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Objetivos § Revisar a Morfofisiologia do cerebelo § Identificar os tipos de intoxicação e os grupos de risco § Analisar o mecanismo das intoxicações medicamento- sas (psicofármacos) destacando as lesões do sistema nervoso § Explicar as manifestações clinicas, bem como se da o manejo dos pacientes com intoxicação. Cerebelo § Órgão do SN supra-segmentar § Deriva da parte dorsal do metencéfalo § Localização: entre o bulbo e a ponte → contribui pra a formação do teto do IV ventrículo § Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do lobo occipital do cérebro por uma prega da dura-máter denominada de tenda do cerebelo § Liga-se à medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior e à ponte e mesencéfalo pelos pedúnculos ce- rebelares médio e superior, respectivamente. Funções Principais: § Coordenação dos movimentos, como § uma grande estrada por onde chegam § e saem § informações. § Controle motor. § Manutenção da postura. § Manutenção do equilíbrio. § Regulação do tônus muscular. Manutenção do equilíbrio e da postura § Através do vestíbulo-cerebelo: promove contração dos músculos axiais e proximais dos membros. § Sinais motores do cerebelo são transmitidos pelos tratos vestibulosespinhais. Controle do tônus muscular Núcleo denteado: mantém atividade espontânea mesmo na ausência de movimento. Controle dos movimentos voluntários Mecanismo do cerebelo para controlar o movimento é divi- dido em 2 etapas: planejamento do movimento e correção do movimento. Aprendizagem motora Cerebelo participa do processo de aprendizagem motora através das fibras olivocereblares, que chegam ao córtex ce- rebelar como fibras trepadeiras e fazem sinapses com as cé- lulas de Purkinje. As fibras trepadeiras fornecem o sinal de erro durante o movimento que deprimiria as fibras paralelas si- multaneamente ativas, permitindo que os movimentos certos surgissem. Funções não motoras Participa de funções cognitivas executadas pelo cerebroce- rebelo. Exemplos: resolver quebra-cabeças, associar palavras a ver- bos, resolver mentalmente operações aritméticas, reconhe- cer figuras complexas. Aspectos anatômicos síndromes Vérmis: porção ímpar e mediana. É pouco separado dos he- misférios na face superior do cerebelo, o que não ocorre na face inferior, onde dois sulcos bem evidentes o separam das partes laterais. Hemisférios cerebelares: as duas grandes massas laterais. Folhas do cerebelo: lâminas finas delimitadas por sulcos transversais. Fissuras do cerebelo: sulcos + pronunciados, que delimitam lóbulos. O cerebelo é constituído de: § Centro de substancia branca › corpo medular do cére- bro. § Possui fibras: - Aferentes ao cerebelo: penetram os pedúnculos cere- belares e se dirigem ao córtex cerebelar. - Fibras formadas pelos axônios das células de Purkinje: dirigem-se aos núcleos centrais e saem do córtex. § Possui 4 pares de núcleos de substância cinzenta → núcleos centrais do cerebelo: denteado, emboliforme, globoso e fastigial. Decussação dos pedúnculos cere- belares superiores § Núcleo fastigial: próximo ao plano mediano, com rela- ção ao IV ventrículo. § Núcleo interpósito: globoso + emboliforme. Ficam entre o núcleo fastigial e o denteado. § Núcleo denteado: mais lateralizado. § Núcleos centrais: saem as fibras eferentes do cerebelo e chegam axônios das células de Purkinje. Síndromes cerebelares Tipos de síndromes cerebelares Síndrome do vestibulocerebelo: lesões nessa região promo- vem perda de equilíbrio, ataxia e nistagmo. Síndrome do espinocerebelo: produz erros na execução mo- tora, com dismetria, tremores, nistagmo e disartria. Sindrome do cerebrocerebelo: produz rechaço, decomposi- ção de movimentos articulares, disdiadococinesia e tremo- res. Os principais sintomas das síndromes cerebelares incluem: Ataxia: ocorre incoordenação de diferentes movimentos en- tre diferentes partes do corpo. Envolve principalmente os músculos dos membros e do tronco. Fica evidente durante a marcha (marcha atáxica), caracterizada por base alargada, andar incerto e perda de equilíbrio (lembra um paciente em- briagado). Dismetria e tremores: Dismetria consiste na execução defei- tuosa de movimentos devido à incapacidade de se efetuar movimentos com a distância apropriada. O paciente não consegue "dosar" a quantidade de movimento necessária para a realização de uma tarefa. Tal quadro se manifesta em tremores de movimento ou de intenção. Pode ser avaliado pedindo para o paciente colocar o dedo na ponta do nariz. Decomposição de movimentos: movimentos complexos, que normalmente são feitos por várias articulações ao mesmo tempo, são decompostos, isto é, feitos por uma arti- culação de cada vez. Quando solicitado a tocar o nariz, por exemplo, o paciente flete primeiro o antebraço, em seguida o braço, o punho e, por fim, os dedos. A dismetria também pode afetar a fala, produzindo disartria, uma fala mais arrastada, por vezes. dividida sílaba por sílaba, lenta e confusa Disartria Disdiadococinesia: Dificuldade em realizar movimentos rápi- dos e alternados. Pode ser verificado ao se pedir pra o paci- ente tocar a ponta do polegar com os dedos mínimo e anelar rápida e alternadamente. Nistagmo: Consiste em uma série de movimentos rápidos, trêmulos e não intencionais do globo ocular. O nistagmo surge em situações normais e, como patologia, possui diver- sas causas, dentre elas as lesões cerebelares. Rechaço ou rebote: Resulta da incapacidade do paciente em controlar corretamente o tônus e o movimentos dos mús- culos. Pode ser verificado pela manobra de Stewart-Holmes: pede-se ao paciente que flexione o antebraço contra uma resistência que se faz no pulso. Em seguida, a resistência é subitamente retirada. Em um indivíduo normal, a contração do antebraço é abortada. Em um indivíduo com síndrome ce- rebelar, a contração se mantém, levando o paciente a dar um tapa no próprio rosto Intoxicação medicamentosa Intoxicação medicamentosa consiste nos sinais e sintomas produzidos por um medicamento ingerido acima das dosagens aceitas como terapêuticas. As intoxicações medi- camentosas podem ser classificadas em agudas ou crônicas e cada droga irá apresentar um sinal e sintomas especifico, de acordo com as suas características, incluindo a toxicoci- nética e dinâmica. Os efeitos tóxicos locais dependem do contato e tamanho da dose e o sistêmico d absorção, distri- buição, biotransformação e excreção. A maior parte destas intoxicações ocorre em faixas etárias mais jovens (1 a 4 anos) principalmente em acidentes do- mésticos. É preciso destacar que outra causa importante de intoxicação por medicamentos é a tentativa de suicídio. As intoxicações podem ser divididas em 4 grupos de acordo com o seu estado fisiológico, sendo elas a excitação, depres- são, mista ou normal. Interação medicamentosa: é o evento clinico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, substância ou agente químico, sendo considerado uma causa comum de efeito adverso. Os medicamentos po- dem agir de forma independente ou interagir entre si, po- dendo aumentar ou diminuir o efeito terapêutico ou toxico do outro. Ex: uso de varfarina podem ter sangramento se passa- rem a usar AINE sem reduzir a dose do anticoagulante. Etiologia 1. Acidental: medicamentos e domissanitários em crianças. Animais peçonhentos em adultos; 2. Iatrogênica: alergias, superdosagem -AAS, xaropes; 3. Ocupacional: animais peçonhentos, agrotóxicos, produtos industriais; 4. Suicida: medicamentos, agrotóxicos, raticidas; 5. Violência: homicídios e maus tratos; 6. Endêmica – água, ar e alimentos: metais, poeiras, resíduos; 7. Social: Toxicomanias: tabaco, álcool, maconha, cocaína, crack; 8. Genética: falhas genéticas, déficits enzimáticos; 9. Esportivas: doping; 10.Ambiental: gases e vapores industriais, transportede car- gas químicas, contaminações da água e alimentos. Fatores importantes para a intoxicação Tempo de exposição: Quanto maior for o tempo em que a pessoa ficou exposta mais provável serão as possibilidades destes produtos causarem danos a sua saúde. Concentração do agente: Quanto maior for a concentração do agente químico, maior será o efeito danoso a saúde. Toxicidade: algumas substancias são mais tóxicas que ou- tras, se comparadas a uma mesma concentração Natureza de substancias químicas: se é um gás, um liquido, um vapor etc. Isto tem relação com a forma deste elemento no organismo. Susceptibilidade individual: algumas pessoas são mais sen- síveis do que outras a determinadas substancias. Fases da intoxicação Fase de exposição: É a fase em que a superfície externa ou