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Prévia do material em texto

LITURGIA E 
SACRAMENTOS
Professor Dr. André Phillipe Pereira
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; PEREIRA, André Phillipe. 
 
 Liturgia e Sacramentos. André Phillipe Pereira. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 176 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Liturgia. 2. Sacramento. 3. Teologia EaD. I. Título.
ISBN: 978-85-459-1250-7 CDD - 22 ed. 200
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Roney Carvalho
Designer Educacional
Amanda Peçanha Dos Santos
Janaína de Souza Pontes
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
José Jhonny Coelho
Qualidade Textual
Érica Fernanda Ortega
Ilustração
Bruno Pinhata
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
Doutor em Teologia pela PUCRIO. Mestre em Teologia pela PUCPR, conclusão 
em 2013. Especialista em Educação de História e Geografia pelo CEUCLAR, 
conclusão em 2014. Especialista em Espiritualidade pela FAVI, conclusão em 
2012. Graduação em Licenciatura em Filosofia pela Faculdade Padre João 
Bagozzi, conclusão em 2012. Graduação em Teologia pela PUCPR, conclusão 
em 2011.
Para mais detalhes e informações, acesse: http://buscatextual.cnpq.br/
buscatextual/visualizacv.do?id=K4495979T3
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), vamos iniciar nosso estudo sobre liturgia e sacramento. Para bem co-
meçarmos, partiremos nossa reflexão sobre o significado do termo liturgia, seu contexto 
bíblico, sem esquecer de sua íntima ligação com a história da salvação, uma vez que o 
termo significa no seu amplo contexto obra para o povo. A própria história da liturgia 
nos ajudará a compreender bem essa definição, uma vez que a liturgia é uma ação sal-
vífica de Deus para seu povo.
Neste sentido, vale a pena conhecer o sentido pleno de religião, ou seja, o termo religare, 
assim, a religião seria a tentativa de refazer algo que está desfeito, como podemos pensar no 
pecado de Adão que rompe os laços dos seres humanos com o Criador. No sentido judaico-
-cristão, religião pode ser pensada como uma forma de Deus Se revelar, de tornar-Se conhe-
cido por todas as pessoas, pois, se conhecemos a Deus, é porque Ele se revela e se apresenta.
Assim, é indispensável refletirmos sobre Liturgia, sem nos deter na Sagrada Escritura no 
Antigo e no Novo Testamento, para compreendermos que a Liturgia para os cristãos — 
especificamente Católicos, Ortodoxos e Anglicanos — é a celebração dos mistérios de 
Cristo, ou seja, os mistérios da nossa salvação, desde sua encarnação no seio da Virgem 
Maria até sua Ascenção e o envio do Espírito Santo.
No sentido de celebração dos mistérios de Cristo, nosso estudo apresentará que a litur-
gia não se refere a uma simples lembrança, ou seja, os que celebram não estão apenas 
lembrando do que Cristo fez e falou, mas sim, ao celebrar, estão atualizando os mistérios 
da Salvação. Assim, agora Cristo Morre e agora Cristo Ressuscita, como a afirmação da 
comunidade católica na Missa do domingo de páscoa “O Senhor Ressuscitou dos mor-
tos, como prometera; exultemos e alegremo-nos todos [...]” (Missal Romano, p. 297).
Quando falamos em celebração litúrgica, não podemos deixar de lado os sacramentos e 
isto nosso material apresenta bem, pois os sacramentos são celebrados e a liturgia tem 
como principal finalidade realizar os sacramentos para o povo fiel. Na liturgia, celebramos 
os sacramentos que são sete, como veremos no decorrer do nosso estudo. São eles: batis-
mo, Eucaristia, confirmação, confissão, Ordem, Matrimônio e unção dos enfermos. Pode-
-se definir sacramentoscomo uma graça visível de uma realidade invisível, ou seja, vemos 
a água no batizado, e sabemos que a criança está batizada, mas não vimos a ação de Deus 
propriamente dita. Assim como o Verbo Eterno encarnado, a Palavra Eterna que se faz Ho-
mem, os sacramentos são assim, também, a junção da palavra e da matéria, por exemplo: 
enquanto o Sacerdote diz: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, ele 
derrama três vezes água sobre a cabeça da criança. Deus agiu nesse momento na junção 
da Palavra com a matéria, Deus agiu e tornou aquela criança sua filha, uma vez que ela 
agora pelo Batismo faz parte do corpo do Seu único Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os Sacramentos são divididos em três grupos, de acordo com seu objetivo, assim, temos 
os Sacramentos da iniciação à vida cristã: Batismo, Eucaristia e Confirmação; os Sacra-
mentos do serviço: matrimônio e Ordem; e os Sacramentos da cura, sendo a confissão e 
a unção dos enfermos.
Desejo que você tenha um bom estudo e um bom aprofundamento da liturgia e dos 
Sacramentos, como verdadeiras formas da ação de Deus para a comunidade.
APRESENTAÇÃO
LITURGIA E SACRAMENTOS
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
O QUE É LITURGIA?
15 Introdução 
16 Significado Extra Bíblico de Liturgia 
19 “Leitourgia” na Sagrada Escritura 
23 História da Salvação e Liturgia 
26 Renovação Litúrgica 
30 O Ano Litúrgico 
35 Considerações Finais 
UNIDADE II
O CULTO SAGRADO
45 Introdução
46 O Culto nas Diversas Religiões 
48 O Culto no Antigo Testamento e no Novo Testamento 
53 Os Santos Mistérios 
57 Memória na Visão Bíblica 
61 Considerações Finais 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA E SACRAMENTOS
73 Introdução 
74 Espiritualidade Litúrgica? 
78 Os Sacramentos 
83 Caráter Sacramental 
88 Graça Sacramental 
92 Considerações Finais 
UNIDADE IV
OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ 
105 Introdução
106 Como agem os Sacramentos? 
110 Batismo 
116 Confirmação 
119 Eucaristia 
124 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
OS SACRAMENTOS DE CURA E SERVIÇO
135 Introdução
136 O Sacramento da Reconciliação 
143 O Sacramento da Unção dos Enfermos 
150 O Sacramento da Ordem 
157 O Sacramento do Matrimônio 
164 Considerações Finais 
172 Conclusão 
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
O QUE É LITURGIA?
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender o significado do termo em um contexto extra bíblico.
 ■ Assimilar o significado de Liturgia na Bíblia.
 ■ Relacionar História da Salvação e Liturgia.
 ■ Conhecer a Renovação da Igreja no que tange à liturgia.
 ■ Entender a estrutura do Ano litúrgico.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Significado Extra Bíblico de Liturgia
 ■ “Leitourgia” na Sagrada Escritura
 ■ História da Salvação e Liturgia
 ■ Renovação Litúrgica
 ■ O Ano Litúrgico
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), estamos começando nosso estudo sobre Liturgia e Sacramentos 
e nesta primeira unidade vamos refletir sobre liturgia, seu significado e seu con-
texto bíblico, sempre relacionado com a história da salvação até a compreensão 
do ano litúrgico, no qual estão todas as celebrações da Igreja Católica. A pala-
vra Liturgia pode ser caracterizada por uma compilação de ritos e cerimônias 
que se referem aos ofícios, serviços indispensáveis desenvolvidos pelas Igrejas 
Cristãs ou ainda pelas religiões monoteístas ao prestarem, de forma essencial, 
seu culto a Deus. Para eles, a liturgia torna-se essencial para realizar seu culto.
O termo Liturgia vem dos vocábulos: gregos leiton, significando: do povo 
ou ainda para o povo e érgon que significa: obra. Assim, compreendemos litur-
gia como uma obra para o povo, no entanto, sabemos que só a partir do século 
III, ainda antes de Cristo, que o termo assume um sentido religioso, sendo usado 
para designar o culto aos deuses prestado por pessoas que foram eleitas para tal, 
como os sacerdotes. Atualmente como Liturgia Católica compreendemos algo 
que Deus faz para Seu povo, enquanto este encontra-se reunido.
Para compreendermos bem liturgia, conhecer a história da salvação se faz 
indispensável, pois ela nos ajuda a compreender de forma excelente o que é 
liturgia. A história tendo origem no plano eterno do Pai e revelada ao longo 
da história humana hoje é celebrada como uma liturgia, porém, toda a liturgia, 
assim como a revelação, é uma ação de Deus em favor da comunidade reunida.
Na Igreja Católica, as celebrações litúrgicas são marcadas pelo ano litúrgico 
que é o ano da Igreja. É claro que ele está inserido dentro do calendário civil, que 
por sua vez é um calendário cristão. Neste ano, são realizadas todas as celebrações 
dos principais mistérios da vida de Cristo e, portanto, da nossa redenção.
Introdução
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SIGNIFICADO EXTRA BÍBLICO DE LITURGIA
Estamos iniciando nosso estudo de liturgia e sacramentos e nesta unidade vere-
mos o que é liturgia. Partiremos de um significado extra bíblico, percorrendo em 
seguida a tradição cristã, em que vamos compreender o ano litúrgico.
Podemos caracterizar a palavra Liturgia como uma compilação de ritos e 
cerimônias que se referem aos ofícios, serviços indispensáveis ou reuniões de 
Igrejas Cristãs ou ainda das religiões monoteístas que prestam de forma essencial 
seu culto a Deus. Para eles, a liturgia torna-se essencial para realizar seu culto.
A palavra LIT-URGIA tem sua origem do grego clássico e é composta de 
duas raízes: liet – leos – laos: povo, público – ação do povo, obra pública, ação 
feita para o povo, em favor do povo; ergomai (ergom): operar, produzir (obra), 
ação, trabalho, ofício, serviço... Traduzindo literalmente, leitourghía significa: 
“serviço prestado ao povo” ou “serviço diretamente prestado para o bem comum”, 
serviço público.
Esse termo, Liturgia, vem dos vocábulos gregos leiton, significando “do povo” 
ou ainda “para o povo” e érgon que significa “obra”. Esses dois vocábulos signi-
ficavam, no entanto, uma obra do povo ou para o povo, poderíamos ainda dizer 
O QUE É LITURGIA?
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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também um obra pública. Na civilização grega antiga, as famílias mais abasta-
das em patrimônio eram obrigados a custear serviços públicos como abertura de 
estradas, construção de pontes, jogos olímpicos, material para guerras e enfim, 
as obras que facilitariam a vida em sociedade. Nesse contexto, alguns assumiam 
de forma voluntária esse serviço, outras eram obrigadas a prestar Leitourgia 
para a comunidade. Feito esse trabalho, os gregos diziam: realizamos uma litur-
gia. Seria, portanto, uma função exercida para interesse de todo o povo, seja de 
ordem política, técnica ou religiosa.
QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA LITURGIA?
1069. Originariamente, a palavra liturgia significa obra pública, serviço por 
parte dele em favor do povo. Na tradição cristã, quer dizer que o povo de 
Deus toma parte na obra de Deus. Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e 
Sumo-Sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da nossa 
redenção.
1070. No Novo Testamento, a palavra liturgia é empregada para designar, 
não somente a celebração do culto divino, mas também o anúncio do Evan-
gelho e a caridade em ato. Em todas estas situações, trata-se do serviço de 
Deus e dos homens. Na celebração litúrgica, a Igreja é serva, à imagem do 
seu Senhor, o único, participando no seu sacerdócio (culto) profético (anún-
cio) e real (serviço da caridade):
Qualquer celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo Sacerdote e do seu 
corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência e nenhuma outra ação 
da Igreja a iguala em eficácia com o mesmo título e no mesmo grau. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1069-1070).
Aristóteles (±322 a.C.) em sua obra A Políticanotava que essas leitourgia eram 
causas de desperdício do patrimônio familiar e que esses trabalhos muitas vezes 
feitos de forma obrigatória eram causa de endividamento e perda do patrimô-
nio familiar.
Significado Extra Bíblico de Liturgia
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Contudo, aos poucos e no passar do tempo, esse termo foi perdendo seu cará-
ter de serviço público e passou a ter um significado mais amplo, sendo usado 
para designar serviços como o de um escravo ao seu proprietário ou ainda de 
médico para seu paciente.
Com o passar do tempo, a mesma obra, ação, iniciativa, perdeu, quer por 
institucionalização quer por imposição, o seu caráter livre e, assim, passou 
a ser chamado de liturgia qualquer trabalho que importasse em serviço 
mais ou menos obrigatório prestado ao Estado ou à divindade (serviço 
religioso) ou a um particular (Dicionário de Liturgia, 2004, p. 639).
Somente a partir do século 
III, ainda antes de Cristo, que 
o termo assume um sentido 
religioso, sendo usado para 
designar o culto aos deuses 
prestado por pessoas que foram 
eleitas para tal, como os sacer-
dotes. Entendemos isso a partir 
do contexto helenístico grego 
que tinha a religião como um 
assunto de relevo na sociedade 
e de interesse público. O serviço era prestado aos deuses por meio de uma pes-
soa — sacerdote — em nome da comunidade. Com o passar dos anos, porém, a 
palavra “liturgia” vai perdendo o sentido de ação para o público e vai tomando 
o sentido de culto devido a Deus. É nesse sentido que a palavra “liturgia” apa-
rece na tradição grega do Antigo Testamento, até o cristianismo.
A Liturgia não esgota toda a ação da Igreja
(Catecismo da Igreja Católica, 1983, par. 1071)
O QUE É LITURGIA?
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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“LEITOURGIA” NA SAGRADA ESCRITURA
No Antigo testamento, na tradução grega conhecida como a tradução dos LXX, 
pois foram setenta e dois rabinos, sendo seis de cada uma das doze tribos de 
Israel que teriam completado a tradução da bíblia hebraica para o grego em 
setenta e dois dias. O termo liturgia é utilizado geralmente ao referir-se aos ritos 
na lei de Moisés.
Na chamada LXX, liturgia significa sempre, sem exceção, o serviço re-
ligioso prestado pelos levitas a Javé, primeiro na tenda e depois no tem-
plo de Jerusalém. Era, portanto, termo técnico que designava o culto 
público e oficial segundo as leis e culturas levíticas, diferente do culto 
privado, ao qual, na mesma tradução dos LXX, os autores se referem 
principalmente usando os temos latria ou dulia (Dicionário de Litur-
gia, 2204, p. 639)
Entretanto, no Novo Testamento (NT), liturgia aparece em três acepções dife-
rentes. No significado profano como os gregos, significando o culto ou o rito e 
no terceiro como algo vivencial celebrativo, mas quando falamos de liturgia já 
no cristianismo precisamos levar em conta que
“Leitourgia” na Sagrada Escritura
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enquanto na igreja oriental de língua grega liturgia serve para indicar 
tanto o culto cristão em geral quanto, em particular, a celebração da eu-
caristia, na igreja latina a palavra é praticamente desconhecida. De fato 
aconteceu o seguinte: enquanto muitos outros termos bíblicos neotesta-
mentários, como anjo, profeta, apóstolo epíscopo, presbítero, diácono, 
etc. provenientes do texto grego passaram em peso para a sua tradução 
latina por simples transliteração, com liturgia isto jamais ocorreu, e assim 
permanecerá como termo estranho à linguagem litúrgica latina.
Como foi dito acima, no NT teremos a liturgia em três vertentes, vejamos cada 
uma delas com alguns exemplos:
O primeiro seria a liturgia com um significado profano. Vemos o termo sendo 
usado como um trabalho, como o sustento dos Apóstolos no qual Epafrodito leva 
a esmola dos Filipenses: “Recebei-o, pois, no Senhor com toda a alegria e tende 
em grande estima pessoas como ele, pois pela obra de Cristo ele quase morreu 
arriscando a vida para atender por vós às minhas necessidades” (BÍBLIA, Fl 2, 
29-30). Ainda podemos ver em 2Cor 9, 12 que “o serviço desta coleta (Liturgia) 
não deve apenas satisfazer às necessidades dos santos, mas há de ser ocasião de 
efusivas ações de graças a Deus”. E em Romanos 13, 6 vemos ainda o serviço 
como algo que agrada a Deus. “É também por isso que pagais impostos, pois os 
que governam, são servidores de Deus, que se desincumbem com zelo do seu 
ofício (leitourgia)”.
O segundo sentido que o NT confere à Liturgia é o de significado ritual 
ou cúltico, apresentamos três exemplos desse significado no NT: At 13,2: 
“Celebravam eles (os primeiros discípulos) a liturgia em honra do Senhor”. Lc 
1, 23: “Completados os dias do seu ministério (liturgia)”, Zacarias voltou para 
casa” e, por fim, Hb 9, 21: “Moisés aspergiu com o sangue a Tenda e todos os 
utensílios do culto (liturgia)”.
Também vimos que liturgia no NT possui um significado vivencial, e tal-
vez esse seja o mais importante, pois toda a vida do cristão vem a ser um culto a 
Deus, de modo que nada existe, nesse sentido, de profano ou arreligioso, assim 
apresentamos alguns exemplos que o NT apresenta nesse sentido: Fl 2, 17: “Se 
o meu sangue, for derramado em libação, em sacrifício e serviço (liturgia) da 
vossa fé, alegro-me e regozijo-me com todos vós”. Rm 15, 16: “A graça me foi 
concedida por Deus de ser o ministro (litourgón) de Cristo Jesus para os gen-
tios, a serviço do Evangelho de Deus”
O QUE É LITURGIA?
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
A ideia de que toda a vida do cristão é um culto ou uma liturgia sagrada, 
encontra-se repetidamente nos escritos de São Paulo, embora nem sempre o 
Apóstolo use o vocábulo liturgia. Assim, por exemplo: Rm 1, 9: “Deus, a quem 
sirvo (latreuo = presto culto) em meu espírito, anunciando o Evangelho do seu 
Filho, é minha testemunha”. Fl 3, 3: “Os circuncidados somos nós, que prestamos 
culto a Deus em espírito”. Fl 4, 18: “Agora tenho tudo em abundância; tenho de 
sobra, depois de haver recebido o que veio de vós, perfume de suave odor, sacri-
fício aceito e agradável a Deus”. São Paulo tinha em vista as esmolas levadas por 
Epafrodito ao Apóstolo prisioneiro.
POR QUÊ A LITURGIA?
No Símbolo da Fé, a Igreja confessa o mistério da Santíssima Trindade e o seu 
desígnio admirável sobre toda a criação: o Pai realiza o mistério da sua von-
tade, dando o seu Filho muito amado e o seu Espírito Santo para a salvação 
do mundo e para a glória do Seu nome. Tal é o mistério de Cristo, revelado e 
realizado na história segundo um plano, que São Paulo chama de economia 
do mistério e a que patrística chama de economia do Verbo encarnado.
Esta obra da redenção humana e da glorificação perfeita de Deus, cujo prelú-
dio foram as magníficas obras divinas operadas no povo do Antigo Testamen-
to, realizou-se por Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da sua 
bem-aventurada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão, em que, 
morrendo, destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida. Efetivamente, 
foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável 
de toda a Igreja. É por isso que, na liturgia, a Igreja celebra principalmente o 
mistério pascal, pelo qual Cristo realizou a obra da nossa salvação. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1066-1067).
Esse sentido de Liturgia também é encontrado em Rm 12, 1: “Exorto-vos, irmãos, 
pela misericórdia de Deus, a que ofereçais vossos corpos como hóstia viva, santa e 
agradável a Deus; este é o vosso culto espiritual” e em 1 Pd 2, 5: “Vós, como pedras 
vivas, constituí-vos em um edifício espiritual; dedicai-vos a um sacerdócio santo, 
a fim de oferecerdes sacrifíciosespirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”.
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É este mistério de Cristo que a Igreja anuncia e celebra em sua liturgia, 
a fim de que os fiéis vivam e dêem testemunho dele no mundo: com 
efeito, a liturgia, pela qual, principalmente no divino sacrifício da 
Eucaristia, se exerce a obra de nossa redenção, contribui do modo mais 
excelente para que os fiéis, em sua vida exprimam e manifestem aos 
outros o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja. 
(CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1983, par. 1068)
Aliás, ao fazer de toda a sua vida uma oferta de culto a Deus, o cristão não faz 
senão reproduzir o gesto de Cristo, que desde a sua conceição no seio materno, 
se ofereceu ao Pai como Hóstia viva e consciente, em lugar das vítimas irracio-
nais da Antiga Aliança; é o que diz o autor de Hebreus (BÍBLIA, Hb 10, 5-7.10):
Ao entrar no mundo. Ele afirmou: Tu não quiseste sacrifício e oferenda. 
Tu, porém, me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado 
não foram do teu agrado. Por isto digo: Eis-me aqui... eu vim, ó Deus, 
para fazer a tua vontade...’ Graças a esta vontade é que somos santificados 
pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.
Este texto é um programa para toda a vida do Cristão. Toda a vida do cristão deve 
ser um contínuo imitar Cristo em suas palavras e atitudes, essa perícope apre-
senta toda a vida de Jesus Cristo como culto de louvor e expiação a Deus Pai, ou 
seja, o cristão deve viver permanentemente em oblação a Deus com Cristo na uni-
dade do Espírito Santo e tudo isso é refletido depois na celebração da liturgia nos 
templos e em comunidade, para que todos possamos dizer como São Paulo em 
Gálatas 2, 20: “Vivo eu, não eu; é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na 
carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.
