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Atos Administrativos II

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DIREITO ADMINISTRATIVO 
Prof. Alessandra Mara 
1 
 
CAPÍTULO 4: ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
 1. FATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E FATOS 
ADMINISTRATIVOS 
 
Bandeira de Mello (2005:25) nos ensina que não se deve confundir a expressão “ato administrativo” e “ato da 
administração” . A Administração pratica inúmeros atos, dentre os quais alguns não interessa considerar como atos 
administrativos. Assim, atos da administração seria um gênero do qual o ato administrativo é uma espécie. 
 Atos da Administração: 
a) Atos regidos pelo Direito Privado, como a locação de uma casa para instalar uma repartição pública; 
b) Atos materiais, tais como o ministério de uma aula, uma operação cirúrgica realizada por médico no exercício 
de sua atividade como funcionário, a pavimentação de uma rua, etc.. Por não serem sequer atos jurídicos, são 
comportamentos puramente materiais da Administração e também são denominados “fatos administrativos”. 
Assim, fato administrativo é qualquer atividade material da Administração Pública, sendo normalmente 
conseqüência de um ato administrativo. 
c) Atos políticos ou de governo, praticados com margem de discrição e diretamente em obediência à Constituição, 
no exercício de função puramente política, tais como o indulto, a iniciativa de lei pelo Executivo, sua sanção ou veto. 
Por corresponderem ao exercício da função política e não administrativa não podem ser classificados como atos 
administrativos. 
d) Atos administrativos: configuram “uma declaração do Estado ( ou de quem lhe faça as vezes-como, por 
exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante 
providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por 
órgão jurisdicional.”( MELLO, 2005:352). 
 Segundo Maria Sylvia Di Pietro (2004:183) “o Direito Civil faz distinção entre ato e fato; o primeiro é imputável 
ao homem; o segundo decorre de acontecimentos naturais, que independem do homem ou que dele dependem 
apenas indiretamente. 
Quando o fato corresponde à descrição contida na norma legal, ele é chamado fato jurídico; se produz efeitos no 
campo do direito administrativo, ele é fato administrativo, como ocorre com a morte de um funcionário, que produz a 
vacância de seu cargo; com o decurso do tempo, que produz a prescrição administrativa. Se o fato não produz qualquer 
efeito jurídico no Direito Administrativo, ele é chamado fato da administração”. 
Partindo-se da idéia da divisão de funções entre os três Poderes do Estado, pode-se dizer, em sentido amplo, que 
todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato da Administração, que abrange: 
- atos de direito privado, como a doação, troca, permuta; 
- atos materiais; que não contém manifestação de vontade, mas simplesmente uma execução como a demolição 
de uma casa, uma apreensão de mercadoria; 
- os chamados atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor que não expressam uma vontade e que, portanto, 
também não podem produzir efeitos jurídicos; é o caso dos atestados, certidões, votos; - os atos políticos, que estão 
sujeitos a regime jurídico administrativo; 
- os contratos; 
- os atos normativos; 
- os atos administrativos propriamente ditos. 
Dependendo do conceito mais ou menos amplo para ato administrativo, nele se incluirão ou não algumas espécies 
dessas categorias de atos da Administração. 
 
2. CONCEITO E FORMAÇÃO 
A Administração Pública para atingir os fins a que se propõe, pratica uma série de atos chamados de atos da 
Administração Pública, ou seja, é a atividade pública. Na atividade pública em geral, existem três categorias bem definidas 
de atos jurídicos, senão vejamos: 
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Espécies: 
- atos administrativos 
- atos legislativos - atos judiciários 
Nesse estudo só nos interessam os atos jurídicos administrativos, ou, simplesmente, atos administrativos. 
 O professor Hely Lopes Meirelles (2005) nos ensina que ato administrativo é toda manifestação unilateral de 
vontade da Administração Pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, 
modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. 
De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (2004:189), o ato administrativo é a declaração do Estado ou de quem o 
represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e 
sujeita a controle pelo Poder Judiciário. As condições necessárias para a existência de um ato administrativo são as 
seguintes: 
- que a Administração aja nessa qualidade, usando de sua supremacia de Poder Público, visto que algumas vezes 
nivela-se ao particular e o ato perde a característica administrativa; 
- a segunda é que mantenha manifestação de vontade pública apta a produzir efeitos jurídicos para a 
Administração, 
Administrados e servidores; 
- a terceira é que provenha de agente competente, com finalidade pública e revestido na forma legal. 
A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos jurídicos que recebem a denominação 
especial de atos administrativos. 
A prática de atos administrativos se dá no âmbito do Poder Executivo em regra, mas também ocorre na órbita dos 
Poderes Legislativo e Judiciário. 
 
3. ELEMENTOS OU REQUISITOS: 
 
• Competência ou Sujeito (Elemento Vinculado): 
 É o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo, sendo que 
nenhum ato pode ser realizado validamente sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo. No direito civil, o 
sujeito tem que ter capacidade, ou seja, tem que ser titular de direitos e obrigações que possa exercer, por si ou por 
terceiros. No direito administrativo não basta a capacidade; é necessário também que o sujeito tenha competência. 
A competência tem que ser considerada em três aspectos: em relação às pessoas jurídicas políticas, a distribuição de 
competência consta na Constituição Federal; em relação aos órgãos e agentes públicos, encontra-se nas leis. 
Sendo um requisito de ordem pública, é intransferível e improrrogável pela vontade dos interessados, podendo ser 
delegada e avocada. De acordo com Maria Sylvia Di Pietro ( 2005:197) a competência “decorre sempre da lei, não 
podendo o próprio órgão estabelecer, por si, as suas atribuições; é inderrogável, seja pela vontade da Administração, seja 
por acordo com terceiros; isto porque a competência é conferida em benefício do interesse público; pode ser objeto de 
delegação e avocação desde que não se trate de competência conferida a determinado órgão ou agente, com exclusividade 
pela lei.” 
Cumpre salientar, que de acordo com a lei 9.784/99, que regula o Processo Administrativo Federal, art. 13, não 
podem ser objeto de delegação a edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos e as matérias 
de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
 
• Finalidade (Vinculado): É o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato, sendo que a lei 
a indica explícita ou implicitamente; não cabe ao administrador escolher outra, ou substituir a indicada na norma 
administrativa. 
Enquanto o objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz, a finalidade é o efeito mediato. 
Bandeira de Mello nos ensina que a finalidade do ato corresponde em sentido amplo, à finalidade pública que todo 
ato tem que perseguir; em sentido estrito, corresponde à finalidade prevista em lei. Assim, se um prefeito se utilizar da 
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verba repassada pela União destinada à merenda escolar, também agirá com desvio de finalidade ou desvio de poder, uma 
vezque a finalidade legal era a merenda escolar. 
 
• Forma: (Vinculado): 
 É o revestimento exteriorizador do ato administrativo, pois a vontade da administração exige procedimentos 
especiais e forma legal. Todo ato administrativo, é, em princípio, formal; e compreende-se essa exigência, pela 
necessidade que ele tem de ser contrastado com a lei e aferido, pela própria Administração, ou pelo Judiciário, para 
verificação de sua validade. 
Integra o conceito de forma a motivação do ato administrativo, ou seja, a exposição dos fatos e do direito que 
serviram de fundamento para a prática do ato. A sua ausência impede a verificação de legitimidade do mesmo. Cumpre 
salientar que existem requisitos formais essenciais e acessórios, conforme afetem ou não a existência e a validade do ato. 
É só o exame concreto que permitirá concluir se a forma é ou não essencial. 
 
• Motivo (Vinculado ou Discricionário): 
É o pressuposto de direito ou de fato que serve de fundamento para o ato administrativo. Pressuposto de direito é o 
dispositivo legal em que se baseia o ato; de fato corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de 
situações que levam a Administração a praticar um ato. No ato de punição do servidor, o motivo é a infração que ele 
praticou, por exemplo. Pode vir expresso em lei, como pode ser deixado ao critério do administrador. 
 
• Objeto ou Conteúdo (Vinculado ou Discricionário): 
 É o conteúdo do ato, a relação jurídica que o ato vem a criar, o efeito jurídico imediato que ele produz. É a 
criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à 
ação do Poder Público. 
 Para que o objeto seja válido é necessário que o objeto seja lícito , ou seja, permitido pela lei, pelos bons costumes 
e pela ordem pública; é absolutamente nulo o ato com objeto ilícito. 
 
4. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES 
 A motivação dos atos administrativos vem se impondo dia a dia, como uma exigência do Direito Público e da 
legalidade governamental. 
Por princípio, as decisões administrativas devem ser motivadas formalmente, vale dizer que a parte dispositiva deve 
vir precedida de uma explicação ou exposição dos fundamentos de fato (motivos-pressupostos) e de direito 
(motivosdeterminantes da lei). No direito administrativo, a motivação deverá constituir norma, não só por razões de boa 
administração, como porque toda autoridade ou Poder em um sistema de governo representativo deve explicar legalmente, 
ou juridicamente suas decisões. 
Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse 
público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os agentes públicos, ao 
executarem um ato jurídico, devem expôr expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O 
simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para torná-lo irregular; o ato não 
motivado, quando o devia ser, presume-se não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista 
um interesse público da esfera de sua competência funcional. 
Não se pode confundir motivo com motivação. Motivação é a exposição de motivos, ou seja, é a demonstração, por 
escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram e diz respeito às formalidades do ato. Pela motivação, o 
administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos de fato) que ensejam o ato e os 
preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que autorizam sua prática. E pode-se entender que todos os atos, tanto 
vinculados como discricionários, devem ser motivados, salvo se a própria lei expressamente dispensar a motivação. 
A teoria dos motivos determinantes funda-se na consideração de que os atos administrativos, quando tiverem sua 
prática motivada, ficam vinculados aos motivos expostos, para todos os efeitos jurídicos. Tais motivos é que determinam 
e justificam a realização do ato, e, por isso mesmo, deve haver perfeita correspondência entre eles e a realidade. Mesmo 
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os atos discricionários no qual a lei dispensar a motivação, se forem motivados, ficam vinculados a esses motivos como 
causa determinante de seu cometimento e se sujeitam ao confronto da existência e legitimidade dos motivos indicados. 
Havendo desconformidade entre os motivos determinantes e a realidade, o ato é inválido. 
Exemplificando, para maior compreensão, diremos que, se o superior, ao dispensar um servidor ocupante de cargo 
em comissão, que é exonerável ad nutum, declarar que o faz por improbidade de procedimento, essa “improbidade” 
passará a ser motivo determinante do ato e sua validade e eficácia ficarão na dependência da efetiva existência do motivo 
declarado. 
Se inexistir a declarada “improbidade” ou não estiver regularmente comprovada, o ato de exoneração será inválido, por 
ausência ou defeito do motivo determinante. No mesmo caso, porém, se a autoridade competente houvesse dispensado o 
mesmo funcionário sem motivar a exoneração (e podia fazê-lo, por se tratar de ato decorrente de faculdade discricionária), 
o ato seria perfeitamente válido e inatacável. 
Por aí se conclui que, nos atos vinculados, a motivação é obrigatória; nos discricionários em regra é obrigatória 
também, mas se a lei expressamente dispensá-la e ainda sim o ato for motivado, atua como elemento vinculante da 
Administração aos motivos declarados, como determinantes do ato. Se tais motivos são falsos ou inexistentes, nulo é o 
ato praticado. 
 
 
5. DISCRICIONARIEDADE E MÉRITO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
• Atos Discricionários e Vinculados 
 
Pelo princípio da legalidade, a Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei autoriza. Assim sendo, é função 
da lei estabelecer o regramento do exercício da atividade administrativa. “Esse regramento pode atingir os vários aspectos 
de uma atividade determinada; neste caso, se diz que o poder da Administração é vinculado, porque a lei não deixou 
opções; ela estabelece que, diante de determinados requisitos, a Administração deve agir de tal ou qual forma. Por isso 
mesmo que se diz que, diante de um poder vinculado, o particular tem um direito subjetivo de exigir da autoridade a 
edição de determinado ato, sob pena de, não o fazendo, sujeitar-se à correção judicial”. Portanto, pode-se dizer que o “ato 
vinculado, ou regrado, é aquele que é praticado em estrita conformidade às prescrições legais. A Administração manifesta 
sua vontade na oportunidade e para os efeitos previstos em lei. O agente não tem qualquer margem de escolha de atuação, 
seja de tempo ou de conteúdo. Diz-se praticado segundo a lei”. (MEIRELLES, 2005). 
De acordo com Maria Sylvia Di Pietro, “em outras hipóteses, o regramento não atinge todos os aspectos da atuação 
administrativa; a lei deixa certa margem de liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal modo que a autoridade 
poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis, todas válidas perante o direito. Nesses casos, o poder da 
Administração é discricionário, porque a adoção de uma ou outra é solução feita segundo critérios de oportunidade, 
conveniência, justiça, eqüidade, próprios da autoridade, porque não definidos pelo legislador. Mesmo aí, entretanto, o 
poder de ação administrativa, embora discricionário, não é totalmente livre, porque, sob alguns aspectos, em especial a 
competência, a forma e a finalidade, a lei impõe limitações. Daí porque se diz que a discricionariedade implica liberdade 
de atuação nos limites traçados pela lei; se a Administração ultrapassa esses limites, a sua decisão passa a ser arbitrária, 
ou seja, contrária à lei”. 
É o legislador que confere discricionariedade, determinando o maior ou menor espaço de liberdade em que se deve 
movimentar o administrador.Normalmente se reconhece discricionariedade nas seguintes condições: 
a) quando a lei expressamente a confere à Administração (ex.: a exoneração de ofício do servidor ocupante de cargo 
em comissão, a remoção de ofício para atender necessidades do serviço público); 
b) quando a lei é intencionalmente omissa: por vezes, o legislador, não podendo antever todas as hipóteses do 
cotidiano administrativo, se omite, deixando ao administrador a liberdade de agir de acordo com os princípios 
administrativos; 
c) quando a lei fixa a competência, mas não prevê a conduta a ser adotada pela Administração, como ocorre, por 
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exemplo, no exercício do poder de polícia, em que diante de certas ameaças à vida, à segurança pública, à saúde, a lei 
permite ao administrador discricionariedade para a adoção da melhor providência. 
 
• Mérito Administrativo 
 
O mérito do ato administrativo não é requisito do ato. Na lição de Hely Lopes, consubstancia-se “na valoração 
dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir 
sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar”. Em outras palavras, mérito administrativo é o “aspecto do 
ato administrativo que, valorando no âmbito do poder discricionário da autoridade competente, consulta a conveniência 
ou a oportunidade da medida tomada”. 
Logo, haverá mérito administrativo apenas nos atos ditos discricionários (motivo e/ou objeto): “quando o agente 
pratica atos discricionários, fala-se em mérito ou merecimento do ato. O mérito é composto pelo binômio oportunidade e 
conveniência na prática do ato administrativo, razão por que só existe quando se tratar de ato administrativo discricionário, 
em que a lei confia ao agente administrativo a escolha e a valoração dos motivos do objeto do ato”. Mais precisamente, o 
mérito administrativo consiste na valoração da oportunidade do motivo e da conveniência do objeto do ato administrativo 
discricionário. 
A discricionariedade ou vinculação pode ainda referir-se aos elementos do ato administrativo: competência, objeto, 
forma, motivo e finalidade. Com relação à competência , o ato é sempre vinculado, pois só pode praticá-lo aquele a quem 
a lei conferiu competência. 
No que diz respeito à finalidade, também existe vinculação, considerando este elemento não no sentido amplo de 
interesse público, mas no sentido estrito, no qual a finalidade corresponde ao resultado específico que decorre, explícita 
ou implicitamente da lei, para cada ato administrativo. Com relação à forma, os atos em geral são vinculados porque a lei 
previamente a define. Eventualmente porém, a lei prevê mais de uma forma para a prática de um ato. 
Porém, onde mais se localiza a discricionariedade é no motivo e no objeto do ato. Com relação ao objeto, o ato será 
vinculado quando a lei estabelecer apenas um objeto possível para atingir determinado fim; e será discricionário se houver 
vários objetos possíveis explicita ou implicitamente na lei. 
Quanto ao motivo, também pode ser vinculado ou discricionário. Será vinculado se as leis descrevem-no com noções 
precisas, usando vocábulos unissignificativos, matemáticos, empíricos ou de experiência, ou seja, que não dão margem a 
qualquer apreciação subjetiva. Porém será discricionário quando: 
- a lei não o definir, deixando-o ao inteiro critério da Administração quando por exemplo na exoneração 
de um ocupante de cargo em comissão. 
- a lei o define com conceitos vagos, fluidos, plurissignificativos, chamados conceitos jurídicos 
indeterminados em que haverá conceitos de valor pelo Administrador Público, como quando há a determinação 
da punição de um servidor por falta grave, conduta escandalosa, ou como os de moralidade, notório saber jurídico 
etc. 
 
