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Infraestrutura aeroportuária 3. Foto: Acervo Infraero Fo to : A ce rv o In fra er o 3.1. Introdução O estudo da infraestrutura aeroportuária brasileira foi desenvolvido com foco nos 20 principais aeroportos do País, os quais são administrados pela Infraero. A expansão da infraestrutura atual se configura como a necessidade mais premente do setor, dessa forma, o diagnóstico buscou avaliar as capacidades de movimentação de passageiros, aeronaves e carga nos aeroportos vis-à-vis as demandas atual e futura. Nesse contexto, dada a maior importância relativa do desafio de São Paulo, os aeroportos da Terminal São Paulo (TMA-SP) serão abordados em seção própria neste capítulo, com maior nível de detalhe em termos do diagnóstico e das respectivas recomendações. As soluções propostas para abordar os gargalos identificados foram desenvolvidas com base nos cálculos de capacidade dos aeroportos e projeções de demanda obtidas em colaboração com especialistas do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), uma das instituições mais reconhecidas no setor de infraestrutura aeroportuária do País. Para complementar o diagnóstico, foi feita uma pesquisa de origem e destino (pesquisa O/D) real em um total de 32 aeroportos, incluindo os 20 principais aeroportos do País, os 10 aeroportos localizados em Estados que não possuem algum dos aeroportos principais e dois aeroportos considerados estratégicos (Porto Seguro e Pampulha). Essa pesquisa proporcionou, de maneira inédita no Brasil, o desenvolvimento de uma Matriz O/D (incluída de forma integral no relatório de resultados da pesquisa no CD anexo) das viagens nas quais pelo menos um trecho, ou parte, ocorre no modal aéreo, representando um legado do estudo ao País e podendo servir como base para estudos futuros (o CD anexo contém um plano de pesquisa detalhado que permite a replicação da pesquisa no futuro). O presente capítulo está dividido em oito partes, além desta introdução: (i) caracterização dos 20 aeroportos estudados; (ii) metodologias utilizadas nas avaliações de capacidade dos aeroportos; (iii) metodologias utilizadas nas projeções de demanda; (iv) sumário das conclusões da pesquisa O/D; (v) visão geral dos 20 principais aeroportos brasileiros; (vi) diagnóstico e recomendação para os aeroportos brasileiros (exceto TMA-SP); (vii) diagnóstico e recomendação para os aeroportos da TMA-SP; e (viii) avaliação preliminar de impacto nos aeroportos dos eventos esportivos internacionais que o Brasil sediará (Copa do Mundo FIFA 2014 e Olimpíadas Rio 2016). 3. Infraestrutura aeroportuária Infraestrutura aeroportuária 87 3.2. Caracterização dos 20 aeroportos estudados Para permitir uma análise detalhada do estado atual dos aeroportos, foram selecionados os 20 principais aeroportos do País, dos quais 19 possuem o maior movimento de passageiros, e o da Pampulha, aeroporto secundário da região metropolitana de Belo Horizonte, importante metrópole do País. Os 20 aeroportos juntos representam 90% do movimento total de passageiros no Brasil e 96% do transporte de carga, e são, portanto, uma amostra representativa da realidade da infraestrutura aeroportuária brasileira (Quadro 3-1). Quadro 3-1 – Descrição dos aeroportos selecionados 100% FONTE: Infraero; ANAC; análise da equipe 2 2 3 Demais aeroportos 665 Demais Infraero 47 Demais selecionados 13 Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Total 732 Os aeroportos selecionados representam 90% do tráfego de passageiros e 96% do transporte de carga Os 20 aeroportos selecionados representam 90% do movimento de passageiros e 96% da carga Aeroportos selecionados 2008 PAX % Carga % 100% Vinte aeroportos selecionados para o estudo 2008, milhões A maioria dos aeroportos de grande porte encontra-se na região Centro-Sul do País 7% 3% 3% 1% 31% 54% 13% 7% 5% 2% 41% 33% 90% dos PAX e 96% da carga Mais de 8 milhões PAX Entre 3 e 8 milhões PAX Entre 1 e 3 milhões PAX Menos de 1 milhão PAX Hoje, o Brasil possui quatro aeroportos com expressivo movimento de passageiros. São eles, em ordem decrescente, Guarulhos e Congonhas, localizados