuaram na guerra em linhas de frente e tiveram cargos importantes na luta, porém por outro lado, houve o sofrimento, o não reconhecimento e a violência contra o feminismo, sendo negado como por exemplo, o direito ao voto. As autoras ainda relatam que as mulheres enfrentavam as atrocidades cometidas em campo de guerra e de concentração, além de incêndios provocados por bombardeios, como também a bomba nuclear. Nesse período (1945), poucos países concediam os direitos civis e de cidadania respeitada para as mulheres. Vale informar que durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres exerceram cargos relevantes e que jamais imaginariam assumir, merecendo destaque funções de motoristas de caminhão, engenheiras, condutora de carro tanque, supervisoras de produção, além de atuar em enfermarias e no combate como soldados guerreiras na linha de frente, considerados anteriormente como cargos exclusivamente masculino, modificando a estrutura do mundo e, particularmente, da família, finalizou Leite e Heuseler (2019). Esse feitio desvendou para a sociedade que a mulher pode ocupar atribuição nos mais diversos setores e ter direitos e deveres, defendendo seu espaço e sua nacionalidade em geral. A nacionalidade é um direito fundamental do ser humano e ninguém na Terra deveria ficar desamparado. Ocorre, entretanto, que a Segunda Guerra Mundial mostrou a população e ao mundo como um todo, que a mulher pode, assim como deve, ser inserida no mercado de trabalho, nas mais diversas áreas, cargos e funções e que nada impede de alcançar tal patamar, a não ser o machismo e o preconceito, manipulado por uma sociedade analfabeta, hipócrita e rudimentar. 22 ‘ 1.2 LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL E SEUS ACONTECIMENTOS Após o término de duas grandes guerras mundiais e todo o contexto histórico de violência e discriminação contra as mulheres que perpetua por mais de 200 anos de luta, além das transformações econômicas, diversos países se reuniram para traçar metas para combater essa discriminação e almejar novos horizontes para o público feminino. Santos (2021) afirma que após o fracasso da Liga das Nações, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de cooperar com os povos para a defesa da paz e da segurança internacional. Comenta-se que foi a partir dessa visão que o processo de internacionalização dos direitos humanos passou a ser questionado. No ano de 1945, surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU), uma entidade intergovernamental criada com o intuito de assegurar o apoio internacional entre as nações, e preocupada com a dignidade e os valores das pessoas, adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com o intuito de realizar a proteção destes direitos, independentemente de onde resida. Santos (2021) assegura que o processo de internacionalização dos Direitos Humanos não aconteceu de imediato e sim devido a três princípios que foram realizados em momentos anteriores sendo: "Os direitos humanitário em 1859, na Itália; a Liga das Nações, formada entre França, Inglaterra e Estados Unidos, em 1919 finalmente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. O Jurista e atual Ministro Alexandre de Moraes assegurou a definição de Direitos Humanos como sendo: O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana pode ser definido como Direitos Humanos fundamentais (MORAES, Alexandre, 2011. p. 20). De fato, apesar das batalhas enfrentadas pelas mulheres em busca de melhorias e de conquistar seu espaço na sociedade nos mais diversos setores, ainda sofre muito preconceito e discriminação social, como também o aumento de 23 ‘ casos de violência contra as mesmas por parte não só de seu companheiro, mais sim da sociedade como um geral, estampando nas páginas tamanha barbaridade em pleno século XXI. O secretário-geral da ONU, António Guterres afirma que apesar da Declaração dos Direitos Humanos lutar em defender as causas das mulheres, repudiando qualquer ato de violência contra as mesmas, é crescente as manifestações aos direitos. Guterres relata que: Vemos o aumento da hostilidade contra direitos humanos e seus defensores por parte de pessoas que querem lucrar com a exploração e a divisão. Vemos ódio, intolerância, atrocidades e outros crimes. Estas ações colocam todos em perigo (Antônio Guterres, 2021 em comunicado no Dia Mundial dos Direitos Humanos). Diante de tal situação, sabe-se que apesar das leis estarem em vigor, se faz necessário debater assuntos relacionados as condições de vida das mulheres, além de extinguir e repudiar as situações de violência, preconceitos e desigualdade. Portanto, é direito de toda a sociedade proteger e respeitar o direito de cada ser humano, defendendo e respeitando o direito de orientação sexual. 1.3 CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINACAO SOBRE A MULHER - 1979 Aconteceu nos Estados Unidos, no ano de 1979, mais Precisamente em Nova York, idealizado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, um tratado internacional denominado de Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres (Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women - sigla CEDAW). Esse evento ficou conhecido mundialmente como uma declaração internacional de direitos das mulheres, e a passou a ter validade após o dia 3 de setembro de 1981. Esse documento foi modificado por mais de cinquenta países, incluindo o Brasil que assinou em 1979 e ratificou após 1984. A CEDAW, reconheceu no artigo 2º de sua declaração que: Os Estados-Partes condenam a discriminação contra a mulher em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a discriminação contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem: a) consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constituições 24 ‘ nacionais ou em outra legislação apropriada, o princípio da igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios apropriados à realização prática desse princípio; b) adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra a mulher; c) estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher numa base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação;d) abster-se de incorrer em todo ato ou a prática de discriminação contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituições públicas atuem em conformidade com esta obrigação; e) tomar as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou empresa; f) adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e