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Indaial – 2020 EnfErmagEm E BiossEgurança aplicada à radiologia Prof. Dionei Alves dos Santos 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof. Dionei Alves dos Santos Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S237e Santos, Dionei Alves dos Enfermagem e biossegurança aplicada à radiologia. / Dionei Alves dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 220 p.; il. ISBN 978-65-5663-027-4 1. Biossegurança em serviços de saúde. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 610 III aprEsEntação Olá, acadêmico! É um prazer encontrar você por aqui. Seja muito bem- vindo! Nesta etapa, focaremos nossos esforços para melhor compreender os princípios que norteiam a Biossegurança correlacionando a enfermagem no ambiente da radiologia! Estudaremos seus princípios, materiais básicos e necessários, apontaremos aqui alguns procedimentos e seus conceitos e, ainda, as particularidades e cuidados que devemos ter enquanto promovedores do cuidar e investigadores clínicos. Destacamos que será necessário a busca por apoio em outras literaturas (referências) para que seu conhecimento se torne ainda mais fortalecido, uma vez que falar sobre biossegurança no ambiente de trabalho, é uma vertente infindável e que não se pode limitar em apenas alguns conceitos. Uma vez feito isso, acreditamos que você fará toda a diferença no mercado de trabalho. As informações contempladas neste livro didático serão distribuídas em três 3 unidades, as quais temos o maior prazer em apresentar a você. Dentro de cada unidade, você se deparará com tópicos inerentes a temática principal. Na primeira unidade, identificada como Proteção do ambiente de trabalho, procuramos apontar alguns temas dos quais norteiam a importância da Biossegurança nos ambientes de saúde, bem como os riscos físicos que se fazem presente no cotidiano daqueles que atuam junto a arte do cuidar, como tipos de radiações e seus efeitos, quais os tipos de exposições existentes (ruídos e vibrações possíveis de existirem), os riscos ergonômicos durante a jornada laboral, os equipamentos e instrumentos perfurocortantes que podem potencializar a presença de danos à saúde do trabalhador se estes não forem corretamente descartados, os tipos de equipamentos de proteção individual recomendados para serem utilizados nos cenários assistenciais em saúde e a sua importância em nosso cotidiano e, ainda, descrevemos algumas possíveis formas de processamento de materiais (artigos) existentes para a utilização na prática clínica. A primeira, unidade pode ser considerada como sendo o pontapé inicial para compreendermos o que significado e importância da Biossegurança. Em relação a segunda unidade, nominada de Orientações para descarte de materiais, produtos biológicos e reprocessamento de materiais. Nesta etapa, buscamos descrever alguns procedimentos relacionados ao correto descarte dos materiais utilizados na assistência em saúde, como materiais que entraram em contato com o paciente/cliente, dentre eles: agulhas, umidificadores de oxigenoterapia, macronebulizadores e instrumentais. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! Sinalizamos, ainda, alguns pontos importantes acerca da proteção no ambiente em que são aplicados o uso de radioisótopos, bem como o papel da enfermagem neste processo, sua correlação com a biossegurança. Já na Terceira Unidade, nominada de Biossegurança e avaliação dos riscos, visamos através desta unidade, descrever e reforçar a importância da utilização dos Equipamentos de Proteção Individual para que possamos assim minimizar o grau de exposição da equipe. Da mesma forma, sinalizamos algumas recomendações, acerca da proteção necessária dos profissionais que atuam em cenários como a radiologia, dentre outras informações pertinentes para a referida temática. Bons estudos! Prof. Dionei Alves dos Santos NOTA V Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VIII IX UNIDADE 1 – PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO .......................................................1 TÓPICO 1 – MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO ............................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 SERVIÇOS DE SAÚDE E IMAGEM COMO UNIDADES DE ENSINO E PESQUISA E SEUS RISCOS ......................................................................................................................................5 3 RISCOS FÍSICOS ....................................................................................................................................9 3.1 EQUIPAMENTOS QUE GERAM CALOR OU CHAMAS ..........................................................9 3.2 RUÍDOS E VIBRAÇÕES..................................................................................................................10 3.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS ....................................................14 3.3.1 Classificação dos incêndios ...................................................................................................15 3.3.1.1 Classe A .................................................................................................................................15 3.3.1.2 Classe B .................................................................................................................................153.3.1.3 Classe C ................................................................................................................................15 3.3.1.4 Classe D ................................................................................................................................16 3.3.2 Métodos de extinção do fogo ................................................................................................16 3.3.2.1 Resfriamento .........................................................................................................................16 3.3.2.2 Isolamento .............................................................................................................................17 3.3.2.3 Abafamento ..........................................................................................................................17 3.3.3 Principais tipos de extintores de incêndio ..........................................................................19 3.3.3.1 Extintor de água pressurizada ...........................................................................................20 3.3.3.2 Extintor de espuma química ..............................................................................................20 3.3.3.3 Extintor de pó seco ..............................................................................................................20 3.3.3.4 Extintor de espuma mecânica ............................................................................................21 3.3.3.5 Extintor de CO2 ....................................................................................................................21 3.3.4 Fontes causadoras de incêndios em laboratórios ..............................................................22 3.4 RISCOS ERGONÔMICOS OU ERGOMÉTRICOS ......................................................................23 3.5 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES ...........................................27 3.5.1 Coleta e manuseio de amostras de sangue e outros fluidos biológicos nos laboratórios de pesquisa e clínico .........................................................................................28 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................30 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................32 TÓPICO 2 – BIOSSEGURANÇA EM SERVIÇOS DE SAÚDE ......................................................33 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................33 2 BIOSSEGURANÇA EM SERVIÇOS DE ANÁLISES CLÍNICAS E DE IMAGENS ................34 3 ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES NO LABORATÓRIO .....................................................34 3.1 PRÁTICAS SEGURAS DURANTE A ATIVIDADE LABORAL ................................................35 4 MEDIDAS DE CONTROLE E PROTEÇÃO ....................................................................................41 5 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E OPERACIONAL ..................................................................42 6 PROGRAMA DE SEGURANÇA .......................................................................................................49 6.1 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA ......................................................................................51 6.2 TREINAMENTO DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO .......................................................52 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................53 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................55 sumário X TÓPICO 3 – GERENCIAMENTO DE RISCO E DESCARTE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS ...................................................................................................................57 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................57 2 RISCOS BIOLÓGICOS .......................................................................................................................58 2.1 TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECCIOSOS ATRAVÉS DO AMBIENTE .........................58 2.2 PRINCIPAIS AGENTES INFECCIOSOS, FORMA DE TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO ....59 2.2.1 Risco de infecção por agentes bacterianos ..........................................................................59 2.2.1.1 Staphylococcus spp. ................................................................................................................60 2.2.1.2 Streptococcus spp. .................................................................................................................61 2.2.1.3 Bactérias entéricas que causam diarreia ...........................................................................62 2.2.1.4 Mycobacterium tuberculosis ..................................................................................................62 2.2.2 Risco de infecção por vírus ...................................................................................................63 3 LIMPEZA, ESTERILIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E DESCONTAMINAÇÃO ...........................63 3.1 LIMPEZA ..........................................................................................................................................64 3.2 ESTERILIZAÇÃO ............................................................................................................................64 3.3 DESINFECÇÃO................................................................................................................................65 3.3.1 Desinfecção de nível alto .......................................................................................................66 3.3.2 Desinfecção de nível intermediário ......................................................................................66 3.3.3 Desinfecção de nível baixo ....................................................................................................66 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................68 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................71 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................73 UNIDADE 2 – ORIENTAÇÕES PARA DESCARTE DE MATERIAIS E PRODUTOS BIOLÓGICOS ................................................................................................................75 TÓPICO 1 – DESCARTE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS .............................................................77 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................77 2 TIPOS DE RESÍDUOS .........................................................................................................................78 2.1 CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................78 2.2 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................80 2.3 MANEJO DOS RSS ..........................................................................................................................81 3 GESTÃO DE RESÍDUOS ....................................................................................................................83 4 ILUSTRAÇÕES DE DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO INFECTANTE .....................84 4.1 ACIDENTES COM PRODUTOS OU RESÍDUOS BIOLÓGICOS .............................................864.1.1 Material biológico espirrado ou que teve contato com os olhos (mucosa ocular) ........86 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................89 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................91 TÓPICO 2 – BIOSSEGURANÇA NO USOS DE RADIOISÓTOPOS ..........................................93 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................93 2 FUNDAMENTOS FÍSICOS ................................................................................................................95 2.1 EMISSÕES RADIOATIVAS ............................................................................................................96 2.2 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA ..................................................................96 2.3 MOLÉCULAS MARCADAS E RADIOFÁRMACOS .................................................................96 3 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E DOSIMETRIA ............................................................................97 4 DOSIMETRIA .......................................................................................................................................99 4.1 QUALIDADE DA RADIAÇÃO ...................................................................................................100 4.2 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO NOS TECIDOS E A PRODUÇÃO DE RADICAIS LIVRES.............................................................................................................................................101 5 RELAÇÃO RISCO/BENEFÍCIO NO USO DE MATERIAS RADIOATIVOS ........................101 5.1 CONTROLE RADIOLÓGICO DE TRABALHADORES ..........................................................102 XI 5.2 AÇÕES DE BIOSSEGURANÇA NO CONTEXTO DE GESTÃO DE QUALIDADE ...........103 6 QUALIDADE TOTAL ........................................................................................................................104 6.1 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE ..................................................................................................105 6.2 GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL ......................................................................................105 6.3 SATISFAÇÃO TOTAL DOS CLIENTES .....................................................................................107 6.4 GERÊNCIA PARTICIPATIVA ......................................................................................................108 6.5 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS ..............................................................108 6.6 APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO ..........................................................................................109 6.7 GERÊNCIA DE PROCESSOS ......................................................................................................109 6.8 GARANTIA DA QUALIDADE ..................................................................................................110 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................111 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114 TÓPICO 3 – ENFERMAGEM E A BIOSSEGURANÇA .................................................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 BIOSSEGURANÇA NAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM DIRECIONADAS AO PACIENTE ............................................................................................................................................115 2.1 HIGIENE DAS MÃOS ...................................................................................................................116 2.2 DESCONTAMINAÇÃO DE DISPOSITIVOS UTILIZADOS NA ASSISTÊNCIA ...............118 2.3 TÉCNICA ASSÉPTICA E ANTISSÉPTICA NO PREPARO DE PELE E MUCOSA PRÉVIOS AOS PROCEDIMENTOS INVASIVOS .....................................................................121 2.4 BIOSSEGURANÇA RELATIVO AOS RISCOS BIOLÓGICOS .............................................123 2.5 BIOSSEGURANÇA RELATIVA AOS RISCOS FÍSICOS ..........................................................124 2.6 BIOSSEGURANÇA RELATIVA AOS RISCOS MECÂNICOS.................................................124 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................126 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................130 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................132 UNIDADE 3 – BIOSSEGURANÇA E AVALIAÇÃO DOS RISCOS ............................................133 TÓPICO 1 – PROTOCOLOS DE BIOSSEGURANÇA ...................................................................