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Caderno Direito Previdenciário - Lívia Sarno (2022.2) AV1

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Lívia Sarno
Direito Previdenciário
Sumário Executivo
Fundamentos da Previdência Social - Princípio da Solidariedade
A Seguridade Social
A Previdência Social
A Assistência Social
A Saúde
Princípios Gerais do Direito Previdenciário
Sistema de Custeio da Seguridade Social
A Relação Previdenciária
Fundamentos da Previdência Social - Princípio da Solidariedade
O que é proteção social?
A proteção social diz respeito a uma série de garantias oferecidas ao(à) cidadão(ã) para a
redução de vulnerabilidades, fragilidades e riscos de ordem social, política, econômica e natural
que porventura possam ocorrer durante a vida das pessoas e suas famílias. Ela decorre, portanto, da
compreensão de que o Estado deve se comprometer em oferecer segurança à população e o mínimo
de condições para que todos e todas tenham uma vida digna e sem incertezas.
Esse apoio pode se desdobrar em ações que vão desde a atenção voltada à mãe durante a
gestação, do cuidado à criança e ao adolescente, até o amparo ao trabalhador desempregado e ao
idoso. Dessa forma, a proteção social constitui-se como uma das políticas sociais possíveis, que
contribuem para o bem-estar de toda a população e para a inserção de grupos historicamente
excluídos como beneficiários diretos das políticas públicas.
O sistema de previdência social serve para possibilitar a proteção social: Art. 194 – art. 204,
CF/88; Tripé da seguridade social (assistência social, previdência social e saúde) compõe a ideia de
proteção social brasileira.
A previdência social faz parte de um tripé de direitos fundamentais e sociais, qual seja:
„previdência, saúde e assistência‟. Esses três valores unidos compõem uma ideia muito maior de
proteção social, qual seja, a ideia de seguridade social.
A partir do art. 194 da Constituição Federal, é possível verificar o Sistema de Seguridade
Social que congrega e contempla esses três direitos sociais: saúde, assistência e previdência. O
Lívia Sarno
constituinte de 1988 poderia, se assim houvesse decidido, introduzir nesse rol de direitos sociais
que compõem a noção básica de proteção social no Brasil, o direito à educação, à moradia ou o
lazer, por exemplo. Todavia, achou por bem concentrar a noção de proteção social englobando três
direitos fundamentais: o direito à saúde, o direito à assistência social e o direito à seguridade social.
O Estado Democrático de Direito brasileiro tem o dever institucional de promover
segurança em sua completude. Essa segurança engloba a oferta de segurança física aos indivíduos,
através da otimização do acesso à liberdade de ir e vir e do direito de as pessoas circularem
possuindo uma proteção através de polícia administrativa ou judiciária. O dever de segurança do
Estado também é concretizado através da chamada segurança jurídica – a partir do momento em
que a Constituição apregoa garantias como o devido processo legal, ampla defesa, legalidade,
contraditório, garante-se a existência de um direito à segurança jurídica.
Para finalizar o espectro do dever de segurança do Estado em promover segurança,
tem-se a segurança social. A segurança social é estruturada no texto constitucional a partir
da seguridade social. A seguridade social engloba o tripé já mencionado: saúde, assistência
social e previdência social.
Por que a solidariedade é um termo em evolução?
Qual seria a ideia vulgar de solidariedade? Tecnicamente e juridicamente a solidariedade
não está vinculada a ideia de voluntariedade e caridade. A verdade é que o homem social assume a
obrigação de solidariedade, pois se assim não o fosse, se a solidariedade já estivesse enraizada no
coração das pessoas, a constituição não precisaria prevê-la.
Assim, a nossa constituição guarda a proteção da segurança social como princípio basilar e
objetivo fundamental da sociedade brasileira. No mais, a segurança social como garantia é prevista
a partir do art. 194 e é expressamente e obrigatoriamente custeada pela própria sociedade a que vai
beneficiar. É o princípio da solidariedade se concretizando.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
Lívia Sarno
Você entende a solidariedade compulsória como necessária ou obrigatória?
Por que a solidariedade hoje é entendida como inclusão?
Qual a relação entre solidariedade e financiamento da seguridade social?
Você entende que a coerção é necessária para o fim de coibir a ação individualista e utilitarista?
Solidariedade Mecânica x Solidariedade Orgânica
Trata-se a solidariedade mecânica daquela que é feita automaticamente entre familiares, ao
ponto que trata-se a solidariedade orgânica daquela que supera o âmbito familiar, mas restringe-se
ao grupo de similares dentro de uma sociedade.
Por que existe um teto previdenciário?
Porque a previdência não existe para a manutenção de um padrão de vida, mas sim para
promover uma diminuição da desigualdade social.
Seguridade Social à Luz da Constituição de 88
Definição na Constituição Federal
O conceito de seguridade social é algo que se diverge. Muitos dizem que esse conceito está
positivado no art. 194 da CF.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Por outro lado, a OIT possui o seu próprio conceito de seguridade social. Tecnicamente não
se trata de uma definição, já que a CF/88 simplesmente relacionou os componentes da Seguridade.
Lívia Sarno
Pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e pelos particulares, com
contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer
ações para o sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes,
providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida.
● Bem-estar social: ideia de cooperação, ação concreta do ideal de solidariedade,
superando-se o individualismo clássico do estado liberal;
● Justiça social: objetivo do desenvolvimento nacional, sendo verdadeira diretriz de atuação
para nossos governantes, impondo ação distributiva da riqueza nacional.
○ A justiça é o fim colimado pela ordem social, inserida na sociedade pelo trabalho. A
Seguridade Social é então o meio para se atingir a justiça que é o fim da ordem
social.
O sistema adotado no Brasil é o INTERGERACIONAL, pois é a geração ativa quem
financia aqueles que estão inativos.
Direito à saúde é preponderantemente formado por prestação de serviços, mas existe uma
exceção para pagamento de benefício em dinheiro. É o caso do auxílio-reabilitação psicossocial -
Lei nº 10.708/2003
O caput do art. 194 da Constituição Federal enuncia quais são os direitos que compõem a
seguridade social brasileira e o parágrafo único fixa os objetivos que devem ser alcançados pelo
sistema de saúde, assistência e previdência.
Quando o constituinte originário fixou os objetivos desse sistema sob a forma de princípios,
que não possuem aplicabilidade imediata, se determinou a necessidade da estruturação de um
sistema para torná-los efetivos. Esses objetivos sob a forma de princípios foram postos pelo
constituinte exatamente para que o sistema que viesse a ser construído a partir da Constituição de
1988 respeitasse a previsão constitucional.
Nesse sentido, os princípios serviram como apuração de validade das normas editadas antes
da Constituição. As previsões anteriores que colidiam com tais princípios não foramrecepcionadas. Ademais, as normas editadas a partir da Constituição de 1988 precisaram atender a
previsão principiológica diuturnamente – qualquer questão envolvendo direito à saúde, à
assistência ou à previdência acabam por chegar ao Supremo Tribunal Federal.
O controle realizado pelo STF é justamente através do uso dos princípios do parágrafo
único do art. 194 da Constituição como paradigma de aferição da constitucionalidade. Qualquer
Lívia Sarno
questão envolvendo a constitucionalidade de matérias previdenciárias alcança o STF, porque a base
de tal direito é completamente constitucional.
O art. 194, parágrafo único, inciso VII indica que um objetivo do sistema da seguridade
social diz respeito ao princípio do caráter democrático mediante gestão quadripartite. Isso significa
que o sistema de seguridade social (saúde, assistência e previdência) precisa ser gerido por órgãos
colegiados em que quatro segmentos da sociedade deverão possuir assento, quais sejam o governo,
os trabalhadores, os empregadores e os aposentados. Esses órgãos colegiados é que ditam as
políticas de saúde, assistência e previdência.
