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APG 18 - SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Eritropoiese 
A fim de formar células sanguíneas, as células-tronco pluripotentes na 
medula óssea vermelha produzem mais dois tipos de células-tronco, 
que possuem a capacidade de se desenvolver em vários tipos 
celulares. Essas células-tronco são chamadas de células-tronco 
mieloides e células-tronco linfoides (TORTORA, 14ª ed.). 
As células-tronco mieloides começam o seu desenvolvimento na 
medula óssea vermelha e dão origem a hemácias, plaquetas, 
monócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos e mastócitos (TORTORA, 
14ª ed.). 
As células-tronco linfoides, que dão origem aos linfócitos, começam o 
seu desenvolvimento na medula óssea vermelha, porém o completam 
nos tecidos linfáticos. As células-tronco linfoides também originam as 
células natural killer (NK) (TORTORA, 14ª ed.). 
Durante a hemopoese, algumas das células-tronco mieloides se 
diferenciam em células progenitoras (TORTORA, 14ª ed.) 
Algumas células progenitoras são conhecidas como unidades 
formadoras de colônia (UFC). Depois da designação UFC vem a 
abreviação que indica os elementos maduros no sangue que vão 
produzir (TORTORA, 14ª ed.). A célula tronco comprometida produtora 
de hemácias é referida como unidade formadora de colônia de 
eritrócitos e a sigla CFU-E (colony-forming unit erythrocyte) é usada 
para designar esse tipo de célula-tronco. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) 
A primeira célula que pode ser identificada como pertencente à 
linhagem vermelha é o proeritroblasto. Na presença de estimulação 
apropriada, grande número dessas células é formado por células-
tronco CFU-E.. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) 
Uma vez formado o proeritroblasto, ele se divide por diversas vezes, 
até por fim formar muitas hemácias maduras. As células da primeira 
geração são denominadas eritroblastos basófilos, por se corarem com 
substâncias básicas; nesse estágio, a célula só acumula pequena 
quantidade de hemoglobina. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) 
Nas gerações sucessivas, as células ficam cheias com hemoglobina, na 
concentração de cerca de 34%; o núcleo se condensa até tamanho 
muito pequeno e seu resíduo final é absorvido ou excretado pela 
célula. Ao mesmo tempo, o retículo endoplasmático também é 
reabsorvido. A célula nesse estágio é designada reticulócito, por ainda 
conter pequena quantidade de material basofílico, consistindo em 
remanescentes do aparelho de Golgi, das mitocôndrias e de algumas 
outras organelas citoplasmáticas. Durante esse estágio de reticulócito, 
as células saem da medula óssea, entrando nos capilares sanguíneos 
por diapedese (modificando sua conformação para passar pelos poros 
das membranas capilares). (GUYTON & HALL, 13ª ed.) 
O material basófilo remanescente do reticulócito, normalmente, 
desaparece de 1 a 2 dias e, a partir daí, a célula passa a ser referida 
como hemácia madura. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) 
OBS.: As hemácias vivem aproximadamente 120 dias devido ao 
desgaste que suas membranas plasmáticas sofrem ao atravessar os 
capilares sanguíneos. (TORTORA, 14ª ed.) 
Quando a membrana das hemácias fica frágil, a célula se rompe 
durante sua passagem por algum ponto estreito da circulação. Muitas 
das hemácias se autodestroem no baço, onde os espaços entre as 
trabéculas estruturais da polpa vermelha, pelos quais deve passar a 
maioria das hemácias medem apenas 3 micrômetros de largura, em 
comparação ao diâmetro de 8 micrômetros das hemácias. Quando o 
baço é removido, o número de hemácias anormais e de células senis 
circulantes no sangue aumenta consideravelmente. (GUYTON & HALL, 
13ª ed.) 
 
As hemácias rompidas são removidas da circulação e destruídas por 
macrófagos fagocíticos presentes no baço e no fígado e os produtos 
da sua degradação são reciclados e usados em vários processos 
metabólicos, inclusive formação de novas hemácias. (TORTORA, 14ª 
ed.) 
Anemias 
↠ A anemia é definida como diminuição da concentração 
de hemoglobina do sangue abaixo dos valores de 
referência para a idade e o sexo (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
↠ Anemia é um termo que se aplica, ao mesmo tempo, 
a uma síndrome clínica e a um quadro laboratorial 
caracterizado por diminuição do hematócrito, da 
concentração de hemoglobina no sangue, ou da 
APG 18 – “SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ” 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
concentração de hemácias por unidade de volume 
(ZAGO et. al., 2013). 
OBS.: A diminuição do número de eritrócitos - oligocitemia - não serve, 
por si só́, para definir o estado anêmico, embora com frequência esteja 
presente em quase toda anemia (LORENZI, 2006) 
A OMS define anemia em adultos como hemoglobina abaixo de 13,0 
g/dL em homens e 12,0 g/dL em mulheres (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS 
↠ A classificação mais útil baseia-se nos índices 
hematimétricos e divide as anemias em microcíticas, 
normocíticas e macrocíticas (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ O critério morfológico não dá ideia da causa da anemia, 
mas do aspecto morfológico dos eritrócitos presentes na 
circulação. Segundo esse critério, as anemias podem ser 
classificadas em: (LORENZI, 2006): 
➢ Macrocíticas: Caracterizadas pela presença de 
hemácias de grande volume e geralmente 
hipercrômicas. Algumas dessas anemias 
macrocíticas podem ser megaloblásticas. 
➢ Microcíticas: Tem predomínio de hemácias de 
pequeno volume e pobres em hemoglobina ou 
hipocrômicas. Incluem-se aqui as anemias 
ferroprivas. 
➢ Normocíticas: São geralmente normocrômicas. 
Estão incluídas neste grupo as anemias 
hemolíticas e as aplasias medulares ou anemia 
aplástica. 
 