na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), Brasília, no Distrito Federal, e Galeão, no Rio de Janeiro (Quadro 3-2). Recentemente houve crescimento significativo do movimento de passageiros nesses 20 aeroportos principais – cerca de 10% ao ano desde 2003, com especial destaque para Guarulhos, Viracopos, Galeão, Santos Dumont e Brasília. Nos últimos anos, Congonhas apresentou queda em seu movimento de passageiros, devido às restrições adotadas nesse aeroporto com o objetivo de aumentar sua segurança. Tais medidas tiveram impacto em sua capacidade e operação, pois houve redução do número de pousos e decolagens autorizados por hora e redução do comprimento nominal de pista (adoção da RESA1), que restringe a operação nas duas pistas. 1 Runway End Safety Area consiste em uma área ao final da pista de pouso para reduzir o risco de danos a uma aeronave que atravesse a pista ou toque antes da cabeceira. Infraestrutura aeroportuária88 Com relação ao transporte de carga, houve uma queda no volume processado em alguns aeroportos de 2007 a 2009, principalmente devido à crise econômica mundial. Apesar dessa oscilação, o volume de transporte de carga no Brasil se mantém concentrado em quatro aeroportos: Guarulhos, Viracopos, Galeão e Manaus. Finalmente, no tocante ao movimento de aeronaves nos aeroportos, a tendência nos anos de 2007 a 2009 foi de crescimento, em linha com o ocorrido em movimento de passageiros. As únicas exceções foram Congonhas, que apresentou queda devido às restrições descritas acima, e Galeão, que, após crescer de 2007 para 2008, retornou ao patamar de 2007 em 2009, principalmente devido à abertura do Santos Dumont a mais rotas. Quadro 3-2 – Evolução da demanda nos 20 aeroportos selecionados Evolução de demanda dos 20 aeroportos RJ BH De m ai s Aeroporto FONTE: Infraero; análise da equipe 2008 2007 ▪ Confins ▪ Pampulha ▪ Galeão ▪ Santos Dumont Passageiros milhões 2009 SP ▪ Congonhas ▪ Viracopos ▪ Guarulhos 16,4 0,02 81,3 2,7 34,9 238,0 424,2 15,4 0,0 80,0 3,5 189,7 29,3 337,6 4,3 0,1 10,3 3,2 15,3 1,0 18,8 5,7 0,6 11,8 5,0 13,7 3,4 21,6 2008 2007 Carga aérea milhões kg, 2009 2009 2008 2007 Aeronaves milhares, 2009 2009 188,0 205,6 29,2 119,9 65,7 55,5 52,8 20,4 13,7 1,1 10,8 3,6 5,2 0,6 425,9 32,5 233,7 83,0 2,5 19,7 0,0 194,2 186,7 32,4 130,6 71,5 59,5 57,8 209,0 193,0 55,3 119,3 96,2 70,1 58,2 ▪ Brasília 50,141,011,012,2 126,810,4 46,0 141,5162,3 ▪ Porto Alegre 31,321,84,45,6 68,84,9 25,1 72,479,1 ▪ Curitiba 23,723,33,94,8 62,64,3 25,7 69,180,0 ▪ Recife 55,140,44,25,2 59,84,7 51,6 64,666,4 ▪ Salvador 41,536,95,97,0 91,06,0 24,3 95,8102,2 ▪ Fortaleza 35,337,76,34,2 47,23,5 35,4 47,751,9 ▪ Manaus 166,4134,22,02,3 44,32,0 131,5 44,845,9 ▪ Cuiabá 3,41,71,21,6 39,41,4 4,7 42,945,0 ▪ Natal 9,38,81,61,8 20,81,6 8,7 20,223,0 ▪ Florianópolis 12,75,61,92,1 36,52,1 5,0 39,539,8 ▪ Vitória 12,67,71,92,3 39,82,0 11,9 41,949,8 ▪ Belém 20,522,12,12,1 40,12,2 25,8 39,939,8 ▪ Goiânia 5,56,31,51,7 43,11,6 6,2 46,652,6 A seção 3.3, dedica-se à descrição da metodologia de cálculo de capacidade aeroportuária, especificamente as capacidades dos sistemas de pistas, pátio, terminais de passageiros e terminais de carga. Infraestrutura aeroportuária 89 3.3. Metodologia de cálculo de capacidade aeroportuária Esta seção tem como objetivo descrever as metodologias utilizadas nos cálculos das capacidades dos sistemas de pistas de pouso, pátio de aeronaves comerciais de transporte regular de passageiros, terminais de passageiros (TPS) e terminais de carga (TECA). 3.3.1. Capacidade do sistema pista-pátio Os sistemas de pista e pátio constituem o lado ar do aeroporto, os quais são integrados e dependentes. Isso significa que, na prática, a capacidade de movimentação de aeronaves é determinada pela menor capacidadeisolada entre pista e pátio, seja com as características da infraestrutura instalada (comparando potenciais teóricos atuais), seja com a infraestrutura potencial para o sítio (comparando potenciais teóricos máximos). Para se entender como ocorre esta conciliação em detalhe, é importante compreender as nuances que envolvem a determinação das capacidades do sistema de pista e do sistema de pátio, discutidas a