Definição de Seguridade Social - OIT
Convenção nº 102 de 1952 (Ratificada pelo Brasil pelo Decreto-Legislativo nº 269/08), traz
a seguinte definição:
“A proteção que a sociedade oferece aos seus membros mediante uma série de medidas
públicas contra as privações econômicas e sociais que, de outra forma, derivam do
desaparecimento ou de forte redução de sua subsistência, como consequência de enfermidade,
maternidade, acidente de trabalho ou enfermidade profissional, desemprego, invalidez, velhice e
também a proteção em forma de assistência médica e ajuda às famílias com filhos”.
A Previdência Social
Sistemas de Previdência Social
Sistemas Contributivos e não-contributivos
● Não-contributivos: a arrecadação provém não de um tributo específico, mas sim de
destinação de parcela da arrecadação tributária geral. Os contribuintes não são
identificáveis já que qualquer pessoa que tenha pago tributo ao Estado estará,
indiretamente, contribuindo para o custeio da Previdência. Ex: Austrália e Dinamarca (são
pouquíssimos exemplos). É o sistema para o qual não se exige do beneficiário uma
contribuição direta
● Sistemas Contributivos: esta classificação considera a forma como os recursos obtidos são
utilizados. Sistema contributivo é aquele que o segurado contribui diretamente, na
expectativa de auferir um benefício no futuro. Basicamente, a Previdência Social brasileira
Lívia Sarno
é baseada em seu caráter contributivo retributivo, ou seja, sua aposentadoria ou pensão para
os dependentes será calculada conforme as contribuições que foram vertidas. Se subdivide
em Repartição e Capitalização.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
Sistemas Contributivos de Repartição e Capitalização
● Capitalização: neste sistema se dá a cotização de cada indivíduo segurado pelo regime
durante certo lapso de tempo, para que se tenha direito ao benefício. Regido pela
individualidade, eu contribuo para mim mesma, eu capitalizo aquela conta e a depender do
total das reservas que são feitas, elas são a mim atribuídas.
○ São as previdências privadas ou também chamadas de previdências
complementares. Não são regimes solidários nem compulsórios nem são
estruturados sob a forma pública - são individuais, autônomos, voluntários e
facultativos (LC 108 e 109/2001).
○ Visam a manutenção do padrão de vida do contribuinte e possuem um sistema de
contribuição definida, ou seja, somente o tamanho da contribuição é decidida, pois o
benefício do participante é definido no momento em que ele se aposenta, tendo base
na quantidade de recursos livres que ele contribuiu.
○ A Contribuição Definida proporciona ao participante, por acumulação de
contribuições, um montante de dinheiro que no momento da aposentadoria se
transformará em benefício calculado, segundo as regras estabelecidas no
Regulamento do Plano.
Lívia Sarno
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma
autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.
● Repartição: as contribuições sociais vertem para um regime único, do qual são retirados os
recursos para a concessão de benefícios a qualquer beneficiário que atenda aos requisitos
previstos nas normas previdenciárias. Baseado na solidariedade social gerenciada pelo
Estado, todo mundo contribui e o governo distribui e fixa as regras de concessão dos
benefícios. O País cria um tributo que financia o sistema, os aportes tributários recolhidos
são colocados no mesmo orçamento, um mesmo bolo que é repartido quando do pagamento
dos benefícios.
○ Opção de contribuição não é volitiva e decorre da solidariedade obrigatória.
○ Incidência direta do princípio da solidariedade, e as pessoas como responsáveis
umas pelas outras, vão financiar recursos para um único orçamento, praticamente
mensalmente para os mesmos contribuintes. Esse tipo de organização pressupõe um
orçamento único vinculado, uma tributação vinculada gerida pelo poder público e
sem finalidade de manutenção de padrão financeiro, porquanto a solidariedade
pressupõe a desigualdade. O seu papel, portanto, é distribuir renda.
○ O teto máximo de percepção de benefício acompanha o teto máximo de
contribuição. Comporta 2 exceções:
■ Licença Maternidade - Salário Maternidade - Remuneração integral de quem
se afasta. Em caso do falecimento do beneficiário originário, o sobrevivente
pode continuar a receber no restante do tempo. Não é devido somente em
razão do parto, mas também em razão da adoção.
■ Aposentadoria por invalidez - Segunda exceção é de quem se aposenta por
invalidez e precisa de acompanhamento constante de terceira pessoa para
exercício de suas atividades diárias, essa pessoa tem direito a um acréscimo
de 25% do seu
Sistemas Mistos
Em alguns países do Leste Europeu há a adoção de regimes mistos, fundado em dois
pilares:
● um público - compulsório, baseado no financiamento de empregadores e assalariados,
Lívia Sarno
● e outro capitalizado – constituído por fundos de pensão privados de capitalização
individual a cargo dos assalariados. Assim vem sendo na Hungria e na Polônia.
O Brasil adota o sistema de repartição como modelo básico, e o regime de previdência
complementar, facultativo, mediante o sistema de capitalização.
Sistemas Privados de Previdência
Modelo no qual os trabalhadores contribuem individualmente para planos de benefícios
mantidos por instituições privadas de previdência, de forma compulsória, cabendo ao indivíduo
exclusivamente, os aportes suficientes para a obtenção do benefício futuro. Ex: Chile, Peru,
México, Argentina, Colômbia, Uruguai, Venezuela, Equador e Bolívia.
O principal exemplo é o Chile. A reforma privatista chilena, ao invés de dar efetividade ao
princípio da universalidade, ampliando a cobertura dos riscos sociais, avançou em sentido oposto,
de forma a demarcar um verdadeiro retrocesso na perspectiva de um estado de bem-estar social.
Foi a contrarreforma, por outro lado, que permitiu que grupos vulneráveis da estrutura
social chilena fossem contemplados com melhorias, como se deu, por exemplo, no caso das
mulheres, que passaram a receber um bônus por filho.
Também os trabalhadores jovens de baixa renda, beneficiados com subsídio estatal; ou
ainda os profissionais autônomos que receberam incentivos do Estado para se filiar ao sistema de
capitalização individual.
Regimes de Previdência no Brasil
O Brasil adota um modelo que estrutura a proteção social em 2 pernas: previdência pública
– baseada na repartição/solidariedade; é compulsória (art. 201, CF/88) e previdência privada ou
complementar – baseada na capitalização/individualismo;é facultativa (art. 202, CF/88)
Há um sistema de previdência que é contributivo e é universal. O sistema é estruturado
publicamente através de uma autarquia federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Lívia Sarno
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de
Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e
idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no § 2º.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo,
baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por
lei complementar.
Em que pese a unicidade das normas de direito previdenciário contidas na CF/88, não existe
somente um regime previdenciário mas vários deles. Um regime previdenciário congrega uma
coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si em virtude da relação de trabalho ou
categoria profissional, sendo garantida a essa coletividade no mínimo benefícios de aposentadoria e
pensão por morte.
A previdência pública no Brasil se estrutura em dois regimes: há o Regime Geral de
Previdência Social (RGPS), administrado pelo INSS, e há os Regime Próprio de Previdência,
destinados aos servidores públicos titulares de cargo efetivo.
O Município de Salvador é um ente da administração direta e tem servidores públicos de
cargo efetivo e servidores públicos titulares de cargo exclusivamente comissionado. Os servidores
públicos titulares de cargo efetivo têm regimes próprios de previdência organizados para si. O
mesmo ocorre no âmbito estadual e no âmbito federal. A base constitucional dos regimes próprios
Lívia Sarno
de previdência se encontra no art. 40 da Constituição Federal, que trata da previdência dos
servidores públicos titulares de cargo efetivo.
