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Eduardo Tanaka DIREITO PREVIDENCIÁRIO 4ª Edição Totalmente Revisada e Atualizada em 2022 e de acordo com a Portaria Interministerial MTP/ME nº 12, de 2022. Florianópolis Eleva Concursos 2022 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 A Eleva Concursos se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). Nem a Eleva Concursos nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. Todos os direitos reservados. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xero- gráficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. Impresso no Brasil - Printed in Brazil Impresso, comercializado e distribuído exclusivamente por Clube de Autores - www.clubedeautores.com.br Copyright © 2022 by ELEVA CONCURSOS - www.elevaconcursos.com.br Para contato: contato@elevaconcursos.com.br Direitos exclusivos para o Brasil na língua portuguesa 81135 Tanaka, Eduardo Direito previdenciário/ Eduardo Tanaka - Florianópolis : Eleva Concursos, 2022. ISBN 978-65-81135-01-0 1. Previdência social - Legislação - Brasil - Questões, exercícios. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 “Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança a força de sua alma... Todo universo conspira a seu favor!” Goethe Dedicatórias Para Raquel, Henrique e Isabela, fontes permanentes de apoio e inspiração. Agradecimentos Aos meus pais, a quem devo o que hoje sou. Sempre me mostraram, com carinho, a importância do estudo e da ética. Aos meus mestres, de ontem e de hoje, que tanto contribuíram para minha formação pessoal. Aos meus alunos, objetivo desta obra, por compartilharem de um aprendizado mútuo e constante. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Videoaulas no YouTube Todo o conteúdo desta obra está didaticamente explicado no YouTube, no canal do Prof. Edudardo Tanaka, disposto em playlists. Além do Direito Previdenci- ário, neste canal você também encontrará playlist de Direito Administrativo. Nosso canal já ultrapassou a marca de 167 mil inscritos e 9 milhões de visuali- zações! Seu estudo de forma focada, objetiva, aprofundada e - por que não - gratuita e divertida. Acesse: youtube.com/profeduardotanaka O Autor Eduardo Tanaka É Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil; YouTuber de conteúdo educacional para concursos públicos; Formado em Direito pela USP e pela UFMS e em Odontolo- gia pela USP; Pós-graduado em Direito Constitucional; Professor de Direito Previdenciário, Administrativo e Constitu- cional; Líder do Projeto EFD-Reinf e integrante do Grupo de Traba- lho do eSocial pela Receita Federal. www.eduardotanaka.com Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Apresentação O Direito Previdenciário, através da Reforma da Previdência - Emenda Cons- titucional nº 103, de 2019 - sofreu grandes mudanças em suas regras, somadas às constantes alterações pela legislação. Esta obra tem por objetivo servir ao estudo da Previdência Social e proporcio- nar aos estudantes e profissionais da área, um instrumento valioso, aliado às mi- nhas aulas gratuitas em meu canal no YouTube. Sendo assim, nossa obra tem como proposta apresentar o texto totalmente atualizado à época de sua aquisição, motivo pelo qual, optei pelo moderno método do “Clube de Autores” (livro físico) e pela “Hotmart” (livro digital), que me proporcio- na esta flexibilidade em atualizar, a qualquer mudança, a edição deste livro. Desse modo, é importante que o aluno, tanto o iniciante quanto o mais avan- çado que está a reciclar seus conhecimentos em legislação previdenciária, possa contar com textos atualizados. Por meio de uma linguagem objetiva, trato a matéria, assim como faço em minhas aulas, ilustrando e aprofundando cada assunto, de modo suficiente e direto, de acordo com o que é cobrado em provas de concursos públicos. O leitor encon- trará exemplos claros, quadros sinóticos e destaques para pontos importantes do estudo. Assim, será passado todo o conteúdo para que o leitor possa lograr sucesso em qualquer concurso público, como os do INSS, da Receita Federal do Brasil, da Polícia Federal, de Tribunais Federais, da Magistratura, dentre outros. Organizei, também, as questões de concursos públicos pertinentes aos pontos abordados de forma a proporcionar um aprendizado atualizado, crítico e sedimen- tado do Direito Previdenciário. É importante que a teoria esteja aliada à prática de questões. Bons estudos e mãos à obra! O Autor Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Abreviaturas BPC - Benefício de Prestação Continuada CEI - Cadastro Específico do INSS CF - Constituição Federal CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais DCTFWeb - Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Web EFD-Reinf - Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais eSocial - Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Traba- lhistas FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço GFIP - Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previ- dência Social GPS - Guia da Previdência Social IN - Instrução Normativa INSS - Instituto Nacional do Seguro Social LC - Lei Complementar LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social ME - Ministério da Economia MEI - Microempreendedor Individual MP - Medida Provisória MTP - Ministério do Trabalho e Previdência NIT - Número de Identificação do Trabalhador OGMO - Órgão Gestor de Mão de Obra RFB - Secretaria da Receira Federal do Brasil RGPS - Regime Geral de Previdência Social RMB - Renda Mensal de Benefício RPPS - Regime Próprio de Previdência Social RPS - Regulamento da Previdência Social - Decreto 3.048/99. SB - Salário de Benefício SC - Salário de Contribuição Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Sumário 1 - Seguridade Social ............................................................................................................... 17 1.1. SEGURIDADE SOCIAL – CONCEITUAÇÃO .......................................................................................17 1.2. SEGURIDADE SOCIAL – ORGANIZAÇÃO ..........................................................................................19 1.3.1. Princípios gerais ................................................................................................................................21 1.3.1.1. Igualdade ........................................................................................................................................21 1.3.1.2. Legalidade ......................................................................................................................................21 1.3.1.3. Direito adquirido ..............................................................................................................................21 1.3.1.4. Solidariedade ..................................................................................................................................22 1.3.2. Princípios específicos ........................................................................................................................221.3.2.1. Universalidade da cobertura e do atendimento ..............................................................................23 1.3.2.2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais ..............24 1.3.2.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços .........................................24 1.3.2.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios ..........................................................................................25 1.3.2.5. Equidade na forma de participação e custeio .................................................................................26 1.3.2.6. Diversidade da base de financiamento ...........................................................................................26 1.3.2.7. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com partici- pação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados ...............27 1.3.3. Princípios constitucionais específicos do art. 195 da Constituição Federal ......................................28 1.3.3.1. Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço ........................................................28 1.3.3.2. Princípio da anterioridade nonagesimal ou noventena (ou anterioridade mitigada) .......................28 1.3.3.3. Princípio da vedação de contratar ou receber benefícios ...............................................................29 1.3.4. Art. 195 da Constituição Federal ........................................................................................................29 1.3.4.2. Proposta de orçamento da Seguridade Social – art. 195, § 2o ......................................................32 1.3.4.3. Criação de novas contribuições sociais – art. 195, § 4o .................................................................32 1.3.4.4. Imunidade (isenção) de contribuições sociais – art. 195, § 7o .......................................................32 1.3.4.5. Segurado especial – art. 195, § 8º ..................................................................................................33 1.3.4.6. Alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas – art. 195, § 9o .........................................................34 1.3.4.7. Transferência de recursos – art. 195, § 10 .....................................................................................34 1.3.4.8. Vedação de concessão de remissão ou anistia – art. 195, § 11 .....................................................35 1.3.4.9. Não cumulatividade – art. 195, § 12 ...............................................................................................35 1.3.4.10. Reconhecimento do tempo de contribuição – art. 195, § 14 ........................................................35 2 - Regime Geral de Previdência Social ................................................................................. 