• anemia verdadeira: caracterizada pela redução da massa 
eritrocitária, ou seja, do volume total de hemácias no 
organismo; 
• anemia relativa ou por diluição: quando há aumento do 
volume plasmático, sem correspondente aumento das 
hemácias. 
O exemplo mais comum de anemia relativa é a hemodiluição, que 
ocorre durante a gravidez. Excluídas as raras situações de 
hemodiluição, a queda da concentração de hemogloina reflete uma 
verdadeira redução da massa de eritrócitos. Os diferentes mecanismos 
conducentes à anemia podem ser agrupados em três causas básicas: 
(ZAGO et. al., 2013). 
➢ perdas sanguíneas agudas (hemorragia aguda); 
➢ menor produção de eritrócitos; 
➢ diminuição da sobrevida dos eritrócitos. 
Anemias Carenciais 
↠ As anemias carenciais são um grupo de anemias 
caracterizadas por apresentar carência de elementos 
fundamentais para a eritropoese: ferro, vitamina B12 ou 
folato (DUTRA; FIGUEIREDO, 2019). 
Anemia Ferropriva 
O FERRO NO ORGANISMO: O ferro faz parte do grupo heme, que integra 
numerosas proteínas do organismo, como citocromos, citocromo 
oxigenase, peroxidases, catalase, mioglobina e hemoglobina. Sendo um 
metal pesado, o ferro livre é quase insolúvel e bastante tóxico, e por 
isso durante todo o seu ciclo metabólico está sempre ligado a 
proteínas de transporte ou funcionais (ZAGO et. al., 2013). 
Mais de dois terços do conteúdo de ferro do organismo encontra-se 
incorporado à molécula de hemoglobina. Assim, a hemoglobina é a 
principal forma funcional de ferro no organismo e também seu 
principal depósito, e por isso a anemia é a manifestação clínica mais 
proeminente da carência de ferro. Aproximadamente 1 mL de 
concentrado de hemácias contém 1 mg de ferro (ZAGO et. al., 2013). 
 
Além da hemoglobina, o organismo armazena ferro em diferentes 
tecidos sob formas de ferritina e hemossiderina. A quantidade de ferro 
nos depósitos é muito variável (ZAGO et. al., 2013). 
A ferritina, proteína presente no citoplasma da maioria das células, tem 
importante papel na estocagem do ferro (estoca até 4.500 átomos 
de ferro) (ZAGO et. al., 2013). 
A outra forma de depósito de ferro no organismo é a hemossiderina, 
que corresponde a um agregado heterogêneo de ferro, componentes 
do lisossomo e outros produtos da digestão intracelular (ZAGO et. al., 
2013). 
DIETA E ABSORÇÃO DE FERRO: Após atravessar o enterócito,o ferro 
chega ao plasma onde se liga à transferrina. A transferrina pode 
receber ferro dos enterócitos e dos depósitos, e pode liberá-lo para 
os depósitos, para os eritroblastos, para o músculo, para a síntese de 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
mioglobina, ou para diferentes tecidos para a síntese de enzimas e 
citocromos (ZAGO et. al., 2013). 
A molécula de transferrina pode conter até dois átomos de ferro. Ela 
conduz e entrega ferro a tecidos que têm receptores de transferrina, 
principalmente os eritroblastos na medula óssea, que incorporam o 
ferro na hemoglobina (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
DEFINIÇÃO 
↠ Na anemia ferropriva há um balanço negativo de ferro, 
isto é, a ingestão deste elemento é menor do que a 
necessidade do organismo (LORENZI, 2006) 
O ferro é armazenado na forma de ferritina e de hemossiderina. Nos 
homens, existem 600-1.200 mg de ferro estocado, enquanto nas 
mulheres esta reserva é inferior, de 100-400 mg (LORENZI, 2006) 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ A deficiência de Ferro (DF) é responsável por 75% 
de todos os casos de anemia (ZAGO et. al., 2013). 
↠ Estima-se a prevalência de DF em até 45% das 
crianças até cinco anos de idade, e de até 50% nas 
mulheres em idade reprodutiva. Cerca de 500 milhões de 
mulheres e até de gestantes apresentam anemia por 
Deficiência de Ferro (DF) com resultados negativos na 
qualidade de vida, no feto e no lactente (ZAGO et. al., 
2013). 
↠ Tanto em países subdesenvolvidos quanto em países 
desenvolvidos a DF advém principalmente de 
desigualdades sociais. É muito mais prevalente em 
estratos sociais mais baixos, nos grupos de menor renda, 
e na população menos educada (ZAGO et. al., 2013). 
ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO 
↠ A deficiência de ferro se instala por mecanismos 
diversos: (LORENZI, 2006) 
➢ Aumento da necessidade; 
➢ Excesso de perda (hemorragias); 
➢ Má absorção do ferro da alimentação; 
➢ ·Dieta deficiente de ferro. 
↠ Em países desenvolvidos, a causa dominante é a perda 
crônica de sangue, sobretudo uterina e no trato 
gastrintestinal e a deficiência dietética raramente é a causa 
única ou predominante (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
Meio litro de sangue total contém cerca de 250 mg de ferro, e, apesar 
do aumento da absorção de ferro alimentar na fase inicial da deficiência 
de ferro, um balanço negativo é comum na perda crônica de sangue 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
OBS.: São necessários cerca de 8 anos para um homem normal adulto 
desenvolver anemia ferropênica somente como resultado de dieta 
pobre ou defeito absortivo que resultem em absorção zero de ferro 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ Entre as causas citadas, as mais frequentes são 
relacionadas com o excesso de perda, podendo ser: 
(LORENZI, 2006). 
➢ Perdas menstruais: menometrorragias (mioma, 
fibroma uterino). · 
➢ Perdas digestivas: úlceras, câncer 
gastrointestinal, varizes esofágicas, parasitas 
(ancilostomíase), hemorroidas, divertículos. 
➢ Perdas cutâneas: doenças descamativas de 
evolução crônica levam à perda de ferro pela 
pele. 
➢ Outras perdas: epistaxes, hematúrias, 
hemossiderinúria. · 
➢ Má absorção do ferro da dieta: gastrectomia, 
esteatorréia, trânsito intestinal rápido. 
O aumento das necessidades nos lactentes, na adolescência, na 
gestação, na lactação e nas mulheres nos anos em que menstruam é 
responsável pelo alto risco de anemia nesses grupos clínicos 
particulares (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
Recém-nascidos têm um depósito de ferro derivado da destruição do 
excesso de eritrócitos (necessário na vida intrauterina), ainda maior no 
caso de clampeamento tardio do cordão umbilical. Contudo, passados 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
3 a 6 meses, há tendência a um balanço negativo de ferro devido ao 
rápido crescimento (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
Na gestação, há maior necessidade de ferro pelo aumento da massa 
eritroide materna – que pode chegar a 35% –, pela transferência de 
300 mg de ferro para o feto e pela perda de sangue no parto 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
Mulheres em idade fértil apresentam maior frequência de anemia 
ferropriva que homens da mesma idade devido à perda menstrual, 
sendo que no período da peri-menopausa a frequência de anemia é 
ainda maior (DUTRA; FIGUEIREDO, 2019). 
Outro mecanismo etiopatogênico da anemia ferropriva parece ser a 
presença do Helicobacter pylori na mucosa gástrica. Essa bactéria, 
como outras, necessita do ferro para crescer (LORENZI, 2006). 
OBS.: Cada mL de sangue perdido resulta em redução de cerca de 
0,5 mg de ferro (ZAGO et. al., 2013). 
OBS.: O ferro dietético consiste de ferro heme e não heme. Ferro 
heme estpresente em alimentos de origem animal e tem excelente 
biodisponibilidade para absorção intestinal; o ferro não heme é 
encontrado em produtos de origem vegetal e tem baixa 
biodisponibilidade. Assim, indivíduos que consomem produtos animais 
tem menor risco de desenvolvimento de anemia ferropriva que 
vegetarianos (ZAGO et. al., 2013). 
FISIOPATOLOGIA 
↠ A anemia ferropriva se instala de modo lento e 
progressivo, desde que as perdas não sejam agudas e 
abundantes (LORENZI, 2006). 
↠ Num primeiro estádio de depleção de ferro, os 
depósitos tendem a se esvaziar. Isto pode ser observado 
pela diminuição do ferro contido nos macrófagos 
medulares, bem como também pela redução da ferritina 
do plasma (LORENZI, 2006). 
 