Obs.: Quando há um Município que não estruturou o seu RPPS, os servidores de tal
Município passam a estar vinculados ao INSS. O Regime Geral da Previdência Social que é
administrado pelo INSS é geral justamente por isso – o RGPS recebe a todos que laboram de forma
remunerada lícita. Se o sujeito laborou se recebeu pelo trabalho, não importa se ele é servidor
público, trabalhador da iniciativa privada, se possui vínculo empregatício ou não, se é nacional ou
estrangeiro, ele é automaticamente vinculado ao RGPS. Isso porque, entre a tríade que compõe a
seguridade social, a previdência é o único direito que possui natureza contributiva.
No Brasil vigoram os seguintes regimes:
● RGPS – Regime Geral de Previdência Social
● RPPS - Regimes Próprios de Previdência Social
● Regimes de Previdência Complementar
RGPS – Regime Geral de Previdência
É o principal regime previdenciário de ordem interna e abrange obrigatoriamente todos os
trabalhadores da iniciativa privada. Sua gestão é regida pelas Leis 8.212/91 e 8.213/91
(respectivamente custeio e benefício) sendo de filiação compulsória. Sua gestão é realizada pelo
INSS, autarquia federal responsável pela concessão de benefícios e serviços do RGPS.
Obs.: Até a edição da EC nº 103/2019, a CF/88 estabelecia no art. 201 que a previdência social
será organizada sob forma de regime geral, de caráter contributivo, de filiação obrigatória,
devendo atender as seguintes contingências: doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção
à maternidade, especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário; salário família e auxílio reclusão para os dependentes de segurados de baixa renda e
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
Após a EC 103/2019 houve alteração quanto a cobertura passando para: incapacidade temporária
ou permanente para o trabalho e idade avançada.
RPPS - Regimes Próprios de Previdência Social
Destinados aos servidores públicos da União, dos Estados, DF e Municípios. É público e
obrigatório. A instituição desses regimes decorre da competência legislativa concorrente para
legislar em matéria de previdência social (art. 24 XII CF/88)
A União traçou as regras gerais para a instituição desses regimes próprios na Lei 9.717/98.
Lívia Sarno
O Regime dos Servidores Públicos foi modificado pelas Emendas Constitucionais nº 41/03
e 47/05 e em grande medida pela EC 103/2019. Os servidores públicos tinham direito à
aposentadoria com valores iguais aos recebidos na atividade.
Artigo 40
Antes da EC 103/2019 Depois da EC 103/2019
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
assegurado regime de previdência de caráter contributivo
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
(...)
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, desde que instituam regime de previdência
complementar para os seus respectivos servidores
titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor
das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
regime de que trata este artigo, o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201.
§ 15. O regime de previdência complementar de que
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de
entidades fechadas de previdência complementar, de
natureza pública, que oferecerão aos respectivos
participantes planos de benefícios somente na
modalidade de contribuição definida.
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
disposto nos §§14 e 15 poderá ser aplicado ao
servidor que tiver ingressado no serviço público até a
data da publicação do ato de instituição do
correspondente regime de previdência complementar.
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
(...)
§ § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, regime de previdência
complementar para servidores públicos ocupantes de
cargo efetivo, observado o limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o
valor das aposentadorias e das pensões em regime
próprio de previdência social, ressalvado o disposto no §
16.
§ 15. O regime de previdência complementar de que
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
modalidade contribuição definida, observará o disposto
no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade
fechada de previdência complementar ou de entidade
aberta de previdência complementar.
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
que tiver ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do correspondente
regime de previdência complementar. (não foi alterado).
Obs.: CUMULAÇÃO DE RGPS E RPPS -> ART. 201, § 9º, CF/88
● Art. 201, § 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem
recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previdência
Social e os regimes próprios de previdência social, edestes entre si,
Lívia Sarno
observada a compensação financeira, de acordo com os critérios
estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
● é possível a cumulação de benefícios (RGPS e RPPS) se eu for servidora
pública e empregada. Dirley tem direito a 3 aposentadorias (duas federais de
cargo acumulável- juiz federal e professor da UFBA) e uma do regime geral
de previdência social (professor da baiana). O que eu acumulo licitamente
em atividade, eu acumulo licitamente na inatividade.
Obs.: Regimes de Previdência Complementar 
para os servidores federais
● Lei 12.618 de 30 de abril de 2012:
● Institui o regime de previdência complementar para os servidores públicos
federais titulares de cargo efetivo
● fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões pelo
regime de previdência de que trata o art. 40 da Constituição Federal;
● autoriza a criação de 3 (três) entidades fechadas de previdência
complementar, denominadas:
● Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do
Poder Executivo (Funpresp-Exe),
● Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do
Poder Legislativo (Funpresp-Leg) e
● Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do
Poder Judiciário (Funpresp-Jud);
Obs.: No rpps a solidariedade é todo mundo contribuindo para todo mundo (valor
excedente ao teto do inss). no regime geral de previdência é só ativo financiando inativo.
RPC - Regimes de Previdência Complementar (Previdência Privada)
Decorrem dos Sistemas contributivos sobre a forma de capitalização. São as previdências
privadas ou também chamadas de previdências complementares.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma
autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de
benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à
gestão de seus respectivos planos.
Lívia Sarno
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas
nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada
não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades
de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador,
situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do
segurado.
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e
empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de
benefícios previdenciários, e as entidades de previdência complementar.
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-á, no que couber, às empresas
privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando
patrocinadoras de planos de benefícios em entidades de previdência complementar.
§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das
diretorias das entidades fechadas de previdência complementar instituídas pelos
patrocinadores de que trata o § 4º e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados
e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
Principais Características:
● Encontra-se disciplinado no art. 202 da CF/88.
● A regulamentação se dá pelas Leis Complementares 108 e 109 de 2001.
● Pode ser de duas formas: ABERTA ou FECHADA.
● caráter privado
● contratual
● facultativo
● complementar
● autônomo (não subsidiário) em relação ao regime geral de previdência social
● reservas técnicas que garantam o benefício contratado,
● regulado por lei complementar (nº 109 de 29.05.2001)
Princípios Constitucionais:
● Transparência dos atos de gestão – art. 202 §1º
● Desvinculação da previdência complementar do salário - art. 202 §2º
● Proibição de subvenções estatais - art. 202 §3º
● Princípio da paridade entre a contribuição da patrocinadora e do participante (fundo de
pensão) – Art. 6º EC nº 20/98 - art. 202 §3º
● Requisitos para a designação de membros de diretorias das entidades fechadas de
previdência complementar - art. 202 §6º
Lívia Sarno
Não são regimes solidários nem compulsórios nem são estruturados sob a forma pública -
são individuais, autônomos, voluntários e facultativos (LC 108 e 109/2001). Visam a manutenção
do padrão de vida do contribuinte e possuem um sistema de contribuição definida, ou seja, somente
o tamanho da contribuição é decidida, pois o benefício do participante é definido no momento em
que ele se aposenta, tendo base na quantidade de recursos livres que ele contribuiu.
A Contribuição Definida proporciona ao participante, por acumulação de contribuições, um
montante de dinheiro que no momento da aposentadoria se transformará em benefício calculado,
segundo as regras estabelecidas no Regulamento do Plano.