• Controle Judicial do Mérito Administrativo 
 
Leciona Seabra Fagundes que “ao Poder Judiciário é vedado apreciar, no exercício do controle jurisdicional, o mérito 
dos atos administrativos. Cabe-lhe examiná-los, tão-somente, sob o prisma da legalidade”. 
No particular, prevalece o consenso de que o mérito administrativo compreende a parcela de discricionariedade de 
que é detentora a Administração Pública para o acerto da justiça, utilidade, eqüidade, razoabilidade, moralidade, etc. do 
ato administrativo. Tais aspectos, que muitos autores resumem no binômio “oportunidade” e “conveniência”, envolvem 
interesses e não, direitos. “Ao Judiciário não se submetem os interesses, que o ato administrativo contrarie, mas apenas 
os direitos individuais, acaso feridos por ele. O mérito é de atribuição exclusiva do Poder Executivo, e o Poder Judiciário, 
nele penetrando, faria obra de administrador, violando, dessarte, o princípio de separação e independência dos poderes. 
Os elementos que o constituem são dependentes de critério político e meios técnicos peculiares ao exercício do Poder 
Administrativo, estranhos ao âmbito, estritamente jurídico, da apreciação jurisdicional”. Quer dizer, “sempre que há a 
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prática desses atos, descabe ao Judiciário rever os critérios adotados pelo agente administrativo, salvo se comprovar abuso 
ou desvio de poder deste, porque se se admitisse tal revisão, o Poder Judiciário estaria administrando no lugar do Poder 
Executivo, e isto ofenderia o princípio da independência e harmonia dos Poderes, inscrito no art. 2º da Constituição 
Federal”. 
Há a possibilidade de exame dos atos discricionários pelo princípio da razoabilidade, permitindo ao Judiciário 
adentrar no ato adminstrativo para limitar a valoração subjetiva da Administração àquilo que, pelo senso comum, seria 
razoável aceitar. Todavia, a análise do mérito administrativo pelo Poder Judiciário não pode representar a invasão da 
discricionariedade administrativa, sob pena de, como bem adverte Toshio Mukai, ofender-se “o princípio da 
independência e harmonia dos Poderes, inscrito no art. 2º da Constituição Federal”. 
 
Em suma: o mérito administrativo não pode ser apreciado pelo Poder Judiciário. 
 
6. ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
A invalidação dos atos administrativos inconvenientes, inoportunos ou ilegítimos constitui tema de alto interesse 
tanto para a Administração como para o Judiciário, uma vez que a ambos cabe, em determinadas circunstâncias, desfazer 
os que se revelarem inadequados aos fins visados pelo Poder Público ou contrários às normas legais que os regem. 
A Administração Pública, como instituição destinada a realizar o Direito e a propiciar o bem comum, não pode agir 
fora das normas jurídicas e da moral administrativa, nem relegar os fins sociais a que sua ação se dirige. Se, por erro, 
culpa, dolo ou interesses escusos de seus agentes, a atividade do Poder Público desgarra-se da lei, divorcia-se da moral 
ou desviase do bem comum, é dever da Administração invalidar, espontaneamente ou mediante provocação, o próprio 
ato, contrário à sua finalidade, por inoportuno, inconveniente, imoral ou ilegal. Se o não fizer a tempo, poderá o interessado 
recorrer às vias judiciárias. 
 
Abrem-se, assim, duas oportunidades para o controle dos atos administrativos: uma, interna, da própria 
Administração; outra, externa, do Poder Judiciário. 
A faculdade de invalidação dos atos administrativos pela própria Administração é bem mais ampla que a que se 
concede à Justiça Comum. A Administração pode desfazer seus próprios atos por considerações de mérito e de ilegalidade, 
ao passo que o Judiciário só os pode invalidar quando ilegais. Donde se dizer que a Administração controla seus próprios 
atos em toda plenitude, isto é, sob os aspectos da oportunidade, conveniência, justiça, conteúdo, forma, finalidade, 
moralidade e legalidade, enquanto o controle judiciário se restringe ao exame da legalidade, ou seja,da conformação do 
ato com o ordenamento jurídico a que a Administração se subordina para sua prática. 
A distinção dos motivos de invalidação dos atos administrativos nos conduz, desde logo, a distinguir também os 
modos de seu desfazimento. Daí a revogação e a anulação, que, embora constituam meios comuns de invalidação dos atos 
administrativos, não se confundem, nem se empregam indistintamente. 
Ainda, é possível que a Administração Pública convalide o ato administrativo se não tiver um defeito grave. O efeito 
é ex tunc. 
A Administração revoga, anula ou convalida seu próprio ato; o Judiciário somente anula o ato administrativo. Isso 
porque a revogação é o desfazimento do ato por motivo de conveniência ou oportunidade da Administração, ao passo que 
a anulação é a invalidação por motivo de ilegalidade ou ilegitimidade do ato administrativo. Um ato inoportuno ou 
inconveniente só pode ser revogado pela própria Administração, mas um ato ilegal ou ilegítimo pode ser anulado, tanto 
pela Administração como pelo Judiciário. 
 
Enuncia o STF: 
 
Súmula 473: “A administração Pública pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem 
ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados 
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 
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A Lei 9.784 enuncia: 
 Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 
 
• Revogação: 
 
Revogação é a supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz, realizada pela Administração - e somente por 
ela - por não mais lhe convir sua existência. Toda revogação pressupõe, portanto, um ato legal e perfeito, mas 
inconveniente ao interesse público. Se o ato for ilegal ou ilegítimo não ensejará revogação, mas, sim, anulação. 
A revogação funda-se no poder discricionário de que dispõe a Administração para rever sua atividade interna e 
encaminhá-la adequadamente à realização de seus fins específicos. Essa faculdade revogadora é reconhecida e atribuída 
ao Poder Público, como implícita na função administrativa. Quando o ato administrativo é discricionário, o motivo e o 
objeto são escolhidos pelo Agente Público. A escolha do ato discricionário ( motivo e objeto) constituem o mérito 
administrativo. Somente a Administração Pública pode revogar um ato por seu mérito; o Poder Judiciário jamais poderá 
apreciar o mérito administrativo. 
Em princípio, todo ato administrativo é revogável, mas motivos óbvios de interesse na estabilidade das relações 
jurídicas e de respeito e os direitos adquiridos pelos particulares afetados pelas atividades do Poder Público impõem certos 
limites e restrições a essa faculdade da Administração. Primeiramente cabe salientar que somente os atos discricionários 
legais ( pelo mérito) é que podem ser revogados pela Administração. 
Ainda, neste ponto é de se relembrar que os atos administrativos podem ser gerais ou regulamentares (regulamentos 
e regimentos) e especiais ou individuais (nomeações, permissões, licenças etc.). Quanto aos primeiros, são, por natureza, 
revogáveis a qualquer tempo e em quaisquer circunstâncias, desde que a Administração respeite seus efeitos produzidos 
ate o momento da invalidação. E compreende-se que assim o seja, porque estes atos (gerais ou regulamentares) têm missão 
normativa assemelhada à da lei, não objetivando situações pessoais. Por isso mesmo, não geram, normalmente, direitos 
subjetivos individuais à sua manutenção, razão pela qual os particulares não podem opor-se à sua revogação, desde que 
sejam mantidos os efeitos já produzidos pelo ato. 
Quanto aos atos administrativos especiais ou individuais, são também, em tese, revogáveis, desde que seus efeitos 
se revelem inconvenientes ou contrários ao interesse público, mas ocorre que esses atos se podem tornar operantes e 
irrevogáveis desde a sua origem ou adquirir esse caráter por circunstâncias supervenientes à sua emissão. E tais são os 
que geram direitos subjetivos para o destinatário, os que exaurem desde logo os seus efeitos e os que transpõem os prazos 
dos recursos internos, levando a Administração a decair do poder de modificá-los ou revogá-los. Ocorrendo qualquer 
dessas hipóteses, o ato administrativo torna-se irrevogável, como tem entendido pacificamente a jurisprudência. 
Em qualquer dessas hipóteses, porém, consideram-se válidos os efeitos produzidos pelo ato revogado até o 
momento da revogação, quer quanto às partes, quer em relação a terceiros sujeitos aos seus efeitos reflexos. Segundo Di 
Pietro (2004:239) não podem ser revogados: a) os atos vinculados; 
b) os atos que exauriram seus efeitos, como por exemplo a destruição de armas; 
c) quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato; suponha-se que o interessado tenha recorrido 
de um ato administrativo e que este esteja sob apreciação de autoridade superior; a autoridade que praticou o ato 
deixou de ser competente para revogá-lo; 
d) os atos puros ou meros, como certidões, atestados, votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos 
por lei; 
e) os atos que integram um procedimento, pois a cada novo ato ocorre preclusão com relação ao anterior; 
f) os atos que geram direitos adquiridos, conforme a súmula 473 do STF. 
 • Anulação: 
 