A missão do Espírito Santo na Liturgia da Igreja é preparar a assembléia para 
encontrar-se com Cristo; tornar presente e atualizar a obra salvífica de Cristo 
por seu poder transformador e fazer frutificar o dom da comunhão na Igreja.
(Catecismo da Igreja Católica, 1983, par. 1112)
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HISTÓRIA DA SALVAÇÃO E LITURGIA
A história da salvação nos ajuda a compreender bem o que é a liturgia, por-
tanto, estudar a liturgia relacionada ao contexto histórico salvífico é importante 
uma vez que a salvação tem sua origem no plano eterno do Pai já antes da cria-
ção do mundo, porém esse mistério foi sendo aos poucos revelado no tempo da 
promessa, em que Deus falou aos Patriarcas e profetas muitas vezes e de muitos 
modos, anunciando-lhes a plenitude da promessa em Cristo, conforme a carta 
aos Hebreus: “Muitas vezes e de modos diversos Deus falou, outrora, aos pais 
pelos profetas, agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, 
a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos” (1, 1-2).
O tempo da promessa tem seu auge no evento Cristo. Este evento tem seu 
início de modo subjetivo na criação, mas de modo direto na encarnação, em que 
o Verbo de Deus se faz homem, anunciando pela vida, palavras e obras a Boa 
Nova da salvação: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos sua 
glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único cheio de graça e ver-
dade” (Jo 1, 14).
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O Filho é o Novo Adão, e nEle tudo é recriado, uma vez que tudo foi feito 
por Ele, com Ele e nEle como nos ensina São Paulo, Ele reconcilia os homens 
com Deus com seu sangue que é a Nova Aliança.
O tempo de Cristo é prolongado na Igreja, e a Igreja preparada na história 
do Povo de Israel é plenificada em Cristo, pois, é o verbo encarnado que realiza 
no mundo o plano salvífico.
Assim, Cristo manifesta o Reino de Deus a todo ser humano, primeiro reúne 
uma pequena comunidade, a estes envia para continuar sua obra em todo o mundo. 
Contudo, a Cruz é o auge dos sacramentos que dão vida à Igreja. Quando 
Cristo crucificado é transpassado e do seu lado aberto jorra sangue e água, “che-
gando a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos 
soldados transpassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e 
água” (BÍBLIA, Jo 19, 33-34), esses elementos são figuras dos sacramentos que 
fazem a Igreja e que transmitem a vida eterna a nós, pois batismo e eucaristia 
nos comunicam a vida de Deus.
A obra da Redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da 
qual foram prelúdio as maravilhas divinas operadas no povo do Antigo 
Testamento, completou-as Cristo Senhor, principalmente pelo misté-
rio pascal de sua sagrada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa 
Ascensão. Por este mistério. Cristo, morrendo, destruiu a nossa morte 
e, ressuscitando, restaurou a nossa vida. Pois, do lado de Cristo ador-
mecido na Cruz, nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja (Sa-
crosanctum Concilium, nº 5).
A liturgia é o último tempo da história da salvação, pois ela torna presente a obra 
redentora de Cristo mediante sinais sagrados que são os sacramentos. Veremos 
sobre os sacramentos nas unidades seguintes. 
A história da liturgia pode dividir-se em duas partes bem distintas, deli-
mitadas pelo Concílio de Trento (1545-1563). Antes do Concílio de Trento, 
a liturgia evolui muito paralelamente no Oriente e no Ocidente. Depois do 
Concílio de Trento, a liturgia latina, submetida diretamente à autoridade da 
Sé Apostólica, torna-se objeto de reformas que a sua unificação e centraliza-
ção tornam não só possíveis, mas ainda necessárias; pelo contrário, as liturgias 
do Oriente são cuidadosamente preservadas na pureza e integridade do seu 
patrimônio espiritual.
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Os sacramentos nos inserem na obra redentora de Cristo, por meio deles a 
Igreja gera novos filhos de Deus (Batismo) e os alimenta fortalecendo na mis-
são e na fidelidade a Deus (Eucaristia). Percebemos, portanto, que a liturgia não 
se configura como um espetáculo legislado por rubricas, mas é a própria his-
tória da salvação acontecendo no agora dos cristãos. Toda a obra redentora de 
Deus — convocação de Abraão, Moisés, Profetas, Encarnação, Páscoa, Ascensão, 
Pentecostes — toma sentido na vida do cristão na vivência e na celebração da litur-
gia, pois esta atualiza os mistérios da nossa redenção, conforme a Sacrosanctum 
Concilium no número 6:
Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os 
Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o Evange-
lho a toda criatura e anunciarem que o Filho de Deus, pela sua morte 
e ressurreição, nos libertou do poder de Satanás e da morte, e nos 
transferiu para o Reino do Pai, mas também para levarem a efeito 
(para efetuarem) o que anunciavam: a obra da salvação através do 
sacrifício e dos sacramentos, acerca dos quais se desenvolve toda a 
vida litúrgica.
1110. Na liturgia da Igreja, Deus Pai é bendito e adorado como fonte de 
todas as bênçãos da criação e da salvação, com que nos abençoou no seu 
Filho, para nos dar o Espírito da adoção filial.
1111. A obra de Cristo na liturgia é sacramental, porque o seu mistério de 
salvação torna-se ali presente pelo poder do seu Espírito Santo; porque o 
seu corpo, que é a Igreja, é como que o sacramento (sinal e instrumento) 
no qual o Espírito Santo dispensa o mistério da salvação; e porque, através 
das suas ações litúrgicas, a Igreja peregrina participa já, por antecipação, na 
liturgia do céu.
1112. A missão do Espírito Santo na liturgia daIgreja é preparar a assem-
bleia para o encontro com Cristo, lembrar e manifestar Cristo à fé da assem-
bleia, tornar presente e atualizar a obra salvífica de Cristo pelo seu poder 
transformante e fazer frutificar o dom da comunhão na Igreja.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1110-1112).
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RENOVAÇÃO LITÚRGICA
A prática litúrgica é a vida da Igreja, mas para entendê-la faz-se necessário conhe-
cer a liturgia relacionada à história da salvação e foi isso que tentamos fazer no item 
anterior, mas também não podemos esquecer que as práticas devocionais também 
fizeram história na liturgia. Nesse item, vamos entender o caminho da liturgia a 
partir do século XVI, século que marca grande mudança no pensamento e na vida 
da sociedade em geral e, claro, na liturgia. Entender essas mudanças nos ajudarão 
a compreender a grande mudança litúrgica promulgada no Concílio Vaticano II.
Logo no século XVI temos o evento que nós conhecemos chamado Reforma 
Protestante:
Etimologicamente, a palavra reforma não tem um sentido bem claro 
e definido, na última fase da Idade Média, era comum o clamor pela 
reforma da Igreja; basta lembrarmo-nos de figuras como Francisco de 
Assis, João Hus e jerônimo de Savonarola, ou dos Concílio de Constan-
ça e Basiléia. Por Reformatio entendia-se sempre uma purificação da 
Igreja, de sua doutrina e sua vida, livrando-a de abusos e sua renovação 
por uma volta ao antigo, à doutrina e à vida da Igreja nos seus primór-
dios (ZINHOBLER, 2006, p. 205).
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Com a reforma, nasce um subjetivismo ou ainda um individualismo. Os refor-
madores pregavam o princípio do livre exame da Sagrada Escritura, segundo o 
qual cada crente estaria habilitado a ler e interpretar as Escrituras. Isso originou 
uma multiplicação de comunidades eclesiais e denominações cristãs diferentes, 
cada qual dependendo do que foi instituído por seu fundador. Lembremos tam-
bém que o latim era a língua oficial da Igreja e do Império; com a reforma, os seus 
pregadores começaram a incentivar as celebrações no vernáculo de cada região.
Esse individualismo nascido da pregação protestante afeta também a pie-
dade católica, muitos aderem a essa pregação, deixando de participar da vida da 
Igreja e da Eucaristia, praticando uma piedade particular.
Neste contexto, temos ainda o movimento Galicano:
Na França do século XVII, teólogos e canonistas procuraram conceder 
ao Estado uma influência muito grande sobre os assuntos da Igreja e 
limitar o mais possível o poder do papa. Desde 1662, o jovem rei Luiz 
XIV, criado num ambiente galicano, já entrou em conflito com o papa 
Alexandre VII por causa da imunidade diplomática do bairro da em-
baixada francesa em Roma [...] o rei aprovou unanimemente os quatro 
artigos galicanos [...] o poder civil é independente em assuntos tempo-
rais, o concílio está acima do papa, a autoridade dos papas é limitada 
pelos cânones eclesiásticos e as decisões em assuntos de fé dependem 
da aprovação da Igreja inteira. (ZINHOBLER, 2006. p. 263)
Neste movimento, os reis — tidos como católicos e responsáveis pela evange-
lização de novas terras — receberam amplos poderes sobre a vida da Igreja em 
seus territórios (nomeação de párocos, indicação de bispos, arrecadação de 
dinheiro...), que, de certo modo, subtraiam da jurisdição de Roma o clero e os 
fiéis católicos, pois os monarcas, com exceções, se deixaram levar por interesses 
políticos mais do que por preocupações eclesiais. Isto contribuía para empobre-
cer a piedade católica, que era, sem dúvida, fervorosa, mas carecia do autêntico 
nutrimento espiritual. Isso tudo acontecia em meio a um nacionalismo crescente 
e um racionalismo que destronava a escolástica.
Em uma linha contrária a todo esse movimento, temos os mosteiros, que 
colaboravam pela renovação da piedade e prezavam pela prática litúrgica autên-
tica e comunitária, destacavam na sua prática e pregação uma vida cristã com o 
centro na oração da Igreja que nasce da relação entre Sagrada Escritura, Tradição 
e Magistério.
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O Papa S. Pio X (1903-1914) fortaleceu essa corrente, inspirado por seu lema 
“Instaurar todas as coisas em Cristo”. Em 1910, publicou o decreto Quam singu-
lari, que chamava as crianças à primeira Comunhão desde que tivessem o uso 
da razão e soubessem distinguir do pão comum o pão eucarístico; em oposição 
à mentalidade jansenista.
ESPÍRITO SANTO E A IGREJA NA LITURGIA
1091. Na liturgia, o Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo de Deus, o ar-
tífice das «obras-primas de Deus» que são os sacramentos da Nova Aliança. 
O desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja é que nós vivamos da vida 
de Cristo ressuscitado. Quando Ele encontra em nós a resposta da fé que 
suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. E, por ela, a liturgia torna-se 
a obra comum do Espírito Santo e da Igreja.
1092. Nesta dispensação sacramental do mistério de Cristo, o Espírito Santo 
age do mesmo modo que nos outros tempos da economia da salvação: pre-
para a Igreja para o encontro com o seu Senhor; lembra e manifesta Cristo 
à fé da assembleia; torna presente e actualiza o mistério de Cristo pelo seu 
poder transformante; e finalmente, enquanto Espírito de comunhão, une a 
Igreja à vida e à missão de Cristo. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1091-1092).
Pio X via no sacramento o canal de uma vida nova e o antídoto do pecado, por 
isto também incitou os adultos à Comunhão Eucarística frequente ou mesmo 
cotidiana, exigindo para isto apenas o estado de graça e a reta intenção de se 
unir ao Senhor. O mesmo Pontífice publicou um documento (Motu Próprio) 
em 22/11/1903 a favor do canto gregoriano, que deveria substituir a polifonia 
nas Igrejas (polifonia que impedia a participação dos fiéis e assemelhava as fun-
ções sagradas a uma exibição musical profana); afirmava Pio X: “Todos devem 
estar certos de que um Ofício religioso nada perde da sua solenidade se não é 
acompanhado por outra música que não o canto gregoriano”. Também mandou 
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rever a Liturgia das Horas, que deveria exprimir melhor as grandes verdades da 
fé professada pela Igreja; foram suprimidas certas festas que sobrecarregavam o 
calendário, especialmente os domingos, impedindo que os fiéis pudessem acom-
panhar o Senhor Jesus nos seus mistérios de Natal, Páscoa e Pentecostes.
Em suma, são de S. Pio X as seguintes palavras, que tomaram significado 
decisivo para o posterior florescimento da Liturgia:
É nosso vivíssimo desejo que o verdadeiro espírito refloresça de todos 
os modos... Por isso é necessário cuidarmos, antes do mais, da santidade 
e da dignidade dos templos, onde precisamente os fiéis se reúnem 
para haurir esse espírito da sua primeira e indispensável fonte, que é 
a participação ativa nos sacrossantos mistérios e na oração pública e 
solene da Igreja (Motu próprio Tra le sollecitudini, 1903, on-line)1.
Esse movimento da sociedade e da Igreja preparam o Concílio Vaticano II e a 
construção do documento a constituição Sacrosanctum Concilium que declara: 
“Toda celebração litúrgica como obra de Cristo Sacerdote e de seu Corpo, que 
é a Igreja, é uma ação Sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e 
grau, não é igualada por alguma outra ação da Igreja” (S. C. no 7). E continua:
a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo 
tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. Pois os trabalhos apos-
tólicos se ordenam a esta finalidade:todos, feitos pela fé e pelo Batismo 
filhos de Deus, juntos se reúnam, louvem a Deus na Igreja, participem 
do sacrifício e da Ceia do Senhor (S. C. no 10).
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O ANO LITÚRGICO
O Ano Litúrgico é o ano da Igreja, é claro que ele está inserido dentro do calendá-
rio civil, que por sua vez é um calendário cristão. O Ano Litúrgico começa com o 
primeiro domingo do Advento (celebrado ou na última semana de novembro ou 
na primeira semana de dezembro, tendo, portanto, variação a cada ano) e encerra 
na semana que inicia com o Domingo de Cristo Rei (Celebrado em uma das duas 
últimas semanas de Novembro ou ainda na primeira semana de dezembro).
A Constituição Sacrosanctum Concilium apresenta o que significa o ano litúrgico:
Relembrando os mistérios da Redenção, a Igreja franqueia aos fiéis 
as riquezas do poder santificador e dos méritos de seu Senhor, de tal 
modo que, de alguma forma, os torna presentes em todos os tempos, 
para que os fiéis entrem em contato com eles e sejam repletos da graça 
da salvação (C. S. no 102).
Ao apresentar o ano litúrgico, vamos dividi-lo em dois temas, como apresenta o 
Missal Romano (1992). O Missal Romano é o livro usado nas Missas, fica sobre 
o Altar e é usado apenas pelo sacerdote. Eles contêm todo o rito da Missa, de 
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todas as celebrações possíveis e todas as orações que o sacerdote deve rezar em 
diversas Missas com motivos diferentes.
O Missal Romano (1992) ao falar do Ano Litúrgico primeiramente faz uma 
breve introdução, como segue:
1. No decorrer do ano, a Santa Igreja comemora em dias determinados 
a obra salvífica de Cristo. Cada semana, no dia chamado domingo (dia 
do Senhor), ela recorda a ressurreição, que celebra também uma vez por 
ano, com a bem-aventurada Paixão na solenidade máxima da Páscoa. 
Durante o ciclo anual desenvolve-se todo o mistério de Cristo e comemo-
ram-se os aniversários dos Santos. Nos vários tempos do ano litúrgico, 
segundo a disciplina tradicional, a Igreja aperfeiçoa a formação dos fiéis 
por meio de piedosos exercícios espirituais e corporais, pela instrução 
e oração, e pelas obras de penitência e de misericórdia. 2. Os princípios 
que seguem podem e devem ser aplicados tanto ao rito romano como 
a todos os outros; as normas práticas, porém, devem ser consideradas 
como visando apenas o rito romano, a não ser que se trate de coisas que, 
pela sua própria natureza, concerne também aos outros ritos.
Depois apresenta o tema dos dias litúrgicos e em segundo bloco apresenta o 
tema do ciclo anual. Ao apresentar os dias, ressalta o domingo e as solenidades 
e depois dos dias feriais. O Missal (1992) afirma que todos os dias são santifi-
cados pelas celebrações do Povo de Deus, as liturgias, durante todo o dia que 
a Igreja entende começar a meia noite e terminar também à meia noite. Para a 
Igreja todos os dias são santificados, porém, ao falar do domingo, afirma: 
4.No primeiro dia de cada semana, que é chamado do dia do Senhor 
ou domingo, a Igreja, por uma tradição apostólica que tem origem no 
próprio dia da Ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal. Por 
isso, o domingo deve ser tido como principal festa. 5.Por causa de sua 
especial importância, o domingo só cede sua celebração às solenidades 
e às festas do Senhor; contudo os domingos do Advento, da Quares-
ma e da Páscoa gozam de precedência sobre todas as festas do Senhor 
e todas as solenidades. As solenidades que ocorrem nestes domingos 
sejam antecipadas para o sábado. 6. O domingo exclui pela sua própria 
natureza a fixação definitiva de qualquer outra celebração. Contudo: a) 
no domingo dentro da oitava do Natal do Senhor, celebra-se a festa da 
Sagrada Família; b) no domingo depois do dia 6 de janeiro, celebra-se 
a festa do Batismo do Senhor; c) no domingo depois de Pentecostes, 
celebra-se a solenidade da Santíssima Trindade; d) no último domingo 
do Tempo Comum, celebra-se a solenidade de Cristo Rei do Universo. 
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7. Onde as solenidades da Epifania, Ascensão e Santíssimo Corpo e 
Sangue de Cristo não forem dias santos de guarda, sejam celebradas 
num domingo que se torna seu dia própria, a saber; a) a Epifania, no 
domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de janeiro; b) a Ascensão, no 7º 
domingo da Páscoa; c) a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de 
Cristo, no domingo depois da Santíssima Trindade (p. 102-103).
Contudo, além do domingo temos também solenidades que são celebrações com 
importância para a vida do cristão. Por exemplo, a celebração das duas maio-
res solenidades cristãs a Páscoa e o Natal, são prolongadas por oito dias, sendo 
chamada de oitava de Páscoa e Oitava de Natal, ou seja, oito dias celebrando 
a mesma festa. Depois temos as solenidades menores que são celebradas ape-
nas durante um dia como as festas de Nosso Senhor, Nossa Senhora e alguns 
Mártires e outros santos.
No segundo bloco dentro do Ano litúrgico, o Missal (1992) apresenta o ciclo 
anual; neste a Igreja celebra todo o mistério de Cristo, da encarnação ao dia 
de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor. A Igreja divide esse da seguinte 
maneira: O Tríduo Pascal, O tempo Pascal (os dois tempos mais importantes 
para a fé a vida cristã), O tempo da Quaresma, o Tempo do Natal, o Tempo do 
Advento e o tempo comum. Destacamos neste item os dois tempos mais impor-
tantes, o tríduo Pascal e a Páscoa, porém as festas mais importante são a Páscoa 
e depois a festa do Natal.
O TRÍDUO PASCAL - 18. Como o Cristo realizou a obra da reden-
ção humana e da perfeita glorificação de Deus principalmente pelo seu 
mistério pascal, quando morrendo destruiu nossa morte e ressuscitan-
do renovou a vida, o sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição 
do Senhor resplandece como o ápice de todo o ano litúrgico. Portando, 
a solenidade da Páscoa goza no ano litúrgico a mesma culminância do 
domingo em relação à semana. 19.O Tríduo pascal da Paixão e Ressur-
reição do Senhor começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, 
possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do 
domingo da Ressurreição. 20. Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, ob-
serva-se o sagrado jejum pascal. E, onde for oportuno, também no Sá-
bado Santo até a Vigília Pascal. 21. A Vigília pascal, na noite santa em 
que o Senhor ressuscitou, seja considerada a “mãe de todas as vigílias”, 
na qual a Igreja espera, velando a Ressurreição de Cristo, e a celebra 
os sacramentos. Portanto, toda a celebração desta sagrada Vigília deve 
realizar-se à noite, de tal modo que comece depois do anoitecer ou ter-
mine antes da aurora do domingo. 
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O TEMPO PASCAL - 22. Os cinquenta dias entre o domingo da Res-
surreição e o domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e 
exaltação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, “como um 
grande domingo”. É principalmente nesses dias que se canta o Aleluia. 
23. Os domingos deste tempo sejam tidos como domingos de Páscoa 
e, depois do domingo da Ressurreição, sejam chamados de 2º, 3º, 4º, 
5º, 6º, 7º domingos de Páscoa. O domingo de Pentecostes encerra este 
tempo sagrado de cinquenta dias. 24. Os oito primeiros dias do Tempo 
pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades 
do Senhor. 25. No quadragésimo dia depois da Páscoa celebra-se a As-
censão do Senhor, a não ser que seja transferida para o 7º domingo da 
Páscoa, nos lugares onde não for considerada dia santa de guarda. 26. 