A estruturação da previdência complementar se divide em Aberta e Fechada. A grande
diferença entre a previdência privada aberta e fechada é justamente a acessibilidade do plano. Ou
seja, os planos de previdência abertos podem ser contratados por qualquer pessoa. Por outro lado, a
previdência fechada se destina a uma categoria específica de usuários.
Seguindo a diferenciação, as Previdências Complementares Abertas objetivam o lucro do
gerenciador e a elas se aplica o CDC. Já as Previdências Complementares Fechadas não visam
lucro, são geralmente fundações que existem somente para manter a organização da previdência.
Ou seja:
● Aberta - tem fins lucrativos, os planos têm natureza contratual e são operados por empresas
constituídas sob a forma de sociedades anônimas que não podem ser subvencionadas pelo
Estado, que tão somente fiscaliza o funcionamento destas instituições através da SUSEP.
● Fechada - também chamadas de Fundos de Pensão, são mantidas por uma ou mais
empresas de um mesmo grupo econômico, sendo beneficiários os funcionários de tais
empresas.
Previdência Complementar Aberta Previdência Complementar Fechada
● Planos podem ser contratados
por qualquer pessoa física ou
jurídica
● Comercializados por bancos e
seguradoras
● Objetivam o lucro do
gerenciador
● Aplica-se o CDC
● fiscalizada e regulada pela
Susep (Superintendência de
Seguros Privados), que é
● Planos se destinam a uma
categoria específica de usuários
- Exclusivamente funcionários
● Fundos de Pensão
● Não visam o lucro (são
geralmente fundações) Ex.
Petros
● Não se aplica o CDC
● fiscalizada e regulada pela
Superintendência Nacional de
Previdência Complementar
Lívia Sarno
ligada ao Ministério da
Fazenda.
(PREVIC), Autarquia
atualmente vinculada ao
Ministério da Fazenda
➔ Sobre o CDC especificamente:
◆ Súmula 563-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades
abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas.
◆ A principal razão é a diferenciação entre abertas e fechadas.
◆ Enquanto nas primeiras existe finalidade lucrativa e que qualquer pessoa pode
contratar, nas segundas não existe finalidade lucrativa e são criadas por grandes
empresas ou grupos de empresas para seus funcionários, não podendo ser contratado
por qualquer pessoa.
◆ Desse modo, entendeu o STJ que a entidade fechada não se enquadra no conceito de
fornecedor, já que não há remuneração pelos serviços e nem intuito lucrativo.
Predomina o associativismo ou mutualismo nas relações, ou seja, gestão
participativacom objetivos sociais comuns de um grupo específico.
◆ Assim, não se deve aplicar o CDC.
A Assistência Social
Conceito
Assegurada proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, o
amparo à crianças e adolescentes carentes, a promoção da integração ao mercado de trabalho, a
habilitação e a reabilitação profissional das pessoas portadoras de deficiência.
A assistência social é um direito fundamental assegurado pela CF/88. Ela é
preponderantemente não pecuniária. Isto é, não se resume apenas à prestação pecuniária. Temos
muito mais coberturas não pecuniárias do que pecuniárias (BPC/LOAS).
Conceito (art. 203): é política social destinada a prestar, gratuitamente, proteção à família,
maternidade infância, adolescência, velhice e aos deficientes físicos.
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
Lívia Sarno
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme dispuser a lei.
VI - a redução da vulnerabilidade socioeconômica de famílias em situação de pobreza ou
de extrema pobreza.
Diretrizes
(art. 204):
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com
recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e
organizadas com base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à
esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual
e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de
apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária
líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações
apoiados.
Características Principais
● Independe de contribuição.
● Prestações podem ser benefícios (pecuniários) ou serviços (não pecuniários);
● Principal característica: é prestada gratuitamente aos necessitados;
● descentralização político-administrativa das ações,
● participação das populações
● Regulamentação: Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS);
● Competência para legislar: concorrente da União , Estados, DF e Municípios (art. 24, XIV,
e XV, c/c 30, II da CF/88);
● Atuação de todo estado sob a coordenação da União;
Lívia Sarno
O Benefícios de Prestação Continuada (BPC-LOAS)
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à
pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge
ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos
solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o
mesmo teto.
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa
com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.
§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos nesta Lei, terão direito ao
benefício financeiro de que trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa
idosa com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do
salário-mínimo.
O benefício de prestação continuada que garante um salário-mínimo mensal à:
● Pessoa com Deficiência
○ Pessoa com deficiência; que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas
● Idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais
○ Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um)
salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social - Loas. (Vide Decreto nº 6.214, de
2007)
Ambos devem comprovar não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la
provida por sua família.
● Família: composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os
menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
● Incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda
mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
○ Os valores recebidos a título de BPC não compõe o conceito de renda para fins de
aferição de miserabilidade da família. Nenhuma renda mensal, quer seja devida ao
Lívia Sarno
idoso, quer seja devido ao deficiente a título e benefício assistencial, ou
aposentadoria paga ao idoso ou deficiente no valor de um salário mínimo devem
compor o cálculo da renda familiar mensal (art. 20, p. 14º, LOAS). Esses valores
recebidos são intuito personae, isto é, em razão das condicionantes fáticas e
jurídicas que aquele indivíduo encerra enquanto idoso ou deficiente. Diferente de
um benefício previdenciário, pois a pessoa que recebe o BPC e falece não gera
direito a benefício de pensão por morte a seus dependentes, porque ela é a própria
pessoa que depende.
○ Então, esse parágrafo 11 autoriza que por meio de decreto possa reduzir o critério de
renda mensal igual ou inferior a ¼ para o critério renda inferior ou igual a meio
salário-mínimo.
Revisão sobre a assistência social: o BPC loas concedido é um benefício permanente, mas
não é um benefício definitivo. Se as condicionantes fáticas perduram no tempo, aquele benefício
vai ser mantido. O INSS convoca a pessoa para demonstrar se as condições que ensejaram o
benefício ainda persistem, para manter ou cessar o benefício.
● Todos os benefícios que são condicionados a um termo sempre são passíveis de diversas
revisões.
● O benefício de prestação continuada concedido somente pode ser suspenso no caso de as
condicionantes fáticas que ensejaram a concessão do benefício não mais persistirem. Ainda
assim, é necessário haver um devido processo administrativo, permitindo o exercício do
contraditório e ampla defesa ao beneficiário.
Tais artigos 20, 21 e 21 da lei 8.742/93 foram alterados pelas leis nº 12.470/2011,
12.435/2011, 13.146/2015, 13.981/2020 (ADPF 662) e 13.982/2020.
Acerca da ADPF 662
O PLS 55/1996, que alterava o critério de miserabilidade para renda per
capita inferior a ½ salário mínimo, após aprovação foi integralmente vetado
pela presidência da república e teve seu veto derrubado pelo congresso
nacional.
Posteriormente houve suspensão por parte de decisão monocrática de Min.
Bruno Dantas do TCU que acatou pedido da equipe econômica que
argumentava que a ampliação do BPC teria impacto de R$ 20 bilhões no
Lívia Sarno
Orçamento da União deste anode 2020, e que em dez anos a despesa extra
alcançaria R$ 217 bilhões.
O plenário do TCU em 18.03.2020 suspendeu a liminar do Min. Bruno
Dantas e solicitou que o governo federal informasse, a fonte da receita a ser
utilizada para ampliar o número de famílias beneficiadas pelo BPC.
A Lei nº 13.981 de 23/03/2020 alterou a lei 8.742/1993 para fixar o critério
de ½ SM mas teve sua eficácia suspensa pela liminar deferida na ADPF 662.
