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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
1 
 
LIVRO I 
DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
1- DIFERENÇAS ENTRE OS DIREITOS REAIS E DIREITOS 
OBRIGACIONAIS 
 
a) Quanto ao objeto, os direitos reais incidem sobre uma coisa, enquanto os 
obrigacionais exigem o cumprimento de uma prestação. 
b) Quanto ao sujeito, nos direitos reais o sujeito passivo é indeterminado (são todas 
as pessoas do universo, que devem se abster de molestar o titular), enquanto nos 
direitos pessoais o sujeito passivo é determinado ou determinável. 
c) Quanto à duração, os reais são perpétuos, não se extinguindo pelo não 
uso/exercício, mas somente nos casos expressos em lei (desapropriação, usucapião 
em favor de terceiro etc.), os direitos pessoais são transitórios e se extinguem pelo 
seu cumprimento ou outros meios. 
d) Quanto à formação, os reais só podem ser criados pela lei, sendo seu número 
limitado e regulado por esta (numerus clausus), ao passo que os pessoais podem 
resultar da vontade das partes, sendo ilimitado o número de contratos inominados 
(numerus apertus). 
e) Quanto ao exercício, os reais são exercidos diretamente sobre a coisa, sem 
necessidade da existência de um sujeito passivo, enquanto o exercício dos direitos 
pessoais exige uma figura intermediária, que é o devedor. 
f) Quanto à ação, que pode ser, em se tratando de direitos reais, exercida contra quem 
quer que detenha a coisa, ao passo que a ação pessoal decorrente de direito 
obrigacional é dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito 
passivo. 
 
2- INTRODUÇÃO E CONCEITO DE OBRIGAÇÃO 
 
Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de 
exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. É uma 
relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório que se extingue 
pelo cumprimento, cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível. Rubens 
Limongi França define obrigação como “vínculo jurídico ou de equidade, pelo qual alguém 
está adstrito a, em benefício de outrem, realizar uma prestação”. É o patrimônio do 
devedor que responde por suas obrigações. O patrimônio constitui a garantia do 
adimplemento com que pode contar o credor. 
 
A obrigação deve ser cumprida livre e espontaneamente. Quando tal não ocorre, 
sobrevém o inadimplemento, surgindo aí a responsabilidade. Não se confunde obrigação 
com responsabilidade. Esta só surge se o devedor não cumpre espontaneamente a 
obrigação. A responsabilidade é a consequência jurídica patrimonial do 
descumprimento da relação obrigacional. 
 
Responsabilidade e obrigação podem existir uma sem a outra. Os casos de 
dívidas prescritas e dívidas de jogo constituem exemplos de obrigação sem 
responsabilidade. Como exemplo de responsabilidade sem obrigação pode ser mencionado 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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o caso do fiador, que é responsável pelo débito somente na hipótese de inadimplemento 
pelo afiançado. 
 
3- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO 
 
A obrigação compõe-se de três elementos essenciais: a) subjetivo, relativo aos 
sujeitos ativo e passivo (credor e devedor) b) o vínculo jurídico existente entre eles 
(elemento imaterial, virtual ou espiritual) e c) o objetivo imediato, atinente ao objeto da 
relação jurídica (prestação). 
 
3.1 ELEMENTO SUBJETIVO 
 
Os sujeitos da obrigação podem ser tanto pessoa física quanto jurídica. Devem 
ser determinados ou ao menos determináveis. Se não forem capazes, serão representados 
ou assistidos por seus representantes legais. Pode acontecer de ambas as partes serem 
credor e devedor ao mesmo tempo. Ex.: Compra e venda. 
 
Obs.: Toda obrigação exige sujeito ativo e passivo. Porém, é possível que um dos sujeitos 
só seja conhecido posteriormente (promessa de recompensa ou prêmio). 
 
#O que é indeterminabilidade subjetiva? 
Um dos sujeitos só será conhecido no futuro (pode ser ativa ou passiva). Ex.: Promessa 
de recompensa para quem achar animal de estimação. 
 
IMPORTANTE!!! Toda vez que o contrato for sinalagmático (bilateral), existirão 
obrigações para ambas as partes, que serão credoras e devedoras entre si. Temos, em tal 
situação, a chamada relação jurídica obrigacional complexa. 
 
INTERPRETANDO*** Relação jurídica obrigacional complexa se dá quando o 
contrato prevê obrigação para ambas as partes, configurando, portanto, contratos 
sinalagmáticos ou bilaterais. 
 
3.2 VÍNCULO JURÍDICO 
 
Elemento imaterial (virtual, ideal ou espiritual) é o vínculo jurídico estabelecido 
na relação obrigacional. É o elo que sujeita o devedor à determinada prestação – positiva 
ou negativa –, em favor do credor, constituindo o liame legal que une as partes envolvidas. 
O vínculo jurídico sujeita o devedor a determinada prestação em favor do credor. Divide-
se em débito e responsabilidade. O débito (vínculo espiritual ou pessoal) une o devedor 
ao credor e exige que aquele cumpra pontualmente a obrigação. A responsabilidade 
(vínculo material) confere ao credor não satisfeito o direito de exigir judicialmente do 
devedor o cumprimento da obrigação. 
 
1ª teoria - clássica ou monista: Sustenta que o vínculo entre credor e devedor é um só, 
qual seja, a relação de crédito e débito. Para seus defensores, a responsabilidade civil não 
integra a obrigação (responsabilidade civil é a consequência jurídica e patrimonial do 
descumprimento da obrigação). Segundo Flávio Tartuce, está superada. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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2ª teoria - teoria BINÁRIA ou DUALISTA: De origem alemã, sustenta que a obrigação 
é concebida por uma relação débito/crédito, fazendo surgir, a partir daí, dois vínculos, quais 
sejam: 
 
a) Dever jurídico (schuld/debitum), resultante do crédito-débito, consistindo no dever 
legal de cumprir a obrigação; 
b) Responsabilidade civil (haftung/obligatio), que surge diante do inadimplemento. 
 
Toda obrigação é composta, em um primeiro momento, do dever jurídico de 
espontaneamente dar, fazer ou não fazer o avençado. Diante do descumprimento do dever 
jurídico, surge a responsabilidade civil. 
 
IMPORTANTE!!! O que põe fim à pretensão de exigir o cumprimento da obrigação 
(responsabilidade civil = pretensão) é a prescrição. 
 
#Existe dever jurídico sem responsabilidade civil? 
Sim, a exemplo da dívida de jogo ou dívida já prescrita (obrigações naturais). A 
obrigação natural gera dever jurídico, mas não gera responsabilidade civil (não pode ser 
cobrada em juízo). As obrigações naturais se contrapõem à obrigação civil. 
 
Obs.: Nas obrigações naturais existe a relação débito-crédito, entretanto, o descumprimento 
não gera responsabilidade do devedor (schuld sem haftung). 
 
IMPORTANTE!!! O cumprimento espontâneo da obrigação natural não pode ser 
devolvido (soluto retentio - não há direito de cobrar de volta aquilo que se pagou em dívida 
de jogo. Não há pagamento indevido, o pagamento foi devido, uma vez que existia 
obrigação). 
 
#Pode haver compensação de dívida prescrita com dívida não prescrita? 
Compensação voluntária é acordo, sendo que, a partir do primado da autonomia da vontade 
negocial, pode-se compensar o que quiser. Porém, em se tratando de compensação legal 
(que gera a imposição de compensar), só se pode compensar dívidas líquidas, vencidas 
e exigíveis (não prescritas). Ou seja, se as partes quiserem, como gozam de autonomia da 
vontade, poderão compensar dívida prescrita com dívida exigível. Não será possível, por 
outro lado, que o juiz determine a compensação de dívida exigível com dívida prescrita, 
justamente porque carece de exigibilidade. 
 
#Existe responsabilidade sem dever jurídico? 
Sim. Porexemplo, a fiança. O fiador assume uma responsabilidade, mas a dívida é de outra 
pessoa. O contrato de fiança é celebrado substancialmente entre fiador e credor. Tanto isso 
é verdade que pode ser celebrado sem o consentimento do devedor ou até contra a sua 
vontade (art. 820 do CC). 
 
IMPORTANTE!!! Na desconsideração da personalidade jurídica, temos uma situação 
distinta das situações anteriores, pois não existe responsabilidade subsidiária, mas sim 
responsabilidade secundária. 
 
3.3 ELEMENTO OBJETIVO 
 
É a prestação, a coisa (o conteúdo da obrigação). É sempre uma conduta humana 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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(dar, fazer ou não fazer) e chama-se prestação ou objeto imediato. 
 
IMPORTANTE!!! Objeto direto (imediato) da obrigação é a conduta (dar, fazer, não 
fazer). Objeto indireto (mediato) da obrigação é a coisa, é o bem da vida (objeto da 
prestação). 
 
#Qual é o objeto imediato da prestação? 
Corresponde justamente ao objeto mediato da obrigação, ou seja, a coisa, o bem da vida. 
 
O objeto da obrigação há de ser lícito, possível, determinável ou determinado e 
suscetível de apreciação econômica. 
 
4- FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
 
Fonte de obrigações é o seu elemento gerador, o fato que lhe da origem, de acordo 
com as regras de direito. 
 
O CC considera fontes de obrigações: a) os contratos, b) as declarações 
unilaterais de vontade e c) os atos ilícitos, dolosos e culposos. Há obrigações, 
entretanto, que resultam diretamente da lei, como por exemplo, a de prestar alimentos, 
indenizar danos causados por seus empregados etc. 
 
Pode-se afirmar, pois, que a obrigação resulta da vontade do Estado, por 
intermédio da lei, ou da vontade humana, manifestada no contrato, na declaração 
unilateral ou na prática de um ato ilícito. No primeiro caso a lei é fonte imediata da 
obrigação, no segundo é mediata. 
 
5 – DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE OBRIGAÇÃO, DEVER, 
ÔNUS E DIREITO POTESTATIVO 
 
a) Dever jurídico: contrapõe-se a um direito subjetivo de exigi-lo, constituindo, 
segundo Francisco Amaral, na “situação passiva que se caracteriza pela 
necessidade de o devedor observar um certo comportamento, compatível com o 
interesse do titular do direito subjetivo”. O dever jurídico engloba não só as 
relações obrigacionais ou de direito pessoal, mas também aquelas de natureza real, 
relacionadas com o Direito das Coisas. O dever jurídico, contrapondo-se a direitos 
subjetivos de cunho patrimonial, está relacionado a prazos prescricionais (arts. 205 
e 206 do CC). 
b) Ônus jurídico: Para Orlando Gomes, o ônus jurídico é “a necessidade de agir de 
certo modo para a tutela de interesses próprios”, a exemplo do ônus de levar o 
contrato a registro para valer perante terceiros. Pode-se afirmar, nesse sentido, que 
o desrespeito ao ônus gera consequências somente para aquele que o detém. 
c) Direito potestativo: É aquele que se contrapõe a um estado de sujeição, pois 
encurrala a outra parte. Para Francisco Amaral “direito potestativo é o poder que a 
pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem, sem que este possa fazer algo 
que não se sujeitar. (...) Opera na esfera jurídica de outrem, sem que este tenha 
algum dever a cumprir”. 
 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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TÍTULO I 
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
1- QUANTO AO OBJETO 
 
O CC classifica as obrigações em três tipos quanto ao objeto: obrigação de dar, 
fazer e não fazer. As duas primeiras são positivas, enquanto a terceira é negativa. Todas 
as obrigações que venham a se constituir na vida jurídica compreenderão sempre alguma 
dessas condutas, que resumem o objeto da prestação. 
 
Obs.: Pode ocorrer de a mesma obrigação constituir mais de um tipo. Ex.: Empreitada, que 
se constitui numa obrigação de fazer e de dar. 
 
2- QUANTO AOS SEUS ELEMENTOS 
 
Três são os elementos constitutivos da obrigação: sujeitos, vínculo jurídico e o 
objeto. 
 
Em relação a eles, a obrigação se divide em simples e composta. Obrigações 
simples são as que se apresentam com um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único 
objeto, ou seja, todos os seus elementos no singular. 
 
Para que a obrigação se denomine composta, basta que apenas um de seus 
elementos esteja no plural. A obrigação composta se dá pela multiplicidade de objetos 
(entregar um veículo ou um animal) ou pela multiplicidade de sujeitos. 
 
2.1 OBRIGAÇÃO PLURAL OBJETIVA 
 
Aquela que possui mais de uma prestação pode ser de três tipos: 
 
a) Cumulativa ou conjuntiva: aquela em que o devedor deve cumprir ambas as prestações 
(entregar o carro E a moto). Ligada pela conjunção “E”. 
 
b) Alternativa: o devedor terá que cumprir uma das prestações (entregar o carro OU a 
moto). No silêncio do contrato, quem escolhe é o devedor. 
 
c) Facultativa ou obrigação de faculdade alternativa: possui somente uma prestação, 
acompanhada por uma faculdade a ser cumprida pelo devedor de acordo com a sua opção 
ou conveniência. Como o credor não pode exigir essa faculdade, não havendo dever quanto 
a esta, a obrigação facultativa constitui uma forma de obrigação simples. 
 
IMPORTANTE!!! Na obrigação facultativa existe uma prestação devida, que pode ser 
exigida pelo credor e uma outra, facultativa, que nunca pode (ex.: o devedor deve entregar 
o lápis, mas, se quiser, pode entregar uma caneta). É o devedor que tem a faculdade de 
escolher a outra coisa, ao invés da alternativa que o credor pode lhe exigir. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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IMPORTANTE!!! Diferença entre obrigação alternativa e facultativa. A obrigação 
alternativa extingue-se somente com o perecimento de todos os objetos, e será válida se 
apenas uma das prestações estiver eivada de vício, permanecendo a outra válida e eficaz. 
A obrigação facultativa restará totalmente inválida se houver defeito na obrigação 
principal, mesmo que não haja defeito na facultativa. 
 
IMPORTANTE!!! Portanto, existem dois tipos de obrigações plurais objetivas: a 
alternativa (entregar o carro OU a moto) e a cumulativa (entregar o carro E a moto). A 
facultativa, segundo Tartuce, constitui obrigação simples, já que não há dever quanto à 
prestação facultativa (entregar o carro; PORÉM, SE O DEVEDOR, QUISER pode 
entregar uma moto). 
 
2.2. OBRIGAÇÃO PLURAL SUBJETIVA 
 
Compostas pela multiplicidade de sujeitos. Podem ser: divisíveis, indivisíveis e 
solidárias. 
 
a) Obrigação fracionária: Toda vez que a obrigação for fracionária, deve-se observar se 
a obrigação é divisível ou indivisível. Se for indivisível, apesar de se tratar de obrigação 
fracionária, o credor irá exigir de um dos devedores toda a dívida. 
 
Obrigação divisível é aquela cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos. Nas 
indivisíveis a divisão não é possível. Ambas podem ser ativas ou passivas. 
 
IMPORTANTE!!! A obrigação fracionária indivisível é quase igual à obrigação 
solidária, porque qualquer credor só poderá exigir a prestação por inteiro e qualquer réu 
deverá cumpri-la por inteiro. 
 
