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NOVA LEI DE LICITAÇÕES - IMPEDIMENTOS PARA PARTICIPAÇÃO NAS LICITAÇÕES, CONSÓRCIOS E COOPERATIVAS

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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
SUMÁRIO 
 
1. IMPEDIMENTOS PARA PARTICIPAR DAS LICITAÇÕES: ................. 3 
2. CONSÓRCIOS E COOPERATIVAS: ................................................ 8 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .......................................................... 12 
 
 
 
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Este caderno foi elaborado com base nas aulas do curso lançado 
gratuitamente pela PGM Rio sob a direção do professor RAFAEL 
OLIVEIRA. 
Agradecimentos ao grande mestre RAFAEL e a todos os 
palestrantes. 
 
Neste segundo caderno serão expostos os apontamentos do 
professor THIAGO VIOLA. 
 
IMPEDIMENTOS PARA PARTICIPAÇÃO NA 
LICITAÇÕES, CONSÓRCIOS E COOPERATIVAS: 
 
1. IMPEDIMENTOS PARA PARTICIPAR DAS LICITAÇÕES: 
Estão previstos no Art. 9º da Lei 8.666/93: 
Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente, da 
licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento 
de bens a eles necessários: 
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou 
jurídica; 
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela 
elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do 
projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 
5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou 
controlador, responsável técnico ou subcontratado; 
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou 
responsável pela licitação. 
§ 1o É permitida a participação do autor do projeto ou da 
empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de 
obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas 
funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, 
exclusivamente a serviço da Administração interessada. 
§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou 
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de 
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projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço 
previamente fixado pela Administração. 
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do disposto 
neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza 
técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o 
autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou 
responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se 
os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários. 
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos membros da 
comissão de licitação. 
 
No projeto de lei (PL), as hipóteses estão previstas no Art. 14 que assim dispõe: 
Art. 14. Não poderão disputar licitação ou participar da execução de 
contrato, direta ou indiretamente: 
I – autor do anteprojeto, do projeto básico ou do projeto executivo, 
pessoa física ou jurídica, quando a licitação versar sobre obra, serviços ou 
fornecimento de bens a ele relacionados; 
II – empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração 
do projeto básico ou do projeto executivo, ou empresa da qual o autor do 
projeto seja dirigente, gerente, controlador, acionista ou detentor de mais 
de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto, responsável técnico 
ou subcontratado, quando a licitação versar sobre obra, serviços ou 
fornecimento de bens a ela necessários; 
III – pessoa física ou jurídica que se encontre, ao tempo da licitação, 
impossibilitada de participar da licitação em decorrência de sanção que 
lhe foi imposta; 
IV – aquele que mantenha vínculo de natureza técnica, comercial, 
econômica, financeira, trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou 
entidade contratante ou de agente público que desempenhe função na 
licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou que deles 
seja cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, devendo essa proibição constar 
expressamente do edital de licitação; 
V – empresas controladoras, controladas ou coligadas, nos termos da Lei 
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, concorrendo entre si; 
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VI – pessoa física ou jurídica que, nos 5 (cinco) anos anteriores à 
divulgação do edital, tenha sido condenada judicialmente, com trânsito 
em julgado, por exploração de trabalho infantil, por submissão de 
trabalhadores a condições análogas às de escravo ou por contratação de 
adolescentes nos casos vedados pela legislação trabalhista. 
§ 1º O impedimento de que trata o inciso III do caput deste artigo será 
também aplicado ao licitante que atue em substituição a outra pessoa, 
física ou jurídica, com o intuito de burlar a efetividade da sanção a ela 
aplicada, inclusive a sua controladora, controlada ou coligada, desde que 
devidamente comprovado o ilícito ou a utilização fraudulenta da 
personalidade jurídica do licitante. 
§ 2º A critério da Administração e exclusivamente a seu serviço, o autor 
dos projetos e a empresa a que se referem os incisos I e II do caput deste 
artigo poderão participar no apoio das atividades de planejamento da 
contratação, de execução da licitação ou de gestão do contrato, desde 
que sob supervisão exclusiva de agentes públicos do órgão ou entidade. 
§ 3º Equiparam-se aos autores do projeto as empresas integrantes do 
mesmo grupo econômico. 
§ 4º O disposto neste artigo não impede a licitação ou a contratação de 
obra ou serviço que inclua como encargo do contratado a elaboração do 
projeto básico e do projeto executivo, nas contratações integradas, e 
do projeto executivo, nos demais regimes de execução. 
§ 5º Em licitações e contratações realizadas no âmbito de projetos e 
programas parcialmente financiados por agência oficial de cooperação 
estrangeira ou por organismo financeiro internacional com recursos do 
financiamento ou da contrapartida nacional, não poderá participar pessoa 
física ou jurídica que integre o rol de pessoas sancionadas por essas 
entidades ou que seja declarada inidônea nos termos desta Lei. 
 