Art. 195, § 5º, CF: Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
Quando, em 2020, foi aprovada a lei que simplesmente aumentou a base de
possibilidades de acesso ao BPC, ela foi criada sem sinalizar a fonte de custeio, de
onde é que viria os recursos para que aquelas valores pudessem ser pagos a
sociedades. Então, por meio da ADPF 662, o ministro Gilmar mendes afasta a
eficácia dessa lei para retirar esse critério de inferior a ½ salário mínimo, justamente
por não preenchimento do prévio custeio. Então, tivemos várias mudanças na
LOAS para poder tirar esse ½ salário mínimo, e em 2021 foi previsto que a renda a
ser comprovada TEM QUE SER IGUAL OU INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO
MÍNIMO.
Em seguida foi publicada a Lei nº 13.982 de 02/04/2020 que inseriu o art.
20-A na LOAS.
A Portaria n. 1.282 de 22.03.2021, por sua vez, retira do cálculo que define
o valor da renda per capita familiar os benefícios concedidos a idosos e a
pessoas com deficiência.
Com isso estima-se que o acesso aos benefícios da LOAS seja facilitado já
que os valores de benefícios previdenciários de até um salário mínimo (R$
1.212,00) ou outros benefícios de prestação continuada (BPC) anteriormente
concedidos a idosos com idade acima dos 65 anos ou a pessoas com
deficiência que antes dificultavam a caracterização de miserabilidade do
grupo familiar, não mais deverão compor o cálculo que define qual é o valor
da renda per capita de uma família.
Art. 20-B LOAS inserido pela Lei 14.176/2021
“Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos probatórios da condição de miserabilidade e
da situação de vulnerabilidade de que trata o § 11 do art. 20 desta Lei, serão considerados
os seguintes aspectos para ampliação do critério de aferição da renda familiar mensal per
capita de que trata o § 11-A do referido artigo:
I – o grau da deficiência;
II – a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária; e
III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de que trata o § 3º do art. 20
desta Lei exclusivamente com gastos médicos, com tratamentos de saúde, com fraldas,
com alimentos especiais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência não
disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não prestados pelo Suas, desde
que comprovadamente necessários à preservação da saúde e da vida.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm#art20b
Lívia Sarno
§ 1º A ampliação de que trata o caput deste artigo ocorrerá na forma de escalas graduais,
definidas em regulamento.
§ 2º Aplicam-se à pessoa com deficiência os elementos constantes dos incisos I e III do
caput deste artigo, e à pessoa idosa os constantes dos incisos II e III do caput deste artigo.
§ 3º O grau da deficiência de que trata o inciso I do caput deste artigo será aferido por
meio de instrumento de avaliação biopsicossocial, observados os termos dos §§ 1º e 2º do
art. 2º da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e do §
6º do art. 20 e do art. 40-B desta Lei.
§ 4º O valor referente ao comprometimento do orçamento do núcleo familiar com gastos
de que trata o inciso III do caput deste artigo será definido em ato conjunto do Ministério
da Cidadania, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia
e do INSS, a partir de valores médios dos gastos realizados pelas famílias exclusivamente
com essas finalidades, facultada ao interessado a possibilidade de comprovação, conforme
critérios definidos em regulamento, de que os gastos efetivos ultrapassam os valores
médios.”
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados
outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da
situação de vulnerabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015)
§ 11-A. O regulamento de que trata o § 11 deste artigo poderá ampliar o limite de renda
mensal familiar per capita previsto no § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-mínimo,
observado o disposto no art. 20-B desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.176, de
2021)
OBS: A Lei nª 14.176/2021 entra em vigor:
I – em 1º de janeiro de 2022, quanto ao art. 1º, na parte que acrescenta o § 11-A no art. 20
e o art. 20-B na Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993;
II – em 1º de outubro de 2021, quanto ao art. 2º, que institui o auxílio-inclusão; e
III – na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos.
Parágrafo único. A ampliação do limite de renda mensal de 1/4 (um quarto) para até 1/2
(meio) salário-mínimo mensal, de que trata o § 11-A do art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de
dezembro de 1993, mediante a utilização de outros elementos probatórios da condição de
miserabilidade e da situação de vulnerabilidade do grupo familiar, na forma do art. 20-B da
referida Lei, fica condicionada a decreto regulamentador do Poder Executivo, em cuja
edição deverá ser comprovado o atendimento aos requisitos fiscais.
Resumo do BPC-LOAS
Benefício de prestação continuada de 1 Salário Mínimo pago a:
● Idoso com 65 ou +
● Pessoa com Deficiência
Requisitos
● Comprovar não possuir meios de prover a própria manutenção
● Comprovar não ter sua manutenção provida por sua família
● Renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo
○ Esse limite de renda mensal familiar per capita previsto poderá ser ampliado para
até 1/2 (meio) salário-mínimo, observado o disposto no art. 20-B (art. 20,
§11-A).
○ Segundo a jurisprudência dominante no STF, a regra do art. 20, § 3º, da LOAS,
não contempla a única hipótese para a concessão do benefício, mas sim traz mera
presunção objetiva de miserabilidade
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art2%C2%A71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art2%C2%A71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art105
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art105
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm#art20b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14176.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14176.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14176.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14176.htm#art20%C2%A711a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14176.htm#art20b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14176.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm#art20%C2%A711a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm#art20%C2%A711a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm#art20b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm#art20b
Lívia Sarno
● Poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do
grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento
Conceitos
● Família - requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a
madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores
tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto
● Pessoa com deficiência - aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas.
Características
● O BPC no valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido não será computado, parafins de
concessão do benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência
da mesma família, no cálculo da renda
Auxílio-Inclusão à Pessoa com Deficiência
Portaria Nº 933, DE 29 DE SETEMBRO DE 2021
Dispõe sobre a disponibilização ao cidadão do requerimento de Auxílio-Inclusão à Pessoa
com Deficiência para atender à Lei 14.146, de 22 de junho de 2021.
O Auxílio-inclusão é o benefício destinado à pessoa com deficiência moderada ou grave
que tenha ingressado no mercado de trabalho, sem, contudo, romper o vínculo de tutela do Estado.
O Auxílio-inclusão corresponderá à metade do valor do Benefício Assistencial de Prestação
Continuada (BPC/LOAS), portanto, meio salário-mínimo, e não gera direito a pagamento de abono
anual (13º).
A Saúde
O direito à saúde que deve ser entendido como direito à assistência e ao tratamento
gratuitos no campo da medicina. Detém ações destinadas a fornecer uma política social com a
finalidade de reduzir os riscos de doenças e outros agravos.
Independe de contribuição, é universal. Tem organização distinta da previdência social (está
sob a responsabilidade do SUS – Ministério da Saúde) Tem caráter descentralizado e é de
responsabilidade do SUS (art. 198 da CF).
Lívia Sarno
Tem caráter descentralizado e é de responsabilidade do SUS (art. 198 da CF): O SUS tem
como característica constitucional o fato de ser descentralizado.
● Ações de baixa complexidade são de competência municipal. Ex.: dispensação de
medicamentos de baixo custo, preservativo, etc.
● Média complexidade - competência estadual. Ex.: medicamentos de usos contínuos,
farmácia pública etc.
● Alta complexidade- competência federal. Ex.: cirurgias que estão sendo objeto de validação
pelo sistema, etc.
Art. 196 CF/88: a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
Divisões
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único
de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições
privadas com fins lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos,
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.
● Pública:
○ Instituições Públicas diretamente.
○ Instituições Privadas indiretamente.
■ Sem fins lucrativos (filantrópicas)
■ Com fins lucrativos.
● Privada: a assistência à saúde privada é livre à iniciativa privada (art.199).