interna do organismo entra em contato com o toxicante. Im- portante considerar nesta fase a via de introdução, a fre- quência e a duração da exposição, as propriedades físico- químicas, assim como a dose ou a concentração do xenobió- tico e a susceptibilidade individual: Fase de toxicocinética: Inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do fármaco nos diferentes tecidos do organismo. Intervêm nesta fase a absorção, a distribuição, o armazenamento, a bi- otransformação e a excreção das substâncias químicas. As propriedades físico-químicas dos toxicantes determinam o grau de acesso aos órgãos-alvos, assim como a velocidade de sua eliminação do organismo; Fase de toxicodinâmica: Compreende a interação das mo- léculas do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento de dese- quilíbrio homeostático; Fase clínica: É a fase em que há evidências de sinais e sinto- mas, ou ainda, alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provo- cados pela interação do toxicante com o organismo. Grupos de alto risco § Idosos § Crianças § Fatores genéticos § Fatores imunológicos § Estado nutricional § Sexo § Peso corpóreo Sintomas da intoxicação medicamentosa § Convulsão § Êmese - vômito § Diarreia § Sonolência § Pirose na região da boca e estômago - queimação § Mudança na cor dos lábios § Sudorese § Dispneia § Perda de equilíbrio § Confusão mental § Paralisia § Perda de consciência Tipos de intoxicação O processo é evidenciado por sinais e sintomas ou mediante exames laboratoriais, a intoxicação pode ser: Aguda - único ou múltiplos contatos - dentro de 24h e os efei- tos são imediatos ou em até 2 Crônica - exposição prolongada - doses acumulativas - de 3 meses a anos. Intoxicação aguda Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, de efeito nocivo resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo, e que se apresenta de forma súbita, alguns minutos ou algumas horas após a exposição ao agente químico, a qual é geralmente única e dentro de 24 ho- ras. Intoxicação crônica Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo, e que são resultantes de uma expo- sição crônica, ou seja, exposição a pequenas doses, durante vários meses ou anos. Nas intoxicações crônicas, os sinais clí- nicos podem advir de dois mecanismos: 1. Somatória ou acúmulo do agente tóxico no organismo: a velocidade de eliminação é menor que a de absorção, assim, ao longo da exposição a substância vai sendo somado no or- ganismo, até alcançar um nível tóxico. 2. Somatória de efeitos: ocorre quando o dano causado é ir- reversível e, portanto, vai sendo aumentado a cada exposi- ção, até atingir um nível detectável ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente. Formas de conduta frente a uma intoxicação exógena aguda (gerais e dos BZD). Atendimento de urgência na intoxicação aguda e crônica Nesta situação é importante avaliar três variáveis: O usuário: personalidade, fisiologia, motivação para o uso do medicamento, expectativa quanto ao efeito, medo, etc. O cenário: se o local é seguro ou ameaçador, estranho ou fa- miliar, acolhedor ou apertado, tranquilo ou agitado, quente ou frio, barulhento ou quieto, o que está ocorrendo em volta, hora do dia, etc. A droga: tipo de medicamento, quantidade, quantas vezes foi usada, como foi administrada, se já era usada antes, durante quanto tempo, se misturou algo com o medicamento (ál- cool), etc. A intoxicação causa alterações no funcionamento do orga- nismo e pode levar à morte. A primeira medida a ser tomada é verificar se realmente houve envenenamento. Perfil de uma pessoa intoxicada: como reconhecer § Hálito com cheiro estranho § Mudança na cor dos lábios § Dor § Sensação de queimação na boca, garganta ou estô- mago § Sono § Confusão mental § Vômitos § Diarreia § Paralisia § Convulsões Ansiolíticos e Tranquilizantes Benzodiazepínicos Grupo de medicamentos que apresentam propriedades far- macológicas - ansiolíticas, sedativo-hipnóticas e/ou anti- convulsivantes - e efeitos tóxicos que parecem ser conse- quentes de sua ação direta sobre o Sistema Nervoso Cen- tral. Em geral, os benzodiazepínicos (BZD) são rápida e com- pletamente absorvidos por via oral. A excreção é renal. Estu- dos sugerem que os benzodiazepínicos interagem em um re- ceptor específico com um modulador proteico