práticas que constituam discriminação contra a mulher; g) derrogar todas as disposições penais nacionais que constituam discriminação contra a mulher (Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de discriminação contra a Mulher. (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, Nova York, Nações Unidas, 1979, p2 e 3). Essa Convenção, teve seus textos traduzidos em vários idiomas, entre eles, inglês, francês, árabe, espanhol, chinês russo e posteriormente para outros idiomas, como é o caso do português. Além disso foi criado um comitê para acompanhar de perto os trabalhos, com encontros anuais para examinar relatórios e debater outro assuntos pertinentes ao tratado. Dessa forma, esse documento de apoio e proteção dos Direitos Humanos das mulheres, foi uma conquista de extinguir toda e qualquer discriminação contra a mulher. Em seu artigo 1º o documento ainda pronuncia que: Discriminação contra a mulher significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. (Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Forma de Discriminação Sobre a Mulher, 1979). A Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Forma de Discriminação Sobre a Mulher, teve uma grande relevância na conquista e preservação dos direito das mulheres, como também Paula, Rê, Contreras, Dutra, (2021) influenciou novas lutas em busca de leis e conferências internacionais que envolvem questões de gênero, assim como os direitos das mulheres no Brasil. 25 ‘ Ainda no documento (CEDAW), é citado sobre o ato de discriminação contra a mulher alegando que “viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade humana, e constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da sociedade e dificulta o desenvolvimento das potencialidades da mulher para prestar serviço à humanidade”. De fato, para alcançar a igualdade entre a população (homens e mulheres) se faz necessário a obediência dessa ordem para poder construir uma sociedade mais justa e plácida de direitos e deveres para ambos os sexos. 1.4 II CONFERÊNCIA MUNDIAL DOS DIREITOS HUMANOS Discutir o tema dos direitos humanos das mulheres, analisando todo a concepção histórica e os embates políticos que já foram travados, se faz necessário para continuarmos a luta. No artigo “Direitos Humanos a partir de uma Perspectiva de Gênero”, Silvia Pimentel e Valéria Pandjiarjian relatam que os abusos contra as mulheres são indícios de que o Estado não é o detentor exclusivo do uso da violência e para isso, os direitos humanos devem reprimir o autoritarismo do povo machista sobre suas mulheres. A II Conferência Mundial dos Direitos Humanos, foi idealizada em Viena, no ano de 1993 e nesse evento, aprovou a resolução onde cita que a violência contra as mulheres constitui violação dos direitos humanos. De acordo com o documento da Declaração de Viena: “a participação plena e igual das mulheres na vida política, civil, econômica, social e cultural, a nível nacional e internacional, e a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo constituem objetivos prioritários da comunidade internacional”. O artigo 18 de sua Declaração ainda prossegue e identifica que: Os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integrante e indivisível dos direitos humanos universais. A violência de gênero e todas as formas de assédio e exploração sexual são incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser eliminadas. Os direitos humanos das mulheres devem ser parte integrante das atividades das Nações Unidas, que devem incluir a promoção de todos os instrumentos de direitos humanos relacionados à mulher (II Conferência Mundial dos Direitos Humanos, 1993). 26 ‘ Ainda considerando a luta pelas conquistas dos direitos humanos, por oportuno, vale ressaltar a chamada concepção contemporânea de direitos humanos, que veio a ser introduzida pela Declaração Universal de 1948 e subsequente pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, resultado esse “advindo das atrocidades cometidas pelo nazismo” durante os anos de 1933 a 1945, conforme relata Piovesan (2012). A referida autora ainda relata que foi neste cenário que se vislumbra o esforço de reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional. Se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o Pós-guerra deveria significar a sua reconstrução, concluiu Piovesan (2012). Sabe-se que os direitos humanos e sobretudo o direito das mulheres não foi uma conquista espontânea e sim, foi erguido através de lutas e de movimentos sociais durante dezenas e dezenas de anos, ou seja, através de um processo histórico. Existia muita desigualdades social e para ter o direito de ocupar o espaço na sociedade e no público em geral, as mulheres precisavam lutar. É de conhecimento que as mulheres durante séculos, vem sofrendo com as privações de liberdade e de seus direitos humanos, e ao mesmo tempo, exposta a violências e abusos, quer seja no convívio com seu conjugue ou familiares, quer seja no cotidiano ou até mesmo em momento de guerra, onde enfrenta cenas de terror e de lutas constante, por isso, a II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, realizada em 1993 em Viena, vem para resguardar e cobrar o empenho de todos para concretizar e respeitar o bem comum entre todos. No artigo 22, da Declaração instituída na II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (1993), esclarece que a religião também foi tema de preocupação por parte da comissão e repudia a intolerância e violência, ficando a mulher livre para escolher a sua religião ou expressão: “Foi bem apela a todos os Governos para que adotem todas as medidas adequadas, em conformidade com as suas obrigações internacionais e no respeito pelos respectivos sistemas jurídicos, para combater a intolerância e a violência com ela conexa que tenham por base a religião ou o credo, incluindo práticas discriminatórias contra as mulheres e profanação de locais religiosos, reconhecendo que cada indivíduo tem direito à liberdade de pensamento, consciência, expressão e religião. A Conferência convida, igualmente, todos os Estados a porem em prática as disposições da Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discriminação baseadas na Religião ou no Credo” (art. 2, Conferência Mundial dos Direitos Humanos 1993). 