Os dias da semana depois da Ascensão, até o sábado antes de Pente-
costesinclusive, constituem uma preparação para a vinda do Espírito 
Santo Paráclito (Missal, 1992, p. 104).
O tempo da Quaresma inicia na quarta-feira de cinzas e se estende por 5 sema-
nas. Esse tempo é marcado pela Oração, Penitência e Caridade. Como sinal, os 
fiéis são marcados com as cinzas na cabeça, que significa penitência e mortifica-
ção e também não dizem durante todos este tempo o Aleluia. Esse tempo marca 
também a preparação para Páscoa da Ressurreição, depois do tempo de peni-
tência, vem o tempo da graça, o tempo da vida em Cristo.
O tempo do Natal, a segunda festa mais importante para a Igreja, inicia na 
véspera do dia 25 de dezembro, ou seja, na noite do dia 24 de dezembro, essa 
festa se estende com uma oitava, ou seja, oito dias de celebração. Esse tempo se 
estende até o dia 6 de janeiro ou o domingo seguinte a esta data. Marca este tempo 
a memória do nascimento do Senhor e sua primeira manifestação.
O tempo do Advento é anterior ao Natal, sendo uma preparação para esta 
festa que se estende por 4 semanas e visa uma preparação para celebrar a pri-
meira vinda do Messias e um convite a uma preparação dos fiéis para a segunda 
vinda do salvador, sobre este tempo o Missal (1992, p. 108) afirma:
o Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de 
preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a pri-
meira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo 
em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expec-
tativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo 
motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa 
e alegre expectativa.
O Ano Litúrgico
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O tempo comum inicia na segunda-feira após 6 de janeiro até terça-feira de 
carnaval, ou seja, antes da quarta-feira de cinzas, depois retorna na segunda-
-feira de Pentecostes até as vésperas do primeiro domingo do Advento. Nele é 
celebrado a vida de Cristo refletindo sobre sua vida, palavras e obras, conforme 
lemos no Evangelho.
Observe abaixo, na Figura 1, como se distribuem os períodos do Ano 
Litúrgico:
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QUARTA-FEIRA DE CINZAS
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INÍCIO ÀS
SUAS 
PRIMEIRAS
PREGAÇÕES
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NATAL
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NOSSO
SENHOR
JESUS
CRISTO
REVIVEMOS
TUDO O QUE
JESUS CRISTO
DISSE E FEZ
PARA NOSSA
SALVAÇÃO
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3°
2°
1º
Figura 01 - Ano Litúrgico
Fonte: ArqRio (2014, on-line)2.
Caro(a) aluno(a), encerramos essa unidade em que refletimos sobre o conceito 
de liturgia e sua celebração na Igreja Católica e a importância que esta repre-
senta na história da salvação. A Liturgia Católica não é apenas uma composição 
de ritos, mas a celebração de tudo o que a Igreja crê e prega.
O QUE É LITURGIA?
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo nosso estudo sobre o conceito de liturgia, conseguimos compreen-
der que a prática Litúrgica é a vida da Igreja, e para compreendê-la é necessário 
conhecer a liturgia sempre relacionada à história da salvação e foi esse o cami-
nho que fizemos nesta unidade que se encerra. Ao mesmo tempo que damos 
importância para a história da salvação revelada, também levamos em conside-
ração as práticas devocionais que também fizeram história na liturgia.
As duas concepções, a história da salvação e a prática devocional, contribuí-
ram para o desenvolvimento da liturgia na Igreja. Destacamos portanto, o século 
XVI, século que marca grande mudança no pensamento e na vida da sociedade 
em geral e, claro, na liturgia. Entender essas mudanças nos ajudou a compreen-
der a grande mudança litúrgica promulgada no Concílio Vaticano II.
A Igreja Católica confere grande importância à Liturgia, pois esta celebra 
toda a sua fé, sendo configurada como o último tempo da história da salvação, 
uma vez que se torna presente a obra redentora de Cristo mediante sinais sagra-
dos que são os sacramentos, que veremos nas unidades seguintes.
A Instituição Católica na sua pregação, como São Paulo, prega a ressurreição 
de Cristo como o fundamento e a base da sua fé, mas não se cansa de apresen-
tar a Cruz como um dos seus sacramentos, pois assim como a cruz nos salvou, 
os sacramentos dão vida à Igreja, quando Cristo crucificado é transpassado e 
do seu lado aberto jorra sangue e água: “Chegando a Jesus e vendo-o já morto, 
não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados transpassou-lhe o lado com 
a lança e imediatamente saiu sangue e água” (BÍBLIA, Jo 19, 33-34). Tudo isso 
celebrado de forma sistemática na estrutura do ano litúrgico, visto como a espi-
nha dorsal das celebrações católicas.
Considerações Finais
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O MOVIMENTO LITÚRGICO - O RETORNO À LITURGIA 
Com D. Guéranger, abade de Solesme, sur-
gem as primeiras manifestações do que mais 
tarde será chamado movimento litúrgico. 
Como bem afirma Bouyer, nada há nesse 
movimento cuja origem não esteja em 
Guéranger. O abade de Solesme restaurou 
a ordem beneditina em seu país, foi um infa-
tigável e ardente opositor de toda forma de 
jansenismo, galicanismo e laicismo, tendo 
unido os católicos em torno do papado. Com 
ele tem início o retorno à liturgia romana, 
promovido pela descoberta das riquezas 
espirituais e teológicas desta. A mentali-
dade de Guéranger pode ser condensada 
nas seguintes teses: a liturgia é por excelên-
cia a oração do Espírito na Igreja, é a voz do 
corpo de Cristo, da esposa orante do Espí-
rito; há na liturgia uma presença privilegiada 
da graça; nela se encontra a mais genuína 
expressão da Igreja e de sua tradição; a 
chave de inteligência da liturgia é a leitura 
cristã do antigo Testamento, bem como a 
do Novo apoiada no Antigo. A descoberta 
da liturgia foi para Guéranger descoberta do 
mistério da Igreja, por meio da experiência 
espiritual dessa mesma liturgia e da leitura 
assídua dos padres, artífices das primeiras 
formas da liturgia romana. A contemplação 
do mistério da Igreja anima a espiritualidade 
do abade. A Igreja como corpo e esposa de 
Cristo contrasta com a piedade individua-
lista pós-tridentina que Guéranger crítica. 
A PASTORAL LITÚRGICA 
No congresso de Obras Católicas (Malines, 
1909), foi lançado propriamente o movi-
mento litúrgico. Seu promotor foi D. 
Lamberto Beauduin (1873-1960), que de 
sacerdote dedicado ao mundo operário pas-
sara a monge beneditino de Monte César. 
Beauduin foi um homem de ação e atuou 
mais na pastoral litúrgica nas paróquias, 
tentando levar as pessoas a uma participa-
ção na Missa paroquial, criando uma revista 
Questions Liturgiques (1910), realizando 
semanas litúrgicas destinadas à mentali-
zação do clero. A expansão do movimento 
litúrgico ficou um tanto paralisada no decor-
rer das duas guerras mundiais, voltando a 
propagar-se com mais vigor nos respectivos 
períodos pós-guerra. Contribuíram para essa 
difusão pastoral, na Bélgica, além da abadia 
de Monte César, a de Santo André; na França, 
o Centro de Pastoral Litúrgica de Paris; na 
área germânica, a abadia de Maria Laach, o 
Instituto de Liturgia de Tréveris, Pio Parsch 
e os cônegos regulares de Klosteneuburg; 
e, em toda a Igreja, os congressos Interna-
cionais de Liturgia. Um ponto que chamou 
a atenção nesse movimento litúrgico foi o 
das relações entre liturgia e compromisso 
cristão. Nas sessões de estudo, organiza-
das pelo Centro de Pastoral Litúrgica de 
Paris, depois da SegundaGuerra, reuniam-
-se especialistas em liturgia e sacerdotes 
dedicados ao ministério em meios rurais e 
urbanos, bairros e centros das cidades, na 
Ação Católica em geral e nos movimentos 
especializados. Nessas reuniões, aparecia 
com freqüência o desejo de uma maior 
inserção dos valores mundanos na liturgia 
da Igreja, bem como de uma maior acomo-
dação do culto às novas situações européias 
e dos países de missão. Em conseqüência, 
37 
foi vivamente discutido o problema da lín-
gua litúrgica. Assim, o movimento passava 
do clima restauracionista de Guéranger para 
outro clima reformista. Contudo, os gran-
des pioneiros litúrgicos, como Beauduin, 
foram reformadores, mas não reformistas, 
não tendo enveredado pelos caminhos da 
livre experimentação litúrgica, abertos por 
indivíduos e grupos entre o segundo perí-
odo pós-guerra e os nossos dias. 
O MAGISTÉRIO DA IGREJA SOBRE A LITURGIA 
- Dois papas se sobressaem nesse magistério, 
Pio X e Pio XII Pio X se distinguiu pelo seu inte-
resse litúrgico já antes de chegar ao supremo 
pontificado. Três meses depois da eleição 
como Papa, tornou público o Motu Próprio 
Tra li sollecitudini (1903, on-line)1, destinado 
a renovar a música religiosa e restaurar o 
gregoriano. Dois anos depois, promulgou o 
decreto Sacra tridentina synodus (1905), para 
fomentar a comunhão frequente e, cinco 
anos mais tarde, o decreto Quam singulari 
(1910), para promover a admissão das crian-
ças à comunhão em tenra idade. Em 1911, 
publicava a constituição apostólica Divino 
aflanti, sobre a reforma do breviário e a reva-
lorização da liturgia dominical. Três linhas 
claras aparecem no magistério litúrgico de 
Pio X: a renovação da música sagrada, porque 
“não devemos cantar e orar na Missa, mas 
cantar e orar a Missa”; a aproximação entre 
batizados e a comunhão eucarística que rom-
peu um distanciamento de séculos entre os 
fiéis e o comungatório e aplainou o caminho 
para a participação sacramental da eucaris-
tia, mesmo que a catequese oferecida acerca 
dessa comunhão devesse ser aperfeiçoada; 
a reforma do ano litúrgico e do breviário. A 
partir de Pio X e de Beauduin, a participação 
ativa será o objeto da pastoral litúrgica. No 
amplo magistério de Pio XII, dois documen-
tos se destacaram: a encíclica Mediator Dei, 
considerada “a carta magna” do movimento 
litúrgico e o discurso aos participantes do 
Congresso Internacional de Pastoral Litúr-
gica celebrado em Assis (1956). Alguns dados 
da renovação litúrgica efetuada por Pio XII: 
Instrução sobre a formação do clero no ofí-
cio divino (1945); a extensão ao sacerdote, 
em alguns casos, da faculdade de confirmar 
(1946); a multiplicação dos rituais bilíngües, 
sobretudo a partir de 1947; a determinação 
da matéria e forma do diaconato, do presbi-
terato e do episcopado (1948); a reforma da 
vigília pascal (1951) e do jejum eucarístico 
(1953 e 1957); nas mesmas datas, a intro-
dução das Missas vespertinas; a reforma da 
Semana Santa (1955); lecionários bilíngües, 
a partir de 1958. A obra do papa Pacelli é 
coroada, em 1958, com a Instrução sobre 
a música sagrada e a liturgia, nos termos 
das encíclicas Musicae sacrae disciplinae e 
Mediator Dei. - Os conteúdos fundamentais 
da Mediator Dei: A teologia da liturgia como 
culto público integral do corpo místico de 
Cristo, da cabeça e dos membros, e como 
presença privilegiada da mediação sacer-
dotal de Cristo-Cabeça. A espiritualidade da 
liturgia, a dimensão interior e profunda do 
culto da Igreja: “Estão inteiramente equivoca-
dos aqueles que consideram a liturgia como 
mero lado exterior e sensível do culto divino 
ou como cerimonial decorativo; e não o estão 
menos aqueles que pensam ser a liturgia o 
conjunto de leis e preceitos com que a hierar-
quia eclesiástica configura e ordena os ritos”. 
Fonte: Princípio (2016, on-line)3.
38 
1. Vimos em nosso estudo da primeira unidade que, na civilização grega antiga, 
as famílias mais abastadas em patrimônio eram obrigadas a custear serviços 
públicos como abertura de estradas, construção de pontes, jogos olímpicos, 
material para guerras, enfim, as obras que facilitariam a vida em sociedade. 
Assinale a alternativa correta sobre o significado de Liturgia para os gregos:
a) Rito do culto.
b) Rito aos deuses.
c) Serviço público.
d) Reunião para os deuses.
e) Serviço para os deuses.
2. Sobre as acepções do Novo Testamento:
I. O Novo Testamento apresenta três acepções sobre a liturgia.
II. Encontramos no Novo Testamento um significado profano de liturgia.
III. Percebemos no Novo Testamento um significado de culto em relação à Li-
turgia.
IV. Apenas um significado de culto para a liturgia o Novo Testamento oferece.
 Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas IV está correta.
d) Apenas I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
3. Sobre a História da Salvação em relação a Liturgia, assinale Verdadeiro (V) ou 
Falso (F):
( ) A história da salvação nos ajuda a compreender bem o que é a liturgia.
( ) Estudar a liturgia relacionada ao contexto histórico salvífico é importante 
uma vez que a salvação tem sua origem no plano eterno do Pai já antes da 
criação do mundo.
( ) A Liturgia não se relaciona à história da Salvação, apenas a celebra.
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Assinale a alternativa correta:
a) V; V; F.
b) F; F; V.
c) V; F; V.
d) F; F; F.
e) V; V; V.
4. Assinale a alternativa correta sobre a participação do Papa Pio X nas reformas 
litúrgicas:
a) O Papa Pio X apenas conserva a Liturgia.
b) O Papa Pio X pede que a Igreja cuide de seus templos, pois eles são o mais 
importante da Liturgia.
c) Em seu Motu próprio de 1903, o papa ajuda em um reflorescimento da Li-
turgia.
d) O Papa Pio X não se importa com os templos e a relação da Liturgia.
e) A Liturgia para ele é apenas rito.
5. O Ano Litúrgico é o período no qual a Igreja celebra os mistérios da nossa sal-
vação na liturgia e pelos sacramentos. Assim, assinale a alternativa correta em 
relação ao Ano Litúrgico.
a) O Centro do ano Litúrgico é o Natal, pois marca o início da salvação.
b) O Ano Litúrgico é apenas um movimento Litúrgico.
c) O Ano Litúrgico tem seu centro em Pentecostes, pois, neste, é revelada a 
missão da Igreja.
d) O Tríduo Pascal e o tempo da Páscoa são as celebrações mais importantes 
do Ano Litúrgico.
e) O tempo comum não tem importância no Ano Litúrgico.
Missal Romano
Comissão da doutrina da Fé 
Editora: Paulus
Sinopse: o Missal, entre os costumados preliminares, apresenta as 
Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário, com o Calendário 
Romano Geral com o próprio dos países a que se destina. É a partir 
destes documentos que se elabora, anualmente, o Diretório Litúrgico, 
espécie de agenda que existe em qualquer sacristia, pois a ela temos 
de recorrer para os preparativos da celebração da Missa.
Comentário: seria bom que o estudante fizesse a leitura da Introdução do Missal Romano, ele 
continua sendo a melhor introdução sobre o estudo da Liturgia Católica.
MATERIAL COMPLEMENTAR
REFERÊNCIAS
41
ARISTÓTELES. A política. Traduzido por Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1983.
BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002
MISSAL ROMANO. São Paulo: Paulinas, 1992.
ZINNHOBLER, Rudolf. A Idade Média. In LENZENWEGER, Josef et al. História da 
Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2006.
Referências On-Line
1 Em: <http://w2.vatican.va/content/pius-x/pt/motu_proprio/documents/hf_p-x_
motu-proprio_19031122_sollecitudini.html>. Acesso em: 07 jun. 2018.
2 Em: <http://arqrio.org/formacao/detalhes/615/ano-liturgico>. Acesso em: 07 jun. 2018.
3 Em: <http://principo.org/curso-de-liturgia.html?page=>. Acesso em: 07 jun. 2018.
1. Opção correta é A.
2. Opção correta é D.
3. Opção correta é A.
4. Opção correta é C.
5. Opção correta é D.
GABARITO
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
O CULTO SAGRADO
Objetivosde Aprendizagem
 ■ Identificar a forma de culto nas diversas religiões.
 ■ Compreender o Culto no Antigo Testamento e no Novo Testamento.
 ■ Assimilar os Santos Mistérios na visão da Igreja.
 ■ Entender o sentido Bíblico de Memória e Memorial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O culto nas diversas religiões
 ■ O culto no Antigo Testamento e no Novo Testamento
 ■ Os Santos Mistérios
 ■ Memória na Visão Bíblica 
Introdução
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INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando a segunda unidade e essa apresenta a ques-
tão própria da liturgia Cristã. Por motivo histórico e para conseguirmos entender 
claramente as diferenças, a unidade inicia com o item sobre o culto nas diver-
sas religiões, buscando apresentar o sentido e a intenção do culto nas religiões. 
Lembramos sempre que a palavra religião vem do latim religare, ou seja, seria 
uma tentativa de refazer algo que fora outrora desfeito. Lembramos também que 
no sentido judaico-cristão a religião é também uma forma de Deus se revelar ao 
ser humano, e Ele assim faz porque é de Sua vontade ser conhecido por todos.
O segundo item desta unidade, por sua vez, apresenta o conceito de culto 
no Antigo Testamento e Novo Testamento. O culto na Sagrada Escritura é um 
serviço a Deus por meio do serviço ao outro.
O Novo Testamento dentro dessa concepção apresenta a ideia de culto ligada 
ao mandamento de Jesus, Ele mesmo manda que os apóstolos celebrem quando 
diz: “Fazei isto em Memória de Mim”.
No terceiro item, entendemos como os cristãos de tradição Católica, Ortodoxa 
e Anglicana, mas também outros, entendem a liturgia como celebração dos 
santos mistérios de Cristo. O evento Cristo é cercado de mistérios, desde a sua 
encarnação, nascimento, entres os doutores da lei, tentações, paixão, morte e res-
surreição e também Ascenção ao céu e todos esses mistérios são celebrados na 
Liturgia ou ao que foi chamado de Santa Missa.
Encerramos no quarto item, refletindo sobre a questão da memória, no 
qual, com muita insistência nossa, apresentamos o significado muito diferente 
de uma simples lembrança de algo que aconteceu no passado, pouco mais de 
2000 anos atrás.
Celebrar a Liturgia é fazer Memória dos santos mistérios de Cristo, ou seja, 
atualizar, trazer para hoje, como se o próprio Cristo falasse na pessoa do sacer-
dote e executasse sua obra salvadora no agora. O agora é o que existe em Deus, 
pois Ele está fora do tempo, portanto, o agora é o que temos. Deus age agora na 
liturgia nos salvando no evento Cristo, memorial na liturgia.
O CULTO SAGRADO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E46
O CULTO NAS DIVERSAS RELIGIÕES
Caro(a) aluno(a), seguindo com nosso estudo de liturgia, vamos nesse 
item estudar o culto nas diversas religiões e tentar compreender e dife-
renciar a intenção do culto em diversos sentidos e formas. Claro, depois de 
uma breve introdução vamos nos fixar no culto cristão desde o Antigo Testamento 
passando pelo Novo Testamento e o conceito de Culto no cristianismo e 
catolicismo.
O termo religião deriva da palavra latina religio que significa prestar culto 
a uma divindade, religar, fazendo uma série de referências de religar o homem 
ao ser humano em uma visão criacionista, ou seja, Deus nos criou, nos sepa-
ramos dEle e agora buscamos essa religação que poderá ser feita a partir do 
próprio Deus que se revela e da busca incessante do ser humano de apro-
ximar-se a Ele. A religião também pode ser definida como um conjunto de 
crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobre-
natural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais 
e códigos morais que derivam dessas crenças.
O culto nas diversas religiões
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Como religião podemos entender vários sentidos diferentes de crenças e 
filosofias que variam muito. As religiões podem ser muito diferentes entre si e ao 
mesmo tempo muito parecidas, porém o que mostra a fé de determinada religião 
é sua celebração ou seu culto, pois, na religião, celebra-se o que se crê. A cele-
bração é fruto de sua fé, de sua doutrina, de sua filosofia e de seu texto sagrado.
Pode-se afirmar com muita clareza que toda religião possui um sistema de 
crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades ou deuses, ou ainda 
um único e verdadeiro Deus como é o caso das religiões Monoteístas, a saber: o 
Judaísmo, o Cristianismo e Islamismo. As religiões costumam também possuir 
mitos criacionais que podem também serem muito diferentes ou muito próximos 
uns dos outros, mas que, ao final, tudo é apresentado no modo da religião celebrar.
“Mas esta relação íntima e vital que une o homem a Deus pode ser esqueci-
da, desconhecida e até explicitamente rejeitada pelo homem. Tais atitudes 
podem ter origens diversas a revolta contra o mal existente no mundo, a 
ignorância ou a indiferença religiosas, as preocupações do mundo e das ri-
quezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis à 
religião e, finalmente, a atitude do homem pecador que, por medo, se es-
conde de Deus e foge quando Ele o chama.