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135 2 DEFINIÇÕES DE TERMOS ..............................................................................................................135 2.1 RISCO DE CONTAMINAÇÃO NOS AMBIENTES DE SAÚDE ............................................137 2.2 FONTES DE INFECÇÃO ..............................................................................................................139 2.3 VIAS DE TRANSMISSÃO ............................................................................................................139 3 INFECÇÕES BACTERIANAS ..........................................................................................................141 3.1 INFECÇÕES ESTREPTOCÓCICAS ............................................................................................141 3.2 COQUELUCHE .............................................................................................................................142 3.3 TÉTANO ..........................................................................................................................................143 3.4 INFECÇÕES ESTAFILOCÓCICAS .............................................................................................143 3.5 TUBERCULOSE ............................................................................................................................144 3.6 MENINGITE MENINGOCÓCICA .............................................................................................145 3.7 INFECÇÕES POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA .............................................................146 3.8 SARAMPO .....................................................................................................................................146 3.9 RUBÉOLA .......................................................................................................................................147 3.10 VARICELA ....................................................................................................................................147 4 HEPATITE ............................................................................................................................................149 4.1 HEPATITE A ...................................................................................................................................149 4.2 HEPATITE B ....................................................................................................................................149 4.3 HEPATITE C ...................................................................................................................................149 4.4 HEPATITE D ...................................................................................................................................150XII 4.5 HEPATITE E ....................................................................................................................................150 4.6 HEPATITE G ...................................................................................................................................150 5 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA .....................................................................150 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................153 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................156 TÓPICO 2 – ERGONOMIA, ACIDENTES OCUPACIONAIS E IMUNIZAÇÕES ..................157 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 RISCO BIOLÓGICO ..........................................................................................................................159 2.1 PRECAUÇÕES PADRÃO .............................................................................................................159 3 IMUNIZAÇÕES ..................................................................................................................................160 4 IMUNIZAÇÕES PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE .......................................................163 4.1 IMUNIZAÇÃO CONTRA HEPATITE B ....................................................................................164 4.2 IMUNIZAÇÃO CONTRA SARAMPO – CAXUMBA – RUBÉOLA (MMR) ........................164 4.3 IMUNIZAÇÃO CONTRA INFLUENZA ...................................................................................165 4.4 IMUNIZAÇÃO CONTRA TUBERCULOSE (VACINA BCG) .................................................165 4.5 IMUNIZAÇÃO CONTRA DIFTERIA E TÉTANO ...................................................................165 4.6 IMUNIZAÇÃO CONTRA VARICELA ZOSTER ......................................................................166 4.7 IMUNIZAÇÃO CONTRA S. PNEUMONIAE ...........................................................................167 5 ACIDENTES OCUPACIONAIS .......................................................................................................167 5.1 CUIDADOS PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES .........167 5.2 PROCEDIMENTOS NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES PERFUROCORTANTES ........168 5.2.1 Cuidados locais .....................................................................................................................169 5.2.2 Recomendações após exposição ao HIV ...........................................................................169 5.2.2.1 Medidas específicas de quimioprofilaxia para o HIV ..................................................170 5.2.2.2 Sorologia do paciente-fonte ..............................................................................................171 5.2.2.3 Acompanhamento sorológico do profissional ...............................................................171 5.3 RECOMENDAÇÕES APÓS EXPOSIÇÃO AO VÍRUS DAS HEPATITES B E C ..................172 5.3.1 Acompanhamento sorológico do profissional ..................................................................172 5.4 MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA HEPATITE C .........................................................................173 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177 TÓPICO 3 – RECOMENDAÇÕES PARA PROTEÇÃO DO PROFISSIONAL E DO PACIENTE/CLIENTE, CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO NA ÁREA DE TRABALHO ..............................................................................................................179 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179 2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ....................................................................179 2.1 AVENTAL .......................................................................................................................................180 2.1.1 Avental estéril ........................................................................................................................181 2.1.2 Avental impermeável ...........................................................................................................181 2.2 MÁSCARA SIMPLES ....................................................................................................................181 2.3 LUVA ...............................................................................................................................................182 2.3.1 Tipo de luvas .........................................................................................................................183 2.3.2 Luvas cirúrgicas estéreis ......................................................................................................184 2.3.3 Procedimento para calçar as luvas .....................................................................................184 2.3.4 Luvas de polipropileno ........................................................................................................185 2.4 ÓCULOS DE PROTEÇÃO ............................................................................................................185 3 RECOMENDAÇÕES PARA PROTEÇÃO DO PACIENTE E DO PROFISSIONAL .............186 3.1 EXAME FÍSICO E CLÍNICO ........................................................................................................187 3.2 PROCESSAMENTO DOS ARTIGOS: PROCEDIMENTOS PRELIMINARES ......................187 XIII 3.2.1 Fatores que interferem na eficácia dos procedimentos de desinfecção e esterilização ...........................................................................................................................189 3.2.2 Acondicionamento do material ..........................................................................................190 3.2.3 Distribuição de espaço físico e circulação .........................................................................190 4 CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO NA ÁREA DE TRABALHO .........................................190 4.1 CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO DE ACORDO COM O GRAU DE CONTAMINAÇÃO .......................................................................................................................191 4.1.1 Barreira para proteção dos equipamentos ........................................................................191 4.1.2 Tratamento das superfícies ................................................................................................192 4.1.3 Classificação das limpezas ..................................................................................................192 5 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ..........................................................................................................192 5.1 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES ....................................................193 5.2 PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA .......................................................................193 5.2.1 Otimização da proteção radiológica ..................................................................................194 5.2.2 Limitação de doses individuais em exposição ocupacional ..........................................194 5.2.3 Prevenção de acidentes ........................................................................................................195 5.2.4 Proteção radiológica do paciente........................................................................................195 5.2.5 Proteçãoradiológica do profissional .................................................................................197 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................199 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................202 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................205 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................207 XIV 1 UNIDADE 1 PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • descrever a importância da biossegurança no trabalho da Radiologia; • identificar as medidas que podem ser adotadas no ambiente de trabalho; • enfatizar a importância do descarte correto de materiais contaminados; • apontar os tipos de materiais de proteção individual e sua importância para a autoproteção. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO TÓPICO 2 – BIOSSEGURANÇA EM SERVIÇOS DE SAÚDE TÓPICO 3 – GERENCIAMENTO DE RISCO E DESCARTE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 1 INTRODUÇÃO Trabalhar em um ambiente seguro e longe das variações acerca de acidentes, deve ser idealizada não apenas pelos gestores de empresas, mas compete a aqueles que atuam nestas instituições, potencializar a existência de adequada performance de atuação, respeitando as orientações administrativas e ambiente em que estes aplicam suas atividades laborais. Dessa forma, a importância da Segurança no Trabalho, faz-se continuamente necessária como um fator de prevenção de acidentes e conscientização por parte de todos os colaboradores pertencentes as empresas, independente do seu segmento. A importância da segurança no trabalho deve ser valorizada e potencializada diariamente pelas empresas e levada em consideração por meio do respeito por parte de seus colaboradores, haja visto a sua relevância. Cada vez mais, as empresas vêm adotando e implementando suas práticas (rotinas de trabalho), pautando-se no termo segurança no trabalho e ambiente seguro, primando pela diminuição dos índices de acidentes de trabalho (NAVARRO; CARDOSO, 2009). Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), na visão de Machado e Gomez (1994) e Meleu e Massaro (2017), todo dia, em qualquer parte do mundo, cerca de 5 a 8 mil pessoas perdem suas vidas em decorrência de acidentes de trabalho durante sua atividade laboral.. Baseado neste alto índice e com foco de garantir a segurança e prevenir a existência de doenças e acidentes durante a atividade de trabalho, as empresas devem contar com equipes de profissionais que estejam a frente quanto à interpretação do que permeia e orienta a legislação sobre segurança no ambiente de trabalho, suas vantagens, relacionado a questões de ordem social. Investir na segurança dos trabalhadores ou equipe, é uma forma ou estratégia que deve ser encarada como um investimento no material humano das empresas, contribuindo para o não distanciamento ou afastamento de seus colaboradores, não impedindo a produtividade e servindo como motivador aos respectivos profissionais, pois estes, certamente se sentirão, além de protegidos, incentivados a desenvolver a percepção de motivação (COSTA; COSTA, 2010). UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 4 Quando a prevenção ao acidente se torna prioridade dentro do ambiente de trabalho, o ambiente fica mais leve, harmonioso, produtivo, engajado e as pessoas se sentem valorizadas, aumentando as estatísticas de participação do sucesso da empresa a qual fazem parte. Isso proporciona, também, melhora na relação do elo entre os empregados, empregadores e seus afazeres. Quando um colaborador percebe que há melhorias no ambiente de trabalho que atua, este, passa a sentir mais integrado a empresa, passa a confiar mais nos propósitos, objetivos e missão da empresa e, ainda, a ter mais carinho e respeito com relação aos seus líderes. Tais fatores possivelmente contribuíram para a aquisição de resultados mais favoráveis, distanciando a existência do insucesso. Antes de abordarmos especificamente as questões acerca da biossegurança, faz-se necessário enfatizarmos a existência de uma reflexão sobre a relevância da atual inovação. A capacidade de se inovar diariamente, diante das necessidades de mercado, independente do segmento que venhamos a atuar, assume o papel central na definição do sucesso ou insucesso das empresas e instituições. Inovar é gerar, produzir, transmitir uma mensagem, propiciar a facilitação para algo e explorar de modo sustentável e seguro, novas ideias e/ou ideologias e novos conceitos. A inovação é demandada em todas as áreas do conhecimento e segmentos e/ou ramos de atividade. Para garantir um ou vários diferenciais estratégicos, todas as empresas, independente do seu segmento, devem seguir as tendências de mercado e investir maciçamente em treinamentos, equipamentos e na segurança de seus colaboradores. A produção de novas tecnologias é mais rápida a cada dia e a avaliação de sua utilidade e segurança se torna mais complexa, onerosa e extensa no tempo. Para decidir sobre a utilidade e a segurança de novas tecnologias, as informações não podem mais serem tratadas individualmente, sendo necessário construir redes de informações multidisciplinares, abrangentes, redundantes, interligadas e, sobretudo, confiáveis do ponto de alta qualidade. Nascem assim, as redes de laboratórios, que precisam ter procedimentos padronizados e seguros, para que não haja riscos à saúde e ao ambiente (Figura 1). FIGURA 1 – TROCA DE INFORMAÇÕES = POTENCIALIZAÇÃO PARA O SUCESSO FONTE: <https://www.sistembul.com/Content/Images/Article/satis-ekibinizi-crm-yazilimi- kullanimina-tam-olarak-nasil-hazir-edebilirsiniz-ae8f3.jpeg>. Acesso em: 29 fev. 2020. TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 5 Segundo Araujo e Lima (2014), não há inovação sem formação de recursos humanos, bem como não há formação de recursos humanos sem o amparo de informações e atualizações, sendo estas fundamentais, atualmente, em que há uma profusão de saberes sobre praticamente tudo. As obras de referência, produzidas por autores e editores experientes, devem ter, como missão, ir além da informação. A construção do conhecimento, envolve a seleção e o descarte de informações. Por isso, deve ser conduzido por pessoas e instituições qualificadas e imparciais que tenham por objetivo único, contribuir para o desenvolvimento econômico, social e sustentável, perfeitamente aplicáveis na biossegurança. Com o aumento de complexidade, quanto aos procedimentos diversos em atividades técnicas, as quais exigem cuidados especiais e equipamentos compatíveis para a proteção dos colaboradores, a fim de evitar danos e aos que utilizam do serviço circunstantes (pacientes/clientes), bem como ao próprio ambiente em geral, a Biossegurança torna-se uma disciplina cada vez mais presente e necessária. Embora a palavra Biossegurança, seja usada pelo leigo quase como sendo um sinônimo de atividades a organismos geneticamente modificados, o termo é aplicável a todas as atividades humanas, laboratoriais ou industriais que envolvam riscos, mínimos ou aqueles de grande significância, na segurança alimentar, na manipulação de micro-organismos, células em cultivo, substâncias químicas, substância tóxicas, explosivos,investigações clínicas por meio de laboratórios de imagens, dentre outros (BOSI, 2015). O autor, supracitado, ainda descreve que o termo risco, é função da probabilidade de ocorrência de efeito adverso e da severidade do respectivo efeito, este efeito pode ser compreendido como dano. Não há atividade alguma em que o risco seja zero. Por isso, a adoção de medidas preventivas que minimizem a incerteza e a educação em serviço, se fazem necessária a fim de identificar, medir, mitigar e minimizar os riscos e suas ocorrências. 2 SERVIÇOS DE SAÚDE E IMAGEM COMO UNIDADES DE ENSINO E PESQUISA E SEUS RISCOS As unidades de ensino de nível técnico, faculdades ou universidades, sempre mantêm seus códigos de conduta e de ética como uma de suas bases principais. A ética tem como base, entre vários princípios, o não prejuízo ao próximo. Considerando o local de trabalho, isso se traduz em garantir a segurança e a saúde aos trabalhadores. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), são entendidas como lesões e doenças em ambiente de trabalho, aquelas que são formalmente registradas. Considerando o número de pessoas que trabalham de maneira informal, deve haver bem mais ocorrências de que se tem conhecimento por meio das estatísticas mundiais (MONTENEGRO et al., 2016). UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 6 Enquanto promovedores da assistência, seja da área preventiva e da curativa, devemos evidenciar e/ou instigar a existência de alguns objetivos consolidados dentro de todas as instituições, ou seja, primar a elaboração de planos de ações globais, aos quais devem estar norteadas em objetivos básicos, porém, essenciais, são eles: 1. elaborar e implementar instrumentos de políticas e normas para a saúde dos trabalhadores; 2. proteger e promover a saúde no ambiente de trabalho; 3. promover o desempenho e o acesso aos serviços de saúde ocupacionais; 4. fornecer e divulgar evidências, objetivando a ação e a prática; 5. incorporar a saúde dos trabalhadores em outras políticas; 6. despertar o sentimento de proteção e motivação entre os membros da equipe; 7. potencializar a existência de um ambiente propício e/ou adequado para promover adequada assistência; 8. propiciar assistência segura e otimizadora; 9. aplicar assistência humanizada em todos os aspectos durante o assistir. Para cumprir tais objetivos, Costa e Costa (2010) discorrem que as instituições devem contar com atividades, como as que se encontram descritas, contando com ações intermediadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e das Comissões de Biossegurança (CB). Essas duas comissões possuem como papel principal e fundamental, atuar na guarda da conduta ética relacionada à definição da política e de efetiva prática para a melhoria da saúde no ambiente de trabalho, viabilizando e potencializando a proteção de todos os seus colaboradores. Relacionado ao investimento em treinamentos, formações e em equipamentos, por parte de muitas empresas que seguem os preceitos de biossegurança de forma adequada, é perceptível que estas têm alcançado resultados bem-sucedidos, apresentando maiores taxas de manutenção dos funcionários e menores distanciamentos das suas jornadas laborais, o que permite a produtividade. Há que se considerar que os custos investidos maciçamente na prevenção, são menores quando comparados aos custos em decorrência de acidentes. Visto que, relacionado a acidentes, estes não se tornam negativos apenas pelo distanciamento do colaborador, mas nos efeitos psicológicos que estes também podem acarretar a estes sujeitos. Ribeiro, Pires e Scherer (2016) descrevem que essas consequências, relacionadas à presença de acidentes no ambiente de trabalho, tornam-se onerosas por gerarem as chamadas violações legais, refletindo na falta de investimentos na saúde do trabalhador. Com o advento da nova era da comunicação, possibilitando que nos comuniquemos de Norte a Sul em tempo real, a biossegurança deve ser adaptada às necessidades de prevenção perante os novos riscos em termos práticos, ou seja, o meio digital pode ser usado como uma ferramenta integradora e multiplicadora de saberes diante das novidades relacionadas a proteção dos integrantes de TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 7 uma empresa. Em consequência, a exposição a riscos ergométricos e o impacto de fatores psicológicos têm aumentado, como a angústia pelo trabalho não terminado, pela menor demanda de tempo para finalizar determinada atividade e o uso de horário de trabalho irregular para o cumprimento de tarefas, o que torna o controle complexo, propicia a elevação de índices de acidentes, gerando a desmotivação de colaboradores, desertando a presença do estresse e o surgimento de doenças mentais como a depressão, dificultando o gerenciamento. No campo da exposição há produtos e materiais biológicos, também é perceptível a mudança no perfil de agentes infecciosos, os quais, cada vez mais, tornam-se resistentes ao tratamento medicamentoso que, até então, não era complexo, exigindo de tratamentos coadjuvantes para eliminar determinado germe e viabilizar a recuperação daqueles que se encontravam enfermos ou colonizados, exigindo, assim, a necessidade de reclassificação de risco, instigando, nos dias atuais, que estes sejam realizados de forma dinâmica e proporcional à evolução das diversas espécies com relação a presença de risco. Portanto, o ensino e a pesquisa possuem, como responsabilidade, estar à frente dessas demandas e, sem dúvida, colaborar com o estabelecimento de novas diretrizes da biossegurança. Por essa razão, os profissionais dessas áreas ou aqueles que atuam junto a arte do cuidar, são sempre as equipes que exercem funções fronteiriças, seja como professor, seja como cientista ou técnico, dentre outros profissionais e agentes de apoio, os quais necessitam ter criatividade, flexibilidade, mente aberta e alto poder de improvisação, visão para aplicar o cuidado e a sensibilidade. Na prática, estes atores criam, estabelecem metas, gerenciam, executam, concluem e, finalmente, modificam através das suas experiências as condutas para melhores condições de saúde da equipe que levam adiante, também, a evolução na qualificação profissional. Têm, em suas atividades, a verdadeira arte de induzir novos raciocínios e propor despertares, estabelecer mudanças em paradigmas e abrir a mente para algo novo e melhor para a saúde da humanidade. Considerando um profissional que cuida, independente do seu segmento, é bem mais fácil deduzir que a organização deve ser muito bem estabelecida, planejada e descrita de forma clara, com detalhes. Os materiais a serem utilizados por estes, devem ser muito bem identificados e ter organização cronológica bem estabelecida. Assim, o termo biossegurança deve ser adotado como a ciência voltada para o controle e a minimização de riscos advindos da prática de diferentes tecnologias, seja em laboratórios de análises clínicas, unidades de saúde, seja em biotérios, no meio ambiente, ou ainda, em laboratórios de investigação por imagens (MONTENEGRO et al., 2016). O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente (Ministério do Meio Ambiente). Em função desta atividade dinâmica, alguns fatores importantes ocasionam certa preocupação, tais como: pouco investimento em pesquisadores UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 8 na educação e formação continuada, poucas pesquisas e publicações em biossegurança, assim como a ausência de discussões acerca do referido tema em fóruns nas universidades, como a contaminação ambiental e o estresse do trabalho na sociedade contemporânea. Cabe aos gestores das empresas, a execução de adequado planejamento, por meio da concepção de projetos preventivos até o estabelecimento de todas as etapas (prevenção, notificação, avaliação e suporte), propondoa educação continuada e preocupando-se com a saúde como um único universo. Acredita-se que a integração do setor administrativo com as áreas específicas, possam trazer benefícios a todos os envolvidos, pois o alvo de todo o trabalho preventivo está dirigido tanto para a segurança de núcleos menores quanto maiores, como laboratórios, departamentos, unidades, universidades, municípios, estados e federações. Com relação a infraestrutura física, quando bem planejada e construída, condiciona trabalho mais organizado e de forma adequada, prevenindo a existência de exposição indevida a agentes considerados de risco à saúde, certamente reduzindo intercorrências e a acidentes ocupacionais. Esses procedimentos, no campo da pesquisa experimental, são denominados Boas Práticas (BP) (BRASIL, 2004; NEIVA, 2018; KUNSCH, 2011). As práticas de biossegurança baseiam-se na necessidade de proteção do operador, de seus auxiliares e da comunidade local, contando com o local de trabalho seguro, dos instrumentos e equipamentos e do meio ambiente, contra riscos que possam prejudicar a saúde. O manuseio com biossegurança de produtos químicos que prejudicam a saúde e dos organismos considerados contaminantes, é regido por leis federais, estaduais e municipais. Como exemplo, cita-se a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que regula o manuseio de radioisótopos, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que normatiza o manuseio de agentes infecciosos de alta periculosidade, tais como: os vírus da Hepatite B (HBV), Hepatite C (HCV), da Imunodeficiência Humana (HIV) e Ebola, assim como as bactérias resistentes e/ou multirresistentes ao tratamento por falta de uso racional de antibióticos, dentre outros (MOLENTO, 2017). Os órgãos internacionais também se preocupam com o risco de exposições a tais agentes, por isso se empenham em estabelecer normativas e diretrizes sobre o manuseio de agentes de risco e instituem os mecanismos de proteção à saúde humana, animal e ambiental, além de oferecer treinamentos de forma contínua. A identificação correta é uma forma importante de prevenir o manuseio inadequado de agentes infecciosos e substâncias químicas perigosas. Existem normas bem estabelecidas de rótulo, transporte e armazenamento para todas as substâncias químicas, medicamentos, agentes infecciosos e materiais biológicos, assim como para as fontes potenciais de contaminação (MOLENTO, 2017). A necessidade e o hábito de ler o rótulo de todo material de trabalho, assim como a constante utilização de equipamento de proteção individual e coletiva adequados para cada procedimento, são as principais formas de TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 9 prevenir acidentes e se proteger e, sem dúvida, o treinamento sistemático é primordial e muito importante. Por exemplo, segundo Molento (2017), o correto armazenamento de solventes, reagentes e vidrarias, utilizando locais previamente definidos e adequadamente identificados com simbologia preconizada, minimiza os riscos inerentes aos acidentes de trabalho. Sem dúvida, o controle de descarte de produtos considerados agressores ao meio ambiente, devem ser cuidadosamente monitorados para preservar o meio ambiente em que se vive, evitando o descarte inadequado de materiais passíveis de reciclagem, adotando a coleta seletiva consciente, possibilitando economia e proteção ambiental para o bem-estar da população e humanidade. FIGURA 2 – MATERIAL BIOLÓGICO FONTE: <http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/palestra-gratuita-trata-sobre-acidentes-com- material-biologico/image_large >. Acesso em: 29 fev. 2020. 