↠ Na tentativa de aumentar o ferro circulante, há 
aumento da absorção deste pela mucosa intestinal. Então, 
pode ser observada discreta elevação da concentração 
de transferrina plasmática (LORENZI, 2006). 
↠ Progredindo a ingestão deficiente de ferro ou o 
excesso da perda, observamos queda do ferro plasmático 
e diminuição da saturação da transferrina e da ferritina. 
Instala-se a eritropoiese deficiente quando, ao final, 
ocorrem: (LORENZI, 2006). 
➢ ·Ausência de ferro nos depósitos (medula óssea com 
macrófagos sem grãos de ferro); 
➢ Grande aumento da transferrina livre; 
➢ Grande diminuição da saturação da transferrina; 
➢ Grande baixa da ferritina e do ferro livre no plasma; 
➢ ·Ausência de sideroblastos na medula óssea; 
➢ Aumento da protoporfirina nos eritrócitos; 
➢ ·Instalação da microcitose e da hipocromia por diminuição 
da síntese de hemoglobina. 
OBS.: Há de se lembrar que a anemia ferropriva evolui de modo 
diferente, segundo a idade e o sexo, pois os depósitos de ferro variam 
conforme essas condições (LORENZI, 2006). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Os primeiros sintomas da ferropenia são aqueles encontrados nas 
anemias em geral e estão relacionados com a falta de oxigenação 
normal dos tecidos, especialmente do cérebro e do próprio coração 
(LORENZI, 2006). 
↠ Dependendo do modo como se instala a anemia, mais 
ou menos lentamente, ocorre adaptação do organismo a 
essa deficiência, resultando em sintomas muito ou pouco 
intensos (LORENZI, 2006). 
↠ Para compensar o déficit de oxigênio tecidual, o 
coração passa a trabalhar em ritmo mais acelerado, 
sobrevindo taquicardia (LORENZI, 2006). 
↠ Além de fadiga fácil, palidez cutaneomucosa, tonturas, 
anorexia e de alterações tróficas da pele e anexos, que 
podem ocorrer em todo tipo de anemia, na ferropenia 
acentuada podem surgir sintomas mais ou menos típicos, 
a saber: (LORENZI, 2006). 
➢ Glossite atrófica: acompanhada ou não de 
perversão de apetite, que se manifesta por 
geofagia, ou seja, vontade incontrolada de 
comer terra e barro, farináceos, gelo, papel etc. 
(Obs.: a ingestão compulsiva de substâncias 
estranhas é denominada “PICA” e se relaciona 
com a deficiência de ferro). 
➢ Disfagia intensa (síndrome de Plummer-Vinson). · 
➢ Amenorréia na mulher e diminuição da libido nos 
dois sexos. 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
➢ Baqueteamento digital e coiloníquia (unhas em 
forma de colher); 
➢ Atrofia das papilas linguais; 
➢ Estomatite angular. 
 