endógeno que antagoniza a ligação com o GABA, potencializando os seus efeitos. Certos benzodiazepínicos estão associados com dependência e alguns produzem reações de abstinência mais intensas que outros. Clínica da intoxicação aguda absorção de dose excessiva está usualmente associada com sedação, sonolência, fala arrastada, diplopia, disartria, ataxia e confusão mental. Po- dem ocorrer depressão respiratória e hipotensão arterial. Na maioria dos casos a evolução é benigna, mas existem relatos de intensa depressão respiratória e coma e inclusive de óbi- tos após o uso de benzodiazepínicos de ação muito curta, es- pecialmente quando administrados por via intravenosa. Cri- anças, idosos e pacientes com insuficiência cardiorrespiratória são mais sensíveis e o álcool e barbitúricos podem potencializar os efeitos tóxicos. Tratamento: é essencial assistência respiratória, manter vias aéreas, oxigênio se necessário. Monitorar respiração, pressão arterial, sinais vitais. INGESTA: § Para BZD de ação muito curta, nunca induzir vômitos, iní- cio de depressão e coma podem ser rápidos § Para BZD de ação longa, induzir vômitos somente em poucos minutos da ingestão § Paciente consciente, dar via oral carvão ativado, catár- ticos. § Paciente inconsciente e/ou superdosagem: lavagem gástrica com intubação prévia para prevenir aspiração. Hipotensão: administrar fluidos endovenosos, manter equilí- brio hidroeletrolítico, vasopressores se necessário. Medidas sintomáticas e de manutenção. Antídoto Administrar antídoto Flumazenil - reverte sedação dos BZD, há melhora parcial dos efeitos respiratórios. Fenotiazínicos Os derivados da fenotiazina - efeitos sedativos e potenciali- zação dos efeitos de sedativos, narcóticos e anestésicos; ação antiemética; efeitos sobre a regulação da temperatura corporal; efeitos bloqueadores colinérgicos e adrenérgicos (tipo alfa); efeitos anti-histamínicos e anti- serotonínicos; efeitos antipruriginosos; efeitos analgésicos e outros. Em virtude de sua alta eficácia terapêutica, seu consumo é muito grande e generalizado, com tendência a aumentar continuamente e como decorrência, o número de intoxica- ções. Em geral, quanto mais potente o fenotiazínico, maior a propensão em determinar reações extrapiramidais e quanto menor a potência, maior a propensão em determinar efeitos secundários tipo autonômicos, sedação ou convulsões. Clínica da intoxicação aguda: risco cardiovascular e de de- pressão do SNC. Sedação, miose,hiper ou hipotensão, taqui- cardia, retenção urinária, xerostomia, ausência de sudorese. Sintomas extrapiramidais: convulsão, coma, falência respira- tória, prolongamento do intervalo QT, arritmias, distúrbios da temperatura. Tratamento: § Esvaziamento gástrico por lavagem gástrica se super- dosagem até 12 horas após ingesta (fenotiazinas redu- zem a motilidade gástrica). § Indução do vômito se ingesta recente (minutos) em pa- ciente alerta e assintomático, evitar se após algumas horas (convulsões ou reações distônicas de cabeça e pescoço podem resultar em aspiração). § Carvão ativado a cada 2 ou 3 horas e catártico salina - substância que acelera ou aumenta a evacuação intes- tinal. § Monitorização respiratória e cardiovascular. § Se hipotensão/choque - Não utilizar beta-adrenérgicos. Butirofenonas e tioxantenos Neurolépticos de largo uso em psiquiatria. De um modo geral são bem absorvidos por via oral, mas sofrem metabolização de primeira passagem. Apresentam significativa ligação pro- teica plasmática. A metabolização é hepática e a eliminação é urinária. Clinica da intoxicação aguda: SNC: rigidez e espasmos musculares, pseudoparkinsonismo, distonias, acatisias, discenisia tardia persistente, agitação ou depressão, cefaléia, confusão, vertigem, síndrome neurolép- tica maligna. Sistema cardiovascular: hipotensão ortostática, prolonga- mento do intervalo QT, taquicardia. Hipertermia. Tratamento: em geral, é semelhante ao realizado nas demais intoxicações agudas por neurolépticos e descrito com maio- res detalhes na intoxicação por fenotiazinicos. Antidepressivos tricíclicos Antidepressivos tricíclicos (ADT) tem potente efeito sedativo. Uso amplo em depressão melancólica e em alguns casos de depressão atípica. São rapidamente absorvidos por via oral, com elevada união a proteínas plasmáticas. Metabolismo