Diretrizes da Saúde Pública - SUS (Art. 198)
● descentralização;
● atendimento integral;
● participação da comunidade;
● gratuidade; e
Lívia Sarno
● universalidade.
HISTÓRICO DAS REFORMAS PÓS-CF/88
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
03/93
Instituição do caráter contributivo da Previdência no Serviço
Público, ao determinar que “as aposentadorias e pensões dos
servidores públicos federais serão custeadas com recursos
provenientes da União e das contribuições dos servidores, na
forma da lei”.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
20/98
Houve uma ampla reforma constitucional previdenciária.
I – Para todos os regimes:
a. A instituição de critérios financeiros e atuariais nos
regimes previdenciários;
b. A substituição do tempo de serviço por tempo de
contribuição;
c. O fim da aposentadoria especial do professor
universitário; e
d. A extinção da aposentadoria proporcional.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
20/98
Houve uma ampla reforma constitucional previdenciária.
II – Para os servidores públicos:
a. A adoção de idade mínima, sendo de 55 para
mulheres e 60 para homens na regra permanente,
com redução de sete anos na regra de transição;
b. A exigência de 10 anos no serviço público e 5 no
cargo;
c. A previsão de adoção, por lei complementar, da
previdência complementar para os servidores
públicos.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
41/03
a) A ampliação de 10 para 20 anos do tempo de permanência
no serviço público para aposentadoria integral do servidor que
ingressou no serviço público até 31/12/2003;
b) O fim das regras de transição da E.C 20;
c) A instituição do redutor de pensão;
d) O fim da paridade para novos servidores;
e) O fim da integralidade para novos servidores, com cálculo
pela média;
f) A instituição da cobrança de contribuição de aposentados e
pensionistas, incidente sobre a parcela acima do teto do
RGPS;
g) A adoção de tetos e subtetos na administração pública;
h) A previsão de adoção, por lei ordinária, da previdência
complementar do servidor.
PEC PARALELA - EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 47/05
● Suavizando a Emenda de 2003, criou regras de
transição mais claras e objetivas:
a) Paridade e integralidade, desde que o servidor conte com
mais de 25 anos de serviço público, com redução da idade
mínima de 60 anos para homens e 55 para mulheres se a soma
da idade com o tempo de serviço supere a fórmula 85/95,
sendo indispensável pelo menos 35 de contribuição, no caso
do servidor homem, e 30, no caso da servidora mulher;
b) Isenção do dobro do teto do INSS na parcela do provento
de aposentadoria ou pensão quando o beneficiário for portador
de doença incapacitante.
Lívia Sarno
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
70/12
Assegura a integralidade para a aposentadoria por invalidez,
porém só abrange quem ingressou no serviço público até 31
de dezembro de 2003.
Princípios do Direito Previdenciário
Princípios Gerais
(1) Princípio da Solidariedade
A solidariedade prende-se à ideia de responsabilidade de todos pelas carências ou
necessidades de qualquer indivíduo ou grupo social. O fundamento ético desse princípio
encontra-se na ideia de justiça distributiva, entendida como a necessária compensação de bens e
vantagens entre as classes sociais, com a socialização dos riscos normais da existência humana.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
● É o pilar de sustentação do regime previdenciário de repartição adotado no Brasil.
● Significa que o sistema de seguridade tem que ser formado sem que haja paridade entre
contribuições e contraprestações secundárias, objetivando não a proteção do indivíduo mas
de toda a sociedade.
● É este princípio que obriga os contribuintes a recolherem para um fundo único, mesmo que
nunca venham a usufruir dos benefícios e serviços oferecidos; atendendo também aqueles
segurados que sem ter contribuído por muito tempo façam jus à cobertura por toda vida.
● A solidariedade só se aplica à previdência social por ser o único ramo da seguridade
essencialmente contributiva.
● Segundo orientação do STF: “O sistema público de previdência social é baseado no
princípio da solidariedade [art. 3º, inciso I, da CB/1988], contribuindo os ativos para
financiar os benefícios pagos aos inativos” (RE 414.816 AgR/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Eros
Grau, DJ 13.5.2005).
(2) Da Vedação de Retrocesso
Art. 5º, §2º c/c art. 7º da CF/88
Lívia Sarno
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Art. 7º São direitos dostrabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
Ainda que não expresso de forma taxativa, encontra previsão constitucional no § 2º do art.
5º da Constituição e no art. 7º, caput, o qual enuncia os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
“sem prejuízo de outros que visem à melhoria de sua condição social”.
Consiste na impossibilidade de redução das implementações de direitos fundamentais já
realizadas.
Impõe-se, com ele, que o rol de direitos sociais não seja reduzido em seu alcance (pessoas
abrangidas, eventos que geram amparo) e quantidade (valores concedidos), de modo a preservar o
mínimo existencial.
(3) Da proteção ao hipossuficiente
Ainda que não aceito de modo uniforme pela doutrina previdenciarista, vem sendo admitido
com cada vez mais frequência o postulado de que as normas dos sistemas de proteção social devem
ser fundadas na ideia de proteção ao menos favorecido.
Como no Direito do Trabalho, a regra de interpretação in dubio pro misero, ou pro
operario, pois este é o principal destinatário da norma previdenciária.
Não se trata de defender que se adote entendimento diametralmente oposto na aplicação das
normas, por uma interpretação distorcida dos enunciados dos textos normativos: o intérprete deve,
dentre as várias formulações possíveis para um mesmo enunciado normativo, buscar aquela que
melhor atenda à função social, protegendo, com isso, aquele que depende das políticas sociais para
sua subsistência.
A jurisprudência do STF vem aplicando o princípio em comento nas situações em que se
depara com dúvida relevante acerca da necessidade de proteção social ao indivíduo:
“(...) 11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações
prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de
divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a
premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao
Lívia Sarno
benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não
se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o
empregado se submete. (...)” (Repercussão Geral Tema 555, ARE n. 664.335/SC, Tribunal
Pleno, Min. Luiz Fux, DJe 12.2.2015)
Princípios Constitucionais da Seguridade Social
(Art. 194, parágrafo único, CF/88)
● (4) Universalidade de cobertura e do atendimento
○ O caráter contributivo da previdência torna ela menos universal do que a saúde e a assistência? Não,
porque a CF cria a figura do segurado facultativo. Os segurados obrigatórios são os empregados,
empregados domésticos, trabalhadores avulsos, contribuintes individuais, segurado especial,
contribuinte individual de baixa renda. Há universalidade na previdência também, e a forma de
universalizar é criando a figura que não é contribuinte compulsório, mas que é facultativo. Esse
princípio permitiu que tenhamos salário maternidade para homens.
○ Origina o segurado facultativo
● (5) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais
○ Esse princípio cria uma figura de segurado obrigatório chamado de segurado especial. Temos na
CF/88, no art. 195, p.8º, a figura de um segurado diferente. Nosso país sempre tratou de forma
isonômica as populações rurais. A CF/88 tem como objetivo a redução das desigualdades. Isso enseja
a necessidade de se criar um discriminem. É um discriminem trazido pelo constituinte em
atendimento a esse princípio. Esse segurado especial é o produtor rural, parceiro rural, meeiro rural
etc. que exerçam atividade em regime de economia familiar. Esse pequeno produtor rural sem
empregados permanentes, pois essas pessoas contribuem para a seguridade não com base na folha do
pagamento, não com base no contracheque, mas quando vendem a produção rural. Eu planto feijão e
não tenho empregado. Eu vou poder me aposentar sem precisar comprovar recolhimento. É uma
regra que atende à uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais. Então, se dá mais direitos específicos para essas pessoas que foram historicamente
diferenciadas. Só precisa provar que trabalharam.
