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05/09/2022 FAMEG | Afya 01 Marcela Beltrão Sistema Tegumentar 1. Entender a histologia (constituição, glândulas, células, camadas e anexos) do sistema tegumentar; 2. Compreender as funções do sistema tegumentar comum; A pele recobre a superfície do corpo e é constituída por tecido epitelial de origem ectodérmica, a epiderme; e um tecido conjuntivo de origem mesodérmica, a derme. Distingue-se em pele espessa e pele fina, sendo a pele espessa encontrada nas mãos, planta dos pés e recobrindo algumas articulações. Enquanto o restante do corpo é protegido por pele fina. Abaixo e em continuidade com a derme, encontra-se a hipoderme ou tecido celular subcutâneo – não faz parte da pele, apenas serve de união com órgãos subjacentes -. A pele é o maior órgão do corpo humano, compondo 16% do peso corporal. Funções: ▪ Protege o organismo contra: desidratação, atrito, agentes químicos e patógenos; ▪ Recebe informações sobre o ambiente e as envia para o SNC; ▪ Colabora com a termorregulação do organismo; ▪ Protege contra os raios ultravioleta (melanina); ▪ Formação de vitamina D3 – pela ação da radiação ultravioleta -. ▪ Possuem células do sistema imunitário que atuam contra a invasão de microorganismos. FIGURA 1: FOTOMICROGRAFIA DE CORTE DE PELE ESPESSA, NA QUAL PODEM SER OBSERVADAS A EPIDERME, COM SUAS VÁRIAS CAMADAS E CRISTAS EPIDÉRMICAS, E A DERME, COM AS PAPILAS DÉRMICAS PENETRANDO A EPIDERME. [HE. MÉDIO AUMENTO] A junção entre a epiderme e a derme é irregular. A derme tem projeções, as papilas dérmicas, que se encaixam em reentrâncias da epiderme, as cristas epidérmicas, aumentando a coesão entre essas duas camadas – importante pois a pele está constantemente sujeita a agressões mecânicas provenientes de múltiplas direções –. Pelos, unhas e glândulas sudoríparas, sebáceas e mamárias são estruturas anexas da pele. Constituída por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, cujas células mais abundantes são os queratinócitos, apresenta ainda outros três tipos de células: os melanócitos, as células de Langerhans e as de Merkel. Hipoderme – tecido conjuntivo frouxo que pode conter muitas células adiposas, constituindo o panículo adiposo. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão As células de Langerhans são os macrófagos da pele e as de Merkel são mecanorreceptores. Sua estrutura e espessura variam de acordo com o local, podendo chegar até 1,5mm. Vista da derme para a superfície, apresenta cinco camadas – basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea –. Camada Basal Constituída por células prismáticas ou cuboides, ligeiramente basófilas, que repousam sobre a membrana basal que separa a epiderme da derme. Rica em células-tronco da epiderme, é também chamada de germinativa. Apresenta atividade mitótica, sendo responsável, junto com a camada espinhosa, pela constante renovação da epiderme. Os queratinócitos proliferam na camada basal e migram em direção à superfície da epiderme, diferenciando-se até contribuir para a formação da camada córnea. ▪ Calcula-se que a epiderme humana se renove a cada 15 a 30 dias, dependendo principalmente do local e da idade da pessoa. Os queratinócitos contêm filamentos intermediários de queratina, que se tornam mais abundantes à medida que a célula avança para a superfície. Camada Espinhosa Formada por células cuboides ou ligeiramente achatadas, de núcleo central e citoplasma com feixes de filamentos de queratina (tonofilamentos). Os queratinócitos estão unidos entre si por inúmeras junções intercelulares do tipo desmossomo. Os filamentos de queratina e os desmossomos têm importante papel na manutenção da coesão entre as células da epiderme e na resistência ao atrito. FIGURA 2: FOTOMICROGRAFIA DE CORTE DE PELE FINA. EM COMPARAÇÃO