Anulação é a declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria 
Administração ou pelo Poder Judiciário. Baseia-se, portanto, em razões de legitimidade ou legalidade, diversamente da 
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revogação, que se funda em motivos de conveniência ou de oportunidade e, por isso mesmo, é privativa da 
Administração. 
Desde que a Administração reconheça que praticou um ato contrário ao Direito vigente, cumpre-lhe anulá-lo, e 
quanto antes, para restabelecer a legalidade administrativa. Se não fizer, poderá o interessado pedir ao judiciário que 
verifique a ilegalidade do ato e declare sua invalidade, através da anulação. 
O conceito de ilegalidade ou ilegitimidade, para fins de anulação do ato administrativo, não se restringe somente à 
violação frontal da lei. Abrange não só a clara infringência do texto legal como, também, o abuso, por excesso ou desvio 
de poder, ou por relegação dos princípios gerais do Direito. Em qualquer dessas hipóteses, quer ocorra atentado flagrante 
à norma jurídica, quer ocorra inobservância velada dos princípios do Direito, o ato administrativo padece de vício de 
ilegitimidade e se torna passível de invalidação pela própria Administração ou pelo Judiciário, por meio de anulação. 
A ilegitimidade, como toda fraude à lei, vem quase sempre dissimulada sob as vestes da legalidade. Em tais casos, 
é preciso que a Administração ou o Judiciário desça ao exame dos motivos, disseque os fatos e vasculhe as provas que 
deram origem à prática do ato inquinado de nulidade. Não vai nessa atitude qualquer exame do mérito administrativo, 
porque não se aprecia a conveniência, a oportunidade ou a justiça do ato impugnado, mas unicamente sua conformação, 
formal e ideológica, com a lei em sentido amplo, isto é, com todos os preceitos normativos que condicionam a atividade 
pública. 
Firmado que a anulação do ato administrativo só pode ter por fundamento sua ilegitimidade ou ilegalidade, isto é, 
sua invalidade substancial e insanável por infringência clara ou dissimulada das normas e princípios legais que regem a 
atividade do Poder Público, vejamos quais são os efeitos do pronunciamento de invalidade de tais atos, quer emane da 
própria Administração, quer provenha do Poder judiciário. 
A anulação dos atos administrativos pela própria Administração constituia forma normal de invalidação de 
atividade ilegítima do Poder Público. Essa faculdade assenta no poder de autotutela do Estado. É uma justiça interna, 
exercida pelas autoridades administrativas em defesa da instituição e da legalidade de seus atos. 
Os atos administrativos nulos ficam sujeitos a invalidação não só pela própria Administração como, também, pelo 
Poder Judiciário, desde que levados à sua apreciação pelos meios processuais cabíveis que possibilitem o pronunciamento 
anulatório. 
A justiça somente anula atos ilegais, não podendo revogar atos inconvenientes ou inoportunos mas formal e 
substancialmente legítimos, porque isto é atribuição exclusiva da Administração. 
 O controle judicial dos atos administrativos é unicamente de legalidade, mas nesse campo a revisão é ampla, em 
face dos preceitos constitucionais de que a lei não poderá excluir da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça a 
direito (art. 5º, XXXV); conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, individual ou coletivo, 
não amparado por “habeas corpus” ou “habeas data” (art. 5º, LXIX e LXX); e de que qualquer cidadão é parte legítima 
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe (art. 
5º, LXXIII). 
Diante desses mandamentos da Constituição, nenhum ato do Poder Público poderá ser subtraído do exame judicial, 
seja ele de que categoria for (vinculado ou discricionário) e provenha de qualquer agente, órgão ou Poder. A única restrição 
oposta é quanto ao objeto do julgamento (exame de legalidade ou da lesividade ao patrimônio público), e não quanto à 
origem ou natureza do ato impugnado. 
 
 7. ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS, ANULÁVEIS E CONVALIDAÇÃO 
 
Atos nulos são aqueles que apresentam nulidade absoluta, ou seja, possui defeitos graves que não podem ser sanados 
pela Administração Pública, devendo o ato ser anulado. 
Atos anuláveis são aqueles que possuem defeitos leves – nulidade relativa – podendo ser sanados pela Administração 
(convalidados) ou anulados. 
 • Convalidação: A convalidação ou saneamento é o ato através do qual a Administração promove o suprimento 
da invalidade de um ato defeituoso, com efeito ex tunc. A Lei 9.784/99 dispõe que: 
 
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“Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, 
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.” 
 
Vale dizer que a convalidação aparece como uma faculdade à Administração, como ato discricionário, somente 
possível quanto os atos inválidos não acarretam lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros; em caso contrário, 
temse que entender que a Administração está obrigada a anular o ato, ao invés de convaliá-lo. 
Desta forma, só será possível a convalidação se o ato tiver um defeito leve. Se o ato tiver um defeito grave não 
poderá ser convalidado. 
Quanto à competência, se for indelegável ou exclusiva, não pode ser convalidada , pois o defeito será grave. Também 
não poderá ser convalidada se a incompetência é em relação à matéria, como por exemplo, quando um Ministério pratica 
ato de competência de outro Ministério. Porém se a competência for delegável, admite-se a convalidação que será chamada 
de ratificação, como por exemplo o artigo 84 da CF, parágrafo único. 
Quanto ao motivo e à finalidade, nunca é possível a convalidação. No que se refere ao motivo, isto ocorre porque 
ele corresponde a situação de fato que ou ocorreu o não ocorreu; não há como alterar com efeito retroativo, uma situação 
de fato. Em relação à finalidade, se o ato foi praticado contra o interesse público ou com finalidade diversa da que decorre 
da lei, também não é possível sua correção. 
O objeto ou conteúdo ilegal não pode ser objeto de convalidação. Também, se for vinculado, não pode ser 
convalidado. É possível porém a conversão, no qual a administração converte um ato inválido em ato de outra categoria, 
com efeitos retroativos à data do ato original. Difere da reforma, no qual muda-se o objeto por conveniência e oportunidade 
e o efeito não retroage. 
Quanto à forma, se o vício for em um requisito essencial, o defeito será grave e o mesmo não pode ser convalidado. 
Se o defeito for em um requisito acessório, poderá ser convalidado. 
 
A Lei 9.784/99 enuncia uma forma de convalidação tácita: 
 “Art. 54. O direito da Administração anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os 
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. 
 § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro 
pagamento. 
 § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe 
impugnação à validade do ato. 
 
Em resumo: 
 
a) Revogação: 
 É a supressão de um ato administrativo discricionário, legítimo e eficaz - com a competência, finalidade e 
forma cinculadas e conforme a lei - sendo o objeto e o motivo discricionário (mérito) realizada pela 
Administração (somente por ela), por não mais lhe convir sua existência. Pressupõe, um ato legal e perfeito, mas 
inconveniente ao interesse público. Funda-se no poder discricionário de que dispões a Administração para rever 
sua atividade interna e encaimhá-la adequadamente à realização de seus fins específicos. A revogação opera da 
data em diante (ex nunc); os efeitos que a precederam permanecem. Desde que o administrador possa revogar a 
ato inconveniente, sua invalidação não obrigará o Poder Público a indenizar quaisquer prejuízos presentes ou 
futuros que a revogação eventualmente ocasione, porque a obrigação da Administração é apenas a de manter os 
efeitos passados do ato revogado. 
 
b) Anulação: 
 É a declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal pela própria Administração ou pelo 
Poder Judiciário podendo ser discricionário ou vinculado. Desde que reconheça quem praticou um ato contrário 
ao direito vigente, cumpre-lhe anulá-lo, e quanto antes, para restabelecer a legalidade administrativa. Se não o 
fizer, poderá o interessado pedir ao Judiciário que verifique a ilegalidade ao ato e declare sua invalidade. Os 
efeitos da anulação dos atos administrativos retroagem às suas origens, invalidando as consequências passadas, 
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presentes e futuras do ato anulado; e assim é porque o ato nulo não gera direitos ou obrigações para as partes (ex 
tunc). 
 
8. JURISPRUDÊNCIA: SERVIDOR QUE RECEBE INDEVIDAMENTE VALORES DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Se o servidor público recebe valores por força de decisão administrativa posteriormente revogada, tal quantia 
poderá ser exigida de volta pela Administração Pública? 
 