3 RISCOS FÍSICOS Os riscos físicos referem-se a riscos provocados por algum tipo de energia, vão depender do equipamento manuseado pelo operador ou do ambiente em que se encontram tais equipamentos. Podem ser considerados como riscos físicos: calor, frio, ruídos, vibrações, radiações não ionizantes e ionizantes e pressões anormais. 3.1 EQUIPAMENTOS QUE GERAM CALOR OU CHAMAS Dentre os equipamentos promovedores de calor, encontram-se as estufas, muflas, banhos de água, bico de gás, lâmpada infravermelha, mantas aquecedoras, agitadores magnéticos com aquecimento, termociclador, incubadora elétrica, forno micro-ondas, esterilizador de alça ou agulha de platina e autoclaves. Estes são considerados como sendo os principais equipamentos geradores de calor (Figura 3). Sua instalação deve ser feita em local ventilado e longe de material inflamável, volátil e de equipamentos termossensíveis (FERREIRA et al., 2011). UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 10 Mufla elétrica é uma terminação nos cabos de alta tensão, aplicada onde existe uma transição do tipo de isolamento. NOTA FIGURA 3 – AUTOCLAVE FONTE: <https://io.convertiez.com.br/m/rhosse/shop/products/images/38372/large/autoclave- vitale-class-cd-54-litros_3780.png>. Acesso em: 12 out. 2019. 3.2 RUÍDOS E VIBRAÇÕES Em locais onde são instalados muitos equipamentos com emissão de ruídos, os operadores que trabalham ou circundam nesses ambientes devem fazer uso de protetores auriculares. Tais equipamentos podem emitir ruídos de forma anormal, afetando a audição dos colaboradores. Os equipamentos considerados como emissores de ruídos são: trituradores, centrífugas, ultracentrífugas, ultrassom, autoclave, congelador ultrafrio, bombas de autovácuo, determinados condicionadores de ar, capela de fluxo laminar ou capela química, aparelho de ressonância magnética e tomografia, dentre outros. Legislações específicas regulamentam e determinam os limites permissíveis em unidade de decibéis (SILVA; MENDES, 2005; SILVA et al., 2014). A Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) n° 10.152/1987 atualizada em 2017 através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece um limite de 60 decibéis para uma condição adequada de trabalho (SOBRAC, 2017). Também são estabelecidos os limites de ruídos e o tempo diário de tolerância através da Norma Regulamentadora n° 15, da Portaria n° 3.214, de 8 de TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 11 julho de 1978 (FILUS et al., 2014).Para minimizar os efeitos negativos a audição em decorrência da atuação em ambientes onde a emissão de ruídos é presente, a norma regulamentadora, orienta a utilização de protetores auriculares, tanto aos operadores quanto aos pacientes/clientes, quando estes permanecerem um tempo mais elevado nas salas de preparo de materiais e/ou de exames (Figura 4). FIGURA 4 – PROTEÇÃO AURICULAR FONTE: <http://enequipa.com.br/wp-content/uploads/2018/01/C-EPI-PARA- PROTEC%CC%A7A%CC%83O-AUDITIVA.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. Os óculos de proteção ou de segurança protegem os olhos contra riscos de impactos, produtos químicos ou radiações (Figura 5). Precisam ser de boa qualidade, a fim de proporcionar ao usuário visão transparente, sem distorções e opacidade, pois, uma vez presente as respectivas barreiras, os riscos a acidentes podem se tornar evidentes. Para atividades que envolvam o uso de radiação ultravioleta, é necessária, além dos óculos especiais, a proteção de toda a face, conforme mostra a Figura 6. FIGURA 5 – ÓCULOS DE PROTEÇÃO FONTE: <https://www.superepi.com.br/fotos/grande/44fg1/oculos-de-protecao-fenix-da-14500.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 12 FIGURA 6 – ÓCULOS PROTEÇÃO DE RAIOS ULTRAVIOLETAS FONTE: <https://unitforhome.guphotos.com/i/w?u=/images/E/5/E5165/E5165-1-3008-Oblp.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. Com relação aos protetores respiratórios ou máscaras respiratórias, estas, contém filtros que protegem o aparelho respiratório do colaborador. Os filtros podem ser aqueles ditos como mecânicos para proteção contra partículas suspensas no ar (máscaras simples) (Figura 7), aquelas que protegem o profissional de aerossóis mecanicamente gerados e/ou agentes Biológicos (bacilo da tuberculose por exemplo – mycobacterium tuberculosis),os quais são altamente tóxicos, possuindo em seu tamanho <0,05 mg/m³ (ou toxidez desconhecida) nominada de Máscara N95 ou PFF2 (Figura 8) e, ainda, existem a categoria de máscaras que protegem o profissional contra odores e agentes químicos (contra gases e vapores orgânicos) identificadas como Máscara com filtro para vapores orgânicos ou máscara semifacial (Figura 9) e combinados (mecânicos e químicos). Quanto às máscaras semifaciais, para a sua utilização, são recomendadas para concentração dos vapores tóxicos inferior a dez vezes o limite de exposição, e devem ser acompanhadas do uso de óculos de proteção. FIGURA 7 – MÁSCARA SIMPLES FONTE: <https://www.azefix.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525d08 d6e5fb8d27136e95/m/a/mascara_descartavel_dupla_elastico_1.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 13 FIGURA 8 – MÁSCARA N95 OU PFF2 FONTE: <https://fibracirurgica.vteximg.com.br/arquivos/ids/169091-1000-1000/Mascara- Respirador-N95-PFF-2-8801-01.jpg?v=635687691645770000>. Acesso em: 12 out. 2019. FIGURA 9 – MÁSCARA COM FILTRO PARA VAPORES ORGÂNICOS OU MÁSCARA SEMIFACIAL FONTE: <https://ccp.vteximg.com.br/arquivos/ids/213320-1000-1000/RESPIRADOR-2_SIMPLES- C-FILTRO-V.ORG-GAS-AL.jpg?v=636120323820200000>. Acesso em: 12 out. 2019. Existem ainda, as máscaras respiratórias para uso em condições de concentrações diferentes das substâncias químicas perigosas: máscaras de proteção total (Figura 10). As máscaras respiratórias de proteção total da face são utilizadas para ambientes em que a concentração pode atingir até cinquenta vezes o limite de exposição. Tais dispositivos de proteção total da face, podem, ainda, ser utilizadas com sistema de ar autônomo, em emergências. UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 14 FIGURA 10 – MÁSCARA DE PROTEÇÃO TOTAL FONTE: <http://images.tcdn.com.br/img/img_prod/636681/mascara_facial_inteira_full_face_ absolute_produto_comercializado_sem_filtro_515106_1_20180626092130.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. 3.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS Bassi et al. (2014) descrevem que o termo incêndio é um processo no qual se desenvolve uma reação de combustão por meio de evento elétrico desacerbado que pode se propagar por meio da ação de três componentes: energia ou calor, combustível e comburente. Todo ambiente de trabalho deve ter, por escrito, algum plano de emergência para combater incêndios e conter planos de ação que remetem instruções para evacuação do ambiente onde há tal evento. Pequenos incêndios em bancadas, são emergências comuns e, na maioria das vezes, podem ser extintos pelas pessoas que trabalham nesses espaços. Contudo, em uma situação de incêndio de maior magnitude, deve-se pedir ajuda a um grupo responsável pelo combate ao fogo, ao mesmo tempo em que se tenta extingui-lo e, ainda, acionar mecanismos de alerta quanto à presença da referida ocorrência. Qualquer incêndio, mesmo pequeno, pode alastrar-se com uma rapidez inesperada e gerar perigo e lesão às pessoas que ocupam ou estejam próximo a esses ambientes. É preciso lembrar que o incêndio acontece onde a prevenção é falha, e o ideal é realizar um bom trabalho de prevenção contra incêndio, evitando-se, assim, o começo ou alastramento do fogo. As medidas imediatas que devem ser tomadas, consistem no uso de mantas contra fogo ou de extintores adequados conforme a fonte geradora das chamas, sempre se lembrando da possibilidade de evacuar o ambiente. Todos os colaboradores devem possuir e conhecer o plano de combate ao fogo/incêndio e de TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 15 evacuações de emergência, assim como passar por treinamento pelo menos duas vezes ao ano. Os equipamentos de segurança requerem verificações periódicas, para assegurar que estejam em locais apropriados e funcione adequadamente no momento de maior necessidade “frente a um evento crítico”. 3.3.1 Classificação dos incêndios Os incêndios podem ser classificados de acordo com suas características, seu foco e seus combustíveis. Somente com o conhecimento da natureza do material que está queimando é possível descobrir o melhor método para sua extinção rápida e segura. Bassi et al. (2014), Almeida et al. (2012) e Tebaldi et al. (2013) descrevem que, relacionado ao evento de incêndio, este pode ser classificado e receber as seguintes denominações: Classe A, Classe B, Classe C, Classe D. A seguir, estão mais bem descritos para que possamos compreender as suas particularidades, conforme apontado pelo entendimento dos respectivos autores anteriormente citados. 3.3.1.1 Classe A Os incêndios com implicações de materiais sólidos inflamáveis são de fácil combustão, com propriedade e possibilidade de queimarem de forma superficial e/ou em profundidade, deixando gerar resíduos. São alguns exemplos: madeira, papelão, papéis, tecidos etc. Nesses casos, deve-se usar agente extintor que tenha poder de penetração, eliminando o calor existente. Recomenda-se a utilização de água e espuma para combater o fogo. Se ele estiver no início, podem-se utilizar o pó químico seco ou gás carbônico. 