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ENSINO A DISTÂNCIA TEORIA DAS ESTRUTURAS II TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 1TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 1 14/10/2021 15:34:3114/10/2021 15:34:31 Copyright © 2021 by Editora Faculdade Avantis. Direitos de publicação reservados à Editora Faculdade Avantis e ao Centro Universitário Avantis – UNIAVAN. Av. Marginal Leste, 3600, Bloco 1. 88339-125 – Balneário Camboriú – SC. editora@avantis.edu.br Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2010. Nenhuma parte pode ser reproduzida, transmitida ou duplicada sem o consentimento da Editora, por escrito. O Código Penal brasileiro determina, no art. 184, “dos crimes contra a propriedade intelectual”. Editoração: Patrícia Fernandes Fraga Tayane Medeiros d’Oliveira Projeto gráfico e diagramação: Ana Lúcia Dal Pizzol TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 2TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 2 14/10/2021 15:34:3114/10/2021 15:34:31 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DA DISCIPLINA Apresentar, discutir, interpretar e aplicar conceitos que estejam em conformidade com o estabelecido pelas diretrizes curriculares CNE/CES dos cursos superiores de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, no que tange o desenvolvimento de atividades profissionais de coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação de estruturas. Exibir, discutir, interpretar e aplicar conceitos acerca do comportamento mecânico de estruturas e conjuntos de elementos estruturais associados aos sistemas estruturais específicos, de maneira que possam atender de forma satisfatória às solicitações de trabalho e as condições de uso as quais estão submetidos. Estimular o desenvolvimento de modelos cognitivos, teóricos e práticos de interpretação, análise crítica e proposição de solução para problemas de ordem mecânica nas estruturas. Permitir a compreensão do comportamento mecânico das estruturas, além da utilização de métodos científicos no desenvolvimento de projetos estruturais. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 3TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 3 14/10/2021 15:34:3114/10/2021 15:34:31 O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO A disciplina Teoria das Estruturas II é essencial para a formação profissional sólida de todo Arquiteto e Urbanista e Engenheiro Civil. É ela que permite a estes profissionais a compreensão das características e dos comportamentos físicos dos distintos elementos estruturais que compõem as edificações e nelas exercem papéis importantes: receber e transferir cargas com segurança e, também, manter a edificação em pé, com estabilidade. Para que você compreenda a importância das estruturas, vamos fazer uma comparação com o corpo humano. Como você um dia aprendeu, o corpo de todo ser humano é composto de diversos sistemas, em que cada um deles desempenha um papel específico: Sistema Digestório, Sistema Circulatório, Sistema Respiratório, Sistema Reprodutor, Sistema Locomotor, Sistema Esquelético, dentre outros. Peço a você que recorde de um sistema específico do corpo humano: o Sistema Esquelético. Observe que este sistema é responsável pela sustentação do nosso corpo, apresentando unidades estruturais, os ossos, que através de conexões específicas suportam e transferem o carregamento de todos os nossos tecidos, órgãos, sistemas para áreas determinadas do corpo, nas quais toda esta carga pode ser dissipada. Veja, também, que para o Sistema Esquelético funcionar de maneira adequada e cumprir com as funções que lhe foram determinadas por milênios de evolução da natureza, é necessário que sejamos cônscios de nossos limites, seja no que tange o comportamento físico dos ossos, bem como nossa capacidade de suportar cargas. Uma vez que estes comportamentos não são compreendidos, bem como os limites não são respeitados, as consequências são fissuras, chegando até o ponto da fratura. Agora, faça uma comparação com as estruturas de uma edificação: ela é composta de unidades estruturais que são as barras verticais, as barras horizontais, placas, cascas e cada um destes elementos, assim como os ossos do nosso corpo, suportam e transferem carregamento de todo o edifício para áreas determinadas, em que esta carga pode ser dissipada. Observe que, para que as estruturas mencionadas trabalhem de maneira adequada e cumpram, cada uma, com as funções que lhes foram determinadas pelo projeto estrutural, é necessário que tanto o engenheiro civil quanto o arquiteto urbanista conheçam comportamento físico, bem como os limites de cada elemento, seja uma barra horizontal, uma barra vertical, uma placa ou uma casca. Assim, é conhecendo o comportamento das estruturas que tanto engenheiros civis como arquitetos e urbanistas têm mais segurança no desenvolvimento de projetos estruturais e projetos arquitetônicos, bem como proporcionam maior estabilidade e eficiência estrutural nas construções. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 4TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 4 14/10/2021 15:34:3114/10/2021 15:34:31 PROFESSOR APRESENTAÇÃO DO AUTOR ALEXANDRE MARTINS DE LIMA Sou Doutor em Desenvolvimento Sustentável no Trópico Úmido, com área de concentração em História Social. Tenho Mestrado em Engenharia Civil, com área de concentração em Estruturas e Materiais. Graduado em Arquitetura e Urbanismo, formado pela Universidade Federal do Pará. Sou professor no Ensino Superior desde 2002, atuante nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Design Gráfi co, Design de Interiores, lecionando disciplinas que vão desde o Desenho à Mão Livre a Estruturas e Materiais de Construção. O que me permite transitar em tantas disciplinas e cursos diferentes é minha sólida e variada formação acadêmica, aliada à minha atuação profi ssional. Estas são partes indissociáveis de um único universo: a teorização acadêmica e a prática profi ssional. Além de professor no Ensino Superior, também desenvolvo projetos arquitetônicos através do Escritório SFN Arquitetura, com sede em Belém, mas atuante em toda a região Norte e Nordeste do Brasil. Como arquiteto e urbanista, desenvolvo projetos arquitetônicos e urbanísticos de baixa, média e alta complexidade, porém concentro minha produção em projetos de edifi cações residenciais unifamiliares e edifi cações de múltiplos pavimentos. Latt es: htt p://latt es.cnpq.br/6760812737854507 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 5TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 5 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 6TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 6 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 SUMÁRIO UNIDADE 1 - ESTUDO DE ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS PELO MÉTODO DAS FORÇAS .......................................................................................................................................................................................11 INTRODUÇÃO À UNIDADE ........................................................................................................................................12 1.1 GRAUS ESPECÍFICOS DE ESTATICIDADE....................................................................................................12 1.2 MÉTODO DAS FORÇAS .......................................................................................................................................18 1.2.1 Método das Forças: Vigas ..................................................................................................................................... 21 1.2.2 Método das Forças: Pórticos ............................................................................................................................ 27 1.2.3 Método das Forças: Treliças .............................................................................................................................. 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................43 EXERCÍCIO FINAL ....................................................................................................................................................... 44 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................. 46 UNIDADE 2 - ESTUDO DE ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS PELO MÉTODO DA RIGIDEZ .........................................................................................................................................................................................47 INTRODUÇÃO À UNIDADE ...................................................................................................................................... 48 2.1 MÉTODO DA RIGIDEZ ........................................................................................................................................ 49 2.1.1 Método da Rigidez: Treliças ..................................................................................................................................52 2.1.2 Método da Rigidez: Vigas ....................................................................................................................................56 2.1.3 Método da Rigidez: Pórticos ...............................................................................................................................60 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................67 EXERCÍCIO FINAL ....................................................................................................................................................... 68 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................71 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 7TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 7 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 UNIDADE 3 - AÇÕES OU CARGAS EM ESTRUTURAS ...............................................................73 INTRODUÇÃO À UNIDADE ....................................................................................................................................... 