Vejas os julgados abaixo: 
 
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. VALORES 
PAGOS INDEVIDAMENTE POR ERRO OPERACIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RECEBIMENTO 
DE BOA-FÉ. DESCABIMENTO DA PRETENSÃO ADMINISTRATIVA DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES. 
AGRAVO REGIMENTAL DA UNIÃO DESPROVIDO. 
1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia 1.244.182/PB, 
firmou o entendimento de que não é devida a restituição de valores pagos a servidor público de boa-fé, por força 
de interpretação errônea ou má aplicação da lei por parte da Administração. 
2. O mesmo entendimento tem sido aplicado por esta Corte nos casos de mero equívoco operacional da 
Administração Pública, como na hipótese dos autos. Precedentes. 
3. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente pagos é a boa-fé do 
servidor que, ao recebê-los na aparência de serem corretos, firma compromissos com respaldona pecúnia; a 
escusabilidade do erro cometido pelo agente autoriza a atribuição de legitimidade ao recebimento da vantagem. 
4. Agravo Regimental da UNIÃO desprovido. 
(AgRg no REsp 1447354/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
16/09/2014, DJe 09/10/2014) 
 
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VALORES RECEBIDOS POR ERRO OPERACIONAL DA 
ADMINISTRAÇÃO. RESTITUIÇÃO DO MONTANTE RECEBIDO. 
CARACTERIZAÇÃO DE BOA-FÉ. VERBA DE CARÁTER ALIMENTAR. PRECEDENTES. 
Esta Corte firmou entendimento no sentido de não ser devida a devolução de verba paga indevidamente a servidor 
em decorrência de erro operacional da Administração Pública, quando se constata que o recebimento pelo 
beneficiado se deu de boa-fé, como no caso em análise. Precedentes. 
Agravo regimental improvido. 
(AgRg no REsp 1560973/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 
05/04/2016, DJe 13/04/2016) 
 
Comentários ao julgado, extraídos do site Dizer o Direito1: 
 
Voltando a pergunta inicial: 
 
Se o servidor público recebe valores por força de decisão administrativa posteriormente revogada, tal 
quantia poderá ser exigida de volta pela Administração Pública? 
 
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Servidor que recebe indevidamente valores em decorrência de erro 
operacional da Administração não tem que devolver. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9f396fe44e7c05c16873b05ec425cbad>. Acesso em: 
13/03/2020 
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NÃO. O STJ possui entendimento pacífico no sentido de que é incabível a restituição ao erário dos valores 
recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da 
Administração Pública. 
Em virtude do princípio da legítima confiança, o servidor público, em regra, tem a justa expectativa de que são 
legais os valores pagos pela Administração Pública, porque jungida à legalidade estrita. 
Assim, diante da ausência da comprovação da má-fé no recebimento dos valores pagos indevidamente por erro 
de direito da Administração, não se pode efetuar qualquer desconto na remuneração do servidor público, a título de 
reposição ao erário. STJ. 1ª Seção. REsp 1.244.182-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012 (recurso 
repetitivo). 
 
 Posição do TCU sobre o tema 
Vale a pena conhecer também o entendimento do TCU, que é parecido com o do STJ, apesar de um pouco mais 
rigoroso com o servidor ao exigir que o erro seja escusável. 
Súmula 249 do TCU: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por 
servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do 
órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da 
presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. 
 
 Recebimento de valores indevidos em decorrência de erro operacional 
No exemplo acima, o servidor recebeu os valores indevidamente por causa de erro da Administração na 
interpretação da lei. Vale ressaltar, no entanto, que, segundo a posição majoritária no STJ, este mesmo entendimento 
deve ser aplicado nos casos em que o servidor recebe as quantias indevidas por força de erro operacional da 
Administração. Confira: 
(...) 1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia 
1.244.182/PB, firmou o entendimento de que não é devida a restituição de valores pagos a servidor público 
de boa-fé, por força de interpretação errônea ou má aplicação da lei por parte da Administração. 
2. O mesmo entendimento tem sido aplicado por esta Corte nos casos de mero equívoco operacional da 
Administração Pública, como na hipótese dos autos. Precedentes. 
3. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente pagos é a boa-
fé do servidor que, ao recebê-los na aparência de serem corretos, firma compromissos com respaldo na 
pecúnia (...) 
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1447354/PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 
16/09/2014. 
 
 (...) Esta Corte firmou entendimento no sentido de não ser devida a devolução de verba paga 
indevidamente a servidor em decorrência de erro operacional da Administração Pública, quando se constata 
que o recebimento pelo beneficiado se deu de boa-fé, como no caso em análise. (...) 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016. 
 
 Em suma: valores recebidos pelo servidor em decorrência de errônea interpretação da lei e em virtude de 
erro operacional estão sujeitos ao mesmo tratamento. Assim, houve boa-fé do servidor, não se restitui; não houve 
boa-fé, deve-se restituir. 
 
Herdeiro de servidor que recebe valores da Administração Pública decorrente de erro operacional 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Maria era servidora pública aposentada e recebia todos os meses seus proventos na conta bancária. 
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Determinado dia, Maria faleceu e seus dois filhos informaram ao departamento de pessoal do Estado a morte da 
mãe. 
Com o falecimento da servidora, o correto seria que cessasse o pagamento dos proventos, já que os filhos não 
tinham direito à pensão por morte, considerando que eram maiores e capazes. 
Ocorre que, por uma falha no programa de computador do órgão público, os proventos continuaram a ser 
depositados na conta bancária da falecida, o que perdurou por três meses. 
Os filhos de Maria tinham o cartão e a senha da conta bancária e, à medida que os valores iam sendo depositados, 
eles sacavam as quantias. 
A Administração, enfim, percebeu o erro, cessou os novos pagamentos e cobrou dos filhos a restituição dos 
três meses pagos.O pleito da Administração Pública deverá ser atendido? Os herdeiros da servidora deverão 
devolver o dinheiro? 
SIM. 
Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional da Administração Pública, 
continuaram sendo depositados em conta de servidor público após o seu falecimento. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.387.971-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/3/2016 
(Info 579). 
 
 Como vimos acima, o STJ tem o entendimento pacificado no sentido de que as verbas alimentares pagas ao 
servidor de boa-fé não podem ser repetidas (pedidas de volta) mesmo que tenham sido pagas indevidamente por erro 
da Administração Pública na interpretação da lei. Isso porque gera uma falsa expectativa no servidor de que os valores 
recebidos são legais e definitivos, o que decorre, em certo grau, pela presunção de validade e de legitimidade do ato 
administrativo que ordenou a despesa. 
Veja o recurso repetitivo que consolidou a posição: 
(...) quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento 
indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos, 
impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público. (...) (STJ. 1ª Seção. 
REsp 1244182/PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012) 
 
 Contudo, no caso de as quantias indevidas terem sido pagas aos herdeiros do falecido, a situação deverá ser 
analisada sob outro ângulo e merece uma conclusão diferente. Isso porque, nesse caso, os valores pagos já não mais 
possuem caráter alimentar. Os salários ou proventos do servidor possuem natureza alimentar somente em relação ao 
próprio servidor. Se ele já morreu, tais valores são considerados como herança e herança não é remuneração nem 
aposentadoria. Logo, não é uma verba alimentícia. 
Pelo princípio da saisine, com a morte, houve a transferência imediata da titularidade da conta bancáriada falecida 
aos seus herdeiros e os valores que foram nela depositados (por erro) não tinham mais qualquer destinação alimentar. 
Logo, por não se estar diante de verbas de natureza alimentar, não é nem mesmo necessário analisar se os herdeiros 
estavam ou não de boa-fé ao sacar o dinheiro. A boa-fé aqui não importa. Os herdeiros têm o dever de restituir as 
quantias porque eles não possuem nenhum direito sobre as verbas. O fundamento aqui para que ocorra a devolução está 
baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem causa, previsto no art. 884 do CC: 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o 
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. 
Quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, 
cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto 
dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público (STJ. 1ª Seção. REsp 1244182/PB, julgado em 10/10/2012). 
 Não é devida a devolução de verba paga indevidamente a servidor em decorrência de erro operacional 
da Administração Pública, quando se constata que o recebimento pelo beneficiado se deu de boa-fé (STJ. 
2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, julgado em 05/04/2016. 
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Não se analisa aqui se o herdeiro estava ou não de boa-fé. Isso não importa. 
 O fundamento aqui é o princípio que veda o enriquecimento sem causa (art. 884 do CC). STJ. 2ª Turma. AgRg 
no REsp 1.387.971-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/3/2016 (Info 579). 
 