Nas obrigações divisíveis, cada credor só tem direito à sua parte, podendo reclamá-
la independentemente da parcela cabível ao(s) outro(s). E cada devedor responde 
exclusivamente pela sua cota. 
 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em 
obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, 
iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
Nas obrigações indivisíveis, cada devedor só deve também a sua cota-parte. Mas 
em razão da indivisibilidade física do objeto, a prestação deve ser cumprida por inteiro. Se 
dois são os credores, um só pode exigir a entrega da prestação, mas somente por serindivisível, devendo prestar contas ao outro credor. 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for 
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito 
do credor em relação aos outros coobrigados. 
 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada 
um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que 
lhe caiba no total. 
 
b) Obrigação solidária: independe da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto da 
prestação, porque resulta da vontade das partes ou da lei. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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b.1) Ativa: entre credores, qualquer dos credores pode exigir a totalidade da prestação, 
não importando se esta é divisível, ou não. 
 
b.2) Passiva: qualquer dos devedores pode ser cobrado sozinho em relação a totalidade 
da prestação, não importando se está é divisível, ou não. 
 
IMPORTANTE!!! Art. 265 do CC: a solidariedade nunca se presume, resulta da LEI 
ou da VONTADE DAS PARTES. Não é porque tem mais de um devedor que serão estes 
devedores solidários. A regra é que as obrigações sejam fracionárias (divisíveis ou 
indivisíveis, ou seja, não-solidárias). 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; RESULTA DA LEI ou da 
VONTADE DAS PARTES. 
 
IMPORTANTE!!! #Qual é a diferença entre obrigação solidária e obrigação 
fracionária com objeto indivisível? 
 
A diferença reside na hipótese de PERDA CULPOSA DA PRESTAÇÃO. Se o boi 
morreu de fome, a obrigação transforma-se em perdas e danos (que será pecuniária e, 
portanto, divisível). Nesse contexto, se a obrigação originária for solidária, continuará 
solidária. Por outro lado, se ela fosse fracionária com objeto indivisível, “morrendo o boi”, 
a obrigação passa a ser fracionária normal, já que se converteu em perdas e danos, que é 
divisível. 
 
O devedor que cumprir sozinho a prestação pode cobrar, regressivamente, a quota-
parte de cada um dos codevedores. 
 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a 
exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se 
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se 
iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. 
 
c) Mista: solidariedade tanto entre credores, como entre os devedores. Qualquer dos 
credores pode exigir de qualquer dos devedores a totalidade da prestação. 
 
3- OBRIGAÇÃO DE MEIO OU DE RESULTADO 
 
a) Obrigação de meio: o devedor promete empregar todos os meios ao seu alcance para a 
obtenção de determinado resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele. Ex.: 
serviços advocatícios. 
 
b) Obrigação de resultado: o devedor dela se exonera somente quando o fim prometido 
é alcançado. Ex.: Transportador e cirurgião plástico. Prevalece, atualmente, que a 
obrigação de resultado dá origem à culpa presumida, no que se refere à responsabilização 
pelo inadimplemento (responsabilidade subjetiva com culpa presumida, que gera inversão 
do ônus da prova – corrente minoritária sustenta se tratar de responsabilidade objetiva). 
 
4- OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS 
 
a) Civis: encontram respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido 
pelo credor por meio de ação. 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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b) Naturais: as inexigíveis judicialmente. O credor não tem o direito de exigir a prestação, 
e o devedor não está obrigado a pagar. Em compensação, se este, voluntariamente, 
efetua o pagamento, não tem direito de repeti-la. São as dívidas prescritas (art. 882) e 
as dívidas de jogo (art. 814). 
 
5- OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO 
E MODAIS OU COM ENCARGO 
 
a) Obrigações puras e simples são as não sujeitas a condição, termo ou encargo. 
 
b) Condicionais são aquelas cujo efeito está subordinado a evento futuro e incerto 
 
c) Nas obrigações a termo o evento está subordinado a um evento futuro e certo. O termo 
pode ser inicial ou final (o intervalo entre o termo inicial e o final é o prazo). 
 
d) As obrigações modais ou com encargo são aquelas oneradas com algum gravame. 
 
IMPORTANTE!!! O encargo ou modo, ao contrário da condição, “não suspende a 
aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio 
jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva” – art. 136 CC. 
 
6- OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E 
PERIÓDICA 
 
Quanto ao momento em que devem ser cumpridas, as obrigações se dividem em: 
 
a) Momentâneas ou de execução instantânea: se consumam num só ato, sendo 
cumpridas imediatamente após sua constituição. Ex.: Compra e venda à vista. 
 
b) De execução diferida: o cumprimento deve ser realizado também em um só ato, mas 
em momento futuro (há a postergação da execução para momento futuro, embora o 
cumprimento se dê por meio de ato singular). 
 
c) Execução continuada ou de trato sucessivo: se cumpre por meios de atos reiterados. 
Ex.: Venda a prazo, em prestações periódicas. 
 
7- OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS 
 
Líquidas são as obrigações certas quanto a sua existência, e determinadas quanto a 
seu objeto. Ilíquida, ao contrário, é a que depende de previa apuração, pois o seu valor 
apresenta-se incerto. 
 
8- OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS 
 
Reciprocamente consideradas, as obrigações se dividem em principais e 
acessórias. As principais subsistem por si, sem depender de qualquer outra. As obrigações 
acessórias têm sua existência subordinada a outra relação jurídica, ou seja, dependem da 
obrigação principal. 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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O princípio de que o acessório segue o principal (princípio da gravitação jurídica), 
foi acolhido pela nossa legislação. Assim, a nulidade da obrigação principal implica a 
da acessória, mas a recíproca não é verdadeira. 
 
9- OBRIGAÇÕES COM CLÁUSULA PENAL 
 
São aquelas em que há a cominação de uma multa ou pena em caso de 
inadimplemento ou de retardamento no cumprimento da obrigação (mora). A cláusula 
penal tem caráter acessório, e sua principal função é servir como meio de coerção. Pode 
ser compensatória, quando estipulada para o caso de total inadimplemento, ou moratória, 
se destinada a garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente evitar 
a mora. 
 
10- OBRIGAÇÕES “PROPTER REM” 
 
As obrigações “propter rem” pertencem à categoria das obrigações híbridas, pois 
constituem um misto de direito pessoal e de direito real, ou seja, se situam entre o direito 
pessoal e real, razão pela qual recebem a denominação de obrigações ambulatórias ou 
ambulatoriais (vinculam-se à titularidade de um direito real, independentemente da 
manifestação de vontade do titular e, por isso, são transmitidas a todos os que lhe 
sucederem em sua posição; são, pois, assumidas “por causa da coisa” – propter rem). São 
incluídas nesta categoria as obrigações com ônus reais e com eficácia real. 
 
 Obrigação “propter rem” é a que recai sobre uma pessoa, por força de 
determinado direito real. Por se transferir a eventuais novos ocupantes do imóvel, é 
também denominada de obrigação ambulatorial. Exemplo clássico: obrigação de pagar 
taxa condominial. É típica obrigação propter rem. Vincula pessoas, credor e devedor e se 
acopla à coisa. Não importa quem seja o dono da coisa, terá que arcar com a dívida 
condominial (ver REsp 846187/SP). 
 
“REsp 846187/SP: (...) 1. As cotas condominiais, porque 
decorrentes da conservação da coisa, situam-se como 
obrigações ‘propter rem’, ou seja, obrigações reais, que 
passam a pesar sobre quem é o titular da coisa; se o direito 
real que a origina é transmitido, as obrigações o seguem, demodo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos 
encargos condominiais contra os proprietários.(...)” 
 
Ônus reais são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo 
direitos reais sobre coisas alheias, oponíveis erga omnes. Segundo Antunes Varela, “a 
diferença prática entre ônus e as obrigações reais, tal como a história do direito as 
modelou, está em que, quanto a estas, o titular só fica vinculado às obrigações constituídas 
na vigência do seu direito, enquanto nos ônus reais o titular da coisa fica obrigado mesmo 
em relação às prestações anteriores, por suceder na titularidade de uma coisa a que está 
visceralmente unida a obrigação (...)”(Código Civil comentado: doutrina e 
jurisprudência. Coordenador Cezar Peluso. 5ª ed. São Paulo: Manole, 2011. p. 1.396-
1.397)”. Ex.: Renda constituída sobre um imóvel. 
 
Obs.: Não se deve confundir a obrigação propter rem com a obrigação com eficácia real. 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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 A obrigação com eficácia real é aquela obrigação comum levada a registro e que 
passa a ter efeitos erga omnes, como se fosse um direito real. Não é um direito real, mas 
gera efeitos reais porque foi levada a registro. Para tanto, deve haver previsão na lei. Não 
basta registrar o contrato no cartório. O registro vai gerar efeitos erga omnes, mas não 
transmudará a natureza da obrigação. 
 
 Ex.: Art. 8º da Lei do Inquilinato, Lei 8.245/91. 
 
Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá 
denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, 
salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver 
cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à 
matrícula do imóvel. 
 
“Quando o legislador resolve proteger certas relações oriundas de contratos da 
interferência de terceiros, confere à obrigação uma eficácia real que é alcançada pelo 
registro (sempre o imobiliário e não o de títulos e documentos). Nessa hipótese, assim 
como naquela do art. 31, registrado o contrato, terceiros que venham a adquirir o imóvel 
devem respeitar a obrigação, durante o decurso de prazo (...). De qualquer modo, o 
registro confere uma eficácia limitada erga omnes que só é possível porque a lei delineia 
um direito real a um vínculo obrigacional. Por esse registro, autorizado pela lei, contraria-
se o princípio da relatividade das convenções, segundo o qual só vincula as partes 
contratantes. O novo titular do domínio deve respeitar o prazo do contrato de locação, do 
qual não fez parte.” (VENOSA, Silvio de Salvo. Lei do inquilinato comentada: doutrina e 
prática. Lei nº 8.245, de 18-10-1991. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, págs. 70) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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CAPÍTULO I 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR 
SEÇÃO I 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA 
 
 
1- CONTEÚDO E EXTENSÃO 
 
Quanto ao objeto a obrigação se classifica em: obrigação de dar, fazer e não fazer. 
A obrigação de dar se divide em: obrigação de dar coisa certa e de dar coisa incerta. Na 
primeira, obriga-se o devedor a dar coisa individualizada, móvel ou imóvel, que se 
distingue por características próprias. 
 
Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa, quando móvel, mediante a entrega ou 
restituição. Estes dois atos podem ser resumidos em uma só palavra: TRADIÇÃO. Como 
no direito o contrato por si só não gera o domínio, mas apenas gera a obrigação de entregar 
a coisa alienada, enquanto não ocorrer a tradição, a coisa continuará pertencendo ao 
devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no 
preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação” (art. 237 CC). 
Também os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes (237, 
parágrafo único, do CC). 
 
Regras da obrigação de dar coisa certa: 
 
1ª REGRA: O acessório segue o principal (a tampa segue a caneta). Tal regra vale no 
silêncio do contrato. Se as partes estipularem, posso vender uma caneta sem a tampa. 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa ABRANGE os acessórios 
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou 
das circunstâncias do caso. 
 
IMPORTANTE!!! As pertenças, embora sejam bens acessórios, não seguem o 
principal (se eu vendo minha casa, não se pressupõe que vendo minha TV, minhas roupas 
junto). 
 
EXCEÇÕES: (pertenças que seguem o principal) 
 
✓ Previsão em lei ou contrato; 
✓ Pertenças essenciais (aquelas que são essenciais à natureza do negócio – pertenças 
que tenham natureza essencial). Ex.: poltronas e tela de projeção em se tratando da 
venda de uma sala de cinema. 
 
2ª REGRA: o credor não pode ser obrigado a receber coisa diversa, ainda que mais 
valiosa. Caso concorde em receber coisa diversa, tem-se dação em pagamento. 
 
3ª REGRA: o credor não é obrigado a receber parte da dívida, se assim não se ajustou 
(art. 314 do CC). 
 
➢ Obrigação de RESTITUIR 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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É aquela em que o devedor tem a obrigação de restituir coisa que não lhe pertence. 
 
Como regra, a perda ou deterioração da coisa por caso fortuito ou força maior 
(assalto ou enchente), quando não há culpa do devedor, portanto, se resolve sem o dever 
indenização. 
 
Obs.: O credor pode cobrar os direitos existentes até o dia da perda (ex.: aluguéis devidos). 
 
Art. 238. Se a obrigação for de RESTITUIR coisa certa, e esta, sem 
culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, 
e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da 
perda. 
 
IMPORTANTE!!! O aluguel de carro segue essa regra, de forma que a perda/deterioração 
do carro sem culpa não gera direito à indenização (deve pagar apenas o aluguel devido até 
o dia da perda). Então, se o carro que a Maria alugou for roubado, não deverá a locatária 
qualquer indenização à locadora, ressalvado o pagamento dos aluguéis devidos até o dia 
do roubo. 
 
Como res perit domino (a coisa perece para o dono), a locadora, proprietária do 
veículo, suportará a perda do bem. 
 
Se o inadimplemento for culposo, o devedor deve perdas e danos. 
 
2- PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA (DESCUMPRIMENTO 
DA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA E RESTITUIR) 
 
Perecimento se traduz na perda total da coisa, enquanto a deterioração significa a 
perda parcial. 
 
No caso de perecimento e deterioração da coisa antes da tradição, é preciso 
primeiramente verificar se o fato ocorreu com culpa ou sem culpa do devedor. 
 
1ª HIPÓTESE - Perda da coisa sem culpa: a obrigação fica resolvida para ambas as 
partes. Se o comprador já tivesse adiantado o dinheiro, o vendedor devolve o dinheiro (res 
perit domino, ou seja, a coisa perece para o dono). O vendedor suporta a perda nessa 
situação (porque a venda só se aperfeiçoa com a tradição/registro). A situação retorna ao 
status quo ante. 
 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa 
do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, 
fica resolvida a obrigação para ambas as partes; (1ª parte) 
 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do 
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a 
obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
 
2ª HIPÓTESE - Perda da coisa com culpa: acarreta a responsabilidade pelo pagamento 
de perdas e danos. Nesse caso, havendo o perecimento do objeto, tem o credor o direito a 
receber o equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos comprovadas, tanto na obrigação 
de entregar como nade restituir. 
 
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Art. 234 (2ª parte) se a perda resultar de culpa do devedor, 
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. 
 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este 
pelo equivalente, mais perdas e danos. 
 
3ª HIPÓTESE - Deterioração da coisa sem culpa: o credor pode optar em considerar 
extinta a obrigação (resolve-se o negócio) ou permanecer com o negócio com abatimento 
do preço. Na obrigação de restituir, receberá o credor a coisa no estado em que se 
encontra, sem direito a indenização. 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá 
o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu 
preço o valor que perdeu. 
 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, 
recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por 
culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
 
4ª HIPÓTESE - Deterioração da coisa com culpa: o credor tem opção de reclamar 
apenas a satisfação das perdas e danos, ou ficar com a coisa e receber perdas e danos 
(reduzidos, por óbvio). As alternativas deixadas ao credor são as mesmas do art. 235 CC, 
mas com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e danos. 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o 
credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o 
valor que perdeu. 
 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o 
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito 
a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e 
danos. 
 