37 2.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................37 2.2. TIPOS DE REGIMES PREVIDENCIÁRIOS ..........................................................................................37 2.2.1. Regime Geral da Previdência Social .................................................................................................38 2.2.2. Regimes próprios da Previdência ......................................................................................................38 2.2.3. Regime Complementar (ou Previdência Privada) ..............................................................................39 2.2.4. Regime Geral de Previdência Social na Constituição Federal – art. 201 ..........................................40 2.2.4.1. Introdução .......................................................................................................................................40 2.2.4.2. Garantias constitucionais da Previdência Social ............................................................................41 2.3. PRINCÍPIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ARROLADOS NA LEI Nº 8.213/1991 .................................45 3- Segurados da Previdência Social ....................................................................................... 47 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 3.1. SEGURADOS OBRIGATÓRIOS ...........................................................................................................47 3.1.1. Empregado ........................................................................................................................................47 3.1.1.1. Empregados conforme o Decreto 3.048/1999 ................................................................................48 3.1.1.2. Empregados – Instrução Normativa RFB 971/2009 .......................................................................54 3.1.2. Empregados domésticos ...................................................................................................................55 3.1.3. Trabalhador avulso ............................................................................................................................56 3.1.4. Segurado especial .............................................................................................................................59 3.1.5. Contribuinte individual ........................................................................................................................64 3.2. SEGURADOS FACULTATIVOS ............................................................................................................70 3.3. TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL ......................................................................72 4 - Custeio – Considerações Preliminares ............................................................................. 73 4.1. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL .....................................73 4.1.1. Filiação ...............................................................................................................................................73 4.1.2. Inscrição .............................................................................................................................................74 4.1.2.1. Inscrição do segurado .....................................................................................................................74 4.1.2.2. Inscrição do dependente .................................................................................................................76 4.1.2.3. Inscrição Post Mortem ...................................................................................................................77 4.2. EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO: CONCEITO PREVIDENCIÁRIO ...................................77 4.2.1. Empresa .............................................................................................................................................77 4.2.2. Empregador doméstico ......................................................................................................................78 4.3. MATRÍCULA DA EMPRESA ..................................................................................................................79 4.3.1. Matrícula do produtor rural pessoa física e do segurado especial ....................................................79 4.4. REGIMES DE FINANCIAMENTO PREVIDENCIÁRIO .........................................................................80 4.5. ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL ..........................................................................................81 4.5.1. Contribuição da União .......................................................................................................................81 4.5.2. Contribuições Sociais ........................................................................................................................825- Contribuições dos Segurados ............................................................................................ 84 5.1. CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO .....84 5.2. CONTRIBUIÇÃO DO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E SEGURADO FACULTATIVO .........................89 5.2.1. Contribuição do segurado facultativo .................................................................................................89 5.2.2. Plano Simplificado de Previdência Social – Alíquota de 11% ou 5% .................................................90 5.2.3. Contribuição do contribuinte individual ..............................................................................................91 5.2.4. Contribuição do Microempreendedor Individual – MEI ......................................................................97 5.2.4.1. O empregado do MEI ......................................................................................................................99 5.2.5. Quadro-resumo do contribuinte individual .........................................................................................100 5.3. CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO ESPECIAL ....................................................................................100 5.4. COMPLEMENTAÇÃO E AGRUPAMENTO DE CONTRIBUIÇÕES QUE NÃO ATINGIRAM O VALOR MÍNIMO ..................................................................................................................................................................103 6- Contribuições das Empresas (Patronais) ........................................................................ 107 6.1. CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO ..........................................................................107 6.2. CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA ..........................................................................................................109 6.2.1. Contribuições das empresas incidentes sobre remunerações de contribuintes individuais ..............110 6.2.1.1. Adicional das cooperativas de produção ........................................................................................111 6.2.2. Contribuições das empresas incidentes sobre remunerações de empregados e trabalhadores avulsos 112 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 6.2.2.1. Adicional das instituições financeiras ..............................................................................................112 6.2.2.2. Contribuição decorrente do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa Decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho – Gilrat .............................................................................................................................113 6.2.2.3. Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta – Lei nº 12.546/2011 ......................................117 6.2.3. Contribuições substitutivas das empresas, em relação à parte patronal da regra geral de custeio ..118 6.2.3.1. Contribuição substitutiva do clube de futebol profissional ..............................................................118 6.2.3.2. Contribuição substitutiva do produtor rural .....................................................................................120 6.2.3.2.1. Produtor rural pessoa física .........................................................................................................120 6.2.3.2.2. Produtor rural pessoa jurídica ......................................................................................................124 6.2.3.2.3. Agroindústria ................................................................................................................................126 7 - Concursos de Prognósticos e Receitas de Outras Fontes ........................................... 