3.3.1.2 Classe B Os incêndios que acontecem nos materiais gasosos e líquidos inflamáveis são produtos que queimam somente na superfície (geralmente) e não deixam resíduos, como vernizes e líquidos inflamáveis (álcoois, cetonas e derivados do petróleo). O seu controle, pode ser feito por meio de abafamento, gás carbônico, pó químico e espuma. 3.3.1.3 Classe C Os incêndios que ocorrem nos materiais energizados, pelos quais passa e percorrem corrente elétrica, acontecem por meio de equipamentos elétricos energizados (aqueles que extraem grande potencial de energia elétrica para o seu funcionamento), como motores, transformadores, quadros de distribuição UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 16 etc. Entretanto, cabe destacar que curto-circuito em extensões sobrecarregadas podem se iniciar incêndios em pequena proporção, porém, podem se tornar de grande amplitude, conforme forem os espaços e a origem do fogo (as chamas). Para o controle desse tipo de incêndio, recomendam-se os extintores que não conduzem corrente elétricas, como de gás carbônico e o de pó químico seco. É importante que não se utilize qualquer extintor à base de água, pois, esta é condutora de eletricidade e pode colocar em risco a vida do operador. Com a corrente desligada, o combate a esse tipo de incêndio, deve ser realizada como se fosse da classe A ou B. NOTA 3.3.1.4 Classe D São para incêndios que ocorrem nos elementos que se inflamam espontaneamente (pirofóricos), como magnésio, zinco, titânio, pó de alumínio, urânio, dentre outros. Os agentes extintores que atuam nesses materiais são agentes especiais que isolam do ar, o metal combustível, interrompendo a combustão como areia e limalha de ferro (são pequenos fragmentos de ferro que podem ser obtidos limando algum objeto de ferro com uma lima para metais – pó de ferro). Pode-se também combater esse tipo de incêndio por abafamento com pó químico especial. 3.3.2 Métodos de extinção do fogo Quanto aos métodos relacionados a extinção do foco de incêndio, Almeida et al. (2012) descrevem que podem ser por meio de resfriamento, isolamento e abafamento. A seguir, encontra-se uma breve descrição conceitual das estratégias que podem ser aplicadas para se evitar a propagação de um determinado foco de incêndio ou princípio de incêndio, conforme a ótica dos autores anteriormente citados. 3.3.2.1 Resfriamento Quando se reduz o calor gerado pela combustão, é um dos métodos mais eficientes de extinção de incêndios, pois, ocorre a diminuição da temperatura até o ponto em que não ocorra desprendimento de gases ou vapores quentes. A água é um dos mais eficientes agentes de resfriamento. TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 17 Ridenti e Pino (2018), descrevem que há pelo menos três formas para se obter energia térmica, são estas:a Combustão ou queima de objetos (materiais), a qual gera a transformação de energia puramente química em energia térmica (aquecida), sendo um bom exemplo a queima do gás utilizado na cozinha para o preparar do alimento. Outro meio seria o Atrito, o qual transforma a energia mecânica em energia térmica, sendo que esta pode ser gerada por meio do esfregar as mãos. Existe também a Resistência elétrica, a qual transforma a energia elétrica em energia térmica aquecida, sendo um bom exemplo a água aquecida liberada pelo chuveiro por meio do contato com a chamada resistência (dispositivo que converte a água fria em água aquecida). Quando se reduz o calor gerado pela combustão (proveniente da queima de produtos), este é um dos métodos mais eficientes de extinção de incêndios, pois ocorre a diminuição da temperatura até certo ponto em que não ocorra desprendimento de gases ou vapores quentes liberado pela superfície ou corpo dos produtos que sofreram a ação do calor. A água, é um dos mais eficientes agentes de resfriamento. 3.3.2.2 Isolamento Quando se isola o material (combustível), que poderia ser atingido pelo fogo, evitando a sua propagação para outras áreas. Combater princípios de incêndios pode parecer uma conduta simples à primeira vista, mas pode ser complexo a depender da estrutura acometida, tipo de material envolvido e seus comunicantes (espaço que circunda o local do evento). Quando verificamos a quantidade de variáveis existentes, ou seja, possibilidades de ocorrência, é possível constatarmos a importância que se faz em obtermos uma base teórica fundamentada e conhecimento acerca de medidas que possam evitar a existência ou a propagação de incêndios e danos que tal evento pode desencadear a vida das pessoas. Uma adequada intervenção, refere-se em isolarmos o material (combustível ou componente), que poderia ser atingido pelo fogo, ou seja, o termo isolar, refere-se em afastar tais produtos que possam disseminar as chamas, evitando, assim, a sua propagação (alastramento) para outras áreas e superfícies. Quanto mais estruturas são acometidas pelas chamas, mais proporções de perdas ocorrem e maiores serão os riscos as pessoas. 3.3.2.3 Abafamento Quando se retira o comburente (oxigênio), abaixando os níveis de oxigenação da combustão e quando a porcentagem é limitada ou reduzida a 15%, o fogo deixa de existir. O oxigênio é encontrado na atmosfera na proporção de 21%. Para utilização deste método, podem ser utilizados extintores portáteis, carretas ou hidrantes (Figura 11). Os extintores devem estar visíveis e bem localizados, livres de qualquer obstáculo que possa dificultar o acesso até eles (desobstruídos), e devidamente sinalizados (Figura 12). UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 18 Para prevenir ou extinguir um incêndio, devemos utilizar os extintores de incêndio portáteis, que são os aparelhos mais fáceis e de rápida utilização. Eles podem atuar por resfriamento (extintores de água) ou eliminação do oxigênio de contato com os combustíveis (extintores de CO2 ou espuma). Só para reforçar, devem estar localizados em pontos estratégicos dentro do serviço, permitindo fácil visualização e acessibilidade. Outro detalhe importante é que devem ser inspecionados periodicamente por algum membro da equipe (designado pela coordenação do serviço), quanto a data de validade e observar se estes encontram- se lacrados, o que sinaliza que não foram utilizados (ALMEIDA et al., 2012). FIGURA 11 – HIDRANTE FONTE: <https://bombeiros.com.br/wp-content/uploads/2019/10/hidrante-incendio.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. FIGURA 12 – EXTINTOR FONTE: <https://estaticos.qdq.com/swdata/cache/c6/6e/c66eb0664ac9771709c4bfe5235dff24.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 19 3.3.3 Principais tipos de extintores de incêndio Existem diferentes tipos de extintores, sendo que, para cada tipo de incêndio é aplicado para determinada ocorrência. Um incêndio pode ser ocasionado por vários tipos de materiais e produtos diferentes, e cada agente é responsável pelo combate de cada um. Para tanto, a Figura 13a e Figura 13b, sinalizam as partes (estruturas que compõem um extintor). FIGURA 13A – COMPONENTES DE UM EXTINTOR FONTE: <https://www.fogoeincendio.com/wp-content/uploads/2016/04/espuma-500x331.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. FIGURA 13B – COMPONENTES DE UM EXTINTOR FONTE: <https://bit.ly/2Tkr7HC>. Acesso em: 12 out. 2019. UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 20 3.3.3.1 Extintor de água pressurizada Machi Junior et al. (2014a) descrevem que os respectivos dispositivos atuam por resfriamento e é indicado para incêndios de Classe A por penetrar nas profundidades do material, resfriando-o. Não pode ser utilizado em líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos. Existem desvantagens em alguns casos, dentre estes é o de danificar o material que atinge. Nesse extintor, a água é acondicionada em cilindro metálico, o qual possui um gatilho para controle do jato, bem como um dispositivo para dirigi-lo e o manômetro, o qual indica a pressão em que se encontra o líquido em seu interior. O extintor deve ser inspecionado periodicamente (mínimo a cada 6 meses) para verificar a pressão indicada no manômetro. Algumas formas de utilizá-lo. • levar sempre o extintor ao local do fogo; • manter o extintor a uma distância segura do local do fogo; • retirar a trava de segurança, apertar alavanca e empunhar a mangueira; • dirigir o jato para a base das chamas; • soltar a alavanca para estancar o jato. 3.3.3.2 Extintor de espuma química Relacionado a esses dispositivos, Machi Junior et al. (2014a) descrevem que eles agem tanto por resfriamento (indicado para incêndios de Classe A) quanto por abafamento (indicado para incêndios de classe B). Não pode e/ou não deve ser utilizado em incêndios de classe C (equipamentos energizados), e tem a desvantagem de danificar o material que atinge. Sua carga é composta de bicarbonato de sódio (agente estabilizador) misturado com água, no cilindro externo, e sulfato de alumínio dissolvido em água, no cilindro interno. Algumas formas de utilizá-lo: • levar o extintor até o local do fogo sem o inverter; • inverter o extintor somente quando chegar ao local do fogo, e direcionar a válvula para as bases das chamas. 