27 ‘ A II Conferência Mundial de Direitos Humanos (1993) foi muito importante para garantir a preservação dos direitos humanos e assegurar mais qualidade de vida. Direitos civis, políticos, e assegurar a liberdade econômica, social e cultura oram debatidos, conforme aponta Augusto (2014): Objetivos da II Conferência Mundial de Direitos Humanos foram os seguintes: primeiro, rever e avaliar os avanços no campo dos direitos humanos desde a adoção da Declaração Universal de 1948, e identificar os meios de superar obstáculos para fomentar maior progresso nesta área; segundo, examinar a relação entre o desenvolvimento e o gozo universal dos direitos econômicos, sociaise culturais, assim como dos direitos civis e políticos; terceiro, examinar os meios de aprimorar a implementação dos instrumentos de direitos humanos existentes; quarto, avaliar a eficácia dos mecanismos e métodos dos direitos humanos das Nações Unidas; quinto, formular recomendações para avaliar a eficácia desses mecanismos; e sexto, formular recomendações para assegurar recursos apropriados para as atividades das Nações Unidas no campo dos direitos humanos. (Augusto, 1993, p. 19). Bertholdo. (2021) afirmam em seu artigo que “todos esses direitos afirmados na Declaração Universal, não apresenta caráter jurídico obrigatório e vinculante, assumindo a forma de declaração e não de tratado”. Por sua vez, Bichara e Carreau esclarecem sobre as declarações e convenções acerca dos direitos humanos: Esses tratados internacionais incorporam o acervo jurídico internacional, não exigindo exatamente o seu cumprimento, mas contando com a cooperação dos estados signatários na consecução dos seus diversos objetivos.” (Bichara, Carreau, 2015, p. 482). 1.5 DIA INTERNACIONAL DA MULHER No final do século XIX, as entidades femininas proveniente de movimentos trabalhistas, já vinham realizando protestos na Europa e nos Estados Unidos e um dessas pautas eram os baixos salários devido a inserção pela Revolução Industrial, como também a jornadas de trabalho, que extrapolavam mais de 15 horas diárias. Esse acontecimento fez com que as organizações femininas, iniciassem 28 ‘ movimentos grevistas, reivindicando salários dignos e também o fim do trabalho infantil. De acordo com Graziela (2017), a data 8 de março como dia Internacional da mulher, foi comemorada devido outro marco histórico no ano de 1921 na Conferência Internacional das Mulheres Comunista: O prenúncio desse Dia da Mulher havia ocorrido quatro anos antes, em 1913, quando foi realizado o I Dia Internacional das Trabalhadoras pelo Sufrágio Feminino. Na ocasião, as trabalhadoras russas se reuniram em Petrogrado e foram reprimidas. No evento, remetendo a tal iniciativa das trabalhadoras russas, a data foi proposta como oficial. A partir de 1922, o Dia Internacional da Mulher passa a acontecer em 8 de março (Graziela, 2017, p15). De acordo com a obra Damas de Ouro, Monteiro (2013), apesar de todo o movimento realizado em Copenhagen para alertar os países sobre a instauração de um dia para se comemorar o Dia da Mulher, onde tinha como líder nesse pensamento, a socialista alemã Clara Zetkin, essa informação não havia chegado a América, mais precisamente nos Estados Unidos: Em 1910, durante uma conferência da Internacional Socialista em Copenhagen, na Dinamarca, foi decidida a instauração, em todo o mundo, de um Dia da Mulher. No ano seguinte, mais de um milhão de mulheres foram as ruas em diversos países da Europa para reivindicar o direito de voto e melhores condições de trabalho. A mensagem, porém, não chegou aos EUA (Monteiro e Sita, 2013 p. 177). Dessa forma, nos Estados Unidos, o dia 8 de maio de 1908 foi uma data escolhida para ser comemorada o primeiro dia Nacional de luta das Mulheres com o intuito de mostrar a sociedade que essas mulheres passaram por tempos sombrios e que lutavam para a diminuição da jornada de trabalho nas fábricas. Atualmente o dia 8 de março é comemorado o dia Internacional da Mulher, onde na ocasião o momento passa a ser de reflexões das batalhas vivenciadas durante séculos e heroísmo das mulheres, conquistando respeito e igualdade. Lentamente e a cada ação, as mudanças necessárias vão sendo implementadas na sociedade. 1.6 AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO 29 ‘ Atualmente a inserção feminina é marcante em todos os níveis educacionais e de mercado, porém nem sempre foi assim. Remotamente, as mulheres tinham a função de cuidar dos serviços domésticos e da criação dos filhos. Não tinham direito ao voto, como também não podiam se matricular em escola e universidades. A mulher era considerada pela sociedade como um ser inferior e jamais poderiam ocupar cargos, na qual posteriormente passou a exercer trabalhos braçais escravizados e humilhantes. Por outro lado, o homem era quem podia sair para trabalhar e trazer o sustento para dentro de casa. A reivindicação dos direitos das mulheres passou a ser analisada somente a partir do século 18, com a chegada do Iluminismo e da Revolução Francesa, além da contribuição da Revolução Industrial com os adventos da máquina a vapor e a larga produção e consequentemente, o avanço do consumismo, atrelado ao capitalismo. Após a chegada da Revolução Industrial, as fábricas começaram a substituiu o trabalho considerado artesanal pela produção industrial, com isso, as máquinas a vapor passaram a produzir em série, como também foi necessário mão de obra. Na visão de Rago (1997), nesse período as mulheres passaram por uma série de preconceitos, pois seus salários eram inferiores aos homens, sua carga horária ultrapassava entre 12 e 15 horas, não recebia insalubridades e sem contar com os assédios que as mesmas tinha que enfrentar no dia a dia: As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da classe social a que pertencessem. Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos homens – como naturalmente masculino. Esses obstáculos não se limitavam ao processo de produção; começavam pela própria hostilidade com que o trabalho feminino fora do lar era tratado no interior da família. Os pais desejavam que as filhas encontrassem um bom partido para casar e assegurar o futuro, e isso batia de frente com as aspirações de trabalhar fora e obter êxito em suas profissões. (Rago, 1997, p. 581-582). Se por um lado no período da Revolução Industrial as mulheres eram tratadas de forma inferior, por outro lado, em 1848 o feminismo começou a se fortificar, vindo a acontecer a primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova York. 30 ‘ Após a Revolução Industrial e consequentemente o surgimento das maquinas e a produção em larga escala, a mulher passou a trabalhar mais nas industrias, deixando de exercer apenas o trabalho doméstico. No Brasil não foi diferente, principalmente nos ramos têxtil e de confecções, e por outro lado, diminuindo a participação da mulher nas atividades manufatureiras. Embora as mulheres ganhasse espaço em outros setores que antes era considerado apenas para os homens, a discriminação reinou. As mulheres trabalhavam com cargas horárias muito extensa e recebiam muito pouco com funções idênticas ao homem. HELEIETH (1981) relata que: Ao lado de numerosas discriminações de difícil prova, onde a integridade moral da mulher é testada cotidianamente, figura uma sorte de discriminação proibida por lei no Brasil, assim como num número substancial de países: os diferencias de salários para os homens e mulheres que desempenham funções idênticas. Não se podem alimentar ilusões quanto a eficácia da lei brasileira que proíbe a discriminação salarial entre os representantes dos dois sexo quando no desempenho da mesma função, por que mesmo nos mais avançados países do mundo estes diferenciais de salários existem de maneira até pronunciada. (Heleieth, 1981, p. 32). Destaque-se que Vinhaes (2018) narrou que além da discriminação salarial, as mulheres ainda teve que enfrentar o preconceito do machismo e uma sociedade hipócrita, além de mencionar a condição de que se fosse negra ou pobre, o grau de discriminação e preconceitos predominava: Elementos discriminatórios acentuam quadros de exclusão social, de pobreza e da negação de direitos. Quando se observa a organização do trabalho de mulheres e homens, de brancas e negras, no mercado,a distinção negativa para as condições das mulheres negras reafirma que sua inserção no ambiente doméstico extrapolou os sentidos privados dessa dimensão, como ocorreu para as mulheres brancas, mas também sua maior exclusão na esfera de disputa por espaço de poder e de participação política institucional. O forçado rebaixamento social em razão do racismo tornou essas mulheres mais vulneráveis no enfrentamento da subsistência, afastando-as da imersão discursiva mais sistematizada do tema aqui proposto. (Vinhaes, 2018 p.16). A necessidade do capitalismo atrelada ao modelo ideal das mulheres para almejar novos horizontes e engajar em outros setores da economia, fez com que Ângela (2016) relatasse os contratempos na relação da feminilidade com seu parceiro e trabalho mostrando as dificuldades que a mulher tinha que conciliar: 31 ‘ Quando a produção manufatureira se transferiu da casa para a fábrica, a ideologia da feminilidade começou a forjar a esposa e a mãe como modelos ideais. No papel de trabalhadoras, ao menos as mulheres gozavam de igualdade econômica, mas como esposas eram destinadas a se tornar apêndices de seus companheiros, serviçais de seus maridos. No papel de mães, eram definidas como instrumentos passivos para a reposição da vida humana. A situação da dona de casa branca era cheia de contradições. Era inevitável que houvesse resistência. (Davis, 2016, p. 50). No ano de 1951, Arnaldo (1998) comenta que em Genebra, foi aprovada na 34ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho o plano internacional sobre a Igualdade de Remuneração para homens e mulheres. O artigo 1 da lei, relata a igualdade de valores para ambos os sexos: Art. 1 — Para os fins da presente convenção: a) o termo ‘remuneração’ compreende o salário ou o tratamento ordinário, de base, ou mínimo, e todas as outras vantagens, pagas direta ou indiretamente, em espécie ou in natura pelo empregador ou trabalhador em razão do emprego deste último; b) a expressão ‘igualdade de remuneração para a mão-de-obra masculina e a mão- de-obra feminina por um trabalho de igual valor’, se refere às taxas de remuneração fixas sem discriminação fundada no sexo. (Arnaldo Süssekind, Convenções da OIT, 1998, p. 338) Almeida (1997) escreveu que as normas da OIT, são muito importante para a garantia do direito das mulheres e que essas convenções são tratados leis (normativos) multilaterais que visam a regular certas relações sociais, abertas à ratificação dos Estados-membros da OIT e além disso, “criam obrigações internacionais para os Estados que as ratificam. A verdade é que apesar das mulheres terem conquistado um grande vitória na Conferência da (OIT), onde na ocasião foi sancionada a resolução de salários iguais para homens e mulheres, por outro lado, até os dias atuais tais igualdades ainda reinam mundo a fora. 1.6 A MULHER E OS DIREITOS A EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO Na Europa, muitos filósofos, já defendia que as mulheres deveriam receber uma boa educação. A escritora e filosofa Wollstonecraft (2016) já defendia que 32 ‘ as mulheres deveriam serem educadas em um novo modelo, respeitando a intelectualidade: Se dispensarmos essas teorias ilusórias e considerarmos a mulher como um todo, da maneira como deve ser, e não como parte do homem, a pergunta seria se ela possuiria razão ou não. Em caso afirmativo, o que por ora admitirei, ela não foi criada meramente para ser o consolo do homem, e o caráter sexual não deveria destruir o caráter humano (Wollstonecraft, 2016 p. 78). Wollstonecraft (2016) escreve que para se ter uma educação de qualidade, a moralidade deveria andar juntos. Por sua vez, Ferraz (2016) completa afirmando que a mulher como mãe deveria dar o melhor de si e ser uma verdadeira guerreira, pois além de criar os filhos, ainda precisava ter seu lugar na sociedade e que para isso, a educação feminina deveria ser levada com muita seriedade. Fernandes (2019), relata que no Brasil no período Colonial inicialmente, as escolas foram constituídas, pela ordem dos padres jesuítas e eram voltadas para o público masculino, visando à formação culta e religiosa. As “mulheres brancas, ricas ou não, como as negras escravas e as indígenas não tinham acesso à leitura e à escrita. De fato, nesse período colonial, o interesse da corte era apenas de extrair minério e explorar ao máximo as riquezas encontradas na terra. De acordo com Fernandes (2019), a primeira reivindicação pela instrução feminina no Brasil partiu de um indígena, ao padre Manoel de Nóbrega. A ideia não se concretizou por ter sido considerada ousada demais pela rainha de Portugal. A mulher tinha vontade de aprender a ler e escrever porém como já dito anteriormente, foi negado. Por volta de 1910, as mulheres começaram a dominar o mercado de trabalho do ensino elementar, enquanto os homens seguiam