127 7.1. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DE CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS ...............................127 7.2. RECEITAS DE OUTRAS FONTES .......................................................................................................128 8 - Salário de Contribuição .................................................................................................... 130 8.1. LIMITE MÍNIMO E MÁXIMO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO .......................................................130 8.1.1. Limite mínimo .....................................................................................................................................130 8.1.2. Limite máximo ....................................................................................................................................130 8.2. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO – CONCEITOS ...................................................................................131 8.2.1. Salário de contribuição para o contribuinte individual ........................................................................131 8.2.2. Salário de contribuição para o empregado doméstico .......................................................................132 8.2.3. Salário de contribuição para o segurado facultativo ..........................................................................132 8.2.4. Salário de contribuição para o segurado empregado e o avulso .......................................................132 8.2.4.1. Parcelas integrantes do salário de contribuição .............................................................................134 8.2.4.2. Parcelas não integrantes do salário de contribuição ......................................................................135 8.3. PROPORCIONALIDADE ......................................................................................................................145 8.4. REAJUSTAMENTO ...............................................................................................................................145 9- Arrecadação e Recolhimento das Contribuições Destinadas à Seguridade Social .... 146 9.1. OBRIGAÇÕES DA EMPRESA E DEMAIS CONTRIBUINTES E PRAZO DE RECOLHIMENTO ........146 9.1.1. Obrigações da empresa .....................................................................................................................146 9.1.2. Obrigações do contribuinte individual ................................................................................................148 9.1.3. Obrigações do produtor rural pessoa física e o segurado especial ...................................................149 9.1.4. Obrigações do produtor rural pessoa jurídica ....................................................................................149 9.1.5. Recolhimento do facultativo ...............................................................................................................149 9.1.6. Obrigações do empregador doméstico ..............................................................................................149 9.1.7. Recolhimento trimestral .....................................................................................................................149 9.1.8. Presunção de desconto .....................................................................................................................150 9.1.9. Responsável pelas obrigações do trabalhador avulso ......................................................................151 9.2. RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO: JUROS, MULTA DE MORA E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA ..151 9.2.1. Juros de mora ....................................................................................................................................151 9.2.2. Multa de mora ....................................................................................................................................152 9.2.3. Atualização monetária ........................................................................................................................153 9.2.4. Leitura Complementar .......................................................................................................................15310- Obrigações Acessórias ................................................................................................... 154 10.1. DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ...................................................................................................154 10.2. EXAME DA CONTABILIDADE ............................................................................................................158 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 11- Retenção e Responsabilidade Solidária: Conceitos, Natureza Jurídica e Características 160 11.1. RETENÇÃO (CONHECIDA COMO RETENÇÃO DOS 11%) ..............................................................160 11.1.1. Rol dos serviços sujeitos à retenção de 11% ...................................................................................162 11.1.2. Retenção sobre serviços sujeitos à desoneração da folha de pagamentos ....................................164 11.2. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ....................................................................................................165 11.2.1. Conceito ...........................................................................................................................................165 11.2.2. Solidariedade na construção civil ....................................................................................................165 11.2.3. Solidariedade em grupo econômico .................................................................................................167 11.2.4. Solidariedade em produtores rurais integrantes do consórcio simplificado .....................................167 11.2.5. Solidariedade entre o operador portuário e o órgão gestor de mão de obra ...................................167 11.2.6. Solidariedade para os administradores da Administração Pública indireta......................................168 11.2.7. Solidariedade de empresas integrantes de consórcio .....................................................................169 12- Decadência e Prescrição ................................................................................................. 170 12.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................170 12.2. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO NO CUSTEIO .................................................................................170 12.2.1. Decadência no custeio .....................................................................................................................170 12.2.2. Prescrição no custeio .......................................................................................................................171 12.3. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO NOS BENEFÍCIOS .........................................................................172 12.3.1. Prazo para a revisão do ato de concessão de benefício .................................................................172 12.3.2. Prescrição de ações relativas a acidente de trabalho .....................................................................174 12.3.3. Prazo decadencial para administração anular os benefícios concedidos .......................................174 13- Crimes contra a Seguridade Social ................................................................................ 176 13.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................176 13.2. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA ...............................................................177 13.3. CRIME DE SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ................................................179 13.4. CRIME DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO ................................................................181 13.5. CRIME DE INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES ...........................182 13.6. CRIME DE MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES 183 13.7. CRIME DE DIVULGAÇÃO DE SEGREDO .........................................................................................183 13.8. CRIME DE VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL ..............................................................................183 13.9. CRIME DE FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO ............................................................184 13.10. CRIME DE ESTELIONATO ...............................................................................................................184 14- Plano de Benefícios da Previdência Social: Espécies de Prestações ........................ 