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Processo do Trabalho I - Parte 1 (2022)

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PROCESSO DO TRABALHO I – APOSTILA PARTE 1 – ANO: 2022 
PROFESSOR EDUARDO FORNAZARI 
 
PRIMEIRO BIMESTRE 
 
 
I. JURISDIÇÃO E DIREITO PROCESSUAL 
 
Há conflito de interesses quando há desentendimento entre a satisfação de pretensões ou de 
interesses. A Lide se dá quando há resistência da outra parte (pretensão resistida) e o conflito de 
interesses é levado ao judiciário. 
 
Já, tem-se por jurisdição, no sentido lato, o poder de solucionar conflitos ou, ainda, o poder de dizer 
o direito. No sentido estrito, jurisdição é o conjunto de órgãos estatais incumbidos de solucionar 
conflitos. 
 
Dentre os tipos de jurisdição tratados pela doutrina, pode-se diferenciar a jurisdição voluntária da 
jurisdição contenciosa. Esta é a jurisdição propriamente dita. Aquela, também chamada de graciosa, 
tem caráter administrativo, mas é feita pelos órgãos jurisdicionais do Estado. Todavia, nesta última (na 
jurisdição voluntária), não se dirimem conflitos propriamente ditos, mas sim, por exemplo, homologam-
se acordos, nomeiam-se pessoas para exercerem certos encargos como o depositário fiel, etc. 
 
Submetido um conflito de interesses ao pronunciamento do Estado, este tem o dever de solucioná-lo, 
o que o faz obedecendo a certas diretrizes, a um critério, sistema ou método, a uma ordem enfim. Esse 
método é o direito processual. Na aplicação do método estatal para solucionar contendas, vários 
atos são praticados: o autor apresenta seu pedido; o réu defende-se; provas são produzidas; o juiz 
profere sentença; etc... A sequência desses atos é o processo, que não se confunde, portanto, com 
o direito processual que é o método a ser adotado na solução do litígio. 
 
O processo trabalhista é regido pela CLT (artigos 763 e ss.) e se distingue do Processo Civil (ou 
Comum), regido pelo Código de Processo Civil. Entretanto, no Processo do Trabalho podem surgir 
muitas questões, dentre elas, algumas não previstas na CLT. Nesse caso, e somente nessa hipótese, 
pode-se aplicar o Código de Processo Civil como norma subsidiária (art. 769, da CLT), desde que não 
seja incompatível com o Processo do Trabalho. 
 
 
II. COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (LEI 9958/2000) 
 
As Comissões de Conciliação Prévia foram instituídas pela Lei 9958/2000, com o intuito de tentar 
desafogar o judiciário trabalhista, o que, no entanto, na prática, não tem acontecido. 
 
Com o advento da Lei supra, as empresas e os sindicatos passaram a poder criar Comissões de 
Conciliação, de composição paritária, ou seja, com representantes de ambas as partes (empregados e 
empregadores) e com atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais de trabalho. Essas 
Comissões podem ser constituídas tanto por grupo de empresas como no âmbito intersindical. 
 
Os dispositivos que tratam das Comissões de Conciliação Prévia estão contidos nos artigos 625-A a 
625-H, da CLT. 
 
Qualquer demanda de natureza trabalhista deve ser submetida à Comissão de Conciliação 
Prévia se, na localidade da prestação dos serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito 
da empresa ou do Sindicato (art. 625-D, da CLT). Em não prosperando a conciliação, será fornecida 
ao empregado e à empresa um termo de negativa de conciliação. Uma vez aceita a conciliação, será 
lavrado termo de acordo assinado pelas partes e pelos representantes da Comissão, o qual servirá, 
inclusive, como título extrajudicial, caso a empresa não cumpra o acordo. Vale lembrar também que o 
termo de acordo terá eficácia liberatória geral (quitando todo o contrato), exceto quanto às parcelas 
expressamente ressalvadas (art. 625-E, § único, CLT). 
 
O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão, continuando a fluir após a 
tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no artigo 625-F, da CLT (10 
dias). 
 
Caso não haja Comissão instituída, o empregado poderá propor a ação/demanda diretamente na 
Justiça do Trabalho. 
 
Pela CLT (art. 625-D), a submissão prévia à CCP – onde ela existir – seria obrigatória. Contudo, por 
decisão cautelar do STF, referido dispositivo legal encontra-se com aplicação suspensa até decisão 
final do mérito das ADINs (ações diretas de inconstitucionalidade) propostas em face desta obrigação 
legal. 
 
 
III. ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA TRABALHISTA 
 
1. BREVE HISTÓRICO 
A legislação trabalhista e a Justiça do Trabalho surgiram no Brasil como resultado do processo de luta 
e de reivindicações operárias que se desenrolava no exterior e no País, a partir do século XIX. No 
exterior, a preocupação em estabelecer normas legais de proteção ao trabalhador tomou forma na 
Constituição mexicana de 1917, e constou também das recomendações do Tratado de Versalhes, de 
1919, do qual se originou a Organização Internacional do Trabalho - OIT. A Constituição alemã de 
Weimar, de 1919, modelo clássico de organização de um Estado social-democrata, também procurou 
garantir direitos básicos ao trabalhador. 
Atualmente diversos países possuem legislação trabalhista. Estudo da OIT de novembro de 1994 fala 
sobre a organização dos tribunais do trabalho da Alemanha, Áustria, Brasil, Costa Rica, Espanha, 
Finlândia, França, Hungria, México, Cingapura, Turquia e Uruguai. 
Na França, os Conseils de Prud´Hommes (Conselhos de Homens Prudentes) que existem desde 1426, 
passaram a julgar, a partir de 1806, questões entre trabalhadores e empregadores (reclamações de 
cunho trabalhista). Por óbvio, que no início, não existiam as figuras hoje conhecidas de empregado e 
empregadores, sendo que no passado distante as questões julgadas pelo Conselho eram apenas 
aquelas ligadas a discussões entre os fabricantes de seda e os comerciantes, além de estarem 
limitadas às demandas de até 60 francos. Contudo, o Conselho existe ainda hoje na França, composto 
de representantes de empregados e empregadores, sendo o órgão responsável por solucionar conflitos 
trabalhistas. Ressalte-se, apenas que o Conselho não pode executar suas decisões, sendo a execução, 
atribuição da magistratura comum. A Itália também havia copiado o sistema francês, com a instituição 
dos Conselhos de Probiviri. Em 1927, foi instituída a magistratura do trabalho como órgão 
administrativo do Estado e não pertencente ao judiciário. Em 1928 foi abolido esse órgão. Atualmente, 
as questões trabalhistas na Itália são dirimidas pela magistratura comum. 
No Brasil, as primeiras normas trabalhistas surgiram a partir da última década do século XIX, como é 
o caso do Decreto nº 1.313, de 1891, que regulamentou o trabalho dos menores de 12 a 18 anos. Em 
30 de abril de 1923 foi criado o Conselho Nacional do Trabalho, vinculado ao Ministério da Agricultura, 
Indústria e Comércio. Constituído de 12 membros, era órgão consultivo para assuntos trabalhistas e 
previdenciários. Não decidia sobre divergências surgidas nas relações de trabalho. No Estado de São 
Paulo, no entanto, já funcionavam desde 1922, os Tribunais Rurais que foram criados pela Lei Estadual 
nº 1669/22 e que resolviam questões entre os trabalhadores rurais e os fazendeiros. 
A partir da Revolução de 1930 acelerou-se o processo, com a criação do Ministério do Trabalho. O 
Conselho Nacional do Trabalho, agora vinculado ao novo Ministério, passou, em 1931, a ter 
competência para opinar em matéria contenciosa (em que há divergência entre as partes interessadas) 
e consultiva e, em 1934, também para julgar. Em 1932, o Governo Provisório, chefiado por Getúlio 
Vargas, criou dois organismos destinados a solucionar conflitos trabalhistas: Comissões Mistas de 
Conciliação (Decreto 21364/32) e Juntas de Conciliação e Julgamento (Decretos 22132/32 e 
24742/34). As primeiras tratavam de divergências coletivas, relativas a categorias profissionais e 
econômicas. Eram órgãos de conciliação, não de julgamento. As segundas eram órgãos 
administrativos, mas podiam impor a solução às partes. Só não podiam executá-las, o que era feito por 
intermédio dos procuradores do Departamento Nacional do Trabalho. 
A Justiça do Trabalho foi prevista pelaConstituição de 1934. O Congresso Nacional discutiu 
longamente o projeto de lei que a estruturava, e tal demora foi uma das razões alegadas para o 
fechamento do Congresso Nacional e a implantação do Estado Novo, em 1937. Ela foi instituída em 1º 
de maio de 1939, pelo Decreto-lei nº 1.237, e foi declarada instalada por Getúlio Vargas em ato público 
realizado no dia 1º de maio de 1941, no campo de futebol do Vasco da Gama, Rio de Janeiro. 
A Justiça Trabalhista estruturou-se em três instâncias. Na base, as Juntas de Conciliação e 
Julgamento, que mantiveram o nome e a composição, com a diferença que seu presidente passava a 
ser um Juiz de Direito ou bacharel nomeado pelo Presidente da República para mandato de dois anos. 
Os vogais eram indicados pelos sindicatos, para mandato também de dois anos. Em nível intermediário, 
os Conselhos Regionais do Trabalho, para deliberação sobre recursos. E em nível superior, o Conselho 
Nacional do Trabalho, integrado por 19 membros, nomeados pelo Presidente da República para 
mandato de dois anos, permitida a recondução, e assim distribuídos: quatro representantes de 
empregados, quatro de empregadores, quatro funcionários do Ministério do Trabalho e das instituições 
de seguro social, e sete pessoas de reconhecido saber, das quais quatro formadas em Direito. 
A Constituição de 1946 transformou a Justiça do Trabalho em órgão do Poder Judiciário, 
mantendo, porém, a estrutura que tinha como órgão administrativo, inclusive com a 
representação classista. Ela permaneceu assim nas Constituições de 1967 (alterada pela 
Emenda de 1969) e de 1988. Esta trocou o título do representante classista da 1ª instância (JCJ), 
de vogal para juiz. E estabeleceu que em cada unidade da Federação haveria "pelo menos um" 
Tribunal Regional do Trabalho. Hoje existem 24 TRTs. 
Em 9 de dezembro de 1999 foi promulgada a Emenda Constitucional nº 24, que alterou dispositivos da 
Constituição Federal pertinentes à representação classista na Justiça do Trabalho, extinguindo-a. O 
TST passou então a ser composto de 17 ministros, togados e vitalícios. A emenda mudou também a 
denominação das Juntas de Conciliação e Julgamento, que passaram a se chamar Varas do Trabalho. 
Nas comarcas onde não forem instituídas, a emenda estabeleceu que a jurisdição das Varas será 
atribuída aos juízes de Direito. 
Em 21 de novembro de 2003, após alguns anos de tramitação e forte pressão da Justiça do Trabalho, 
foi sancionada a Lei 10.770, que permitiu a criação de 269 novas Varas do Trabalho. A criação das 
Varas foi iniciativa do TST, devido ao expressivo aumento do número de processos trabalhistas nos 
últimos anos. 
Em dezembro de 2004, após mais de 12 anos de tramitação no Poder Legislativo, um primeiro bloco 
de alterações constitucionais - sobre o qual houve consenso entre deputados e senadores após dois 
turnos de votações - passou a integrar o ordenamento jurídico do País. A Emenda Constitucional nº 
45/04 foi publicada no Diário Oficial da União dia 31 de dezembro de 2004. 
Com o advento da Emenda Constitucional de nº 45/2004, que, dentre outras coisas, alterou a redação 
do artigo 114, da Constituição, a Justiça do Trabalho teve sua competência alterada. Em síntese, pode-
se dizer que a Justiça Trabalhista teve sua competência ampliada para julgar as ações de relação de 
trabalho, e não mais somente as de relação de emprego regidas pela Consolidação das Leis do 
Trabalho. Essa questão da competência da Justiça do Trabalho, será, no entanto, vista com maior 
destaque, mais a frente, em tópico próprio e específico sobre o assunto. 
 