dominando o nível secundário. No entanto, mesmo nas primeiras décadas do século XX, havia a exigência do celibato para que as mulheres pudessem exercer a função de professoras do ensino público. Segundo o Estatuto da Instrução Pública, as professoras tinham que ser solteiras ou viúvas. Se casassem, perderiam o cargo. Entre várias mulheres que se destacaram na educação, menciona-se a polonesa Marie Curier (1867- 1934), na qual desafiou uma sociedade machista 33 ‘ e todos os obstáculos em tempos sombrios e conseguiu se formar em Matemática e Física. Devido a sua formação, a pesquisadora deixou um legado muito importante com a descoberta dos elementos químicos Polônio e Rádio, sendo descoberta a radioatividade, vindo a ser utilizada até os dias atuais e ainda foi a primeira mulher a ganhar dois prémios Nobel, além de ministrar aulas para as mulheres impedidas de estudar, tornando-se uma grande mulher à frente de seu tempo. Strathern (2000) relata na obra Curie e a radioatividade em 90 minutos que: Assim como Einstein tirou partido de sua fama para defender causas liberais, Marie Curie tornou-se um emblema da condição feminina independente. Com seus dois prêmios Nobel e as duas filhas que havia criado sozinha, tornou-se uma inspiração para a geração de mulheres nascida entre as duas guerras. Nenhum campo estava fechado. As mulheres eram capazes de se sair tão bem (ou melhor) que os homens em ciência. E isso não significava que se tivesse de renegar a família (Strathern, 2000, p.28). Dulce (1990) afirma que as mulheres nas últimas décadas “não só conquistou o direito a coeducação, o que beneficia ambos os sexos, como tomou de assalto a universidade”. É notório que os modelos da coeducação se destacaram na sociedade e obtiveram um avanço muito rápido nos últimos anos, dando oportunidade não só para as mulheres e sim, oportunidades entre géneros, formando mulheres e homens com mentes mais culta para que os mesmos respeitem as diferenças e viabilizem a uniformidade de gêneros, além de assegurar o desenvolvimento de uma população justa, ética e a sua diversidade. Dulce(1990) acrescenta que para a sociedade, existem muitas diferenças entre o homem e a mulher culturalmente e na educação informal. Quando se trata das diferenças entre homens e mulheres, o processo ideológico gerado pela educação informal e tão forte que até fica difícil argumentar. A mulher é considerada passiva (não- agressiva), intuitiva (?), dócil e portanto submissa. Veremos como no mundo do trabalho tais mitos são manipulados para afastar as mulheres de certas profissões, mas não impedem que elas realizem pesadíssimas tarefas, desde que desvalorizadas socialmente. (Dulce, 1990, p42). No Brasil, no dia 15 de outubro de 1827, foi criada a primeira lei para tratar da educação para mulheres, porém com uma ressalva, restringindo o acesso às escolas fundamentais. De acordo com o regulamento, o imperador ordenou 34 ‘ construir "escolas de primeiras letras em todas as cidades,vilas e lugares mais populosos do Império" e ainda de acordo com os artigo número 7 º, 12 º e 13 º explana que: Art. 7º Os que pretenderem ser providos nas cadeiras serão examinados publicamente perante os Presidentes, em Conselho; e estes proverão o que for julgado mais digno e darão parte ao Governo para sua legal nomeação. Art. 12. As Mestras, além do declarado no Art. 6º, com exclusão das noções de geometria e limitado a instrução de aritmética só as suas quatro operações, ensinarão também as prendas que servem à economia doméstica; e serão nomeadas pelos Presidentes em Conselho, aquelas mulheres, que sendo brasileiras e de reconhecida honestidade, se mostrarem com mais conhecimento nos exames feitos na forma do Artigo 13. As Mestras vencerão os mesmos ordenados e gratificações concedidas aos Mestres. (Lei de 15 de outubro de 1827). No ano de 1832, foi publicado o livro Direitos das mulheres e injustiças dos homens, escrito pela educadora Nísia Floresta. Essa escritora foi considerada uma mulher anos luzes a frente de seu tempo pelo seu caráter e formas de lutar pelo preconceito contra as mulheres. A obra é considerada o pioneirismo do feminismo brasileiro. Na crítica de Gilberto Freyre (1996), a educadora 1Nísia Floresta foi considerada como “uma exceção escandalosa”: Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio dos homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra-domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas [...], causa pasmo ver uma figura de Nísia (FREYRE, 1996, p.109). Nesse período tenebroso, a intuição de lecionar para as mulheres era habilita-la para um bom desempenho na sua vida doméstica, deixando as lutas sociais para outros momentos vindouros. Floresta (1989) foi defensora dos direitos das mulheres e explana que apesar de acreditar que as mesmas tinham 1 Nísia Floresta Brasileira Augusta, nasceu no dia 12 de outubro de 1810, onde desempenhou grande relevância na educação (positivismo) e deixou um grande legado, sendo considerada a pioneira do feminismo e literatura de autoria feminina no país. Formada em jornalismo e em letras, participou de grandes movimentos sociais. Hoje a sua cidade natal, Papari, no Rio Grande do Norte, leva o seu nome denominada de Nísia Floresta. A referida autora ainda morou na Europa, vindo a falecer na França, no ano de 1885. 35 ‘ capacidade de assumir responsabilidades, naquele momento eram exclusivas do sexo masculino afirmando que: Porque somos excluídas dos cargos públicos; e por que somos excluídas dos cargos públicos? Porque não temos ciência [...] Eu digo mais, não há ciência, nem cargo público no Estado, que as mulheres não sejam naturalmente próprias a preenchê-los tanto quanto os homens (Floresta, 1989, p. 52; 73). Martins (2000) reconhece que Nísia Floresta deixou um grande legado como educadora no Brasil e uma grande contribuição para as futuras gerações: Nísia era uma mulher erudita que militava pelo direito da mulher ao acesso à educação. Essas militâncias estiveram presentes em sua obra, fato que provocou desconforto na sociedade patriarcal na qual vivia. Essas reflexões contribuem para delinear o perfil da mulher no Rio de Janeiro dos oitocentos. E, a partir desse escopo, compreender as circunstâncias presentes no desenvolvimento do trabalho de Nísia Floresta. (Martins, 2010, p. 237). De fato, o objetivo fundamental de Nísia Floresta foi por um mundo mais justo e pacífico em defesa dos direitos femininos, acima de tudo, a