Na obrigação de restituir, observar-se-ão as mesmas regras, ou seja, o credor poderá 
exigir o equivalente em dinheiro mais perdas e danos. 
 
Art. 240 (2ª parte) se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo 
equivalente, mais perdas e danos. 
 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, 
recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por 
culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SEÇÃO II 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA 
 
Dispõe o art. 243 CC: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela 
quantidade.” Falta apenas determinar, portanto, sua QUALIDADE. 
 
Obrigação de dar coisa incerta é aquela que consiste na entrega de um objeto 
determinável. Ainda não está individualizado. Este objeto deve, ao menos, conter indicação 
do gênero (feijão) e quantidade (10 sacas), restando a identificação ou individualização 
da qualidade (???) posteriormente. Ex.: Entregar 10 sacas de feijão (que feijão? O preto? 
O carioquinha?). 
 
1ª REGRA: após a concentração/escolha, a obrigação transforma-se em dar coisa 
certa, uma vez que o bem é individualizado na concentração. 
 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na 
Seção antecedente (obrigação de dar coisa certa). 
 
IMPORTANTE!!! No silêncio do contrato, quem escolhe é o devedor (as disposições do 
CC conferem ao devedor, em regra, a escolha nas hipóteses em que não houver disposição 
diversa). 
 
2ª REGRA: IMPORTANTE!!! Princípio do meio termo, “o devedor não pode dar a 
coisa pior, nem pode ser obrigado a dar a melhor”. 
 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a 
escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da 
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a 
prestar a melhor. 
 
IMPORTANTE!!! Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou 
deterioração da coisa, AINDA QUE POR FORÇA MAIOR OU CASO FORTUITO, 
POIS O GÊNERO NUNCA PERECE. 
 
3ª REGRA: descumprimento da obrigação de dar coisa incerta. 
 
Regra, o generun nunquam perit (o gênero nunca perece). 
 
✓ 1ª Hipótese - Sem culpa: se não tinha havido ainda a concentração, o devedor 
entrega outra coisa do mesmo gênero e quantidade (não tem como perecer). 
 
✓ 2ª hipótese - Com culpa: se não tinha havido concentração, o devedor entrega outra 
coisa do mesmo gênero e quantidade (não tem como perecer). 
 
IMPORTANTE!!! Obrigação quase genérica: com gênero limitado. Ex.: Dar uma das 
50 vacas filhas do boi bandido. Quando o gênero for limitado (vacas filhas do boi bandido, 
vinho da safra de 1867), se houver perda do gênero (todas as vacas morreram, todas as 
garrafas se quebraram) a responsabilidade é igual a de dar coisa certa. 
 
- Sem culpa: extingue a obrigação. 
- Com culpa: perdas e danos. 
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CAPÍTULO II 
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER 
 
 
1- ESPÉCIES 
 
Consiste em uma atividade (ação), que não a entrega de algo (ex.: fazer). A 
prestação consiste em atos ou serviços a serem executados pelo devedor. 
 
Pode ser: 
 
a) Fungível: substituível, não há exigência de que o credor cumpra pessoalmente a 
obrigação, não se trata de ato cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor. 
 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor 
mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, 
sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar 
executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
b) Infungível: insubstituível. Gera obrigação personalíssima, de forma que quem deve 
prestar a obrigação é uma pessoa determinada. 
 
Descumprimento da obrigação. 
 
✓ 1ª Hipótese - Sem culpa: extingue a obrigação, seja fungível ou infungível. Ex.: 
Show do Bartucada em Guarapari. Quebra do ônibus. Evento imprevisível. Caso 
fortuito. Extingue-se a obrigação sem indenização devida. 
 
✓ 2ª Hipótese - Com culpa: 
 
a) Na obrigação fungível, pode demandar exigindo a satisfação da obrigação de fazer a 
coisa à custa do devedor (sem prejuízo da indenização cabível) ou, não interessando mais 
a obrigação de fazer, poderá o credor requerer sua conversão em perdas e danos. 
 
b) Se a obrigação for infungível, só pode processar exigindo o cumprimento da obrigação 
de fazer, por meio de tutela específica, com a possibilidade de multa ou astreintes (art. 497 
do CPC/15). Flávio Tartuce defende, ainda, que, não interessando mais a obrigação de 
fazer, poderá o credor exigir perdas e danos (art. 247 do CC). 
 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor 
que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do 
devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por 
perdas e danos. 
 
Em caso de recusa do devedor de cumprir a prestação, aplica-se o art. 247 CC 
(perdas e danos). 
 
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Obs.: Se o credor aceitou que terceiro prestasse a obrigação infungível, não poderá 
reclamar perdas e danos, uma vez que aceitou o credor a alteração da obrigação (infungível 
tornada fungível). Contudo, se a aceitação se deu por ocasião da recusa ou mora do 
devedor, o fato poderá ser executado por terceiro, às custas do devedor, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 249 do CC). 
 
IMPORTANTE!!! Quando o credor não tinha outra opção que não aceitar a coisa, poderá 
exigir perdas e danos (ex.: contratação de Caetano Veloso para casamento e no dia da 
cerimônia comparece um imitador contratado e enviado pelo artista– nesse caso, ao credor 
só restará aceitar a imposição, sob pena de ficar sem música na cerimônia, razão pela qual 
poderá exigir indenização, mesmo tendo aceitado). 
 
IMPORTANTE!!! Atualmente a regra quanto ao descumprimento da obrigação de 
fazer ou não fazer é a da execução especifica, sendo EXCEÇÃO a resolução em perdas 
e danos. 
 
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de 
não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica 
ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela 
pelo resultado prático equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a 
inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua 
remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da 
existência de culpa ou dolo. 
 
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se 
o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção 
de tutela pelo resultado prático equivalente. 
 
Em caso de obrigação de fazer fungível, que pode ser executada por terceiro, “será 
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem 
prejuízo da indenização cabível (art. 249 CC).” Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo 
depois ressarcido (art. 249, parágrafo único, do CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO III 
DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
 
 
A obrigação de não fazer, ou negativa, impõe ao devedor um dever de abstenção: 
o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não se houvesse obrigado. Se 
praticarem o ato que se obrigaram a não fazer, tornar-se-ão inadimplentes. 
 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o 
credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, 
ressarcindo o culpado perdas e danos. 
 
Ou o devedor desfaz pessoalmente o ato, ou poderá vê-lo desfeito por terceiro, por 
determinação judicial, pagando ainda perdas e danos. Sempre haverá o pagamento de 
perdas e danos em caso de inadimplemento. 
 
Dispõe o art. 250 que “extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa 
do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.” O 
parágrafo único do art. 251 ainda preceitua que “em caso de urgência, poderá o credor 
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo 
do ressarcimento devido”. 
 
A obrigação de não fazer pode ser: 
 
a) Obrigação transeunte: aquela que descumprida é extinta, ou seja, não permanece no 
tempo (ex.: não causar dano – causado o dano, extinta restará a obrigação; ex.: revelar 
segredo industrial). 
 
a.1) Descumprimento da obrigação transeunte: 
 
✓ 1ª hipótese - sem culpa: a obrigação é extinta 
 
✓ 2ª hipótese - com culpa: perdas e danos (sejam patrimoniais ou morais). 
 
b) Obrigação permanente: aquela que se prolonga no tempo (ex.: servidão; não construir 
acima de determinada altura). 
 
b.1) Descumprimento da obrigação permanente: 
 
✓ 1ª hipótese - sem culpa: a obrigação permanece (pode exigir o desfazimento), 
porém não há direito à indenização. 
 
✓ 2ª hipótese - com culpa: pode exigir o desfazimento acrescido de perdas e danos. 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO IV 
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
 
 
1- CONCEITO 
 
 A obrigação alternativa é composta pela multiplicidade de objetos. Tem por 
conteúdo duas ou mais prestações, das quais somente uma será escolhida para 
pagamento ao credor e liberação do devedor. Os objetos são ligados pela conjunção 
disjuntiva “OU”. Difere-se da cumulativa, em que também há uma pluralidade de 
prestações, mas todas devem ser solvidas. 
 
IMPORTANTE!!! Difere-se também da obrigação de dar coisa incerta. Nessa a 
escolha recai sobre a qualidade do único objeto existente, na obrigação alternativa a 
escolha recai sobre um dos objetos in obligatione. Ademais, a obrigação alternativa é 
obrigação composta (com duas ou mais prestações), enquanto a obrigação de dar coisa 
incerta é obrigação simples, com apenas uma obrigação e objeto determinável. 
 
2- DIREITO DE ESCOLHA 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, A ESCOLHA CABE AO 
DEVEDOR, se outra coisa não se estipulou. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma 
prestação e parte em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de 
opção poderá ser exercida em cada período. 
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo 
unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado 
para a deliberação. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder 
exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
O direito de escolha cabe ao devedor se outra coisa não se estipulou. Se 
conferida a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a 
escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
Cientificada a escolha, ocorre a concentração, ficando determinado de modo 
definitivo, sem possibilidade de retratação unilateral, o objeto da obrigação. 
 
O credor NÃO pode ser obrigado a receber parte em uma prestação e parte em 
outra. O devedor deve uma OU outra. 
 
Obs.: Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser 
exercida em cada período (nesse caso: o devedor se obriga a entregar, todo mês, arroz ou 
feijão ao credor. Poderá, portanto, entregar arroz no primeiro mês, feijão no segundo, ou 
seja, poderá escolher a prestação que dará em cada mês) 
 
3- IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES 
 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação 
ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
 
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Trata-se de impossibilidade material. Se a impossibilidade for jurídica, por ilicitude 
de um objeto (praticar crime), toda a obrigação fica contaminada de nulidade, sendo 
inexigíveis ambas as prestações. 
 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma 
das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele 
obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais 
as perdas e danos que o caso determinar. 
 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e UMA das prestações 
tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de 
exigir a prestação subsistente OU o valor da outra, com perdas e 
danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem 
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das 
duas, além da indenização por perdas e danos. 
 
No caso do art. 255, o credor não é obrigado a ficar com o objeto remanescente, 
pois a escolha era dele. 
 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do 
devedor, extinguir-se-á a obrigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO V 
DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
 
 
1- CONCEITO 
 
As obrigações divisíveis e indivisíveis são compostas pela pluralidade de sujeitos. 
 
Obrigações divisíveis são aquelas em que o objeto pode ser dividido entre os 
sujeitos, o que não ocorre com as indivisíveis. É licito afirmar que a divisibilidade ou não 
de uma prestação confunde-se com a de seu objeto. 
 
Art. 258.A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto 
uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por 
motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do 
negócio jurídico. 
 
A indivisibilidade decorre da natureza da coisa (indivisibilidade natural), por 
vontade das partes (indivisibilidade intelectual) e judicial (ex.: obrigação de indenizar que 
deve ser paga por inteiro à mãe, embora o pai não pleiteie). 
 
2- DIVISIBILIDADE E INDIVISIBILIDADE NAS OBRIGAÇÕES DE 
DAR, FAZER E NÃO FAZER 
 
A obrigação de dar será divisível ou indivisível dependendo de seu objeto. 
 
A obrigação de fazer algumas vezes pode ser divisível e outras não. Por exemplo, 
a obrigação de fazer uma estátua é indivisível, mas será divisível se o escultor for 
contratado para fazer 10 estátuas, entregando uma a cada dez dias. 
 
As obrigações negativas, de não fazer, são em regra geral indivisíveis. 
 
3- EFEITOS DA INDIVISIBILIDADE E DIVISIBILIDADE 
 
Se a obrigação for DIVISÍVEL, cada devedor só deve a sua quota-parte. A 
insolvência de um não aumentará a quota dos demais. Havendo vários credores e um só 
devedor, cada credor receberá somente a sua parte. 
 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em 
obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, 
iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
Quando a obrigação for indivisível, e houver pluralidade de devedores, cada um 
será obrigado pela dívida toda. Mas somente porque o objeto não pode ser dividido. O que 
paga a dívida dispõe de ação regressiva contra os outros coobrigados. 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for 
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito 
do credor em relação aos outros coobrigados. 
 
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Proclama o art. 260 que se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes 
exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
 
De acordo com o art. 261, “se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a 
cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no 
total.” 
 
Dispõe o art. 262, “se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará 
extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor 
remitente. Esse mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação 
ou confusão.” 
 
IMPORTANTE!!! Segundo o art. 263, “perde a qualidade de indivisível a obrigação 
que se resolver em perdas e danos (ou seja, com culpa do devedor)”. No lugar do objeto 
desaparecido o devedor entregará seu equivalente em dinheiro mais perdas e danos. O 
objeto transformado em dinheiro pode agora ser dividido. Se houver culpa de todos os 
devedores, responderão todos por partes iguais (§1º). Como a culpa é pessoal, se for de 
um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. 
(§ 2o). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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CAPÍTULO VI 
DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
 
 
1- DISPOSIÇÕES GERAIS E CONCEITO 
 
Obrigação solidária é aquela em que, havendo vários devedores, cada um 
responde pela dívida inteira, como se fosse o único devedor. Se a pluralidade for de 
credores, pode qualquer deles exigir a prestação integral, como se fosse o único credor. 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais 
de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou 
obrigado, à dívida toda. 
 
IMPORTANTE!!! A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das 
partes. 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da LEI ou da 
VONTADE DAS PARTES. 
 
IMPORTANTE: A solidariedade obrigacional constitui regra no Código de Defesa do 
Consumidor, ao contrário do que ocorre na atual codificação civil, em que constitui 
exceção. Consta do art. 7º, parágrafo único, do CDC: “tendo mais de um autor a ofensa, 
todos responderão solidariamente pela reparação de danos previstos nas normas de 
consumo”. Esse comando consumerista, segundo doutrina especializada, traz uma 
presunção de solidariedade contratual. 
 
Dispõe o art. 266 CC que a “obrigação solidária pode ser pura e simples para 
um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar 
diferente, para o outro.” 
 
2- CARACTERÍSTICAS 
 
a) Pluralidade de credores ou de devedores, ou de uns e de outros (ativa, passiva ou 
mista). 
b) Integralidade da prestação: qualquer credor pode exigi-la integralmente e qualquer 
devedor responde pela dívida toda. 
c) Corresponsabilidade dos interessados: o devedor que solve pode reaver dos demais as 
quotas de cada um. O credor que recebe sozinho deve prestar contas perante os demais 
credores pelas quotas de cada um. 
 
3- DIFERENÇA ENTRE SOLIDARIEDADE E INDIVISIBILIDADE 
 
A solidariedade assemelha-se com a indivisibilidade em um único aspecto: em 
ambos os casos o credor pode exigir de um só dos devedores o pagamento da totalidade do 
objeto devido. 
 
Diferem-se, no entanto pelas seguintes razões: 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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a) Se cada devedor solidário pode ser compelido a pagar sozinho a dívida por inteiro, tal 
fato se dá por ser devedor do todo. Nas obrigações indivisíveis, contudo, o codevedor só 
deve a sua cota parte. Se pode ser compelido ao pagamento da totalidade do objeto é porque 
não se pode fracioná-lo. 
 
b) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 
 
Art. 263. PERDE A QUALIDADE DE INDIVISÍVEL a obrigação 
que se resolver em perdas e danos. 
 