Exulte o coração dos que procuram o Senhor (Sl 105, 3). Se o homem pode 
esquecer ou rejeitar Deus, Deus é que nunca deixa de chamar todo o ho-
mem a que O procure, para que encontre a vida e a felicidade. Mas esta 
busca exige do homem todo o esforço da sua inteligência, a retidão da sua 
vontade, um coração reto, e também o testemunho de outros que o ensi-
nam a procurar Deus.”
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (par. 29 e 30)
Entendemos também que religião não é apenas um fenômeno individual, 
mas também um fenômeno social, ou seja, será muito difícil encontrarmos 
uma religião institucionalizada que possa ser vivida individualmente, no mais 
comum o modo da religião apresentar as relações é a seguinte: Eu e Deus – Eu 
O CULTO SAGRADO
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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O CULTO NO ANTIGO TESTAMENTO 
E NO NOVO TESTAMENTO
A Bíblia, o livro dos Cristãos e dos Judeus, ao se referir ao que denominamos de 
culto, não usou termos similares aos que se referiam ao culto em outras religi-
ões. Quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento, essencialmente, o 
culto é descrito como serviço. Em qualquer língua, etimologicamente, liturgia 
significa o trabalho que pessoas realizam, e não pessoas se divertindo, alegran-
do-se, fazendo o que acham ser bom. No Antigo Testamento, a adoração era 
prescrita e controlada, era litúrgica.
Ao falarmos de culto nas Sagradas Escrituras, percebemos que desde os pri-
mórdios da criação e tendo em vista a recusa do homem em obedecer a Deus e 
a sua Verdade revelada conforme Gn 3, 1-6. 
e a comunidade – Nós (comunidade reunida) e Deus. A partir do conceito de 
religião e de relações nas religiões, entendemos que culto Sagrado é um con-
junto de ritos que se prendem à adoração ou homenagem a divindades em 
qualquer de suas formas e em qualquer religião, como também a antepassa-
dos ou outros seres sobrenaturais.
Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem 
que procura Deus descobre certos caminhos de acesso ao conhecimento de 
Deus. Também se lhes chama não no sentido das provas.
O Culto no Antigo Testamento e no Novo Testamento 
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Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que 
o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus 
disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à 
serpente:Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto 
da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, 
nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mu-
lher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que 
dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo 
o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se co-
mer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; 
tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu 
com ela.
Entendemos que o culto ao Senhor era familiar, centralizado no altar. Ali, Deus 
e a família se encontravam e havia o culto. Foi a fé que possibilitou a Abel ter 
sua oferta aceita pelo Senhor (BÍBLIA, Hb 11, 4).
Partindo para o período da monarquia, já percebemos a presença do taber-
náculo, a habitação de Deus. O cuidado com o tabernáculo com os utensílios 
e com o lugar onde estava, era claramente para o povo de Israel a presença de 
Deus e tudo era indispensável para o culto a Ele.
No período da Monarquia, destacam-se grandes mudanças na centra-
lidade do culto, o povo se reunia para a adoração ao Senhor. A pessoa do 
Sacerdote ganha mais destaque e as prescrições para a realização do culto 
foram transmitidas pelo próprio Deus a Davi. Tornou-se um culto com muita 
participação que marcavam os dias de festas, as procissões e os sacrifícios. 
Lendo o salmo 67, observamos que o culto era um serviço duplo no qual o 
Senhor era adorado no serviço ao próximo em uma perfeita celebração da 
vida e não puro ritual.
Quando o povo estava exilado, porém, não tinha também mais o Templo nem 
sacrifícios e nem o sacerdote. Em meio à desesperança do seu povo, o Senhor 
envia profetas para encorajar, guiar e ensinar seu povo, pois Deus sempre foi fiel 
à aliança e todos precisavam responder a isso. No exílio, o lugar de reunião ficou 
conhecido como sinagoga.
Após o exílio, acontece o retorno à lei de Deus à Torah, que começa a ser 
lida para o povo reunido. O Templo, ou seja, o lugar de Deus é restaurado e os 
sacerdotes voltaram às suas atividades; também voltam à prática os sacrifícios e 
as ofertas começam a serem feitas.
O CULTO SAGRADO
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O Culto no Novo Testamento aparece como o culto que Jesus mandou celebrar na 
sua Última Ceia. Quando São Paulo escreveu aos coríntios, para corrigir abusos 
na maneira que estavam celebrando a Eucaristia, recordou a noite em que Jesus 
foi entregue conforme a primeira carta de São Paulo aos Coríntios 11, 23-25. 
Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor 
Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o 
partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; 
fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de 
cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu 
sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
Veja, São Paulo conta que Jesus ‘tomou o pão, dando graças, partiu-o e disse: Isto 
é o meu corpo e da mesma maneira ‘tomou o cálice … dizendo ‘Este cálice é a 
Nova Aliança no meu sangue’. Recordou ainda as palavras de Jesus aos Apóstolos, 
quando disse: fazei isto em memória de mim.
“Na Antiga Aliança, o pão e o vinho são oferecidos em sacrifício entre as primí-
cias da terra, em sinal de reconhecimento ao Criador. Mas também recebem 
uma nova significação no contexto do Êxodo: os pães ázimos que Israel come 
todos os anos na Páscoa, comemoram a pressa da partida libertadora do Egip-
to; a lembrança do maná do deserto recordará sempre a Israel que é do pão da 
Palavra de Deus que ele vive (166). Finalmente, o pão de cada dia é o fruto da 
terra prometida, penhor da fidelidade de Deus às suas promessas. O «cálice de 
bênção» (1 Cor 10, 16), no fim da ceia pascal dos judeus, acrescenta à alegria 
festiva do vinho uma dimensão escatológica – a da expectativa messiânica 
do restabelecimento de Jerusalém. Jesus instituiu a sua Eucaristia dando um 
sentido novo e definitivo à bênção do pão e do cálice”. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (par. 1335).
O Culto no Antigo Testamento e no Novo Testamento 
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As primeiras descrições da Igreja no Novo Testamento são marcadamente euca-
rísticas. Mostram-nos a Igreja realizando o mandamento de Jesus na Última Ceia, 
conforme os textos de At 2, 42 = “perseverantes na doutrina (ensinamento) dos 
apóstolos” e “na fração do pão”; At 20, 7-11 = sermão – fração do pão e Lc 24, 
25-32.35 = Proclamação da Palavra – fração do pão.
Jesus ensinou que a Eucaristia foi prenunciada no maná dado por Deus durante 
o êxodo do povo de Israel do Egito (cf. Jo 6, 49-51). Na verdade, muito antes da 
Última Ceia, Jesus já havia prefigurado a Eucaristia ao multiplicar os pães para ali-
mentar seu povo; ao mencionar cenas de banquetes em sua pregação e optando por 
nascer em uma cidade chamada Belém (em hebraico “a casa do pão”). E em uma 
prefiguração explícita e prolongada, detalhou a teologia de Sua presença Eucarística 
no famoso discurso do “Pão da Vida” (BÍBLIA, Jo 6, 26-58). “Eu sou o pão vivo 
que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou 
dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida” (BÍBLIA, Jo 6, 51). 
Sua carne é pão; Seu sangue é bebida. Isso corresponde diretamente às Suas pala-
vras sobre o pão e o vinho na Última Ceia: “Isto é o Meu corpo… Este é o cálice 
do Meu sangue” – a própria ação que Ele ordenou a seus Apóstolos para repetirem.
As primeiras celebrações eucarísticas respeitaram a seguinte estrutura em duas partes: 
leitura do ‘ensino dos apóstolos’ seguida pela fração do pão. Então, na descrição mais 
antiga da vida da Igreja, vemos Palavra e Sacramento, Bíblia e Liturgia unidos. São 
Lucas nos diz que, ao ressuscitar, Jesus se 
encontrou com dois discípulos no cami-
nho de Emaús (cf. Lc 24, 13-35). Primeiro 
Jesus ‘proclama’ as Escrituras, ensinando 
como o Antigo Testamento se cumpre no 
Novo Testamento realizado no Seu san-
gue. Depois Jesus oferece ação de graças 
por esta aliança no partir do pão. Desde 
aquela noite, os cristãos se reúnem a cada 
domingo, o dia da ressurreição que nós 
conhecemos como o Dia do Senhor (At 
20, 7; Ap 1, 10). Nessa assembleia, abri-
mos as Escrituras e partimos o pão.
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A Eucaristia, sacramento da nossa salvação realizada por Cristo na cruz, é 
também um sacrifício de louvor em ação de graças pela obra da criação. No 
sacrifício eucarístico, toda a criação, amada por Deus, é apresentada ao Pai, 
através da morte e ressurreição de Cristo. Por Cristo, a Igreja pode oferecer o 
sacrifício de louvor em ação de graças por tudo o que Deus fez de bom, belo 
e justo, na criação e na humanidade. A Eucaristia é um sacrifício de ação de 
graças ao Pai, uma bênção pela qual a Igreja exprime o seu reconhecimento a 
Deus por todos os seus benefícios, por tudo o que Ele fez mediante a criação, 
a redenção e a santificação. Eucaristia significa, antes de mais, ação de graças.
A Eucaristia é também o sacrifício de louvor, pelo qual a Igreja canta a glória 
de Deus em nome de toda a criação. Este sacrifício de louvor só é possível 
através de Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua interces-
são, de maneira que o sacrifício de louvor ao Pai ë oferecido por Cristo e com 
Cristo, para ser aceite em Cristo.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (par. 1359 – 1361).
Se os cristãos celebram a Eucaristia desde as origens e sob uma forma que, 
na sua substância, não mudou através da grande diversidade dos tempos e 
das liturgias, é porque sabem que estão ligados pela ordem do Senhor, dada 
na véspera da suapaixão: “Fazei isto em memória de Mim!” (1 Cor 11, 24-25). 
(Catecismo da Igreja Católica, par. 1356)
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OS SANTOS MISTÉRIOS
No Catecismo da Igreja Católica no número 1066, a Igreja nos afirma que, pro-
fessando sua fé, a Igreja confessa o mistério da Santíssima Trindade e o seu 
desígnio admirável (Ef 1, 9) sobre toda a criação conforme Efésios 1, 9. Em “a 
criação” entende-se que o Pai realiza o mistério da Sua vontade, dando o Seu 
Filho muito amado e o Seu Espírito Santo para a salvação do mundo e para a 
glória do Seu nome. Isso é o mistério de Cristo revelado, que se realiza e revela 
na história segundo um plano, uma disposição sabiamente ordenada, a que São 
Paulo chama economia do mistério a que a tradição patrística chamará a eco-
nomia do Verbo encarnado ou economia da salvação.
Esta obra da redenção humana e da glorificação perfeita de Deus, cujo prelú-
dio foram as magníficas obras divinas operadas no povo do Antigo Testamento, 
realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da Sua bem-aven-
turada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa Ascensão, em que, morrendo, 
destruiu a morte e, ressuscitando, restaurou a vida. Efetivamente, foi do lado de 
Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja. 
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É por isso que, na liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério pascal, pelo 
qual Cristo realizou a obra da nossa salvação. É este mistério de Cristo que a 
Igreja proclama e celebra na sua liturgia, para que os fiéis dele vivam e dele deem 
testemunho no mundo.
A palavra grega mysterion procede de myeo= iniciar, myo = fechar e mystes que 
significa iniciador ou ainda guia. Esses termos surgem no âmbito das religi-
ões mistéricas por volta do século VI a.C. O Manual de liturgia do Conselho 
Episcopal Latino-Americano, CELAM, nos apresenta de forma resumida, as 
etapas do desenvolvimento desse conceito, bem como os novos sentidos que foi 
assumindo ao longo da história.
O primeiro sentido nós temos no Helenismo religioso, dá-se o nome de 
Mistérios aos cultos iniciáticos; constituíam na experiência da salvação de uma 
divindade mediante um rito secreto reservado a iniciados. Seguiram no desen-
volvimento do termo os filósofos que o designam como mistérios as doutrinas, 
esotéricas que constituem o fundamento transcendente do mundo.
Também o judaísmo contribuiu para o desenvolvimento do sentido, ele 
aparece nas versões gregas do Antigo Testamento como sentido de rito pagão, 
mas também de anúncio de acontecimentos futuros, ou plano divino secreto 
que depois será revelado, conforme os textos bíblicos: Tb 12, 7; Jud 2, 2; Dn 2, 
18-19.27-30; Sb 3, 5.
O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento real, com manifes-
tações historicamente verificadas, como atesta o Novo Testamento. Já São 
Paulo, por volta do ano 56, pôde escrever aos Coríntios: Transmiti-vos, em 
primeiro lugar, o mesmo que havia recebido: Cristo morreu pelos nossos 
pecados, segundo as Escrituras, e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, 
segundo as Escrituras: a seguir, apareceu a Pedro, depois aos Doze (1 Cor 
15, 3-4). O Apóstolo fala aqui da tradição viva da ressurreição, de que tinha 
tomado conhecimento após a sua conversão, às portas de Damasco. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (par. 639)
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O cristianismo evoca o termo no Novo Testamento, com os Evangelhos 
Sinóticos para designar Mistério como o Reino de Deus, oculto às massas, mas 
revelado aos eleitos, conforme podemos ler nos textos: Mc 4,11; Mt 13,11; Lc 8, 10.
Além dos sinóticos, São Paulo o apresenta como o desígnio oculto que tinha 
Deus de salvar-nos, desde toda a eternidade, e que manifestou e realizou em 
Cristo, na plenitude dos tempos; e é confiado aos apóstolos e à Igreja para que 
o anunciem e o tornem realidade para os fiéis, conforme os textos: Ef 3, 3-9; Cl 
1, 26-27; 2, 2-3; 1 Tm 3, 16; 1 Cor 2, 7; Rm 16, 24.
Entender essa trajetória é importante no estudo de liturgia, pois, desde o 
século II, adquire entre os cristãos um significado múltiplo. Os padres apologistas 
denominam mistérios as ações salvíficas; também designam assim pessoas e acon-
tecimentos que aludem tipologicamente a Cristo e à sua obra redentora. É nesse 
sentido que a celebração litúrgica é celebração dos mistérios de Cristo, entendidos 
como sua Encarnação, Virgindade de Maria, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição.
Orígenes designa como Mistério toda a História da Salvação: nos mistérios do 
AT, Deus revelou e ocultou, ao mesmo tempo, o Mistério de Cristo, pelo Mistério 
da Torá e dos sacrifícios; o Mistério da Igreja é o Mistério de Cristo em nós.
Toda a vida de Cristo é revelação do Pai: as suas palavras e atos, os seus 
silêncios e sofrimentos, a maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: Quem 
Me vê, vê o Pai (BÍBLIA, Jo 14, 9); e o Pai: Este é o meu Filho predileto: escu-
tai-O (BÍBLIA, Lc 9, 35). Tendo-Se nosso Senhor feito homem para cumprir 
a vontade do Pai (191), os mais pequenos pormenores dos seus mistérios 
manifestam o amor de Deus para conosco.
Toda a vida de Cristo é mistério de redenção. A redenção vem-nos, antes de 
mais, pelo sangue da cruz. Contudo, este mistério está atuante em toda a vida 
de Cristo: já na sua Encarnação, pela qual, fazendo-Se pobre, nos enriquece 
com a sua pobreza; na vida oculta que, pela sua obediência, repara a nossa 
insubmissão; na palavra que purifica os seus ouvintes; nas curas e expulsões 
dos demônios, pelas quais «toma sobre Si as nossas enfermidades e carrega 
com as nossas doenças» (Mt 8, 17); na ressurreição, pela qual nos justifica.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica, (par. 516-517).
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A liturgia, com efeito, pela qual sobretudo no sacrifício eucarístico se atualiza 
a obra da nossa redenção, contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam 
na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da 
verdadeira Igreja.
Obra de Cristo, a Liturgia é também uma ação da sua Igreja. Ela realiza e 
manifesta a Igreja como sinal visível da comunhão de Deus e dos homens por 
Cristo; empenha os fiéis na vida nova da comunidade, e implica uma participa-
ção consciente, ativa e frutuosa de todos. 
Cristo é o ator principal do Mistério da Liturgia. A especificidade es-
sencial de Cristo é o fato de ser Sumo e eterno sacerdote: desde sua 
encarnação, é Mediador; pela oferenda da Cruz é santificador do único 
Sacrifício que nos salva; por sua glorificação à direita do Pai, é interces-
sor. Ele realizou o Mistério Pascal e, glorificado atua na igreja, sobretu-
do está presente na liturgia terrena, intercede e antecipa a vitória final. 
Se na liturgia é a atualização da obra de nossa salvação, Cristo realizou 
essa obra. O mistério que celebramos na liturgia é o Mistério de Cristo 
(CELAM, 2003, p. 31)
Logo começaram a designar também como mistérios os ritos cristãos, sobre-
tudo o Batismo e Eucaristia, porque a história da salvação torna-se presente na 
celebração. Lembrando o que afirmamos anteriormente, celebramos o que cre-
mos. No entanto, para que a liturgia não seja comparada às religiões mistéricas 
antigas, começou-se a unificar os termos: Mysterium e Sacramentum, sendo o 
primeiro para designar a realidade salvadora de Deus, que é invisível, mas está 
presente no rito e o segundo designa a realidade visível dessa mesma celebração.
A Liturgia é o ato no qual cremos que Deus entra na nossa realidade e nós 
podemos encontrá-lo e tocá-lo.É o ato no qual entramos em contato com 
Deus: Ele vem a nós, e nós somos iluminados por Ele.
(Bento XVI)
Memória na Visão Bíblica
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Entenderemos na próxima unidade o que se entende pelo termo sacramento 
atualmente, uma vez que na história da Igreja ele substituiu por completo os ter-
mos Mysterium e Sacramentum por medo de confusão; conheceremos também 
quais são os sacramentos realizados pela Igreja atualmente e seu processo histórico.
A última fase do desenvolvimento do sentido empregado ao termo Mysterium 
foi no Concílio Vaticano II encerrado em 1964. Este fala de Mistério Pascal em 
vários lugares e com vários significados: a obra de Cristo, sobretudo sua Morte 
e Ressurreição; nossa participação na obra de Cristo; os sacramentos pascais; a 
Eucaristia, memorial — e este termo entenderemos no próximo item.
MEMÓRIA NA VISÃO BÍBLICA
O termo memória na Liturgia não nos remete de forma alguma a uma lembrança 
ou um recordar. Por exemplo, o crucifixo não é memória, mas lembrança do cruci-
ficado. Por outro lado, o vinho consagrado e bebido e o pão consagrado e comido é 
memória. Usando a palavra “memória”, Jesus destaca o significado que ela tem na 
sua origem hebraica: pelo ritual da celebração litúrgica, os símbolos fazem o pas-
sado reviver, porque conferem um sentido atual no presente (cf. Dt 4, 9; 6, 7.20-25).
O sacrifício não acontece mais no corpo físico de Cristo, pois este já aconte-
ceu uma vez por todas. O sacrifício acontece agora nos sinais do pão que é, pelo 
poder e ação de Deus, transformado no Corpo do Senhor e também no sinal do 
vinho que é transformado pelo poder de Deus no sangue de Cristo que nos é dado.
Neste sentido do tempo, o culto também adquire outro sentido. As grandes 
festas anuais do Antigo Testamento, que em sua origem são festas da natureza 
anteriores à tradição Javista e à monarquia, de caráter tipicamente cíclico, são 
historizadas. Seu conteúdo é constituído agora pelas ações salvíficas de Iahweh 
na história. As festas memoriais, nas quais se recordam os fatos salvíficos do pas-
sado, mediante palavras e ações rituais, voltam a atualizar a salvação de Iahweh 
e promete-se a salvação definitiva para o futuro. 
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O rito aqui não é manipulação do tempo, mas um sinal memorial do 
ocorrido uma vez, uma expressão de fidelidade diante dos preceitos 
de Iahweh e um sinal de esperança no cumprimento futuro da pro-
messa, é a fidelidade de Iahweh, que atualiza no presente, e em cada 
situação, a salvação que operou antes e que promete para o futuro 
(CELAM, 2205, p. 393)
As palavras pronunciadas na consagração são uma obediência a Cristo, e são 
as mesmas palavras, assim, confirmam: “Tomai todos e comei. Isto é o Meu 
corpo que será entregue por vós”. Comer o alimento se torna nosso corpo e 
a eucaristia vai nos tornando mais Cristos no mundo. Entregue, o Senhor se 
entrega por nós, nos alimentando para que sejamos fiéis, assim como o peli-
cano dá de seu corpo a seus filhotes, assim o Senhor dá de sua carne aqueles 
que o aceitam e o seguem. Por vós, pois, uma só goto do sangue do Senhor 
basta para libertar toda a humanidade do pecado e do mal. Isto é o meu corpo, 
completando assim toda a entrega do Verbo Eterno para continuar a obra da 
Salvação.