garantia do acesso à educação, elemento esse que até hoje as mulheres comemoram e se destacam desde os cargos elementares, até as funções de alto poder na sociedade. Percebe-se que o machismo ainda é forte porém se comparados com tempos passados, as mulheres conquistaram e vem adquirindo seu espaço na sociedade em geral. Apesar das lutas e das dificuldades constante das mulheres, no Brasil o feminismo teve um grande avanço na educação. No ano de 1918, as mulheres tiveram seus direitos defendidos em ter acesso à educação por parte da educadora Maria Lacerda de Moura, onde lançou um livro defendendo a educação como sendo extremamente necessário na transformação da vida das mulheres e ao mesmo tempo, defendendo o processo educacional para as mesmas. Essa publicação foi uma das mais significantes da época, pois marcou o início do feminismo. LEITE (1984), citou que os conceitos de Maria Lacerda de Moura, apesar de serem avaliados como muito radicais, associados ao seu espírito crítico, contribuíram para sua posição algo marginal. 36 ‘ 1.7.1 A Educação das Mulheres no Ensino Superior Sabe-se que a mulher teve acesso à educação bem recente no Brasil, e mais recente quando se aborda a inserção em cursos superiores. Na concepção de Fernandes (2019), “Depois do ano de 1879, o governo imperial permitiu, condicionalmente, a entrada feminina nas faculdades. As candidatas solteiras deveriam apresentar licença de seus pais; já as casadas, o consentimento por escrito de seus maridos”. Apesar da conquista das mulheres em ter acesso ao ensino superior, pouca mulheres foram matriculadas, tendo em vista o preconceito da sociedade em continuar acreditando que a mulher era apenas para ficar em casa cuidado dos filhos e servir ao marido e no máximo, realizar trabalhos domésticos. Nesse período, o espaço para a mulher no mercado de trabalho também era muito reduzido e além disso, as que realizavam o mesmo trabalho do homem com carga horária que ultrapassava as 15 horas, ganhavam bem menos, reinando assim, o preconceito e discriminação. Durante as últimas décadas, o Brasil vem investindo em políticas públicas educacionais e a maneira como o patamar se encontra, além da progressão feminina no ensino superior e a sua posição quanto a classificação, são frutos devido a esse empenho. Em um passado bem próximo, as mulheres recebiam apenas instrução para educar seus filhos e para exercer um trabalho doméstico, e jamais poderia ocupar posições de destaque na sociedade. Sabe-se que o investimento em políticas públicas no país, ainda é considerado muito baixo. Por outro lado, Carvalho (2017) argumenta que apesar das conquistas e do enfrentamento ao preconceito contra as mulheres na acessibilidade na educação, sabe-se que a sociedade ainda continua com discriminação e a percepção de forma diferente, afirmando que as mulheres "continuam marcadas pelos tradicionais estereótipos atribuídos aos papéis femininos". De acordo com a análise da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES-2016) atualmente a grande maioria dos estudantes matriculados no ensino, são mulheres, chegando a somar 52% das matrículas no ensino médio. Além do mais, as 37 ‘ mulheres repetem menos, evadem menos e concluem a educação básica em maior proporção. Por sua vez, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) realizou o Censo da Educação Superior (2019), mostrando que as mulheres continuam a frente na educação no ensino superior. O Censo (2019) mostra que o corpo discente feminino, são referência na conclusão dos cursos de Graduação Presenciais. De um total de quase meio milhão de concluintes (448.120) no ano de 2019, destes 263.984, são do sexo feminino e 184.136 são do sexo masculino. Ainda conforme o Censo 2019 do INEP, o número de mulheres concluintes em cursos de graduação tanto presenciais, quanto a Distância, se torna bem maior se comparado com o corpo discente masculino. O censo 2019 diagnosticou que 752.417 mulheres concluíram o ensino superior no ano de 2019. Já os homens, esse número foi bem inferior, ou seja, o número de concluintes em cursos de graduação presenciais e a distância foram de 497.659, ficando quase 255 mil a menos que as mulheres.Por outro lado, apesar das mulheres ter conseguido o direito à educação e garantir sua posição de escolaridade em destaque, as desigualdades ainda reinam quando o assunto é garantia de direitos e igualdade de salários, tal resultado foi analisado nos dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE 2014): Apesar da superioridade escolar feminina, os resultados no mercado de trabalho não favorecem as mulheres. O rendimento feminino não se iguala ao masculino em nenhuma das áreas gerais, conforme evidencia a razão entre o rendimento das mulheres e o rendimento dos homens (IBGE, 2014). Exemplifica que as mulheres continuam a frente no ensino superior, lutando e se qualificando para conquistar cada vez mais o mercado de trabalho e conquistar espaços jamais imaginários. Apesar das mulheres serem a maioria no ensino superior, lutando e se qualificando para conquistar espaços jamais imaginários, ainda enfrentam cenários desiguais, trabalhando em jornadas extrapoladas mais do que os homens, ou seja, além de cuidar dos filhos e de todo o trabalho doméstico, muitas delas, sustentam sua família com o sustento que ganha. Por fim, percebe-se que apesar de ter o direito de igualdade de gênero conquistados, as 38 ‘ mulheres ainda terão que enfrentar muitas barreiras e desafios em sociedade machista e preconceituosa. CAPITULO II Nesse capítulo, faz-se um resumo sobre a violência doméstica e suas ferramentas de defesa, descrevendo os tipos e conceitos de violência e o termo feminicídio. Além disso, descrevemos sobre a Convenção sobre a Eliminação de todas das formas de Discriminação Racial e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. Além disso, traz-se nessa obra, a vida e o grande legado que Maria da Penha Maia Fernandes contribuiu para a vitória do contexto atual e a inserção de leis para a proteção das mulheres. Por fim, analisamos as medidas protetivas, ou seja, ferramenta de proteção, onde a vítima solicita após confeccionar o Boletim de Ocorrência e isso garante o afastamento do agressor em até 48 horas. 