Na solidariedade, entretanto, isso não ocorre, pois cada devedor continuará 
responsável pelo pagamento integral do equivalente em dinheiro do objeto perecido. 
 
4- SOLIDARIEDADE ATIVA 
 
Dispõe o art. 267: “Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor 
o cumprimento da prestação por inteiro.” O devedor libera-se pagando a qualquer um dos 
credores, que por sua vez, pagará aos demais a quota de cada um. 
 
De acordo com o art. 268, enquanto alguns dos credores solidários não demandarem 
o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Cessa esse direito, porém, se 
um deles já ingressou em juízo com ação de cobrança, pois só a ele o pagamento pode ser 
efetuado. 
 
Proclama o art. 269: “O pagamento feito a um dos credores solidários extingue 
a dívida até o montante do que foi pago.” Se também um dos credores nova, compensa, 
remite ou transige, com isso exonera o devedor do pagamento aos demais sujeitos ativos. 
 
IMPORTANTE!!! Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um 
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu 
quinhão hereditário, SALVO se a obrigação for indivisível. Os herdeiros do credor 
solidário não podem, assim, exigir a totalidade do crédito, mas apenas a própria cota no 
crédito solidário de que o falecido era titular, juntamente com os outros credores. Mas, se 
este deixou um único herdeiro, se todos os herdeiros agirem conjuntamente ou se 
indivisível o objeto da obrigação, a prestação poderá ser exigida por inteiro. 
 
IMPORTANTE!!! Dispõe o art. 271 que convertendo-se a prestação em perdas e 
danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. 
 
O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aosoutros 
pela parte que lhes caiba, podendo ser compelido em ação regressiva por estes movida (art. 
272 CC). 
 
De acordo com o art. 273: 
 
Art. 273. A um dos credores solidários NÃO pode o devedor opor as 
exceções pessoais oponíveis aos outros. 
 
Obs.: art. 274 CC – modificado pelo CPC/15. 
 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários NÃO 
atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar 
em relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 
2015) 
 
5- SOLIDARIEDADE PASSIVA 
 
5.1 CONCEITO 
 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos 
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver 
sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados 
solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. NÃO importará renúncia da solidariedade a 
propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 
 
IMPORTANTE: Caso ocorra pagamento parcial da dívida, todos os devedores restantes, 
após se descontar a parte de quem pagou, continuam responsáveis pela dívida inteira. 
Assim sendo, ocorrendo o pagamento parcial de R$ 10.000,00 pelo devedor B, mesmo ele 
poderá ser demandado pelo restante (R$ 20.000,00). Dentro dessa ideia, na IV Jornada de 
Direito Civil, foi aprovado o Enunciado n. 348 do CJF/STJ, prevendo que “O pagamento 
parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos termos 
expressos da quitação ou, inequivocadamente, das circunstâncias do recebimento da 
prestação pelo credor”. 
 
IMPORTANTE: Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276 do CC traz regra 
específica envolvendo a morte de um dos devedores solidários. No caso de falecimento de 
um deles cessa a solidariedade em relação aos sucessores do de cujus, uma vez que os 
herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de seus quinhões 
correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita 
pelo comando, porquanto todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor 
em relação aos demais devedores. 
 
5.2 EFEITOS 
 
 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada 
entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a 
posição dos outros sem consentimento destes. 
 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores 
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; 
MAS PELAS PERDAS E DANOS SÓ RESPONDE O CULPADO. 
 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos JUROS DA MORA, 
ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado 
responde aos outros pela obrigação acrescida. 
 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que 
lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as 
exceções pessoais a outro co-devedor. 
 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, 
de alguns ou de todos os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais 
devedores, subsistirá a dos demais. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1068
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1068
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Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a 
exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se 
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se 
iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. 
 
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão 
também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que 
na obrigação incumbia ao insolvente. 
 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos 
devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TÍTULO II 
DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
CAPÍTULO I 
DA CESSÃO DE CRÉDITO 
 
 
1- CESSÃO DO CRÉDITO 
 
Conceito: É o ato negocial bilateral por meio do qual o credor transfere seu crédito 
a outro credor, mantendo-se a mesma relação obrigacional. 
 
IMPORTANTE!!! É importante observar que a cessão de crédito NÃO modifica a relação 
obrigacional. 
 
Há uma substituição do polo ativo. 
 
O credor que transfere seus direitos se denomina cedente. O terceiro a quem são 
eles transmitidos, investindo-se na sua titularidade, é o cessionário. O terceiro personagem, 
o devedor ou cedido, não participa necessariamente da cessão, QUE PODE SER 
REALIZADA SEM A SUA ANUÊNCIA. 
 
O cedente há de ser pessoa capaz e legitimada a praticar atos de alienação. 
 
IMPORTANTE!!! A cessão de crédito não se confunde com a cessão de contrato, em 
que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira posição contratual do cedente. Ex.: 
transferência a terceiro, feita pelo promitente comprador, de sua posição no compromisso 
de compra e venda. 
 
IMPORTANTE!!! A cessão de crédito distingue-se também da novação subjetiva 
ativa. Nesta, além da substituição do credor, ocorre a extinção da obrigação anterior, 
substituída por novo crédito. Na cessão subsiste o crédito antigo, que é transmitido ao 
cessionário com TODOS OS ACESSÓRIOS. 
 
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito 
ABRANGEM-SE TODOS OS SEUS ACESSÓRIOS. 
 
IMPORTANTE!!! Não se confunde também com sub-rogação legal. O sub-rogado 
(aquele que assume o polo ativo da relação obrigacional) não pode exercer os direitos e 
ações do credor além dos limites desembolsados, não tendo, pois, caráter especulativo. 
 
A cessão de crédito pode ser gratuita ou onerosa. 
 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza 
da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da 
cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do 
instrumento da obrigação. 
 
A regra é que sempre cabe cessão de crédito, salvo se ocorrerem algumas 
circunstâncias impeditivas (o que pode se dar por convenção das partes, pela natureza do 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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crédito, a exemplo do crédito alimentar, ou pela lei, a exemplo do disposto no art. 1.749, 
III, do CC). 
 
IMPORTANTE!!! A convenção que proíbe a cessão (pacto de non cedendo) deve ser 
escrita e estar inscrita no título obrigacional. 
 
À luz do princípio da boa-fé objetiva, e como decorrência do dever de informação, 
nos termos do art. 290 do CC, o devedor deve ser “notificado” da cessão feita, sob pena 
de não surtir efeitos em face dele. 
 
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, 
senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor 
que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. 
 
Vale lembrar, a teor dos art. 292 e 294, que a notificação é importante para que 
o devedor saiba a quem pagar, bem como possa defender-se em face do novo credor 
(oposição de exceções). A notificação pode ser judicial ou extrajudicial. Qualquer 
interessado pode fazer a notificação. Entretanto, o maior interessado em notificar é o 
cessionário, pois de acordo com o art. 292, “fica desobrigado o devedor que, antes de 
ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo.” 
 
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes deter conhecimento 
da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma 
cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de 
cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura 
pública, prevalecerá a prioridade da notificação. 
 
Obs.: O devedor deve ser apenas comunicado, revelando-se desnecessário que ele 
concorde com a cessão. 
 
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe 
competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter 
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. 
 
IMPORTANTE!!! O devedor vai poder opor ao novo credor as defesas que tinha 
contra o credor originário desde que, no momento em que notificado da cessão, 
oponha as exceções pessoais que tiver contra o cedente. (ex.: prescrição, coação). Se 
nesse momento não opuser essas exceções, não mais poderá arguir em face do cessionário 
as exceções que eram cabíveis contra o cedente. 
 
Já as exceções oponíveis diretamente contra o cessionário (exceções pessoais contra 
o cessionário) podem ser arguidas a todo tempo. 
 
Em regra, a cessão convencional não exige forma especial para valer entre as partes, 
salvo se tiver por objeto direitos em que a escritura pública seja da substância do ato. 
Entretanto, PARA VALER CONTRA TERCEIROS, o art. 288 CC exige “instrumento 
público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654”. 
 
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração 
mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura 
do outorgante. 
§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde 
foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes 
conferidos. 
§ 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a 
procuração traga a firma reconhecida. 
 
IMPORTANTE!!! Quanto à responsabilidade pelo crédito cedido, a regra geral do 
direito brasileiro, nos termos dos artigos 295 a 297, se dá no sentido de que o cedente 
garante e responde pela EXISTÊNCIA do crédito (cessão pro soluto); no entanto, em 
caráter excepcional, nada impede que se convencione também que o cedente garantirá 
e responderá também pela SOLVÊNCIA do devedor (cessão pro solvendo). Se ficar 
estipulado que o cedente responde pela solvência do devedor, sua responsabilidade limitar-
se-á ao que recebeu do cessionário, com os respectivos juros mais as despesas com a cessão 
e as efetuadas com a cobrança. 
 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se 
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela EXISTÊNCIA 
DO CRÉDITO ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade 
lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, O CEDENTE NÃO 
RESPONDE PELA SOLVÊNCIA DO DEVEDOR. 
 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do 
devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os 
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que 
o cessionário houver feito com a cobrança. 
 
2- CESSÃO DE DÉBITO OU ASSUNÇÃO DE DÍVIDA 
 
Na cessão de débito, o devedor, com EXPRESSO CONSENTIMENTO do 
credor, transfere a sua dívida, mantendo-se a mesma relação obrigacional. 
 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o 
CONSENTIMENTO EXPRESSO DO CREDOR, ficando 
exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, 
era insolvente e o credor o ignorava. 
 
Há uma mudança no polo passivo, mantendo-se a obrigação. 
 
IMPORTANTE!!! Na cessão de débito (assunção de dívida) o silêncio não significa 
consentimento (quem cala aqui, não consente). O consentimento do credor deve ser 
EXPRESSO. 
 
Obs.: Como regra, o devedor originário é excluído da relação obrigacional. O devedor 
primitivo poderá reassumir a dívida, caso o novo devedor seja insolvente e o credor o 
ignore. 
 
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, 
consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias 
especiais por ele originariamente dadas ao credor. 
 
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se 
o débito, com todas as suas garantias, SALVO as garantias prestadas 
por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a 
obrigação. 
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Art. 302. O novo devedor NÃO pode opor ao credor as exceções 
pessoais que competiam ao devedor primitivo. 
 
Ex.: O devedor novo não pode dizer que o devedor antigo foi coagido, ou agiu em erro, ou 
que era incapaz. 
 
IMPORTANTE: O enunciado 16 da I Jornada de Direito Civil do CJF tem a seguinte 
redação: “o art. 299 do CC não exclui a possibilidade de assunção cumulativa da dívida 
quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com concordância do 
credor”. Pelo teor do enunciado, são possíveis duas situações, a título de assunção 
cumulativa: dois novos devedores responsabilizam-se pela dívida; o antigo devedor 
continua responsável, em conjunto com o novo devedor. 
 
IMPORTANTE: A assunção de dívida pode ocorrer por expromissão do devedor 
originário, que não tomará parte nessa operação, na qual terceira pessoa assumirá 
espontaneamente o débito de outra (a assunção por expromissão pode ser liberatória – 
quando o devedor originário se exonera da obrigação – e cumulativa, quando o 
expromitente entra na relação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo, nos 
termos do enunciado 16 do CJF/STJ). 
 
3- CESSÃO DE CONTRATO/CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL 
 
O CC brasileiro não trata da cessão de posição contratual. 
 
Conceito: trata-se do ato jurídico negocial, por meio do qual uma das partes do 
contrato (cedente) transfere a sua própria posição (incluindo créditos e débitos) a um 
terceiro (cessionário), COM A ANUÊNCIA DA OUTRA PARTE. 
 
Obs.: A doutrina que melhor explica a cessão de contrato, é a teoria unitária, defendida por 
autores como Pontes de Miranda e Antunes Varella, no sentido de que a cessão de contrato 
não deve ser fragmentada, traduzindo uma transferência única e global da posição no 
contrato. 
 
Silvio Rodrigues lembra que alguns tipos de contrato, frequentemente são objetos 
de cessão (ex.: locação, empreitada, financiamento). 
 
Na cessão de posição contratual se transferem de uma só vez os direitos e deveres 
da parte. 
 
IMPORTANTE!!! Como regra, a outra parte deve autorizar, para que a cessão de posição 
contratual seja válida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TÍTULO III 
DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS 
OBRIGAÇÕES 
CAPÍTULO I 
DO PAGAMENTO 
 
 
1- NOÇÕES E ESPÉCIES DE PAGAMENTO 
 
Pagamento é o mesmo que adimplemento. Pagamento é o cumprimento de 
qualquer tipo de obrigação, não só a de pagar em dinheiro. Ex.: pintor entrega o quadro 
encomendado. 
 
O pagamento pode ser direto (exato cumprimento da prestação acordada) ou 
indireto (extinção da obrigação de forma diferente do que foi acordado – ex.: dação em 
pagamento, novação etc.). 
 
A obrigação ainda pode se extinguir por meios anormais, isto é, sem pagamento, 
como nos casos de impossibilidade de execução sem culpa do devedor. 
 
2- NATUREZA JURÍDICA E REQUISITOS DE VALIDADE 
 
Predomina na doutrina o entendimento de que o pagamento tem natureza 
contratual. Corresponde a um contrato, por também resultar de um acordo de vontades, 
estando sujeito a todas as suas normas. Para outros o pagamento é um ato jurídico. 
 
Obs.: A correnteque mais agrada é a de que pagamento é um ato jurídico, porque de fato 
seus efeitos advêm da lei e já são conhecidos de todos pela própria definição do que vem 
a ser pagamento (aquilo que leva à extinção da obrigação). 
 
Lembrar!!! No ato jurídico, os efeitos produzidos advêm da lei (reconhecimento de 
filho). Ao contrário, no negócio jurídico os efeitos produzidos são os determinados pelas 
partes (contratos). 
 
Para o pagamento produzir seu principal efeito, que é o de extinguir a obrigação, 
devem estar presentes seus requisitos essenciais de validade. São eles: 
 
a) Existência do vínculo obrigacional: se este não existe, não há o que pagar. Qualquer 
pagamento será então indevido, obrigando a restituição por parte de quem o recebeu. 
 
b) Cumprimento da prestação: de acordo com o art. 304 do CC, qualquer interessado 
na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes 
à exoneração do devedor. 
 
c) Animus solvendi: manifestação da vontade livre. Se o sujeito foi coagido a pagar, esse 
pagamento não é válido. Deve ter a intenção de pagar. 
 
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Obs.: O credor deve usar as vias ordinárias de cobrança (ação de cobrança). Não é porque 
ostenta um crédito que poderá o credor fazer o que quiser para cobrá-lo. 
 
d) Sujeito ativo do pagamento: quem paga é o solvens ou pagador. É o devedor da 
obrigação. 
 
e) Sujeito passivo do pagamento: quem recebe é o accipiens. É o credor da obrigação. 
 
3- DE QUEM DEVE PAGAR 
 
Art. 304. QUALQUER INTERESSADO na extinção da dívida pode 
pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à 
exoneração do devedor. 
 