COM A FIGURA 1, A EPIDERME É MENOS ESPESSA, E A INTERFACE ENTRE A DERME E A EPIDERME É MAIS REGULAR. [HE. MÉDIO AUMENTO] FIGURA 3: FOTOMICROGRAFIA DE CORTE DE PELE ESPESSA, NA QUAL PODEM SER OBSERVADAS A EPIDERME COM SUAS VÁRIAS CAMADAS: BASAL (JUNTO À MEMBRANA BASAL DA PELE), ESPINHOSA, GRANULOSA, LÚCIDA E CÓRNEA. [HE. MÉDIO AUMENTO] Camada Granulosa Tem apenas três a cinco fileiras de células poligonais achatadas, núcleo central e citoplasma carregado de grânulos basófilos (grânulos querato- hialina), que não são envolvidos por membrana. Esses grânulos contêm uma proteína rica em histidina fosforilada e também proteínas com cisteína. São importantes para a condensação dos tonofilamentos, previamente à formação da camada córnea. Outra característica são os grânulos lamelares que contêm discos lamelares formados por bicamadas lipídicas e são envoltos por membrana. Se fundem com a membrana plasmática e expulsam seu conteúdo para o espaço intercelular da camada granulosa, onde o material lipídico se deposita, contribuindo para a formação de uma barreira contra a penetração de substâncias e para tornar a pele impermeável à água, impedindo a desidratação do organismo. Fatores miogênicos produzidos pelos fibroblastos presentes na derme subjacente, como o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), o fator de crescimento de fibroblastos 7 e 10 (FDF-7 e FGF-10) e diversos ligantes para o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), são muito importantes para a proliferação celular na camada basal. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão Camada Lúcida Mais evidente na pele espessa, é constituída por uma delgada camada de células achatadas, eosinófilas e translúcidas, cujos núcleos e organelas citoplasmáticas foram digeridos por enzimas dos lisossomos e desapareceram. O citoplasma apresenta numerosos filamentos de queratina, compactados e envolvidos por material elétron-denso. Camada Córnea Tem espessura muito variável e é constituída por células achatadas, mortas e sem núcleo, cujo citoplasma se apresenta repleto de queratina. A composição dos tonofilamentos se modifica à medida que os queratinócitos se diferenciam. Na camada córnea os tonofilamentos se aglutinam com uma matriz formada pelos grânulos de querato-hialina. O que corresponde à epiderme em sua maior complexidade, encontrada na pele espessa. Entretanto, na pele fina, a epiderme é mais simples, faltando frequentemente as camadas granulosa e lúcida, e apresenta uma camada córnea muito reduzida. FIGURA 4: PSORÍASE. É o tecido conjuntivo em que se apoia a epiderme e que une a pele ao tecido subcutâneo, ou hipoderme. Apresenta espessura variável de acordo com a região observada, alcançando o máximo de 3mm na planta do pé. Sua superfície externa é irregular, observando-se saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias correspondentes da epiderme. As papilas são mais frequentes nas zonas sujeitas a pressões e atritos. A derme oferece suporte à epiderme e é essencial para a sua nutrição e oxigenação, já que a epiderme é avascular. Além disso, são importantes para a termorregulação da pele, percepção sensorial (tato, temperatura, dor) e para a defesa imunológica da pele. É constituída por duas camadas de limites pouco distintos: a papilar, superficial e a reticular, mais profunda. Camada Papilar É delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo que forma as papilas dérmicas, fibrilas especiais de colágeno que, por um lado, se inserem na membrana basal e, por outro, penetram profundamente a derme. Essas fibrilas contribuem para prender a derme à epiderme. Camada Reticular É mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso. Ambas as camadas contêm muitas fibras do sistema elástico, responsáveis, em parte, pela elasticidade