seguir. O potencial teórico atual se refere à capacidade teórica da pista ou do pátio levando em consideração apenas as características da infraestrutura já instalada no aeroporto, sem margens (buffers) para picos de movimentação. O potencial teórico máximo, por sua vez, diz respeito à capacidade teórica da pista ou do pátio considerando melhorias em sua infraestrutura e/ou melhorias operacionais possíveis de serem implantadas. A capacidade oficial do sistema de pistas é declarada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), organização militar do Comando da Aeronáutica (COMAER), cuja atribuição é planejar, gerenciar e controlar as atividades relacionadas ao controle do espaço aéreo (mais detalhes sobre o DECEA, no Capítulo 5). Ela serve como referência aos controladores de voo para seu trabalho cotidiano e se baseia nas características da operação atual do aeroporto, tais como espaçamento entre aeronaves durante aproximação e obstáculos físicos. Outra função da capacidade declarada pelo DECEA é determinar o número máximo de slots 2 disponíveis (ou seja, serve como referência para a autorização de voos). Para se chegar ao potencial teórico atual, uma margem de 10 a 20% deve ser acrescida à capacidade declarada pelo DECEA. Essa margem visa a acomodar eventuais voos atrasados ou alternados que podem ocorrer, por exemplo, em função de intempéries. Além desse acréscimo, a diferença entre a capacidade declarada pelo DECEA e a teórica máxima se justifica pela infraestrutura instalada. A inexistência, por exemplo, de pista de táxi em toda a extensão de uma pista, dando acesso direto às cabeceiras, impede o sistema de pistas de atingir sua capacidade potencial máxima. Como contraponto ao sistema de pistas, há o pátio de aeronaves. Dado que a maior parte dos passageiros do modal aéreo voa em aeronaves comerciais regulares, este estudo ateve-se a analisar a capacidade do pátio de aeronaves comerciais de transporte regular de passageiros. Contudo, este não é o único pátio capaz de alimentar a pista de pouso com aeronaves, pois ainda existem os pátios que atendem à operação da aviação geral, da executiva, de carga, militar e, eventualmente, industrial (caso do aeroporto de São José dos Campos, adjacente à fábrica da Embraer). Este fato explica a diferença entre a capacidade do pátio da aviação comercial regular e o potencial teórico atual. 2 Denominação dada às partições de tempo em um intervalo de uma hora durante as quais apenas uma operação de pouso ou de decolagem é permitida. Infraestrutura aeroportuária90 Dessa forma, a capacidade potencial teórica atual do sistema de pista e pátio é utilizada para efeito de avaliação de gargalos de curto prazo. Em contraste, para planejamento de longo prazo, o potencial teórico máximo é mais adequado, pois pressupõe que as limitações de infraestrutura já tenham sido resolvidas. Por fim, recomenda-se que o sistema de pátio tenha uma margem de capacidade de 10 a 20% maior que o sistema de pista para dar maior fluidez ao lado ar e reduzir atrasos no lado ar, especialmente nos momentos de congestionamento do sistema. O Quadro 3-3 traz uma ilustração resumida da determinação de capacidade do sistema pista e pátio. Quadro 3-3 – Capacidade do sistema pista-pátio Aviação geral, de carga e outras Potencial teórico atual Novas posições, melhorias operacionais Potencial teórico máximo Aviação regular de passageiros Melhorias potenciais Declarada pelo DECEA Potencial teórico máximo Potencial teórico atual 10-20% Por ser um sistema único, a capacidade de movimentação de aeronaves considera o menor valor entre as capacidades de pista e de pátio Capacidade de movimentação de aeronaves FONTE: DECEA; ITA; análise da equipe Pista CONCEITUAL Pátio de aeronaves Mov ARN1/ hora-pico ▪ Utilização da capacidade de movimentação dos aeroportos é avaliada na hora-pico ▪ Gargalos de movimentação de aeronaves acontecem com utilização >100% Menor valor determina a capacidade máxima de movimentação de aeronaves do aeroporto no longo prazo Capacidade declarada pelo DECEA determina o máximo número de slots do aeroporto, mas não a capacidade de movimentos na hora-pico DECEA declara