O principal interessado na solução da dívida, a quem compete o dever de pagá-la, 
é o devedor. 
 
IMPORTANTE!!! Só se considera interessado quem tem INTERESSE JURÍDICO 
na extinção da dívida, isto é, quem está vinculado ao contrato, como o fiador, o avalista, 
o solidariamente obrigado etc. 
 
Entretanto, não somente o devedor ou o terceiro interessado que podem efetuar o 
pagamento. Pode fazê-lo também, o terceiro não interessado, que, apesar de não ter 
interesse jurídico na solução da dívida, tem outro tipo de interesse tais como o moral, a 
amizade etc. 
 
Art. 304. Parágrafo único. Igual direito cabe ao TERCEIRO NÃO 
INTERESSADO, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo 
oposição deste. 
 
#O terceiro não interessado pode cobrar aquilo que pagou? 
O art. 305 anuncia que o terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio 
nome tem direito a reembolsar-se do que pagar, porém não há sub-rogação. A sub-
rogação alcança apenas o terceiro interessado que efetua o pagamento. 
 
Art. 305. O TERCEIRO NÃO INTERESSADO, que paga a dívida 
em SEU PRÓPRIO NOME, tem direito a reembolsar-se do que 
pagar; mas NÃO SE SUB-ROGA nos direitos do credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito 
ao reembolso no vencimento. 
 
Por outro lado, se o terceiro paga em nome do devedor, não há sub-rogação e 
não há, também, reembolso. Entende-se que, neste caso, quis fazer uma liberalidade, uma 
doação, sem qualquer direito a reembolso. Em caso de dúvidas, prevalece a premissa 
segundo a qual o terceiro pagou em seu próprio nome, uma vez que os atos de liberalidade 
não admitem interpretação extensiva (art. 114 do CC). 
 
#O terceiro não interessado pode provocar o pagamento (por meio da consignação)? 
Se tentar pagar em nome próprio, ele não pode consignar (o credor pode se recusar a 
receber). Por outro lado, se pagar em nome do devedor, ele pode consignar. O credor não 
pode recusar o pagamento. 
 
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Por outro lado, é inoperante a oposição do devedor ao pagamento de sua dívida por 
terceiro não interessado, se o credor desejar receber. Só há um meio de ele evitar esse 
pagamento: é o próprio devedor antecipar-se. 
 
De acordo com o art. 306 do CC, o pagamento feito por terceiro, com 
desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se 
o devedor tinha meios para ilidir a ação. Ex.: Arguição de prescrição, decadência, 
compensação etc. O terceiro só terá direito ao reembolso até a importância que 
realmente aproveite ao devedor. 
 
Prescreve o art. 307: 
 
Art. 307 Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da 
propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele 
consistiu. 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá 
mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que 
o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 
 
De acordo com o parágrafo único do art. 307, só resta ao verdadeiro proprietário 
voltar-se contra quem a entregou indevidamente. 
 
4- DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR 
 
O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, ou 
ainda aos sucessores daquele, sob pena de não extinguir a obrigação. Considera-se 
válido o pagamento a terceiro se for ratificado pelo credor ou se se reverter em seu proveito 
(apesar do art. 308 se referir à validade, o pagamento é resolvido no plano da eficácia, de 
forma que não produzirá efeitos em relação ao credor). 
 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o 
represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto 
quanto reverter em seu proveito. 
 
O art. 311 considera autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo 
se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante, pois não se descarta a 
possibilidade de o título ter sido extraviado ou furtado o recibo. 
 
Dispõe o art. 309, “o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo (aquele que 
aparentemente tem poderes para receber) é válido, ainda provado depois que não era 
credor.” Ex.: Locador aparente que se intitula proprietário do imóvel e o aluga a outro. Ao 
verdadeiro credor só resta voltar-se contra o credor putativo. 
 
IMPORTANTE: É válido o pagamento de indenização do Seguro DPVAT aos pais - e 
não ao filho - do de cujus no caso em que os genitores, apresentando-se como únicos 
herdeiros, entregaram os documentos exigidos pela Lei nº 6.194/74 para o aludido 
pagamento (art. 5º, § 1º), dentre os quais certidão de óbito que afirmava que o falecido era 
solteiro e não tinha filhos. STJ. 3ª Turma. REsp 1601533-MG, Rel. Min. João Otávio de 
Noronha, julgado em 14/6/2016 (Info 585). Assim, pela aplicação da teoria da aparência, 
é válido o pagamento realizado de boa-fé a credor putativo. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
33 
 
Obs.: Se houver dúvida, deve ser feita a consignação em pagamento. Lembrar, ainda, que 
o termo putativo está ligado à boa-fé. 
 
De acordo com o art. 310, não vale o pagamento cientemente feito ao credor 
incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente 
reverteu. A quitação reclama capacidade e sem ela o pagamento não vale. No entanto, 
provado que se reverteu em proveito do incapaz, cessa a razão da ineficácia. 
 
IMPORTANTE!!! Hipótese em que o pagamento feito ao verdadeiro credor não valerá. 
 
Art. 312 Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da 
penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por 
terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão 
constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso 
contra o credor. 
 
5- DO OBJETO DO PAGAMENTO 
 
O objeto do pagamento é sua prestação. 
 
Obs.: Distingue-se dívida em dinheiro de dívida de valor. Na dívida em dinheiro o objeto 
da prestação é o próprio dinheiro. Quando, no entanto, o dinheiro não constitui o objetoda 
prestação, mas apenas representa seu valor, diz-se que a dívida é de valor. 
 
Obs.: A obrigação de indenizar, decorrente da prática de um ato ilícito constitui dívida de 
valor. 
 
 De acordo com o art. 315 da codificação material privada, as dívidas em dinheiro 
(obrigações pecuniárias) devem ser pagas em moeda nacional corrente e pelo valor nominal 
(princípio do nominalismo). Essa é a regra geral para os pagamentos em pecúnia, em 
dinheiro. O dispositivo trata da dívida em dinheiro. Há, ainda, a dívida de valor, aquela 
que, embora paga em dinheiro, procura atender ao verdadeiro valor do objeto da prestação, 
incorporando as variações que possa sofrer para mais ou para menos. Como exemplos de 
dívidas de valor, podem ser citados os salários, as pensões em geral, os aluguéis, as 
prestações alimentares, os valores devidos a título de financiamento, todos sujeitos à 
correção monetária. 
 
 Para se evitar os efeitos da inflação, foi prática muito comum empregada pelos 
credores a aplicação de índices de correção monetária que podiam ser aplicados sem limite 
temporal. Dessa forma, confirmando a legislação anterior, enuncia o art. 316 do atual 
Código Civil que é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas, a 
que se dá o nome de cláusula de escala móvel ou cláusula de escalonamento. Eis aqui o 
dispositivo que demonstra a essência da dívida de valor. 
 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da 
que lhe é devida, ainda que mais valiosa. 
 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, 
não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, 
por partes, se assim não se ajustou. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em 
moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos 
subseqüentes. 
 
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o 
pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, 
suportará este a despesa acrescida. 
 
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, 
entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da 
execução. 
 
6- DA PROVA DO PAGAMENTO 
 
Pagamento não se presume. Prova-se pela regular quitação fornecida pelo 
credor. O devedor tem o direito de exigir a quitação, podendo reter o pagamento e consigná-
lo se não lhe for dada. 
 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode 
reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o 
pagamento, ou dar quitação na devida forma; 
 
Os requisitos que na quitação devem constar se encontram no art. 320. 
 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento 
particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do 
devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com 
a assinatura do credor, ou do seu representante. (escrita) 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo 
valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver 
sido paga a dívida. 
 
A quitação deverá ser dada por escrito público ou particular. E ainda que sem os 
referidos requisitos, valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar 
haver sido paga a dívida. 
 
O CC estabelece três presunções que facilitam a prova do pagamento dispensando 
a quitação: 
 
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, 
perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração 
do credor que inutilize o título desaparecido. 
 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação 
da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem 
solvidas as anteriores. 
 
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes 
presumem-se pagos. 
 
Dispõe o art. 322 que quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação 
da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as 
anteriores. Parte do princípio de que não é natural o credor receber a última prestação sem 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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haver recebido as anteriores. Essa presunção é relativa, admitindo-se prova em contrário. 
Outra presunção relativa é a do art. 323, referente aos juros. 
 
Dispõe o art. 324: 
 
Art. 324 A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. 
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor 
provar, em sessenta dias, a falta do pagamento. 
 
7- DO LUGAR DO PAGAMENTO 
 
Dispõe o art. 327 do CC: 
 
Art. 327 Efetuar-se-á o pagamento no DOMICÍLIO DO DEVEDOR, 
salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário 
resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. 
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao 
CREDOR escolher entre eles. 
 
E de acordo com o art. 329, ocorrendo motivo grave para que se não efetue o 
pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o 
credor. 
 
A regra geral, portanto, é que o pagamento seja feito no DOMICILIO DO 
DEVEDOR, a não ser que as partes estipulem lugar diverso para o pagamento. Neste caso, 
diz que a dívida é “quérable” (quesível). No caso de silêncio, aplica-se a regra geral. A 
obrigação será “portable” (portável) quando se estipular, por força do instrumento 
negocial ou pela natureza da obrigação, que o local do cumprimento da obrigação será o 
domicílio do credor. Eventualmente, também receberá esta denominação a obrigação cujo 
pagamento deva ocorrer no domicílio de terceiro. 
 
Obs.: De acordo com o CC, dívida relativa a imóvel se paga no local onde esse é situado. 
 
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em 
prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem. 
 
IMPORTANTE!!! De acordo com o art. 330, se o credor concorda, reiteradamente em 
receber a prestação em local diverso, ocorrerá renúncia ao direito de receber no local 
previsto no contrato (supressio). 
 
Obs.: Supressio é a supressão de um direito pelo não exercício reiterado em determinado 
lapso de tempo. É um dos conceitos parcelares da boa-fé objetiva (eticidade), assim como 
a surrectio (ao mesmo tempo em que o credor perde um direito pela supressão – supressio 
– surge um direito a favor do devedor, por meio da surreição ou surgimento). 
 
8- TEMPO DO PAGAMENTO 
 
O pagamento não pode ser exigido antes do prazo estipulado, salvo nos casos em 
que a lei determina o pagamento antecipado. Não pode o credor reclamar o pagamento 
no último dia do prazo, pois o devedor dispõe desse dia por inteiro. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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As obrigações puras, com estipulação de data para o pagamento, devem ser solvidas 
nessa ocasião, sob pena de inadimplemento e constituição do devedor em mora. A falta de 
pagamento constitui o devedor em mora de pleno direito, segundo a máxima “dies 
interpellat pro homine”, ou seja, não há necessidade de interpelação ou notificação do 
devedor, pois a chegada do vencimento corresponde a uma interpelação. 
 
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu 
termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. 
 
A regra de que a obrigação deve ser cumprida no vencimento não é absoluta, 
sofrendo duas exceções: 
 
1ª) Antecipação do vencimento. Art. 333 CC: 
 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de 
vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: 
I - no CASODE FALÊNCIA do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em 
execução por outro credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do 
débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a 
reforçá-las. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, 
solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros 
devedores solventes. 
 
2ª) Pagamento antecipado quando o prazo tiver sido estabelecido em favor do 
devedor. Nos contratos, o prazo se presume estabelecido em favor do devedor. Desse 
modo, pode o devedor antecipar o pagamento. Mas se o prazo for estipulado em favor do 
credor, pode este recusar o recebimento antecipado do pagamento. 
 
IMPORTANTE!!! Nos contratos regidos pelo CDC, o credor é obrigado a receber o 
pagamento com redução proporcional dos juros (art. 57, §2º). 
 
De acordo com o art. 331, salvo disposição legal em contrário, não tendo sido 
ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. 
 
IMPORTANTE!!! Não havendo prazo avençado, é necessário que o devedor seja 
informado do propósito do credor de receber, uma vez que, nas obrigações sem estipulação 
de prazo para o seu cumprimento, a mora do devedor só começa depois da interpelação 
judicial ou extrajudicial. 
 
Art. 397. 
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante 
interpelação judicial ou extrajudicial. 
 
De acordo com o art. 134 CC, nem sempre os atos sem prazo são exequíveis desde 
logo, ou desde que feita a interpelação, pois há hipóteses em que a execução deverá ser 
feita em lugar diverso ou depender de tempo. 
 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis 
desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou 
depender de tempo. 
 
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Proclama o art. 332 que as obrigações condicionais cumprem-se na data do 
implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. 
Este dispositivo se refere à condição suspensiva, pois a resolutiva não impede a aquisição 
do direito desde logo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO II 
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO 
 
 
1- CONCEITO 
 
Conceito: É a faculdade que o devedor tem de depositar em juízo (ou em 
estabelecimento bancário) o valor ante a recusa ao recebimento por parte do credor, dúvida 
quanto a quem pagar ou dificuldade em pagar. Tem por objetivo de liberar o devedor da 
obrigação. É meio indireto de pagamento. Pagar é um dever e também um direito do 
devedor. Tem natureza declaratória. 
 
A consignação é instituto de direito material e processual. O CC menciona as 
hipóteses e o CPC o modo de fazê-lo. 
 
A consignação pode ser judicial ou extrajudicial. 
 
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito 
judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e 
forma legais. 
 
2- FATOS QUE AUTORIZAM A CONSIGNAÇÃO 
 
O rol do art. 335 é “numerus abertus”. Rol exemplificativo. 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, 
ou dar quitação na devida forma; (recusa injusta) 
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e 
condição devidos; (caso de dívida quesível) 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, 
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do 
pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
 
3- REQUISITOS DE VALIDADE 
 
Preceitua o art. 336 do CC que, “Para que a consignação tenha força de pagamento, 
será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos 
sem os quais não é válido o pagamento.” Deve ser feito pelo devedor em relação ao 
verdadeiro credor sob pena de não valer, salvo se ratificado por ele ou se reverter em seu 
proveito. (art. 304 e 308 CC) 
 
Quanto ao objeto, exige-se a integralidade do depósito. O modo e o tempo será o 
convencionado no contrato (não poderá pagar de modo diverso e em tempo diverso do que 
foi estipulado no contrato). A mora do devedor não impede a consignação se ainda não 
provocou consequências irreversíveis, ou seja, se a mora for relativa (não será cabível nas 
hipóteses de mora absoluta). 
 
4- REGULAMENTAÇÃO 
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Proclama o art. 337: O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, 
tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado 
improcedente. Sendo quesível a dívida (regra geral), o pagamento efetua-se no 
domicilio do devedor; sendo portável, no domicilio do credor. 
 
Os artigos 341 e 342 dizem: 
 
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser 
entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para 
vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada. 
 
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, 
será ele cito para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser 
depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, 
proceder-se-á como no artigo antecedente. 
 
De acordo com os arts. 338 e 339, enquanto o credor não declarar que aceita o 
depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as 
respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de direito. E 
julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor 
consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. Procura-se resguardar o 
interesse destes últimos, pois a procedência da ação extingue a obrigação, acarretando 
a exoneração dos devedores solidários. 
 
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o 
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as 
respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as 
conseqüências de direito. 
 