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“Fazei isto em memória de mim” significa para os cristãos o mesmo que para 
os judeus: “o sinal perpétuo da Aliança” (cf. BÍBLIA, Ex 12,14). Isto é, celebrar 
sempre a Eucaristia como sinal da nova e eterna Aliança. É a continuidade da 
celebração da ceia pascal judaica na maneira cristã, ou seja, é atualização, tra-
zer para hoje o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor auge da 
nossa salvação. 
Termina a consagração, o sacerdote diz: Eis o mistério da fé, e o povo 
aclama: anunciamos, Senhor, a vossa Morte e proclamamos a vossa 
Ressurreição. Vide, Senhor Jesus! Mistério da fé: com essa exclamação, 
pronunciada logo a seguir às palavras da consagração, o sacerdote pro-
clama o mistério celebrado e manifesta o seu enlevo diante da conver-
são substancial do pão e do vinho no Corpo e Sangue do Senhor Jesus, 
realidade esta que ultrapassa toda a compreensão humana. Com efeito, 
a eucaristia é por excelência mistério de Fé: é o resumo e a súmula da 
nossa fé (ASSUNÇÃO, 2016, p. 238).
É o que a Teologia chama de sinal sacramental. Por quê? Porque, na Liturgia, o 
sinal não apenas simboliza. O sinal é eficaz, isto é, faz acontecer aquilo que sim-
boliza. Por isso a celebração da Eucaristia é também sacramento (cf. CIC 2655). 
Assim como a palavra “dabar” é criadora de tudo o que existe no mundo (cf. 
BÍBLIA, Gn cap. 1).
A morte de Cristo é, ao mesmo tempo, o sacrifício pascal que realiza a re-
denção definitiva dos homens por meio do “Cordeiro que tira o pecado do 
mundo”, e o sacrifício da Nova Aliança que restabelece a comunhão entre o 
homem e Deus, reconciliando-o com Ele pelo “sangue derramado pela mul-
tidão, para a remissão dos pecados.
Este sacrifício de Cristo é único, leva à perfeição e ultrapassa todos os sacri-
fícios. Antes de mais, é um dom do próprio Deus Pai: é o Pai que entrega o 
seu Filho para nos reconciliar consigo. Ao mesmo tempo, é oblação do Filho 
de Deus feito homem, que livremente e por amor oferece a sua vida ao Pai 
pelo Espírito Santo para reparar a nossa desobediência. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (par. 613-614).
O CULTO SAGRADO
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Caro(a) aluno(a), encerramos essa unidade no qual refletimos sobre o culto sagrado. 
Evidentemente que de forma muito breve fizemos um passeio sobre a história do culto 
e sua concepção sobretudo no cristianismo. Vale ressaltar que toda religião celebra 
aquilo que ela crê, não seria diferente no cristianismo e, por sua vez, no catolicismo.
A memória nos faz pensar que, se a Missa já é tão significativa aqui na terra, deverá 
haver alguma refeição semelhante no céu (cf. BRASIL, Ap 19, 9; Lc 12, 36-38).
A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferenda 
sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo. 
Em todas as orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da insti-
tuição, uma oração chamada anamnese ou memorial.
No sentido que lhe dá a Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lem-
brança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas 
que Deus fez pelos homens. Na celebração litúrgica desses acontecimentos, 
eles tomam-se de certo modo presentes e atuais. É assim que Israel entende 
a sua libertação do Egito: sempre que se celebrar a Páscoa, os acontecimen-
tos do Êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que confor-
mem com eles a sua vida.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 1362-1363)
Temos de considerar a Eucaristia como: 
• ação de graças e louvor ao Pai,
• memorial sacrificial de Cristo e do Seu corpo,
• presença de Cristo pelo poder da sua Palavra e do seu Espírito. 
(Catecismo da Igreja Católica, par. 1358)
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim dessa unidade no qual buscamos compreender o sentido de 
culto sagrado. Toda religião celebra sua doutrina, buscando uma aproximação 
com seu Deus ou com os deuses; ao celebrar, toda religião busca aprofundar seu 
conhecimento sobre a doutrina ou, ainda, aprofundar seu contato com o trans-
cendente. Esse contato se dá por meditação, oração,jejum ou mesmo lendo 
partes do seu livro sagrado ou de escritos de membros que foram importantes 
para determinada religião.
Como vimos, o conceito de culto sagrado no Antigo Testamento e no Novo 
Testamento na Bíblia Sagrada está intimamente ligado à liturgia e fazem uma 
rápida menção ao serviço a Deus por meio dos irmãos de comunidades, os quais 
entendemos como todos os que são batizados. O serviço se torna também um 
meio de contato com Deus que se revelou e que se fez simples e exerceu sua 
humildade inclusive lavando os pés dos Apóstolos no caso da última quinta feira 
antes de morrer. Os batizados fazem parte do Corpo Místico de Cristo, ou seja, 
a Igreja que é o Corpo de Cristo e Ele é a cabeça.
Além da concepção de serviço a Deus e ao outro, liturgia também faz men-
ção a ação de Deus, que é sempre uma ação salvadora. Na liturgia, é Deus quem 
realiza sua obra por meio das palavras e do rito. Sendo a Liturgia um modo de 
encontrar a salvação, necessariamente ela tem que ser plenamente a ação de Deus 
na comunidade, pois Deus é o único que pode nos dar a salvação.
A grande novidade que se apresenta na liturgia Católica é a questão da 
Memória, a atualização da obra salvadora de Deus para sua comunidade. Na 
liturgia, é Deus que age na comunidade reunida nos tornando mais semelhantes 
a Ele, a ponto de nós um dia afirmarmos como São Paulo: “já não sou eu quem 
vive, mas Cristo vive em mim” (BÍBLIA, Gl 2, 20).
62 
A LITURGIA, OBRA DA TRINDADE/1: DEUS PAI (CIC 1077-1083)
Sem a mediação do Filho não teríamos 
conhecido o Pai e não teríamos recebido 
o Espírito que nos permite reconhecer o 
Filho como Senhor e adorar nele o Pai. O Pai 
quis fazer-nos capazes de tudo isso, ou seja, 
de adotar-nos como filhos, antes da criação 
do mundo (cf. CIC1077). A capacidade de 
obrar como indivíduos e como membros 
de um povo escolhido e consagrado cha-
ma-se “liturgia”: com razão definida obra 
do mistério das três Pessoas. A ação trini-
tária, então, é o protótipo da ação sagrada 
ou litúrgica. Mas, tendo em conta o ati-
vismo eclesiástico e litúrgico que levou 
a adotar termos como “ator” e “operador” 
até mesmo na sagrada liturgia, devemos 
definir, para que não restem dúvidas, a 
natureza dessa ação. A ação Sagrada da 
liturgia é essencialmente uma “bênção”, 
termo conhecido por todos, mas não no 
seu verdadeiro significado. Temos a expli-
cação nesse seguinte artigo do Catecismo 
que convém citar integralmente: “Aben-
çoar é uma ação divina que dá a vida e 
da qual o Pai é a fonte. A sua bênção é, ao 
mesmo tempo, palavra e dom («bene-dic-
tio», «eu-logia»). Aplicada ao homem, tal 
palavra significará a adoração e a entrega 
ao seu Criador, em ação de graças.»(CIC, 
1078).
Portanto, a liturgia é bênção de Deus, pala-
vra e dom, e adoração humana, ou seja, ação 
de graças (eucaristia) e oferecimento. Não 
está toda a Santa Missa nesta definição? Nin-
guém pode deixar de definir assim a sagrada 
liturgia, ou seja, sacramento. A adoração não 
é outra coisa que a mesma liturgia. Qualquer 
tentativa de separar as duas coisas vai con-
tra a fé e a verdade católica.
Não se sustenta hoje que o homem adora 
a Deus com todo o seu ser? Quer dizer com 
a alma e com o corpo. Por isso, na Bíblia 
toda “obra de Deus é bênção” (cf. CIC, 1079-
1081) é a dimensão cósmica que inerva 
a Sagrada Escritura, do Gênesis ao Apo-
calipse, e também a liturgia. Se abençoar 
quer dizer adorar, a bênção ou adoração 
na Escritura está documentada pela pros-
tração e pelo dobrar os joelhos fisicamente 
e metafisicamente o coração. Só o diabo 
não se ajoelha, porque - dizem os Padres 
do deserto – não tem os joelhos. Assim, 
São Paulo vê diante de Jesus a consonân-
cia entre história sagrada e o cosmos: todo 
joelho se dobre, no céu, na terra e debaixo 
da terra. Conseqüência concreta: o gesto do 
ajoelhar-se deve voltar a ter a primariedade 
no rito da Missa, no desenvolvimento, inspi-
ração e sabor da música sacra, nos objetos 
sagrados: uma igreja sem genuflexórios 
não é uma igreja católica. Por que prostrar-
-se? Porque a bênção divina se manifesta 
especialmente com “a presença de Deus 
no templo” (CIC, 1081): diante da Sua pre-
sença, o primeiro e fundamental gesto é 
a adoração. Não se diga que o templo foi 
abolido, enquanto que Jesus o purificou 
substituindo-o com o seu corpo no qual 
habita corporalmente a divindade: dessa 
forma, a presença divina é então aquela do 
Corpo de Cristo e coincide maximamente 
com o Santíssimo Sacramento. Note-se 
que, até agora, temos falado sobre coisas 
reveladas pelo próprio Senhor na Sagrada 
Escritura. No livro Introdução ao Espírito 
da Liturgia, Joseph Ratzinger mostrou o 
quanto prejudicou a reforma litúrgica ter 
cortado a ligação entre templo judaico e 
igreja cristã: o vemos hoje nas novas igrejas, 
63 
justo enquanto a nível ecumênico se dia-
loga com os judeus. Se o corpo de Cristo é 
constituído pelo edifício espiritual dos seus 
membros (cf. 1 Pd 2,5), deve-se que onde a 
Igreja se reúne para os Mistérios nasce um 
“espaço santo”.
Então, pode-se entender o que o Cate-
cismo diz claramente: “Na liturgia da Igreja, 
a bênção divina é plenamente revelada e 
comunicada: o Pai é reconhecido e adorado 
como a Fonte e o Fim de todas as bênçãos 
da criação e da salvação; no seu Verbo – 
encarnado, morto e ressuscitado por nós 
–, Ele nos cumula das suas bênçãos e, por 
Ele, derrama nos nossos corações o Dom 
que encerra todos os dons: o Espírito Santo” 
(CIC, 1082). Dessa forma define-se a dupla 
dimensão da Liturgia da Igreja: por um lado 
é bênção do Pai com a adoração, o louvor e 
a ação de graças; por outro, oferecimento 
de si mesmo e dos próprios dons ao Pai e 
imploração do Espírito para que abunde 
em todo o mundo. Mas tudo passa pela 
mediação sacerdotal, ou seja, pela oferta e 
“ pela comunhão na morte e ressurreição 
de Cristo-Sacerdote e pelo poder do Espí-
rito “ (CIC, 1083).
Se a ressurreição de Cristo não tivesse 
acontecido historicamente e não tivesse 
originalmente “enchido” a história dando-
-lhe a direção final, os sacramentos não 
teriam nenhuma eficácia e se prejudicaria 
a finalidade pela qual eles são administra-
dos: a nossa ressurreição no fim da vida e da 
história da humanidade. A uma abordagem 
exegética demitizante segue normalmente 
uma teologia reduzida a simbolismo; mas o 
pensamento católico, com o Apóstolo, fala 
do “poder da sua ressurreição”: às aparições 
do ressuscitado, não só seguiu o querigma 
e a fé dos discípulos, mas a emanação do 
poder da ressurreição nos sacramentos. 
Assim, a verdade da ressurreição corporal 
de Cristo é determinante para a eficácia 
dos sacramentos, o seu impacto real sobre 
a transformação do ser humano.
O mistério pascal, justo porque tem visto 
passar o Filho da morte para a vida, assim 
vê passar os filhos de Deus. Por isso chama-
-se pascal, por essa passagem acontecida 
graças ao sacrifício do Filho de Deus. Eis 
porque o Sacrifício eucarístico é o centro 
de gravidade de todos os sacramentos (cf. 
CIC, 1113), como a Páscoa é o centro do 
ano litúrgico.
O plano divino da salvação é um só: tra-
zer os homens e as coisas, as do céu e as 
da terra sob o senhorio de Cristo. A obra 
prima das três Pessoas tem como objetivo 
reconduzir o ser humano à sua natureza ori-
ginária para que seja restaurada nele aquela 
imagem que foi desfigurada pelo pecado.
Fonte: Vatican ([2018], on-line)1.
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1. A religião também pode ser definida como um conjunto de crenças relaciona-
das com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino, sa-
grado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que 
derivam dessas crenças. Com base no texto acima, assinale a afirmativa correta:
a) Que celebração e doutrina estão totalmente separadas.
b) Celebração e matéria de fé das religiões se relacionam muito pouco.
c) O que mostra a fé de determinada religião é sua celebração ou seu culto.
d) Da celebração nasce a doutrina.
e) A doutrina é apenas matéria a ser proferida e vivida forada celebração
2. O Culto no Novo Testamento aparece como o culto que Jesus mandou celebrar 
na sua Última Ceia. São Paulo escreveu aos coríntios para corrigir abusos na ma-
neira que estavam celebrando a Eucaristia. De acordo com o tema culto no Anti-
go e no Novo Testamento assinale com (V) para verdadeiro e com (F) para falso:
( ) São Paulo conta que Jesus tomou o pão, dando graças, partiu-o e disse: 
Isto parece o meu corpo.
( ) As primeiras descrições da Igreja no Novo Testamento são marcadamente 
eucarísticas.
( ) Conforme o evangelho de São João 6, 49-51, Jesus ensinou que a Eucaristia 
foi prenunciada no maná dado por Deus durante o êxodo do povo de Israel 
do Egito.
( ) As primeiras celebrações eucarísticas não reportavam em nada a estrutura 
da perícope de Emaús.
( ) Primeiro Jesus ‘proclama’ as Escrituras, ensinando como o Antigo Testa-
mento se cumpre no Novo Testamento realizado no seu sangue.
( ) Desde aquela noite, os cristãos se reúnem a cada domingo, o dia da ressur-
reição que nós conhecemos como o Dia do Senhor.
 Assinale a alternativa com a sequência correta:
a) F, V, V, F, V, V.
b) V, V, F, V, V, F.
c) V, F, F, V, V, F.
d) V, V, F, V, F, F.
e) V, V, V, V, F, F.
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3. A palavra grega mysterion procede de myeo= iniciar, myo = fechar e mystes que 
significa iniciador ou ainda guia. Esses termos surgem no âmbito das religiões 
mistéricas por volta do século VI a.C. Com base no termo Mysterion, assinale a 
alternativa correta:
a) O termo Mysterion nunca evoluiu em significado.
b) O judaísmo não contribuiu para o desenvolvimento do sentido desse termo, 
pois era um termo das religiões politeístas.
c) São Paulo prefere não usar o termo em suas cartas.
d) O cristianismo evoca o termo no Novo Testamento, com os Evangelhos Sinó-
ticos, para designar Mistério como o Reino de Deus.
e) A liturgia não contribui para que os fiéis exprimam em sua vida os mistérios 
de Cristo.
4. Usando a palavra “memória”, Jesus destaca o significado que ela tem na sua ori-
gem hebraica: pelo ritual da celebração litúrgica, os símbolos fazem o passado 
reviver, porque conferem um sentido atual no presente (cf. Dt 4, 9; 6, 7.20-25). 
Com base no texto e na leitura prévia, assinale as alternativas corretas.
I. O termo Memória na liturgia se refere a uma lembrança de um fato aconte-
cido a muitos anos, sobretudo da vida de Jesus.
II. Jesus destaca o significado que memória tem na sua origem hebraica: pelo 
ritual da celebração litúrgica, os símbolos fazem o passado reviver.
III. O sacrifício acontece agora nos sinais do pão que é, pelo poder e ação de 
Deus, transformado no Corpo do Senhor e também no sinal do vinho que 
é transformado pelo poder de Deus no Sangue de Cristo que nos é dado.
IV. Na Liturgia, o sinal apenas simboliza.
V. “Fazei isto em memória de mim” significa para os cristãos o mesmo que para 
os judeus: “o sinal perpétuo da Aliança” (BÍBLIA, cf. Ex 12, 14).
 Podemos afirmar que:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e V estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
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5. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferenda sa-
cramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja, que é o seu corpo. Com 
base nessa afirmação, assinale a alternativa correta:
a) A Igreja é o corpo Místico de Cristo.
b) Cristo não atua na liturgia.
c) A Liturgia é apenas lembrança dos atos de Cristo.
d) A Eucaristia é apenas memorial da Paixão e Morte de Cristo.
e) Liturgia e Doutrina não se relacionam.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Manual de Liturgia III. A celebração do Mistério pascal - os 
sacramentos: 
sinais do mistério pascal
Conselho episcopal latino-Americano - CELAM 
Editora: Paulus
Sinopse: os sacramento são os sinais sensíveis produtores da graça, 
instituídos por Jesus Cristo como auxiliares indispensáveis para 
a pessoa conseguir a salvação eterna. Por isso é de fundamental 
importância a todo cristão e aos candidatos ao ministério presbiteral 
especialmente penetrar no verdadeiro valor e significado de cada um dos sacramentos. O volume 
III da série Manual de Liturgia, fruto do trabalho de renomados liturgistas latino-americanos, 
aborda os sete sacramentos cristãos, analisando-os a partir da perspectiva da iniciação cristã 
(batismo - começo da vida nova; confirmação - sua consolidação; eucaristia - alimento do 
discípulo de Cristo), do mistério eucarístico (eucaristia - comunhão de vida com Deus e unidade 
do povo de Deus), dos sacramentos de cura (penitência e unção dos enfermos - continuação da 
obra de cura e salvação de Cristo) e do serviço (ordem e matrimônio - destinam-se à salvação dos 
outros, por meio do serviço à comunidade).
Site do Vaticano
O site do Vaticano de tempos em tempos posta pequenos textos sobre liturgia com todos 
os pontos da nossa disciplina. Vale a pena acessar o link e aos poucos fazer as leituras para 
aprofundamento dos temas.
Web: <http://www.vatican.va/news_services/liturgy/details/ns_liturgy_index-studi_po.html>
REFERÊNCIAS
ASSUNÇÃO, R. A. O Sacramento da Palavra. A Liturgia da Missa segundo Bento XVI. 
Eclesiae: Campinas, 2016.
BÍBLIA de Jerusalém. Paulus: São Paulo, 2002.
CATECISMO da Igreja Católica. Loyola: São Paulo, 2000.
CELAM - Conselho Episcopal Latino-Americano. Manual de Liturgia III. A celebra-
ção do mistério pascal. Os sacramentos: sinais do mistério pascal. Paulus: São Paulo, 
2005.
RATZINGER, J. Introdução ao espírito da Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2010.
Referências On-Line
1 Em: <http://www.vatican.va/news_services/liturgy/details/ns_lit_doc_20120208_
opera-trinita_po.html>. Acesso em: 08 jun. 2018.
GABARITO
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1. C.
2. A.
3. D.
4. D.
5. A.
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
ESPIRITUALIDADE 
LITÚRGICA E SACRAMENTOS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Relacionar Espiritualidade e liturgia.
 ■ Conhecer a teologia dos sacramentos.
 ■ Entender o que é Caráter Sacramental.
 ■ Entender o que é Graça Sacramental.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Espiritualidade litúrgica?
 ■ Os sacramentos
 ■ Caráter sacramental
 ■ Graça sacramental
Introdução
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INTRODUÇÃO
O desenvolvimento desta unidade está inserido na área da Teologia Dogmática. 
Esta tem por finalidade estudar e apresentar, de forma sistemática, os elementos 
que constituem a verdade da fé. Dentre muitos aspectos e temáticas que versam 
sobre a dogmática, como a Trindade, a Cristologia, a pneumatologia e a mario-
logia, está a teologia dos sacramentos, à qual se restringe o assunto abordado.
No contexto da sacramentária, identificam-se com grande evidência aspectos 
Trinitários, ou seja, é Deus Pai, Filho e Espírito Santo que agem nos atos sacra-
mentais. No entanto, dá-se maior destaque na cristologia, quando se refere à sua 
instituição e causalidade.
Os sacramentos têm grande contribuição na salvação das almas, contêm em 
si a instrumentalidade de causar a graça de Cristo. Sendo assim, mostra-se con-
veniente que seja destacada a concepção de que Cristo é o sacramento do Pai, a 
Igreja é o Sacramento de Cristo, e os atos da Igreja em seus membros são conti-
nuidade dos atos de Cristo.