 
2. ESTRUTURA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
 
As normas legais que dispõem sobre a Organização Judiciária Trabalhista são as seguintes: 
- CF/88: arts. 111 a 116; 
- CLT: arts. 643 a 754. 
 
De acordo com o artigo 111 da Constituição da República, a Justiça do Trabalho está estruturada em 
três graus de jurisdição: 
 
Primeira instância - Varas do Trabalho (designação dada pela Emenda Constitucional nº 24/99 às 
antigas Juntas de Conciliação e Julgamento) 
Julgam apenas dissídios individuais, que são controvérsias surgidas nas relações de trabalho entre o 
empregador (pessoa física ou jurídica) e o empregado (este sempre como indivíduo, pessoa física). 
Esse conflito chega à Vara na forma de reclamação trabalhista. A jurisdição da Vara é local, abrangendo 
geralmente um ou alguns municípios. Sua competência é determinada pela localidade onde o 
empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido 
contratado em outro local ou no estrangeiro. A Vara compõe-se de um juiz do trabalho titular e um juiz 
do trabalho substituto. Em comarcas onde não exista Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a jurisdição 
trabalhista ao juiz de direito. 
Existem mais de 1.378 Varas do Trabalho no País (dados de 2018). A Lei nº 10.770/2003 permitiu a 
possibilidade de criação de 269 novas Varas do Trabalho nas diversas regiões da Justiça do Trabalho, 
que estão sendo gradativamente implementadas, de acordo com a necessidade do serviço e a 
disponibilidade orçamentária. 
Segunda instância - Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) 
Julgam recursos ordinários contra decisões de Varas do Trabalho, ações originárias (dissídios 
coletivos de categorias de sua área de jurisdição - sindicatos patronais ou de trabalhadores organizados 
em nível regional), ações rescisórias de decisões suas ou das Varas e os mandados de segurança 
contra atos de seus juízes. A Constituição Federal de 1988 estabelece que "haverá pelo menos um 
TRT em cada Estado e no Distrito Federal" (art.112). Atualmente, existem 24 TRTs. Em São Paulo 
existem dois, um na Capital, outro em Campinas. Não foram criados TRTs nos Estados de Tocantins, 
Acre, Roraima e Amapá. Os juízes dos TRTs (denominados “desembargadores”) são nomeados pelo 
Presidente da República e seu número varia em função do volume de processos examinados pelo 
Tribunal. 
 
Composição de cada TRT, segundo o art. 670 da CLT: 
1ª Região (Rio de Janeiro) 54 juízes; 
2ª Região (São Paulo) 64 juízes; 
3ª Região (Minas Gerais) 36 juízes; 
4ª Região (Rio Grande do Sul) 36 juízes; 
5ª Região (Bahia) 29 juízes; 
6ª Região (Pernambuco)18 juízes; 
7ª Região (Ceará) 8 juízes; 
8ª Região (Pará e Amapá) 23 juízes; 
9ª Região (Paraná) 28 juízes; 
10ª Região (Distrito Federal e Tocantins) 17 juízes; 
11ª Região (Amazonas e Roraima) 8 juízes; 
12ª Região (Santa Catarina) 18 juízes; 
13ª Região (Paraíba) 13 juízes; 
14ª Região (Rondônia e Acre) 8 juízes; 
15ª Região (Campinas/SP), 36 juízes; 
16ª Região (Maranhão) 8 juízes; 
17ª Região (Espírito Santo) 8 juízes; 
18ª Região (Goiás) 8 juízes; 
19ª Região (Alagoas) 8 juízes; 
20ª Região (Sergipe) 8 juízes; 
21ª Região (Rio Grande do Norte) 8 juízes; 
22ª Região (Piauí) 8 juízes; 
23ª Região (Mato Grosso) 8 juízes; 
24ª Região (Mato Grosso do Sul) 8 juízes. 
 
Instância extraordinária (ou Instância Superior) - Tribunal Superior do Trabalho (TST) 
O TST, com sede em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional, tem por principal função 
uniformizar a jurisprudência trabalhista. Compunha-se de 17 ministros, togados e vitalícios, nomeados 
pelo Presidente da República, mas como vistos linhas atrás, por força da EC 45/04, voltou a ser 
composto por 27 ministros (art. 111-A, da CF/88). Julga recursos de revista, recursos ordinários e 
agravos de instrumento contra decisões de TRTs e dissídios coletivos de categorias organizadas em 
nível nacional, além de mandados de segurança, embargos opostos a suas decisões e ações 
rescisórias. 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL é um órgão que está em posição 
superior ao Tribunal Superior do Trabalho, mas que não compõe a Organização Judiciária Trabalhista. 
O Supremo é, em síntese, o guardião da Constituição, sendo composto por 11 ministros. Veja o quadro: 
 
 STF 
TST STJ TSE STM 
Órgãos da Justiça do TrabalhoÓrgãos das Justiças Federal e Comum Órgãos da Justiça Eleitoral Órgãos da Justiça Militar 
 
 
IV. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 
 
1. O que é o Ministério Público? 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, sendo 
responsável pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. Possui independência e autonomia, com orçamento, carreira e administração próprios. 
Aparece na Constituição Federal no capítulo das funções essenciais à Justiça, sem vinculação 
funcional com quaisquer dos Poderes do Estado. Possui como princípios institucionais a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional. Abrange o Ministério Público da União e os Ministérios 
Públicos dos Estados. 
O Ministério Público do Trabalho / MPT é um dos ramos do Ministério Público da União, que também 
compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito 
Federal e Territórios. Tem como chefe o Procurador-Geral do Trabalho, eleito em lista tríplice e 
nomeado pelo Procurador-Geral da República. Compõem o MPT a Procuradoria-Geral, com sede em 
Brasília/DF, 24 Procuradorias Regionais instaladas nas capitais dos Estados, 4 Subsedes e ofícios 
instalados nas cidades do interior. O MPT conta com 596 Membros e 1.679 servidores em todo o Brasil. 
Há dois projetos de lei em análise na Câmara dos Deputados para criação de 300 novas vagas para 
Procurador, de 100 ofícios que visam a interiorização do Órgão, e de 500 novos cargos de níveis 
superior e médio, na carreira de apoio da Instituição. 
 