185 14.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................185 14.2. ESPÉCIES DE PRESTAÇÕES ...........................................................................................................185 15- Beneficiários – Dependentes .......................................................................................... 190 15.1. DEPENDENTES .................................................................................................................................190 15.2. PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE .....................................................................................197 16- Manutenção e Perda da Qualidade de Segurado .......................................................... 202 16.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................202 16.2. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO ...........................................................................202 16.3. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO .........................................................................................205 16.4. RESTABELECIMENTO DA QUALIDADE DE SEGURADO ...............................................................205 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 17- Períodos de Carência....................................................................................................... 206 17.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................206 17.2. PERÍODO DE CARÊNCIA ..................................................................................................................206 17.3. DATA INICIAL PARA CONTAGEM DO PERÍODO DE CARÊNCIA ....................................................209 17.4. REGRA DO 1/2 ou 50% – QUANDO DA PERDA DA QUALIDADE DO SEGURADO .......................210 17.5. CARÊNCIA DO SERVIDOR PÚBLICO ...............................................................................................211 18- Salário de Benefício e Renda Mensal de Benefício ...................................................... 212 18.1. SALÁRIO DE BENEFÍCIO – INTRODUÇÃO E CONCEITO ...............................................................212 18.1.1. Valor do salário de benefício ............................................................................................................212 18.1.2. Valor do salário de benefício para o segurado especial ..................................................................213 18.1.2.1. Comprovação do exercício da atividade rural ...............................................................................214 18.1.3. Limites do salário de benefício ........................................................................................................215 18.1.4. Fonte de informações e dever de informar ......................................................................................215 18.1.5. Demais informações para o cálculo do salário de benefício ............................................................21618.2. RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – INTRODUÇÃO .........................................................................218 18.2.1. Cálculo da Renda Mensal do Benefício ...........................................................................................218 18.2.2. Percentuais aplicados para a obtenção do valor da renda mensal de benefício .............................219 18.3. REAJUSTAMENTO DO VALOR DO BENEFÍCIO ..............................................................................223 19- Aposentadoria por Incapacidade Permanente .............................................................. 226 19.1. REGRAS BÁSICAS DA APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE .........................226 19.2. REGRAS ESPECÍFICAS DA APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE ................230 20- Aposentadorias: Programada, Programada dos Professores e Por Idade do Trabalhador Rural ....................................................................................................................................... 233 20.1. REGRAS BÁSICAS DA APOSENTADORIA PROGRAMADA ............................................................233 20.2. REGRAS ESPECÍFICAS SOBRE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ......................................................238 21- Regras de Transição – Aposentadoria .......................................................................... 244 21.1. Segurado com direito adquirido ..........................................................................................................244 21.2. Segurado em cumprimento dos requisitos .........................................................................................245 21.2.1. Aposentadoria por Tempo de Contribuição - Sistema de Pontos.....................................................245 21.2.2. Tempo de contribuição e idade mínima ..........................................................................................247 21.2.3. Tempo de Contribuição e Período adicional de 50% ......................................................................249 21.2.4. Aposentadoria por Idade ..................................................................................................................250 21.2.5. Aposentadoria por Tempo de Contribuição e Período Adicional de 100% .......................................251 22- Aposentadoria Especial ................................................................................................... 254 22.1. REGRAS BÁSICAS DA APOSENTADORIA ESPECIAL .....................................................................254 22.2. REGRAS ESPECÍFICAS DA APOSENTADORIA ESPECIAL ............................................................255 23- Aposentadorias por Tempo de Contribuição e por Idade do Segurado com Deficiência 261 23.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................261 23.2. ASPECTOS GERAIS DAS APOSENTADORIAS DO SEGURADO COM DEFICIÊNCIA ...................261 23.3. APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO COM DEFICIÊNCIA – REGRAS BÁSICAS ........262 23.4. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO COM DEFICIÊNCIA – RE- GRAS BÁSICAS ....................................................................................................................................................263 24- Auxílio por Incapacidade Temporária (auxílio-doença) ................................................ 267 24.1. REGRAS BÁSICAS DO AUXÍLIO por INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ............................................267 24.2. REGRAS ESPECÍFICAS DO AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ..................................268 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 25- Salário-Família .................................................................................................................. 272 25.1. REGRAS BÁSICAS DO SALÁRIO-FAMÍLIA (ARTS. 81 E SS. DO RPS) ...........................................272 25.2. REGRAS ESPECÍFICAS DO SALÁRIO-FAMÍLIA ..............................................................................273 26- Salário-Maternidade ......................................................................................................... 277 26.1. REGRAS BÁSICAS DO SALÁRIO-MATERNIDADE ..........................................................................277 26.2. REGRAS ESPECÍFICAS DO SALÁRIO-MATERNIDADE ..................................................................278 27- Auxílio-Acidente ............................................................................................................... 284 27.1. REGRAS BÁSICAS DO AUXÍLIO-ACIDENTE ...................................................................................284 27.2. REGRAS ESPECÍFICAS DO AUXÍLIO-ACIDENTE ...........................................................................286 28- Pensão por Morte ............................................................................................................. 287 28.1. REGRAS BÁSICAS DA PENSÃO POR MORTE ................................................................................287 28.2. REGRAS ESPECÍFICAS DA PENSÃO POR MORTE ........................................................................289 29- Auxílio-Reclusão .............................................................................................................. 294 29.1. REGRAS BÁSICAS DO AUXÍLIO-RECLUSÃO ..................................................................................294 29.2. REGRAS ESPECÍFICAS DO AUXÍLIO-RECLUSÃO ..........................................................................295 30- Serviços da Previdência Social – Serviço Social – Habilitação e Reabilitação Profissio- nal ............................................................................................................................................ 298 30.