 
 
O herdeiro é obrigado a devolver porque ele não tem qualquer razão jurídica para ficar com aquele dinheiro em 
prejuízo da Administração Pública. Não havia nenhuma relação jurídica entre o herdeiro e o Estado. 
 
9. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO 
 
a) Presunção de Legitimidade: 
 
Todos os atos administrativos nascem com este atributo e decorre do princípio da legalidade da Administração, que 
informa toda a atuação governamental. Autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo 
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que argüidos de vícios ou defeitos que levem à invalidade. Há transferência do ônus da prova de invalidade do ato a d m 
i n i s t r a t i v o p a r a q u e m o i n v o c a . 
Conforme nos ensina a prof. Di Pietro (2004:191) “embora se fale em presunção de legitimidade e de veracidade 
com o mesmo significado, as duas podem ser desdobradas, por abrangerem situações diferentes. A presunção de 
legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; em decorrência desse atributo, presume-se, até prova em 
contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei. Já a presunção de veracidade diz respeito à 
certeza dos fatos; em decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração. Assim 
ocorre com relação às certidões, atestados, declarações, informações por ela fornecidos, todos dotados de fé pública”. 
 
b) Imperatividade: 
 
É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância, 
estando presente nos atos que consubstanciam um provimento ou uma ordem administrativa (normativos, ordinatórios, 
punitivos), com a força impositiva própria do Poder Público. A imperatividade decorre da só existência do ato 
administrativo, não dependendo da sua declaração de validade ou invalidade, e configura, segundo Renato Alessi, o “poder 
extroverso do 
Estado”. Assim, deve ser cumprido ou atendido enquanto não for retirado do mundo jurídico por revogação ou anulação. 
Não há imperatividade nos atos enunciativos e negociais. 
 
c) Auto-executoriedade: 
Consiste na possibilidade que certos atos administrativos serão imediata e diretamente executados pela própria 
Administração, independentemente de ordem judicial. Ao particular que se sentir ameaçado ou lesado pela execução do 
ato administrativo é que caberá pedir proteção judicial para defender seus interesses ou para haver os eventuais prejuízos 
que tenha injustamente suportado. Porém, existem exceções, por exemplo, para a execução de dívida fiscal, a 
Administração deve entrar com uma ação na justiça. 
Di Pietro enuncia que a auto-executoriedade pode decorrer da lei ou quando se trata de medida urgente que, caso 
não adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo maior para o interesse público, como a demolição de um prédio que 
ameaça ruir. 
Celso Antônio Bandeira de Mello (2004:384) enumera como quarto atributo do ato administrativo a exigibilidade. 
Segundo o autor, exigibilidade é “a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode 
exigir de terceiros o cumprimento, a observância das obrigações que impôs”. Não se confunde com a executoriedade, 
pois há atos dotados de exigibilidade mas que não possuem executoriedade (execução de multas). 
Pela executoriedade, a Administração compele o administrado a praticar o ato administrativo materialmente, ou seja, 
a coação se dá por meios diretos. Pela exigibilidade, a administração exige o cumprimento do ato por meios indiretos. Por 
exemplo, para receber um imposto, a Administração não pode compelir o administrado por meios diretos, mas pode exigir 
que esteja quite com os impostos para expedir alvará de construção. “Assim a executoriedade é um plus em relação à 
exigibilidade, de tal modo que nem todos os atos exigíveis são auto-executórios.” 
 
Maria Sylvia Di Pietro enuncia como quarto atributo do ato a tipicidade, no qual o ato administrativo deve 
corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade 
que a Administração pretende alcançar, existe um ato definido em lei. 
 
10. FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 
 
Em resumo, são as seguintes formas de extinção do Ato Administrativo, de acordo com Celso Antônio Bandeira 
de Mello e Di Pietro: 
a) cumprimento de seus efeitos; 
b) desaparecimento do sujeito ou do objeto; 
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c) retirada, que abrange: 
- revogação, em que a retirada se dá por razões de oportunidade ou conveniência; 
- anulação, por razões de ilegalidade; 
- cassação, em que a retirada se dá “ porque o destinatário descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas 
a fim de poder continuar desfrutando a situação jurídica”, ou seja, o ato será legal na forma e ilegal na execução. 
É o caso do motorista ter a carteira de motorista cassada porque não cumpriu o Código de Trânsito, por exemplo. 
- caducidade, em que a retirada se deu “porque sobreveio norma jurídica que tornou inadmissível a situação antes 
permitida pelo direito e outorgada pelo ato precedente” ou seja, ou o ato perde a validade, caducando; ou perde 
seu fundamento legal. 
- contraposição, em que a retirada se “se dá porque foi emitido ato com fundamento em competência diversa que 
gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são contrapostos aos daqueles; é o caso da exoneração do funcionário, que 
tem efeitos contrapostos ao da nomeação.” 
d) renúncia, no qual extinguem-se os efeitos do ato porque o próprio beneficiário abriu mão de uma vantagem de 
que 
desfrutava. 
 
11. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
11.1HELY LOPES MEIRELLES ENUNCIA A SEGUINTE CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS 
ADMINISTRATIVOS: 
a) Quanto aos seus destinatários: 
• Atos gerais ou regulamentares são aqueles expedidos sem destinatários determinados, com finalidade 
normativa, alcançando todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos. 
Prevalecem sobre os atos individuais, ainda que provindos da mesma autoridade. Hely LopesMeirelles ( 2005: 163) 
enuncia que são atos de comando abstrato e impessoal, semelhantes aos da lei, e, por isso mesmo, revogáveis a qualquer 
tempo pela Administração, 
mas inatacáveis por via judicial, a não ser pelo questionamento da constitucionalidade (art. 102, I, “a”, da CF). Somente 
quando os preceitos abstratos dos atos gerais são convertidos pela Administração em providências concretas e específicas 
de execução é que se tornam impugnáveis por quem se sentir lesado.” 
• Atos individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação 
jurídica particular. São atos individuais os decretos de desapropriação, de nomeação, de exoneração, assim como as 
outorgas de licença, permissão e autorização; quando geram direito adquirido tornam-se irrevogáveis (STF Súmula 473). 
 
b) Quanto ao seu alcance: 
• Atos internos são os destinados a produzir efeitos no recesso das repartições administrativas, e por isso mesmo 
incidem, normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração que os expediram. Não produzem efeitos em 
relação a estranhos e não dependem de publicação no órgão oficial para sua vigência. 
• Atos externos ou de efeitos externos, são todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em 
certos casos, os próprios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a 
Administração. Só entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo órgão oficial, dado o interesse do público no 
seu conhecimento. 
 
c) Quanto ao seu objeto: 
• Atos de império ou de autoridade são todos aqueles que a Administração pratica usando de sua supremacia 
sobre o administrado ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento sendo que são sempre unilaterais, expressando a 
vontade do Estado e seu poder de coerção. 
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• Atos de gestão são os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários; ocorre 
nos atos puramente de administração dos bens e serviços públicos e nos negociais com os particulares, que não exigem 
coerção sobre os interessados. 
• Atos de expediente são todos aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam 
pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente; são atos 
de rotina interna, sem caráter vinculante e sem forma especial. 
 
d) Quanto ao seu regramento: 
• Atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua 
realização. 
• Atos discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de 
seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização. No ato vinculado, o administrador 
deve obedecer rigorosamente os requisitos da competência, finalidade, forma, objeto e motivo; no ato discricionário o 
objeto e o motivo ficam a critério do administrador dentro dos limites legais. “Discricionariedade difere de arbitrariedade. 
Discrição é liberdade de ação dentro dos limites legais; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. A discricionariedade 
está entre as várias possibilidades de solução, aquela que melhor corresponda, no caso concreto, ao desejo da lei.” Porém, 
discricionários só podem ser os meios e modos de administrar, nunca os fins a atingir. 
 
Atos Vinculados 
 
Atos Discricionários 
 
Todos os requisitos do Ato são vinculados: 
Competência 
Forma 
Finalidade 
Objeto 
Motivo 
Requisitos vinculados: 
A competência, finalidade e forma. 
 