2. Como se dá a sua atuação? 
O Ministério Público do Trabalho atua de duas formas: 
Órgão Interveniente (custus legis): Como órgão interveniente o MPT desempenha papel de defensor 
da lei em situações referentes às relações de trabalho que envolvem interesses difusos e coletivos. 
Emite pareceres em processos de competência da Justiça do Trabalho, participa das Sessões de 
Julgamento e ingressa com recursos quando houver desrespeito à legislação. Além disso, atua como 
árbitro ou mediador em dissídios coletivos, fiscaliza o direito de greve nas atividades essenciais e 
propõe ações para declaração de nulidade de cláusulas ilegais dos contratos ou acordos coletivos. 
Órgão Agente (dominus litis): A partir da Constituição Federal de 1988 foi iniciada a atuação como 
órgão agente: recebimento de denúncias, instauração de procedimento investigatório e medidas 
administrativas ou judiciais, quando comprovada a irregularidade. A medida administrativa utilizada é 
o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, que prevê multa caso seja descumprido e pode 
ser executado na Justiça do Trabalho. Em termos judiciais, o MPT dispõe da Ação Civil Pública e da 
Ação Civil Coletiva. 
Foram instituídas seis áreas prioritárias de ação no âmbito do MPT: trabalho escravo; trabalho infantil; 
saúde e segurança do trabalhador; portos; discriminação; formalização do trabalho; e irregularidades 
trabalhistas no serviço público em geral. 
 
V. CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO E CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA 
O Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), criado pela EC 45/04, tem como função a 
supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e 
segundo graus, atuando como órgão central do sistema. Suas decisões têm efeito vinculante, conforme 
estabelecido no art. 111-A, § 2º, inciso II, da Constituição Federal. 
Não se confunde o CSJT com o Conselho Nacional de Justiça – CNJ. Este último (CNJ) foi criado 
em 31/12/2004, instalado em 14/06/2005 e serve como uma espécie de órgão de controle externo do 
Poder Judiciário como um todo. O CNJ tem uma abrangência e atuação muito mais ampla que o CSJT 
(restrito à JT). O CNJ possui 15 conselheiros, aprovados pelo Senado e então nomeados pelo 
Presidente da República. As principais competências do CNJ estão estabelecidas no artigo 103-B, da 
Constituição. 
 
 
 
 
V – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
 
1. Conceito 
 
Competência é o poder conferido por lei ao órgão jurisdicional para conhecer e solucionar as lides que 
lhe são atribuídas pela própria lei (princípio da divisão do trabalho). 
 
 
2. Tipos de Competências 
 
A Competência é, em regra, dividida em vários tipos, a saber: material, territorial, pessoal e funcional. 
Em alguns casos há, ainda, a competência em razão do valor ou também chamada de alçada. 
 
3. Competência Material da Justiça do Trabalho (ratione materiae) 
 
A competência material diz respeito, como o próprio nome anuncia, à matéria, assunto ou questões 
que podem ser suscitados na Justiça do Trabalho. Envolve, pois, a apreciação de determinada matéria 
trabalhista. 
 
Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, a competência material da Justiça Trabalhista, 
envolvia questões próprias entre trabalhadores e empregadores, ou seja, atinentes a uma relação de 
emprego. Também era atribuição da Justiça Laboral competência para executar suas decisões e, 
inclusive, as contribuições sociais delas decorrentes. Além disso, tinha competência a Justiça do 
Trabalho para processar e julgar os dissídios coletivos, inclusive com Poder Normativo (criar normas 
coletivas para serem cumpridas entre as partes). Tudo isso, conforme previsão do artigo 114 e de seus 
parágrafos, todos da Constituição. 
 
Com a Emenda 45/2004, publicada em 31/12/2004, o artigo 114, da Constituição, sofreu grande 
alteração, tendo sido ampliada substancialmente a competência da Justiça do Trabalho. A partir, 
de então, passou a ser atribuição da Justiça Trabalhista julgar as ações de relação de trabalho e não 
somente as de relação de emprego regidas pela CLT. 
 
Esclareça-se que relação de trabalho é gênero do qual relação de emprego é uma das espécies. Assim, 
por força do que estatui a Emenda 45, parece ser lícito afirmar que, doravante, todas as causas em 
que envolvam, de um lado, a figura de um trabalhador (lato sensu) que seja uma pessoa física e, de 
outro, um tomador de serviços que pode ser pessoa física ou jurídica, e que tenha, ainda, como escopo 
a prestação de um serviço, deverão ser dirimidas junto à Justiça do Trabalho que é a competente para 
delas conhecer e julgar. 
 
Convém assinalar que o artigo 114, da Constituição, na sua nova redação, dada pela EC 45/04, 
manteve o poder normativo da Justiça do Trabalho e estabeleceu, ainda, outras novas atribuições, tais 
como o julgamento de ações sobre representação sindical, atos decorrentes da greve, indenização por 
dano moral ou patrimonial resultantes da relação de trabalho e os processos relativos às penalidades 
administrativas impostas aos empregadores por fiscais do trabalho. A Justiça do Trabalho passou a 
julgar também mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado 
envolver matéria sujeita à sua jurisdição. 
 
As partes continuam podendo ajuizar dissídios coletivos na Justiça do Trabalho, quando uma delas se 
recusar à negociação ou à arbitragem. O novo texto constitucional prevê, ainda, que o ajuizamento do 
dissídio coletivo de natureza econômica é facultado às partes, de comum acordo. Foi mantida a 
competência para executar, de ofício, as contribuições sociais (devidas por empregadores e 
empregados) e seus acréscimos legais decorrentes das sentenças que proferir. 
 
Essa concepção de ampliação da competência da Justiça do Trabalho não é incontroversa na doutrina, 
havendo alguns juristas que entendem que a competência continuaria limitada à relação de emprego, 
com os quais – que são minoria – não compactuamos. A prevalecer o entendimento desses 
doutrinadores que têm uma concepção mais restritiva da competência trabalhista, mesmo depois da 
Emenda Constitucional, ter-se-ia que se admitir que nada haveria mudado com a Emenda. Para quê 
ela então? Talvez a resposta a essa indagação, por si só, evidencie o descrédito que essa corrente 
restritiva deve merecer.Temos, pois, exemplificativamente, que a Justiça do Trabalho é competente para apreciar: 
 
 
 
a) Dissídios Individuais: 
 
-entre empregados e empregadores em geral, inclusive, os de dano moral ou patrimonial 
decorrentes do contrato de trabalho, inclusive, se por acidente de trabalho; 
-entre trabalhador rural e empresa rural; 
-entre trabalhador doméstico e empregador; 
-trabalhador avulso e tomador de serviços (art. 643 da CLT); 
-trabalhador temporário e empresa de trabalho temporário (cedente) e também contra a 
cessionária (art. 19, da Lei 6.019/74); 
-trabalhador autônomo (pessoa física) e seu tomador de serviços; 
-representante comercial autônomo (pessoa física) e seu tomador de serviços; 
-corretores de seguros ou de imóveis (pessoa física) e a empresa para quem prestam serviços; 
-nas ações de cumprimento (sentenças normativas; acordos ou convenções coletivas); 
-empreiteiro operário e empreitador, como exceção (art. 652, a, III) (já o empreiteiro não 
trabalhador não pode, pois a empreitada é contrato de direito civil); 
-problemas pré-contratuais (por exemplo: discriminação na seleção, antes da admissão); 
-problemas pós-contratuais (por exemplo: comissões pendentes); 
-atleta profissional (de futebol e outros esportes) contra o clube que o contratou (§ único do art. 29 
da Lei 6.354/76); 
-competência executória para as próprias execuções (feitas no próprio processo); 
-cobrar contribuições sociais devidas em decorrência de sentenças condenatórias trabalhistas. 
OBS: A ação de cobrança de um advogado (pessoa física) contra seu cliente, a quem tenha 
prestado serviços e não recebido por eles deveria, sim, diante dos termos do art. 114, da CF/1988, 
ser de competência da Justiça do Trabalho. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça - STJ 
recentemente editou uma Súmula (a de nº 363 – STJ) atribuindo a competência para esse tipo de 
causa (ação de cobrança de honorários de profissional liberal) à Justiça Comum (Estadual). O 
mesmo entendimento tem sido aplicado no caso de cobrança de um médico (pessoa física) contra 
seu cliente. 
 