Estando associada alteração do desenvolvimento motor e cognitivo 
em crianças, redução da produtividadeno trabalho e problemas 
comportamentais, cognitivos e de aprendizado em adultos (ZAGO et. 
al., 2013). 
Em gestantes, aumenta o risco de prematuridade, baixo peso, sendo 
responsável por 18% das complicações no parto e morbidade materna 
(ZAGO et. al., 2013). 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
↠ O hemograma é um teste rápido, barato e 
amplamente disponível no rastreio de anemia ferropriva, 
mas incapaz de detectar DF sem anemia (ZAGO et. al., 
2013). 
↠ À microscopia, observam-se eritrócitos hipocrômicos 
e microcíticos, com raras células-alvo e pecilócitos em 
forma de lápis. A contagem de reticulócitos é baixa em 
relação ao grau de anemia (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
OBS.: Quando a deficiência de ferro é associada à deficiência de folato 
ou de vitamina B12, surge um aspecto “dimórfico”, com dupla 
população de eritrócitos, uma macrocítica, outra microcítica e 
hipocrômica; a duplicidade pode corrigir, de forma recíproca, os índices 
hematimétricos e normalizá-los (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ Um aspecto dimórfico também é observado em 
pacientes com anemia ferropênica recentemente 
tratados com ferro, pela emergência de uma nova 
população de eritrócitos saturados de hemoglobina e de 
tamanho normal; um aspecto similar pode ser visto quando o 
paciente recebeu transfusão (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
↠ A contagem de plaquetas, em geral, é levemente 
aumentada na deficiência de ferro, particularmente 
quando há hemorragia continuada (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
FERRO NA MEDULA ÓSSEA 
↠ O exame da medula óssea para avaliar os depósitos 
de ferro não é feito rotineiramente, exceto em casos 
complexos. Na anemia ferropênica, há ausência de ferro 
depositado nos macrófagos e também nos eritroblastos 
em desenvolvimento (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ Os eritroblastos são pequenos e têm falhas no 
citoplasma (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
(a) Coiloníquia: unhas típicas em “colher”. (b) Queilose angular: fissura e ulceração no canto 
da boca. 
 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
FERRO SÉRICO 
↠ Ferro sérico é a fração do ferro corporal que circula 
primariamente ligado à transferrina e encontra-se 
reduzido na DF (ZAGO et. al., 2013). 
IMPORTANTE: Varia com o ritmo circadiano e a alimentação e por isso, 
a coleta de sangue para sua dosagem deve ter horário e jejum 
padronizados. Está também reduzido na presença de inflamação, não 
devendo, desta forma, ser utilizado isoladamente para avaliação de DF 
(ZAGO et. al., 2013). 
FERRITINA SÉRICA 
↠ A dosagem da ferritina sérica está diretamente 
relacionada com a concentração de ferritina intracelular e, 
portanto, com o estoque corporal total. Deficiência de 
ferro é a única condição que gera ferritina sérica muito 
reduzida, o que torna a hipoferritinemia bastante 
específica deste diagnóstico (ZAGO et. al., 2013). 
OBS.: No entanto, valores normais ou elevados de ferritina não excluem 
a presença de DF pois a ferritina é uma proteína de fase aguda, tendo 
sua concentração sérica aumentada na presença de inflamação, 
infecção, doença hepática e malignidade, mesmo na presença de DF 
grave (ZAGO et. al., 2013). 
TRATAMENTO 
↠ O tratamento da DF consiste na reposição oral ou 
venosa. No entanto, é mandatória a investigação da causa 
e sua pronta correção do contrário, a reposição é 
paliativa e tende a ser ineficaz no longo prazo (ZAGO et. 
al., 2013). 
Ferro por VIA ORAL 
↠ A dose ideal para tratamento é de 180 a 200 mg de 
ferro elementar/dia para adultos e 1,5 a 2 mg de ferro 
elementar/dia para crianças dividida em 3 a 4 tomadas, 
preferencialmente com o estômago vazio, ou 30 minutos 
antes das principais refeições (ZAGO et. al., 2013). 
OBS.: A forma ferrosa é mais bem absorvida que a férrica (ZAGO et. 
al., 2013). 
↠ O tratamento com ferro oral deve ser mantido 
durante um período suficiente para corrigir a anemia e 
repor os depósitos de ferro, o que geralmente significa 
pelo menos seis meses (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A hemoglobina deve subir cerca de 2 g/dL a cada 
três semanas. Falta de resposta ao ferro por via oral tem 
várias causas possíveis e todas deverão ser consideradas 
antes da indicação de ferro por via parenteral 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A prevalência de efeitos colaterais é de até 30%, 
notadamente do TGI: pirose e dor epigástrica, náuseas, 
vômitos, empachamento, dor abdominal em cólica, diarreia 
e obstipação (ZAGO et. al., 2013). 
FERRO POR VIA PARENTERAL 
↠ A reposição parenteral de ferro é efetiva, cara, 
trabalhosa, não isenta de efeitos colaterais, e deve ser 
indicada em situações especiais (ZAGO et. al., 2013). 
A via intramuscular está associada à dor local, pigmentação irreversível 
da pele e linfonodomegalia (ZAGO et. al., 2013). 
A infusão venosa pode estar associada a irritação, dor e queimação 
do sítio de punção, náuseas, gosto metálico na boca, hipotensão e 
reação anafilactoide, sendo que o principal fator no aparecimento 
dessas reações é a velocidade de infusão (ZAGO et. al., 2013). 
↠ A resposta hematológica ao ferro por via parenteral 
não é mais rápida que a resposta à dosagem adequada 
de ferro por via oral, mas os depósitos são refeitos com 
mais rapidez. (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
 
 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Anemia Megaloblástica 
VITAMINA B12: A vitamina B12 é sintetizada na natureza por 
microrganismos; os animais adquirem-na ingerindo alimentos de 
origem animal, pela produção interna das bactérias intestinais (o que 
não ocorre em seres humanos) ou pela ingestão de alimentos 
contaminados com bactérias (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
A vitamina consiste em um pequeno grupo de compostos, as 
cobalaminas, todas com a mesma estrutura básica, com um átomo de 
cobalto no centro de um anel corrina ligado a uma porção nucleotídica. 
A vitamina é encontrada em alimentos de origem animal, como fígado, 
carnes em geral, peixe e laticínios, mas não ocorre em frutas, cereais 
e verduras (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
ABSORÇÃO: Uma dieta normal contém um grande excesso de B12 se 
comparada às necessidades diárias. A B12 é liberada das proteínas às 
quais vem ligada nos alimentos e se combina com a glicoproteína fator 
intrínseco (FI), sintetizada pelas células parietais gástricas 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
A vitamina B é absorvida no sangue portal, onde se liga à proteína 
plasmática transcobalamina (TC, também chamada de transcobalamina 
II), que entrega B12 à medula óssea e a outros tecidos. A deficiência de 
TC causa anemia megaloblástica, uma vez que a B12 não entra na 
medula óssea (e em outras células) a partir do plasma, porém o nível 
sérico de B12 na deficiência de TC é normal (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
 