74 3.1 AÇÕES OU CARREGAMENTOS PERMANENTES .................................................................................... 77 3.2 AÇÕES OU CARREGAMENTOS VARIÁVEIS ..............................................................................................82 3.3 CARREGAMENTOS VERTICAIS ..................................................................................................................... 84 3.4 AÇÕES PROVENIENTES DAS LAJES ......................................................................................................... 86 3.5 CARREGAMENTOS HORIZONTAIS .............................................................................................................. 86 3.5.1 Ação dos Ventos ...........................................................................................................................................................88 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................101 EXERCÍCIO FINAL ......................................................................................................................................................102 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................104 UNIDADE 4 - DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS.................105 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................................................................... 106 4.1 DIMENSIONAMENTO DE PLACAS (LAJES E MARQUISES) ........................................................... 107 4.1.1 Lajes Armadas em Uma Direção ..................................................................................................................... 110 4.1.2 Lajes Armadas em Duas Direções ................................................................................................................ 116 4.2 DIMENSIONAMENTO DE BARRAS HORIZONTAIS (VIGAS) ..........................................................130 4.2.1 Viga Simplesmente Armada à Flexão ........................................................................................................ 131 4.2.2 Viga Duplamente Armada à Flexão ........................................................................................................... 135 4.2.3 Viga Armada ao Cisalhamento .......................................................................................................................137 4.3 DIMENSIONAMENTO DE BARRAS VERTICAIS (PILARES) ...........................................................139 4.3.1 Índice de Esbeltez ( ) ......................................................................................... 140 4.3.2 Excentricidade das Cargas no Pilar ........................................................................................................... 141 4.3.3 Área de Armadura Longitudinal ................................................................................................................... 142 4.3.4 Armadura Mínima Longitudinal, Espaçamento Longitudinal e Armadura Transversal .................................................................................................................................................................................144 4.4 DIMENSIONAMENTO DE ESCADAS ..........................................................................................................149 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 8TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 8 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 4.4.1 Cálculo da Espessura .............................................................................................................................................149 4.4.2 Esforços............................................................................................................................................................................150 4.4.3 Cálculo da Área de Armadura ......................................................................................................................... 151 4.4.4 Cálculo da Quantidade e Espaçamento da Armadura ...............................................................154 4.5 DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES ...................................................................................................155 4.5.1 Fundações Superficiais - Sapatas ............................................................................................................... 155 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................... 160 EXERCÍCIO FINAL .......................................................................................................................................................161 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................163 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 9TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 9 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 10TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 10 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 1 UNIDADE ESTUDO DE ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS PELO MÉTODO DAS FORÇAS TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 11TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 11 14/10/2021 15:34:3214/10/2021 15:34:32 12 TEORIA DAS ESTRUTURAS II INTRODUÇÃO À UNIDADE Antes de abordarmos o método das forças em elementos e sistemas estruturais, lembre-se que um sistema é um conjuntode elementos interdependentes, com o objetivo de formar um todo organizado, que cumpre uma função específica – tornando-se necessário que antes definamos o que são estruturas hiperestáticas. Na mecânica estrutural, denominamos de estruturas hiperestáticas aquelas nas quais o número de reações é superior ao número de equações da estática. Assim, estas equações passam a ser insuficientes para a determinação de todas as reações em uma dada estrutura. É importante mencionar que a hiperestaticidade é uma condição específica, que está relacionada com o grau de estaticidade das estruturas. Que tal lembrar dos três graus específicos de estaticidade estrutural? Vamos lá? 1.1 GRAUS ESPECÍFICOS DE ESTATICIDADE Existem três graus específicos de estaticidade que caracterizam as estruturas, sendo elas classificadas: • Estruturas hipostáticas. • Estruturas isostáticas. • Estruturas hiperestáticas. 9 Estruturas Hipostáticas De maneira simplificada, as estruturas hipostáticas são aquelas nas quais o número de reações de apoio (ou vinculares) é inferior ao número das equações de equilíbrio (ou TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 12TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 12 14/10/2021 15:34:3314/10/2021 15:34:33 13 TEORIA DAS ESTRUTURAS II equações da estática) disponíveis, caracterizando o sistema pelo excesso de equações em relação ao número de reações, como pode ser observado na Figura 01. Desta maneira, o sistema apresenta “N” soluções e, consequentemente, não tem validade como proposta de solução estrutural. Qualquer estrutura deste tipo não deve ser utilizada como proposta estrutural nos projetos de engenharia e de arquitetura, uma vez que a maior característica das estruturas hipostáticas é a instabilidade, o que acaba gerando algum tipo de movimentação na estrutura. Esta característica é observada porque os apoios são insuficientes para restringir os movimentos da estrutura. Porém, é possível que aconteça de o carregamento impedir os graus de liberdade que os apoios não foram capazes de interditar. Neste caso específico, apresenta-se o que é definido como equilíbrio instável. Figura 01 - Exemplos de modelos hipostáticos, nos quais a quantidade de reações é menor do que a quantidade de equações de equilíbrio Fonte: Elaborada pelo autor (2021). É possível que a estrutura apresente reações de apoio superiores ao número de equações da estática; no entanto, pode ainda ser classificada como uma estrutura hipostática. Para que isto ocorra, basta que a estrutura esteja equilibrada somente em um único sentido, não impedindo que uma força contrária, em um sentido oposto, desequilibre todo o sistema. Um exemplo deste tipo de estrutura está na Figura 02. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 13TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 13 14/10/2021 15:34:3314/10/2021 15:34:33 14 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 02 - Carrinho de supermercado, em que o usuário aplica forças e ele se movimenta. Fonte: Shutterstock (2021). Um carrinho de supermercado possui uma estrutura formada por barras solidarizadas. Analisando o sistema, é possível classificar como uma estrutura hipostática, posto que, se forem aplicadas forças horizontais neste carrinho, ele apresentará movimento tanto linear quanto de rotação. Também temos exemplos cotidianos de estruturas hipostáticas em mobiliários que usamos, como cadeiras e mesas, apresentado na Figura 03. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 14TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 14 14/10/2021 15:34:3314/10/2021 15:34:33 15 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 03 - Mesa e cadeiras: estruturas hipostáticas. Fonte: Shutterstock (2021). Estes mobiliários são compostos principalmente por barras e placas, à semelhança da estrutura de um edifício. As cadeiras e mesas suportam os esforços do peso das pessoas sentadas ou apoiada neles, no entanto, sofrem deslocamento ao receberem ação de forças horizontais. Um exemplo de estrutura semelhante são os guindastes de pórticos para containers. Observando a Figura 04, a estrutura em si se apresenta estável, exatamente como o comportamento observado em uma cadeira. Porém, ao receber força no plano horizontal, ela se desloca. Isto acontece para que ela possa transportar os containers de um local ao outro ao longo dos portos ao redor do globo. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 15TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 15 14/10/2021 15:34:3314/10/2021 15:34:33 16 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 04 - Guindastes de pórtico apresentam estrutura estável e firme, capazes de suportar esforços no plano vertical. A estrutura se desloca inteira ao receber esforços no plano horizontal. Fonte: Shutterstock (2021). 