b) Dissídios Coletivos: 
-dissídios coletivos em geral 
OBS: Em decisão liminar, o STF deu interpretação, em 2005, ao inciso I do art. 114 da CF, 
afastando a competência da Justiça do Trabalho para julgar dissídios coletivos de servidores 
públicos estatutários em face do poder público. Em razão disso, os dissídios coletivos de 
servidores estatutários estaduais e municipais são – enquanto perdurar a liminar do STF – julgados 
pela Justiça Comum Estadual (TJ) e aqueles de servidores estatutários federais pela Justiça 
Federal (TRFs ou STJ). 
 
c) Outras Questões: 
-Entes de direito público externo (embaixadas/consulados): após CF/88 não há mais dúvida que 
sim. Mas há o problema da impenhorabilidade dos bens de embaixada estrangeira, o que dificulta, 
às vezes, a execução. O entendimento é de que os entes públicos externos não possuem, para 
efeitos trabalhistas, a chamada imunidade de jurisdição, mas apenas a imunidade de execução; 
-Servidores Públicos Civis: está, por enquanto, limitada àqueles que são contratados pelo regime 
celetista. Os demais: se federais, são submetidos à Justiça Federal; se estaduais ou municipais, 
à Justiça Estadual Comum; 
-FGTS: quanto ao depósito devido pela empresa ao trabalhador, em ação movida por este ou por 
seu sindicato; 
-Cobrar, nas execuções, os valores devidos ao INSS. 
-Questões possessórias, desde que decorrentes do contrato de trabalho ou de direito de greve; 
-Planos de Previdência Complementar (só os que envolvam natureza contratual vinculada á 
relação de emprego); 
-Execuções Títulos Extrajudiciais (acordos firmados nas CCPs, termos de ajuste de conduta do 
Ministério Público do Trabalho); 
-Complementação de Aposentadoria prevista em norma contratual (contrato de trabalho); 
-Ações de representação sindical; 
-Ações relativas a penalidades administrativas decorrentes de fiscalização do trabalho; 
-Ações que envolvam o exercício do direito de greve; 
-Mandado de Segurança, Habeas Corpus e Habeas Data, quando o ato questionado envolver 
matéria sujeita à sua jurisdição; 
-Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 
 
 
 
QUADRO RESUMO – COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
ATÉ A EC 45/2004 APÓS A EC 45/2004 
Relação de Emprego (Empregado X 
Empregador) 
Relação de Trabalho (Empregado, Trab. 
Autônomo, Rep. Comercial-PF, etc.) 
Pequenas Empreitadas (art. 652, a, III, CLT) Pequenas Empreitadas (art. 652, a, III, CLT) 
Execução de Contribuições Previdenciárias 
das Sentenças que proferir 
Execução de Contribuições Previdenciárias das 
Sentenças que proferir 
FGTS FGTS 
Dissídios Coletivos Dissídios Coletivos 
Direito de Greve Direito de Greve 
Execução Trabalhista Execução Trabalhista 
Danos Morais e Materiais (controvertido) Danos Morais e Materiais 
 Ações de Representação Sindical 
 
Processos relativos à penalidades 
administrativas/fiscalização do trabalho 
 Mandado Seg/H Corpus/H Data (Mat. Trabalhista) 
OBS: 
Advogado/Prof. Liberais (S. 363 STJ) 
Questões Pré e Pós-Contratuais 
 
 
4. Competência Territorial (ratione loci, ou em razão do lugar ou, ainda, de foro – mas cuidado, porque 
a expressão “foro” pode, às vezes, ser empregado em acepção diferente) 
 
A competência em razão do lugar é um modo de delimitação territorial da jurisdição. Serve para que o 
jurisdicionado saiba qual o juízo competente, do ponto de vista territorial (local) em que deve propor a 
ação. 
 
Na esfera da Justiça do Trabalho, têm-se as seguintes regras básicas (art. 651 e §§, da CLT): 
 
a) Regra geral: a Vara do local da prestação dos serviços, ou seja, onde, de fato, o empregado tenha 
prestado seus serviços; 
 
b) Regra específica para viajantes e agentes: o juízo da Vara do local onde estes 
empregadores/trabalhadores fazem a prestação de contas perante seu superior, ou se não houver, o 
do seu domicílio (Lei 9581/99); 
 
c) Regra para as empresas com atuação em várias localidades (exemplo: circo): tanto a do local onde 
estiver exercendo a sua atividade (ou seja, onde presta os serviços) como o de onde foi firmado o 
contrato (via de regra, é o da sede da empresa, mas pode ser que não). 
 
Observações quanto à competência territorial: 
 
. Quando houver mais de uma Vara na localidade o processo será distribuído para uma delas (segue-
se, normalmente em ordem sucessiva de entrada). 
 
. O empregado que foi contratado aqui e que foi trabalhar fora do país pode mover a ação no Brasil § 
2,º art. 651, CLT, porém se houver Tratado Internacional, poderá prevalecer o foro indicado pelo 
Tratado. Não poderá mover duas ações. A legislação a ser aplicada no caso será a do país em que o 
serviço foi executado (princípio da lex loci executionis), salvo se chegou a prestar serviços no Brasil, 
hipótese na qual deve-se aplicar a legislação mais benéfica entre a do Brasil e a do outro país em que 
ele trabalhou. 
 
 
. Prorrogação de competência (art. 65 do CPC): como a competência territorial é relativa, pode ser 
prorrogada, desde que não venha a ser questionada. Prorrogar a competência quer dizer que, caso 
não se questione a incompetência do juízo que não era competente, este passa a ser competente para 
aquele caso em específico. Por exemplo: se uma ação foi proposta no RJ e o juiz competente era o 
de SP, se a parte não questionar a competência do juiz do RJ, ele passa a ser competente e o processo 
correrá normalmente no RJ. 
 
 
. Prevenção: significa o que veio antes. Numa mesma localidade (ou não), a Vara que primeiro 
conhecer a demanda será a preventa (art. 59, do CPC). 
 
. Foro de eleição: não é admitido foro de eleição (aquele convencionado pelas partes) nos contratos 
de trabalho. Porém, alguns julgados entendem que, se houver a previsão no contrato, só o trabalhador 
poderá se beneficiar dela. 
 
. Nos dissídios coletivos: quando o sindicato tem base numa das Regiões da Justiça do Trabalho não 
há problema, pois será nesta; caso contrário, houvermaior abrangência do que uma região, deverá 
ser proposto no TST (arts. 677 e 702, I, b, da CLT). Mas há uma exceção a essa regra: quando envolver 
os TRTs do Estado de São Paulo (de Campinas e de São Paulo). Nesse caso, em havendo um 
sindicato do interior que englobe jurisdição da capital, a competência será do TRT de São Paulo e não 
o de Campinas (art. 12 da Lei 7520/86). 
 
 
5. Competência Funcional 
 
A competência funcional está ligada com a função do juízo. Por exemplo: aos Juízes das Varas cabe 
conduzir os processos e julgar as ações em primeira instância; aos dos Tribunais, via de rega, cabe a 
análise dos recursos, salvo algumas exceções (ações de competência originária dos tribunais). 
 
A competência originária dos Tribunais Regionais ocorre nos dissídios coletivos, mandados de 
segurança, ações rescisórias, habeas corpus e conflitos de competência. 
 
Ainda dentro da função, vamos ter, por exemplo, nos tribunais, funções específicas, como as do relator 
que é o responsável pela análise de cada caso. 
 
 
 
6. Competência em razão do valor 
 
Não há na Justiça do Trabalho juizados especiais com competência específica para conhecer e julgar 
ações de pequeno valor, como ocorre na Justiça Comum. 
Assim, a questão do valor das causas, em matéria trabalhista, só influi na competência dos tribunais 
para efeito do julgamento de recurso. 
Na seara trabalhista, temos algumas ações que são de competência exclusiva da Vara do Trabalho 
(também chamadas de ações de instância única), que são aquelas cujo valor não supera o dobro do 
valor do salário mínimo legal. Nesse caso, não cabe recurso, salvo em caso de ofensa à Constituição 
(quando será cabível Recurso Extraordinário ao STF - Lei. 5.584/70, art. 2º, §§ 3º e 4º, este último com 
a redação da Lei 7.402/85). 
Há, ainda, aquelas ações de até 40 salários mínimos, sujeitas ao rito sumaríssimo, e que, embora não 
tramitem num juízo especial, sofrem algumas restrições no campo recursal. Essas ações de rito 
sumaríssimo, por exemplo, só admitem recurso dos TRTs para o TST no caso de violação a dispositivo 
constitucional ou à Sumula de Jurisprudência do TST. 
 