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-
lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores 
e fiadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO III 
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO 
 
 
1- CONCEITO E ESPÉCIES 
 
Sub-rogação é a substituição de uma pessoa (pessoal), ou de uma coisa (real), por 
outra pessoa ou por outra coisa, em uma relação jurídica. 
 
IMPORTANTE!!! A sub-rogação constitui uma EXCEÇÃO à regra de que o 
pagamento extingue a obrigação. A sub-rogação promove apenas uma ALTERAÇÃO 
SUBJETIVA da obrigação, mudando apenas o credor. A extinção obrigacional ocorre 
apenas em relação ao credor, que fica satisfeito. Nada se altera para o devedor, que deverá 
pagar ao terceiro sub-rogado no crédito. 
 
O efeito translativo pode advir da vontade das partes (convencional, art. 347) ou da 
lei (legal, art. 346) 
 
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de PLENO DIREITO, em favor: 
I - do credor que paga a dívida do devedor comum; 
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor 
hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não 
ser privado de direito sobre imóvel; 
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podiaser obrigado, no todo ou em parte. 
 
Art. 347. A sub-rogação é CONVENCIONAL: 
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe 
transfere todos os seus direitos; (espécie de cessão de crédito) 
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para 
solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado 
nos direitos do credor satisfeito. 
 
IMPORTANTE!!! Terceiro interessado é o que pode ter seu patrimônio afetado caso a 
dívida, pela qual também se obrigou, não seja paga. Sub-roga-se automaticamente nos 
direitos do credor. 
 
IMPORTANTE!!! O TERCEIRO NÃO INTERESSADO que paga a dívida em seu 
próprio nome NÃO se sub-roga nos direitos do credor, mas tem o direito de ser 
reembolsado. Se o terceiro não interessado pagar a dívida em nome do devedor, esse 
pagamento é considerado mera liberalidade, um favor, não havendo direito ao 
reembolso. 
 
2- EFEITOS 
 
#Quais são os principais efeitos do pagamento com sub-rogação? 
Efeito liberatório (libera o credor primitivo) e translativo (transferência dos direitos do 
credor primitivo para quem pagou). 
 
IMPORTANTE!!! O terceiro que se sub-rogou não recebe só o crédito, RECEBE 
TAMBÉM PRIVILÉGIOS, AÇÕES E GARANTIAS EXISTENTES (isso em se 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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tratando da sub-rogação legal, uma vez que, em se tratando de sub-rogação 
convencional, as partes podem estipular o que será transferido). 
 
IMPORTANTE!!! Portanto, na sub-rogação legal o efeito translativo não se opera só 
sobre o crédito, mas sim sobre todos os direitos do credor primitivo. 
 
#Existe limite na sub-rogação convencional? 
Na sub-rogação legal, quem pagou só se sub-roga na quantia que desembolsou (art. 
350). Na sub-rogação convencional a doutrina tem aplicado por analogia o art. 350. 
 
Art. 350. Na sub-rogação legal (e na convencional, por analogia) o 
sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até 
à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. 
 
IMPORTANTE!!! Na cessão de crédito não existe esse limite. Na cessão de crédito, 
que tem natureza especulativa, um sujeito pode comprar um crédito cujo valor 
corresponda a 100 por 50, caso em que poderá cobrar os 100. Isso não ocorre na sub-
rogação. 
 
IMPORTANTE!!! O pagamento com sub-rogação também não se confunde com a 
novação subjetiva, por lhe faltar o animus novandi. 
 
Dispõe o art. 351: “O credor originário, só em parte reembolsado, terá 
preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não 
chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.” Assim o credor 
originário terá preferência em relação ao credor sub-rogado, pois este, por ter efetuado o 
pagamento parcial, se sub-rogou apenas em parte do crédito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO IV 
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO 
 
 
1- CONCEITO 
 
A imputação do pagamento consiste na indicação ou determinação da dívida a 
ser quitada, quando uma pessoa se encontra obrigada por dois ou mais débitos da mesma 
natureza, a um só credor, e efetua pagamento insuficiente para saldar todas elas. 
 
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da MESMA 
NATUREZA, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles 
oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. 
 
Esse direito sofre, entretanto, algumas limitações: 
 
a) O devedor NÃO pode imputar pagamento em dívida ainda não vencida se o prazo se 
estabeleceu em benefício do credor (CC art. 133). A imputação do pagamento em dívida 
não vencida não se fará sem o consentimento do credor. 
b) O devedor não pode imputar o pagamento de dívida cujo montante seja superior ao valor 
ofertado (art. 314 CC). 
c) O devedor não pode, ainda, pretender que o pagamento seja imputado no capital, quando 
há juros vencidos, “salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por 
conta do capital”. 
 
2- REQUISITOS 
 
a) pluralidade de obrigações 
b) identidade de credor e devedor 
c) fungibilidade entre as prestações (mesma natureza) 
d) dívidas devem ser LÍQUIDAS (certa quanto à sua existência e determinada quanto ao 
seu objeto) e VENCIDAS (exigível). 
e) suficiência da prestação para quitar pelo menos uma dívida pretendida. 
 
#No silêncio do contrato, a quem cabe a escolha da imputação? 
No silêncio, quem escolhe qual dívida está sendo paga é o devedor. Caso ele não impute, 
quem escolhe é o credor. 
 
De acordo com o art. 353 do CC, “se o devedor não imputou, a escolha cabe ao 
credor; se o devedor aceitar a quitação de uma delas, não poderá mais reclamar, a não ser 
se provar violência ou dolo.” 
 
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e 
vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não 
terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando 
haver ele cometido violência ou dolo. 
 
Obs.: a interpretação do art. 353 deve ser restritiva, não abrangendo os demais vícios. 
 
Se nem o devedor nem o credor imputaram, quem escolhe é a lei (arts. 354 e 355). 
 
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Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro 
nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, 
ou se o credor passar a quitação por conta do capital. 
 
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for 
omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas 
em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao 
mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. 
 
1º) Paga-se a que VENCEU PRIMEIRO. 
2º) Se as dívidas venceram ao mesmo tempo, paga-se a MAIS ONEROSA (não é 
necessariamente a mais cara, é a mais onerosa. Ex.: a que rende juros mais alto). 
3º) Havendo dívida de capital e juros, o pagamento IMPUTAR-SE-Á PRIMEIRO NOS 
JUROS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO V 
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO 
 
 
1- CONCEITO 
 
A dação em pagamento é um acordo de vontade entre credor e devedor, por meio 
do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida, prestação 
diversa da que lhe é devida. É forma de pagamento indireto em que há um acordo 
privado entre os sujeitos da relação obrigacional (é necessário consentimento 
expresso do credor, o que caracteriza o instituto como um negócio jurídico bilateral). 
 
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que 
lhe é devida. 
 
IMPORTANTE!!! Não confundir com a novação, por meio da qual se cria nova dívida 
(não se tem pagamento propriamente dito na novação). 
 
A dação em pagamento pode ocorrer em qualquer tipo de obrigação (dar, fazer e 
não fazer), e não somente na de dar. Pode inclusive misturá-las. 
 
IMPORTANTE!!! Art. 359 do CC: Se ocorrer evicção quanto ao bem dado em dação, 
restaura-se a obrigação primitiva. 
 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, 
restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação 
dada, ressalvados os direitos de terceiros. 
 
Dispõe o art. 358 que se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a 
transferência importará em cessão. Nesse caso, o fato deverá ser notificado ao cedido (art. 
290 CC). 
 
Prescreve ainda o art. 357 que determinado o preço da coisa dada em pagamento, 
as relaçõesentre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
45 
 
CAPÍTULO VI 
DA NOVAÇÃO 
 
 
1- CONCEITO E REQUISITOS 
 
Novação é a criação de uma obrigação nova com o intuito de extinguir a 
obrigação primitiva. É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a 
primeira. Traduz forma de pagamento indireto que tem por principal efeito extinguir a 
dívida primitiva, com todos os acessórios e garantias, sempre que não houver estipulação 
em contrário (art. 364 do CC). 
 
IMPORTANTE!!! A novação não produz, como o pagamento, a satisfação imediata do 
crédito, sendo um modo extintivo não obrigatório. NÃO EXISTE, PORTANTO, 
NOVAÇÃO LEGAL. Toda novação decorre de manifestação de vontade, ou seja, tem 
natureza contratual. 
 
São requisitos da novação: 
 
a) Existência de obrigação anterior. É necessário que seja válida a obrigação a ser 
novada. A obrigação simplesmente anulável pode ser confirmada pela novação. 
 
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser 
objeto de novação obrigações nulas ou extintas. 
 
b) Criação de obrigação nova substancialmente distinta da primitiva (mera 
renegociação de dívida não é novação). 
 
Obs.: Se a nova obrigação for nula, a novação será ineficaz, subsistindo a obrigação 
primitiva. Se a nova obrigação for anulável, e essa vier a ser anulada, se restabelece a 
obrigação primitiva. 
 
Portanto, desfeita a obrigação nova, a anterior não desaparece (será, por outro 
lado, restaurada/restabelecida). 
 
c) Animus novandi (intenção de novar). A intenção de novar deve resultar de modo claro 
e inequívoco das circunstâncias que envolvem a estipulação, UMA VEZ QUE A 
NOVAÇÃO IMPORTA RENÚNCIA AO CRÉDITO E AOS DIREITOS 
ACESSÓRIOS QUE O ACOMPANHAM. Na dúvida, a novação não se presume. 
 
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas 
inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira. 
 
IMPORTANTE: O ânimo de novar pode ser expresso ou mesmo tácito, mas sempre 
inequívoco. Não havendo tal elemento imaterial ou subjetivo, a segunda obrigação 
simplesmente confirma a primeira. 
 
Obs.: As obrigações condicionais poderão ser novadas, podendo a nova obrigação daí 
resultante ser pura e simples ou condicional. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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2- ESPÉCIES 
 
Tipos de novação: 
 
a) Novação objetiva: aquela em que há alteração da prestação (não confundir com dação 
em pagamento). A novação objetiva (ou real) é forma de pagamento indireto por 
substituição da dívida, gerando a extinção de todos os acessórios. Havendo evicção da coisa 
dada, a prestação primitiva, em tais casos, não revive. Por outro lado, a dação em 
pagamento não gera extinção dos acessórios e, no caso de perda da coisa dada, retornará a 
prestação primitiva. 
 
b) Novação subjetiva: pode ocorrer nos dois polos da demanda (ativa ou passiva). Na 
novação subjetiva ativa não há responsabilidade do antigo credor pela existência do 
crédito nem pela solvência do devedor, SALVO MÁ-FÉ. São requisitos da novação 
subjetiva ativa: o consentimento do devedor perante o novo credor, o consentimento do 
antigo credor que renuncia ao crédito e a anuência do novo credor que aceita a promessa 
do devedor. Na novação subjetiva passiva ocorre a substituição do devedor. Se o novo 
devedor for insolvente, não terá o credor que o aceitou ação regressiva contra o primeiro, 
salvo se este obteve de má-fé a substituição. 
 
Art. 360. Dá-se a novação: 
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e 
substituir a anterior; (objetiva) 
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o 
credor; (subjetiva passiva) 
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao 
antigo, ficando o devedor quite com este. (subjetiva ativa) 
 
#O devedor que saiu, na novação subjetiva passiva, precisa consentir? 
Não necessariamente. Ter em mente que a novação subjetiva passiva pode ser por 
delegação (com consentimento do devedor primitivo, pois é ele que indicará uma terceira 
pessoa para assumir o seu débito, havendo concordância do credor) ou por expromissão 
(sem o consentimento do antigo devedor, mas com o consentimento do credor). 
 
Art. 362. A NOVAÇÃO por substituição do devedor pode ser 
efetuada independentemente de consentimento deste (NOVAÇÃO 
SUBJETIVA POR EXPROMISSÃO). 
 
A insolvência do novo devedor corre por conta e risco do credor, que o aceitou. 
Não tem direito à ação regressiva contra o antigo devedor, até porque o principal 
objetivo da novação é extinguir a dívida anterior. Entretanto, a ação regressiva é cabível 
no CASO DE MÁ FÉ (o devedor esconde maliciosamente a insolvência do novo devedor). 
 
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o 
aceitou, ação regressiva contra o primeiro, SALVO se este obteve 
por má-fé a substituição. 
 
De acordo com o art. 365, “operada a novação entre o credor e um dos devedores 
solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as 
preferências e garantias do crédito novado.” Ou seja, operada a novação entre o credor e 
apenas um dos devedores solidários, os demais, que não contraíram a nova obrigação, 
ficam por este fato exonerados. Extinta a obrigação antiga, extingue-se também a 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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solidariedade, que só se manterá se for convencionada na última obrigação. Da mesma 
forma “importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor 
principal.” 
 
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu 
consenso com o devedor principal. 
 
4- EFEITOS 
 
a) O principal efeito consiste na extinção da primitiva obrigação, substituída por 
outra. 
 
b) A NOVAÇÃO EXTINGUE OS ACESSÓRIOS E GARANTIAS DA DÍVIDA, 
sempre que não houver estipulação em contrário. 
 
Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, 
sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, 
contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se 
os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte 
na novação. 
 
c) A nova obrigação não tem nenhuma vinculação com a anterior, senão a de uma 
força extintiva. 
 
IMPORTANTE: Em 2017, publicou-se a afirmação de número 10 na Edição n. 83 da 
ferramenta Jurisprudência em Teses do STJ, segundo a qual, “é possível a revisão de 
contratos bancários extintos, novados ou quitados, ainda que em sede de embargos à 
execução, de maneira a viabilizar, assim, o afastamento de eventuais ilegalidades, as quais 
não se convalescem” (Direito Bancário). Como precedentes, são citados, entre outros: Ag. 
Int. no REsp. 1.634.568/PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3.ª Turma, j. 09.03.2017, 
DJE 22.03.2017; Ag. Int. no REsp 1.224.012/SP, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, j. 
22.11.2016, DJE 12.12.2016 e REsp 1.412.662/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª 
Turma, j. 01.09.2016, DJE 28.09.2016). Trata-se, pois, de relativização da regra 
segundo a qual a nova obrigação não teria vinculação alguma com a anterior. Parte-
se, para tanto, da análise do instituto da novação com vistas ao princípio da função 
social dos contratos e das obrigações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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CAPÍTULO VII 
DA COMPENSAÇÃO 
 
 
1- CONCEITO 
 
Compensação é o meio de extinção de obrigação entre pessoas que são, ao mesmo 
tempo, credor e devedoruma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos 
credores são, simultaneamente, devedores um do outro. É modo indireto de extinção das 
obrigações, que depende de duas manifestações de vontade, pelo menos (trata-se de 
negócio jurídico). Constitui aspecto material do princípio da economia, fundado na ordem 
pública. 
 
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor 
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se 
compensarem. 
 
