Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: Assim como as demais doenças crônicas, o tratamento da hipertensão (HAS) contempla medidas não medicamentosas (melhoram a qualidade de vida) e as estratégias farmacológicas. Recomendações terapêuticas na HAS de acordo com o grau de evidência individual As principais táticas para mudança do estilo de vida são: Dieta DASH (restrição de gordura e carne vermelha); Parâmetros alimentares na dieta DASH Restrição de sódio; Combate ao tabagismo e etilismo; Incentivo à prática de atividades físicas. No manejo farmacológico, os medicamentos são divididos em “linhas de escolha”, a saber: 1ª linha (compostos amplamente estudados para o controle da PA): o Diuréticos tiazídicos: Agem sobre os túbulos excretores na excreção de sódio, diminuindo o volume extracelular e, consequentemente, reduzindo a resistência vascular. Seus principais efeitos colaterais são câimbras, fraqueza e hipovolemia, que costumam desaparecer após 4-6 semanas, além de elevação do ácido úrico, disfunção erétil e indução de resistência a glicose Ex.: Hidroclorotiazida e similares. o IECA/BRA: Os IECAs são responsáveis por reduzir a concentração sérica de angiotensina II (afetando a progressão do SRAA), e também pela degradação de bradicinina, o que estimula a produção de mediadores vasodilatadores, como o óxido nítrico. A tosse é o efeito adverso mais comum, porém os mais importantes são rash e angioedema, além do risco de malformação fetal (evitar em mulheres em idade fértil). Ação dos IECAs sobre o controle da PA Os IECA podem fornecer grande benefício quando usados por diabéticos, pois conseguem retardar a piora da função colateral Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS OS BRAs (bloqueadores dos receptores de angiotensina), por sua vez, inibem a ação dos receptores AT1, implicando em efeitos similares aos IECA. Efeitos adversos são raros, porém pode haver elevação de potássio, nociva principalmente em pacientes com doenças renais. Mecanismo de ação dos bloqueadores do receptor de angiotensina Ex.: Captopril e Enalapril (IECAS), Losartana e Valsartana (BRA). o Bloqueadores de canais de cálcio: Sua ação se dá principalmente sobre as células musculares das arteríolas, que se hiperpolarizam e evitam a vasoconstricção. Principais sítios de ação dos bloqueadores de canais de cálcio Dividem-se em diidropiridínicos, primeira escolha principalmente nas fases iniciais do tratamento (apresentam efeitos mais periféricos) e não- diidropiridínicos. O principal efeito adverso é edema maleolar, bilateral e ascendente, que tende a regredir com a diminuição da dose. Pode ocorrer também cefaleia e edema gengival. Ex.: Anlodipino, Nifedipino, (diidropiridínicos), Verapramil e Diltiazem (não-diidropiridínicos) o Betabloqueadores: Atualmente são usados apenas em pacientes com doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva ou outras doenças que necessitem de controle da FC. Esses medicamentos podem ser seletivos (atuam só nos receptores β1 cardíacos) ou não, sendo que nesse último grupo há maior incidência de broncoespasmo. Outros efeitos importantes são diminuição da condução atrioventricular, bradicardia e resistência à glicose Essas duas classes medicamentosas não devem ser combinadas entre si, em decorrência da hipercalemia Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Ação da noradrenalina sobre seus diversos receptores Ex.: Propranolol, Metoprolol e Carvedilol e Nebivolol. 