FOLATO: O ácido fólico (pteroilglutâmico) é o composto-base de um 
grande grupo de compostos derivados, os folatos (HOFFBRAND; 
MOSS, 2018). 
IMPORTANTE: Esses dois nutrientes são muito importantes, pois atuam 
como coenzimas em reações que ocorrem na síntese de DNA. É, 
portanto, um distúrbio, ocasionado por uma alteração na síntese do 
DNA que se caracteriza por um estado em que a divisão celular se 
torna lenta, a despeito do crescimento citoplasmático. Esta 
anormalidade nada mais é do que uma assincronia da maturação do 
núcleo em relação ao citoplasma. As células se preparam para uma 
divisão que não ocorre, e, como resultado, acabam se tornando 
maiores (MONTEIRO et. al., 2019). 
DEFINIÇÃO 
↠ As anemias megaloblásticas constituem um grupo de 
anemias em que os eritroblastos na medula óssea 
mostram uma anormalidade característica – atraso da 
maturação do núcleo em relação à do citoplasma 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ Resulta em hemácias aumentadas de tamanho (VCM 
> 100 fℓ), devido à maturação e divisão deficientes 
(PORTH, 10ª ed.). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ As anemias resultantes de carências de vitamina B12 
ou de folatos vão se tornando menos frequentes, em 
virtude da diminuição da ocorrência de carências 
nutricionais. No entanto, ainda são encontradasna prática 
médica, em especial entre grávidas de classes mais 
pobres, idosos e alcoólatras, na forma clássica da anemia 
perniciosa (ZAGO et. al., 2013). 
↠ Atualmente, cerca de 5 a 20% dos adultos mais velhos 
apresentam deficiência de vitamina B12 por causa de má 
absorção (PORTH, 10ª ed.). 
ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO 
↠ O defeito básico responsável por essa assincronia é a 
síntese defeituosa de DNA, geralmente causada por 
deficiência de vitamina B12 ou de folato. Com menor 
frequência, anomalias do metabolismo dessas vitaminas e 
outros defeitos na síntese do DNA podem causar aspecto 
hematológico idêntico (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ Resultam de uma disparidade entre a disponibilidade e 
a demanda. A anemia é o último estádio das deficiências 
nutricionais, surgindo quando as reservas orgânicas 
esgotaram-se em virtude do balanço negativo (ZAGO et. 
al., 2013). 
OBS.: No caso da vitamina B12, os depósitos são habitualmente 
suficientes para manter a eritropoese por dois a cinco anos após haver 
cessado a absorção, enquanto que as reservas de folatos são 
suficientes apenas para três ou quatro meses (ZAGO et. al., 2013). 
↠ Genericamente, as causas de carências podem ser 
classificadas em: (ZAGO et. al., 2013). 
➢ menor ingestão do nutriente; 
➢ menor absorção intestinal; 
➢ defeitos do transporte ou metabolismo; 
➢ aumento da excreção ou das perdas; 
➢ aumento das necessidades fisiológicas ou 
patológicas. 
CAUSAS DE CARÊNCIA DE VITAMINA B12 OU COBALAMINA 
➢ Dieta: A vitamina B12 existe primariamente em alimentos 
de origem animal, não sendo encontrada em frutas e 
vegetais. As necessidades dirias são ínfimas (0,5-2 g/dia), e 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
por isso a carência de vitamina B12 de origem alimentar é 
excepcional: somente ocorre em vegetarianos estritos 
após vários anos sem ingerir alimento de origem animal 
(ZAGO et. al., 2013). 
➢ Absorção: A absorção de vitamina B12 ocorre 
predominantemente no íleo terminal e depende de uma 
glicoproteína produzida pelas células parietais da mucosa 
gástrica, denominada “Fator Intrínseco” (FI) (ZAGO et. al., 
2013). 
➢ Outras causas: A gastrectomia total leva à carência de 
vitamina B12, em um prazo em torno de cinco anos, se o 
paciente não receber suplementação da vitamina por via 
parenteral para manter o depósito (ZAGO et. al., 2013). 
CAUSAS DE CARÊNCIA DE FOLATOS 
A causa mais comum de carência de folatos é representada por dieta 
inadequada, por vezes associada a uma condição em que aumentam 
as necessidades diárias, habitualmente a gravidez ou o crescimento. 
De fato, a anemia megaloblástica da gravidez e a anemia 
megaloblástica do lactente são os dois tipos mais frequentes dessa 
deficiência. Outras causas comuns são alcoolismo, idade avançada, 
doenças intestinais associadas à má absorção, pobreza e desnutrição. 
Em geral, deficiências de folato são resultantes da associação de mais 
de um mecanismo (ZAGO et. al., 2013). 
➢ Aumento das necessidades: A demanda de ácido fólico 
aumenta em pessoas com intensa proliferação celular e a 
síntese de DNA, tais como: portadores de dermatites 
crônicas exfoliativas, anemias hemolíticas crônicas, 
neoplasias, gravidez e nos dois primeiros anos de vida 
(ZAGO et. al., 2013). 
 