1- FEMINÍCIDIO 39 ‘ De todas as violências que as mulheres enfrentam no cotidiano, pode-se considerar que a violência doméstica principalmente exercida por seus parceiros, é uma das maiores causas de agressão no Brasil que mais matam as mulheres. Apesar das mulheres terem conquistados no decorrer de séculos os seus direitos (direitos garantidos na Constituição Federal (1988) e em todas as convenções e Tratados Internacionais), muitas mulheres desistem de denunciar seus parceiros e permanecem caladas com medo de represália, no qual a maioria dos motivos é devido a dependência financeira, a insegurança e também do resultado o medo do resultado da justiça em caso do agressor se tornar inocente e posteriormente isso termine em morte. O Feminicídio é considerado o homicídio de uma mulher apenas pelo simples fato de ser mulher, englobando várias motivações, entre elas, o desprezo, ou até mesmo o sentimento de perda, o ódio, entre outros motivos. De acordo com o Atlas da violência (2020) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os anos de 2008 e 2018, aproximadamente 4.519 mil mulheres foram assassinadas, uma taxa de 4,3 a cada 100 mil mulheres e destas, 68% das vítimas, eram mulheres negras e esse fator contribuiu para o aumento de 12,4 % de crimes praticados contra as mulheres negras, portanto, no Brasil a cada 2 horas, uma mulher é assassinada, deixando o Brasil em um dos maiores patamares quando o assunto é homicídio contra mulher. Sabe-se que esses números podem ser bem maiores. Waiselfisz (2015) afirma que não descarta que o termo feminicídio engloba vários termos no mundo e esses dados estão sujeitos controvérsias e críticas: Não ignoramos que, atualmente, existem e coexistem diversos termos recentemente cunhados, que não têm aceitação universal e estão sujeitos ainda a críticas e controvérsias. Não é nossa intenção aprofundar na polêmica nem dirimir nas discussões sobre os conteúdos políticos ou conceituais da terminologia. (WAISELFISZ J.J. Mapa da violência 2012, p. 8). Já para Pasinato (2011) relata sobre a terminologia do termo da violência contra a mulher (feminicídio) e descreve as dificuldades em analisar os dados estatísticos tendo a confiabilidade para analisar a questão: Um dos maiores desafios para a realização desses relatórios é a falta de informações oficiais sobre essas mortes. As estatísticas da polícia e do Judiciário não trazem, na maior parte das vezes, informações sobre o sexo das vítimas, o que torna difícil isolar as mortes de mulheres no conjunto de homicídios que ocorrem em cada localidade. Além disso, na maior parte dos países não existem 40 ‘ sistemas de informações judiciais que permitam conhecer quantos processos judiciais envolvendo crimes contra mulheres chegam a julgamento e quais as decisões obtidas (Pasinato, 2011, p. 2.) Conforme o Mapa da violência divulgado pela ONU (2015), o Brasil ocupa a 5ª posição mundial no índice de feminicídio, e além disso, vale ressaltar que 64,2% dos casos, o agressor é companheiro da vítima ou até mesmo membro da família. Ainda analisando o resultado da pesquisa em questão, o tipo de ocorrência designada de lesão corporal, lidera os números de ações penais, ou seja, nos últimos 5 anos, 157.012 processos foram denunciados nos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher. Ainda com relação aos homicídios praticados contra a mulher no mundo, de acordo com os dados do Mapa da Violência (2015), indica que o Brasil tem taxas superiores ao do Reino Unido (48 vezes mais homicídios femininos), Irlanda (24 vezes mais homicídios femininos) e por fim, 16 vezes mais homicídios femininos que Japão ou Escócia. Além disso, a pesquisa apontou que a mulher negra é vítima prioritária da violência e que as taxas de homicídio da população branca estão diminuindo, enquanto aumentam as taxas de mortalidade entre os negros. Por essa razão, foi publicada no dia 9 de março de 2015, a Lei nº 13.104 (2015), onde alterou o artigo 121 do Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072/1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. De acordo com a Lei nº 13.104 (2015), e considerado crime de feminicídio quando há violência contra a mulher por razões da condição ser do sexo feminino envolvendo violência doméstica e família e menosprezo ou discriminação à condição de mulher. O artigo 7º Brasil (2015) em questão ainda relata que a Pena do crime praticado de feminicídio se torna mais grave quando é aumentada de 1/3 até a metade caso o crime seja praticado no período de gestação ou logo após os 3 meses seguintes após parto, ou que a vítima seja menor de 14 anos ou maior de 60 anos e ainda com deficiência. Fragoso (2002) agrega o significado de feminicídio baseado nas questões social, econômica e política em que vivem essas mulheres relatando que a análise de classe social e de outras estruturas de poder ou condições materiais que podem 41 ‘ influir na violência por parte dos homens contra as mulheres são apenas mencionadas, sem análise (Fragoso, 2002, p.4). Sabe-se que o feminicídio foi designado durante anos, como crime passional, ou seja, quando há uma ligação amorosa/sexual entre o agressor e a vítima. Ainda com relação ao termo femicídio (feminicídio), Fernandes (2015), citando Melo, ratifica a maneira como a expressão foi utilizada: A opção deste termo serve para demonstrar o caráter sexista presente nesses crimes, desmistificando a aparente neutralidade subjacente ao termo assassinato, evidenciando tratar-se de fenômeno inerente ao histórico processo de subordinação das mulheres (Fernandes,2015, p. 71). Na visão do autor citado, antigamente o crime de feminicídio era considerado passional porque havia sentimento ou emoção de afeto entre o casal e com sentimento de posse em relação à vítima, onde muitas vezes, o crime era praticado com um sentimento de paixão doentia, ou seja, com comportamento possessivo e dominador e muitas das vezes o parceiro se tornava agressivo, vindo a acontecer as agressões físicas, e sexo sem a vontade da vítima (estupro) e na grande maioria acontecia o mais grave: o homicídio. Antes da Lei entrar em vigor, caso acontecesse um homicídio e fosse comprovado que se tratou de um crime passional, ou seja, que teve como motivação uma violenta emoção, a pena era diminuída entre um sexto e um terço. 