● (6) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
○ Todos tem que ter direito a tudo, alguns tem que ter direitos mais específicos que estão em uma
condição de desigualdade e precisa desse discriminem, só que os recursos para permitir essa
universalidade, uniformidade e equivalência são recursos restritos, escassos. A seletividade parte da
premissa de escassez dos recursos. Então, a política pública seleciona aqueles que estão em uma
condição de maior necessidade para promover a distributividade desses benefícios. Toda a
seguridade social tem como fins maiores os objetivos previstos no art.3º da CF. Seleciona justamente
Lívia Sarno
para distribuir esses recursos que são escassos para aquelas pessoas que são tidas como o alvo eletivo
da política pública. Temos dois benefícios que são fruto desse princípio.
■ O benefício substitutivo tem como fim substituir a remuneração do trabalhador quando ele
não tem condição de trabalhar. Esse benefício tem que ter no mínimo o valor de um salário
mínimo.
■ Já o benefício complementar tem como objetivo a complementação da remuneração do
trabalhador para que ele tenha condição de arcar com seus encargos familiares. O salário
família é um benefício que é pago uma cota por filho menor de 14 anos e é exemplo de
benefício complementar
● (7) Irredutibilidade no valor dos benefícios
○ A irredutibilidade não é só a nominal. Além dessa, é assegurada a irredutibilidade real. Então, são
duas irredutibilidades que os aposentados e pensionistas têm direito e que estão previstos no art. 194,
p. único, IV, da CF c/c art. 201, parágrafo 4º; Art. 201, § 4º: É assegurado o reajustamento dos
benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em
lei.
○ Além de manter o valor inicialmente recebido, ele precisa ser atualizado para não perder o poder de
compra
● (8) Equidade na forma de participação do custeio
○ Equidade na forma de participação de custeio é chamado de custeio tríplice, porque são 3 figuras que
financiam de forma equânime o sistema: trabalhadores, empresas/empregadores/entidades
equiparadas e os orçamentos públicos (Estado).
○ Autoriza o tratamento equânime, visando respeitar a capacidade contributiva dos contribuintes,
buscando atender a igualdade material
○ Concretiza-se a partir do art. 195, §9º, CF
● (9) Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis
específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde,
previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência
social;
○ O que financia saúde vai para um mini orçamento da saúde, o que financia a assistência vai para o
mini orçamento da assistência, o que financia a previdência vai para o mini orçamento da
previdência, preservando o caráter contributivo da previdência social.
○ Essas previsões, tanto da equidade na forma de participação do custeio (quem pode mais paga mais),
quanto da diversidade da base de financiamento, são especificidades da própria ideia de
solidariedade. O art. 195 concretiza esses dois princípios.
Lívia Sarno
● (10) Caráter democrático e descentralizado da administração mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, aposentados, empregadores e
governo nos órgãos colegiados.
○ O custeio é tríplice, mas a gestão é quadripartite. Tem uma figura que não participa do custeio, mas
que tem assento os órgãos colegiados que monitoram, disciplinam a política previdenciária, de saúde,
de assistência social, que são justamente os aposentados (o conselho nacional de previdência social
tem que ter representantes dos sindicatos de aposentados). Esse caráter democrático e
descentralizado da administração mediante gestão quadripartitetem sempre a participação de
trabalhadores, empregadores, de governo e de aposentados dos órgãos colegiados. Temos conselhos
de saúde, assistência e previdência.
Princípios Específicos de Custeios
(11) Do Prévio Custeio
Art. 195 §5º - “Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.”
A professora entende que isso traduz uma regra e não um princípio.
ADPF 662: Gilmar Mendes dá uma liminar para suspender a eficácia daquela lei de 2020
que mudou o critério de miserabilidade para fazer constar que a renda passaria a ser inferior a ½.
O art. 195 é o artigo base do financiamento da seguridade social. Então, esse princípio é
específico da relação de custeio, tributária, de financiamento da seguridade social
(12) Do orçamento diferenciado
Quando falamos de orçamento diferenciado/separado é justamente o orçamento que vai
abranger os órgãos e as entidades vinculadas à seguridade social, tanto da Administração direta e
indireta, bem como fundo, fundação, que são ligadas à saúde, à assistência e à previdência. Esses
valores são separados dos demais orçamentos, justamente porque o que alimenta esse orçamento
basicamente são tributos de natureza vinculada. Os impostos entram por meio do financiamento
indireto. O financiamento direto se dá por meio de tributos vinculados como as contribuições para
a seguridade social.
O poder de tributar é muito maior no tocante às contribuições, do que aos impostos. A CF
traz inúmeros limites ao poder de tributar no tocante à figura tributária imposto, mas no tocante à
figura tributária contribuições, como o fim é socialmente recomendável, justo, os limites do poder
de tributar são menores. O financiamento é solidário, são despesas obrigatórias.
Lívia Sarno
Art. 165, §5º, III; art. 195, §§1º e 2º:
“ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
(...) § 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.”
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade
social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as
metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada
área a gestão de seus recursos.
(13) Da compulsoriedade da contribuição – art. 149 CF/88
As contribuições para seguridade social são tributos. Gozam de compulsoriedade. Não
existe voluntariedade, com exceção do segurado facultativo
“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e
III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.
(14) Da anterioridade em matéria de contribuições sociais – art. 195 §6º
O princípio da não surpresa garante que o contribuinte não vai ser exigido além das forças
possíveis para se arcar com o cumprimento da obrigação tributária. Se uma modificação no sentido
de exigir menos esforço contributivo para arcar com o cumprimento da obrigação, a jurisprudência
vem entendendo que não há que se observar a noventena se a modificação, por exemplo, for no
sentido da publicação de uma isenção tributária ou concedendo mais prazo para pagar determinado
tributo. Então, o que a legislação vai impor como garantia para o contribuinte é se a modificação
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art12
Lívia Sarno
vier a exigir do contribuinte um maior esforço contributivo. Isso já é pacificado na doutrina e
jurisprudência.
“(...) § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".”
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
Princípios específicos da relação prestacional
● (15) Filiação obrigatória – art. 201, caput
● (16) Caráter Contributivo - art. 201, caput
● (17) Equilíbrio Financeiro Atuarial - art. 201, caput
● (18) Da Garantia do Benefício Mínimo - art. 201 § 2º
● (19) Da Correção Monetária dos Salários de Contribuição - art. 201 § 3º
● (20) Da Preservação do Valor Real dos Benefícios - art. 201 § 4º
● (21) Da Facultatividade da Previdência Complementar - art. 202
● (22) Indisponibilidade dos Direitos dos Beneficiários
○ art. 102 § 1º da Lei 8.213/91 - Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em caducidade
dos direitos inerentes a essa qualidade. § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito
à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a
legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.
○ art. 114 da lei 8213/91 - Art. 114. Salvo quanto a valor devido à Previdência Social e a desconto
autorizado por esta Lei, ou derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecida em sentença
judicial, o benefício não pode ser objeto de penhora, arresto ou sequestro, sendo nula de pleno direito
a sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes
irrevogáveis ou em causa própria para o seu recebimento.