OBS1: Percebam que a sistemática do impedimento visa sistematizar uma série de 
situações hipotéticas que o legislador já considerou prejudiciais aos princípios licitatórios. 
Assim, o autor do anteprojeto, por exemplo, já possui conhecimento ex ante aos demais 
concorrentes, ou seja, possui uma vantagem fora do comum. 
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Temos aqui uma novidade em relação a Lei 8.666/93 que é a previsão do anteprojeto. 
Assim, prevendo o princípio do planejamento (que já fora estudado), consta agora o 
anteprojeto no PL. O RDC já previa no Art. 9º, mas o PL prevê uma definição legal para 
esse anteprojeto. 
Assim, o PL conceitua anteprojeto como sendo “peça técnica com todos os subsídios 
necessários à elaboração do projeto básico, que deve conter, no mínimo, os seguintes 
elementos: a) demonstração e justificativa do programa de necessidades, avaliação de 
demanda do público-alvo, motivação técnico-econômico-social do empreendimento, visão 
global dos investimentos e definições relacionadas ao nível de serviço desejado; b) condições 
de solidez, de segurança e de durabilidade; c) prazo de entrega; d) estética do projeto 
arquitetônico, traçado geométrico e/ou projeto da área de influência, quando cabível; e) 
parâmetros de adequação ao interesse público, de economia na utilização, de facilidade na 
execução, de impacto ambiental e de acessibilidade; f) proposta de concepção da obra ou do 
serviço de engenharia; g) projetos anteriores ou estudos preliminares que embasaram a 
concepção proposta; h) levantamento topográfico e cadastral; i) pareceres de sondagem; j) 
memorial descritivo dos elementos da edificação, dos componentes construtivos e dos 
materiais de construção, de forma a estabelecer padrões mínimos para a contratação”. 
 
OBS2: A exceção aos incisos é a CONTRATAÇÃO INTEGRADA(Art. 14, §4º), embora 
nunca no caso do autor do anteprojeto. Atente-se, pois isso pode ser um ponto de futura 
cobrança em provas de concurso. 
 
OBS3: No caso do inciso III, importante tratar sobre a amplitude territorial e especial 
das sanções de inidoneidade e de suspensão para licitar. Há três posições: 
 
a) Nas duas sanções os efeitos são restritivos (apenas ao ente sancionador); 
b) A suspensão temporária seria aplicada somente ao ente sancionador, já a de 
inidoneidade abrangeria todos os entes (diferença entre Administração e 
Administração Pública). 
c) Ambos os efeitos se aplicam a todos os entes, aplicando os princípios da moralidade. 
 
O TCU tem alguns precedentes sobre o tema e adota a segunda posição. 
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O STJ sempre tem uma jurisprudência majoritária adotando a terceira posição. 
O PL encampou a posição do TCU, prevendo, no Art. 155, §§4º e 5º que: 
Art. 155. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas 
previstas nesta Lei as seguintes sanções: 
(...) 
III – Impedimento de licitar e contratar; 
IV – Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar. 
(...) 
§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste artigo será aplicada 
ao responsável pelas infrações administrativas previstas nos incisos II, III, 
IV, V, VI e VII do caput do art. 154 desta Lei, quando não se justificar a 
imposição de penalidade mais grave, impedido o responsável de licitar ou 
contratar no âmbito da Administração Pública direta e indireta do 
ente federativo que tiver aplicado a sanção, pelo prazo máximo de 
3 (três) anos. 
§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste artigo será aplicada 
ao responsável pelas infrações administrativas previstas nos incisos VIII, 
IX, X, XI e XII do caput do art. 154 desta Lei, bem como pelas infrações 
administrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do 
referido artigo que justifiquem a imposição de penalidade mais grave, 
impedido o responsável de licitar ou contratar no âmbito da 
Administração Pública direta e indireta de todos os entes 
federativos, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e máximo de 6 (seis) 
anos. 
 