FISIOPATOLOGIA 
↠ A hematopoese normal compreende intensa 
proliferação celular, que por sua vez implica a síntese de 
numerosas substâncias como DNA, RNA e proteínas; em 
especial, é necessário que a quantidade de DNA seja 
duplicada exatamente (ZAGO et. al., 2013). 
↠ Tanto os folatos como a vitamina B12 são 
indispensáveis para a síntese da timidina, um dos 
nucleotídeos que compõem o DNA, e a carência de um 
deles tem como consequência menor síntese de DNA 
(ZAGO et. al., 2013). 
↠ Os folatos participam dessa reação na forma de N5-
N10-metilenotetraidrofolato, que cede um radical -CH3 
(metil) à metilenotetraidrofolato (dUMP), transformando-a 
em timidinamonofosfato (dTMP) que, por sua vez, será 
incorporada ao DNA. A vitamina B12 participa 
indiretamente nesta reação, funcionando como coenzima 
da conversão de homocisteína em metionina, 
transformando simultaneamente o 5-metiltetraidrofolato 
em tetraidrofolato, a forma ativa de folato que participa 
da síntese de timidina (ZAGO et. al., 2013). 
↠ Na ausência de vitamina B12, o folato vai se 
transformando em 5-metiltetraidrofolato, uma forma de 
transporte do folato, inútil para síntese da timidina e do 
DNA. A síntese inadequada de DNA tem como 
consequência modificações do ciclo celular, retardo da 
duplicação e defeitos no reparo do DNA (ZAGO et. al., 
2013). 
↠ Por outro lado, a síntese de RNA não está alterada, 
pois a timidina não é necessária para sua síntese; não há, 
portanto, redução da formação de proteínas 
citoplasmáticas e do crescimento celular (ZAGO et. al., 
2013). 
↠ Devido principalmente à lentidão da divisão celular na 
fase S do ciclo celular, há aumento do número de células 
com quantidade de DNA entre o diploide e o tetraploide. 
A maioria dessas células com lesões cromossômicas 
graves não é capaz de completar a divisão celular, sendo 
prematuramente destruídas na medula óssea (ZAGO et. 
al., 2013). 
↠ O quadro morfológico do sangue periférico e da 
medula óssea é idêntico nas deficiências de folatos ou de 
vitamina B12: dissociação de maturação nucleo-
citoplasmática, produzindo células de tamanho aumentado 
e com alterações morfológicas características (ZAGO et. 
al., 2013). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
IMPORTANTE: O tipo mais comum de carência de vitamina 
B12 é representado pela anemia perniciosa, doença de 
natureza provavelmente imunológica, em que ocorre 
atrofia e infamação crônica da mucosa gástrica (gastrite 
atrófica), levando à ausência concomitante de fator 
intrínseco e da secreção de ácido clorídrico, com 
consequente má absorção da vitamina B12 (ZAGO et. al., 
2013). 
↠ Anemia perniciosa é uma forma específica de anemia 
megaloblástica causada por gastrite atrófica e 
incapacidade de produção de fator intrínseco, o que 
resulta na incapacidade de absorção de vitamina B12. 
Acredita-se que a anemia perniciosa seja o resultado de 
uma destruição da mucosa gástrica mediada 
imunologicamente, possivelmente autoimune (PORTH, 10ª 
ed.). 
↠ A gastrite atrófica crônica resultante se caracteriza por 
perda de células parietais e produção de anticorpos que 
interferem na ligação da vitamina B12 ao fator intrínseco 
(PORTH, 10ª ed.). 
O acometimento é maior no sexo feminino (1,6:1), com pico de 
ocorrência aos 60 anos, podendo haver doença autoimune associada, 
particularmente da tireoide (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
↠ A principal manifestação clínica é a anemia; apesar de 
plaquetopenia e neutropenia ocorrerem com frequência, 
sangramento ou infecções secundárias à plaquetopenia 
são pouco comuns (ZAGO et. al., 2013). 
 
↠ A deficiência da síntese de DNA afeta a divisão celular 
em outros tecidos em que há rápida multiplicação, em 
especial os epitélios do tubo digestivo, originando queixas 
de diarreia, glossite (ardência, dor e aparência vermelha 
da língua, “língua careca”), queilite e perda do apetite 
(ZAGO et. al., 2013). 
 
↠ Pode ser encontrada discreta a moderada 
esplenomegalia (ZAGO et. al., 2013). 
↠ Graus variados de palidez, com pele cor de limão 
(combinação de palidez com leve icterícia) são comuns 
(ZAGO et. al., 2013). 
 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A deficiência de vitamina 12 determina ainda uma 
degeneração do cordão posterior da medula espinal, cuja 
base bioquímica seria a carência de S-adenosil-metionina 
resultante de menor suprimento de metionina, pelo 
bloqueio da mesma reação homocisteína-metionina 
discutida anteriormente. O quadro resultante, denominado 
“degeneração combinada subaguda da medula espinhal”, 
inclui sensações parestésicas dos pés (formigamento ou 
picada de agulhas),pernas e tronco, seguidas de distúrbios 
motores, principalmente dificuldades da marcha, redução 
da sensibilidade vibratória, comprometimento da 
sensibilidade postural, marcha atáxica, sinal de Romberg, e 
comprometimentos das sensibilidades termoalgésica e 
dolorosa “em bota” ou “em luva” (ZAGO et. al., 2013). 
↠ A tríade de fraqueza, dor na língua e parestesias é 
clássica na deficiência de vitamina 12, mas os sintomas 
iniciais variam muito (ZAGO et. al., 2013). 
↠ A deficiência de folatos não causa envolvimento do 
sistema nervoso, mas a deficiência durante a gravidez 
aumenta a incidência de defeitos de tubo neural em 
recém-nascidos (ZAGO et. al., 2013). 
↠ A deficiência de folato ou de B12 na mãe predispõe a 
defeitos do tubo neural (DTN) no feto: anencefalia, 
espinha bífida ou encefalocele (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
As manifestações megaloblásticas das deficiências de vitamina B12 e 
de folatos são clinicamente indistinguíveis, a não ser pela história 
recente (ao redor de seis meses) na deficiência de folato e mais 
prolongada (três anos ou mais) na deficiência de vitamina B12 (ZAGO 
et. al., 2013). 
DIAGNÓSTICO 
↠ A anemia é macrocítica (VCM > 98 fL e com 
frequência tão alto quanto 120-140 fL nos casos graves) e 
os macrócitos são ovais. Se houver concomitância de 
deficiência de ferro, o VCM pode ser normal 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
↠ A contagem de reticulócitos é baixa, e as contagens 
de leucócitos e plaquetas podem estar moderadamente 
diminuídas, sobretudo em pacientes muito anêmicos 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A medula óssea é, em geral, hipercelular, e os 
eritroblastos (megaloblastos) são grandes e mostram falta 
de maturação, mantendo aspecto de cromatina frouxa, 
primitiva, mas hemoglobinização normal (HOFFBRAND; 
MOSS, 2018). 
↠ Há intensa hiperplasia da medula óssea, com acentuada 
hiperplasia da linhagem eritroide, que é composta por 
megaloblastos: eritroblastos mais volumosos que o normal, 
com núcleos com estrutura mais granular e menos 
condensada (ZAGO et. al., 2013). 
 
↠ Dosagens de vitamina B12 e de folato séricos são 
rotineiras. A vitamina B12 sérica é baixa na anemia 
megaloblástica e na neuropatia causada por deficiência de 
B12. O folato sérico e o eritrocitário estão baixos na 
anemia megaloblástica causada por deficiência de folato 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ Na deficiência de B12, o folato sérico tende a aumentar, 
mas o eritrocitário diminui. Quando não há deficiência de 
B12, o folato eritrocitário é um guia mais preciso do status 
do folato tecidual do que o folato sérico (HOFFBRAND; 
MOSS, 2018). 
OBS.: A bilirrubina sérica não conjugada (bilirrubina indireta) e a 
desidrogenase láctica estão aumentadas, devido à destruição de 
células na medula óssea (hematopoese ineficaz) (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
 
11 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
TRATAMENTO 
↠ A mais importante medida no tratamento dessas 
anemias consiste em identificar a causa e removê-la, se 
possível (ZAGO et. al., 2013). 
 