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................298 30.2. SERVIÇO SOCIAL ..............................................................................................................................298 30.3. HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL ...........................................................................299 31- Abono Anual ..................................................................................................................... 303 32- Acumulação de Benefícios .............................................................................................. 305 32.1. PENSÃO POR MORTE ......................................................................................................................305 32.2. SEGURO-DESEMPREGO .................................................................................................................307 32.3. SÍNDROME DA TALIDOMIDA ............................................................................................................308 32.4. AUXÍLIO-RECLUSÃO .........................................................................................................................308 32.5. BPC-LOAS ..........................................................................................................................................308 33- Acidente do Trabalho ....................................................................................................... 310 33.1. EVENTOS EQUIPARADOS A ACIDENTE DE TRABALHO ...............................................................311 33.2. DOENÇAS NÃO CONSIDERADAS DO TRABALHO .........................................................................311 33.3. NORMAS DE SEGURANÇA ...............................................................................................................312 33.4. COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DO TRABALHO - CAT ..................................................................31333.5. NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO ................................................................................................313 34- Recurso das Decisões Administrativas ......................................................................... 314 34.1. RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS .............................................................................314 35- Procuração para Recebimento de Benefícios ............................................................... 317 36- Origem e Evolução Legislativa no Brasil e Competências do INSS e da Receita Federal do Brasil .................................................................................................................................. 319 36.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL ..........................................................................319 36.2. COMPETÊNCIAS DO INSS E DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL .................................................324 36.2.1. Competências do INSS ....................................................................................................................324 36.2.2. Competências da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB .................................................325 37- Legislação Previdenciária ............................................................................................... 327 37.1. CONTEÚDO, AUTONOMIA ................................................................................................................327 37.2. FONTES .............................................................................................................................................327 37.3. APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS .............................................................................329 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 37.3.1. Vigência ..........................................................................................................................................329 37.3.2. Hierarquia .......................................................................................................................................329 37.3.3. Interpretação ...................................................................................................................................330 37.3.4. Integração .......................................................................................................................................331 37.4. ORIENTAÇÃO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES ...............................................................................332 37.5. Competência Legislativa .....................................................................................................................333 38- Lei da Assistência Social – LOAS .................................................................................. 335 38.1. ASSISTÊNCIA SOCIAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...................................................................335 38.2. LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS .........................................................................336 38.2.1. Benefício de Prestação Continuada (BPC) ......................................................................................346 38.2.2. Continuação da Lei nº 8.742/93 - LOAS ..........................................................................................357 38.2.3. Auxílio-Inclusão ................................................................................................................................363 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 365 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 17 1 - Seguridade Social Neste capítulo estudaremos a Seguridade Social. Aprenderemos a diferenciar suas espécies e apro- fundaremos o estudo dos princípios constitucionais. 1.1. SEGURIDADE SOCIAL – CONCEITUAÇÃO Vamos conceituar o que é a Seguridade Social, que está na nossa Constituição Federal, em seu art. 194: A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social. Então a primeira informação que tenho que ter em mente é que quando há o termo “Seguridade Social”, estamos a falar de três espécies: Saúde, Previdência Social e Assistência Social. Assim, podemos esquemati- zar da seguinte forma: Entendendo isso, percebe-se que a Seguridade Social é um conjunto (devido às três espécies) que se integra harmonicamente tendo como objetivo levar a todos o bem-estar e a justiça sociais. Como previsto no art. 193 da Constituição Federal: Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. E suas ações são de iniciativa dos Poderes Públicos, bem como de toda a sociedade. A sociedade tem participação ativa nas políticas sociais. ATENÇÃO! É importante que o candidato de concurso público tente memorizar esse conceito, pois tem sido objeto de várias questões de provas. O diagrama a seguir facilitará sua compreensão: Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 18 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka Só para começar, vamos ver se você já acertaria algumas questões de concurso público? (CESPE – INSS – Técnico do Seguro Social – 2016) A CF define seguridade social como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Resposta: Certo (CESPE – 2018 – EMAP – Analista Portuário Área Jurídica) O sistema de seguridade social compreende um conjunto de ações de iniciativa exclusiva dos poderes públicos, que se destinam à garantia de saúde, previdência e assistência à sociedade. Resposta: Errado (Juiz Federal – 2018 – TRF-2ª – IBFC) Marque a opção certa: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à: a) Saúde, educação e previdência social. b) Previdência social, assistência social e saúde. c) Saúde, assistência social e educação. d) Educação, assistência social e previdência social. e) Educação, direitos humanos e saúde. Resposta: B (FCC – Procurador de Contas – TCE-CE – 2015) Nos termos previstos na Constituição da República Federativa do Brasil, a Seguridade Social compreende um conjunto de ações a) integradas e de iniciativa exclusiva do Poder Público Federal e da sociedade, com destinação de garantia de direitos da previdência social, da saúde, da assistência social, da educação, cultura e desporto. b) independentes e centralizadas, de inciativa privativa dos Poderes Públicos, visando exclusivamente à garantia de direitos relativos à previdência social. c) integradas de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. d) descentralizadas e concorrentes, de inciativa privativa da União e dos Estados- Membros, com objetivo de assegurar direitos relativos exclusivamente às áreas de previdência e assistência social. e) integradas e de inciativa privativa dos Poderes Públicos com destinação à garantia de direitos da previdência social, da saúde, da assistência social, da educação, cultura e desporto. Resposta: C. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 19 (FCC– Técnico do Seguro Social – INSS – 2012) É correto afirmar que a Seguridade Social compreende a) a Assistência Social, a Saúde e a Previdência Social. b) a Assistência Social, o Trabalho e a Saúde. c) o Sistema Tributário, o Lazer e a Previdência Social. d) a Educação, a Previdência Social e a Assistência Social. e) a Cultura, a Previdência Social e a Saúde. Resposta: A. (CESPE – Analista da Prev. Soc. – INSS – 2003) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. Resposta: Certo. 