OBS4: O §1º do Art. 14 encampa ainda o entendimento do TCU que entende ser 
possível a desconsideração da personalidade da empresa que atua em fraude para 
substituir aquela que foi sancionada com inidoneidade. O TCU inclusive já estendeu esse 
entendimento a outras hipóteses. 
 
OBS5: Inciso IV: O texto acrescenta as relações de natureza civis. O professor 
aponta que essas previsões gerarão grandes discussões. 
Além disso, o STF já tratou a constitucionalidade de legislações de entes federados que 
traziam novas hipóteses de impedimento não constantes no Art. 9º da Lei 8.666/93. No INFO. 
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668, no RE 423.560, estas normas dos entes federados são CONSTITUCIONAIS. Ficou 
entendido que o Art. 9º não se trata de norma geral. 
Importante ainda ressaltar que o TCU já tinha também interpretações extensivas sobre 
o Art. 9º. Em sentindo contrário, o professor UADI LAMMÊGO BULOS. 
Outro ponto relevante desse inciso é que no caput do dispositivo está previsto as 
hipóteses de participação indireta, mas o PL deixou em aberto o que é essa 
participação indireta. 
 
OBS6: O inciso VI é uma novidade (Atenção a ele). Além de serem hipóteses de 
inabilitação, são agora impedimentos também. 
 
2. CONSÓRCIOS E COOPERATIVAS: 
A participação de consórcio é possibilitada pelo Art. 33 da Lei 8.666/93 desde que 
PREVISTO NO CERTAME. No caso de consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras, a 
liderança sempre caberá à empresa brasileira. 
 
O PL inverte a ordem dessa regra, conforme o Art. 15. Assim, deve estar previsto 
expressamente a vedação à participação dos consórcios e não há mais a previsão que a 
liderança cabe à empresa brasileira. 
Vejamos o Art. 15: 
Art. 15. Salvo vedação devidamente justificada no processo licitatório, 
pessoa jurídica poderá participar de licitação em consórcio, observadas as 
seguintes normas: 
I – comprovação de compromisso público ou particular de constituição de 
consórcio, subscrito pelos consorciados; 
II – indicação de empresa líder do consórcio, que será responsável por 
sua representação perante a Administração; 
III – admissão, para efeito de habilitação técnica, do somatório dos 
quantitativos de cada consorciado e, para efeito de habilitação 
econômico-financeira, do somatório dos valores de cada consorciado; 
IV – impedimento, na mesma licitação, de participação de empresa 
consorciada, isoladamente ou por meio de mais de um consórcio; 
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V – responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em 
consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do contrato. 
§ 1º O edital deverá estabelecer para o consórcio acréscimo de 
10% (dez por cento) a 30% (trinta por cento) sobre o valor 
exigido de licitante individual para a habilitação econômico-
financeira, salvo justificação. 
§ 2º O acréscimo previsto no § 1º deste artigo não se aplica aos 
consórcios compostos, em sua totalidade, de microempresas e pequenas 
empresas, assim definidas em lei. 
§ 3º O licitante vencedor é obrigado a promover, antes da celebração do 
contrato, a constituição e o registro do consórcio, nos termos do 
compromisso referido no inciso I do caput deste artigo. 
§ 4º Desde que haja justificativa técnica aprovada pela autoridade 
competente, o edital de licitação poderá estabelecer limite máximo ao 
número de empresas consorciadas. 
§ 5º A substituição de consorciado deverá ser expressamente autorizada 
pelo órgão ou entidade contratante e condicionada à comprovação de que 
a nova empresa do consórcio possui, no mínimo, os mesmos quantitativos 
para efeito de habilitação técnica e os mesmos valores para efeito de 
qualificação econômico-financeira apresentados pela empresa substituída 
para fins de habilitação do consórcio no processo licitatório que originou 
o contrato. 
 
No caso das cooperativas, o assunto sempre foi mais polêmico na Lei atual (8.666/93). 
Alguns entendem que as cooperativas deteriam vantagens que outras não possuem e isso 
seria inviável quanto à igualdade. 
Para os professores MARÇAL e CARVALHO FILHO, é possível a participação desde que 
o edital equacione esses privilégios, embora, ressalta o professor Thiago, isso seja difícil de 
conseguir aplicar na prática. 
Para o professor RAFAEL, essa participação é plenamente possível, olhando a isonomia 
sob a ótica material e não apenas formal, sendo, portanto, possível a participação já que a 
própria CF deu tratamento diferenciado às cooperativas. 
 