São discricionários: 
O objeto e o motivo do ato. 
 
 e) Quanto à formação do ato: 
 Atos simples são os que resultam da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado; 
 Atos complexos são os que resultam da conjugação da vontade de mais de um órgão; assim para formar um ato único 
haverá a manifestação de mais de um órgão; 
 Atos compostos resultam da vontade de um órgão, porém, dependem da verificação de outro órgão para ratificá-lo ( 
ato complementar). 
 
 f) Quanto à retratabilidade: 
 Ato irrevogável é aquele que se tornou insuscetível de revogação (não confundir com anulação), por ter produzido 
seus efeitos ou gerado direito subjetivo para o beneficiário ou, ainda, por resultar de coisa julgada administrativa. 
Advirtase, neste passo, que a coisa julgada administrativa só o é para a Administração, uma vez que não impede a 
reapreciação judicial do ato. 
• Ato revogável é aquele que a Administração, e somente ela, pode invalidar, por motivos de conveniência, 
oportunidade ou justiça (mérito administrativo). Nesses atos devem ser respeitados todos os efeitos já produzidos, 
porque decorrem de manifestação válida da Administração (se o ato for ilegal, não enseja revogação, mas sim 
anulação), e a revogação só atua ex nunc. Em princípio, todo ato administrativo é revogável até que se torne irretratável 
para a Administração, quer por ter exaurido seus efeitos ou seus recursos, quer por ter gerado direito subjetivo para o 
beneficiário, interessado na sua manutenção. 
• Ato suspensível é aquele em que a Administração pode fazer cessar os seus efeitos, em determinadas circunstâncias 
ou por certo tempo, embora mantendo o ato, para oportuna restauração de sua operatividade. Difere a suspensão da 
revogação, porque esta retira o ato do mundo jurídico, ao passo que aquela susta, apenas, a sua exequibilidade. 
 
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g) Quanto ao modo de execução: 
• Ato auto-executório é aquele que traz em si a possibilidade de ser executado pela própria Administração, 
independentemente de ordem judicial. 
• Ato não auto-executório é o que depende de pronunciamento judicial para produção de seus efeitos finais, tal como 
ocorre com a dívida fiscal, cuja execução é feita pelo Judiciário, quando provocado pela Administração interessada na 
sua efetivação. 
 
h) Quanto ao objetivo visado pela Administração: 
 Ato principal é o que encerra a manifestação de vontade final da Administração. O ato principal pode resultar de 
um único órgão (ato simples), ou da conjugação de vontades de mais de um órgão (ato complexo) ou, ainda, de uma 
sucessão de atos intermediários (procedimento administrativo). 
• Ato complementar é o que aprova ou ratifica o ato principal, para dar-lhe exequibilidade. O ato complementar 
atua como requisito de operatividade do ato principal, embora este se apresente completo em sua formação desde o 
nascedouro. 
• Ato intermediário ou preparatório é o que concorre para a formação de um ato principal e final. Assim, 
numa concorrência, são atos intermediários o edital, a verificação de idoneidade e o julgamento das propostas, porque 
desta sucessão é que resulta o ato principal e final objetivado pela Administração, que é a adjudicação da obra ou do 
serviço ao melhor proponente. O ato intermediário é sempre autônomo em relação aos demais e ao ato final, razão pela 
qual pode ser impugnado e invalidado isoladamente (o que não ocorre com o ato complementar), no decorrer do 
procedimento administrativo. 
• Ato-condição é todo aquele que se antepõe a outro para permitir a sua realização. O ato-condição destina-se a 
remover um obstáculo à prática de certas atividades públicas ou particulares, para as quais se exige a satisfação prévia de 
determinados requisitos. Assim, o concurso é ato-condição da nomeação efetiva; a concorrência é ato-condição dos 
contratos administrativos. Como se vê, o ato-condição é sempre um ato-meio para a realização de um ato-fim. A ausência 
do ato-condição invalida o ato final, e essa nulidade pode ser declarada pela própria Administração ou pelo judiciário, 
porque é matéria de legalidade, indissociável da prática administrativa. 
• Ato de jurisdiçãoou jurisdicional é todo aquele que contém decisão sobre matéria controvertida. No âmbito 
da Administração, resulta, normalmente, da revisão de ato do inferior pelo superior hierárquico ou tribunal administrativo, 
mediante provocação do interessado ou de ofício. O ato administrativo de jurisdição, embora decisório, não se confunde 
com o ato judicial ou judiciário propriamente dito (despacho, sentença, acórdão em ação e recurso), nem produz coisa 
julgada no sentido processual da expressão, mas quando proferido em instância final torna-se imodificável pela 
Administração. 
 
i) Quanto ao conteúdo: 
• Ato Constitutivo: é o que cria uma nova situação jurídica individual para seus destinatários. 
• Ato Extintivo ou Desconstitutivo: é o que põe termo a situações jurídicas individuais. 
• Ato Declaratório: é o que visa a preservar direitos, reconhecer situações preexistentes ou mesmo possibilitar seu 
exercício. 
• Ato Alienativo: é o que opera a transferência de bens ou direitos de um titular a outro. 
• Ato Modificativo: é o que altera situações preexistentes sem suprimir direitos ou obrigações. 
• Ato Abdicativo: é aquele pelo qual o titular abre mão de um direito, sendo de caráter incondicional e 
irretratável. 
 
j) Quanto aos efeitos: 
 Ato constitutivo é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou suprime um direito do administrado ou de 
seus servidores. Tais atos, ao mesmo tempo que geram um direito para uma parte, constituem obrigação para a 
outra. 
Ato desconstitutivo é aquele que desfaz uma situação jurídica preexistente. Geralmente vem precedido de um 
processo administrativo com tramitação idêntica à do que deu origem ao ato a ser desfeito. 
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• Ato de constatação é aquele pelo qual a Administração verifica e proclama uma situação fática ou jurídica 
ocorrente. Tais atos vinculam a Administração que os expede, mas não modificam, por si sós, a situação constatada, 
exigindo um outro ato constitutivo ou desconstitutivo para alterá-la. Seus efeitos são meramente verificativos. 
 
l) Quanto à eficácia: 
 
Quanto à eficácia, o ato administrativo pode ser válido, nulo e inexistente. 
• Ato válido é o que provem de autoridade competente para praticá-lo e contém todos os requisitos necessários à 
sua eficácia, sendo legítimo. O ato válido pode, porém, ainda não ser exeqüível, ou seja, ser ineficaz, por pendente 
de condição suspensiva ou termo não verificado.Quando for exeqüível, será considerado eficaz. 
• Ato nulo é o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou defeito substancial em seus elementos 
constitutivos ou no procedimento formativo. A nulidade pode ser explícita ou virtual. É explícita quando a lei a 
comina expressamente, indicando os vícios que lhe dão origem; é virtual quando a invalidade decorre da infringência 
de princípios específicos do Direito Público, reconhecidos por interpretação das normas concernentes ao ato. Em 
qualquer destes casos, porém, o ato é ilegítimo ou ilegal e não produz qualquer efeito válido entre as partes, pela 
evidente razão de que não se pode adquirir direitos contra a lei. A nulidade, todavia, deve ser reconhecida e 
proclamada pela Administração ou pelo judiciário, não sendo permitido ao particular negar exequibilidade ao ato 
administrativo, ainda que nulo, enquanto não for regularmente declarada sua invalidade, mas essa declaração opera 
ex tunc, isto é, retroage as suas origens e alcança todos os seus efeitos passados, presentes e futuros em relação às 
partes, só se admitindo exceção para com os terceiros de boa-fé, sujeitos às suas conseqüências reflexas. 
• Ato inexistente é o que apenas tem aparência de manifestação regular da Administração, mas não chega a se 
aperfeiçoar como ato administrativo. É o que ocorre, por exemplo, com o “ato” praticado por um usurpador de 
função pública. Tais atos equiparam-se, em nosso Direito, aos atos nulos, sendo, assim, irrelevante e sem interesse 
prático a distinção entre nulidade e inexistência, porque ambas conduzem ao mesmo resultado - a invalidade - e se 
subordinam às mesmas regras de invalidação. Ato inexistente ou ato nulo é ato ilegal e imprestável, desde o seu 
nascedouro. 
 
m) Quanto à exeqüibilidade: 
 Ato perfeito é aquele que reúne todos os elementos necessários à sua exequibilidade ou operatividade, 
apresentandose apto e disponível para produzir seus regulares efeitos. 
 Ato imperfeito é o que se apresenta incompleto na sua formação ou carente de um ato complementar para 
tornarse exeqüível e operante. 
 Ato pendente é aquele que, embora perfeito, por reunir todos os elementos de sua formação, não produz seus 
efeitos, por não verificado o termo ou a condição de que depende sua exequibilidade ou operatividade. O ato 
pendente pressupõe sempre um ato perfeito, visto que antes de sua perfectibilidade não pode estar com efeitos 
suspensos. 
Ato consumado é o que produziu todos os seus efeitos, tornando-se, por isso mesmo, irretratável ou imodificável 
por lhe faltar objeto. 
 