2ª linha: o Alfa-agonistas de ação central: São usados principalmente em gestantes, tendo como mecanismo de ação a redução na descarga vasomotora simpática do tronco encefálico, que suprime respostas vasoconstrictoras. Ex.: Metildopa e Clonidina (causa hipertensão de rebote). o Alfa-bloqueadores: Atuam na inibição de adrenoceptores do tipo α1, induzindo a diminuição da resistência vascular e o relaxamento de sua musculatura. Há pouco impacto sobre o débito cardíaco e sobre a velocidade de filtração glomerular, o que pode causar retenção hidroeletrolítica a longo prazo (associar a diuréticos). Ex.: Prazosina e Doxazosina. o Vasodilatadores diretos: Tem ação semelhante aos medicamentos acima, promovendo controle da PA com o relaxamento dos músculos lisos das arteríolas, podendo causar “respostas compensatórias” sistêmicas. Ex.: Hidralazina (indicada principalmente em casos de negros com insuficiência cardíaca) o Inibidores diretos da renina: Sua ação é limitada ao bloqueio dos sítios enzimáticos ativos para a renina, modulando a ativação do SRAA. Suas indicações são semelhantes a dos IECAs e BRAs. Ex.: Alisquireno (pouco usado). A monoterapia é a primeira estratégia empregada no manejo da HAS, principalmente em pacientes de estágio 1 com risco cardiovascular baixo. Podem ser iniciados quaisquer dos medicamentos de 1ª classe (observar necessidade individual). A associação medicamentosa é realizada em casos refratários ou em quadros mais avançados, com combinação de IECA OU BRA + bloqueador de canal de cálcio OU diurético. Caso ainda assim não ocorra resposta eficaz, devem ser usados três fármacos (bloqueadores de canal E diuréticos). A Espironolactona é mais um diurético que apresenta ação sinérgica com outros anti- hipertensivos, devendo ser usada como quarto medicamento, se necessário. O ideal é utilizar o menor número possível de comprimidos/dia, priorizando medicamentos de dose única Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Fluxograma de progressão do tratamento da HAS As metas terapêuticas com o tratamento farmacológico irão depender do grau de risco de cada paciente, a saber: Risco baixo a moderado: PA inferior a 140/90 mmHg; Risco alto: a PA deve se manter com pressão sistólica menor que 90 mmHg, e a PAD entre 70-79 mmHg. Idosos apresentam parâmetros distintos, com PAS alvo entre 130-139 mmHg e PAD ideal de 70-79 mmHg (quando hígidos) MANEJO DA HIPERTENSÃO EM PAIENTS DIABÉTICOS: A associação entre HAS e diabetes melitus é frequentemente observada, com risco de distúrbios insulínicos 2,5x maior em hipertensos e prevalência de distúrbios da PA em > 60% dos pacientes com DM2, e aumentando assim o risco de morte por doenças cardiovasculares nesses portadores. O aparecimento de hipertensão secundária ao diabetes se deve aos efeitos renais crônicos dessa segunda doença, alterando a dinâmica do sistema RAA. Suspeitas clínicas associadas à hipertensão arterial secundária Nesse grupo, a investigação clínica por lesões de órgãos-alvo é feita do mesmo modo que em indivíduos saudáveis. Assim, recomenda-se dosagem de eletrólitos, perfil lipídico, creatina (determina TFG), sumário de urina, ECG em repouso e fundoscopia. Sinais de suspeição clínica para investigação de hipertensão secundária O alvo terapêutico da pressão arterial no paciente diabético é muito debatido, uma vez que o controle intensivo aumenta a perda de função renal, não alcançando benefícios significativos na prevenção cardiovascular. Assim, considera-se como ideal, para a maioria das diretrizes, valores < 140/80 mmHg, sendo que indivíduos de alto risco devem ser mantidos abaixo de 130/80 mmHg. Para o tratamento medicamentoso, observa-se efeito cardiovascular protetor e preservação da função renal com o uso Idosos frágeis correm mais risco de hipoperfusão, justificando a adoção de metas mais permissivas para a PA (limiar de tratamento inferior a 160/90 mmHg) Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS de BRA, IECA,tiazídicos (menor incidência de ICC) e bloqueadores do canal de cálcio. Observa-se, no entanto, que alguns pacientes apresentam indicações específicas, como: Albuminúria e/ou proteinúria: recomenda-se o uso de BRA; Cardiopatia isquêmica: aconselhado o uso de betabloqueadores; Pacientes com TFG < 30 mL/min/1,73 m²: o uso de diuréticos de alça pode apresentar efeito positivo. Fluxograma para o tratamento medicamentoso da HAS em pacientes com diabetes melitus
Compartilhar