1.2. SEGURIDADE SOCIAL – ORGANIZAÇÃO Analisando-se o conceito de Seguridade Social, percebemos que ela é gênero de três espécies: Previ- dência Social, Assistência Social e Saúde. Entretanto, apesar de comporem a seguridade social, a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde são administradas e coordenadas por autarquias, órgãos e ministérios diversos. Suas atuações, ape- sar de serem integradas, são independentes e regidas pelos mesmos princípios da seguridade social. E, conforme o § 2º do art. 195 da Constituição Federal, “a proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, Previdência Social e Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos”. Percebe-se que há independência orçamentária, assegurando-se a cada uma das espécies da Seguridade Social a gestão de seus recursos. O objeto desta obra (Direito Previdenciário) é o estudo detalhado da Previdência Social. Porém, é inte- ressante, agora, fazer uma sucinta diferenciação: • A Previdência Social: Será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória. Assim, faz-se necessário o pagamento de contribuição social para receber qualquer de seus benefícios. Sobre a Previdência Social a qual será o objeto de, praticamente, todo o nosso estudo, podemos divi- dir didaticamente em duas partes: benefício e custeio. Os benefícios são administrados pelo INSS, autarquia vinculada ao Ministério da Economia. Já o custeio é executado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, órgão subordinado ao Ministério da Economia e responsável pela arrecadação e fiscalização das contri- buições sociais como as contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento, a Cofins, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). • A Assistência Social: Será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II- o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; III- a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV- a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, con- Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 20 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka forme dispuser a lei. Assim, notamos que a Assistência Social é devida somente às pessoas necessitadas, que realmente precisam do benefício para sua subsistência, e não é necessária nenhuma contribuição prévia para a Segu- ridade Social. Essa missão, em nível federal, cabe à Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, do Mi- nistério da Cidadania, que é a responsável pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de cidadania no país. Como exemplos, podemos citar: Bolsa-Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC – Loas). • A Saúde: É direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas, que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. A saúde, cujas ações partem do Sistema Único de Saúde, é acessível a todas as pessoas, indepen- dentemente de classe social (pobres e ricos têm acesso), e não há necessidade de contribuição para Seguri- dade Social. Assim, podemos fazer um quadro que resume sinteticamente suas características e diferenças: Espécies da Seguridade Social É necessária contribuição (pagamento)? Quem tem direito? Exemplo Previdência Social SIM Quem contribuiu (pagou) para o INSS e seus dependentes. Aposentadorias, salário-maternidade. Assistência Social NÃO Aquele que necessitar. Bolsa-família. Saúde NÃO Todos. Sem qualquer distinção. Atendimento hospitalar pelo SUS. (ESAF – Auditor Fiscal da Previdência Social – INSS – 2002) À luz da Seguridade Social definida na Constituição Federal, julgue os itens abaixo: I – Previdência Social, Saúde e Assistência Social são partes da Seguridade Social. II – A saúde exige contribuição prévia. III – A Previdência Social exige contribuição prévia. IV – A assistência social possui abrangência universal, sendo qualquer pessoa por ela amparada. a) Todos estão corretos. b) Somente I está incorreto. c) II e IV estão incorretos. d) I e II estão incorretos. e) III e IV estão incorretos. Resposta: C. É importante lembrar que, no caso da assistência social, são amparados somente os necessitados! (ESAF – Auditor Fiscal da Previdência Social – INSS – 2002) Pedro, menor carente, de 12 anos, e Paulo, empresário bem-sucedido, de 21 anos, desejam participar de programas assistenciais (Assistência Social) e de saúde pública (Saúde). De acordo com a situação-problema apresentada acima, é correto afirmar que: a) Pedro e Paulo podem participar da Assistência Social. b) Só Pedro pode participar da Saúde. c) Pedro só pode participar da Assistência Social. d) Paulo pode participar da Assistência Social. e) Pedro e Paulo podem participar da Saúde. Resposta: E Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 21 1.3.1. Princípios gerais 1.3.1.1. Igualdade De acordo com o art. 5º, caput, da Constituição Federal, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”. Segundo Rui Barbosa, em Oração aos moços: A regra da igualdade consiste senão em aquinhoar desigualmente os desiguais, na medida em que sejam desiguais. Nessa desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. Tratar como desiguais os iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. O que Rui Barbosa quis dizer, resumidamente, foi: “Tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais, na exata proporção de suas desigualdades”. Ou seja, a verdadeira igualdade está presente quan- do procuramos diminuir as desigualdades sociais. A exemplo disso, apontamos os programas assistencialistas do governo, como o Bolsa-Família, que levam melhores condições de vida às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza no país. Dessa for- ma, não estamos discriminando os ricos por não terem acesso ao Bolsa-Família, mas sim, tratando desigual- mente aqueles que necessitam, para que se tornem “mais iguais” em relação aos demais, já abonados. 1.3.1.2. Legalidade “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, assim diz o inc. II do art. 5º da CF. Vivemos em um Estado de Direito e somente a lei poderá, por exemplo, obrigar ao pagamento de con- tribuições sociais, proporcionar a concessão de benefícios, conceder isenções. As pessoas podem fazer tudo o que a lei não proibir e devem fazer tudo o que a lei mandar. Uma contribuiçãosocial jamais poderá ser exigida se não houver uma lei. Caso contrário, o represen- tante do fisco estaria cometendo o crime de “excesso de exação”. 1.3.1.3. Direito adquirido O inc. XXXVI do art. 5º da Constituição Federal diz que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. E o que é direito adquirido? Ora, direito adquirido é aquele em que foram cumpridas todas as condi- ções para seu implemento, mesmo que não haja seu exercício. Que tal um exemplo? • Suponha que um trabalhador cumpriu todos os requisitos para se aposentar. Dessa forma, ele pode escolher receber sua aposentadoria agora ou mais para frente. Então, vamos supor que ele resolva se apo- sentar mais tarde e que posteriormente alguma lei altere a regra da aposentadoria prejudicando seu direito adquirido. Sendo assim, mesmo com a alteração da lei, como ele tem o direito adquirido poderá se aposentar no futuro, sem prejuízo trazido pela nova lei, no momento que quiser, pois a condição da aposentadoria já fora cumprida anteriormente. Assim, a Constituição Federal protege o direito adquirido, cujo princípio deve ser obedecido por toda legislação, principalmente no caso de concessão de benefícios. Ademais, um dos princípios na interpretação do Direito é a de que o tempus regit actum, expressão jurídica que em latim significa o tempo rege o ato. Este princípio garante a estabilidade do “negócio jurídico perfeito”. Dessa forma, por este princípio, as regras que devem ser utilizadas serão aquelas ocorridas à épo- Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 22 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka ca do fato gerador do benefício. 