 
 
7. Casos típicos de incompetência da Justiça do Trabalho 
 
a) Ações Acidentárias (não indenizatórias): são ações movidas contra o INSS questionando o 
pagamento de benefícios/direitos previdenciários decorrentes de acidentes de trabalho (auxílio-
doença acidentário; aposentadoria por invalidez; auxílio-acidente; etc.). Essas ações são de 
competência da Justiça Comum (Varas de Acidente do Trabalho), por força do que dispõe o artigo 
109, I, da Constituição; 
 
b) Ações Previdenciárias: são ações também movidas contra o INSS (órgão previdenciário) onde se 
pleiteia algum benefício previdenciário não vinculado a acidente do trabalho (auxílio-doença; 
aposentadoria por serviço; aposentadoria por idade; etc.), sendo ações de competência da Justiça 
Federal; 
 
c) Crimes cometidos por empregados ou empregadores: são, a priori, de competência da Justiça 
Comum (crimes em geral) ou da Justiça Federal (crimes contra a organização do trabalho). 
 
 
 
8. Incompetência Relativa X Incompetência Absoluta 
 
Os casos de incompetência em razão do lugar ou do valor são de caráter relativo, podendo ser 
prorrogáveis. Além disso, alegação de incompetência relativa deveria, nos termos do art. 64 do CPC, 
ser suscitada pela parte como preliminar de contestação. Contudo, a reforma trabalhista (Lei 
13.467/17) trouxe uma mudança nesse sentido em matéria trabalhista. Ela prevê o direito da 
parte reclamada (excipiente) alegar a exceção de incompetência territorial em peça apartada e 
antes mesmo da primeira audiência, observado o prazo limite de 5 dias após o recebimento da 
notificação inicial da ação (art. 800 da CLT). Superado esse prazo, haverá preclusão, não se 
podendo mais arguir a incompetência territorial do juizo. Protocolada a petição, será suspenso o 
processo e não se realizará a audiência até que se decida a exceção. Os autos serão imediatamente 
conclusos ao juiz, que intimará o reclamante (exceto) e, se existentes, os litisconsortes, para 
manifestação no prazo comum de 5 dias. Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo 
designará audiência, garantindo o direito de o excipiente (reclamado) e de suas testemunhas serem 
ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente. Decidida a exceção 
de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a 
apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. 
 
As demais incompetências (matéria, pessoa e função) são absolutas (art. 63 do CPC), devendo ser 
declaradas de ofício mesmo que as partes não as aleguem (§ 1º, do art. 64 do CPC). Essas exceções 
continuam sendo alegadas como preliminar na própria peça de defesa. 
 
 
9. Conflitos de Competência 
 
Os conflitos de competência se caracterizam pela ocorrência das hipóteses do artigo 66 do CPC, ou 
seja, quando: 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; 2 (dois) ou mais juízes se consideram 
incompetentes, atribuindo um ao outro a competência; ou, ainda, entre 2 (dois) ou mais juízes surge 
controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Em regra, a competência para dirimir 
conflitos de competência é do STJ. Contudo, na hipótese de conflitos entre varas do trabalho ou entre 
estas e juízes comuns investidos de jurisdição trabalhista, a competência é do Tribunal Regional do 
Trabalho (súmula 180 do STJ). 
Já, sempre que envolver conflito entre Tribunais Superiores (por exemplo: entre o TST e o STJ) a 
competência será do STF (art. 102, I, “o”, CF/88). 
 
 
 
VI. PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO 
 
1. Princípios gerais do processo 
 
São princípios gerais do processo: livre acesso ao Judiciário; devido processo legal; isonomia; ampla 
defesa; contraditório; fundamentação das decisões; duplo grau de jurisdição; publicidade; proibição do 
reformatio in pejus; imparcialidade do juiz; convencimento racional do juiz; preclusão; eventualidade 
(as partes devem, seja na inicial quanto na contestação, alegar, desde logo, tudo quanto pretendem 
obter da lide, ou seja, apresentar todos os seus instrumentos de ataque ou defesa). 
 
2. Princípios específicos do Processo do Trabalho 
 
Não obstante os princípios gerais do processo, no âmbito trabalhista existem alguns princípios 
específicos que norteiam o processo do trabalho, a saber: 
 
a) Oralidade: a oralidade, como princípio processual, não significa a inexistência de escrita, o que 
seria impossível, mas apenas um conjunto de meios que possam imprimir maior rapidez ao 
desenvolvimento do complexo de atos processuais. 
 
b) Concentração: decorre da oralidade e significa a concentração dos atos do processo numa única 
audiência. Todavia, muitas vezes os juízes são levados pelas circunstâncias à desconcentração 
dos atos, subdividindo a audiência em duas, três ou até mais, devido a peculiaridade de cada caso. 
P.ex., casos em que é de rigor a realização de perícias (médicas/contábeis); adiamento por 
ausência de testemunhas; etc. Há ainda casos em que por conveniência do juízo e pelo acúmulo 
de serviço, as audiências tb. são fracionadas. Assim, a concentração é uma ideia que não encontra 
realização prática em determinados juízos, embora plenamente realizável em outros. 
 
c) Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: também é um aspecto da oralidade e que está 
plenamente identificado com o processo trabalhista. Quer dizer que as decisões proferidas no 
curso do processo pelo juiz não são, em regra, recorríveis de imediato (Súmula 214, TST e art. 
893, §1º, CLT). Os recursos que contra essas decisões poderiam ser apresentados são exercidos 
no momento do eventual recurso contra a decisão final. Esse princípio tem por finalidade, de um 
lado, evitar truncamentos no processo e, de outro, possibilitar um efetivo cumprimento da 
prestação jurisdicional no mais breve tempo possível. 
 
d) Celeridade: o processotrabalhista não pode ser demorado, até porque, na maioria das vezes a 
matéria tratada é de caráter alimentar, como os salários, etc. Assim, propugna-se por um processo, 
o quanto possível, simples e informal, para que possa se desenvolver com maior rapidez. A CLT 
não se afastou desse objetivo, porém sua aplicação muitas vezes é deturpada, como, por exemplo, 
é marcada uma audiência para três/quatro meses depois da citação (deveria ser a partir de cinco 
dias). Outro exemplo: os depoimentos deveriam ser resumidos em ata, não necessariamente de 
forma integral. A própria ata não precisaria ser redigida no ato da audiência, pois a lei dá ao órgão 
jurisdicional 48 horas para isso, etc. A decisão do Juiz é oral, mas deve ser reduzida a termo. Os 
recursos têm, em regra, efeito não suspensivo, ao contrário do que acontecia na Justiça Comum 
(hoje a regra é quase a mesma). Para compensar os efeitos danosos da demora, foi instituída 
correção monetária (como também há os juros) dos valores da condenação. 
 
e) Economia Processual: dentro do processo, significa uma adequada proporção entre meios e fins 
do processo; já fora do âmbito interno do processo quer dizer que se deve aproveitar ao máximo 
o processo para evitar a propositura de novo processo para o mesmo fim. Configura-se, ainda, 
num poder-dever do juiz para aproveitar os atos processuais. 
 
f) O problema da Identidade Física do Juiz – essa expressão significa que o juiz que começa a 
funcionar no processo deve nele prosseguir até o fim. Seria ideal, dado que um mesmo juiz 
participaria da colheita de provas, acompanharia o desenrolar do processo e, por óbvio, teria 
melhor conhecimento do caso para decidir. E é de relevada importância, já que a análise fria do 
papel e dos atos reduzidos a termo, nem sempre expressa a realidade do caso. Contudo, há muita 
dificuldade para essa vinculação no processo trabalhista, diante da limitação de recursos 
humanos. Havia até Súmula do TST que descartava expressamente a questão da identidade física 
(Súmula 136 do TST), mas que, desde de setembro/12, foi cancelada. 
 