da pele. Além dos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Psoríase – doença inflamatória da pele. Ocorre aumento acentuado no número de mitoses na epiderme e diminuição na duração dociclo mitótico dessas células. Em consequência, a epiderme se torna mais espessa e se renova com mais rapidez. As áreas acometidas apresentam acúmulos de placas esbranquiçadas de queratina descamada; muitas vezes, existe uma zona avermelhada em torno das áreas esbranquiçadas, outras vezes predominam as áreas avermelhadas. Cerca de 7% dos pacientes com psoríase apresentam artrite (inflamação nas articulações). Frequentemente ela acompanha diversas doenças autoimunes. A cor da pele se deve a vários fatores, os de maior importância são seu conteúdo em melanina e caroteno, quantidade de capilares na derme e cor do sangue. A pigmentação da pele é regulada por fatores genéticos, ambientais e endócrinos, que modulam a quantidade, tipo e distribuição de melaninas na pele, pelos e olhos. A melanina é um pigmento de cor marrom-escura, produzido pelos melanócitos, que se encontram na junção da derme com a epiderme ou entre queratinócitos da camada basal da epiderme. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão FIGURA 5: ALBINISMO. FIGURA 6: VITILIGO. FIGURA 7: CAMADAS PAPILAR E RETICULAR DA DERME. A CAMADA PAPILAR É CONSTITUÍDA POR TECIDO CONJUNTIVO FROUXO E CONTÉM AS PAPILAS DÉRMICAS. A CAMADA RETICULAR É CONSTITUÍDA POR TECIDO CONJUNTIVO DENSO, COM FEIXES GROSSOS DE FIBRAS DE COLÁGENO TIPO I. [HE. PEQUENO AUMENTO] FIGURA 8: TUMORES ORIGINADOS NA PELE. 01 - CARCINOMA BASOCELULAR; 02 - CARCINOMA ESPINOCELULAR; 03 - MELANOMA. Os melanócitos são células que se originam das cristas neurais do embrião e invadem a pele entre a 12ª e a 14ª semana da vida intrauterina. Apresentam citoplasma globoso que penetram as reentrâncias das células das camadas basal e espinhosa (se prendem por meio de hemidesmossomos) e transferem os grânulos de melanina para as células dessas camadas. A melanina é sintetizada nos melanócitos com a participação da enzima tirosinase. Uma vez sintetizado, os grânulos de melanina são injetados no citoplasma dos queratinócitos, que funcionam como depósitos de melanina. Nas células epiteliais os grânulos de melanina localizam-se em posição supranuclear, oferecendo proteção máxima ao DNA contra os efeitos prejudiciais da radiação solar. Albinismo – incapacidade hereditária dos melanócitos produzirem melanina. Normalmente é causado pela ausência de atividade da tirosinase ou pela incapacidade das células de transportarem tirosina para o seu interior. Com a falta de melanina, a pele não tem proteção contra a radiação solar, e os tumores de pele são mais frequentes do que em não albinos. Vitiligo – doença comum, crônica, de etiologia desconhecida. A degeneração e o desaparecimento de melanócitos em determinadas áreas da pele causam uma despigmentação localizada e assintomática. Acredita-se que exista um componente autoimune ligado a mutações genéticas específicas. Estudos clínicos e experimentais sugerem que existe uma destruição sistêmica de melanócitos, especialmente em mucosas, olhos e no labirinto auditivo. Existe uma associação frequente entre vitiligo, doenças autoimunes, manifestações oculares e perda de audição (4% a 20% dos pacientes). Um terço dos tumores malignos se origina na pele, e muitos deles são derivados de células da camada basal da epiderme (carcinoma basocelular) ou de células da camada espinhosa (carcinoma espinocelular). Os tumores da pele são mais frequentes nas pessoas de pele muito clara e que se expõem a muita radiação solar. Os melanomas são tumores muito invasivos que se originam dos melanócitos. As células desses tumores frequentemente se dividem muito rapidamente, atravessam a membrana basal, entram na derme e rapidamente invadem os vasos sanguíneos e linfáticos, provocando metástases. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme pode ter uma camada variável de tecido adiposo, que, quando desenvolvida, constitui o panículo adiposo. Este modela o corpo, é uma reserva de energia e proporciona proteção contra o frio. FIGURA 9: CAMADAS DA PELE. FIGURA 10: PÉ DIABÉTICO COM PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO COMPLICADO. Os vasos arteriais que suprem a pele formam dois plexos: um se situa no limite entre a derme e a hipoderme e o outro entre as camadas reticular e papilar. Deste último plexo partem finos ramos para as papilas dérmicas; cada papila tem uma única alça vascular, com um ramo arterial ascendente e um venoso descendente. Existem três plexos venosos na pele: dois nas posições para as artérias anteriormente e mais um na região média da derme. Frequentemente, encontra-se na pele anastomoses arteriovenosas com glomus que têm papel importante nos mecanismos de termorregulação. O sistema de vasos linfáticos inicia-se nas papilas dérmicas como capilares em fundo cego, que convergem para os plexos arteriais. Uma das funções mais importantes da pele é receber estímulos do meio ambiente, já que ela é o receptor sensorial mais extenso do organismo. Além das numerosas terminações nervosas livres localizadas na epiderme, nos folículos pilosos e nas glândulas, existem receptores encapsulados e não encapsulados na derme e na hipoderme, sendo mais frequentes nas papilas dérmicas. As terminações livres são sensíveis ao toque e à pressão, bem como variações de temperatura, e estão associadas a dor, coceira e outras sensações. Os receptores encapsulados são os corpúsculos de Ruffini, Vater-Pacini, Meissner e Krause, que funcionam como mecanorreceptores. Os corpúsculos de Vater-Pacini e os de Ruffini são encontrados também no tecido conjuntivo de órgãos situados nas partes profundas do corpo, sensíveis aos movimentos dos órgãos e às pressões de uns órgãos sobre os outros. Menopausa – na pele, as consequências da baixa concentração de estrógenos incluem atrofia, perda de elasticidade, ressecamento e cicatrização deficiente. Cicatrização cutânea – é inicialmente caracterizado por um infiltrado inflamatório, seguido pela formação de um tecido de granulação. Esse tecido se constitui pela proliferação do conjuntivo, é bastante vascularizado e apresenta muitas células inflamatórias e uma matriz extracelular provisória. Subsequentemente, ocorre a reepitelização (as células da epiderme migram e fecham a lesão); então, a inflamação cessa, e, finalmente, ocorre a remodelação da derme. Diabetes mellitus – o processo de cicatrização é mais complicado, pois a inflamação inicial é retardada e persiste na fase mais tardia, prejudicando a reepitelização e a remodelação da derme. Nesses pacientes, a presença de neuropatia e alterações na microvasculatura, complicações comuns nessa doença, deixa a cicatrização ainda mais difícil. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão FIGURA 11: DIVERSOS TIPOS DE RECEPTORES SENSORIAIS ENCONTRADOS NA PELE. São estruturas delgadas e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme, o folículo piloso, que no pelo em fase de crescimento, apresenta-se com uma dilatação terminal, o bulbo piloso, em cujo centro se observa uma papila dérmica. A cor, o tamanho e a disposição variam de acordo com a cor da pele e a região do corpo. São observados em quase toda a superfície corporal, com exceção de algumas regiões bem delimitadas. São estruturas que crescem descontinuamente, intercalando fases de repouso com fases de crescimento. As características dos pelos de determinadas regiões do corpo são influenciadas por hormônios, principalmente os hormônios sexuais. O conjuntivo que