9 Estruturas Isostáticas O prefixo “iso”, presente no nome deste tipo de estrutura, provém de uma palavra grega que significa igualdade. Por consecução, as estruturas isostáticas são aquelas em que o número das reações de apoio, ou vinculares, é igual ao número das equações de equilíbrio, ou equações da estática, disponíveis. Assim, diz-se que o sistema é determinado. Estas estruturas são caracterizadas por não possuírem nenhum tipo de movimento, pois não apresentam nenhum grau de liberdade, como pode ser observado na Figura 05. Figura 05 - Modelos de viga simplesmente apoiada, no qual o sistema é determinado devido o número de reações vinculares ser igual ao número de equações de equilíbrio. Fonte: Elaborada pelo autor (2021). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 16TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 16 14/10/2021 15:34:3314/10/2021 15:34:33 17 TEORIA DAS ESTRUTURAS II 9 Estruturas Hiperestáticas As estruturas hiperestáticas são as mais frequentemente utilizadas na construção civil, uma vez que este tipo de infraestrutura possui uma espécie de “reserva de segurança”, pois apresenta condições além das necessárias para manter o equilíbrio estático do sistema, mantendo a sua estabilidade. A hiperestaticidade é uma condição, como mencionada no início desta introdução, ocasionada pelo número de reações vinculares ser maior do que o número de equações de equilíbrio. É importante lembrar que este tipo de estrutura apresenta graus diferentes de hiperestaticidade. O excesso das reações, em relação às equações de equilíbrio, caracteriza cada grau de hiperestaticidade. Desta forma, temos o grau 01 e grau 02, como mostram as Figuras 6A e 6B. Figura 6A - Estrutura hiperestática grau 01. Figura 6B - Estrutura hiperestática grau 02. Fonte: Elaborada pelo autor (2021). IMPORTANTE Os graus de estaticidade têm a ver com a quantidade de reações de apoio e a quantidade de equações da estática! Hipostática: quantidade de reações é menor do que a quantidade de equações. Isostática: quantidade de reações é igual a quantidade de equações. Hiperestática: quantidade de reações é maior que a quantidade de equações. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 17TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 17 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 18 TEORIA DAS ESTRUTURAS II SUGESTÃO DE LEITURA Para você relembrar os conceitos trabalhados até aqui e avançar um pouco mais na análise estrutural, recomendamos a leitura do PDF sobre “Conceitos Básicos em Análise Estrutural”, em: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1002/Downloads/_Cap_2_Conceitos_basicos_de_anali- se_estrutural.pdf 1.2 MÉTODO DAS FORÇAS Agora que fi zemos uma breve introdução sobre a estaticidade das estruturas, começaremos a trabalhar com uma metodologia de avaliação e cálculo de estruturas hiperestáticas, especifi camente as vigas, os pórticos e as treliças. Perceba que pórticos e vigas são elementos muito utilizados nas construções desde a antiguidade. Um exemplo clássico está na estrutura porticada do Partenon, na Grécia, que você pode ver na Figura 07. Vale ressaltar que, na Arquitetura e Urbanismo, o conjunto pilar-viga-pilar é também denominado de “sistema arquitravado”. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 18TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 18 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 19 TEORIA DASESTRUTURAS II Figura 07 - Partenon, na Acrópole de Atenas. O conjunto viga-pilar-viga que compõe pórticos sucessivos também é conhecido na arquitetura como “sistema arquitravado”. Fonte: Shutterstock (2021). Já as treliças se popularizaram nas construções, principalmente após a Revolução Industrial, com a introdução das barras metálicas na construção civil. As treliças foram utilizadas em diversas pontes ao redor do mundo, como pode ser observado na Figura 08. Isto ocorreu não só por sua grande capacidade de receber e transmitir cargas, como também pela possibilidade de vencer grandes vãos. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 19TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 19 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 20 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 08 - Ponte treliçada da Ferrovia Union Pacific, atravessando o Rio Neosho, em Fort Gibson, Oklahoma, Estados Unidos. A ponte ainda permanece em uso. Fonte: Shutterstock (2021). Agora que você, estudante, já lembrou dos elementos estruturais relevantes na história da construção mundial, neste momento, é importante estabelecer um método avaliativo de estruturas. Utilizar um método de avaliação é fundamental, uma vez que ele organiza o trabalho do engenheiro civil e do arquiteto e urbanista, estabelece como princípio inicial a coleta de dados, posteriormente a avaliação das peças estruturais e do sistema em geral e, posteriormente, a proposição do cálculo e sua validação. Para que possamos trabalhar de maneira adequada com o Método das Forças, é importante observarmos que, na maioria dos modelos de Engenharia Civil e de Arquitetura e Urbanismo, as estruturas projetadas, construídas e analisadas apresentam mais reações de apoio do que com ações da estática, caracterizando, assim, sistemas estruturais hiperestáticos, necessitando de mais equações auxiliares para serem resolvidas. O Método das Forças também é denominado de Método da Flexibilidade, pois utiliza as condições de compatibilidade de deslocamentos para que sejam, então, determinadas as redundantes estáticas; obtendo, desta forma, as reações de apoio da estrutura em análise. O Método das Forças parte do pressuposto de que a estrutura está necessariamente em regime elástico-linear, ocorrendo pequenos deslocamentos e TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 20TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 20 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 21 TEORIA DAS ESTRUTURAS II deformações na estrutura, fazendo o uso do Princípio da Superposição de Efeitos (PSE). Para desenvolver a análise correta de uma estrutura hiperestática através do Método das Forças ou da Flexibilidade, é necessário considerar as etapas distintas a seguir: • 1ª etapa: Executar a liberação da estrutura, tornando-a uma estrutura isostática. • 2ª etapa: Empregar o princípio da Superposição de Efeitos (PSE) para efetuar a decomposição da estrutura em sistemas interdependentes. • 3ª etapa: Fazer a determinação dos deslocamentos. • 4ª etapa: Fazer a aplicação da condição de compatibilidade estrutural. • 5ª etapa: Desenvolver o cálculo dos esforços solicitantes e deformações na estrutura. 1.2.1 Método das Forças: Vigas Consideraremos as etapas do método acima descrito para realizar a análise e o cálculo de vigas. Cabe lembrar que as vigas são elementos estruturais sujeitos a carregamentos transversais. As vigas são comumente utilizadas no sistema laje-viga- pilar e têm como função estrutural: • Transferir os esforços verticais recebidos diretamente das lajes para os pilares. • Transmitir uma carga estrutural concentrada, caso esta sirva de apoio a um pilar. Para aplicação direta do Método das Forças, tomaremos como elemento de primeira análise o cálculo de uma viga engastada e apoiada. Calcularemos as reações de apoio na viga e traçaremos os diagramas dos esforços. Consideraremos como atuantes na peça estrutural apenas a flexão como efeito de deformação, bem como a rigidez constante na barra, conforme a Figura 09. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 21TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 21 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 22 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 09 - Barra horizontal hiperestática engastada e apoiada. Fonte: Adaptada pelo autor (2021), a partir de HIBBELER (2013). Consideraremos para o exemplo em questão a carga q: 10kN/m e comprimento L: 3m. Vamos às etapas do método das forças: 1ª etapa: Executar a liberação da estrutura, tornando-a uma estrutura isostática; vamos, então, eliminar o apoio do ponto B, conforme mostra a Figura 10 e, assim, transformaremos a barra em uma viga em balanço, e o problema passa a ser isostático. Figura 10 - Barra horizontal isostática engastada. Fonte: Adaptada pelo autor (2021), a partir de HIBBELER (2013). 2ª etapa: Empregar o princípio da Superposição de Efeitos (PSE) para efetuar a decomposição da estrutura em sistemas interdependentes; assim, a estrutura isostática será dividida em duas: uma estrutura básica, sem o apoio B, que denominaremos de SISTEMA 0, e a estrutura com o engaste, que denominaremos SISTEMA 1, conforme mostra a Figura 11. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 22TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 22 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 23 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 11 - Barra horizontal isostática decomposta em sistemas distintos. Fonte: Adaptada pelo autor (2021), a partir de HIBBELER (2013). 