Na Sagrada Escritura, mais especificamente no Antigo Testamento, já se 
encontravam alusões, ainda que de forma indireta, aos sacramentos, como no 
caso do termo grego “mystérion” que designava uma mensagem divina. O Novo 
Testamento, por sua vez, relacionou o termo com qualquer manifestação ou reve-
lação de Deus e de seu Reino, na pessoa de Cristo.
Enfim, é Deus, na pessoa do Cristo quem causa a graça na alma do fiel por 
meio dos sacramentos. Enfim, os atos sacramentais da fé são atos materiais e cor-
póreos que, utilizados como instrumentos por Deus,causam a graça nas almas. 
E é na Paixão de Cristo, que tem o objetivo de redimir o pecado do mundo, que 
se encontra a força da sacramentária. A humanidade e a divindade de Cristo, 
no evento da Paixão, dão fundamento à causalidade da graça nos sacramentos.
ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA E SACRAMENTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E74
ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA?
Caros estudantes, vamos refletir nesse item sobre espiritualidade litúrgica: como 
podemos falar de uma espiritualidade ligada à liturgia? E a celebração da Liturgia 
como a fonte da vivência Cristã e o termo que os fiéis devem alcançar em sua 
vida? Pois veremos que a liturgia é memorial da salvação, oferecida a todos as 
pessoas, por Nosso Senhor.
A Igreja entende que, por meio da celebração litúrgica cristã, falam Deus e 
o ser humano, estabelecendo uma comunicação, portanto, comunicação entre 
Deus e o ser humano enquanto reunidos.
No celebrar, a Igreja entende que está atualizando o mistério de salvação 
seguindo o mandamento do próprio Cristo “fazei isto em minha memória” (Lc 
22, 19). Sabemos que, ao encontrarmos a palavra memória na Sagrada Escritura, 
devemos ter em mente o significado e seu conceito para compreendermos real-
mente o mandamento do Senhor.
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No Ocidente, o termo memória nos leva a pensar em meramente uma 
lembrança de algo que aconteceu no passado. Eu lembro um acontecimento 
feliz ou triste, mas isso não muda minha vida, continuo vivendo da mesma 
maneira. Depois de lembrar, continuo minha vida normalmente. Por outro 
lado, no sentido bíblico e também podemos dizer no sentido oriental, memó-
ria quer dizer muito mais que isso. Ao fazer memória de algo, eu lembro 
realmente do fato inteiro, mas lembro de como eu estava nesse dia, feliz ou 
contente, por exemplo, um casal que lembra o dia do matrimônio, ao fazer 
memória eles lembram também todos os sentimentos deste dia, tudo o que 
motivou os dois a estarem diante do altar e fazer seus votos e, então, eles tra-
zem para agora toda sua motivação no dia do casamento para animar sua vida 
conjugal no agora, isso é atualizar.
Ao celebrar a liturgia, a Igreja faz memória da salvação conferida ao ser 
humano pelo Senhor, nesse sentido, a Igreja atualiza, traz para agora a salvação 
que Cristo nos deu na hora de sua morte e ressurreição.
Assim, durante a celebração litúrgica, a alma que foi feita para Deus, que se 
encontra reunida em assembleia, se encontre com os irmãos e se aproxime um 
pouco mais de Deus que a criou e a salvou. A liturgia, portanto, é fonte de toda 
a espiritualidade cristã.
A espiritualidade litúrgica é o exercício perfeito da vida cristã com o 
qual o homem, regenerado no batismo, cheio do Espírito Santo na con-
firmação, participando na celebração eucarística, marca toda a sua vida 
com esses três sacramentos, para crescer, no quadro das celebrações 
repetidas do ano litúrgico, de uma oração contínua, concretamente, a 
oração ou liturgia das horas, e das atividades da vida cotidiana, na san-
tificação mediante a conformação com Cristo crucificado e ressuscita-
do, na esperança da última consumação escatológica para a louvação 
da glória de Deus (SÁNCHES, 2007, p. 421).
Temos portanto, que toda a vida cristã deve fundar-se na liturgia, pois esta atua-
liza o mistério salvífico de Cristo e dá força ao cristão para que este consiga fazer 
a vontade de Deus em sua vida em seu dia a dia.
ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA E SACRAMENTOS
Reprodução proibida. A
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A espiritualidade litúrgica é a atuação do mistério de Cristo na Igreja e na vida 
dos fiéis, como afirma o Concílio Vaticano II na Constituição Sacrosanctum 
Concilium no número 10: “a Liturgia é o cume a que tende toda a atividade da 
Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde emana toda a força”.
A sociedade fundada pelo Divino Redentor não tem outro fim, que 
crescer e ampliar-se cada vez mais: isso acontece quando Cristo é edi-
ficado e ampliado na alma dos mortais, e quando inversamente a alma 
dos mortais é edificada e ampliada em Cristo. De maneira que nesse 
desterro terreno prospere o tempo no qual a Divina Majestade receba 
o legítimo culto de gratidão. Em toda ação litúrgica, portanto, jun-
tamente com a Igreja está presente seu Divino Fundador. Cristo está 
presente nele, sacramento, na pessoa de seu ministro, principalmente 
sob as espécies eucarísticas, está presente nos sacramentos com a vir-
tude que neles transfunde, está presente, finalmente, nas louvações e 
súplicas. A sagrada liturgia é, portanto, o culto público, integral do 
corpo místico de Jesus Cristo, isto é, da cabeça e de seus membros 
(CELAM, 2007, p. 426).
LUGAR DA LITURGIA NA VIDA DA IGREJA
10. Contudo, a Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se enca-
minha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na 
verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se 
tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se reunam em assembleia 
para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a 
Ceia do Senhor.
A Liturgia, por sua vez, impele os fiéis, saciados pelos «mistérios pascais», 
a viverem unidos no amor; pede que sejam fiéis na vida a quanto rece-
beram pela fé; e pela renovação da aliança do Senhor com os homens na 
Eucaristia, e aquece os fiéis na caridade urgente de Cristo. Da Liturgia, pois, 
em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e 
por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em 
Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as 
outras obras da Igreja.
Fonte: Sacrosanctum Concilium (1963, nº 10).
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Assim, espiritualidade Litúrgica ajuda os fiéis a compreenderem que tudo o que é cele-
brado é atualização do mistério da salvação, que são oferecidos somente por Cristo, 
portanto, ele mesmo realiza em nós a salvação durante a celebração litúrgica. Decorre 
também a concepção de que espiritualidade litúrgica não é própria de alguma corrente 
particular, mas é fundamental e comum a todos os fiéis, porque todos são chamados 
a viver a Eucaristia, que tem por preliminar o Batismo e que leva a constituir o corpo 
eclesial de Cristo. A espiritualidade litúrgica não exclui as respostas pessoais do cris-
tão à graça de Deus ou as devoções particulares; ao contrário, deve suscitá-las, de tal 
modo, porém, que estejam sempre em conformidade com o culto oficial da Igreja.
O ESPÍRITO SANTO ATUALIZA O MISTÉRIO DE CRISTO
1104. A liturgia cristã não se limita a recordar os acontecimentos que nos 
salvaram: atualiza-os, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo cele-
bra-se, não se repete; as celebrações é que se repetem. Mas em cada uma 
delas sobrevém a efusão do Espírito Santo, que atualiza o único mistério.
1105. A invocação sobre é a intercessão mediante a qual o sacerdote suplica 
ao Pai que envie o Espírito santificador para que as oferendas se tornem o 
corpo e o sangue de Cristo e para que, recebendo-as, os fiéis se tornem eles 
próprios uma oferenda viva para Deus.
Tu perguntas como é que o pão se torna corpo de Cristo, e o vinho sangue 
de Cristo? Por mim, digo-te: o Espírito Santo irrompe e realiza isso que ultra-
passa toda a palavra e todo o pensamento. Baste-te ouvir que é pelo Espírito 
Santo, do mesmo modo que é da Santíssima Virgem e pelo Espírito Santo 
que o Senhor, por Si mesmo e em Si mesmo, assumiu a carne.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1999, par. 1104-1105).
O poder transformante do Espírito Santo na liturgia apressa a vinda do Reinoe a consumação do mistério da salvação. Na expectativa e na esperança, Ele 
faz-nos realmente antecipar a comunhão plena da Santíssima Trindade. 
ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA E SACRAMENTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E78
OS SACRAMENTOS
Todo sacramento tem sua eficácia advinda do Verbo Encarnado. Em uma con-
cepção geral de Sacramento, diz-se que sacramento significa sinal, portanto o 
Batismo, a confirmação, a Reconciliação, a Eucaristia, a Unção dos Enfermos, 
a Ordem e o Matrimônio são sacramentos, ou seja, sinais. São sinais do amor 
de Deus para com a humanidade. Sendo sinais, eles dão visibilidade a algo que 
acontece de forma invisível. Logo, diga-se que os Sacramentos são atos ou sinais 
visíveis do amor e ação de Deus em favor de toda a humanidade. 
Agostinho afirma que o verdadeiro Sacramento é Jesus Cristo: “não há outro 
sacramento de Deus senão Cristo” (AGOSTINHO apud ALDAZÁBAL, 2013, 
p. 331). Entende-se também que Cristo é o Sacramento do Pai. Cristo é o Sinal 
vivente que nos exprime a salvação de Deus, contém-na em Si mesmo e no-lo 
comunica eficazmente, agora, por meio da sua Igreja. Cristo não só instituiu os 
sacramentos, como ele próprio é o sacramento primordial e definitivo do encon-
tro de Deus com a humanidade.
Tomás de Aquino ainda faz um aprofundamento maior da realidade signifi-
cativa dos sacramentos, falando das suas categorias, sem negar o que fora citado 
Os Sacramentos
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acima no período da patrística com o pensamento de Agostinho. O Aquinate 
menciona também que os sacramentos são sinais e dessa forma significam uma 
realidade que nem sempre se vê na realidade física ou material; então relata:
O sacramento em sentido próprio se ordena a significar nossa santifica-
ção. Podemos considerar três aspectos de nossa santificação: sua causa 
que é a paixão de Cristo; sua forma que consiste na graça e nas virtudes; 
seu fim último que é a vida eterna. Os sacramentos significam esses três 
aspectos. O sacramento é, pois, sinal rememorativo do que o precedeu, 
a paixão de Cristo; demonstrativo do efeito da paixão de Cristo em nós, 
a vida da graça; prognóstico ou prenunciador da glória futura (AQUI-
NO, 2002, p. 20).
OS SACRAMENTOS DA FÉ
1122. Cristo enviou os Apóstolos para que, «em seu nome, pregassem a to-
das as nações a conversão para o perdão dos pecados (Lc 24, 47). “Fazei dis-
cípulos de todas as nações, batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito 
Santo” (Mt 28, 19). A missão de batizar, portanto a missão sacramental, está 
implicada na missão de evangelizar; porque o sacramento é preparado pela 
Palavra de Deus e pela fé, que é assentimento à dita Palavra: O povo de Deus 
é reunido, antes de mais, pela Palavra de Deus vivo. A pregação da Palavra é 
necessária para o próprio ministério dos sacramentos, enquanto são sacra-
mentos da fé, que nasce e se alimenta da Palavra.
1123. Os sacramentos estão ordenados à santificação dos homens, à edifi-
cação do corpo de Cristo e, por fim, a prestar culto a Deus; como sinais, têm 
também a função de instruir. Não só supõem a fé, mas também a alimen-
tam, fortificam e exprimem por meio de palavras e coisas, razão pela qual se 
chamam sacramentos da fé.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1999, par. 1122 e 1123).
Como se pode perceber, Tomás revela que essa realidade do sinal sacramental 
é de grande ajuda para o homem que não consegue conhecer de forma plena a 
profundidade dos mistérios que trazem os atos sacramentais. Logo, por meio 
do sensível e visual, consegue-se chegar ao conhecimento do inteligível, e isso 
parece co-natural ao homem. Pois o sinal é um meio de chegar ao conhecimento 
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de outra coisa, por isso que as realidades sagradas significadas pelos sacramentos 
são dons e bens da esfera espiritual e inteligível por meio dos quais a humani-
dade é santificada e o que significa essa santificação é por excelência a realidade 
sensível e palpável que são os sacramentos.
Quanto ao que se chama atualmente de matéria e forma, ou seja, matéria e fór-
mula, ou oração, ou vocalização por meio das palavras no ato sacramental, Tomás 
de Aquino explica sobre a necessidade de atribuir ao gesto do sacramento palavras 
ditas, para que esteja ainda mais significado e evidente. O doutor angélico afirma ser 
importante e até fundamental que a palavra esteja unida ao sinal como parte desse 
mesmo sinal. Pois assim diz: os sacramentos empregam determinados sinais para 
significar a santificação do homem. A partir daí, podem-se fazer três considerações 
mostrando, cada vez, a conveniência de acrescentar palavras às realidades sensíveis.
O Aquinate cita três quesitos importantes que são a realidade da encarnação e, 
por isso também, realidade dos sacramentos. Primeiramente Tomás entende que o 
sacramento é santificante e está intimamente ligado à encarnação do Verbo, evento 
este que tem em si a junção da palavra e da realidade sensível. Deus se fez carne, o que 
era antes profecia e anúncio, mas fundamentalmente “Palavra” agora, com a encar-
nação divina, já é realidade sensível visual e palpável. Posteriormente Tomás afirma:
em segundo lugar, sob o ponto de vista do homem que é santificado pe-
los sacramentos. O remédio sacramental é adequado ao homem com-
posto de alma e corpo: pela realidade visível atinge o corpo, pela pala-
vra é crido pela alma. Por isso a respeito daquele texto do Evangelho de 
João “vós já estais purificados pela palavra...”, Agostinho escreve: “De 
onde vem tanto poder para a água a ponto de, tocando o corpo, purifi-
car o coração? A Não ser pela palavra que age não por ser pronunciada, 
mas porque nela se crê? (AQUINO, 2002, p. 20).
E em continuidade ao raciocínio dos três aspectos, evidenciando o terceiro, 
Tomás afirma, utilizando argumentos de Agostinho que para os homens as pala-
vras têm a primazia entre todos os sinais. Nas palavras, o homem pode verbalizar 
ou expressar, ainda que não plenamente, os pensamentos, sentimentos e con-
cepções que lhe passam na mente. Sendo assim, o gesto é mais completo com a 
Palavra; a água por ser líquida pode significar lavar, por ser fresca pode signifi-
car a refrescar, mas quando se diz: “Eu te batizo” fica evidente que se usa a água 
no batismo para significar purificação espiritual.
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Ademais nos sacramentos são necessárias palavras certas que sejam verda-
deiros sinais do rito sacramental. Para que isso se evidencie na execução válida e 
eficaz do sacramento, Tomás ensina que, nos sacramentos, as palavras assumem 
um papel semelhante ao da forma, enquanto as realidades sensíveis exercem a 
função da matéria. Sendo assim, para que algo exista de forma correta, o princi-
pal requisito é uma forma determinada e não uma matéria determinada; esta se 
requer por sua vez, para que seja proporcionada à forma determinada. Logo se 
requer uma forma específica para que o ato sacramental aconteça. A esse respeito, 
a Igreja, na sua teologia, afirma que o Salvador pronuncia as palavras consecra-
tórias sobre o pão e o vinho, e, a partir de então, tais palavras, repetidas por um 
sacerdote em qualquer lugar e tempo da história com a devida intenção con-
sagram o pão e o vinho como se o próprio Cristo as pronunciasse novamente.
Tendo clareza sobre a constituição dos sacramentos, e que estes necessitam 
de matéria e forma, é conveniente, agora, estudar sobre o número dos sacramen-
tos. No período anterior a Tomás de Aquino, falava-se muito em sacramentos 
diversos, quase tudo que se ligava à esfera do sagrado era interpretadocomo 
sacramento. No entanto, falava-se de um único sacramento ou de um número 
pequeno de atos sacramentais, sugerindo apenas dois ou três. A partir de Pedro 
Lombardo em suas sentenças, Tomás de Aquino em seus estudos e o Concílio de 
Trento em seu depósito entende-se que os sacramentos são limitados e específi-
cos. Segundo os escritos de Paulo Apóstolo, na carta aos Hebreus, manifesta-se 
ser necessário somente um sacramento. Pois “por uma única oblação levou para 
sempre à perfeição os que santificou. Logo, não deve haver senão um único sacra-
mento” (AQUIINO, 2002, p. 86).
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Os sacramentos da Igreja têm duas finalidades. O primeiro consiste em aper-
feiçoar o homem no que concerne ao culto divino, de acordo com a religião da 
vida cristã. O segundo, por sua vez, quer apresentar um remédio contra a rebe-
lião do pecado. Tendo em vista essa realidade se explica a razão do número dos 
sacramentos serem sete, como vê-se na citação:
o batismo se dirige contra a falta de vida espiritual; a confirmação con-
tra a fraqueza de alma que se encontra nos recém-nascidos; a eucaris-
tia contra a fragilidade da alma diante do pecado; a penitência contra 
o pecado atual cometido depois do batismo; a extrema unção contra 
as seqüelas do pecado não suficientemente tiradas pela penitência ou 
provenientes de negligência ou ignorância; a ordem contra a desorga-
nização da multidão; o matrimônio contra a concupiscência pessoal 
e contra o desaparecimento da humanidade que acontece pela morte 
(AQUINO, 2002, p. 88).
1131. Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e 
confiados à Igreja, pelos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visí-
veis, com os quais são celebrados os sacramentos, significam e realizam as 
graças próprias de cada sacramento. Eles dão fruto naqueles que os rece-
bem com as disposições requeridas.
1132. A Igreja celebra os sacramentos enquanto comunidade sacerdotal es-
truturada pelo sacerdócio baptismal e pelo dos ministros ordenados.
1133. O Espírito Santo prepara para os sacramentos pela Palavra de Deus e 
pela fé, que acolhe a Palavra nos corações bem dispostos. Então, os sacra-
mentos fortificam e exprimem a fé.
1134. O fruto da vida sacramental é, ao mesmo tempo, pessoal e eclesial. Por 
um lado, este fruto é, para todo o fiel, viver para Deus em Cristo Jesus; por 
outro, é para a Igreja crescimento na caridade e na sua missão de testemunho.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica, números (1999, par. 1131-1134).
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CARÁTER SACRAMENTAL
Ao estudarmos sacramentos precisamos entender: o que realmente significa 
imprimir caráter? Tal reflexão se faz importante para que se evidencie quais 
são as características da impressão de caráter na alma dos fiéis que recebem os 
sacramentos. Sendo assim, São Tomás concebe que o caráter consiste em confi-
gurar algo a outrem. É dar uma capacidade a alguém que antes não o possuía e 
agora por comunicação e graça lhe foi concedido. Dessa forma, compreende-se 
que, por exemplo, alguém fora levado às águas do batismo e nesse sacramento 
tenha sido iniciado na fé. 
Os sacramentos, além da sua essência simbólica também carregam em si uma 
grande significância no que diz respeito ao efeito de si mesmo, ou seja, além do 
dever de sinalizarem algo positivo que vem do sagrado, eles também têm de 
conferir algo valioso; no caso dos sacramentos, como já visto anteriormente, a 
graça de Cristo. E seguindo esse pensamento, Tomás de Aquino reflete sobre os 
sacramentos que imprimem caráter na alma daqueles que os recebem, mas isso 
veremos no próximo item.
A palavra grega mysterion foi traduzida em latim por dois termos: mysterium 
e sacramentum. Na segunda interpretação, o termo sacramentum exprime 
prevalentemente o sinal visível da realidade oculta da salvação, indicada pelo 
termo mysterium. Neste sentido, o próprio Cristo é o mistério da salvação.
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IIIU N I D A D E84
O batismo conferiu-lhe um 
caráter, ou seja, uma configura-
ção a Cristo, ou a identidade de 
cristão; a partir de agora, exige 
que o faça aos demais que ainda não 
receberam tal sacramento; levar os 
outros a conhecerem a Cristo, princi-
palmente pelos sacramentos da fé. Essa 
tarefa comporta o caráter impresso no 
ato sacramental, que convida o receptor a 
desenvolver uma atividade com o múnus de 
graça que lhe foi conferido. Tomás ainda define um modo específico dos sacra-
mentos imprimirem caráter ou potência espiritual a serviço da vida do homem 
e da Igreja; a esse respeito explica:
os sacramentos da Nova Lei imprimem caráter enquanto nos incum-
bem do culto a Deus segundo o rito da religião cristã. Por isso Dio-
nísio, depois de dizer que Deus, por um sinal, confere ao batizado 
participação em sua natureza, acrescenta: “fazendo-o divino e comu-
nicador de realidades divinas”. Ora, o culto divino consiste em receber 
o que é divino ou em transmitir aos outros. Para ambas as ações re-
quer-se uma potência: para transmitir aos outros, uma potência ativa; 
para receber, uma potência passiva. Portanto, o caráter comporta certa 
potência espiritual que visa a tudo quanto diz respeito ao culto divino 
(AQUINO, 2002, p. 56).
Ademais, é certo afirmar que os sacramentos marcam de alguma forma aqueles 
que foram seus receptores como gesto de identificação com Cristo e sua Igreja. 