1.3.1.4. Solidariedade Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária. Assim preconiza o art. 3º, inc. I, da Constituição Federal. O homem é um ser social por natureza. Uns dependem dos outros para a sua própria sobrevivência. Como vocês verão no capítulo sobre a “Origem e evolução legislativa no Brasil”, não é de hoje que as pesso- as se preocupam com as contingências sociais, tais como doença, velhice, morte etc. Dessa forma, todos aqueles que produzem, que trabalham, devem contribuir com parte de seus ga- nhos para com os que precisam de alguma assistência. Por exemplo, todo mês é descontado na folha de pagamento do empregado um percentual que será destinado à Previdência Social. Esse dinheiro será usado imediatamente para pagar os aposentados de hoje. Por isso é que o nosso sistema do Regime Geral é contributivo de repartição simples: as empresas e os trabalhadores de hoje “pagam” os aposentados de hoje. É conhecido como pacto intergeracional ou pacto das gerações. E não é como alguns pensam, que o dinheiro recolhido hoje fica guardado, rendendo juros, capitalizan- do-se, para quando a pessoa se aposentar poder desfrutá-lo. Este seria um sistema de capitalização, como se fosse uma aplicação financeira, utilizado apenas na aposentadoria complementar. Ex.: Plano de Previdên- cia Complementar do Banco do Brasil. Concluindo, pelo princípio da solidariedade, o sistema da Previdência Social é contributivo de reparti- ção simples e não de capitalização. (CESPE - DPE-CE - Defensor Público) Embora não conste expressamente no título que trata da ordem social na Constituição Federal, o princípio da solidariedade é postulado fundamental para a compreensão do regime financeiro da previdência social brasileira, representado de maneira evidente pelo pacto das gerações, característica dos sistemas de repartição. Resposta: Certo 1.3.2. Princípios específicos Vamos agora tratar dos princípios específicos e que são muito cobrados em provas de concurso. O Título VIII, que fala “Da Ordem Social” na Constituição Federal, dispõe, em seu art. 193, que “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”. Logo após, seu art. 194 assim preconiza: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento; II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 23 preservado o caráter contributivo da previdência social; VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. FICA A DICA! Para concurso público de Direito Previdenciário, os artigos mais importantes da Constituição Federal são: o art. 194 (o mais importante), o art. 195 e o art. 201, que vamos estudar. Dentre estes, os princípios/objetivos do parágrafo único do art. 194, estatisticamente, são os mais pedidos em prova. Primeiramente, passamos ao exame do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal: Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: O parágrafo único alerta que a competência para organizar a seguridade social é do Poder Público. Percebe-se o princípio da legalidade sendo destacado, quando o texto constitucional traz o trecho: “nos termos da lei”. A partir daí, começa a enumeração dos objetivos da Seguridade Social. Sendo assim, os princípios/objetivos enumerados são da Saúde, Previdência Social e Assistência Social, todos ao mesmo tempo. ATENÇÃO! Interessante notar que esses “princípios” são chamados pelo parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal de objetivos. A maior parte das bancas de concursos públicos chama-os de “objetivos”. De modo que há bancas examinadoras que os chamam de “princípios”, mas a maioria os chama de “objetivos”. Passaremos, agora, a tratar desses princípios/objetivos da Seguridade Social contidos nos incs. I a VII do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal. 1.3.2.1. Universalidade da cobertura e do atendimento Segundo Martins, a universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade de retornar ao tra- balho, a idade avançada, a morte etc. Já a universalidade do atendimento refere-se às con- tingências que serão cobertas, não às pessoas envolvidas, ou seja, às adversidades ou aos acontecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou de subsistência. Sendo assim, todas as pessoas têm o direito de estar cobertas pela Seguridade Social e todas as con- tingências humanas devem ser atendidas pela Seguridade Social. Já há autores que, assim como as bancas examinadoras CESPE e FCC, entendem o contrário. Assim, estes entendem que as contingências devem estar cobertas e as pessoas devem ser atendidas. Veja a questão a seguir: (FCC – Técnico do Seguro Social – INSS – 2012) A Seguridade Social encontra-se inserida no título da Ordem Social da Constituição Federal e tem entre seus objetivos: a) promover políticas sociais que visem à redução da doença. b) uniformizar o atendimento nacional. c) universalizar o atendimento da população. d) melhorar o atendimento dapopulação. e) promover o desenvolvimento regional. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 24 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka Resposta: C. O examinador considerou correto o entendimento de que a universalidade de atendimento é para a população, para as pessoas. Ademais, sabemos que existem regras particularizadas para a Saúde, Assistência Social e Previdência Social, no que concerne a esse tema. Entretanto, a Saúde é a mais universal das três espécies da Segurida- de Social. Isso porque a Saúde é universal, todos têm o direito, independentemente da classe social, origem, raça etc. Lembrando que esse objetivo da Universalidade, por ser da Seguridade Social, é aplicável também à Previdência Social e à Assistência Social. Logicamente, dentro dos próprios limites constitucionais. (CESPE – INSS – Técnico do Seguro Social – 2016) De acordo com o princípio da universalidade da seguridade social, os estrangeiros no Brasil poderão receber atendimento da seguridade social. Resposta: Certo. (CESPE – Auditor Fiscal do Trabalho – MTE – 2013) A meta da universalidade da cobertura e do atendimento a que se refere a CF é a de que as ações destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social alcancem todas as pessoas residentes no país, sem nenhuma distinção. Resposta: Certo. (CESPE – Técnico do INSS – 2008) Um dos objetivos da seguridade social é a universalidade da cobertura e do atendimento, meta cumprida em relação à assistência social e à saúde, mas não à previdência. Resposta: Errado. 1.3.2.2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais Seguindo-se o princípio da igualdade, deve haver um tratamento equânime entre as populações urba- nas e rurais. Uniformidade diz respeito aos tipos de benefícios existentes. Por exemplo: tanto o trabalhador urbano como o rural têm direito aos mesmos benefícios. Equivalência diz respeito ao valor dos benefícios, que, em regra, não será menor que um salário míni- mo. Anteriormente à Constituição Federal de 1988 (atual) era possível um trabalhador rural se aposentar com menos de um salário mínimo, devido ao reduzido valor da contribuição previdenciária; hoje não. ATENÇÃO! Você sabe qual é a diferença entre benefício e serviço? Quando você ler a palavra benefício, leia-se DINHEIRO. Assim, uma aposentadoria, por exemplo, é um benefício, pois é recebida em dinheiro. Já num atendimento médico pelo SUS recebe-se um serviço (e não dinheiro). 1.3.2.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços Sabemos que o Brasil, apesar de suas riquezas, não é um país em que sobram tantos recursos capa- zes de prover as necessidades de toda a população. Talvez, por falta de dinheiro ou vontade política, muitas ações sociais são deixadas de lado. Também, é comum depararmos com fraudes de pessoas de má-fé, que se utilizam de sua torpeza para serem “agraciadas” com benefícios a que jamais teriam direito. Por isso, deve haver uma seletividade séria e consciente, escolhendo-se criteriosamente, dentro da Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 25 legalidade, quais as pessoas que realmente têm o direito à prestação dos benefícios e serviços da Segurida- de Social. A distributividade diz respeito ao caráter social de distribuição de renda, procurando beneficiar determi- nadas pessoas e localidades pobres do país, fazendo que essa alocação de dinheiro minimize o sofrimento de determinadas comunidades e propicie o mínimo necessário para sua sobrevivência. Dentre as espécies da seguridade social, esse princípio é mais aplicável à Assistência Social. Entre- tanto, como comentamos, é aplicável também à Previdência Social e à Saúde. Por exemplo, no caso da saúde, se o governo for construir um grande hospital referência em tratamento de ponta, qual seria a cidade a ser escolhida para abrigar esse grande centro médico? Um pequeno município com mil habitantes ou um centro urbano? Ora, levando-se em conta esse princípio da seletividade e distributividade, esse hospital de- veria ser construído em um centro urbano. (2018 - CESPE – STJ – Analista Judiciário) O princípio da seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços está relacionado à seleção dos riscos sociais e à extensão da proteção patrocinada pelo Estado a todas as pessoas. Resposta: Errado (A extensão da proteção patrocinada pelo Estado a todas as pessoas diz respeito ao princípio da universalidade). 1.3.2.