3ª etapa: Fazer a determinação dos deslocamentos. Desta forma, vamos calcular os deslocamentos para cada um dos sistemas decompostos, começando pelo Sistema 0. A fórmula do deslocamento é a seguinte: δ = qL4 8EI Em que: δ é o deslocamento causado pelo carregamento j no grau de liberdade (deslocamento ou rotação), associado ao hiperestático i. No sistema 0, δ é o deslocamento vertical no ponto B (movimento restringido pelo hiperestático X1, então i = 1) pelo carregamento externo (para carregamento externo, sempre igual a 0). Faremos o cálculo do Sistema 1: • Deslocamento vertical no ponto B (movimento restringido pelo hiperestático X1, então i = 1) pela carga unitária associada ao hiperestático X1 (então, j = 1). • Neste sistema, será calculado o deslocamento ocasionado pela carga unitária TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 23TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 23 14/10/2021 15:34:3414/10/2021 15:34:34 24 TEORIA DAS ESTRUTURAS II aplicada na direção do hiperestático 1 (X1). Assim, a estrutura real e virtual, neste sistema, é igual e formada pela carga unitária na ponta do balanço. M(x) = m(x) = −x. O trabalho externo, realizado pela carga virtual unitária no ponto B, será dado pela formulação: Wext = 1 ∗ δ11 O trabalho interno na estrutura será, considerando apenas a parcela de fl exão: 4ª etapa: Fazer a aplicação da condição de compatibilidade estrutural. Quando dividimos a estrutura inicial em dois sistemas, o Sistema 0 e o Sistema 1, foram mantidas as mesmas condições dos esforços nas estruturas, no entanto, perdeu-se a condição de deslocamento vertical no apoio B. Para que possamos restaurar o sistema considerado, é necessário igualar a soma dos deslocamentos dos sistemas no ponto B ao deslocamento fi nal do apoio B - ou seja, zero. δB = δ0 + δ1 ∗ X1 = 0 A partir desta fórmula, extrai-se o valor de: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 24TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 24 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 25 TEORIA DAS ESTRUTURAS II RB = X1: RB = X1 = − 3qL 8 É importante observar que o sinal negativo é indicador que a direção considerada para reação de apoio é contrária do estabelecido nos exemplos anteriores. Assim, com esta reação determinada através de cálculos, as demais podem ser calculadas com as equações de equilíbrio da estática, determinadas a seguir: HA = 0 RA = − 5qL 8 MA = qL2 8 5ª etapa: Desenvolver o cálculo dos esforços solicitantese deformações na estrutura. Para tanto, vamos voltar ao início do problema, em que foram estabelecidos a carga q: 10kN/m e comprimento L: 3m. As Figuras de 12 a 14 demonstram os diagramas das reações de apoio, do esforço cortante e do momento fletor. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 25TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 25 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 26 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 12 - Reações de apoio calculadas. Fonte: Adaptada pelo autor (2021), a partir de LOPEZ (2018). Figura 13 - Gráfico do esforço cortante na barra. Fonte: Adaptada pelo autor (2021), a partir de LOPEZ (2018). Figura 14 - Gráfico do momento fletor na barra. Fonte: Adaptada pelo autor (2021), a partir de LOPEZ (2018). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 26TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 26 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 27 TEORIA DAS ESTRUTURAS II 1.2.2 Método das Forças: Pórticos Uma ótima aplicação do Método das Forças ocorre em pórticos estaticamente indeterminados, com um andar. Para mais andares, um método mais aconselhável seria o método da rigidez. Para elucidar esta aplicação do Método das Forças em Pórticos, observe a Figura 15. Figura 15 - Pórtico hiperestático biapoiado. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). 1ª etapa: Executar a liberação da estrutura, tornando-a uma estrutura isostática; vamos, então, dar um grau de liberdade ao apoio da esquerda. Assim, o apoio que era do 2º grau se transforma em 1º grau. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 27TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 27 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 28 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 16 - Pórtico isostático biapoiado. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Suponha que o Módulo de Elasticidade do pórtico seja de 205GPa e o Módulo de Elasticidade seja de 1.686cm4. Vamos agora determinar as reações de apoio do pórtico. 2ª etapa: Empregar o princípio da Superposição de Efeitos (PSE) para efetuar a decomposição da estrutura em sistemas interdependentes; assim, a estrutura isostática será dividida em duas: uma estrutura básica, com apoio do 1º e do 2º grau, que denominaremos de SISTEMA 0, e a estrutura com dois apoios, do 2º grau, que denominaremos SISTEMA 1, conforme mostra a Figura 17. SISTEMA 0 + TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 28TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 28 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 29 TEORIA DAS ESTRUTURAS II SISTEMA 1 = Figura 17 - Superposição de efeitos. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). 3ª etapa: Fazer a determinação dos deslocamentos. Desta forma, vamos calcular os deslocamentos para cada um dos sistemas decompostos, começando pelo SISTEMA 0. A fórmula do deslocamento é a seguinte: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 29TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 29 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 30 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Já para o SISTEMA 1, o deslocamento: 4ª etapa: Fazer a aplicação da condição de compatibilidade estrutural. Quando dividimos a estrutura inicial em dois sistemas, o SISTEMA 0 e o SISTEMA 1, foram mantidas as mesmas condições dos esforços nas estruturas; no entanto, perdeu-se a condição de deslocamento vertical no apoio da esquerda. Para que possamos restaurar esta condição no sistema considerado, é necessário igualar a soma dos deslocamentos dos sistemas ao deslocamento final do apoio - ou seja, zero. Aplicando as três equações da estática ( ; ; ), chegamos às demais reações, conforme Figura 18. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 30TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 30 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 31 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 18 - Reações do Pórtico Hiperestático biapoiado. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). 5ª etapa: Desenvolver o cálculo dos esforços solicitantes e deformações na estrutura. As Figuras de 19 e 20 demonstram os diagramas do esforço cortante e do momento fletor. Figura 19 - Gráfico do esforço cortante na barra. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 31TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 31 14/10/2021 15:34:3514/10/2021 15:34:35 32 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 20 - Gráfico do momento fletor na barra. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). 1.2.3 Método das Forças: Treliças Em estruturas treliçadas, o grau de hiperestaticidade é determinado pela equação: Entende-se que b é o número de barras, o R o número de reações, e N o número de nós. Caso a inequação não seja atendida, e os termos que estão à esquerda sejam iguais aos termos que estão à direita, a treliça será considerada isostática e não hiperestática. O Método das Forças é adequado para treliças indeterminadas estaticamente de primeiro e segundo graus. O exemplo a seguir ilustra uma destas situações. Para elucida esta aplicação do Método das Forças em Treliças, faremos o exemplo da Figura 21. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 32TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 32 14/10/2021 15:34:3614/10/2021 15:34:36 33 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 21 - Treliça hiperestática. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Repare que se empregarmos a equação, Teremos: Logo, a treliça é hiperestática grau 1. Vamos calcular o esforço interno solicitante na barra AC, considerando A*E o mesmo para todas as barras. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 33TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 33 14/10/2021 15:34:3614/10/2021 15:34:36 34 TEORIA DAS ESTRUTURAS II IMPORTANTE Para calcular os esforços solicitantes, vamos utilizar o Método das Forças em suas cinco etapas: 01: Liberar a estrutura. 02: Aplicar a superposição dos efeitos. 03: Determinar os deslocamentos. 04: Compatibilização estrutural. 05: Calcular esforços e deformações. 1ª etapa: Vamos cortar a barra AC de modo que ela não resista a nenhum esforço. Figura 22 - Treliça isostática. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Suponha que o Módulo de Elasticidade do pórtico seja de 205GPa e a área da seção transversal seja de 100cm4. Vamos determinar as reações de apoio do pórtico. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 34TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 34 14/10/2021 15:34:3614/10/2021 15:34:36 35 TEORIA DAS ESTRUTURAS II 2ª etapa: Empregar o princípio da Superposição de Efeitos (PSE) para efetuar a decomposição da estrutura em sistemas interdependentes. Assim, a estrutura isostática será dividida em duas: uma estrutura básica, sem a barra AC, que denominaremos de SISTEMA 0, e a estrutura com uma carga redundante na barra AC, que denominaremos SISTEMA 1. 3ª etapa: Fazer a determinação dos deslocamentos. Desta forma, vamos calcular os deslocamentos para cada um dos sistemas decompostos, começando pelo SISTEMA 0. A fórmula do deslocamento é a seguinte: Já para o SISTEMA 1, o deslocamento: 4ª etapa: Fazer a aplicação da condição de compatibilidade estrutural. Quando dividimos a estrutura inicial em dois sistemas, o SISTEMA 0 e o SISTEMA 1, é necessário, agora, igualar a soma dos deslocamentos dos sistemas ao deslocamento final do apoio, ou seja, zero. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 35TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 35 14/10/2021 15:34:3614/10/2021 15:34:36 36 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Como o resultado foi positivo, diz-se que a barra está sujeita à tração. 5ª etapa: Pelo Método dos Nós, é possível calcular todos os demais esforços nas barras restantes, conforme Figura 23. Figura 23 - Reações e Esforços Internos Solicitantes da Treliça Hiperestático. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). SUGESTÃO DE VÍDEO Para você reforçar o conhecimento trabalhado até aqui, assista ao vídeo sobre o Método das Forças: https://www.youtube.com/watch?v=jWmWaiazK34 TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 36TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 36 14/10/2021 15:34:3614/10/2021 15:34:36 37 TEORIA DAS ESTRUTURAS II SUGESTÃO DE LEITURA Para que você avance além dosconceitos e exemplos trabalhados nesta Unidade, recomendamos que você faça a leitura do PDF sobre estruturas estatica- mente indeterminadas, através do link: https://core.ufsc.br/files/2019/03/Apostila_190311.pdf NA PRÁTICA Pratique um pouco mais do assunto estudado na Unidade 1 através dos exercí- cios práticos: EXERCÍCIO A) Usando o método das forças, calcule as reações na viga (Figura 24). Considere como constante os valores de E*I. Figura 24 - Viga Hiperestática. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Considerando RB como redundante, a viga se transforma em isostática do tipo engastada e livre. O deslocamento na extremidade livre é calculado como: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 37TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 37 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 38 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Agora, introduzindo a reação RB como carga, a viga fica engastada e livre, com uma carga na extremidade. Neste caso, o deslocamento será calculado por: Fazendo: Aplicando as três equações da estática ( ), chega-se ao valor das outras reações: EXERCÍCIO B) Usando o Método das Forças, calcule as reações no pórtico (Figura 25). Consi- dere como constante os valores de E*I. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 38TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 38 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 39 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 25 - Pórtico Hiperestática. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Considerando MA como redundante, o engaste do pórtico se transforma em um apoio do 2º gênero, tornando a estrutura isostática. A rotação, neste caso, pode ser calculada, como: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 39TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 39 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 40 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Agora, introduzindo a reação MA como binário unitário real, deste modo: Fazendo: Aplicando, agora, as três equações da estática ( ), chega-se ao valor das outras reações: EXERCÍCIO C) Usando o Método das Forças, calcule o esforço interno solicitante na barra CE (Figura 26). Considere a área da seção transversal das barras da treliça A=400mm², o momento de inércia da viga AF igual a 20*106mm4 e o módulo de elasticidade de todas as peças igual a 200GPa. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 40TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 40 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 41 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 26 - Viga treliçada Hiperestática. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Como se deseja calcular o esforço na barra CE, inicialmente esta será suprimida, para que a estrutura se transforme em isostática. Assim, o deslocamento será em função apenas da viga principal. Agora, aplicando uma carga unitária real e uma carga unitária virtual nas extremidades do membro CE, tem-se: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 41TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 41 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 42 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Fazendo: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 42TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 42 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 43 TEORIA DAS ESTRUTURAS II CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos exemplos dados e resolvidos, é esperado que você tenha conseguido fixar de forma adequada as etapas do Método das Forças. É importante que, ao realizar os exercícios, particione o problema por meio das diversas etapas que tratamos aqui. Momentaneamente, este Método suprime a força excedente, tornando a viga isostática, ocasionando um novo cálculo do grau de liberdade, assim como posteriormente se introduz a força retirada como carga e se calcula o deslocamento ou rotação para este caso. Assim, o Método introduz equações que, juntamente as três equações da estática, serão suficientes para calcular os esforços na estrutura hiperestática. O Método das Forças encontra aplicabilidade prática em diversas situações cotidianas, desde pequenas obras, como residências, obras de mediano porte, como edificações comerciais, e projetos de grande monta, como hospitais, shopping centers, dentre outros. Assim, não importa a dimensão ou porte do que você esteja calculando. No entanto, para aplicação adequada do Método, é necessário observar que partimos sempre do pressuposto de que a estrutura está em regime elástico linear, ocorrendo pequenos deslocamentos e deformações na estrutura, fazendo uso do princípio da superposição de efeitos (PSE). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 43TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 43 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 44 TEORIA DAS ESTRUTURAS II EXERCÍCIO FINAL QUESTÃO 01. Calcule a reação RA que o vínculo A deve produzir para equilibrar a viga: a) 5,87kN. b) 9,18kN. c) 7,58kN. d) 0,0kN. e) 13,45kN. QUESTÃO 02. Calcule a reação RB que o vínculo B deve produzir para equilibrar a viga: a) 5,87kN. b) 9,18kN. c) 7,58kN. d) 0,0kN. e) 13,45kN. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 44TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 44 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 45 TEORIA DAS ESTRUTURAS II QUESTÃO 03. Calcule a reação MA que o vínculo A deve produzir para equilibrar a viga: a) 5,87kN.m. b) 9,18kN.m. c) 7,58kN.m. d) 0,0kN.m. e) 13,45kN.m. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 45TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 45 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 46 TEORIA DAS ESTRUTURAS II REFERÊNCIAS HIBBELER, R. C. Análise das Estruturas. 8a ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. LEET, Kenneth M; GILBERT, Anne M.; UANG, Chia- Ming. Fundamentos da análise estrutural. 3a ed. Porto Alegre: AMGH, 2009. LOPEZ, Rafael Holdorf. Estruturas estaticamente indeterminadas. UFSC: 2018. Disponível em: <https://core.ufsc.br/files/2019/03/Apostila_190311.pdf> TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 46TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 46 14/10/2021 15:34:3714/10/2021 15:34:37 UNIDADE 2ESTUDO DE ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS PELO MÉTODO DA RIGIDEZ TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 47TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 47 14/10/2021 15:34:3814/10/2021 15:34:38 48 TEORIA DAS ESTRUTURAS II INTRODUÇÃO À UNIDADE O Método da Rigidez pode ser encontrado em obras de referência de análise estrutural, com as seguintes denominações: Método Direto da Rigidez, Método Matricial da Rigidez e, também, Método dos Deslocamentos. Assim como o Método explorado no capítulo anterior, o Método da Rigidez é uma metodologia de análise e de cálculo passível de aplicação em estruturas hiperestáticas de barras que se comportam de forma elástica linear. Esta é uma condição de contorno que necessariamente deve ser obedecida para o uso do Método da Rigidez. É importante ressaltar que este Método é bastante utilizado para realização de análise computacional de qualquer estrutura (uma das ferramentas de análise e cálculo, o software FTOOL, utiliza este Método), mesmo daquelas estruturas estaticamente indeterminadas. Uma curiosidade sobre esta metodologia de análise estrutural é que foi originado no campo aeronáutico. Os engenheiros aeroespaciais conseguiram aproximar o comportamento estrutural de partes específicas de uma aeronave a partir do uso de equações relativamente simples, mas que demandavam muito tempo de cálculo, seja com a antiga régua de cálculo ou com auxílio de calculadora, como a HP. Com o crescente emprego de computadores na engenharia civil e o surgimento de programas específicos de cálculo estrutural, o uso destas equações começou a ser resolvido de maneira muito mais fácil, mais simples e mais rápido, pois demandavam pouquíssimo tempo de processamento computacional. O método direto dá rigidez e é a aplicação mais comumente difundida do Método dos Elementos Finitos (MEF). Através dele, as propriedades destes materiais são computadas em apenas uma única equação matricial, que determina o comportamento interno da estrutura projetada. Os dados que se desconhecem na estrutura, ou seja, que são indeterminados, são as forças e também os deslocamentos, que podem ser determinados atravésda resolução desta equação. Nos próximos tópicos, exploraremos junto a você a aplicação prática do Método da Rigidez ou Método dos Deslocamentos em vigas, pórticos e treliças. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 48TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 48 14/10/2021 15:34:3814/10/2021 15:34:38 49 TEORIA DAS ESTRUTURAS II 2.1 MÉTODO DA RIGIDEZ O Método da Rigidez, ou método matricial de análise e cálculo de estruturas, parte da condição básica de atribuir a cada barra elástica da estrutura considerada uma matriz de rigidez, denominada de matriz de rigidez do elemento. Importante observar que isto é feito para cada uma das barras. Partindo do conjunto de matrizes de cada elemento, mediante uma matriz de conectividade, que estabelece a maneira como as barras são conectadas através de nós, chega-se a uma matriz, denominada matriz de rigidez global. É nesta matriz que encontraremos relacionados os deslocamentos dos nós com as forças equivalentes sobre cada um deles, de acordo com a equação a seguir: Figura 27 - Equação matricial. Fonte: Elaborada pelo autor (2021). Nesta equação: Fi são as forças nodais equivalentes sobre a estrutura considerada. Ri são as reações e hiperestáticas desconhecidas atuantes na estrutura. �i são os deslocamentos nodais que são as incógnitas da estrutura. n é o número de graus de liberdade observados na estrutura. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 49TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 49 14/10/2021 15:34:3814/10/2021 15:34:38 50 TEORIA DAS ESTRUTURAS II A energia de deformação elástica também pode ser expressa em termos da matriz de rigidez, segundo a relação expressa na equação seguinte: kij �i �j Considerando as condições de aplicação do Teorema de Maxwell-Bett i, deduz-se que a matriz de rigidez deve ser simétrica e, assim sendo, conduz ao seguinte: k ij = k ji IMPORTANTE O Teorema de Maxwell-Betti, também conhecido como “Teorema da Reciproci- dade”, demonstra que se em uma estrutura considerada pelo engenheiro civil ou arquiteto o comportamento exibido for elástico linear, ao se considerar dois sistemas de força (f1 e f2), que provoquem dois campos de deslocamentos (Df1 e Df2), então o produto das forças do sistema F1, com o deslocamento no ponto de aplicação obtido no sistema F2, é igual ao produto das forças do sistema F2 com o deslocamento no ponto de aplicação da força obtido no sistema F1. Isto posto, o passo seguinte é construir o vetor de força de nodais equivalentes a partir das forças aplicadas sobre cada barra. É importante lembrar que este vetor depende das ações externas sobre a estrutura considerada, e junto a estas forças, deve-se considerar também as possíveis reações sobre a estrutura em seus apoios, cujos valores são desconhecidos. A partir daí, constrói-se um sistema linear de equações, que servirá para os deslocamentos e para as incógnitas. O número de reações e deslocamentos incógnitos dependerá do número de nós: • É igual a 3N para problemas bidimensionais; • É igual a 6N para problemas tridimensionais. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 50TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 50 14/10/2021 15:34:3814/10/2021 15:34:38 51 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Este sistema gerado, para efeito de cálculo, pode ser dividido em dois subsistemas de equações: • Subsistema 1: neste subsistema, serão agrupadas todas as equações lineares do sistema original, que contém somente os deslocamentos incógnitos. • Subsistema 2: este subsistema age para o restante das equações e, assim que todo o subsistema um for resolvido, os valores serão substituídos no subsistema dois, permitindo que o engenheiro calculista e o arquiteto e urbanista encontrem os valores das reações incógnitas. IMPORTANTE A resolução do subsistema 1 de equações trará o resultado dos deslocamen- tos. Os valores encontrados serão em seguida utilizados no subsistema dois, cuja resolução é mais trivial e simples. Por fi m, a partir das reações, das forças das equivalentes e dos deslocamentos, são calculados os esforços nas uniões das barras, que são os nós a partir dos quais podem ser determinados os esforços em qualquer ponto desejado da estrutura e, portanto, suas tensões máximas, que permitem dimensionar adequadamente todas as sessões da estrutura considerada. SUGESTÃO DE VÍDEO Para você reforçar o conhecimento trabalhado até aqui sobre o Método da Rigidez, assista ao vídeo sobre os seus conceitos iniciais: https://www.youtube.com/watch?v=CWnhKpLW7Ek TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 51TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 51 14/10/2021 15:34:3814/10/2021 15:34:38 52 TEORIA DAS ESTRUTURAS II 2.1.1 Método da Rigidez: Treliças Para esta aplicação, deve-se considerar a treliça rotulada, pois será possível determinar a matriz de rigidez K. Para isto, primeiramente é estabelecido a matriz de rigidez de cada barra k’ da treliça. Consequentemente, as forças desenvolvidas em cada barra são calculadas pelo sistema de matrizes: Sendo a matriz de rigidez de cada membro calculado por: E a matriz coluna d é o deslocamento imposto sobre as extremidades de cada membro. Como a treliça é formada de várias barras, deve-se transformar as matrizes q e d, definidos em coordenadas locais, para coordenadas globais. Para isto, primeiramente calculamos os termos dos cossenos diretores para a primeira barra: De modo que a transformação de coordenadas locais em globais se dê em: Fazendo o mesmo para as cargas, tem-se: Fazendo a devida substituição de d em q: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 52TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 52 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 53 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Agora, substituindo q em Q resulta: Em que: Por fim: Para elucidar, deve-se determinar a matriz de rigidez para a treliça a seguir considerando AE constantes. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 53TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 53 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 54 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 28 - Treliça exemplo, considerando AE constantes. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Posicionando os deslocamentos nos nós de 1 a 6, o número dos nós de 1 a 3 e o número de barras 1 e 2, pode-se reescrever a treliça. Figura 29 - Treliça exemplo, considerando o início do cálculo dos esforços atuantes. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 54TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 54 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 55 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Calculando-se os termos dos cossenos diretores para a primeira barra, faz-se: A matriz de rigidez para a barra 1 será: Calculando-se os termos dos cossenos diretores para a segunda barra, faz-se: A matriz de rigidez para a barra 1 será: Note que esta matriz possui seis linha e seis colunas, mas algumas delas estão ocultas, por possuírem valores nulos; porém, na hora de somar e , a resultante K TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 55TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 55 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 56 TEORIA DAS ESTRUTURAS II será uma matriz 6x6, conforme visto a seguir: SUGESTÃO DE VÍDEO Para você reforçar o conhecimento trabalhado até aqui sobre o Método da Rigidez aplicado às treliças, assista ao vídeo abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=tswcG7MyVDA 2.1.2 Método da Rigidez: Vigas Os conceitos apresentados no tópico anterior serão amplifi cados para uma análise de vigas. No caso de vigas, podemos abreviar a análise matricial como Sendo que: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 56TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 56 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 57 TEORIA DAS ESTRUTURAS II A matriz de rigidez do membro (k) é simétrica, sendo cada membro a representação dos deslocamentos de força cortante e momento fletor. O valor de é o deslocamento, e é a rotação, enquanto esão as forças cortantes, e e são os momentos. Como exemplo, pede-se para calcular as reações de apoio da viga a seguir. Figura 30 - Viga exemplo, biapoiada e com balanço. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Identificando todos os elementos da viga, tem-se a imagem a seguir: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 57TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 57 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 58 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 31 - Viga exemplo, iniciando o cálculo de esforços. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Os valores de 1 a 6 são os códigos dos elementos, sendo de 1 a 4 os graus de liberdade não restringidos, e 5 e 6, os restringidos. Por isso, tem-se: Assim, cada elemento da viga terá sua própria matriz de viga. E TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 58TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 58 14/10/2021 15:34:3914/10/2021 15:34:39 59 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Montando a matriz de rigidez de deslocamentos e cargas, tem-se Fazendo a multiplicação das quatro primeiras linhas por coluna e igualando, chegamos às equações: Resolvendo este sistema de quatro incógnitas e quatro equações, o resultado é: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 59TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 59 14/10/2021 15:34:4014/10/2021 15:34:40 60 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Agora, faz-se a multiplicação das duas últimas linhas pela coluna e se iguala aos valores de Q, logo: 2.1.3 Método da Rigidez: Pórticos Todos os conceitos apresentados anteriormente darão subsídio para a aplicação a seguir; contudo, para pórticos, será exigido o uso de matrizes de transformação, já que os membros têm orientação diferentes. Os resultados de seis relações de deslocamento-cargas resultantes para o membro do pórtico podem ser expressos como: Sendo o q a matriz coluna responsável pelas forças axiais, cortantes e momentos fletores, o k a matriz de rigidez e o d os deslocamentos locais. Para se chegar a matriz coluna d, deve-se fazer: T é a matriz transformação, que transforma a matriz de deslocamentos globais D na matriz de deslocamentos locais d. Consequentemente, O mesmo acontece na matriz de componente de cargas, que é igual a: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 60TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 60 14/10/2021 15:34:4014/10/2021 15:34:40 61 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Assim, Ou: Por fim, O k é que a matriz de rigidez global para o membro, com a seguinte aparência: Para aplicar a teoria anterior, consideremos o pórtico a seguir, que se deve calcular as cargas nos nós. Deve-se considerar: ; e para cada membro. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 61TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 61 14/10/2021 15:34:4014/10/2021 15:34:40 62 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 32 - Pórtico exemplo. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). Considerando a origem da coordenada global em (1), deste modo: Figura 33 - Pórtico exemplo, iniciando o cálculo de esforços. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir do software Ftool (2021). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 62TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 62 14/10/2021 15:34:4014/10/2021 15:34:40 63 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Assim: Os termos da matriz k são previamente calculados abaixo: Calculando para o membro 1 os termos dos cossenos diretores para a primeira barra, faz-se: Consequentemente: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 63TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 63 14/10/2021 15:34:4014/10/2021 15:34:40 64 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Calculando os termos dos cossenos diretores para a primeira barra para o membro 2, faz-se: Consequentemente: Fazendo: Expandido a expressão acima para se determinar os deslocamentos, tem-se: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 64TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 64 14/10/2021 15:34:4014/10/2021 15:34:40 65 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Resolvendo o sistema acima, chega-se: Aplicando este resultado em , é possível calcular as reações: No nó (2) é possível se determinar os esforços internos aplicando: O resultado segue abaixo: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 65TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 65 14/10/2021 15:34:4114/10/2021 15:34:41 66 TEORIA DAS ESTRUTURAS II SUGESTÃO DE VÍDEO Para você reforçar o conhecimento trabalhado até aqui sobre o Método da Rigidez aplicado em pórticos , assista ao vídeo abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=Ohao_Bt7FwE SUGESTÃO DE LEITURA Para você reforçar o conhecimento trabalhado até aqui e avançar além dos conceitos e exemplos dados, recomendamos que você faça a leitura complemen- tar através do seguinte link: http://eventos.ifg.edu.br/secitecitumbiara/wp-content/uploads/sites/9/2018/03/10.