11.2. MARIA SYLVIA DI PIETRO (2004:213) SEGUE A CLASSIFICAÇÃO DO JURISTA HELY LOPES 
MEIRELLES, ACRESCENTANDO A SEGUINTE: 
 Quanto à função de vontade, os atos administrativos classificam-se: 
 
a) Atos administrativos propriamente ditos: 
 Há uma declaração de vontade da Administração, voltada para a obtenção de determinados efeitos jurídicos 
definidos em lei. Exemplo: demissão, tombamento, requisição. 
 
b) Atos puros ou meros atos administrativos: 
 Há uma declaração de opinião (parecer), conhecimento (certidão) ou desejo (voto num órgão colegiado). 
 
De acordo com Celso A. B. de Mello, os atos podem ser classificados quanto à Perfeição, validade e eficácia: 
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O ato administrativo é perfeito “quando esgotadas as fases necessárias à sua produção. Portanto, ato perfeito é o que 
completou o ciclo necessário à sua formação. Perfeição, pois, é a situação do ato cujo processo está concluído.” 
 O ato administrativo é válido quando foi expedido em absoluta conformidade com as exigências do sistema 
normativo. “Validade, por isto, é a adequação do ato às exigências normativas.” 
O ato administrativo é eficaz quando está disponível para a produção de seus efeitos próprios. Eficácia, então, é “a 
situação atual de disponibilidade para produção dos efeitos típicos, próprios do ato”. 
 
Assim, segundo Bandeira de Mello, um ato pode ser: 
“a) perfeito, válido, eficaz: quando, concluído o seu ciclo de formação, encontra-se plenamente ajustado às 
exigências legais e está disponível para deflagração dos efeitos que lhe são típicos; 
b) perfeito, inválido e eficaz: quando, concluído o seu ciclo de formação e apesar de não se achar conformado às 
exigências normativas, encontra-se produzindo os efeitos que lhe seriam inerentes; 
c) perfeito, válido e ineficaz: quando, concluído o seu ciclo de formação e estando adequado aos requisitos de 
legitimidade, ainda não se encontra disponível para eclosão de seus efeitos típicos, por depender de um termo inicial ou 
de uma condição suspensiva, ou autorização, aprovação ou homologação, a serem manifestados por autoridade 
controladora; 
d) perfeito, inválido e ineficaz: quando, esgotado seu ciclo de formação, sobre encontrar-se em desconformidade 
com a ordem jurídica, seus efeitos ainda não podem fluir, por se encontrarem na dependência de algum acontecimento 
previsto como necessário para a produção dos efeitos.” 
 
13. ESPÉCIES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
DE ACORDO COM HELY LOPES MEIRELLES 
 
a) Atos Normativos 
São aqueles que contém um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei, e caracterizam-se por 
serem discricionários. O objetivo imediato é explicitar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos 
administrados.Estabelecem regras gerais e abstratas de conduta possuindo a mesma normatividade da lei e a ela se 
equiparam para fins de controle judicial. Quando individualizam situações e impõe encargos específicos aos 
administrados, podem ser atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial comum, ou por mandado de 
segurança. Principais Atos Normativos: 
 Decretos: são atos administrativos da competência exclusiva dos Chefes do executivo, destinados a prover 
situações gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explícito ou implícito, pela legislação. 
Como ato administrativo está sempre em situação inferior a lei, e por isso, não a pode contrariar. 
Regulamentos: são atos administrativos, postos em vigência por decreto, para especificar os mandamentos da lei 
ou prover situações ainda não disciplinadas por lei. Tem a missão de explicá-la (a lei) e de prover sobre minúcias 
não abrangidas pela norma geral. Como ato inferior à lei, não pode contrariá-la ou ir além do que ela permite. 
Regimentos: são atos administrativos normativos de atuação interna, dado que se destinam a reger o funcionamento 
de órgãos colegiados e de corporações legislativas. Só se dirige aos que devem executar o serviço ou realizar a 
atividade funcional regimentada. 
Resoluções: são atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Executivo ou pelos 
presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para administrar matéria de sua 
competência específica. 
Deliberações: são atos administrativos normativos ou decisórios emanados de órgãos colegiados, quando 
normativas são atos gerais; quando decisórios, atos individuais. Devem sempre obediência ao regulamento e ao 
regimento que houver para a organização e funcionamento do colegiado. 
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Instruções Normativas: são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das leis, 
decretos e regulamentos ( CF, art. 87, parágrafo único, II), mas são também utilizadas por outros órgãos superiores 
para o mesmo fim. 
 
b) Atos Ordinatórios 
 
São os que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. Emanam 
do poder hierárquico; só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que 
os expediu. Dentre os atos ordinatórios merecem exame: 
Instruções: são ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma de execução de determinado serviço público, 
expedidas pelo superior hierárquico com o escopo de orientar os subalternos no desempenho das atribuições que 
lhes estão afetas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo. 
Circulares: são ordens escritas, de caráter uniforme expedidas a determinados funcionários incumbidos de certo 
serviço, ou de desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais. São atos de menor generalidade que 
as instruções , embora colimem o mesmo objetivo: o ordenamento do serviço. 
Avisos: são atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos afetos aos seus ministérios. 
Portarias: são atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgão, repartições ou serviços expedem 
determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para função e cargos secundários. 
Ordens de Serviço: são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obra ou serviços públicos 
autorizando seu início, ou contendo imposições de caráter administrativo, ou especificações técnicas sobre o modo 
e forma de sua realização. 
Ofícios: são comunicações escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores e entre 
Administração e particulares em caráter oficial . 
Despachos: 
a) Administrativos são decisões que as autoridades executivas proferem em papéis, requerimentos e processos 
sujeitos à sua apreciação. 
b) Normativo é aquele que, embora proferido individualmente, a autoridade competente determina que se aplique 
aos casos idênticos, passando a vigorar como norma interna da Administração para situações análogas 
subseqüentes. 
Provimentos: são atos administrativos internos, contendo determinações e instruções que a Corregedoria ou os 
tribunais expedem para a regularização e uniformização dos serviços, especialmente os da Justiça, com o objetivo 
de evitar erros e omissões na observância da lei. 
 
 c) Atos Negociais 
 São todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta a concretizar determinado 
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder 
Público. Os atos negociais são normalmente seguidos de atos de Direito Privado que completam o negócio 
jurídico pretendido pelo particular e deferido pelo Poder Público, sendo atos bifaces. Os dois atos são 
inconfundíveis, mas permanecem justapostos um ao outro de modo indissociável. Assim, não podem, nem a 
Administração Pública nem o particular, altera-los ou extingui-los unilateralmente sendo necessário a conjunta 
manifestação de vontade dos interessados para qualquer modificação ou supressão do negócio jurídico objetivado. 
Enquadram-se os seguintes atos administrativos: 
Licença: é o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado 
atendeu todas as exigências legais, faculta-lhe o desempenho de atividades ou a realização de fatos materiais antes 
vedados ao particular. Ex: o exercício de uma profissão, a construção de um edifício em terreno próprio. 
Autorização: é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao pretendente 
a realização de certa atividade, serviço ou utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivo 
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ou predominante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia da Administração, tais como o uso especial 
de bem p ú b l i c o , o p o r t e d e a r m a , e t c . 
Permissão: é ato administrativo negocial, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular 
a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas 
condições estabelecidas pela Administração. 
Aprovação: é o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou de 
situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades ou de particulares, dependentes de seu 
controle, e consente na sua execução ou manutenção, podendo ser vinculado ou discricionário. 
Admissão: é o ato administrativo vinculado pelo qual o Poder Público, verificando a satisfação de todos os requisitos 
legais pelo particular, deferindo-lhe determinada situação jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como 
ocorre no ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso de habilitação. 
Visto: é o ato vinculado pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria Administração ou do administrado, 
aferindo sua legitimidade formal para dar-lhe exeqüibilidade. Não se confunde com as espécies afins porque nestas 
há exame de mérito e em certos casos operam com efeito independente, ao passo que o visto incide sempre sobre 
um ato a n t e r i o r e n ã o a l c a n ç a s e u c o n t e ú d o . 
Homologação: é ato vinculado de controle pelo qual a autoridade superior examina a legalidade e a conveniência 
do ato anterior da própria Administração, de outra entidade, ou de particular, para dar-lhe eficácia. 
Dispensa: é o ato que exime o particular do cumprimento de determinada obrigação até então exigida por lei. Ex: 
A prestação do serviço militar. Normalmente é discricionário. 
Renúncia: é o ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou um direito próprio,

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