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios Esse princípio diz respeito a toda Seguridade Social, sendo assim, devemos entender que os benefí- cios não poderão ter seu valor nominal diminuído. Assim, por exemplo, caso o valor de determinado benefício fosse de R$2.000,00, em momento algum ele poderia diminuir para R$1.999,00. Dessa forma, a doutrina e jurisprudência do STF entendem que essa irredutibilidade do valor dos be- nefícios refere-se ao valor nominal. Já, quando tratamos da Previdência Social, é importante saber que o valor do benefício não pode diminuir, pelo contrário, deve ser preservado conforme dispõe o art. 201, § 4º, da Constituição Federal, que passaremos a transcrevê-lo: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei”. Este reajustamento dos benefícios refere-se à manutenção de seu valor real. Dessa forma, podemos concluir que o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, elencado no art. 194 da Constituição Federal, não garante o reajustamento do valor real. Garante apenas a manutenção do valor nominal. Sendo assim, um benefício da Assistência Social, como o bolsa família, não necessaria- mente será reajustado conforme os benefícios previdenciários. ATENÇÃO! Segundo STF, o princípio constitucional da irredutibilidade do valor dos benefícios NÃO impede a redução da renda mensal da aposentadoria que tenha sido concedida em desacordo com a lei. (CESPE – AGU – Advogado da União) Conforme a jurisprudência do STF, a irredutibilidade do valor dos benefícios é garantida constitucionalmente, seja para assegurar o valor nominal, seja para assegurar o valor real dos benefícios, independentemente dos critérios de reajuste fixados pelo legislador ordinário. Resposta: Errada. Pois o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios não assegura o reajuste do valor real dos benefícios. (CESPE – TCE-SC – Auditor Fiscal de Controle Externo – 2016) Situação hipotética: Maria recebe proventos de aposentadoria de professora de determinada universidade federal. A administração verificou irregularidades na concessão da aposentadoria a Maria, que, sanadas, resultariam em redução do valor nominal por ela recebido. Assertiva: Nessa hipótese, conforme o entendimento do STF, não é possível a redução do valor nominal da aposentadoria de Maria, dado o princípio constitucional da irredutibilidade do valor do benefício. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 26 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka Resposta: Errado. 1.3.2.5. Equidade na forma de participação e custeio Este princípio pode ser entendido como: “quem tem mais paga mais; quem tem menos paga menos e quem nada tem nada paga”. Quando falamos em custeio, estamos falando em pagamento. Um pagamento equânime é um paga- mento justo. Sendo assim, as empresas contribuem com um valor maior do que o trabalhador, e, por sua vez, aque- le que ganha mais contribuirá com uma alíquota maior sobre seu salário do que aquele que recebe menos. Por exemplo, um trabalhador que recebe R$ 1.000,00 por mês contribuirá com uma alíquota de 7,5% sobre esse valor. Um outro trabalhador, cujo salário é de R$ 6.000,00,o percentual utilizando-se a tabela progressi- va será de 14%. E a empresa, a princípio, recolherá 20% sobre todos os salários pagos. 1.3.2.6. Diversidade da base de financiamento Este princípio, com a Emenda Constitucional nº 103/2019 a reforma da previdência está com a seguin- te redação: diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social Você com certeza já ouviu um velho ditado: “Nunca coloque todos os ovos no mesmo cesto”. Isso por- que, se o cesto cair, todos os ovos quebrar-se-ão e não haverá mais ovo algum. Da mesma forma, podemos pensar no dinheiro da Seguridade Social. Imagine a importância, para grande parte da população, dos benefícios da Assistência Social e Previdência Social e dos serviços de saúde pública. Imagine ficar sem esses benefícios e serviços por falta de dinheiro, qual o caos que poderia instalar-se no país? Pensando nisso, a base de financiamento, a fonte do dinheiro deve vir de diversos locais, para que, se uma fonte “secar”, o dinheiro possa vir de outra fonte. Da mesma forma, a destinação e consequente utilização deste dinheiro devem ser feitos separa- damente, levando-se em conta as 3 espécies: saúde, previdência e assistência social. Cada uma dessas espécies de Seguridade Social receberá uma quantia de recursos financeiros para fazer uso em suas presta- ções de serviços e benefícios. Dessa forma as rubricas contábeis, que é uma forma de organização de suas contas, devem estar informadas separadamente, com o valor de suas receitas e despesas para cada espécie da Seguridade Social (Saúde, Previdência Social e Assistência Social). No caso da previdência social é necessária a contribuição por parte do segurado, para que este tenha direito a benefício previdenciário. Razão pela qual, deve ser preservado seu valor contributivo. Quando estudarmos mais adiante o art. 195 (o segundo artigo mais importante), veremos que o dinhei- ro vem de diversas fontes, atendendo, assim, a esse princípio da “Diversidade da base de financiamento”. (2019 – INAZ – CORE-SP – Assistente Jurídico) A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. Com relação aos princípios e diretrizes que a Seguridade Social deverá obedecer, assinale a alternativa INCORRETA, ou seja, a que NÃO condiz com os princípios elencados na Lei 8.212/1991 (Lei que dispõe sobre a organização da Seguridade Social): a) Universalidade da cobertura e do atendimento. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 27 b) Irredutibilidade do valor dos benefícios. c) Equidade na forma de participação no custeio. d) Base única de financiamento. e) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços. Resposta: D (Repare que o examinador vai trocando e mudando as palavras que estão no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal. Este é um tipo de questão muito recorrente em concursos públicos.) 1.3.2.7. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados Dos sete incisos, este é um dos mais pedidos em provas, talvez por ser o maior. Primeiramente deve- mos saber que esse inciso fala sobre a GESTÃO da Seguridade Social. Assim, fala também sobre a gestão da Saúde, Previdência e Assistência Social. De modo que sua gestão deverá ser feita pelos representantes de segmentos que têm interesse com a Seguridade Social. Agora, fazendo um exercício de raciocínio, pergunto: – Quem tem interesse, por exemplo, para com a Previdência Social? Assim fica fácil: 1 – os trabalhadores, pelo fato de contribuírem e um dia gozarão de benefício previdenciário; 2 – os empregadores, que são os que mais contribuem para com a Seguridade Social; 3 – os aposentados, que já gozam dos benefícios previdenciários; e 4 – o próprio governo, que tem a competência constitucional de organizar a Seguridade Social. Vejam que temos quatro partes sendo representadas; assim, essa gestão é de quatro partes. Escre- vendo de uma forma mais erudita, essa gestão é QUADRIPARTITE. Dessa forma, como qualquer órgão em que as decisões são tomadas por diversas pessoas, estamos diante de um ÓRGÃO COLEGIADO. E, também, como vimos, temos compondo esses órgãos colegiados que farão a gestão da Seguridade Social os trabalhadores, empregadores e aposentados. Esses são representantes da sociedade civil. Pelo fato, então, de haver representantes da sociedade civil, e não somente representantes do governo, propor- ciona um caráter DEMOCRÁTICO e DESCENTRALIZADO. Resumindo, esses órgãos colegiados têm o caráter democrático, descentralizado e quadripartite. Como exemplo, no âmbito da Previdência Social, a Lei no 8.213/1991, em seu art. 3º, instituiu o Con- selho Nacional da Previdência Social (CNPS). Sendo que a gestão quadripartite é assim distribuída: • seis representantes do Governo Federal; • três representantes dos aposentados e pensionistas; • três representantes dos trabalhadores em atividade; • três representantes dos empregadores. Encerramos aqui os sete incisos do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal. (ESAF - Técnico da Receita Federal – 2006) Nos termos da CF/88, no seu art. 194, parágrafo único, inciso VII, a gestão da Seguridade Social ocorre de forma a) descentralizada, monocrática e quadripartite. b) centralizada, monocrática e quadripartite. c) centralizada, colegiada e quadripartite. d) descentralizada, colegiada e tripartite. e) descentralizada, democrática e quadripartite. Resposta: E. Observa-se que também é correta a palavra “colegiada”. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 28 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka (FCC – Procurador – TCM-GO – 2015) A seguridade social organizada pelo poder público NÃO tem como objetivo a a) democratização por meio de gestão tripartite, com a participação de trabalhadores, empregadores e governo. b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. c) universalidade da cobertura e do atendimento. d) irredutibilidade do valor dos benefícios. e) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços. Resposta: A. 1.3.3. Princípios constitucionais específicos do art. 195 da Constituição Federal Vamos, agora, tratar dos parágrafos do art. 195 da Constituição Federal, considerados pela doutrina como sendo princípios. Após, passaremos a explicar todo o restante do referido art. 195 da CF. 1.3.3.1. Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço O art. 195, § 5o, da Constituição Federal diz: “Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. Este princípio, também conhecido como princípio constitucional da contrapartida, vem a proteger o financiamento da Seguridade Social e a própria moralidade pública, pois somente poderá ser concedido um benefício ou serviço se houver a correspondente fonte de custeio total. Esse princípio visa, dentre outras coisas, impedir que sejam, por exemplo, criados novos benefícios assistenciais com finalidades eleitoreiras. (2018 – Auditor - UERR – IPERON-RO) Segundo o princípio constitucional da contrapartida, nenhum benefício ou serviço da seguridade social pode ser: a) criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. b) estendido aos imigrantes sem aprovação de lei idêntica no país de origem. c) majorado sem que exista a desaposentação para
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