 
 
3. Principais diferenças em relação ao processo civil. 
 
a) Petição Inicial: Jus postulandi – é o direito da parte fazer, por si mesma, a reclamação. Na Justiça 
do Trabalho isso é permitido (art. 791, da CLT); no Juízo Cível não, exceto nas ações de até 20 
salários-mínimos dos Juizados Especiais Cíveis. 
a) Citação: no processo civil, a citação é ordenada por despacho; no trabalhista a citação é 
automática, feita pela secretaria, por via postal, sendo que, via de regra, o juiz só toma contato 
com o processo trabalhista na audiência. 
b) Contestação: no processo civil é escrita e antecede a audiência; no processo trabalhista pode ser 
verbal e se dá na própria audiência. 
c) Saneamento do Processo: há momento próprio no processo civil (art. 347 do CPC); no trabalhista 
não, sendo que o juiz, na audiência e sem fase própria toma as iniciativas para regularizar o 
processo. 
d) Conciliação: no processo civil não era obrigatória, salvo em alguns tipos específicos de ação, mas 
passou a sê-lo com o novo CPC (art. 334 do CPC); no trabalhista o é desde sempre, inclusive, sob 
pena de nulidade do processo. 
e) Arquivamento (da ação): essa figura não é encontrada de forma geral no processo civil, mas 
acontece no processo trabalhista quando o empregado não comparece na primeira audiência (art. 
844, parte inicial, da CLT). 
f) Presença das partes: na audiência cível não é obrigatória, vez que os depoimentos pessoais 
dependem de requerimento, resultando, portanto, da iniciativa da parte; já na audiência trabalhista 
a presença da parte é obrigatória (prevista em lei – arts. 844 e 820, da CLT). 
g) Recursos: no processo trabalhista há maior simplificação dos recursos em comparação com os do 
processo civil. Além disso, e como já se disse alhures, os recursos trabalhistas não têm, em regra, 
efeito suspensivo, ao contrário do que acontece na Justiça Comum. Também não há na Justiça 
do Trabalho como se recorrer de imediato de uma decisão interlocutória (Súmula 214, do TST). 
h) Execução: assemelha-se muito, mas o processo trabalhista tem se mostrado mais efetivo, 
sobretudo porque segue a diretriz de que a execução trabalhista deve se dar da maneira mais 
eficaz para o credor, pouco importando os impactos e as implicações da execução para o devedor. 
Todavia, muitas questões de processo civil são aplicadas subsidiariamente ao trabalhista, desde 
que este seja omisso e que não haja incompatibilidade (art. 769, da CLT). 
 
VII. ATOS DO PROCESSO DO TRABALHO 
 
1. Conceito 
 
Ato processual é a manifestação de vontade que emana das pessoas vinculadas à relação jurídica 
processual. Para Moacyr Amaral dos Santos: são atos processuais aqueles que têm o efeito de 
constituir, conservar, desenvolver, modificar ou cessar a relação processual. Para Arruda Alvim, todo 
ato processual tem que ser aquele praticado no ou para o processo. 
 
2. Classificação 
 
Os atos processuais podem ser classificados quanto aos sujeitos que os praticam em: atos do juiz, 
das partes e de terceiros. 
a) Atos do Juiz: o despacho, a autorização, o interrogatório, a advertência à testemunha, a sentença, 
a informação às autoridades superiores, etc; 
b) Atos das partes: a petição inicial, a contestação/defesa, o depoimento, as alegações, os recursos, 
as sustentações, etc; 
c) Atos de terceiros: a perícia (peritos), a diligência (oficial de justiça), a tradução (pelo 
intérprete/tradutor juramentado), o pregão, etc... 
 
 
3. Características 
 
São características dos atos processuais: 
 
a) publicidade, pois são públicos, salvo quando em contrário determinar o interesse social; 
Obs.: Art. 770, CLT – devem se dar das 6 às 20hs, salvo autorização expressa em sentido 
contrário. 
b) documentação, pois são documentados nos autos (art. 771, CLT); 
c) certificação, pois também são certificados pelos manifestantes mediante assinatura (art. 772, 
CLT). 
 
 
4. Formas dos Atos 
 
Por forma dos atos processuais deve-se entender a forma como eles se materializam no processo. 
 
Quanto ao modo do seu registro, pode se dar em formas: manuscritas, datilografadas, digitadas, 
fotocopiadas e carimbadas. Outros meios são preconizados como mais eficientes, como a gravação 
em fita sonora, microfilmagem, digitalização, de modo que é preciso aproveitar as conquistas da 
ciência no processo. 
 
Quanto à natureza do idioma: dever ser observada a língua nacional, e, se documentos estrangeiros 
devem ser juntados, é obrigatória a sua tradução, por tradutor oficial. 
 
Quando ao modelo, existem: petições, atas, termos, impressos, editais, boletins, guias, pautas, 
mandados, ofícios, requisições, etc. 
 
 
5. Comunicação dos atos 
 
Como os atos devem ser revestidos de publicidade, existem meios para que sejam conhecidos pelas 
partes ou por terceiros interessados. Em regra, a comunicação dos atos processuais se dá por 
intimação ou por citação (admitindo-se, inclusive, por meio eletrônico no PJe). 
 
a) Citação: citação quer dizer a comunicação à alguém da propositura de uma ação para que venha 
defender-se em juízo. 
 
b) Intimação: intimar, no âmbito do processo, consiste em dar conhecimento de um ato processual a 
alguém, a fim de que pratique ou deixe de praticar, por sua vez, um ato processual; 
 
Obs.: A Lei Trabalhista utiliza-se também da palavra “notificação” com ambos os significados. No atual 
Código de Processo Civil a palavra “notificação” foi suprimida como meio de comunicação, sendo que 
a intimação cumpre o mesmo fim. 
 
 
VIII. PRAZOS DO PROCESSO DO TRABALHO 
 
 
1. Conceito 
 
É o tempo no qual deve ser praticado um ato processual. 
 
 
2. Tipos 
 
Os prazos podem ser: legal (decorrente de lei – p.ex. recursos); judicial (determinado pelo juiz, p.ex. 
X dias para a parte falar no processo); ou convencional (ajustado pelas partes, p.ex. quando elas 
pedem a suspensão do feito para concluírem um acordo). 
 
Podem ser, também, peremptórios (fatais,improrrogáveis), sempre os legais; ou dilatórios, que podem 
ser prorrogados segundo o juiz. 
 
Há prazos destinados tanto às partes, como também ao juiz (10 dias, em dissídio coletivo, para 
designação de audiência); ao secretário (diretor da secretaria – p.ex. de 48 hs para remessa da petição 
inicial ao reclamado); para os oficiais de justiça; peritos, etc. 
 
Obs.: Lembre-se, o CPC deve ser aplicado subsidiariamente quando a CLT for omissa, e desde que 
com ela não seja incompatível (art. 769, CLT). 
 
 
 
3. No processo trabalhista têm-se os principais prazos: 
 
a) 48 hs para remessa de cópia da petição inicial para o Reclamado/notificação inicial (art. 841, CLT); 
b) 48 hs para juntada da ata de audiência nos autos (art. 851, CLT); 
c) 48 hs para devolução da notificação postal no caso de não ser encontrado o destinatário ou na 
recusa de recebimento, pelo correio (art. 774, § único, CLT); 
d) custas (na fase de conhecimento: após o trânsito em julgado ou dentro do prazo recursal no caso 
de recurso – art. 789, § 1º, da CLT; na fase de execução: ao final da execução); 
e) 05 dias para vistas dos autos ao exceto, nos casos de exceção de incompetência (art. 800, CLT – 
nova redação da reforma trabalhista – Lei 13.467/17); 
f) 48 hs para julgar casos de exceção de suspeição (art. 802, CLT); 
g) 15 minutos de tolerância para o atraso do Juiz no comparecimento à audiência (art. 815, CLT); 
h) 20 minutos para defesa oral em audiência (art. 846, CLT) 
i) 10 minutos para alegações orais finais das partes em audiência (art. 850, CLT) 
j) 30 dias para ingressar com inquérito judicial para apuração de falta grave, a partir do afastamento 
do empregado pelo empregador (art. 853, CLT); 
k) 2 anos para ação rescisória (art. 836, CLT); 
l) 8 dias para recursos (CLT, arts. 894, 895, a, 896, §§ 1º e 3 º, 897, § 1º); 
m) 5 dias para Embargos de Declaração (art. 897-A, da CLT); 
n) 10 dias para o perito apresentar laudo de avaliação (art. 888, CLT); 
o) 08 dias para as partes impugnarem os cálculos de liquidação de sentença (art. 879, §2º, CLT - 
nova redação da reforma trabalhista – Lei 13.467/17); 
p) 48 horas para pagamento ou garantia da execução de sentença (art. 880, CLT); 
q) 5 dias para Embargos á Execução (art. 884, CLT), contados da garantia da execução ou da 
penhora. 
r) 10 dias para audiência em dissídio coletivo (art. 860, CLT); 
s) prazo para propor ações: deve-se observar os termos da lei (sob pena de prescrição ou 
decadência). No caso trabalhista, o dissídio individual comum deve ser proposto pelo empregado: 
até 2 anos após a extinção do contrato; e/ou em 5 anos no curso deste (CF, 7º, XXIX). 
t) 02 anos – prescrição intercorrente (art. 11-A, CLT – novidade da reforma trabalhista) 
 
Observações: 
a) Os entes de direito público têm prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer 
(Decreto-Lei 779/69) 
b) O oficial de justiça tem 9 (nove) dias para cumprir os atos que lhe forem determinados (art. 721, 
§2º, CLT) 
c) Há prazos previstos no CPC aplicáveis subsidiariamente, diante de lacunas no processo do 
trabalho. 
 
