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MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 1 Distúrbios respiratórios do RN Características gerais Qualquer condição que dificulte a chegada do oxigênio no cérebro levará à expressão clínica de dificuldade respiratória. O diagnóstico da causa é pensado a partir da análise cuidadosa da história clínica materna e do parto, dos sinais e sintomas do bebê e da avaliação dos exames complementares. Sinais de dificuldade respiratória: São eles: Taquipneia, mudanças no ritmo e periodicidade respiratória, batimento das asas nasais, gemido respiratório, head bobbing, retrações torácicas (intercostal, subcostal, supraesternal), cianose Apneia É definido como a interrupção do fluxo de ar nas vias aéreas por um período igual ou superior a 20 segundos ou tempo menor, se acompanhada de bradicardia (FC < 100 bpm) e/ou cianose ( Sat ≤ 80% por ≥ 4 seg). Vale ressaltar que a incidência e a gravidade dos episódios de apneia são inversamente proporcionais à idade gestacional, ou seja, quanto mais prematuro é um RN, maiores serão a chance de desenvolver apneia e maior será a gravidade dessa. OBS! Respiração Periódica: É a presença de movimentos respiratórios por 10 a 15 segundos, intercalados por pausa respiratória com duração de 5 a 10 segundos, sem bradicardia ou cianose, sendo o padrão respiratório típico de pré-termos (sem significado patológico). A importância de se prevenir e tratar a apneia é que ela pode levar a prejuízo do desenvolvimento neuropsicomotor do RN. Vide imagem abaixo. Classificação da Apneia A apneia pode ser classifica da seguinte forma: • Apneia Centra: Ausência de esforço respiratório – 10 a 25% dos casos • Apneia Obstrutiva: Interrupção do fluxo gasoso por obstrução da via aérea, com a presença de esforço respiratório – 10 a 20% dos casos • Apneia Mista: Apneia central seguida de episódio obstrutivo ou vice-versa – 50-75% dos casos MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 2 Fisiopatologia O mecanismo fisiopatológico envolve uma associação de respostas e alterações anatomofuncionais do RN: • Imaturidade anatômica e funcional do centro respiratório (principal fator da fisiopatologia) • Resposta dos quimiorreceptores à hipóxia e hipercapnia: Ocorre hiperventilação transitória seguida de apneia. o Resposta ventilatória à hipercapnia: PMT aumentam a ventilação prolongando a expiração. O RN aumenta prolonga a respiração em resposta à hipercapnia, enquanto após esse período passamos a usar o mecanismo da taquipneia para compensar esse processo. • Resposta Ventilatória ao Quimiorreflexo Laríngeo: Esse reflexo resulta em alterações na respiração, frequência cardíaca e pressão arterial quando porções das vias aéreas são estimuladas por fluidos como saliva ou conteúdo gástrico regurgitado. É um mecanismo de proteção para prevenir a aspiração de conteúdo liquido para os pulmões o Ter saliva na via aérea pode ativar esse reflexo, e a deglutição pode ser importante para manter as vias aéreas limpas. Quando a criança está na posição de barriga para baixo, a taxa de deglutição diminui. As respostas de ativação protetora a esses reflexos laríngeos também são diminuídas no sono ativo na posição de face para baixo. • Maior sensibilidade aos NT inibitórios – GABA, adenosina, serotonina • Variabilidade genética • Efeitos do sono = PMT 80% sono na fase REM Fatores Relacionados às Apneias e Prováveis Mecanismos Envolvidos Fator Mecanismo Infecção ↑ taxa metabólica, inibição central Hipertensão Intracraniana Efeito direto no Centro Respiratório Encefalopatia Hipóxico- Isquêmica/Convulsões Efeito direto no Centro Respiratório Distermias Estímulos Aferentes Inibitórios Distúrbios Eletrolíticos Efeito central, falta de substrato para os músculos respiratórios Distúrbios Metabólicos Efeito central, falta de substrato para os músculos respiratórios PCA Hipóxia e/ou fadiga muscular Anemia Hipóxia Imunizações Componente celular da vacina Pertusis RGE Reflexo inibitório ao nível das vias aéreas sup Sulfato de Magnésio (mãe) Depressão respiratória Pós-operatório (anestésico) Depressão do SNC MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 3 Fatores Relacionados às Apneias e Prováveis Mecanismos Envolvidos Fator Mecanismo Flexão do Pescoço/Obstrução Nasal Obstrução do fluxo de ar Atraso no esvaziamento gástrico Reflexo vagal por distensão abdominal Investigação diagnóstica • Exame clínico detalhado • Condições ambientais • HGT • Dosagem de eletrólitos • Hemograma + PCR • Gasometria arterial • Polissonografia • Outros: US transfontanelar, Raio X de Tórax, pHmetria do esôfago Tratamento Intervenções Efetivas Intervenções de eficácia não-confirmada Posição prona (Imagem) Método Canguru CPAP nasal Estimulação Sensorial Ventilação não-invasiva Inalação de CO2 Metilxantinas (cafeína) Alimentação por sonda orogástrica Ambiente de termo neutralidade Transfusão de glóbulos vermelhos Doxapram Tratamento medicamentoso • Cafeína: Usado apenas no ambiente hospitalar. o Ataque: 20mg/Kg, IV em 30 min ou VO o Manutenção: 5-10 mg/Kg/dia, IV ou VO 1x/dia MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 4 Taquipneia transitória do recém-nascido(TTRN) Também chamada de Síndrome do Pulmão Úmido, é patologia que acomete < 1% dos RN a termo e mais frequente em RN pré-termo tardios, ou seja é uma doença características de RN que nascem no período correto ou próximo a ele. É uma doença que apresenta alguns fatores de risco: • Parto cesariana (com ou