envolve o folículo apresenta-se mais espesso, formando a bainha conjuntiva do folículo piloso. Dispostos obliquamente e inseridos de um lado nessa bainha e do outro na camada papilar da derme, encontram-se os músculos eretores dos pelos, cuja contração puxa o pelo para uma posição mais vertical, tornando-o eriçado. FIGURA 12: O FOLÍCULO PILOSO APRESENTA UMADILATAÇÃO TERMINAL, O BULBO PILOSO, QUE CONTÉM A PAPILA DÉRMICA. RECOBRINDO A PAPILA DÉRMICA ESTÃO AS CÉLULAS QUE FORMAM A RAIZ DO PELO. AS CÉLULAS CENTRAIS DA RAIZ DO PELO (A) PRODUZEM CÉLULAS GRANDES, VACUOLIZADAS E FRACAMENTE QUERATINIZADAS, QUE FORMAM A MEDULA DO PELO. EM SEGUIDA, LATERALMENTE, APARECEM CÉLULAS QUE DÃO ORIGEM AO CÓRTEX (B) DO PELO. CÉLULAS EPITELIAIS MAIS PERIFÉRICAS DÃO ORIGEM ÀS BAINHAS INTERNA (C) E EXTERNA. A BAINHA EXTERNA CONTINUA-SE COM O EPITÉLIO DA EPIDERME, E A BAINHA INTERNA DESAPARECE NA ALTURA DA REGIÃO ONDE DESEMBOCAM AS GLÂNDULAS SEBÁCEAS NO FOLÍCULO. ENTRE O FOLÍCULO PILOSO E O CONJUNTIVO QUE FICA EM VOLTA, SITUA-SE A MEMBRANA VÍTREA. A cor do pelo depende dos melanócitos localizados entre a papila e o epitélio da raiz. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão Os pelos têm uma estrutura compacta constituída de queratina mais dura. O processo de diferenciação e queratinização é intermitente e localizado no bulbo piloso. A papila do pelo tem ação indutiva sobre o epitélio que recobre, o que explica a ausência de pelos quando ocorre a destruição da papila. As células epiteliais da raiz do pelo diferenciam-se em múltiplos tipos celulares, cada qual com sua ultraestrutura, histoquímica e funções características. A atividade mitótica das células dos folículos dos pelos é influenciada pelos hormônios androgênicos (masculinos). FIGURA 13: ALOPECIA ANDROGENÉTICA MASCULINA. São placas de células queratinizadas localizadas na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos. Sua porção proximal é chamada de raiz da unha. O epitélio da dobra de pele que cobre a raiz da unha consiste nas camadas usuais da epiderme, e a camada córnea desse epitélio forma a cutícula da unha. Sua formação é um processo de proliferação e diferenciação das células epiteliais que gradualmente se queratinizam, formando uma placa córnea. É constituída essencialmente por escamas córneas compactas, fortemente aderidas umas às outras. A transparência da unha e a pequena espessura do epitélio do leito ungueal possibilitam observar a cor do sangue dos vasos da derme, constituindo uma maneira de se avaliar a oxigenação sanguínea. Glândulas sebáceas Situam-se na derme, e os seus ductos, revestidos por epitélio estratificado, geralmente desembocam nos folículos pilosos. Em algumas regiões (lábio, mamilos, glande e pequenos lábios da vagina), porém, os ductos abrem-se diretamente na superfície da pele. ▪ A pele da palma das mãos e da planta dos pés não tem glândulas sebáceas. As glândulas sebáceas são acinosas e geralmente vários ácinos desembocam em um ducto curto. Os ácinos são formados por uma camada externa de células epiteliais achatadas que repousam sobre uma membrana basal. Essas células proliferam e se diferenciam em células arredondadas que acumulam no citoplasma o produto de secreção, de natureza lipídica. As células mais centrais do ácino morrem e se rompem, formando a secreção sebácea. ▪ A atividade secretora dessas glândulas é muito pequena até a puberdade, quando é estimulada pelos hormônios sexuais. As glândulas sebáceas são um exemplo de glândula holócrina, pois a formação da secreção resulta na morte das células. A secreção sebácea é uma mistura complexa de lipídeos, que contém triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol e ésteres de colesterol. Glândulas Sudoríparas As glândulas sudoríparas merócrinas são muito numerosas e encontradas em