2- ESPÉCIES 
 
A compensação pode ser, como visto, total (quando as duas dívidas têm o mesmo 
valor) ou parcial (quando as dívidas têm valor diverso). Pode ser, também, legal, 
convencional e judicial. 
 
a) Compensação legal: é a que decorre da lei. Opera-se automaticamente, de pleno direito. 
No mesmo instante em que o segundo crédito é constituído, extinguem-se as duas dívidas. 
O juiz só reconhece sua configuração depois de provocado, NÃO podendo declará-la 
de ofício. 
 
b) Compensação convencional: é a que resulta de um acordo de vontades, incidindo em 
hipóteses que não se enquadram nas de compensação legal. Dispensa alguns requisitos da 
compensação legal. 
 
c) Compensação judicial: é a determinada pelo juiz nos casos em que se acham presentes 
os pressupostos judiciais. 
 
3- REQUISISTOS DA COMPENSAÇÃO LEGAL 
 
a) Fungibilidade entre as prestações, da mesma natureza (dinheiro com dinheiro, café 
com café). 
 
Não basta que as prestações tenham por objeto coisas fungíveis. É necessário que 
sejam fungíveis entre si. A restrição vai além: 
 
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto 
das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem 
na qualidade, quando especificada no contrato. 
 
Ex.: Se uma das dívidas for de café “Tipo A” (qualidade especificada), só se compensará 
com outra dívida também de café “Tipo A”. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
49 
 
b) Dívidas líquidas e vencidas (não pode compensar dívida futura). 
 
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e 
de coisas fungíveis (fungíveis entre si). 
 
Quanto à liquidez, somente se compensam dívidas cujo valor seja certo e 
determinado, expresso por uma cifra. 
 
É exigido também que estejam vencidas. Nas obrigações condicionais, só é 
permitida compensação após seu implemento. Nas obrigações a termo, somente após o 
vencimento deste. Mas os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam 
a compensação legal (art. 372 CC). 
 
c) Reciprocidade de obrigações: existência de obrigações e créditos recíprocos, entre as 
mesmas partes. Abre-se exceção em favor do fiador (art. 371, 2ª parte, do CC). 
 
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este 
lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu 
credor ao afiançado. 
 
4- DÍVIDAS NÃO COMPENSÁVEIS 
 
Em regra, a diversidade de causas não impede a compensação de dívidas. Se ambas 
são da mesma natureza (em dinheiro, líquidas e vencidas), compensam-se ainda que a causa 
de uma delas seja o mútuo e a da outra uma compra e venda, por exemplo. 
 
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas NÃO impede a 
compensação, exceto: 
I - se provier de esbulho, furto ou roubo; 
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; 
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. 
 
Também não se admite a compensação em prejuízo a direito de terceiro. 
 
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de 
terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois de 
penhorado o crédito deste, não pode opor ao exeqüente a compensação, 
de que contra o próprio credor disporia. 
 
IMPORTANTE!!! Não pode ser compensada dívida prescrita com dívida não 
prescrita (isso para a compensação legal), porque tais dívidas não são exigíveis (bem como 
dívida de jogo, obrigação natural). 
 
Obs.: Arts. 378 e 379. 
 
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não 
se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação. 
 
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas 
compensáveis, serão observadas, ao compensá-las, as regras 
estabelecidas quanto à imputação do pagamento. 
 
 
 
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CAPÍTULO VIII 
DA CONFUSÃO 
 
 
1- CONCEITO 
 
Ocorre quando uma pessoa for, ao mesmo tempo, credora ou devedora de si mesma. 
 
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se 
confundam as qualidades de credor e devedor. 
 
Ex.: Pai emprestou 100 reais ao filho. Se o pai morre, a herança, que compreende o crédito, 
vai ao filho. Ocorrerá, pois, a confusão. 
 
IMPORTANTE!!! Na compensação, há dualidades de sujeitos, com créditos e débitos 
opostos, que se extinguem reciprocamente, até onde se defrontarem. Na confusão, 
reúnem-se em uma só pessoa as duas qualidades, de credor e devedor, ocasionando a 
extinção da obrigação. 
 
2- ESPÉCIES 
 
a) confusão total ou própria: atinge toda a dívida. 
 
b) parcial: irá atingir apenas parte da dívida. 
 
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só 
de parte dela. 
 
De acordo com o art. 383 do CC, “a confusão operada na pessoa do credor ou 
devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, 
ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.” 
 
3- EFEITOS 
 
A confusão atinge não só a obrigação principal como também os acessórios, 
como a fiança. Mas a recíproca não é verdadeira. 
 
Cessando, porém, a confusão, para logo se restabelece, com todos os acessórios, a 
obrigação anterior. 
 
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos 
os seus acessórios, a obrigação anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO IX 
REMISSÃO DA DÍVIDA 
 
 
1- CONCEITO 
 
Remissão é o perdão da dívida concedido pelo credor ao devedor. Não se 
confunde com remição (escrita com ‘ç’) que, para o Direito Civil, significa resgate. 
 
Art. 385. A remissão da dívida, ACEITA pelo devedor, extingue a 
obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. 
 
#Remissão exige aceitação? 
SIM, necessita do consentimento do devedor (lembrar: remissão = perdão. No direito 
penal o perdão do ofendido necessita de aceitação). 
 
2- NATUREZA JURÍDICA 
 
Embora seja espécie do gênero renúncia (essa é unilateral), a remissão se reveste 
de caráter convencional, porque DEPENDE DE ACEITAÇÃO. O remitido pode recusar 
o perdão e efetuar o pagamento. É, portanto, negócio jurídico bilateral. É, ademais, forma 
de pagamento indireto. 
 
3- ESPÉCIES 
 
a) Total ou parcial: pode recair sobre a dívida inteira – caso da remissão total – ou parte 
dela, denominada remissão parcial. 
 
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida 
na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o 
credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o 
débito sem dedução da parte remitida. 
 
b) Expressa ou tácita: poderá ser firmada por escrito – remissão expressa – ou por conduta 
tácita do credor, prevista em lei e incompatível com a preservação do direito obrigacional, 
a exemplo da situação em que o credor entrega o título da obrigação ao devedor, quando 
tiver sido celebrado por escrito particular. 
 
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por 
escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se 
o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TÍTULO IV 
DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
 
1- OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS 
 
De acordo com o secular princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt 
servanda), as relações contratuais devem ser cumpridas. O não cumprimento acarreta 
responsabilidade por perdas e danos. 
 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e 
danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
 
A responsabilidade civil é patrimonial. A indenização por perdas e danos tem por 
finalidade recompor a situação patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual. 
Deve a indenização ser proporcional ao prejuízo efetivamente sofrido. 
 
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens 
do devedor. 
 
IMPORTANTE!!! Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente 
desde o dia em que executou o ato de que se devia abster (art. 390 CC). 
 
A redação do art. 389 do CC pressupõe o não cumprimento voluntário da obrigação, 
ou seja, descumprimento culposo. Em princípio, pois, todo inadimplemento presume-se 
culposo. Incumbe ao inadimplente elidir tal presunção, demonstrando a ocorrência de 
fortuito ou força maior (art. 393 CC). 
 
De acordo com a visão clássica, o inadimplemento em sentido genérico pode 
ocorrer em dois casos específicos: a) Inadimplemento relativo, parcial ou mora – é a 
hipótese em que há apenas um descumprimento parcial da obrigação, que ainda pode ser 
cumprida; b) Inadimplemento total ou absoluto – é a hipótese em que a obrigação não 
pode mais ser cumprida, tornando-se inútil ao credor. 
 
IMPORTANTE: A doutrina atual tem discorrido também sobre a violação positiva do 
contrato e o cumprimento inexato ou defeituoso como formas de inadimplemento da 
obrigação ou do contrato. A partir dessa visão, haveria violação positiva dos contratos nos 
casos de cumprimento inexato ou imperfeito da obrigação, a exemplo dos vícios 
redibitórios que atingem a coisa (arts. 441 a 446 do CC). Ainda dentro de violação positiva 
do contrato, surge a quebra dos deveres anexos ou laterais de conduta, decorrentes da boa-
fé objetiva. 
 
2- CONTRATOS BENÉFICOS E ONEROSOS 
 
De acordo com o art. 392 CC, “nos contratos benéficos, responde por simples 
culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções 
previstas em lei.” 
 
Contratos benéficos são aqueles em que apenas um dos contratantes aufere 
benefício ou vantagem. Nesses contratos, “responde por simples culpa o contratante, a 
quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça.” 
 
Como a culpa grave ao dolo se equipara, pode-se afirmar que responde apenas 
por dolo ou culpa grave aquele a quem o contrato não favorece. 
 
Nos contratos onerosos, respondem os contratantes tanto por dolo ou por culpa, 
salvo exceções previstas em lei. 
 
Obs.: A culpa, mesmo que levíssima, obriga a indenizar. 
 
3- CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR 
 
O caso fortuito e a força maior constituem excludentes da responsabilidade civil, 
contratual ou extracontratual, pois rompem o nexo de causalidade. 
 
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso 
fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles 
responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato 
necessário, cujo efeito não era possível evitar ou impedir. 
 
IMPORTANTE!!! É lícito às partes, porém, por cláusula expressa, convencionar que a 
indenização será devida em qualquer hipótese de inadimplemento contratual, ainda que 
decorrente de fortuito ou força maior. 
 
A lei não faz distinção. Em geral, porém, a expressão caso fortuito é empregada 
para designar fato ou ato alheio à vontade das partes, como greve, motim etc. A força 
maior é denominação utilizada, em regra, para os fenômenos naturais como raio, 
tempestade etc. 
 
O traço característico das referidas excludentes é a inevitabilidade. 
 
Os requisitos para a configuração do caso fortuito ou força maior são: 
 
a) O fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor. 
b) O fato deve ser superveniente e inevitável. 
c) O fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO II 
DA MORA 
 
 
1- CONCEITO E INTRODUÇÃO 
 
Mora é o RETARDAMENTO ou o IMPERFEITO CUMPRIMENTO da 
obrigação. 
 
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o 
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e 
forma que a lei ou a convenção estabelecer. 
 
Configura-se não só quando há retardamento, mas também quando este se dá na 
data estipulada, mas de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da 
convencionada. Basta que um dos requisitos do art. 394 esteja presente. A mora pode 
decorrer também da infração à lei, como na prática de ato ilícito. 
 
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o 
devedor em mora, desde que o praticou. 
 
IMPORTANTE!!! Na mora ainda há utilidade e possibilidade no cumprimento da 
prestação (trata-se de inadimplemento relativo). 
 
Para ver se ainda há utilidade e possibilidade no cumprimento da prestação deve se 
levar em conta critérios objetivos, com base na boa-fé objetiva e não apenas critérios 
subjetivos do credor (“agora eu não quero mais”, circunstância que, por si só, não retira a 
utilidade da prestação). 
 
Ocorre inadimplemento absoluto se a prestação tornar-se inútil ao credor. Este 
pode enjeitá-la e exigir perdas e danos (art. 395, parágrafo único, do CC). 
 
Art. 395 
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao 
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. 
 
Obs.: O devedor responde por perdas e danos em havendo mora ou em havendo 
inadimplemento absoluto. 
 
IMPORTANTE!!! Tem decidido o STJ que a cobrança de encargos e parcelas indevidas 
ou abusivas, desde que essenciais e durante o período de normalidade contratual (ou seja, 
antes da configuração da mora) impede a caracterização da mora do devedor. No sentido: 
A cobrança de encargos ilegais, durante o período da normalidade contratual, 
descaracteriza (afasta) a configuração da mora do devedor. STJ. 2ª Seção. EREsp 
775765-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgados em 8/8/2012. Por outro lado, a 
abusividade de encargos acessórios do contrato não descaracteriza a mora. STJ. 2ª 
Seção. REsp 1639259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018 
(recurso repetitivo) (Info 639). São exemplos de encargos acessórios: seguro de proteção 
financeira, ressarcimento de despesas com pré-gravame, comissão de correspondente 
bancário, dentre outras. São encargos essenciais: juros remuneratórios. 
 
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2- MORA DO DEVEDOR 
 
Para que o devedor tenha responsabilidade pelo seu atraso, este deve ser culposo. 
 
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, 
mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
 
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, 
embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, 
se estes ocorrerem durante o atraso; SALVO se provar isenção de culpa, 
ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosseoportunamente 
desempenhada. 
 
A mora do devedor pode ser: 
 
a) Mora ex re: mora automática. É aquela que não exige interpelação do devedor (dies 
interpellat pro homine). É o simples decurso do tempo que irá constituir em mora o 
devedor. Além de ser certo o momento do cumprimento da obrigação, esta também deve 
ser positiva (dar ou fazer) e líquida. 
 
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu 
termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. 
 
Obs.: Não existe mora de obrigação negativa, pois a mora se confunde com o próprio 
inadimplemento. 
 
IMPORTANTE!!! Acarreta também a mora ex re a prática de um ato ilícito. Dispõe a 
sumula 54 do STJ que “os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso 
de responsabilidade extracontratual”. 
 
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o 
devedor em mora, desde que o praticou. 
 
b) Mora ex persona ou mora pendente: é aquela que exige interpelação do devedor para 
constituí-lo em mora. Depende de providência do credor. 
 
Art. 397 
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante 
interpelação judicial ou extrajudicial. 
 
Ex.: Comodato sem prazo determinado. 
 
Obs.: Mora presumida ou mora irregular: aquela que está prevista no art. 398, referente 
às obrigações provenientes de ato ilícito. Para a melhor corrente trata-se de obrigação de 
não fazer (não causar dano), em que não existe mora. 
 
2.1 REQUISITOS 
 
a) Exigibilidade da prestação, ou seja, vencimento de dívida líquida e certa. 
b) Inexecução culposa. 
c) Constituição em mora (somente quando ex persona). 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
56 
 
2.2 EFEITOS 
 
a) Responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor. 
b) Perpetuação da obrigação. Art. 399 CC. 
 
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da 
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de 
força maior, SE ESTES OCORREREM DURANTE O ATRASO; 
salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda 
quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. 
 
Em relação à isenção de culpa prevista no artigo acima, a única escusa admissível 
é a de que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse desempenhada em tempo. 
 
IMPORTANTE: Conforme o enunciado 361, aprovado na IV Jornada de Direito Civil do 
CJF: “O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a 
fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando 
a aplicação do art. 475”. Pela teoria do adimplemento substancial (substancial 
performance), em hipóteses em que a obrigação tiver quase toda cumprida, não caberá a 
extinção do contrato, mas apenas outros efeitos jurídicos, visando sempre à manutenção da 
avença. Dessa forma, se a parte devedora cumpriu quase tudo que estava previsto no 
contrato (ex: eram 48 prestações, e ela pagou 46), então, neste caso, a parte credora não 
terá direito de pedir a resolução do contrato porque, como faltou muito pouco, o 
desfazimento do pacto seria uma medida exagerada, desproporcional, injusta e violaria a 
boa-fé objetiva. Segundo o STJ, são requisitos para aplicação da teoria do 
adimplemento substancial: a) a existência de expectativas legítimas geradas pelo 
comportamento das partes; b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se 
considerando o total do negócio; c) deve ser possível a conservação da eficácia do 
negócio sem prejuízo ao direito do credor de pleitear a quantia devida pelos meios 
ordinários. STJ. 4ª Turma. REsp 1581505/SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado 
em 18/08/2016. 
 
3- MORAS DO CREDOR (MORA ACCIPIENDI/CREDITORIS/ 
CREDENDI) 
 
Hipótese em que há o atraso do credor em receber a prestação. 
 