capacidade entre 10-20% abaixo do potencial teórico como buffer de capacidade para picos de movimentação Principais melhorias incluem saídas rápidas de pista, espaçamento entre aeronaves, novas pistas de táxi e mudanças operacionais Recomenda-se 10-20% a mais em capacidade de pátio que de pista para dar maior fluidez ao sistema e reduzir atrasos 1 Movimentos de aeronave Infraestrutura aeroportuária 91 3.3.2. Capacidade do sistema de pistas O presente estudo se propõe a calcular a capacidade potencial teórica máxima do sistema de pistas. Para isso, ele adota a metodologia de cálculo de capacidade do sistema de pistas dos aeroportos conforme recomendado pela Advisory Circular 150/5060-5, documento do Federal Aviation Administration (FAA), órgão norte-americano subordinado ao U.S. Department of Transportation. Essa circular se propõe a explicar como computar capacidade de aeroportos e atraso de aeronaves para planejamento e projeto de aeroportos. Para sua aplicação, o ITA a adaptou às regras e condições de aviação no Brasil. Na circular AC-150/5060-5, capacidade horária é definida como uma medida do número máximo de operações de aeronaves que pode ser acomodada pela pista em determinada hora. Na metodologia proposta pela circular, esta grandeza depende diretamente de sete fatores (Quadro 3-4), conforme descrito abaixo: � Desenho geométrico do sistema de pistas: refere-se ao número e à disposição geométrica das pistas de pouso no sistema, por exemplo, se são uma, duas ou três pistas, se elas são paralelas ou transversais, e qual a distância lateral entre elas. � Configuração de operação do sistema de pistas: quais pistas do sistema são destinadas apenas a pousos ou apenas a decolagens e quais são destinadas a ambas as operações e para quais tipos de aeronaves. Em geral, para um mesmo número de operações de pousos e decolagens em uma pista, o ideal, para otimizar sua capacidade, é intercalar um pouso e uma decolagem. � Regra de voo utilizada (VFR ou IFR): a capacidade horária de sistema de pistas pode ser calculada, segundo esta metodologia, para dois tipos de regras de voo – VFR3 (regra de voo visual) e IFR4 (regra de voo por instrumentos). No Brasil, a programação dos voos considera operação em IFR e, portanto, esta é a regra de voo adotada neste estudo para o cálculo de capacidade de pista. Em geral, a operação em VFR permite acomodar mais movimentos de pouso e decolagem na pista do que em IFR, pois pressupõe condições meteorológicas mais apropriadas para a aviação. � Mix de aeronaves em operação no sistema de pistas: porte das aeronaves que operam no aeroporto influencia diretamente a capacidade do sistema de pistas. Mantendo os demais fatores inalterados, quanto menor o porte das aeronaves, maior o número de operações que o sistema comporta. � Proporção de pousos e decolagens no intervalo de tempo apreciado: a proporção de operações que ocorrem na pista, maior número de pousos ou de decolagens, afeta diretamente a capacidade horária da pista naquele intervalo de tempo. Como geralmente a operação de pouso demanda maior tempo de ocupação da pista, pois ela precisa estar livre enquanto a aeronave se aproxima da cabeceira, uma proporção mais elevada de pousos determina uma mais baixa capacidade do sistema de pistas de acomodar operações. � Localização e quantidadede saídas de pistas efetivas: número de saídas em determinada faixa da pista de pouso é um dos fatores determinantes da capacidade de pista. Se adequadas ao tipo de operação, um maior número de saídas determinará um tempo de ocupação da pista mais baixo e, portanto, uma capacidade maior. 3 Condições VFR (Visual Flight Rules) ocorrem quando o teto de nuvens está ao menos 1.000 pés acima do nível do solo e a visibilidade é de pelo menos 3 milhas (~4,8 km). 