sem trabalho de parto) • Sexo masculino • Macrossomia • Filhos de Mãe-diabética • História materna de asma Causa O RN apresenta um líquido pulmonar, dos quais 70% é reabsorvido antes do nascimento, 5-10% durante a passagem pelo canal do parto, e o restante, absorvido nas primeiras horas de vida pelos vasos linfáticos e capilares pulmonares. Entretanto, a TTRN acontece quando há um retardo na absorção do líquido pulmonar após o nascimento. Por isso é chamado também de síndrome do pulmão úmido. Fisiopatologia Ocorre por uma associação de fatores: • Clearence insuficiente do fluído pulmonar • Excesso de líquido interage com o surfactante causando uma inativação relativa • Transporte inadequado de sódio das vias aéreas (diminuição do número de canais de sódio ou falta de ativação desses canais Quadro Clínico Os sintomas surgem logo após o nascimento: • Taquipneia (geralmente FR> 80ipm) • Retrações subcostais e intercostais • Gemência – menos frequente • Abaulamento do Tórax (hiperinsuflação) Alterações radiológicas: • Hiperinsuflação • Vasculatura Peri-hilar proeminente • Edema do septo interlobar e fluídos nas fissuras MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 5 Tratamento O tratamento se resume a oxigenioterapia e observação • Cuidados gerais: NPO, soroterapia de manutenção • Oxigênio inalatório • CPAP Nasal Evolução Em geral é autolimitada e apresenta melhora significativa em 24-48 horas. Síndrome da angústia respiratória do recém-nascido É uma doença que acomete RN prematuros devido a deficiência quantitativa e qualitativa de surfactante alveolar. Era chamada de Deficiência da Membrana Hialina. O uso de corticoides ante-natais diminui o risco de ocorrência da doença A maturação pulmonar é afetada pelo: • Sexo do feto: RN masculinos são mais afetados • Raça: RN negros são mais afetados • Diabetes materno • Mutações nas proteínas de surfactantes • Trabalho de parto: corticoides x inflamação Fisiopatologia Essa deficiência resulta em aumento da tensão superficial e da força de retração elástica, levando à instabilidade alveolar com formação de atelectasiasprogressivas, com diminuição na complacência pulmonar e na CRF. E o aumento da quantidade de líquido pulmonar devido à maior permeabilidade da membrana alvéolo-capilar observada no prematuro contribui significativamente para a dessa doença. Quadro clínico Ocorrem em RN prematuros (<34semanas). O Quadro de inicia nas primeiras 4h de vida e apresenta piora progressiva em 24-48h. A partir desse momento, a produção de surfactante, geralmente, aumenta a e está relacionada com diurese espontânea. Os RNs apresentam o quadro de: • Taquipneia • Retrações IC, SC, esternais • Batimentos da asa do nariz • Gemência • Cianose MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 6 Diagnostico É feito por meio de Rx de tórax, o qual pode apresentar: • Hipoventilação • Infiltrado em vidro moído • Broncogramas aéreos Tratamento • CPAP Nasal – a partir da sala de parto • Administração exógena de surfactante o Dose: 100mg/Kg IT até 3 doses com 12h de intervalo o Técnica INSURE • Ventilação Mecânica Prognóstico: A Mortalidade geral -5 a 10% - inversamente proporcional à idade gestacional e ocorre principalmente devido as complicações, as quais são: • Complicações: • Pneumotórax • PCA • Hemorragia Pulmonar • Displasia Broncopulmonar Síndrome de aspiração de mecônio A Incidência de líquido amniótico meconial é de 10-15% nos nascimentos, mas apenas 3 a 4% dos RN irão apresentar essa síndrome. Ela raramente ocorre em prematuros, sendo mais comum em RNs à termo e, principalmente, nos pós-termo e PIGs. Quadro Clínico • Taquipneia • Retrações • Cianose O quadro radiológico apresenta: áreas de atelectasia com aspecto granular grosseiro; áreas de hiperinsuflação; áreas de consolidação lobares ou multilobares; enfisema intersticial, pneumotórax e/ou pneumomediastino. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 7 Fisiopatologia Tratamento • Sedação • Mínimo manuseio • Estabilidade térmica • Corrigir a acidose e distúrbios metabólicos • Suporte Circulatório: dopamina • Oxigênio suplementar – manter sat>94% o Óxido nítrico inalatótrio o ECMO • Antibióticos = Ampicilina + Gentamicina Pneumonia precoce É a pneumonia em que os sintomas nas primeiras 48h a 1 semana após o nascimento. Sendo a incidência dessa patologia de Incidência: 1,5% dos prematuros e 0,2% dos bebês a termo OBS! Pode ser precoce (até 48 horas, com predomínio de bactérias gram negativas) ou tardias (após 48 horas, gram positivas). As pneumonias precoces podem ser adquiridas antes do nascimento (congênitas) ou durante o nascimento. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 8 A Contaminação pode ocorrer das seguintes formas: • Transplacentária • Durante o trabalho de parto: Ruptura de membranas ou corioamnionite • Passagem no Canal de Parto Os principais patógenos causadores são: • Streptococcus agalactiae (GRUPO B) • Escherichia coli • Haemophilus influenzae • Streptococcus pneumoniae • L. monocytogenes Quadro Clínico • Disfunção respiratória: taquipneia, retrações, gemência, cianose • Instabilidade térmica • Má perfusão periférica • Pele moteada • Evolução rápida para choque MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 9 A investigação se dá por meio de : • Hemograma com plaquetas • PCR elevado • Hemocultura positiva Tratamento: • Tratamento de suporte • Oxigenioterapia • Antibióticos: Ampicilina + Gentamicina
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