 
4. Regras dos Prazos: 
 
Os prazos na Justiça do Trabalho são contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e 
inclusão do dia do vencimento. (nova redação dada pela reforma trabalhista ao art. 775 da CLT) 
 
Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: (i) 
quando o juízo entender necessário; (ii) em virtude de força maior, devidamente comprovada. 
 
Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, 
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito.” 
(NR) 
 
O início do prazo é, como regra geral, a data do conhecimento do ato a ser praticado, a data em que 
é feita pessoalmente ou recebida a notificação ou a data em que é publicada no diário oficial (art. 774, 
da CLT). 
 
Quando se trata de afixação de edital na sede do juízo, nessa data tem início a contagem (art. 774). 
 
No caso de notificação pelo correio, o que é muito comum, presume-se entregue e recebida a 
notificação 48 horas após a expedição, sendo, portanto, o prazo aqui da data do recebimento 
presumido (Súmula 16, do TST); todavia, caso o recebimento se dê realmente depois do prazo 
presumido, passa a valer a data efetivamente recebida. 
 
No caso da sentença ser publicada em audiência em que deveria a parte comparecer, a data do início 
do prazo para recurso é a da publicação em audiência (Súmula 197, do TST); 
 
Se a publicação ou notificação se der na sexta-feira, começa a correr na segunda imediata, ou no dia 
útil seguinte, quando não houver expediente (Súmula 1, do TST); 
 
O vencimento dos prazos é certificado nos autos (art. 776, CLT); 
 
A superveniência de férias forense (de 20/12 a 20/01 no processo civil) suspende o curso do prazo, 
cuja contagem recomeça a partir do primeiro dia útil seguinte ao término das férias (art. 220, CPC). 
Convém, aqui, esclarecer que o recesso da Justiça do Trabalho (de 20/12 a 06/01 no processo do 
trabalho) não é considerado férias por boa parte da jurisprudência, sendo, sim, considerado uma 
espécie de feriado, quando o prazo em andamento flui normalmente, devendo, no caso de expirar-se 
este no decorrer do recesso, ser cumprido no primeiro dia útil subsequente. O TST, no entanto, tem 
entendimento que os prazos ficam suspensos também durante o recesso forense (Súmula 262, II, do 
TST) 
 
Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dá no primeiro dia útil subsequente e a 
contagem no dia seguinte (Súmula 262, I, do TST). 
 
Prazos anuais, ou seja, aqueles contados por anos terminam no mesmo dia do ano seguinte àquele 
que começam (p.ex. se o início de dá em 06/03/2014, o término será em 06/03/2015); Os prazos 
contados em meses obedecem ao mesmo critério, independentemente do mês ter 28, 29, 30 ou 31 
dias. Quanto aos prazos por hora, praticamente se contam como os contados por dia em razão de não 
se poder, em geral, precisar a hora em que começam. 
 
Observação: conta-se o prazo a partir da retirada dos autos em carga se esta for feita antes da 
publicação no órgão oficial do ato que daria início ao prazo. 
 
Caso não se cumpra o prazo processual poderá haver sanções legais, as quais podem atingir o Juiz 
(art. 658, “d”, da CLT), os serventuários (art. 712, § único, da CLT) e, principalmente as partes, que 
podem perder, por preclusão, o direito de praticar o ato, inclusive recorrer. 
 
 
5. Preclusão 
 
 
Preclusão é a perda da possibilidade de realizar um ato processual. 
 
 
Pode ser: temporal (quando decorre o prazo em que poderia ter sido praticado); consumativa (quando 
é praticado o ato que deveria sê-lo; p.ex. interposto uma vez o recurso, não se pode interpor 
novamente); lógica (quando é praticado determinado ato incompatível com a prática de certos outros; 
p.ex. quando há desistência do processo impedindo a interposição do recurso). 
 
 
A preclusão temporal e a lógica são consideradas também como impeditivas, e a consumativa também 
é denominada extintiva. 
 
Em algumas hipóteses a preclusão atinge o juiz, como por exemplo, quando prolata uma sentença, 
não podendo voltar a fazê-lo, embora em certos casos possa modificá-la, como no julgamento de 
embargos de declaração (ou se houver erro material). 
 
No novo processo civil, o legislador afastou a preclusão de decisões interlocutórias que não sejam 
passíveis, de imediato, de agravo de instrumento (art. 1009, §1º, c.c. art. 1015 do CPC). Referido 
entendimento, no entanto, dificilmente deve ser aplicado ao processo do trabalho, devendo-se atentar 
para a ocorrência sempre da preclusão nas decisões interlocutórias quando a parte não lança mão 
dos protestos verbais (em audiência) ou por escrito (em caso de intimação de decisão judicial não 
proferida em audiência). 
 
Os artigos 223, 507 e 1000, todos do CPC, também tratam do instituto da preclusão. 
 
 
 
IX. NULIDADES PROCESSUAIS (ARTIGOS794 a 798, da CLT) 
1. Conceito 
Nulidades são vícios (irregularidades/defeitos) que os atos jurídicos podem apresentar, no caso, os 
atos processuais (nulidade processual). Para Sérgio Pinto Martins, nulidade é a “sanção pelo 
descumprimento da forma prevista em lei”. 
2. Elementos dos atos jurídicos 
Todos atos jurídicos (inclusive os processuais) devem ter, para ser considerados válidos, os seguintes 
elementos: agente capaz, livre manifestação da vontade, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida 
em lei. 
Caso não seja observado algum dos elementos, diz que o ato está acometido de nulidade. Do ponto 
de vista processual, a hipótese mais comum de nulidade está ligada ao descumprimento da forma 
prevista em lei. 
3. Tipos 
A nulidade, conforme ensina a doutrina civilista, pode ser absoluta ou relativa. A primeira (absoluta) é 
ditada por questões de ordem pública, como acontece com as hipóteses de incompetência em razão 
da matéria ou em razão das pessoas, devendo o juiz reconhecê-la de ofício. A segunda (relativa) 
depende do interesse da parte, que deve provocar o juiz para declará-la. Exemplo desta última: a 
incompetência em razão do lugar. 
Na Justiça do Trabalho os vícios processuais são tratados como nulidade processual sem 
especificação (absoluta ou relativa) e só são reconhecidos se deles resultar algum prejuízo à 
parte. O prejuízo aqui é de ordem processual. 
4. Reconhecimento 
A nulidade na Justiça do Trabalho deve ser, via de regra, sempre requerida pela parte, salvo quando 
for caso de incompetência de foro, quando poderá o Juiz a declarar de oficio (§ 1º, art. 795, CLT). 
Discute-se, porém, se os casos de nulidade absoluta deveriam ser declaradas ex officio. Contudo, por 
uma questão de cautela, a nulidade deve sempre ser requerida pela parte. 
Atenção: A incompetência de “foro” a que alude a CLT não diz respeito à incompetência territorial 
(relativa e prorrogável), mas à competência em relação à matéria (absoluta e improrrogável). Quis-se 
dizer “foro”, como modo de diferenciar “foro comum” de “foro trabalhista”. Nesse sentido são as lições 
de Valentin Carrion e Christovão Piragibe Tostes Malta. Já para o Prof. Amauri Mascaro Nascimento a 
incompetência tratada pela CLT seria aquela em razão do lugar, o que, como visto acima, não tem 
respaldo jurídico. 
5. Momento de arguição 
A parte deve arguir a nulidade na primeira vez que tiver que falar nos autos ou em audiência (art. 795, 
CLT). 
6. Hipóteses de não-declaração: 
 
a) Quando se puder decidir o mérito em proveito de quem a alega, é desnecessária sua declaração. 
 
b) A nulidade também não é pronunciada na Justiça do Trabalho quando: (i) for possível suprir-se a 
falta ou repetir-se o ato; (ii) for arguida por quem lhe tiver dado causa (art. 796, CLT). 
 
7. Efeito/Consequência 
A nulidade de um ato não torna nulo todo o processo. Quando é admitida uma nulidade processual, o 
Juiz ou o Tribunal declara quais os atos que foram atingidos. Normalmente são atingidos os atos 
posteriores e dependentes daquele tido por nulo. 
 
 
X. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES E TERCEIROS 
1. Denominação 
Nas reclamações trabalhistas em geral (dissídios individuais), o autor da ação é denominado de 
reclamante e o réu de reclamado. 
 