4 Condições IFR (Instrumental Flight Rules) ocorrem quando o teto de nuvens está entre 500 e 1.000 pés e/ou a visibilidade é de pelo menos 1 milha (~1,6 km), mas menor que 3 milhas (~4,8 km). Infraestrutura aeroportuária92 � Proporção de operações de toque-arremetida no sistema de pistas: este procedimento ocorre em geral em aeroportos onde há treinamento de pilotos, o que não costuma ser o caso de aeroportos com elevado fluxo de passageiros. De qualquer forma, quando ocorre, a proporção de operações de toque-arremetida influencia diretamente a capacidade. Como uma operação desse tipo demanda menos tempo que um pouso mais uma decolagem de aeronaves distintas, quanto maior o número de operações de toque-arremetida, maior a capacidade de pista. Quadro 3-4 – Metodologia para dimensionamento de capacidade de pistaA. Metodologia para dimensionamento de capacidade de pista Capacidade horária da pista (Mov ARN/h) Capacidade horária- base (Mov ARN/ h) Proporção de operações de toque-arremetida Fator de saída de pista FAA AC 150/ 5060 ▪ Fator = 1 para os aeroportos em que não há treinamento ▪ Depende do mix de aeronaves e da localização e quantidade de saídas de pista efetivas ▪ Desenho geométrico do sistema de pista ▪ Mix de aeronaves ▪ Proporção de pousos e decolagens ▪ Regra de voo utilizada = IFR x x FONTE: FAA; ITA; análise da equipe CONCEITUAL Esses fatores compõem as variáveis que subsidiam consultas a tabelas e ábacos da circular, os quais foram gerados pela FAA através de simulações e são capazes de determinar a capacidade horária do sistema de pistas em consideração. A informação necessária para a determinação desses fatores foi extraída de diversas fontes entre as quais destacam-se as plantas baixas dos sistemas de pistas, a base de dados SGTC5 do ano de 2008, que registra todas as operações ocorridas na pista no período, e as visitas técnicas in loco aos 20 aeroportos estudados. Em consonância com as melhores práticas, os aeroportos devem ser projetados para atender os momentos de estresse típicos, aqueles que tornam as restrições do aeroporto mais evidentes e que se repetem frequentemente em sua operação. Para isso, faz-se uso do conceito de hora-pico, o qual também será utilizado neste estudo para alimentar a metodologia de capacidade e posterior cálculo da utilização do sistema no aeroporto, que consiste basicamente no confronto da demanda com a capacidade. Admitiu-se para este conceito a hora-pico do dia-pico do mês-pico6. 5 Sistema de Gerenciamento de Torre de Controle de Aeródromo. 6 Hora-pico se refere ao intervalo de uma hora do dia-pico em que ocorreu a maior movimentação de aeronaves. Dia-pico se refere ao dia do mês-pico em que ocorreu a maior movimentação acumulada de aeronaves. Mês-pico se refere ao mês do ano em que ocorreu a maior movimentação acumulada de aeronaves. Foto: Acervo Infraero Infraestrutura aeroportuária 93 A fim de garantir que, em obediência a essa definição, nenhum pico atípico de demanda fosse observado, os índices de movimentação obtidos foram comparados com a hora-pico do dia-médio do mês-pico. Nenhuma diferença significativa foi observada. Finalmente, é importante ressaltar algumas premissas nas quais essa metodologia de capacidade de pista se apoia. Ela assume que os seguintes requisitos básicos de infraestrutura aeroportuária e aeronáutica são atendidos: � O espaço aéreo na área de aproximação do aeroporto não sofre qualquer tipo de interferência de obstáculos físicos naturais ou artificiais bem como da operação de outro aeroporto nas proximidades desse aeroporto; � As pistas de pouso são atendidas por pistas de táxi que dão acesso a ambas as cabeceiras; � As saídas de pista apresentam características que atendem adequadamente as operações na cabeceira a que se propõem; � A distância entre a pista de pouso e o pátio é suficiente para uma operação segura. Premissas como essas justificam a diferença que pode existir entre a capacidade potencial teórica máxima calculada neste estudo e a capacidade declarada pelo DECEA com uma margem de segurança de 10 a 20% para compensar o desconto dado para comportar picos de movimentação. Uma análise em conjunto com o órgão foi feita para identificar as necessidades de intervenção para se atingir o máximo teórico (Quadro 3-5). Para efeito de planejamento de investimentos e adequações do sistema de pista, as intervenções listadas abaixo são consideradas prioritárias sempre que um aeroporto atingir a utilização de pista superior a 100%.
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