3.3.3.3 Extintor de pó seco Com relação aos extintores de pó seco, autores como Machi Junior et al. (2014) pontuam dizendo que tais dispositivos atuam por abafamento e sua ação consiste na formação de uma nuvem sobre a superfície em chamas, reduzindo a percentagem de oxigênio ali disponível/presente. É carregado com bicarbonato de sódio e monofosfato de amônia. Tal dispositivo encontra-se indicado para as três classes ou categorias de incêndio, embora sejam melhor eficientes nas classes ou categoria B (líquidos inflamáveis) e C (equipamentos elétricos energizados). É corrosivo, ou seja, potencializa a danificação do material que atinge, não devendo ser empregado em aparelhos elétricos delicados, tais como computadores, a TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 21 depender da situação vivenciada. Por ser tóxico, deve ser evitado a sua utilização em locais fechados. Esse extintor pode ser de pressão injetada ou possuir pressurização interna. Algumas formas de utilizá-lo: • leve o extintor ao local do fogo; • se o extintor for do tipo pressurizado, retire o pino de segurança; • se for do tipo pressão injetada, abra primeiramente o cilindro lateral que contém a pressão a ser injetada, segurando a mangueira com a válvula acionada para evitar seu entupimento e um possível acidente; • aperte o gatilho e direcione o pó procurando cobrir o fogo (as chamas), principalmente se for da classe ou categoria b. 3.3.3.4 Extintor de espuma mecânica Relacionado a esses dispositivos, Machi Junior et al. (2014) e Aquino (2015), descrevem que estes, agem tanto por resfriamento (indicado para incêndios de Classe A – materiais sólidos)como por abafamento (indicado para incêndios de classe B – líquidos inflamáveis). Forma uma película aquosa sobre a superfície, impedindo a reignição (reinício das chamas). Não pode e/ou não deve ser utilizado em incêndios de classe C (equipamentos energizados). Sua carga é a base de água, gás (N2 ou CO2) e filme aquoso formado de espuma. Este dispositivo (extintor), pode ser de pressão injetada ou por meio de pressurização interna. Algumas formas de utilizá-lo: • levar o extintor ao local do fogo; • se o extintor for do tipo pressurizado internamente, soltar a trava e apertar a alavanca da válvula superior para controlar a saída do jato; • se este (dispositivo) for do tipo pressão injetada, abrir primeiramente o cilindro lateral que contém a pressão a ser injetada, segurando a mangueira para evitar um possível acidente; • apertar o gatilho e dirigir a espuma, procurando cobrir o fogo. 3.3.3.5 Extintor de CO 2 Com relação a essa categoria de extintores, Aquino (2015) descreve que eles agem por abafamento, expelindo CO2 e reduzindo a concentração de oxigênio do ar. O CO2 é mais pesado do que o ar (por isso desce sobre as chamas). É inodoro, incolor e não conduz eletricidade. Recobre o material em chamas com uma camada gasosa, isolando oxigênio e extinguindo o incêndio por abafamento. É indicado para os incêndios de classe B, aqueles gerados por líquidos inflamáveis ou os da classe C, os quais são gerados por equipamentos elétricos energizados, podendo ainda, ser usado/aplicado nos incêndios de classe ou categoria A, com ação positiva. Tem a vantagem de não danificar o material que atinge, podendo ser empregado em aparelhos delicados como computadores, sem danificá-los. O extintor de CO2 não deve ser usado em materiais leves e soltos, pois a pressão UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 22 da capacidade interna do extintor, pode propiciar o alastramento das chamas, ou seja, espalhar o material em chamas, facilitando a sua propagação do fogo. Algumas formas de utilizá-lo: • tirar o pino ou trava de segurança, quebrando a arame do selo do lacre; • retirar o esguicho (difusor) do seu suporte, embrulhando-o com uma das mãos na manopla; • com o extintor posicionado, acionar a válvula com uma mão e, com a outra, dirigir o jato para base do fogo, movimentando o difusor. 3.3.4 Fontes causadoras de incêndios em laboratórios Aquino (2015) informa que são várias as causas que podem ser desencadeadoras de incêndio, dentre tais fatores, destacam-se: • Equipamentos elétricos malconservados, mal operados, com ausência de manutenção preventiva, ou ainda, conectados em rede elétrica erradas. • Estejam sujeitas a sobrecarga de rede elétrica, por estarem conectados a vários aparelhos em uma única tomada ou por usarem aparelho de alto consumo de energia em locais onde a fiação não suporta ou comporta a amperagem/ voltagem devida. • Operação e/ou atividades profissionais sem capacitações em áreas onde contenham líquidos inflamáveis • Vazamentos de gases inflamáveis por meio de cilindros, válvulas reguladoras ou devido à perfuração em suas conexões ou tubulações. • Estocagem de líquidos inflamáveis e voláteis, sem refrigeradores domésticos (cujo sistema elétrico de partida pode produzir faíscas), dentre outros meios. A seguir, encontra-se disponível um quadro de orientação para otimizar sua interpretação quanto ao extintor mais adequado para combater incêndios, correlacionando-os com a fonte geradora das chamas. QUADRO 1 – ORIENTAÇÃO PARA USO ADEQUADO DOS EXTINTORES DE INCÊNDIO Tipo de extintor Classes de fogo A B C Materiais sólidos Líquidos, gases inflamáveis Equipamentos elétricos Espuma Adequado Adequado Inadequado Água pressurizada Adequado Inadequado Inadequado Pó químico “BC” Inadequado Adequado Adequado Pó químico “ABC” Adequado Adequado Adequado CO2 (Dióxido de carbono) Inadequado Adequado Adequado FONTE: O autor TÓPICO 1 | MEDIDAS DE SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO 23 3.4 RISCOS ERGONÔMICOS OU ERGOMÉTRICOS Podem ser considerados como riscos ergonômicos as seguintes situações: esforço físico de repetição, levantamento de excesso de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade em longa jornada laboral, situações de estresse, trabalhos noturno, jornada laboral prolongada, repetitividade de atividade, imposição de rotina intensa, ficar exposto a ambientes com excesso ou baixa luminosidade, utilizar de cadeiras não ajustáveis e computadores que estejam abaixo do nível dos olhos, dentre outros. Os riscos ergonômicos podem ser evitados quando ocorrem a execução prévia de projetos para que os colaboradores não se deparem com barreiras que possam colocar sua saúde em risco e inviabilizar a produtividade. Da mesma forma, projetos de distribuição física para escritórios de processamento de dados, laboratórios de análises clínicas, salas de exames de imagens, dentre outros segmentos, também devem receber devida atenção quanto a sua estrutura, ou seja, devem ser planejados e/ou projetados por profissionais qualificados para a área e que tenham compreensão acerca do segmento de trabalho ali utilizado (GUIMARÃES et al., 2005). Em geral, os arquitetos devem se preocupar com as distâncias em relação à altura dos balcões, cadeiras, prateleiras, gaveteiros, capelas, circulação, obstrução de áreas de trabalho, saídas de emergências, iluminação, dentre outros (Figura 14). Para usuários de computador, que trabalham na sala de comando em setores de tomografia e ressonância magnética, que atuam sentados a maior parte do tempo durante a sua jornada laboral, por exemplo, é importante se preocupar com a altura dos teclados desses equipamentos, com a posição e altura dos monitores e vídeos para evitar distensões de músculos e lesões em tendões, principalmente das mãos (Figura 15) (SULZ; TEODORO, 2014). FIGURA 14 – SAÍDA DE EMERGÊNCIA FONTE: <https://bit.ly/2T8iz7U>. Acesso em: 12 out. 2019. UNIDADE 1 | PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO 24 FIGURA 15 – SALA DE COMANDO TOMOGRAFIA FONTE: <https://bit.ly/3chde5L>. Acesso em: 12 out. 2019. É muito comum trabalhos de movimentos repetitivos em alguns setores, como administrativos (secretárias), auxiliares de laboratório, biomédicos, tecnólogos em radiologia, digitadoras em salas de ultrassonografia, dentre outros profissionais, em que se utilizam teclados para digitação ou pipetas em laboratórios. Tais colaboradores, são candidatos a sofrerem de tendinites, as quais, muitas vezes, necessitam ser corrigidas por intervenção e/ou tratamento cirúrgico e fisioterapia. Esses movimentos devem ser evitados, utilizando-se estudos ergonômicos por especialistas e avaliados o que as normas da Anvisa preconiza, a fim de impedir lesões decorrentes, afastar o profissional das suas jornadas laborais, tornando-o improdutivo, devido a um prolongado trabalho repetitivo. Torna-se importante que gestores de riscos e administrativos, realizem supervisão e elenquem intervenções devidas para se evitar esses incidentes (REGIS FILHO; MICHELS; SELL, 2006). O termo criado para essa síndrome clínica ou tipo de doença ergonômica, devido aos movimentos de repetição, é nominado de Lesões causadas por Esforços Repetitivos ou Lesões por Esforços Repetitivos/Repetição (LER) o que, em algumas regiões do Brasil, também recebe o nome de Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho (DORT) (Figura 16). Este termo inclui manifestações de ordem ergonômica e psicossocial. Dentre as manifestações mais comuns das referidas lesões, podendo ser facilmente identificadas pela presença de calor localizada, choques, dor (leve, moderada, intensa), dormência, formigamento, fisgada, edema (inchaços), hiperemia (pele avermelhada), perda de força muscular e limitação de função. As bursites e a síndrome de canal cubital podem ser provocadas por apoio do cotovelo em balcões e mesas; a síndrome do desfiladeiro torácico pode ser causada por trabalhos manuais curvados, como no ato de consertar
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