2.1 CONVENÇÃO SOBRE ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL A Convenção sobre a Eliminação de todas das formas de Discriminação Racial, foi um evento que foi adotado pelo Brasil no ano de 1969 e anteriormente foi aprovado pelas Nações Unidas (1965). Essa convenção foi promulgada mediante o decreto nº 65.810/1969, onde Brasil (1969) menciona que de acordo com os princípios básicos de igualdade e dignidade a população em geral, afim de promover e encorajar o respeito universal com observância nos direitos humanos sem discriminação de sexo, raça ou religião, proclama que os homens que nascem livres e igual em dignidade, tem os mesmos direitos garantidos, sem distinção de 42 ‘ qualquer natureza e de raça ou nacionalidade, ou seja, todos os serem humanos são iguais perante a lei e tem a proteção dos direitos contra discriminação e incitamento a discriminação, podendo viver em paz e harmonia entre sociedades. Ainda de acordo com Brasil (1969), a discriminação racial pode ser considerada qualquer distinção, exclusão ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica. Analisando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, o estudo mostrou que 42,7% dos brasileiros se declararam como brancos, 46,8% pardos, 9,4% como pretos e 1,1% como amarelos ou indígenas. Sabe-se que apesar de existir leis que asseguram esses cumprimentos, diariamente vimos estampados nas mídias nacionais e internacionais, os números alarmantes de discriminação racial, principalmente no que se refere aos negros. Segundo a Revista Veja (2020) foi encomendado uma pesquisa ao Instituto Paraná Pesquisas, para saber se o Brasil era um país racista. Dos 61% dos entrevistados relataram que o Brasil é um país racista, enquanto 34% negaram o problema. Além disso, outro dado relevante da pesquisa, foi o fato de que "67% das mulheres admitem o problema, contra 54% dos homens, e que, quanto maior o grau de escolaridade dos entrevistados, maior é a porcentagem daqueles que reconhecem o racismo". Almeida (2018), descreve que o racismo está associado a uma ideologia de acordo com o convívio de uma determinada sociedade exemplificando a vida real. Uma pessoa não nasce branca ou negra, mas torna-se a partir do momento em que seu corpo e sua mente são conectados a toda uma rede de sentidos compartilhados coletivamente, cuja existência antecede à formação de sua consciência e de seus efeitos (ALMEIDA, 2018, p. 53). Ainda na visão do autor, o racismo é uma discriminação que está associada a raça como base de uma maneira sistemática onde tem a raça como fundamento, onde evidencia através de práticas lucidas ou inconscientes onde complementa com inferioridade ou privilégios, dependendo do grupo racial que esteja inserido. Comenta-se que no processo de colonização do Brasil, devido a forma de escravidão que esta nação passou com o advindo de muitos negros do continente Africano, amarrados e em condições extremamente desumanas, em navios denominados de "navios negreiros", onde muitos morreram de fome e frio, onde se 43 ‘ perpetuaram em três séculos de escravidão, deixaram marcas profundas na sociedade brasileira. Após a libertação dos escravos através da Lei Áurea (1888) pela princesa Isabel, até os dias atuais, gradativamente foi surgindo leis para amparar e diminuir a discriminação no Brasil. Sabe-se que por um lado os homens sofrem preconceitos por serem negros, imagina quando as vítimas são mulheres. Cita-se que quando o assunto é discriminação na hierarquia de gênero, o número de vítimas sendo mulheres negras são alarmantes, tanto em vítimas de mortes, quanto em vítimas de violência doméstica. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA (2008), a discriminação motivada pela sociedade, está disseminada em vários campos, como por exemplo, no sistema educacional: No sistema educacional, seus impactos incidem na reprodução de estereótipos ligados às convenções sociais de gênero e de raça originando e reforçando uma segmentação sexual do mercado de trabalho e das ocupações sociais. Se para as mulheres os indicadores de acesso e permanência são, na média superiores aos masculinos, no que se refere à dimensão racial, o sistema de ensino é marcado por desigualdades que incidem sobre o acesso e a permanência dos alunos (as) negros(as). Este elemento é bastante significativo, uma vez que a escolarização é indicada como necessária à constituição de melhores oportunidades sociais futuras. (IPEA, Retrato das Desigualdades de gênero e raça, 2008. P. 19). 2.2 CONVENÇÃO INTERAMERICANA: “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ” No dia 09 de junho de 1994, as mulheres foram contempladas com um importante documento em prol do combate a punição e erradicação da violência, ou seja, o projeto foi aprovado no 24º Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), isto é, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. De acordo com a Convenção Interamericana, de imediato o documento não passou a vigorar, pois antes teve que ser submetida ao órgão constitucional (Congresso Nacional) que aprovou no dia 31 de agosto de 1995, mediante Decreto Legislativo nº 107. Na oportunidade, salienta-se que a Convenção entrou em vigor internacional em 3 de março de 1995, sendo um importante documento de referência mundial ao 44 ‘ enfrentamento à violência contra a mulher. Ainda conforme o Decreto Nº 1.977, artigo 1 º, passou a ser vigorada em todo o país mediante a Carta de Ratificação, decretando: Art. 1º A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994, apensa por cópia ao presente Decreto, deverá ser executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. (Convenção de Belém do Pará, 1994). No dia 1º de agosto de 1996, esse documento, foi promulgado mediante Decreto de Nº 1.973 que relata o seguinte: Reconhecendo que o respeito irrestrito aos direitos humanos foi consagrado na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e reafirmado em outros instrumentos internacionais e regionais, afirmando que a violência contra a mulher constitui violação dos direitos humanos e liberdades fundamentais e limita todas ou parcialmente a observância, gozo e exercício de tais direitos e liberdades; Preocupados por que a violência contra a mulher constitui ofensa Contra a dignidade humana e é manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens; Recordando a Declaração para a Erradicação da Violência contra a Mulher, aprovada na Vigésima Quinta Assembleia de Delegadas da Comissão Interamericana de Mulheres, e afirmando que a violência contra a mulher permeia todos os setores da sociedade, independentemente de classe, raça ou grupo étnico, renda, cultura, idade ou religião, e afeta negativamente suas próprias bases; Convencidos de que a eliminação da violência contra
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