Tem como requisitos: 
 
a) Vencimento da obrigação 
b) Oferta da prestação 
c) Recusa injustificada em receber 
d) Constituição em mora mediante consignação em pagamento 
 
IMPORTANTE!!! Na mora do credor não se exige prova de culpa pelo atraso, sendo 
suficiente o simples atraso do credor. 
 
3.1 EFEITOS DA MORA DO CREDOR 
 
Preceitua o art. 400 do CC: 
 
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Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à 
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a 
ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a 
recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor 
oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua 
efetivação. 
 
a) Afasta do devedor isento de dolo a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa 
b) Gera para o credor a obrigação de indenizar o devedor pelas despesas que tiver com 
a conservação da coisa. 
c) Obriga o credor a pagar o preço mais favorável ao devedor caso ocorra variação 
(para mais ou para menos) desta. 
 
3.2 MORA SIMULTÂNEA 
 
Ocorre quando ambas as partes incidem em mora. TAIS MORAS SE 
ANULAM, ou seja, ninguém responde perante ninguém. Nenhuma das partes pode 
exigir perdas e danos. Ocorrerá, na hipótese, uma espécie de compensação de atrasos. 
 
Quando sucessivas, permanecem os efeitos pretéritos de cada uma. Os danos 
que a mora de cada uma das partes haja causado não se cancelam pela mora superveniente 
da outra. 
 
#O que é purgação ou emenda da mora? 
É a possibilidade conferida à parte em atraso de neutralizar os efeitos da mora (deixar 
de estar em mora). Por parte do devedor, este deverá cumprir a prestação e indenizar os 
prejuízos decorrentes. Por parte do credor, este se oferece para receber o pagamento e 
indenizar as consequências do seu atraso. 
 
A purgação só poderá ser feita pelo devedor se a prestação ainda for proveitosa ao 
credor. 
 
Art. 401. Purga-se a mora: 
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância 
dos prejuízos decorrentes do dia da oferta; 
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e 
sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. 
 
IMPORTANTE!!! Não se confunde purgação com cessação da mora. A cessação não 
depende de um comportamento ativo do contratante moroso, destinado a sanar sua falta ou 
omissão. Decorre, na realidade, da extinção da obrigação. Produz efeitos pretéritos (ex 
tunc), ou seja, o devedor não terá de pagar a dívida vencida. A purgação da mora só produz 
efeitos futuros (ex nunc), não apagando os pretéritos, já produzidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO III 
DAS PERDAS E DANOS 
 
 
Conceito: constituem o equivalente em dinheiro suficiente para indenizar o 
prejuízo suportado pelo credor, em virtude do inadimplemento do contrato pelo devedor, 
ou da prática, por este, de um ato ilícito. 
 
IMPORTANTE!!! Dispõe o art. 402 do CC que, “salvo as exceções expressamente 
previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele 
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.” Compreendem, então, os 
DANOS EMERGENTES e os LUCROS CESSANTES. 
 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e 
danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente 
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. 
 
Obs.: O dano emergente não pode ser presumido. Deve ser certo e atual. 
 
De acordo com o art. 403: Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as 
perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela 
DIRETO E IMEDIATO, sem prejuízo do disposto na lei processual. Trata-se da 
TEORIA DOS DANOS DIRETOS E IMEDIATOS, de forma que o devedor responde 
tão só pelos danos que causou, não pelos resultantesde causas estranhas. 
 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas 
e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito 
dela DIRETO E IMEDIATO, sem prejuízo do disposto na lei 
processual. 
 
Proclama o art. 404: 
 
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, 
serão pagos com atualização monetária segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de 
advogado, sem prejuízo da pena convencional. 
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, 
e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor 
indenização suplementar. 
 
IMPORTANTÍSIMO!!! O art. 405 diz que SE CONTAM OS JUROS DE MORA 
DESDE A CITAÇÃO INICIAL. Com a exceção das obrigações provenientes de ato 
ilícito, pois nestas, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou o ato (art. 398 
CC). 
 
Art. 405. Contam-se os juros de mora DESDE A CITAÇÃO INICIAL. 
 
IMPORTANTE: Na responsabilidade civil extracontratual, se houver a fixação de 
pensionamento mensal, os juros moratórios deverão ser contabilizados a partir do 
vencimento de cada prestação, e não da data do evento danoso ou da citação. Não se aplica 
ao caso a súmula 54 do STJ, que somente tem incidência para condenações que são fixadas 
em uma única parcela. Se a condenação for por responsabilidade extracontratual, mas o 
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juiz fixar pensão mensal, neste caso, sobre as parcelas já vencidas incidirão juros de mora 
a contar da data em que venceu cada prestação. Sobre as parcelas vincendas, em princípio 
não haverá juros de mora, a não ser que o devedor atrase o pagamento, situação na qual os 
juros irão incidir sobre a data do respectivo vencimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1270983-
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/3/2016 (Info 580). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO IV 
DOS JUROS LEGAIS 
 
 
1- CONCEITO 
 
Juros traduzem o rendimento de capital. São considerados frutos civis da coisa. 
Representam o pagamento pela utilização de capital alheio. Integram a classe das coisas 
acessórias. 
 
2- ESPÉCIES 
 
a) Compensatórios: também chamados de remuneratórios, são os devidos como 
compensação pela utilização de capital pertencente a outrem. Resultam da utilização 
consentida de capital alheio. 
 
b) Moratórios: são os incidentes em caso de retardamento de sua restituição ou 
descumprimento de obrigação. Podem ser convencionais ou legais. 
 
c) Podem ser também simples (calculados sobre o valor do capital inicial) ou compostos 
(juros sobre juros). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO V 
DA CLÁUSULA PENAL 
 
 
1- CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
 
Cláusula penal é OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA pela qual se estipula pena ou 
multa destinada a evitar o inadimplemento da obrigação principal ou o retardamento 
de seu cumprimento. É também denominada pena convencional ou multa contratual. 
 
Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde 
que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em 
mora. 
 
A cláusula penal tem natureza de um pacto secundário e acessório, pois sua 
existência e eficácia dependem da obrigação principal. 
 
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, 
ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da 
obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora. 
 
Art. 412. O VALOR DA COMINAÇÃO IMPOSTA NA 
CLÁUSULA PENAL NÃO PODE EXCEDER O DA OBRIGAÇÃO 
PRINCIPAL. 
 
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz 
se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o 
montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em 
vista a natureza e a finalidade do negócio. 
 
2- FUNÇÕES DA CLÁUSULA PENAL 
 
A cláusula penal tem dupla função: a) atua como meio de coerção (intimidação), 
para compelir o devedor a cumprir a obrigação, e assim não ter de pagar a multa; e ainda 
b) como prefixação das perdas e danos (ressarcimento) devidos em razão do 
inadimplemento do contrato. 
 
IMPORTANTE!!! Com a sua estipulação os contratantes não precisam comprovar o 
prejuízo e a liquidação deste. A cláusula penal pressupõe a existência de culpa e a 
prefixação de seu valor. 
 
Art. 416. Para exigir a pena convencional, NÃO é necessário que o 
credor alegue prejuízo. 
 
E de acordo com o parágrafo único, ainda que o prejuízo exceda ao previsto na 
cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi 
convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao 
credor provar o prejuízo excedente. O devedor não pode alegar que a cláusula penal 
seja excessiva, e nem o credor alegar que seja ela insuficiente. 
 
Art. 416 
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula 
penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da 
indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 
 
IMPORTANTE!!! A cláusula penal prefixa o dano da culpa contratual. Se houver 
dano extracontratual, este poderá ser pleiteado independentemente da cláusula penal. 
 
3- VALOR DA CLÁUSULA PENAL 
 
Sua redução pode ocorrer em dois casos: 
 
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal NÃO 
PODE EXCEDER O DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. 
 
Se tal acontecer, o juiz declarará a ineficácia somente do excesso, persistindo o 
resto. 
 
E de acordo com o art. 413 CC: 
 
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se 
a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante 
da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a 
natureza e a finalidade do negócio. 
 
IMPORTANTE!!! Essa disposição é de ordem pública, podendo a redução ser 
determinada de ofício pelo juiz. Ademais, a cláusula penal deverá ser reduzida nas 
hipóteses mencionadas, retirando do juiz qualquer facultatividade na redução, quando 
necessária. No sentido: Constatado o caráter manifestamente excessivo da cláusula 
penal contratada, o magistrado deverá, independentemente de requerimento do 
devedor, proceder à sua redução. Fundamento: CC/Art. 413. A penalidade deve ser 
reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, 
ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza 
e a finalidade do negócio. STJ. 4ª Turma. REsp 1.447.247-SP, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 19/04/2018 (Info 627). 
 
4- ESPÉCIES DE CLÁUSULA PENAL 
 
A cláusula penal pode ser compensatória e moratória. 
 
a) Compensatória: quando estipulada para a hipótese de total inadimplemento da 
obrigação. 
 
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total 
inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício 
do credor. 
 
Quando compensatória, abre-se para o credor a alternativa de: 
 
I) Pleitear o valor da pena compensatória. 
II) Postular o ressarcimento das perdas e danos, arcando com o ônus de provar o prejuízo. 
III) Exigir o cumprimento da prestação. 
 
Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – atualizado por CarlosEduardo da Silva Limonge - maio de 2020 
 
 
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Não é possível a cumulação de pedidos. A expressão “benefício do credor” 
significa que a escolha de uma das alternativas compete ao credor e não ao devedor. 
 
b) Moratória: quando destinada a assegurar o cumprimento de outra cláusula determinada, 
ou evitar o retardamento (mora). 
 
Sendo moratória, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, 
juntamente com o desempenho da obrigação principal. 
 
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou 
em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor 
o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com 
o desempenho da obrigação principal. 
 
IMPORTANTE!!! A mora pode caracterizar-se não só quando há o retardamento no 
cumprimento da obrigação, mas também quando esta é cumprida de modo diverso do 
convencionado (art. 394 CC). 
 
IMPORTANTE: A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo 
adimplemento tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao 
locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. STJ. 2ª Seção. REsp 1498484-
DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso repetitivo) (Info 651). 
Vale ressaltar que a decisão acima explicada representa uma alteração de entendimento. 
Isso porque o STJ entendia que: A cláusula penal moratória não era estipulada para 
compensar o inadimplemento nem para substituir o adimplemento. Assim, a cominação 
contratual de uma multa para o caso de mora não interferia com a responsabilidade civil. 
Logo, não havia óbice a que se exigisse a cláusula penal moratória juntamente com o valor 
referente aos lucros cessantes. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1355554-RJ, Rel. Min. 
Sidnei Beneti, julgado em 6/12/2012 (Info 513). 
 
5- CLÁUSULA PENAL E INSTITUTOS AFINS (SEMELHANÇAS E 
DIFERENÇAS) 
 
a) Perdas e danos: ambas são reduzidas a determinada soma em dinheiro e visam ressarcir 
os prejuízos do credor decorrente do inadimplemento do devedor. A diferença é que nas 
perdas e danos o valor é fixado pelo juiz, e na cláusula penal o valor é 
antecipadamente arbitrado pelas próprias partes. 
b) Multa simples (cláusula penal pura): a multa simples não tem relação com o 
inadimplemento contratual, sendo estipulada para casos de infração de certos deveres. Ex.: 
Multa de trânsito. 
c) Multa penitencial: ao contrário da cláusula penal que é estabelecida em benefício do 
credor, a multa penitencial é estabelecida contratualmente, em favor do devedor, que terá 
a opção de cumprir a prestação devida ou pagar a multa. 
d) Arras penitenciais: ambas tem natureza acessória e por finalidade garantir o 
adimplemento da obrigação. As arras, todavia, diversamente da cláusula penal, facilitam o 
descumprimento da avença, não podem ser reduzidas pelo juiz e são pagas por antecipação, 
constituindo na entrega de dinheiro ou qualquer outro objeto. 
 
6- CLÁUSULA PENAL E PLURALIDADE DE DEVEDORES 
 
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Quando a obrigação é indivisível e há pluralidade de devedores, basta que um só a 
infrinja para que se torne exigível a cláusula penal. Do culpado, poderá a cláusula penal 
ser reclamada por inteiro. Mas dos demais codevedores só poderão ser cobradas as 
suas respectivas cotas (art. 414 CC) 
 
E de acordo com o parágrafo único, aos não culpados fica reservada a ação 
regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena. 
 
Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em 
falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar 
integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela 
sua quota. 
Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva 
contra aquele que deu causa à aplicação da pena 
 
E dispõe o art. 415 que “quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o 
devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na 
obrigação.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO VI 
DAS ARRAS OU SINAL 
 
 
1- CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
 
Sinal ou arras é a quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, como 
confirmação do acordo de vontade e princípio de pagamento. 
 
As arras têm natureza acessória, pois dependem da obrigação principal, e caráter 
real, pois se aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou de coisa fungível, por um dos 
contraentes ao outro. 
 
2- ESPÉCIES 
 
a) Confirmatórias: a principal função das arras é confirmar o contrato, que se torna 
obrigatório após a sua entrega. 
 
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá 
a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem 
recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e 
exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária 
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários 
de advogado. 
 
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se 
provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, 
também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e 
danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. 
 
IMPORTANTE: Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a 
cumulação das arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao 
princípio do non bis in idem. Ex.: João celebrou contrato de promessa de compra e venda 
com uma incorporadora imobiliária para aquisição de um apartamento. João comprometeu-
se a pagar 80 parcelas de R$ 3 mil e, em troca, receberia um apartamento. No início do 
contrato, João foi obrigado a pagar R$ 20 mil a título de arras. No contrato, havia uma 
cláusula penal compensatória prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de João, 
a incorporadora poderia reter 10% das prestações que foram pagas por ele. Trata-se de 
cláusula penal compensatória. Suponhamos que, após pagar 30 parcelas, João tenha parado 
de pagar as prestações. Neste caso, João perderá apenas as arras, mas não será obrigado a 
pagar também a cláusula penal compensatória. Não é possível a cumulação da perda das 
arras com a imposição da cláusula penal compensatória. Logo, decretada a rescisão do 
contrato, fica a incorporadora autorizada a apenas reter o valor das arras, sem direito à 
cláusula penal. STJ. 3ª Turma. REsp 1617652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
26/09/2017 (Info 613). 
 
b) Penitenciais: são assim denominadas quando as partes convencionam o direito de 
arrependimento. 
 
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento 
para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente 
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indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da 
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em 
ambos os casos NÃO haverá direito a indenização suplementar. 
 
Obs.: A jurisprudência estabeleceu algumas hipóteses em que devolução do sinal deve ser 
pura e simples, e não em dobro: a) havendo acordo nesse sentido, b) havendo culpa de 
ambos os contratantes, e c) se o cumprimento do contrato não se conclui em razão de 
fortuito ou outro motivo estranho à vontade das partes. 
 
3- FUNÇÕES 
 
São três as funções das arras: 
 
a) Confirmar o contrato (arras confirmatórias). 
b) Servir de prefixação das perdas e danos quando convencionado o direito de 
arrependimento (arras penitenciais). 
c) Constituir princípio de pagamento (entrada).

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