Anemias Hemolíticas 
Em geral os mecanismos conducentes à hemólise podem ser 
sintetizados em quatro grupos, embora a causa exata seja obscura ou 
incompletamente estabelecida em muitas anemias hemolíticas (ZAGO 
et. al., 2013). 
➢ anormalidades da membrana das hemácias; 
➢ anormalidades da hemoglobina; 
➢ anormalidades das enzimas eritrocitárias; 
➢ fatores extrínsecos as hemácias. 
↠ As anemias hemolíticas compreendem um grupo de 
doenças em que a sobrevida das hemácias em circulação 
está acentuadamente reduzida e a medula óssea não é 
capaz de compensação mesmo aumentando sua 
produção (ZAGO et. al., 2013). 
OBS.: Nas anemias hemolíticas a medula óssea se mostra 
excepcionalmente hiperplásica (ZAGO et. al., 2013). 
↠ A medula óssea normal do adulto, depois de expansão 
total, é capaz de produzir eritrócitos em ritmo até́ 6 a 8 
vezes maior do que o normal, desde que seja “eficaz”. 
Isso causa acentuada reticulocitose. Esta hiper-
regeneração reacional faz a anemia decorrente de 
hemólise só́ vir a ser notada quando a sobrevida 
eritrocitária for inferior a 30 dias (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
↠ Quase todos os tipos de anemia hemolítica se 
distinguem pela existência de hemácias normocíticas e 
normocrômicas (PORTH, 10ª ed.). 
CLASSIFICAÇÃO 
↠ As anemias hereditárias resultam de defeitos 
“intrínsecos” dos eritrócitos, ao passo que as adquiridas 
geralmente resultam de uma alteração “extracorpuscular” 
ou “ambiental” (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
↠ Há dois mecanismos de destruição de eritrócitos na 
anemia hemolítica. Pode haver excesso de remoção de 
eritrócitos por macrófagos do sistema RE (hemólise 
extravascular) ou destruição direta na circulação (hemólise 
intravascular) (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS 
ESFEROCITOSE HEREDIRÁRIA 
↠ A esferocitose hereditária (EH) é a anemia hemolítica 
hereditária mais comum em norte-europeus 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A herança é autossômica dominante, com expressão 
variável; raramente, pode ser autossômica recessiva 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A frequência da forma típica da doença na população 
geral é estimada em .1/2.000-5.000 nascimentos, mas as 
formas leves e portadores assintomáticos podem atingir 
1% da população (ZAGO et. al., 2013). 
PATOGÊNESE: A EH é causada por defeitos nas proteínas 
envolvidas nas interações verticais entre o esqueleto e a 
bicamada lipídica da membrana dos eritrócitos. A medula 
óssea produz eritrócitos de forma bicôncava normal, mas 
eles perdem porções de membrana e ficam cada vez 
mais esféricos (perda de área da superfície em relação 
ao volume) à medida que circulam pelo baço e pelo resto 
do sistema RE. A perda de membrana pode ser causada 
por liberação de partes da bicamada lipídica que não 
estejam adequadamente sustentadas pelo esqueleto. Por 
fim, os eritrócitos tornam-se incapazes de passar pela 
circulação esplênica e morrem prematuramente 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
12 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
↠ Os sinais clínicos variam, mas geralmente incluem 
anemia hemolítica leve, icterícia, esplenomegalia, cálculos 
biliares de bilirrubina. Pode advir uma crise aplásica 
potencialmente fatal quando a interrupção súbita da 
produção de hemácias (frequentemente por parvovírus 
B19) provoca uma rápida queda nos índices de 
hematócrito e níveis de hemoglobina (PORT, 10ª ed.). 
ACHADOS HEMATOLÓGICOS: Há reticulocitose, em geral de 
5 a 20%. A distensão sanguínea mostra microesferócitos, 
densamente corados, com diâmetro menor que o dos 
eritrócitos normais (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A doença é tratada, em geral, com esplenectomia para 
reduzir a destruição das hemácias. Podem ser necessárias 
transfusões de sangue durante uma crise (PORT, 10ª ed.). 
 
ANEMIA FALCIFORME 
↠ O gene HbS é transmitido por herança recessiva e 
pode se manifestar como traço de células falciformes (i. 
e., heterozigoto com um gene HbS) ou anemia falciforme 
(i. e., com dois genes homozigotos HbS). A anemia 
falciforme afeta aproximadamente 100 mil indivíduos nos 
EUA (PORTH, 10ª ed.). 
↠ A alteração molecular primária na anemia falciforme é 
representada pela substituição de uma única base no 
códon 6 do gene da globina ß, uma adenina (A) é 
substituída por uma timina (T) (GAG→GTC). Esta 
mutação resulta na substituição do resíduo glutamil na 
posição ß6 por um resíduo valil (ß6Glual) e tem como 
consequência final a polimerização das moléculas dessa 
hemoglobina anormal (HbS) quando desoxigenadas 
(ZAGO et. al., 2013). 
 