Quem é encarregado de alguma tarefa, costuma ser marcado por um sinal apro-
priado, como nos tempos antigos, os soldados pertencentes a uma milícia eram 
marcados com tatuagens no corpo uma vez que eram incumbidos de uma tarefa 
corporal. Para tanto, nos sacramentos, os homens também são incumbidos de 
um serviço espiritual no culto a Deus, logo, os sacramentos marcam os fiéis com 
um certo caráter espiritual e completando a argumentação sobre a profundidade 
do caráter impresso no receptor dos sacramentos.
O caráter sacramental para Tomás de Aquino, além de se dar de forma pro-
funda, na alma dos fiéis, também tem a característica de permanecer indelével 
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Todavia Tomás compreende que não são todos os sacramentos que imprimem 
caráter. Sendo o caráter uma função exercida como potência espiritual em favor 
do culto, entende-se, dessa maneira, na teologia do Aquinate, que são apenas três 
os sacramentos que imprimem caráter na alma do fiel, sendo eles: batismo, con-
firmação e ordem. Outro detalhe que se apresenta de grande importância nesse 
tratado sobre o conceito de sacramento é o da autoria dele. Quanto a essa ques-
tão, Tomás de Aquino manifesta ser todo sacramento autoria própria de Deus, 
pois Ele é o único doador espiritual de toda e qualquer graça ao homem, todo 
sacramento vem de Deus, pois assim ensina:
os sacramentos atuam instrumentalmente na realização de efeitos espiri-
tuais. Ora, um instrumento obtém sua força do agente principal. No caso 
dos sacramentos há dois agentes: por um lado, quem institui o sacra-
mento; por outro, quem usa o sacramento instituído, aplicando-o para 
produzir o efeito. A força do sacramento não pode vir de quem usa o 
sacramento, pois atua meramente como ministro. Resta, pois, que venha 
de quem o institui. Provindo a força do sacramento somente de Deus, 
segue-se que só Deus institui sacramentos (AQUINO, 2002, p. 65).
como um sinal de que há no receptor um resultado positivo de bem e de graça 
como participação no sacerdócio de Cristo. Pois assim afirma:
O caráter sacramental é uma certa participação no sacerdócio de Cristoem seus fiéis. Significa que, como Cristo tem pleno poder do sacerdó-
cio espiritual, assim seus fiéis são configurados a ele pela participação 
em certo poder espiritual no que diz respeito aos sacramentos e ao que 
pertence ao culto divino (AQUINO, 2002, p. 62).
698. O selo é um símbolo próximo do da unção. Com efeito, foi a Cristo que 
“Deus marcou com o seu selo” (Jo 6, 27) e é nEle que o Pai nos marca também 
com o seu selo. Porque indica o efeito indelével da unção do Espírito Santo 
nos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem, a imagem do selo 
(sphragis) foi utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o carácter 
indelével, impresso por estes três sacramentos, que não podem ser repetidos. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1999, par. 698).
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IIIU N I D A D E86
Sendo assim, fica evidente que o Cristo, sendo Deus e homem, prefigura o sacra-
mento da salvação, fazendo nascer de seu lado aberto a graça sacramental que 
também gera a Igreja, seu corpo místico e atuante na doação dos sacramentos, 
que são de sua vontade serem dispensados às almas dos fiéis.
Quanto ao ministro dos sacramentos, o mesmo São Tomás demonstra não 
ser obrigatório o estado de perfeição moral, espiritual ou corporal para que o ato 
sacramental seja validamente conferido, pois os ministros da Igreja atuam nos 
sacramentos como instrumento. O instrumento, por sua vez, não atua segundo 
sua própria força ou forma, mas segundo a força e a forma daquele que o move. 
Sendo assim, é indiferente ao instrumento, nesse caso, o ministro ter essa ou 
Ademais, na teologia sacramental, compreende-se Cristo como figura sacramental. 
Sendo Deus, faz-se autor dos sacramentos e, sendo homem, ou seja, encarnado, 
torna-se a imagem mais própria de todo e qualquer sacramento, pois como já 
tratado é o Sacramento do Pai. Além disso, o próprio Tomás faz questão de res-
saltar a figura cristológica presente na característica do sacramento, quando diz 
que “os elementos necessários aos sacramentos foram instituídos pelo próprio 
Cristo que é Deus e homem” (AQUINO, 2002, p. 56). E, em conformidade com 
os elementos sacramentais que dão visão à existência da Igreja como sacramento 
de Cristo, completa: “pelos sacramentos que fluíram do lado de Cristo pendente 
da cruz se afirma ter sido criada a Igreja de Cristo” (AQUINO, 2002, p. 70). 
1121. Os três sacramentos do Baptismo, Confirmação e Ordem conferem, 
além da graça, um carácter sacramental ou selo, pelo qual o cristão partici-
pa no sacerdócio de Cristo e faz parte da Igreja segundo estados e funções 
diversas. Esta configuração a Cristo e à Igreja, realizada pelo Espírito, é in-
delével, fica para sempre no cristão como disposição positiva para a graça, 
como promessa e garantia da proteção divina e como vocação para o culto 
divino e para o serviço da Igreja. Por isso, estes sacramentos nunca podem 
ser repetidos.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1999, par. 1121).
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aquela forma ou força (AQUINO, 2002, p. 75). Porque assim como não importa 
que o corpo do médico esteja enfermo ou não para conferir com qualidade a 
cura, ou que os canos que levam a água sejam de prata ou chumbo para que 
eles de fato cheguem ao seu destino com eficácia, “assim os ministros da Igreja 
podem conferir os sacramentos, embora sejam maus”. (AQUINO, 2002, p. 75). 
Na discussão sobre a eficácia dos sacramentos, cabe a pergunta: no estado de 
inocência do homem, ou seja, antes do pecado, existia necessidade dos sacramen-
tos? Para dar fundamentação à doutrina dos sacramentos que vem se construindo 
até então, é preciso evidenciar a resposta de Tomás que ensina sobretudo a per-
feição que se dava no paraíso. Logo, se não faltava nada ao homem, não era 
necessário qualquer sacramento. Isso se compreende quando o aquinate lembra 
que “no estado de inocência os sacramentos não eram necessários, dada a reta 
ordem vigente naquela situação” (AQUINO, 2002, p. 35), pois segundo o estado 
de perfeição da criação até então conservado, não se fazia necessária nenhuma 
reparação a nenhum defeito, pois este não encontrava lugar na obra de Deus. 
Tomás ressalta que assim procedia no estado anterior ao pecado:
o superior dominava sobre o inferior e não dependia dele de forma 
alguma. Como a alma racional era submissa a Deus, as potencias in-
feriores da alma eram submissas à alma racional, e o corpo à alma. 
Seria contra essa ordem se a alma fosse aperfeiçoada, quanto ao co-
nhecimento ou quanto à graça, por algo corporal, como acontece nos 
sacramentos. Por isso, no estado de inocência o homem não precisava 
de sacramentos, não só enquanto destinados a ser remédio do pe-
cado, mas também enquanto visam à perfeição da alma (AQUINO, 
2002, p. 35).
Formando com Cristo-Cabeça como que uma única pessoa mística, a Igreja 
age nos sacramentos como comunidade sacerdotal: pelo Baptismo e pela 
Confirmação, o povo sacerdotal torna-se apto a celebrar a liturgia.
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IIIU N I D A D E88
E ainda cabe uma reflexão no que diz respeito ao sacramento do matrimônio, uma 
vez que Paulo Apóstolo afirma que tal sacramento fora instituído antes mesmo 
do pecado. Argumentando a respeito de tal paradoxo, refletido na área sacra-
mental, Tomás afirma que: “deve-se dizer que o matrimônio foi instituído no 
estado de inocência, não enquanto é sacramento, mas enquanto é obrigação da 
natureza. Contudo significava um mistério em relação a Cristo e à Igreja, como 
todas as figuras que precederam a Cristo” (AQUINO, 2002, p. 35).
Tendo percorrido tal itinerário reflexivo sobre a sacramentária, faz-se neces-
sário, agora, adentrar na temática sobre a causalidade da graça nos sacramentos 
e isto veremos no próximo item nessa unidade.
GRAÇA SACRAMENTAL
Neste último item da terceira unidade, será abordado 
em continuidade à reflexão sobre a causalidade 
da graça nos sacramentos a temática própria 
da graça. Até agora fora argumentado 
sobre os sacramentos, suas característi-
cas, elementos e causa. Ao adentrar na 
temática da graça, serão evidenciados 
quais são os seus elementos constituin-
tes, para que seja compreensível sua causalidade 
na sacramentária.
Ao se estudar a graça, abordaremos o assunto como 
um auxílio trazido por Deus ao homem, para fazê-lo que-
rer o que é bom e agir bem. Ou ainda, consideraremos que a graça é na alma um 
dom concedido por Deus, ela penetra nas faculdades da alma e a faz agir. Tomás 
de Aquino afirma ainda, como terceiro elemento, que por meio da graça, a cria-
tura se eleva até Deus; ao conceder a graça, Deus dá o Espírito Santo, ou seja, 
Graça Sacramental
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dá a si mesmo. Pois bem, como visto, a graça é um dom de Deus, e é Cristo que, 
possuindo a graça, doa-a às criaturas, pois o aquinate afirma:
é peculiar a Cristo ter a graça infinita, porque, conforme o testemunho 
de João Batista, “Deus não lhe dá o Espírito por medida”. Aos outros 
porém, é dado com medida, como se lê na Carta aos Efésios: “A cada 
um de nós é dada a graça de acordo com a medida da doação feita por 
Cristo” (AQUINO, 1977, p. 237).
Tal graça que Cristo possui pode ser dita infinita por três razões. Primeiramente 
considerando quem a recebe. Toda natureza criada é limitada e finita, porque 
mesmo que um dom seja infinito, ele não é recebido infinitamente. Há, por-
tanto, um limite de capacidade para cada criatura de acordo com sua espécie e 
natureza, embora não exista limite ou medida da parte de quem dá, mas ape-
nas da parte de quemrecebe, porque quem dá está pronto a sempre dar-Se todo. 
Exemplo de tal limitação é quando alguém vai com um vaso a um rio e encontra 
água disponível sem medida, embora a receba com medida, devido ao tamanho 
e capacidade limitada do vaso.
1966. A Lei nova é a graça do Espírito Santo, dada aos fiéis pela fé em Cristo. 
Opera pela caridade e serve-se do sermão do Senhor para nos ensinar o que 
se deve fazer, e dos sacramentos para nos comunicar a graça de o fazer:
Aquele que quiser meditar com piedade e perspicácia o sermão que nosso 
Senhor pronunciou na montanha, tal como o lemos no Evangelho de São Ma-
teus, nele encontrará, sem dúvida alguma, a carta perfeita da vida cristã [...]. 
Esse sermão encerra todos os preceitos próprios para guiar a vida cristã» (20).
1967. A Lei evangélica «cumpre» (21), apura, ultrapassa e leva à perfeição a 
Lei antiga. Nas «bem-aventuranças», ela cumpre as promessas divinas, ele-
vando-as e ordenando-as para o «Reino dos céus». Dirige-se àqueles que es-
tão dispostos a acolher com fé esta esperança nova: os pobres, os humildes, 
os aflitos, os corações puros, os perseguidos por causa de Cristo, traçando 
assim os surpreendentes caminhos do Reino.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1999, par. 1966 e 1967).
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Em segundo lugar, afirma-se que a graça que Cristo possui é infinita, porque 
Ele “recebeu totalmente tudo o que pode pertencer à natureza da graça, mas 
uns, de um modo; outros, de outro” (AQUINO, 1977, p. 238). Sendo assim, em 
Cristo, habita a graça de forma plena, uma vez que recebeu em grau máximo 
e supremo, conforme sua natureza divina. Por essência infinita, entende-se 
somente aquilo que possui toda a plenitude do ser, o que convém só a Deus, 
porque Deus é o próprio Ser. O terceiro lugar, por sua vez, na afirmação da 
graça de Cristo ser infinita, se considera a causa. É Cristo que causa a graça 
nas almas, desse modo, é evidente que é dEle que emana o dom da graça. Se 
ele é o princípio dessa emanação, não pode ser finita a graça que possui. Pois 
Tomás afirma:
a alma de Cristo possui a graça infinita e sem medidas, porque Cristo 
tem o Verbo unido a Si, o Verbo que é o princípio ineficiente e infinito 
de toda a emanação das criaturas. Também a graça singular da alma 
de Cristo é infinita; enquanto cabeça da Igreja é também infinita: do 
que tem, Ele transmite aos outros. [...] Assim sendo, a sua graça não 
é apenas suficiente para a salvação de alguns homens, mas, também, 
de todo o mundo, como está escrito: “Ele é a propiciação pelos nossos 
pecados, e não só pelos nossos, mas pelos de todo o mundo”. Pode-se 
até acrescentar: de muitos mundos, se é que existem outros (AQUINO, 
1977. p. 239).
A graça de Cristo, como visto aqui, manifesta-se como dom que tem o obje-
tivo de auxiliar na salvação das almas. Sendo Cristo o doador da graça, os fiéis 
que a recebem são beneficiados como participantes no processo de salvação. 
Pois, conforme foi dito, a graça de Cristo é suficiente para salvar a todos; por-
que é graça infinita e é transmitida aos que dela necessitam. Na questão do 
efeito da graça na alma do fiel, Tomás de Aquino (2002) afirma que a graça é 
como uma luz da alma. A luz acrescenta algo ao que é iluminado, sendo assim 
parece que a graça acrescenta algo à alma. Ademais o aquinate diz que de fato, 
a graça acrescenta algo àquele que a recebe: “primeiro, o dom gratuito; depois, 
o reconhecimento deste dom” (AQUINO, 2002. p. 886).
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Sobre o assunto graça, o Concílio de Trento afirmou que “por meio dos sacramen-
tos ou se inicia ou se aumenta ou se restabelece toda vida de graça” (BARTMANN, 
1962, p. 21). Categoricamente, como fruto da corrente teológica que aborda os 
sacramentos como causadores da graça, Trento define:
se alguém disser que os sacramentos não contêm a graça que signifi-
cam, ou que não conferem a graça a quem os recebe sem lhes impor 
obstáculo seja excomungado. [...] Se alguém disser que por meio dos 
sacramentos não se dá a graça sempre a todos, no tocante a parte de 
Deus, mesmo se os recebem dignamente, mas somente às vezes e a al-
guns seja excomungado (BARTMANN, 1962. p. 21). 
Tomás lembra que “os sacramentos não são causa da graça por efetuarem algo, mas 
porque Deus, quando usamos os sacramentos, produz a graça na alma” (AQUINO, 
2002, p. 41). A essa afirmação, a teologia tomista considera válida, uma vez que de 
fato é Deus quem age nos sacramentos. Ademais, argumenta o aquinate:
a causa principal da graça só pode ser Deus, porque a graça é uma se-
melhança participada da natureza divina, como diz a Carta de Pedro: 
“Foram-nos concedidos os bens do mais alto valor que nos tinham sido 
prometidos, para que, graças a eles, entrásseis em comunhão com a 
natureza divina”. [...] É deste modo que os sacramentos da Nova Lei 
causam a graça: por ordem de Deus são utilizados para causar a graça 
nos homens. Por isso Agostinho afirma: Tudo isso, a saber, o gesto sa-
cramental, realiza-se e passa, mas a força que atua por eles, por ser de 
Deus, permanece perenemente (AQUINO, 2002, p. 41).
2022. Na obra da graça, a iniciativa divina previne, prepara e suscita a livre 
resposta do homem. A graça corresponde às aspirações profundas da liber-
dade humana; chama-a a cooperar consigo e aperfeiçoa-a.
2023. A graça santificante é o dom gratuito que Deus nos faz da sua vida, 
infundida pelo Espírito Santo na alma para a curar do pecado e a santificar.
2024. A graça santificante torna-nos «agradáveis a Deus». Os carismas, gra-
ças especiais do Espírito Santo, estão ordenados à graça santificante e têm 
por finalidade o bem comum da Igreja. Deus também actua por meio de 
múltiplas graças actuais, distintas da graça habitual, permanente em nós.
 Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1999, par. 2022-2024).
ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA E SACRAMENTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E92
Chegamos ao final de mais uma unidade de estudos e é bom lembrar ainda que 
todo sacramento é Deus quem realiza na vida dos fiéis. Bons estudos e atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, abordou-se a espiritualidade litúrgica, sua relação, os sacramen-
tos, caráter e a causalidade da graça nos sacramentos. Para empreender essa 
reflexão, apresentou-se a relação da vida dos fiéis com a liturgia e de que forma 
a celebração da liturgia se transforma em espiritualidade. Ao falarmos de litur-
gia e vida, partimos para a reflexão dos sacramentos, ou seja, de que forma a 
liturgia sacramental muda a vida dos fiéis, pois, através dos sacramentos, Deus 
infunde no coração de todos uma graça santificante capaz de mudar a nossa vida.
Os sacramentos foram aqui apresentados como instrumentos que Deus utiliza 
para conceder a graça às almas. Sendo assim, mesmo na condição instrumental, 
os atos sacramentais comunicam, transmitem, enfim, causam a graça. É da von-
tade de Deus que os sacramentos sirvam para esse fim, a saber, causar a graça 
naqueles que os recebem, para que, configurados a Cristo, tenham também, atra-
vés de sua vida de fé, a salvação que esperam.
Não há para nós mérito diante de Deus, senão como consequência do Livre 
desígnio divino de associar o homem à obra da sua graça. O mérito perten-
ce, em primeiro lugar, à graça de Deus; em segundo lugar, à cooperação do 
homem. O mérito do homem reverte para Deus.
Considerações Finais
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A apresentação da teologia sacramentária nos seus diversos contextos his-
tóricos, como o Antigo Testamento e Novo Testamento, proporcionaram o 
conhecimento de quedesde a antiguidade testamentária existia um elemento 
de comunicação entre Deus e os homens. Destacamos, ainda, o próprio Cristo 
como elemento frontal dos sacramentos. Cristo é o sacramento do Pai, é a comu-
nicação por excelência do Pai, é a manifestação maior do amor do Pai. Sendo 
assim, Cristo é o sujeito da salvação, que, nos sacramentos, se dá a conhecer e 
experienciar. É de Cristo que nascem os sacramentos e é nEle que subsistem. 
Tomás manifesta a necessidade da encarnação de Cristo, o Verbo do Pai, para 
que a salvação acontecesse. Fora a forma mais bonita e eficaz que Deus encon-
trara para redimir o mundo do pecado original.
A encarnação é o sacramento primordial que Deus concedeu à humanidade. 
A Paixão, por sua vez, é o ato de complementação da encarnação, seguida da res-
surreição que plenifica a obra salvífica de Deus. Todos esses momentos da vida 
de Cristo compreendem em si um magnífico sacramento que dá origem a todos 
os outros. Em Cristo, habita a graça de forma plena; a graça é dada nos sacra-
mentos da fé pelo próprio Cristo que se ofereceu uma vez como comunicação e 
sacrifício, e continua se dando aos fiéis por meio da recepção dos sacramentos 
como instrumentos que causam sua graça.
94 
1. Ao celebrar a liturgia, a Igreja faz memória da salvação conferida ao ser huma-
no pelo Senhor. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa correta:
a) Quando falamos em memória bíblica, referimo-nos a apenas uma lembrança.
b) Quando a Igreja celebra a Liturgia, ela atualiza a salvação conferida por Nos-
so Senhor.
c) A liturgia é apenas um rito.
d) A Igreja não celebra os mistérios de Cristo.
e) Liturgia e Memória não estão relacionados.
2. A Liturgia é o cume a que tende toda a atividade da Igreja e, ao mesmo tempo, 
a fonte de onde emana toda a força. Com base nos estudos sobre a ação litúr-
gica na Igreja, assinale a alternativa correta:
a) A Igreja celebra apenas um rito sem comprometimento com a vida.
b) A Liturgia é apenas o início da vida cristã.
c) A Liturgia é fim da vida da Cristã.
d) A liturgia está presente em toda a vida cristã de modo a iniciá-la e experien-
ciá-la, e o objetivo a ser alcançado pelos fiéis, pois é Cristo quem a realiza.
e) Nenhuma alternativa anterior está correta.
3. Com base nos estudos sobre sacramento estudados sobretudo no segundo 
item desta unidade, assinale a alternativa correta:
a) Os Sacramentos são sete (Batismo, Eucaristia, Confirmação, Penitência, Or-
dem, Matrimônio e Unção dos enfermos).
b) Os Sacramento são apenas dois (Batismo e Eucaristia).
c) Os Sacramento são cinco (Batismo, Eucaristia, Confirmação, Penitência e Ordem).
d) Apenas existe um sacramento, pois Cristo é o Sacramento.
e) Nenhuma alternativa anterior correta.
4. Agostinho afirma que o verdadeiro Sacramento é Jesus Cristo: “não há outro 
sacramento de Deus senão Cristo” (AGOSTINHO apud ALDAZÁBAL, 2013, p. 