Previdência Social após a EC nº 103/2019
Os regimes de previdência social no Brasil enfrentam dificuldades decorrentes de vários fatores
históricos, entre eles:
A má gestão dos recursos que deveriam ser destinados à formação do “fundo previdenciário”;
A falta de fixação de contribuições capazes de gerar a sustentabilidade (entes públicos deixam de
contribuir com a sua parte);
Legislações mal formuladas ou irreais sob o ponto de vista financeiro/atuarial; Ações judiciais
“empurradas para a frente” (gastos adicionais com juros e honorários);
Dívida Ativa bilionária e renúncia fiscal (isenção/imunidade das entidades filantrópicas, desonerações da
folha de pagamento);
Lívia Sarno
Desconhecimento das políticas previdenciárias (altos índices de exclusão na rural e urbana);
Benefícios concedidos como privilégios (aposentadorias precoces, pensões vitalícias a dependentes de
militares e ex-combatentes).
Nova “reforma” veio a ocorrer no ano de 2019, a partir da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n.
6, de 2019, aprovada no mesmo ano.
As alterações promovidas por essa Emenda Constitucional nº 103, de 13.11.2019 alcançam a maioria dos
benefícios concedidos pelos dois modelos de Regimes, tanto o RGPS quanto os RPPS, influenciando os
requisitos e valores a serem recebidos, em resposta ao interesse de redução de despesas.
Não foram objeto de reforma as regras aplicadas a militares das Forças Armadas e, em parte, as aplicadas
a servidores dosEstados e dos Municípios, que seguem em trâmites de propostas paralelas sem definição
exata de se e o quanto serão afetados pela onda de redução de custos que fundamentou o debate traçado
até aqui.
Em linhas gerais, desde a apresentação da PEC n. 06/2019, observou-se uma mudança de visão no tocante
aos objetivos e fundamentos da Previdência Brasileira com um reforço na ideia da individualidade sobre a
solidariedade.
Chegou-se a cogitar, inclusive, a alteração da própria estrutura de repartição do nosso sistema,
transformando-a em um sistema de capitalização, projeto que, mesmo não aceito pelo Congresso, parece
permanecer idealizado por parte da equipe econômica do atual governo.
Os pontos mais marcantes, no tocante aos RPPS, são:
● a alteração da idade mínima e tempo mínimo de contribuição no serviço público, para
aposentadoria no âmbito do RPPS da União;
● a modificação dos critérios de cálculo da renda de aposentadoria (inclusive por invalidez) e
pensão;
● a desconstitucionalização das regras aplicadas a servidores em matéria de aposentadoria e pensão,
pela previsão de que lei complementar irá dispor sobre o tema;
● A fixação de novas regras de transição para as aposentadorias voluntárias, incluindo-se uma
inédita regra para aposentadorias por exposição a agentes prejudiciais à saúde e aos portadores de
deficiência, até hoje não regulamentadas.
Reflexões Gerais Sobre a Reforma na Previdência
● É um engano imaginar que as reformas no sistema de financiamento da Previdência Social sejam
exclusivas de países periféricos, ou de economias em recessão.
● Trata-se melhor de uma medida a ser compreendida no contexto mais amplo, inerente ao modo de
produção capitalista, pautado na concentração de riqueza e na submissão das finanças do Estado
aos interesses desta concentração.
● Mesmo países como França, Suécia, Inglaterra, Alemanha e Japão já passaram por alterações na
legislação previdenciária, ainda que de maneira mais sutil e menos gravosa à população, mas
igualmente alinhadas aos interesses de acumulação econômica e ao desequilíbrio na sua
repartição.
● •Trata-se, em verdade, das ofensivas cíclicas do capital contra a Seguridade Social,
partindo da hipótese de que, a médio e longo prazo, o objetivo é esvaziar o sistema público de
aposentadorias, para que, ao final, o mercado financeiro detenha o monopólio dos recursos
disponibilizados pelos contribuintes para financiamento das suas futuras pensões.
● A reflexão a ser feita deve partir da verificação se a reforma da Previdência brasileira, nos moldes
recém propostos e aprovados pelo governo federal, foi de fato, uma necessidade fundamental
com vistas à manutenção do sistema de cobertura dos riscos sociais ou se as alterações aprovadas
se constituem meras estratégias de solução financista ao alegado déficit do sistema.
Lívia Sarno
● Em meio às discussões políticas, ideológicas e econômicas sobre a Previdência Social e sua
sustentabilidade, as alterações do regime podem se dar sob dois enfoques, distintos entre si,
chamados de “reformas estruturais” e de “reformas paramétricas”.
● A reforma paramétrica é aquela que não altera os pilares do sistema securitário, consistente na
adoção de medidas tópicas para a correção pontual de disfuncionalidades do sistema,
mantendo-se incólumes os traços estruturantes.
● Objetiva garantir o equilíbrio econômico-financeiro do sistema, sem lhe alterar a essência, seja no
tocante ao regime de prestações destinadas ao beneficiário, seja no que se refere às contribuições
a serem por ele pagas.
● Exemplo deste tipo de modificação foram as reformas ocorridas no Brasil ao longo das duas
últimas décadas, que extinguiram a aposentadoria proporcional e alteraram a idade mínima para
as aposentadorias por tempo de contribuição, ou ainda implementaram o fator previdenciário no
cálculo dos benefícios.
● Já as reformas estruturantes são definidas pela ruptura com o modelo vigente, com significativa
alteração no modelo contributivo, na administração dos recursos e regime de repartição, e as
quais, via de regra, têm sido acompanhadas pela transferência da gestão à iniciativa privada,
ainda que de modo parcial.
● Esse foi o modelo implementado a partir da reforma chilena, que acabou por privatizar por
completo a Previdência Social, estabelecendo uma rígida separação entre os benefícios
assistenciais e os benefícios financiados através do sistema de capitalização individual, o que,
trazendo para a realidade do Brasil, por analogia, seria o mesmo que excluir a Previdência Social
do sistema de Seguridade Social, apartando-a das ações de Saúde e Assistência Social.
O Financiamento da Seguridade Social
Noções Gerais
No art. 195, da CF, temos a base constitucional do financiamento da seguridade social. Esse
financiamento é ao mesmo tempo direto e indireto:
● O financiamento indireto é por meio de repasses orçamentários. Uma parte do que é
orçamento fiscal da União, dos Estados e município tem que ser deslocada para o
orçamento da seguridade social.
● O financiamento direto se dá por meio das contribuições que as empresas fazem. A
empresa contribui para a seguridade social. As contribuições para a seguridade social são
todas essas que estão no art. 195.
○ Contribuição Social x Contribuição Previdenciária - SÓ É CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA, nos termos do art. 167, XI, a contribuição que a empresa faz
sobre a folha de salários e a que o trabalhador paga sobre o que recebe em razão da
atividade remunerada lícita.
○ A contribuição previdenciária é uma espécie de contribuição para a seguridade
social. Ou seja, contribuição para a seguridade social é um guarda-chuva onde
Lívia Sarno
dentro dela estão: contribuição previdenciária, contribuição social sobre o lucro
líquido, COFINS, PIS/PASEP, PIS COFINS importação, produto de receita de
concurso de prognósticos.
Art. 167. São vedados:
XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195,
I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201.
 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser
adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição,
não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
Geral de Previdência Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
● Solidariedade Social gerenciada pelo Estado
● Sistema contributivo fundado da repartição
● Além das fontes previstas no art. 195 da CF/88, também se destina à Seguridade Social o
produto arrecadado com as contribuições para o PIS e o PASEP, que passam a financiar o
seguro-desemprego e o abono do PIS/PASEP (art. 239 CF/88).
○ Outra fonte de recursos que se destinou ao financiamento da Seguridade Social e
que se encontra apartada do art. 195 era a CPMF, disciplinada nos arts. 84 a 88 do
ADCT, mas extinta a partir de 1º/01/2008.
Princípio da Diversidade da Base de Financiamento
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade
social, com base nos seguintes objetivos:
VI - diversidade

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