toda a pele, exceto em certas regiões como a glande. São tubulosas simples enoveladas, cujos ductos se abrem na superfície da pele. Alopecia androgenética masculina – forma comum de calvície, afeta de 30% a 50% dos homens que chegam à idade de 50 anos. Há uma variação racial e predisposição genética em sua prevalência. Ocorre por uma alteração no ciclo de desenvolvimento do cabelo, além de inflamação e miniaturização do folículo capilar e perda de inserção do músculo eretor do pelo. A enzima 5-alfarredutase converte o hormônio testosterona em di-hidrotestosterona, que atua em receptores androgênicos no folículo e contribui para a alopecia. Algumas substâncias inibidoras enzimáticas têm sido utilizadas com algum sucesso no tratamento. Acne – inflamação crônica nos ductos obstruídos. A secreção sebácea é contínua e muito aumentada na puberdade, em consequência da produção acelerada de hormônios sexuais. Qualquer distúrbio no fluxo da secreção sebácea para a superfície pode provocar uma inflamação. Embora possa ocorrer em qualquer idade, exceto na infância, a acne é muito mais frequente na puberdade. 05/09/2022 FAMEG | Afya 08 Marcela Beltrão As células secretoras são piramidais, e entre elas e a membrana basal estão localizadas as células mioepiteliais, que ajudam a expulsar o produto de secreção. Existem dois tipos de células secretoras, as células escuras e as células claras. As escuras são adjacentes ao lúmen, e as claras localizam-se entre as células escuras e as mioepiteliais. O ápice das células escuras apresenta muitos grânulos de secreção que contêm glicoproteínas, e o citoplasma é rico em retículo endoplasmático granuloso. As células claras contêm muitas mitocôndrias. Ente elas existem delgados espaços intercelulares (canalículos). As células claras apresentam muitas sobras da membrana plasmática o que sugere a produção da parte aquosa do suor. O ducto da glândula, constituído por epitélio cúbico estratificado, abre-se na superfície e segue um curso em hélice ao atravessar a epiderme. O suor secretado por essas glândulas é uma solução extremamente diluída, que contém pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia e ácido úrico. O seu teor de Na+ é muito menor do que no sangue, pois os ductos excretores absorvem Na+, que é devolvido ao sangue, evitando sua perda excessiva. Ao alcançar a superfície da pele, o suor evapora, fazendo baixar a temperatura corporal. A excreção é essencialmente de substâncias inúteis para o organismo. Nas axilas, regiões perianal e pubiana, bem como na aréola mamária, existem glândulas de maior tamanho, com partes secretoras muito dilatadas, as glândulas sudoríparas apócrinas, localizadas na derme e na hipoderme. Os ductos dessas glândulas desembocam em um folículo piloso, e o lúmen de suas partes secretoras é dilatado. A secreção é ligeiramente viscosa e inodora, mas adquire um odor desagradável e característico pela ação das bactérias da pele. Na mulher, as glândulas apócrinas axilares passam por alterações durante o ciclo menstrual. As glândulas apócrinas são inervadas por fibras adrenérgicas, enquanto as merócrinas são inervadas por fibras colinérgica. As glândulas de Moll da margem das pálpebras e as de cerume do ouvido são glândulas sudoríparas modificadas. FIGURA 14: O CURTO DUCTO DA GLÂNDULA SEBÁCEA ABRE-SE NO FOLÍCULO PILOSO, NA REGIÃO ENTRE A INSERÇÃO DO MÚSCULO ERETOR E A EPIDERME. O MÚSCULO ERETOR DO PELO SE INSERE, DE UM LADO, NA CAMADA PAPILAR DA DERME, E DO OUTRO, NA BAINHA DE CONJUNTIVO DO FOLÍCULO PILOSO; É UM MÚSCULO LISO E, PORTANTO, INVOLUNTÁRIO. SUA CONTRAÇÃO ERIÇA O PELO. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia básica texto e atlas. 13º edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2017.
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