↠ Os aspectos clínicos são de anemia hemolítica grave 
pontuada por crises (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
Crises vasoclusivas 
➢ Dolorosas: São as mais frequentes e podem ser 
esporádicas e imprevisíveis, ou precipitadas por 
fatores como infecção, acidose, desidratação e 
desoxigenação (p. ex., altitude, cirurgia, parto, 
estase circulatória, exposição ao frio, exercícioviolento). Infartos muito dolorosos ocorrem nos 
ossos (quadril, ombros e vértebras são 
comumente afetados). 
➢ Viscerais: São causadas por deformação 
falciforme de eritrócitos e retenção de sangue 
em órgãos, quase sempre com grave 
exacerbação da anemia. A síndrome falcêmica 
torácica aguda é a causa mais comum de morte 
13 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
tanto em crianças como em adultos. O paciente 
apresenta-se com dispneia, queda de PO2, dor 
torácica e infiltrados pulmonares à radiografia de 
tórax. Trata-se com analgesia, oxigênio, 
exsanguinotransfusão e suporte ventilatório, se 
necessário. 
OBS.: A hiperbilirrubinemia proveniente da degradação dos 
produtos da hemoglobina muitas vezes leva a icterícia e 
à produção de cálculos de pigmentos na vesícula biliar 
(PORTH, 10ª ed.). 
. 
↠ Atualmente não existe cura conhecida para a anemia 
falciforme. Portanto, as estratégias de tratamento devem 
se concentrar na prevenção de episódios de 
afoiçamento, manejo de sintomas e tratamento das 
complicações (PORTH, 10ª ed.). 
TALASSEMIAS 
↠ Constituem um grupo heterogêneo de doenças 
genéticas que resultam de diminuição da velocidade de 
síntese de cadeias α ou β. A β-talassemia é mais comum 
na região do Mediterrâneo, e a α-talassemia, no Extremo 
Oriente (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
Clinicamente, as principais síndromes são: talassemia dependente de 
transfusão (talassemia maior), talassemia com anemia moderada, não 
dependente de transfusão (talassemia intermédia), devida a defeitos 
genéticos variados e o estado de portador de α ou β talassemia 
(talassemia menor) (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
SÍNDROMES α-TALASSÊMICAS: São causadas por deleções, 
mais raramente por mutações, de genes α-globínicos 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
SÍNDROMES β-TALASSÊMICAS (TALASSEMIA MAIOR): As 
lesões genéticas são, em sua maioria, mutações pontuais, 
em vez de deleções de genes. Essas mutações podem 
ocorrer dentro do complexo do próprio gene ou nas 
regiões promotoras ou amplificadoras. Certas mutações 
são particularmente frequentes em algumas 
comunidades, o que pode simplificar o diagnóstico pré-
natal dirigido para a detecção de mutações no DNA fetal 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
↠ A doença apresenta-se sob três formas clínicas: 
(ZAGO et. al., 2013). 
➢ Talassemia maior: forma grave (que se 
denominava anemia de Cooley), dependente de 
transfusões, correspondente a homozigotos ou 
heterozigotos compostos. 
➢ Talassemia intermediária: forma sintomática 
menos grave, com níveis de hemoglobina 8-10 
g/dL, em geral não dependente de transfusão. 
➢ Talassemia menor: heterozigotos clinicamente 
assintomáticos podem ser detectados por 
alterações laboratoriais. 
↠ Anemia grave começa a ser notada 3 a 6 meses após 
o nascimento, quando deve ocorrer a mudança de 
produção de cadeia γ para β. A criança, em geral, passa 
a apresentar atraso no desenvolvimento, palidez 
progressiva e abdome inchado (HOFFBRAND; MOSS, 
2018). 
↠ Aumento do fígado e do baço ocorre como resultado 
da destruição excessiva de eritrócitos, de hematopoese 
extramedular e, posteriormente, da sobrecarga de ferro 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
14 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Expansão dos ossos, causada pela intensa hiperplasia 
eritroide da medula óssea, leva a uma “fácies talassêmica” 
e ao adelgaçamento do córtex de muitos ossos, com 
tendência a fraturas e à formação de bossas no crânio, 
com aspecto radiológico de “fios de escova” 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
 
↠ Há uma grave anemia microcítica e hipocrômica, com 
aumento da contagem de reticulócitos e com 
eritroblastos, células-alvo e pontilhado basófilo na distensão 
sanguínea (HOFFBRAND; MOSS, 2018). 
 
↠ O tratamento pode ser realizado através de 
transplante de medula óssea, transfusões sanguíneas, 
esplenectomia (ZAGO et. al., 2013). 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS 
↠ Vários fatores adquiridos, exógenos às hemácias, 
produzem hemólise diretamente por destruição da 
membrana ou por lise celular mediada por anticorpos 
(PORTH, 10ª ed.). 
↠ Diversos medicamentos, produtos químicos, toxinas, 
venenos e infecções como a malária destroem a 
membrana das hemácias (PORTH, 10ª ed.). 
↠ A hemólise também pode ser causada por fatores 
mecânicos, como próteses valvares cardíacas, vasculite e 
queimaduras graves (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Muitos tipos de anemia hemolítica são mediados pelo 
sistema imunológico, causadas por anticorpos que 
destroem as hemácias. Podem ser produzidos 
autoanticorpos em resposta ao uso de determinadas 
substâncias ou a um processo patológico (PORTH, 10ª ed.). 
↠ O teste direto de antiglobulina, também conhecido 
como teste de Coombs, é usado para diagnosticar 
anemias hemolíticas imunes. Detecta anticorpos ou 
proteínas do sistema complemento na superfície das 
hemácias. Nesse teste, hemácias lavadas e livres de soro 
são misturadas com um reagente de globulina anti-
humana. Elas se aglutinam quando se ligam ao reagente 
e unem os anticorpos ou complemento nas hemácias 
adjacentes. O resultado TDA é positivo em casos de 
anemia hemolítica autoimune, eritroblastose fetal (doença 
do Rh do recém-nascido), reações transfusionais e 
hemólise induzida por substâncias. O teste indireto da 
15 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
antiglobulina detecta anticorpos no soro, e o resultado é 
positivo para anticorpos específicos (PORTH, 10ª ed.). 
 
Referências 
TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia / 
Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana 
Cavalcanti C. Botelho... [et al.]. – 14ª ed. – Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2016. 
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed. 
Editora Elsevier Ltda., 2017 
HOFFBRAND, A V.; MOSS, P. A H. Fundamentos em 
hematologia de Hoffbrand. Grupo A, 2018. E-book. 
LORENZI, T. F. Manual de Hematologia – Propedêutica e 
Clínica, 4ª edição. Grupo GEN, 2006. 
ZAGO et. al. Tratado de Hematologia São Paulo: Editora 
Atheneu, 2013. 
NORRIS, Tommie L. Porth – Fisiopatologia, 10ª edição. 
Grupo GEN, 2021. 
DUTRA; FIGUEIREDO. Anemias carenciais. Atualidades 
Médicas, v. 3, p. 39-47, 2019. 
MONTEIRO et. al. Anemia Megaloblástica: revisão de 
literatura. Revista Saúde em Foco, 2019. 
 
.

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