hepático, eliminação renal em vários dias. Clínica da intoxicação aguda: letargia, coma ou convulsões, acompanhadas por prolongamento do intervalo QRS ao ECG. Excitação seguido de coma, com depressão respiratória, hi- porreflexia, hipotermia e hipotensão. Marcantes efeitos anti- colinérgicos. Tratamento: complexo. Lavagem gástrica, seguida de carvão ativado em uso repetido e catártico salino. Não induzir êmese pelo risco de convulsões. Tratamento sintomático e suportivo. Alcalinização, anticonvulsivantes (Fenitoína). Observação mí- nima de 6 horas em todos os pacientes. Anticonvulsionantes Barbituricos Depressores não seletivos do SNC, deprimem córtex sensorial, reduzem atividade motora, alteram função cerebelar. Barbi- túricos não possuem efeito analgésico. Induzem desde exci- tabilidade, sedação leve, incoordenação motora até coma profundo. Em dose terapêutica alta ocorre anestesia. Uso continuado pode causar tolerância e dependência. Clínica da intoxicação aguda: depressão do SNC e cardio- vascular, coma. SNC: sonolência, letargia, confusão, delírio, dificuldade de fala, diminuição ou perda dos reflexos, ataxia, nistagmo, hipoter- mia, depressão respiratória. SCV: hipotensão, taquicardia, choque. Gastrointestinal: diminuição do tônus e motilidade, pode compactar comprimidos. Óbito por insuficiência cardiorespiratória ou secundária a de- pressão de centros medulares vitais. Tratamento: nos casos graves é complexo. § Assistência respiratória, manter vias aéreas. § Monitorização respiratória e cardiovascular. § Corrigir hipovolemia. § Ingesta/esvaziamento gástrico: êmese só em poucos minutos após ingesta. Lavagem gástrica com intubação (previne aspiração) até 24 horas ou mais. Carvão ativado seriado, catártico salino. § Manter equilíbrio hidroeletrolítico, pode ser necessário uso de vasopressores aumentar a PA. § Alcalinização urinária § Avaliar função renal, eletrólitos, gasometria, pH urinário. Paciente com insuficiência renal necessário hemodiá- lise. § Medidas sintomáticas e de manutenção. Carbamazepina Anticonvulsivantes com discretos efeitos sedativos, utilizado no tratamento de neuralgia do trigêmeo. Absorção lenta e er- rática por via oral, há diminuição da motilidade intestinal de- corrente das propriedades anticolinérgicas do medicamento. Metabolizada no fígado, excretada pela urina e pequena ex- creção fecal. Clínica da intoxicação aguda: distúrbios neurológicos por depressão do SNC: ataxia, nistagmo, oftalmoplegia, midríase, taquicardia sinusal. Casos graves podem evoluir com mioclo- nias, convulsões, coma e parada respiratória. Tratamento: § Nos casos de ingestão recomenda-se esvaziamento gástrico, que deve ser realizado mesmo decorridas mui- tas horas após. § Administração seriada de carvão ativado a cada 4 ho- ras § Tratar convulsões com diazepam. § Manter via aérea permeável, ventilação assistida, se ne- cessário, tratar arritmias. § Tratamento da hipotensão arterial com correção do vo- lume e drogas vasopressoras (dopamina, norepine- frina). § Filtro de carvão ativado pode ser útil nos casos graves que não responderem ao tratamento de suporte. § Diurese forçada, diálise peritonial e hemodiálise não são eficazes. § Pacientes assintomáticos devem ser observados por no mínimo 6 horas após ingesta. § Pacientes graves devem ser observados em UTI até 24 horas após terem se mantido estáveis. Antídoto: Não há antídoto específico. Fenitoínas Medicamento usado há longo tempo como anticonvulsivante e mais recentemente, por via parenteral, no tratamento de distúrbios do ritmo cardíaco. Absorção por via oral é lenta e errática e quando ingerida em grandes doses, pode ser mais demorada. Metabolização hepática e excreção renal. Clínica da intoxicação aguda: nistagmo, que inicialmente é horizontal e a seguir vertical; sonolência de intensidade pro- gressiva, ataxia, diplopia, disartria, tremores, distúrbios do comportamento, confusão mental, náuseas, vômitos e hirsu- tismo. Coma profundo não é comum. Toxicidade cardíaca frequente após infusão intravenosa rápida ou ingestão de doses muito grandes: arritmias e bra- dicardia sinusal, fibrilação atrial, bloqueio incompleto de ramo direito e hipotensão arterial. Casos mais graves: fibrila- ção ventricular e assistolias, evoluindo para óbito. Tratamento: § Ingestão: esvaziamento gástrico mesmo decorridas vá- rias horas. § Paciente torporoso: lavagem gástrica em serviço bem equipado. § Administrar carvão ativado. § Medidas dialisadoras não encontram justificativa § O tratamento é essencialmente sintomático e de su- porte, incluindo correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e assistência respiratória e cardiocirculatório. Ácido valproico Medicamento utilizado no tratamento da epilepsia, transtorno bipolar e na profilaxia da enxaqueca. Absorção por via oral é rápida, observando-se níveis máximos sanguíneos 1 a 4 horas após ingestão. Ligação proteica significativa. Metabolização hepática e excreção renal. Clínica da intoxicação aguda: distúrbios neurológicos inclu- indo confusão mental, sonolência, torpor e coma. Hiperativi- dade, movimentos mioclônicos e convulsões. A evolução fa- tal, embora excepcional, pode ocorrer por depressão respira- tória e parada cardíaca. Intoxicação crônica: descreve-se uma associação entre o uso crônico de ácido valproico com o desenvolvimento de hepatotoxicidade e Síndrome de Reye. Os distúrbios hepáti- cos são evidenciados por uma simples elevação dos níveis de transaminases sem sintomatologia, até um quadro carac- terístico de Síndrome de Reye, com necrose hepática centro- lobular, hiperamoniemia e encefalopatia Tratamento: Ingestão: esvaziamento gástrico e administra- ção de carvão ativado. Não há indicação para medidas dia- lisadoras - possíveis bons resultados da Naloxona, mas indi- cação é discutível. O tratamento, além da interrupção da droga, é sintomático e de suporte. Diagnostico Laboratorial Os exames laboratoriais são importantes no atendimento a um paciente intoxicado. Os principais objetivos são: afastarou confirmar uma intoxicação, avaliar o grau de agressão que o agente tóxico está causando no organismo e auxiliar na avaliação do tratamento. Eles fornecem importantes sub- sídios para um diagnóstico e acompanhamento mais segu- ros destes pacientes. Vale ressaltar que nem sempre estes exames são imprescindíveis para o diagnóstico e/ou tomada de decisão. Podemos classificá-los assim: 1.Análises Clínicas: a) Gerais: hemograma, glicemia, eletrólitos, ureia, creatinina, bilirrubinas, CPK, aminotransferases, hemogasometria arterial, sumário de urina, etc. b) Específicas: tempo de protrombina, tempo de coagulação, ferro sérico, etc. 2.Análises Toxicológicas: análise do agente químico propria- mente dito e/ou de seus produtos de biotransformação. É im- portante que o médico indique a sua suspeita diagnóstica, dose ingerida, tempo decorrido entre a exposição e o atendi- mento, sinais e sintomas, uso de antídotos ou outros medica- mentos. Nas intoxicações agudas, o sangue (soro e plasma) e a urina são as amostras mais usadas; líquido de lavagem gástrica, vômitos, restos de alimentos e medicamentos en- contrados junto ao 12paciente também são importantes. A urina é empregada como amostra de escolha tanto para o controle da dopagem quanto para o da dependência a dro- gas. Etapas básicas na atenção ao intoxicado agudo: 1) Avaliação do estado geral do paciente - sinais vitais 2) Anamnese cuidadosa - Verificar se o paciente apresenta distúrbios que representem risco de morte iminente e procu- rar corrigi-los: Respiratórios: obstrução das vias aéreas, ap- neia, frequência respiratória, estertores; Cardiocirculatórios: TA, frequência e ritmo; Neurológicos: escala de REED; Bioquí- micos/metabólicos; Sanguíneas. 3) Estabelecimento do diagnóstico; 4) Procedimentos terapêuticos - Diminuir a exposição do or- ganismo ao tóxico (Descontaminação), aumentar a excreção do tóxico já absorvido (diurese forçada, transfusão, diálise pe- ritoneal e hemodiálise) utilizar antídotos e antagonistas, além do tratamento de suporte, sintomático e das complicações. Referencias GONÇALVES, Claudiana Aguilar et al. Intoxicação medicamen- tosa: relacionada ao uso indiscriminado de medicamentos. 2017. Guengerich FP. Mechanisms of drug toxicity and relevance to pharmaceutical development. Drug Metab Pharmacokinet. 2011;26(1):3-14. LAVONAS, Eric J. First-generation (typical) antipsychotic medi- cation poisoning. MENESES, Murilo S.. Neuroanatomia Aplicada. 3. ed. Rio de Ja- neiro: Guanabara Koogan, 2015.
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