Obs: Outras denominações para as partes: (a) nos dissídios coletivos, as partes são suscitante e 
suscitado; (b) no inquérito judicial para apuração de falta grave, o autor é a empresa (requerente) e o 
réu é o empregado (requerido); e, (c) nas ações de execução de título extrajudicial, o autor da ação é 
denominado de exequente (ou credor) e o réu de executado (ou devedor). 
2. Representação 
Dá-se a representação quando alguém recebe a qualidade para agir em nome de outrem, manifestando 
a vontade do representado, substituindo-o. 
Caso típico trabalhista (tratado pela CLT como representação, mas que, tecnicamente, é assistência): 
o menor de 18 anos somente poderá propor reclamação trabalhista por seus representantes legais 
(pai, mãe, etc.) e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo Sindicato, pelo 
Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo (art. 793, CLT). Já os maiores de 18 e 
menores de 21 anos poderão pleitear seus direitos trabalhistas sem a assistência de seus pais, tutores, 
etc. (art. 792, CLT). 
 
São ainda representados em juízo (art. 75 do CPC): (a) a União, os Estados, o Distrito Federal, por 
seus procuradores; (b) o Município poderá tanto ser representado pelo Prefeito ou por procurador; (c) 
a massa falida será representada pelo síndico; (d) a herança jacente ou vacante, por seu curador; (e) 
o espólio, pelo inventariante (obs: em matéria trabalhista quem representa o espólio é o beneficiário - 
dependente - do falecido junto ao INSS e só na falta deste é que se aplica a regra de representação 
pelo inventariante); (f) as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou não os 
designando, por seus diretores; (g) as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem 
couber a administração de seus bens; (h) a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante 
ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; (i) o condomínio, pelo 
síndico (art. 2º da Lei 2757/56); (j) o empregador doméstico pela pessoa que assina a CTPS ou pelos 
demais membros da família. 
 
Observações: 
a) Nas reclamações plúrimas, a representação pode ser feita pelo sindicato da categoria (art. 843, CLT) 
ou por uma comissão eleita para representá-los. 
b) É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha 
conhecimento do fato e cujas declarações obrigarão o preponente (art. 843, §1º, CLT). O TST entendia 
que o preposto deveria ser empregado (Súmula 377, do TST). Mas isso mudou com o advento da 
Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) que acrescentou o § 3º ao art. 843 da CLT e deixou expresso que 
“O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa ser empregado da parte reclamada”. Quer 
dizer, desde 11/11/2017, quando entrou em vigor a reforma trabalhista, o preposto na Justiça do 
Trabalho não precisa mais ser empregado da empresa. 
c) Se, por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao 
empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença 
à mesma profissão ou por seu sindicato (art. 843, § 2º, CLT). 
d) O sindicato representa a categoria em juízo ou fora dele (art. 8º, III, da CF/88). 
 
3. Procuradores 
Como já visto anteriormente, admite-se na Justiça do Trabalho o IUS POSTULANDI, que é o direito 
que a pessoa tem de ingressar em juízo, praticando pessoalmente todos os atos autorizados para o 
exercício do direito de ação, independentemente do patrocínio de advogado. 
Assim, num processo trabalhista, as partes (tanto empregado quanto empregador) podem ingressar 
em juízo independentemente de patrocínio de advogado (arts. 791 e 839, CLT). 
 
4. Assistência Judiciária 
Na Justiça do Trabalho quem presta a assistência judiciária é o Sindicato (art. 14 da Lei nº 5584/70). 
Ela deve ser gratuita ao desempregado ou aquele que perceber salário inferior a dois salários-mínimos 
ou, ainda, àquele que declare não possuir condições econômicas de prover à demanda. 
OBS: Figura diversa é a do Benefício da Justiça Gratuita (isenção das custas), benefício este devido 
àqueles que, mesmo se valendo de advogado contratado, perceberem salário igual ou inferior salário 
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do regime geral de 
previdência social ou à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do 
processo. Essas modificações foram trazidas pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) que alterou a 
redação do § 3º e acresceu o § 4º do artigo 790 da CLT. Antes da reforma, para obter a isenção de 
custas bastava que os empregados declarassem, sob as penas da lei, que não estavamem condições 
de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou da sua família (declaração de 
escassez). 
 
5. Substituição Processual 
Consiste na possibilidade de alguém postular em nome próprio direito alheio, de acordo com previsão 
legal (art. 6º, do CPC e art. 18 do CPC2015). 
No processo do trabalho, a substituição processual é feita pelo Sindicato. 
As principais hipóteses de substituição processual no processo do trabalho são: (a) ação de 
cumprimento; (b) ação para reconhecimento de insalubridade ou de periculosidade (art. 195, § 2º, CLT 
e OJ 121, TST); (c) questões salariais contidas em leis de política salarial; (d) ação onde se postula o 
recolhimento/pagamento do FGTS em nome dos funcionários da empresa. O STF tem entendimento 
firmado de que a substituição processual pelo Sindicato deve ser a mais ampla possível, sendo 
as hipóteses acima elencadas meramente exemplificativas. 
 
6. Intervenção de Terceiros 
As hipóteses de intervenção de terceiros previstas no CPC, notadamente as necessárias/provocadas, 
como a nomeação à autoria (art. 62 do antigo CPC – indicação errada da parte legítima); denunciação 
à lide (arts. 125 a 129 do CPC2015 – quando há, p. ex., possibilidade de haver ação regressiva – 
terceirização; ou, ainda, quando se discute a sucessão de empregadores); e, chamamento ao processo 
(art. 130 a 132 do CPC2015– p. ex.: devedores solidários – grupo de empresas), dificilmente são 
admitidas no Processo do Trabalho, diante dos seus princípios (celeridade, oralidade, informalidade, 
economia processual, etc.). O mesmo, aliás, acontece no âmbito do próprio processo civil nos juizados 
especiais, onde prevalece certa informalidade, celeridade e economia processual. Na Justiça do 
Trabalho havia, inclusive, uma Orientação Jurisprudencial que vedava essa possibilidade (Orientação 
Jurisprudencial nº 227 da SDI-1 do TST). No entanto, essa orientação foi cancelada pelo TST depois 
da EC 45/2004, abrindo a possibilidade de aceitação da intervenção de terceiros no âmbito trabalhista. 
Registre-se, a despeito disso, que não há tradição na Justiça do Trabalho em admitir essas hipóteses 
de intervenção de terceiros, salvo em casos extremamente excepcionais. 
Dentre as hipóteses de intervenção voluntária, e a despeito de alguns entendimentos doutrinários em 
sentido contrário, tem-se que: (a) a hipótese de assistência (art. 121 a 123, do CPC – intervenção 
adesiva – exemplo: o empregado entra como assistente numa demanda proposta pelo Sindicato como 
substituto processual daquele) sempre foi normalmente aceita; (b) assim como se deve aceitar a 
hipótese de oposição (art. 682 a 686 do CPC, como, por exemplo, quando um empregado entra com 
uma ação contra seu empregador alegando que inventou um produto e pedindo uma verba por tal 
criação e, nesse mesmo processo, outro empregado se apresenta como opoente dizendo que ele foi 
quem fez a invenção). 
 
 
NOTAS: 
 
No novo CPC (de 2015), não há mais a nomeação à autoria como uma das formas de intervenção de 
terceiro (já que, nesse caso, deve-se simplesmente reconhecer a ilegimitidade de parte “ad causam” 
daquela parte contra a qual a ação foi movida erroneamente). 
 
Além disso, a oposição não é mais tratada como intervenção de terceiros, tendo sido alocada como 
um procedimento especial. 
 
Mais ainda: foram incluídos os procedimentos de desconsideração da personalidade jurídica e de 
amicus curiae (arts. 133 a 138 do CPC). 
 
No âmbito do processo do trabalho, o TST editou recente resolução (211/2016) na qual edita novas 
súmulas e ajustas outras relativas à regularidade de representação processual (Súmulas 299, 303, 395 
e 456 do TST e O.J. 451, da SBDI-II, do TST), tendo basicamente ajustado o teor de referidos 
enunciados de jurisprudência para determinar que os juízes e relatores (em grau de recurso), ao 
verificarem problemas de regularidade de representação, ao invés de extinguirem o processo ou não 
conhecerem de recurso por esse tipo de problema, deverão conceder à parte um prazo de 5 dias para 
regularização da representação processual. 
 
A Reforma Trabalhista deixou expresso que o procedimento incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica previsto no CPC (arts. 133 a 137) aplica-se ao processo do trabalho. Veja o teor 
dos dispositivos incluídos pela reforma à CLT (art. 855-A e §§): 
 
“Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo 
Civil. 
§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: 
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta Consolidação; 
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo; 
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal. 
§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de 
urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código 
de Processo Civil).” 
 
 
 
- Questão dos honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho: 
 
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, 
fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor 
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa. 
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a 
parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. 
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: 
I - o grau de zelo do profissional; 
II - o lugar de prestação do serviço; 
III - a natureza e a importância da causa; 
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. 
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, 
vedada a compensação entre os honorários. 
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em 
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua 
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, 
nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar 
que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, 
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. (recentemente esse parágrafo foi 
declarado inconstitucional pelo E. STF na ADI 5766) 
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.”

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