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O TCU tem súmula sobre o tema que entende ser vedada a participação de cooperativa 
em razão da natureza de determinado serviço. 
 
Com o PL, o Art. 16 prevê expressamente a possibilidade de as cooperativas 
participarem dos procedimentos licitatórios: 
Art. 16. Os profissionais organizados sob a forma de cooperativa poderão 
participar de licitação quando: 
I – a constituição e o funcionamento da cooperativa observarem as regras 
estabelecidas na legislação aplicável, em especial a Lei nº 5.764, de 16 
de dezembro de 1971, a Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, e a Lei 
Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009; 
II – a cooperativa apresentar demonstrativo de atuação em regime 
cooperado, com repartição de receitas e despesas entre os cooperados; 
III – qualquer cooperado, com igual qualificação, for capaz de executar o 
objeto contratado, vedado à Administração indicar nominalmente 
pessoas; 
IV - o objeto da licitação referir-se, em se tratando de cooperativas 
enquadradas na Lei nº 12.690, de 19 dejulho de 2012, a serviços 
especializados constantes do objeto social da cooperativa, a serem 
executados de forma complementar à sua atuação. 
 
 
 ATENÇÃO: A Lei 13.979/20 (Lei da Pandemia do COVID-19) prevê expressamente 
a possibilidade de o poder público contratar uma empresa impedida que seja única que pode 
fornecer o bem ou serviço. Vejamos o Art. 4º, §3º: 
Art. 4º É dispensável a licitação para aquisição ou contratação de bens, 
serviços, inclusive de engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento 
da emergência de saúde pública de importância internacional de que trata 
esta Lei. 
§ 3º Na situação excepcional de, comprovadamente, haver uma única 
fornecedora do bem ou prestadora do serviço, será possível a sua 
contratação, independentemente da existência de sanção de 
impedimento ou de suspensão de contratar com o poder público 
 
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O professor THIAGO entende ser adequada essa previsão. Aponta ser importante esse 
experimentalismo para que posteriormente seja formalizada em leis mais avançadas. 
 
 
 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 
 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO E 
CONTRATAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL. LEI ORGÂNICA DO 
MUNICÍPIO DE BRUMADINHO-MG. VEDAÇÃO DE CONTRATAÇÃO COM O 
MUNICÍPIO DE PARENTES DO PREFEITO, VICE-PREFEITO, VEREADORES E 
OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSÃO. CONSTITUCIONALIDADE. 
COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
PROVIDO. A Constituição Federal outorga à União a competência para editar 
normas gerais sobre licitação (art. 22, XXVII) e permite, portanto, que Estados e 
Municípios legislem para complementar as normas gerais e adaptá-las às suas 
realidades. O Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que as 
normas locais sobre licitação devem observar o art. 37, XXI da Constituição, 
assegurando “ a igualdade de condições de todos os concorrentes” . 
Precedentes. Dentro da permissão constitucional para legislar sobre normas 
específicas em matéria de licitação, é de se louvar a iniciativa do Município de 
Brumadinho-MG de tratar, em sua Lei Orgânica, de tema dos mais relevantes em 
nossa pólis, que é a moralidade administrativa, princípio-guia de toda a atividade 
estatal, nos termos do art. 37, caput da Constituição Federal. A proibição de 
contratação com o Município dos parentes, afins ou consanguíneos, do prefeito, 
do vice-prefeito, dos vereadores e dos ocupantes de cargo em comissão ou 
função de confiança, bem como dos servidores e empregados públicos 
municipais, até seis meses após o fim do exercício das respectivas funções, é 
norma que evidentemente homenageia os princípios da impessoalidade e da 
moralidade administrativa, prevenindo eventuais lesões ao interesse público e ao 
patrimônio do Município, sem restringir a competição entre os licitantes. 
Inexistência de ofensa ao princípio da legalidade ou de invasão da competência 
da União para legislar sobre normas gerais de licitação. Recurso extraordinário 
provido (STF - RE: 423560 MG, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de 
Julgamento: 29/05/2012, Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-06-2012).

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