-Aplica%- C3%A7%C3%A3o-do-m%C3%A9todo-da-rigidez-direta-na-an%C3%A1lise-matricial-de-treli%- C3%A7as.pdf TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 66TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 66 14/10/2021 15:34:4114/10/2021 15:34:41 67 TEORIA DAS ESTRUTURAS II CONSIDERAÇÕES FINAIS O Método da Rigidez é um excelente sistema para calcular os esforços atuantes, além de possuir aplicação tanto em estruturas isostáticas quanto em estruturas hiperestáticas. Todavia, ele se torna mais complexo à medida que o suporte tem muitas barras, nós e vínculos. Deste modo, resulta em matrizes grandes que, em muitas situações, são difíceis de serem calculadas à mão. Esta última afirmação é facilmente resolvida se você, arquiteto e urbanista e engenheiro civil, estiver sendo auxiliado por algum aplicativo computacional. Os principais software estruturais utilizam o Método da Rigidez em seus cálculos. Por isto, esta técnica é excelente para ser implementada em computadores. Cabe ao futuro profissional compreender como é o processo de cálculo destes software para poder realizar suas próprias interpretações e análises estruturais. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 67TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 67 14/10/2021 15:34:4114/10/2021 15:34:41 68 TEORIA DAS ESTRUTURAS II EXERCÍCIO FINAL QUESTÃO 01. Para aplicar o método da rigidez em treliças, deve-se considerar a treliça rotulada, pois assim será possível determinar a matriz de rigidez K. Para isto, primeiro se estabelece a matriz de rigidez de cada barra k’ da treliça. Consequentemente, as forças desenvolvidas em cada barra são calculadas pelo sistema de matrizes: a. . b. . c. . d. . e. . f. . QUESTÃO 02. Sobre o Método da Rigidez, leia as assertivas abaixo: I - O método da rigidez pode ser encontrado em obras de referência de análise estrutural com as seguintes denominações: Método Direto da Rigidez, Método Matricial da Rigidez e Método dos Deslocamentos. II - O método direto da rigidez é a aplicação mais comumente difundida do Método dos Elementos Finitos (MEF). Através dele, as propriedades destes dias dos materiais são computadas em apenas uma única equação matricial que determina o comportamento interno da estrutura projetada. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 68TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 68 14/10/2021 15:34:4114/10/2021 15:34:41 69 TEORIA DAS ESTRUTURAS II III - Uma curiosidade sobre este método de análise estrutural é que ele foi originado no campo aeronáutico. Os engenheiros aeroespaciais conseguiram aproximar o comportamento estrutural de partes específi cas de uma aeronave a partir do uso de equações relativamente simples, mas que demandavam muito tempo de cálculo, seja com a antiga régua de cálculo, ou com auxílio de calculadora, como a HP. Sobre as assertivas, é correto afi rmar que: a. Somente a I está correta. b. Somente a II está correta. c. Somente a I e a III estão corretas. d. Somente a II e a III estão corretas. e. As alternativas I, II e III estão corretas. QUESTÃO 03. Observe a matriz abaixo. Nesta equação: Fi são as forças nodais equivalentes sobre a estrutura considerada.Ri são as reações e hiperestáticas desconhecidas atuantes na estrutura. �i são os deslocamentos nodais que são as incógnitas da estrutura. n é o número de graus de liberdade observados na estrutura. A energia de deformação elástica também pode ser expressa em termos da Matriz de Rigidez, segundo a relação expressa na equação: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 69TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 69 14/10/2021 15:34:4114/10/2021 15:34:41 70 TEORIA DAS ESTRUTURAS II TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 70TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 70 14/10/2021 15:34:4114/10/2021 15:34:41 71 TEORIA DAS ESTRUTURAS II REFERÊNCIAS HIBBELER, R. C. Análise das Estruturas. 8a ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. LEET, Kenneth M; GILBERT, Anne M.; UANG, Chia- Ming. Fundamentos da análise estrutural. 3a ed. Porto Alegre: AMGH, 2009. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 71TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 71 14/10/2021 15:34:4214/10/2021 15:34:42 72 TEORIA DAS ESTRUTURAS II TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 72TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 72 14/10/2021 15:34:4214/10/2021 15:34:42 UNIDADE 3AÇÕES OU CARGAS EM ESTRUTURAS TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 73TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 73 14/10/2021 15:34:4214/10/2021 15:34:42 74 TEORIA DAS ESTRUTURAS II INTRODUÇÃO À UNIDADE Há alguns anos, uma notícia vinda de Balneário Camboriú causou enorme discussão na construção civil brasileira. Imagens e vídeos que rodaram as redes sociais do país mostravam as ondas que se formavam na piscina de um dos apartamentos de luxo do edifí cio de 177 metros Millenium Palace, durante um temporal. O grande alvoroço em torno do caso foi ocasionado porque o gigantesco edifí cio nitidamente balançava com a força da ventania. Para aqueles que cursam Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, a situação não chega a ser estranha – na verdade, é o tipo de comportamento estrutural esperado, uma vez que as estruturas de concreto armado se comportam dentro de um regime denominado elastoplástico – no entanto, para leigos no assunto, assistir um edifí cio gigantesco balançar e formar ondas em uma piscina é, no mínimo, assustador. SUGESTÃO DE VÍDEO Para você relembrar do fato que estamos relatando aqui, assista ao vídeo no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=OIrWzOw70Y0 Muitos arquitetos e engenheiros, à época, foram consultados para debater e explicar o fato. A oscilação da estrutura é absolutamente normal e previsível, mas com uma carga de vento de uma determinada magnitude, como no caso ocorrido, é possível que a “movimentação” de uma determinada estrutura seja mais perceptível. Mas, observe que este foi um efeito causado por uma carga lateral atuante, neste caso, a ação do vento. O carregamento nas estruturas não é representado unicamente pelo peso de tudo que ela abarca, protege, armazena ou contém. Existem diversos outros carregamentos atuantes que devem ser necessariamente considerados pelo arquiteto e urbanista projetista e pelo engenheiro civil calculista. Dentre elas, o peso próprio da estrutura e a TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 74TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 74 14/10/2021 15:34:4214/10/2021 15:34:42 75 TEORIA DAS ESTRUTURAS II ação do vento. Em um outro caso, desta vez mais trágico, ligado ao carregamento em estruturas, um edifí cio de 34 pavimentos (ainda em construção) desabou, em Belém. O engenheiro civil calculista e o dono da construtora foram condenados pela justiça paraense, e o juiz do caso ressaltou que o desabamento do edifí cio Real Class, em 2011, foi ocasionado pela falha na concepção do sistema estrutural projetado, pois não considerou as cargas horizontais decorrentes da ação do vento e do desequilíbrio da própria estrutura, que era assimétrica. Assim, a estrutura que já estava construída não resistiu aos ventos entre 30 a 39 km/h. SUGESTÃO DE VÍDEO Para você relembrar do desabamento do edifício Real Class, em Belém, assista o vídeo no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=ED7djN_MY8s Como você certamente já percebeu, neste capítulo do seu material de estudos trataremos dos principais carregamentos em estruturas de concreto armado. Este assunto é de suma importância para que tanto os arquitetos e urbanistas projetistas conheçam os carregamentos atuantes nas edifi cações que concebem quanto os engenheiros civis calculistas estejam atentos aos carregamentos e esforços aos quais as estruturas são submetidas e devem necessariamente resistir, para que estas sejam calculadas, dimensionadas e construída de maneira correta e apresentem comportamento dentro das normas. É muito importante você não perder de vista que uma das responsabilidades dos arquitetos e urbanistas é a própria defi nição estrutural, conforme as especifi cidades do projeto arquitetônico. Assim, esta defi nição perpassa pelo estabelecimento do tipo de material empregado na edifi cação – madeira, aço, concreto armado, por exemplo – bem como pelo estabelecimento da técnica construtiva utilizada até o pré-lançamento estrutural. Cabe ao engenheiro civil, posteriormente, validar as decisões tomadas pelos arquitetos durante a elaboração do projeto arquitetônico e desenvolver o cálculo estrutural. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 75TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 75 14/10/2021 15:34:4214/10/2021 15:34:42 76 TEORIA DAS ESTRUTURAS II A partir do momento que todas as exigências dimensionais para a estrutura considerada tenham sido defi nidas pelo engenheiro civil calculista, chega-se à etapa de determinação das cargas que esta estrutura precisa suportar. Esta previsão de carga não é feita pelos arquitetos e urbanistas, mas pelos engenheiros civis, com base no tipo de estrutura que foi determinada para o projeto. Tomando os exemplos dos dois edifí cios dados anteriormente, as estruturas mais altas precisam resistir não só às cargas verticais oriundas do seu peso próprio, o peso dos elementos de vedação, preciso dos elementos de revestimento, dentre outros carregamentos incidentes, mas também deve suportar as cargas laterais ou horizontais, causadas pelo vento. Deste modo, para validar e desenvolver o cálculo estrutural de uma determinada edifi cação, é preciso inicialmente especifi car todos os carregamentos atuantes sobre ela. Para tanto, é necessário conhecer a NBR 6120 – Ações para o cálculo de Estruturas de Edifi cações. IMPORTANTE A NBR 6120 foi revisada e recebeu um novo texto em 2019. Na edição de 1980, ela era denominada como “Cargas para o cálculo de estrutura de edificações”. Na revisão de 2019, o termo “cargas” foi substituído por “ações”. Para você conhecer um pouco mais sobre a evolução desta norma, acesse o link abaixo: http://portalclubedeengenharia.org.br/wp-content/uploads/2019/08/NBR6120-2019-CLUBE- -DE-ENGENHARIA-RJ-em-PDF.pdf A NBR 6120 estabelece dois tipos de ações, ou carregamentos, que vamos tratar agora: as ações permanentes e as ações variáveis. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 76TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 76 14/10/2021 15:34:4314/10/2021 15:34:43 77 TEORIA DAS ESTRUTURAS II 3.1 AÇÕES OU CARREGAMENTOS PERMANENTES Neste tipo de ação ou carga, devem ser considerados os pesos dos diversos elementos estruturais, além dos pesos de todos os objetos que sejam permanentemente conectados ou associados à estrutura. Desta forma, considerando as edificações, as ações permanentes são representadas pelo peso de todos os elementos estruturais - pilares, vigas, lajes, visto na Figura 34 - de todos os elementos de vedação e acabamentos (Figura 35) de todos os elementos componentes das instalações prediais - elétricas, hidrossanitárias, de lógica e transmissão de dados, dentre outras - e outros componentes acessórios diversos. Figura 34 - Exemplos de elementos estruturais que devem ser considerados para o cálculo das ações permanentes em uma edificação. Fonte: Shutterstock (2021). TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 77TEORIADAS ESTRUTURAS II.indd 77 14/10/2021 15:34:4314/10/2021 15:34:43 78 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Figura 35 - Exemplos de elementos de vedação e acabamento que devem ser considerados para o cálculo das ações permanentes em uma edificação. Fonte: Shutterstock (2021). De acordo com HIBBELER (2013), é possível “estimar” as ações permanentes em uma determinada estrutura com base nos pesos e tamanhos de estruturas semelhantes: o peso médio para construções em madeira é estimado entre 1.9 a 2.4 kN/m2; para construções metálicas, o peso médio é estimado em 2.9 a 3.6 kN/m2; as de concreto armado apresentam peso médio estimado entre 5.3 a 6.2 kN/ m2. A NBR 6120-2019 estabelece que, na falta de determinação experimental do peso de cada elemento, é necessário recorrer às tabelas de 1 a 9 da NBR referida, que apresentam os peso específico aparente de diversos materiais e elementos de construção comumente utilizados em nosso país. A NBR aqui estudada também considera a existência de ações ou carregamentos permanentes, devido aos materiais de armazenagem. Estes materiais geralmente são armazenados em grandes tanques e silos construído especificamente para esta finalidade. A norma indica que, devido à variabilidade do tipo de material armazenado e do peso específico deste, é de extrema importância a avaliação cuidadosa dos valores utilizados para as condições específicas do projeto considerado, recomendando que sejam consultados o Eurocode 1, Part 4, Silos and Tanks e AS 3774, Loads on bulk solids containers. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 78TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 78 14/10/2021 15:34:4314/10/2021 15:34:43 79 TEORIA DAS ESTRUTURAS II De maneira geral, as ações permanentes não são grandes se comparadas com o carregamento de projeto para estruturas simples, como uma viga ou uma edificação com um único pavimento. No entanto, em edificações de múltiplos pavimentos, sejam elas residenciais ou comerciais, é de extrema importância desenvolver o cálculo preciso de todas as cargas permanentes, a fim de que o calculista possa projetar corretamente todas as peças estruturais, principalmente as dos pavimentos mais baixos, pois estes suportam sempre a maior quantidade de peso da estrutura acima deles. Para que você consiga assimilar de forma adequada como calcular o peso de um elemento estrutura, considerando as tabelas da NBR 6120-2019, vamos aos seguinte exemplos: 9 Exemplo 01: Um arquiteto e urbanista precisa calcular o peso de uma laje de concreto armado que está projetando como cobertura para uma garagem de dois carros. O projetista considera que cada vaga seja de 2,50 m x 5,00 m, e elas estejam dispostas uma ao lado da outra, e que a laje deva cobrir pelo menos 50 centímetros a mais para cada lado para proporcionar algum conforto aos usuários da garagem. Como a laje terá somente função de cobertura, o arquiteto e urbanista estima que sua espessura seja de oito centímetros. Inicialmente, deveremos considerar a área total da laje. Cada vaga mede 2,50 de largura, estão dispostas lado a lado e a laje deve ter mais 50 centímetros para cada lado. Assim, temos: .50 + 2.50 + 2.50 + .50 = 6.00 de largura Agora, cada vaga mede 5.00 de comprimento, sendo que, no sentido longitudinal, a laje também deverá ter mais 50 centímetros para cada lado. Assim, temos: .50 + 5.00 + .50 = 6.00 m de comprimento Para calcularmos o peso da peça estrutural, vamos usar a seguinte fórmula: Laje (peso próprio) : V x γ c TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 79TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 79 14/10/2021 15:34:4314/10/2021 15:34:43 80 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Em que: V : volume da laje. γc : peso específico do concreto armado (segundo a tabela 1, da NBR 6120-2019, o peso específico do concreto armado é de 25 kN/m3). No caso em questão, o volume da laje é: Largura (L) x Altura (H) x profundidade (P) 6.00 x .08 x 6.00 = 2.88 m3 Aplicando na fórmula: 2.88 x 25 = 72 kN/m Assim, a laje projetada pelo arquiteto e urbanista apresenta peso próprio de 72 kN/m. 9 Exemplo 02: Um engenheiro civil necessita calcular a carga incidente em um bloco de fundação oriunda do peso próprio de um pilar em concreto armado. O pilar em questão apresenta seção transversal de 25 cm x 50 cm e altura de 3.50 m. Perceba que a carga incidente, neste caso, é o próprio peso do pilar. Assim, usaremos a mesma fórmula do cálculo anterior: Pilar (peso próprio) : V x γ c Em que: V : volume da barra (neste caso, uma barra vertical, que é o pilar). γc : peso específico do concreto armado (segundo a tabela 1, da NBR 6120-2019, o peso específico do concreto armado é de 25 kN/m3). No caso em questão, o volume do pilar é: TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 80TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 80 14/10/2021 15:34:4314/10/2021 15:34:43 81 TEORIA DAS ESTRUTURAS II Largura (L) x Altura (H) x profundidade (P) .25 x .50 x 3.50 = 0.437 m3 Aplicando na fórmula: 0.437 x 25 = 10.93 kN/m Assim, o peso próprio do pilar incidindo diretamente sobre o bloco de fundação é de 10.93 kN/m. IMPORTANTE É de fundamental importância que você consulte as tabelas de peso específico de materiais e elementos de construção apresentadas pela NBR 6120-2019. É a NBR que estabelece parâmetros para o cálculo estrutural correto. Na literatura técnica especí- fica, você encontrará uma série de dados e números que são utilizados na resolução de situa- ções-problema, cujas fontes não são citadas. Mas, para nós, arquitetos e urbanistas e engenhei- ros civis brasileiros, é obrigatória a estrita obediência às Normas da ABNT. Então, para que você calcule corretamente as ações permanentes, não esqueça de utilizar os dados apresentados pela NBR! Observe, caro aluno e cara aluna, que os elementos de vedação utilizados – paredes em blocos cerâmicos, em blocos cimentícios, blocos de gesso, dentro outros materiais – também são cargas permanentes na estrutura, assim como os revestimentos de piso, parede e forro. A lógica do cálculo da ação do peso destes elementos sobre a estrutura considerada é a mesma utilizada nos dois últimos exemplos, havendo sempre a necessidade de consultar as tabelas da NBR 6120-2019 para verifi cação de valores dos pesos específi cos dos materiais considerados pelo projeto. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 81TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 81 14/10/2021 15:34:4314/10/2021 15:34:43 82 TEORIA DAS ESTRUTURAS II IMPORTANTE Quando em um projeto arquitetônico forem previstas paredes divisórias mas seu posicionamento não está definido, o que comumente acontece com os apartamentos de “planta livre”, pode ser admitida, além dos demais carregamentos, uma carga uniformemente distribuída por metro quadrado de piso, não menor que um terço do peso por metro linear de parede pronta, observado o valor mínimo de 1 kN/m2. 3.2 AÇÕES OU CARREGAMENTOS VARIÁVEIS Em conformidade com a NBR 6120-2019, são ações cujos valores, estabelecido de maneira consensual, apresentam variabilidade signifi cativa em torno de sua média durante a vida útil da edifi cação. Os seus valores apresentam de 25% a 35% de probabilidade de serem ultrapassados no sentido desfavorável em um período de tempo de 50 anos. Como exemplos de ações variáveis em uma estrutura, tem-se o uso e a ocupação de uma determinada laje pelos usuários, conforme pode ser visto na Figura 36. Ao longo do tempo, os equipamentos e mobiliários podem sofrer modifi cações em seu posicionamento, podem ser modifi cados e consequentemente alterar seus pesos. Os usuários, a seu turno, movimentam-se continuamente nas lajes e os pesos, que são carregamentos, também variáveis, seja no valor quanto no posicionamento. Segundo a NBR 6120-2019, do mesmo modo são exemplos de ações variáveis as forças exercidas pelas ações do vento nas estruturas, bem como a variação de temperatura. TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 82TEORIA DAS ESTRUTURAS II.indd 82 14/10/2021 15:34:4414/10/2021
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