331). Com base na frase acima, analise as afirmações a seguir:
I. Sacramentos são atos ou sinais visíveis do amor e ação de Deus em favor de 
toda a humanidade.
II. Os Sacramentos são puramente visíveis estabelecendo-se como ritos na 
Igreja.
95 
III. Todo sacramento tem sua eficácia advinda do Verbo Encarnado.
IV. Os Sacramentos São sinais do amor de Deus para com a humanidade.
V. Somente a Igreja realiza o Sacramento.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma alternativa anterior está correta.
5. O caráter sacramental para Tomás de Aquino, além de se dar de forma profun-
da, na alma dos fiéis, também tem a característica de permanecer indelével 
como um sinal de que há no receptor um resultado positivo de bem e de graça 
como participação no sacerdócio de Cristo. Com base no texto acima, assinale 
V para Verdadeiro e F para falso.
( ) Depois de receber um sacramento, nós podemos tirar ele de nosso ser.
( ) Uma vez que eu recebi um sacramento, eu o terei para sempre, e isto é 
caráter indelével.
( ) O Sacramento, imprimindo caráter, imprimi um sinal na minha vida, sinal 
do amor de Deus.
( ) Posso repetir o mesmo sacramento quantas vezes eu quiser.
( ) Apenas posso participar do sacerdócio de Cristo pelo sacramento.
 É correto:
a) F, V, V, F, V.
b) F, V, F, F, F.
c) V, F, V, V, F.
d) V, V, F, F, V.
e) F, F, V, F, V.
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6. É Cristo que causa a graça nas almas, desse modo, é evidente que é dEle é que 
emana o dom da graça. Se Ele é o princípio dessa emanação, não pode ser fini-
ta a graça que possui. De acordo com o texto, assinale a alternativa incorreta:
a) A graça de Cristo, como visto aqui, manifesta-se como dom que tem o obje-
tivo de auxiliar na salvação das almas.
b) Sendo Cristo o doador da graça, os fiéis que a recebem são beneficiados 
como participantes no processo de salvação.
c) A graça de Cristo é incapaz de salvar alguém, pois necessitamos dEle mes-
mo e não apenas sua graça.
d) A luz acrescenta algo ao que é iluminado, sendo assim parece que a graça 
acrescenta algo à alma.
e) Nenhuma alternativa anterior está incorreta.
97 
DEPARTAMENTO DAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS DO SUMO PONTÍFICE 
Quem celebra? (CIC n. 1136-1144)
O Catecismo da Igreja Católica (CIC), 
invocando a Constituição conciliar Sacro-
sanctum Concilium (cf. n. 8), ensina que 
“na Liturgia da terra participamos, sabo-
reando-a já, na Liturgia celeste celebrada 
na cidade santa de Jerusalém” (n. 1090). 
Retomando esta consciência puramente 
teológica, confirma depois que “os que 
agora a celebram para além dos sinais, estão 
já integrados na liturgia celeste, onde a cele-
bração é totalmente comunhão e festa” (n. 
1136). E acrescenta: “É nesta liturgia eterna 
que o Espírito e a Igreja nos fazem participar, 
quando celebramos o mistério da salvação 
nos sacramentos” (n. 1139).
A ação litúrgica então não termina na sua 
dimensão meramente histórica. Ela é, pelo 
contrário, uma degustação (cf. João Paulo 
II, Audiência Geral, 28.06.2000), um pálido 
reflexo da realidade (cf. Bento XVI, Homilia 
na celebração das Vésperas na Catedral de 
Notre-Dame em Paris, 12.09.2008), daquela 
que incessantemente se celebra no alto 
dos céus. A Liturgia eclesial, portanto, 
não constitui simplesmente uma imita-
ção mais ou menos fiel da Liturgia celeste, 
nem sequer uma celebração paralela ou 
alternativa. Pelo contrário, ela significa e 
representa uma concreta epifania sacra-
mental da Liturgia eterna.
Uma das imagens bíblicas que está na base 
de tudo isso é proposta pelo Livro do Apo-
calipse, que descreve um luminoso ícone 
de Liturgia celeste (cf. Ap 4-5; 6,9; 7,1-9; 
12; 14,1; 21; 22,1; e também CIC, nn. de 
1137- 1138).
É toda a criação que eleva a Deus um lou-
vor incessante. E é nessa Liturgia contínua 
do céu que a comunidade constituída pelo 
povo santo de Deus, reunida em fraternal 
alegria na assembléias litúrgica, mistica-
mente se associa nas celebrações eclesiais. 
Céu e terra se reunem numa sublime 
communio sanctorum.
Não é então difícil de entender a verdade de 
fé exposta pelo Catecismo quando ensina 
que a Liturgia é ação do “Cristo todo inteiro” 
(CIC n. 1136), ou seja da Cabeça inseparavel-
mente unida ao Seu Corpo Místico, que é a 
Igreja no seu conjunto: celeste, purgante, 
peregrinante.
A ação litúrgica que é realizada, além disso, 
não representa somente uma celebração 
dos membros de uma comunidade eclesial. 
É sempre a Igreja toda, aquela universal, 
que se envolve realmente. De fato, é na 
Liturgia que a descrição escultural da Igreja 
como “sacramento da unidade” se concre-
tiza no seu apogeu. Nela, de fato, a íntima 
unidade que vigora entre os fiéis se torna 
expressão viva, real e concreta.
Neste contexto, o CIC, no n. 1140, também 
fala da preferência que, no culto litúrgico, 
deve ser dada à celebração comunitária 
com relação àquela individual e quase 
privada. Isto se explica principalmente 
devido ao valor “epifânico” da liturgia: o 
rito comunitário, ou seja,não é um rito que 
“vale” mais, mas certamente é um rito que 
expressa melhor o caráter eclesial de toda 
celebração litúrgica.
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No mesmo número do Catecismo se espe-
cifica também que nem todos os ritos 
litúrgicos envolvem uma celebração comu-
nitária: isso vale particularmente para o 
Sacramento da Reconciliação (cuja cele-
bração – com exceção de casos muito 
excepcionais – tem que ser individual!), 
para a Unção dos enfermos, e para muitos 
Sacramentais. O Sacrifício eucarístico repre-
senta ao invés o máximo grau que pode 
expressar a celebração comunitária: é ofe-
recido de fato em nome de toda a Igreja, é 
o principal sinal da unidade, o maior vín-
culo da caridade.
Devemos ainda dizer que, também quando 
a ação litúrgica é realizada de acordo com a 
modalidade individual, nunca perde o seu 
caráter essencialmente eclesial, comunitá-
rio e público.
É necessário, então, que a participação na 
Ação Litúrgica seja “ativa”, ou seja, que o 
fiel individual não garanta somente uma 
presença exterior, mas também um envol-
vimento interior por meio de uma atenção 
consciente da mente e de uma predisposi-
ção do coração, que são, seja resposta do 
homem suscitada pela graça, seja frutuosa 
cooperação com ela.
A dimensão essencialmente comunitária, 
da ação litúrgica não exclui, porém, que 
coexista a dimensão hierárquica (ao con-
trário, o conceito mesmo de “Comunidade 
eclesial” requer e inclui aquele de “Hierar-
quia eclesial”). O Culto litúrgico, de fato, 
refletindo a natureza teândrica da Igreja, 
é ação de todo o povo santo de Deus, que 
é ordenado e age sob a orientação dos 
ministros sagrados. A menção explícita dos 
Bispos (cf. CIC, n. 1140) é um lembrete da 
centralidade constitutiva da figura episco-
pal, em torno da qual gira a vida litúrgica 
da Igreja local. Em palavras mais simples, 
embora a celebração seja de toda a Igreja, 
ela não pode acontecer sem os ministros 
sagrados. Particularmente vale para a Euca-
ristia, cuja celebração está reservada aos 
sacerdotes por direito divino.
Dentro da ação litúrgica, entendida como 
uma clara manifestação da unidade do 
Corpo da Igreja, em virtude do próprio 
Batismo, cada fiél faz a própria tarefa, de 
acordo com o seu estado de vida e da 
função que desenvolve dentro da comu-
nidade (cf. CIC, nn. 1142; 1144). Além dos 
ministros consagrados (bispos, presbíteros 
e diáconos), há também uma variedade 
de ministérios litúrgicos (sacristão, coroi-
nha, leitor, salmista, acólito, comentaristas, 
músicos, cantores, etc.) cuja tarefa está 
normatizada pela Igreja, ou determi-
nada e especificada pelo bispo diocesano 
segundo as tradições litúrgicas ou as neces-
sidades pastorais da Igreja particular à qual 
é preposto.
Fonte: Vatican ([2018], on-line)1.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Manual de Liturgia IV. A celebração do mistério pascal. 
Outras expressões celebrativas do mistério pascal e a 
liturgia da Igreja.
Conselho episcopal latino-americano CELAM 
Editora: Paulus
Sinopse: a publicação deste Manual de Liturgia é uma resposta, 
amadurecida ao longo de alguns anos, a um desejo repetidamente 
expresso pelo CELAM. É fruto do trabalho de um grupo de liturgistas 
latino-americanos que se dispôs a elaborar um guia de estudos 
litúrgicos com profundo espírito de fidelidade ao Magistério da Igreja, rigoroso sentido científico 
e sensibilidade pedagógica. Os diversos autores procuraram apresentar os temas de maneira 
a refletir nossa realidade eclesial e resgatar especialmente os ensinamentos expressos nas 
Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, buscando, dessa forma, 
exprimir as características e a índole das igrejas de nosso continente. O Manual em sua íntegra 
mostra-se construído a partir da dimensão celebrativa do Mistério Pascal, que se atualiza na vida 
do povo de Deus. O Mistério Pascal de Cristo é o centro da história da salvação e, por essa razão, é o 
objetivo principal da liturgia. Envolve toda a vida de Cristo, assim como a vida de todos os cristãos.
Site do Vaticano
Este site do Vaticano está fazendo um favor de refletir e aumentar nosso entendimento sobre 
liturgia. São reflexões a partir do Catecismo da Igreja do Departamento de celebrações litúrgicas 
do Summo Pontifice e estão muito bem feitas, vale a pena parar e ler alguns dos vários artigos 
que estão disponíveis.
Web: <http://www.vatican.va/news_services/liturgy/details/ns_liturgy_index-studi_po.html>
REFERÊNCIAS
ALDAZÁBAL, J. Vocabulário Básico de Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2013.
AQUINO, T. Compêndio de Teologia. Trad. Odilão Moura. Rio de Janeiro: Presença, 
1977.
_______. Suma Teológica. v. 9. Trad. Aldo Vannucchi. São Paulo: Loyola, 2002.
BARTMANN, B. Teologia Dogmática. Tradução: Vicente Pedroso. São Paulo: Pauli-
nas, 1962.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1999
CELAM - Conselho episcopal latino-americano. Manual de Liturgia IV. São Paulo: 
Paulus, 2007.
DOCUMENTOS DA IGREJA. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São 
Paulo: Paulus, 1997.
SÁNCHES, V. A Liturgia como fonte da espiritualidade cristã. In: Conselho episcopal 
latino-americano CELAM. Manual de Liturgia IV. São Paulo: Paulus, 2007.
SACROSSANCTUM Concilium. In: DOCUMENTOS DA IGREJA. Documentos do 
Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997. Disponível em: <http://
www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_
const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html>. Acesso: 11 jun. 2018.
Referência On-Line
1 Em: <http://www.vatican.va/news_services/liturgy/details/ns_lit_doc_20120321_
chi-celebra_po.html>. Acesso: 12 jun. 2018.
GABARITO
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
OS SACRAMENTOS DA 
INICIAÇÃO CRISTÃ 
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender como agem os sacramentos.
 ■ Conhecer a teologia do Batismo.
 ■ Entender a teologia da Confirmação.
 ■ Compreender a teologia da Eucaristia.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Como agem os sacramentos?
 ■ Batismo
 ■ Confirmação
 ■ Eucaristia
INTRODUÇÃO
O termo iniciação cristã significa, etimologicamente, introdução, do latim initia, 
que deriva de in-ter sendo compreendido como ingresso no caminho exprimindo 
portanto um fenômeno humano geral que obedece ao processo de adaptação 
que todo ser humano se vê obrigado a viver em relação com o ambiente no seu 
contexto.
O termo iniciação, no entanto, designa as celebrações ou ritos por meio dos 
quais se integra um grupo ou mesmo religião, como é o nosso caso.
A iniciação cristã tem como finalidade a entrada em um mistério, que propria-
mente dito é o mistério pascal de Cristo. Por meio da iniciação cristã, portanto, 
o cristão está integrado ao mistério de Cristo, que é no entanto a nossa salvação.
Na prática a iniciação cristã quer formar verdadeiros discípulos de Cristo, 
pois foi assim mesmo que o próprio Senhor agiu. Primeiramente Jesus formou, 
de forma lenta e gradual, seus discípulos. Houve um chamado, um aprendizado 
e um convívio. Houve etapas na missão, envio, aprofundamento.
O caminho da iniciação ficou evidente, a partir do século II, com a estrutu-
ração do catecumenato para promover a introdução dos novos convertidos na 
vida da Igreja. O objetivo era o aprofundamento da fé, como adesão pessoal a 
Jesus Cristo e a tudo que ele revela.
Assim temos que a iniciação cristã não é apenas uma doutrina, um ensino, 
um catecismo; é um verdadeiro encontro, uma experiência de vida que encanta, 
empolga, apaixona o ser humano, no amor a Deus e aos irmãos. Constitui-se, 
assim como o início de uma caminhada, um itinerário, com diversas etapas, atra-
vés das quais a pessoa adquiria maturidade, profundidade, transformação de 
sua vida, tornando-se um cristão adulto, um verdadeiro discípulo missionário.
É, portanto, o início de um caminho fecundo e processual que proporciona 
o encontro com Cristo e uma transformação pessoal, social e comunitária,aju-
dando a pessoa a ser um membro ativo da comunidade colaborando no anúncio 
do evangelho e na construção do Reino de Deus
Introdução
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COMO AGEM OS SACRAMENTOS?
Caros alunos, tivemos na terceira unidade uma introdução geral aos sacramen-
tos e assim já podemos afirmar que todo sacramento é um sinal, mas um sinal 
que não apenas assinala como, por exemplo, podemos citar uma placa à beira da 
estrada que sinaliza a direção que o condutor está seguindo, mas os sacramen-
tos são sinais que efetuam ou realizam exatamente tudo e em plenitude aquilo 
que ele assinala. Assim, a água do Batismo assinala purificação e a realiza; o pão 
da Eucaristia assinala alimentação e a efetua. Desta forma, os sacramentos estão 
em continuidade com a santíssima humanidade de Cristo, que assinalava e rea-
lizava a salvação dos homens e, por isto, é chamada o Sacramento Primordial. A 
Igreja, que cremos ser o Corpo prolongado de Cristo, e os sete sacramentos são o 
grande canal pelo qual a vida eterna do Pai flui até cada indivíduo em particular.
O Significado básico do radical latino Sacr designa a esfera do sagrado, 
religioso, sacrare significa: destinar algo ou alguém à esfera do sagrado, 
consagrar; sacramentum é tanto o ato de consagração como também o 
meio consagrador. No uso linguístico concreto da antiguidade latina, 
vocábulo tem colorido acentuadamente jurídico: são denominados sa-
OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E106
cramentum o juramento no processo civil, o juramento à bandeira no 
exército e a quantia de dinheiro que os partidos em litígio tinham que 
depositar como caução no processo. Em todos os três casos, o aspecto 
jurídico tem conotação religiosa: juramento e juramento à bandeira en-
tregam a pessoa ao juízo da divindade, a caução processual é destinada 
a um santuário no caso de uma derrota (SCHNEIDER, 2002, p. 178).
Pelo Espírito que a conduz «para a verdade total (Jo 16, 13), a Igreja reconheceu, 
a pouco e pouco, este tesouro recebido de Cristo e foi-lhe precisando a dispen-
sação, tal como o fez relativamente ao cânon das Sagradas Escrituras e à doutri-
na da fé, enquanto fiel despenseira dos mistérios de Deus. Assim, a Igreja discer-
niu, no decorrer dos séculos, que, entre as suas celebrações litúrgicas, há sete 
que são, no sentido próprio da palavra, sacramentos instituídos pelo Senhor.
Os sacramentos são da Igreja, no duplo sentido de que são por ela e para ela. 
São pela Igreja, porque ela é o sacramento da ação de Cristo que nela opera, 
graças à missão do Espírito Santo. E são para a Igreja, são estes sacramentos 
que fazem a Igreja, porque manifestam e comunicam aos homens, sobretudo 
na Eucaristia, o mistério da comunhão do Deus-Amor, um em três pessoas.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1117-1119).
Como agem os Sacramentos?
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Todos os sacramentos são formados por matéria e forma, assim como Jesus 
Cristo, o Verbo Encarnado, Fórmula é o Verbo de Deus e a matéria o corpo 
material de Jesus, nos sacramentos as matérias são: água, pão, Vinho, óleo, ges-
tos... e a forma são as palavras ditas na hora da realização dos sacramentos, que 
são proferidas sobre a matéria, explicitando o seu significado: “Isto é o meu 
corpo... meu sangue... Eu te batizo... “São sete os sacramentos: Batismo, Crisma, 
ou Confirmação, Eucaristia, Reconciliação, ou penitência, Unção dos Enfermos, 
Ordem e Matrimônio. Os sete sacramentos recobrem toda a vida terrestre de um 
ser humano, dando a cada uma das suas principais fases um sentido novo ou trans-
cendental: assim ao nascimento físico corresponde a regeneração sacramental ou 
Batismo; ao crescimento físico a Confirmação ou Crisma; à alimentação corpo-
ral, a Eucaristia; à medicina, a Penitência sacramental; à escolha de um estado de 
vida, a ordem e o Matrimônio; à consumação terrestre, a Unção dos Enfermos.
O ser humano foi criado para a comunhão com Deus. Em última análi-
se, toda a história de Deus com os humanos serve ao encontro que leva 
para dentro dessa comunhão, ou melhor, esta é concedida por meio 
dele. Em consonância, a teologia toda, não por último a teologia dos 
sacramentos, gira em torno deste único tema: porventura acontecerá 
o encontro entre Deus e ser humano? Não se deve apequenar o caráter 
abissal da pergunta, porque ela deve ser mais precisamente enunciada 
um ao outro? Como, afinal o ser humano se apercebe do Deus invisí-
vel? E por que o ser humano não perece quando esta diante do Deus 
infinito e infinitamente santo? Como, pois, é mediado o relacionamen-
to entre deus e ser humano? (FABER, 2008, p. 27).
Os sacramentos agem ex opere operato, isto é, em virtude do próprio rito. Em 
última análise, Cristo quem ministra todo e qualquer sacramento, pois é o único 
sacerdote do Novo Testamento; todos os sacerdotes ordenados participam do 
único sacerdócio de Cristo e são apenas a mão estendida do Senhor, desde que 
hajam sido validamente ordenados e, ao administrar os sacramentos, tenham a 
intenção de fazer o que Cristo fez. Por conseguinte, desde que o sacerdote genui-
namente habilitado diga “Eu te absolvo dos teus pecados”, “Isto é meu corpo”, é 
Cristo quem o diz; a ação é eficaz e a graça é oferecida aos homens, independen-
temente da santidade do ministro humano assumido por Cristo.
A convicção de que a eficiência do sacramento não depende da fé pes-
soal do ministrante ou do recebedor, mas se fundamenta no agir de 
Deus, é expressa na escolástica com a fórmula que diz que os sacra-
mentos são eficiente ex opere operato, por força daquele que executa o 
sacramento (SCHNEIDER, 2002, p. 183).
Todo sacramento produz duplo efeito: o caráter e a graça santificante. O cará-
ter (do grego charaktér, marca, selo) é o sinal espiritual impresso na alma do 
cristão pelos três sacramentos que não podem ser repetidos: Batismo, Crisma e 
Ordem. Significa a pertença a Cristo e é independente das disposições morais 
de quem recebe o sacramento. Sto. Agostinho o compara à marca impressa nas 
ovelhas ou nos soldados para designar a sua incorporação a tal rebanho ou a 
tal exército; esse sinal era indelével. Permanecendo no sujeito mesmo quando 
perdesse a fidelidade ou desertasse; assim também o cristão é marcado intima-
mente pelo Cristo de modo inapagável. Os demais sacramentos imprimem um 
quase-caráter, isto é, um efeito objetivo independente da fidelidade do sujeito a 
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Cristo. Assim, por exemplo, duas pessoas que se casam. Canonicamente habili-
tadas, mas em pecado mortal, não recebem a graça santificante, mas contraem 
o vínculo conjugal (= quase -caráter).
O caráter sacramental faz o cristão participar do sacerdócio de Cristo e tor-
na-o apto a celebrar o Culto divino; por isto se diz que, mediante o Batismo e a 
Crisma, os fiéis recebem o sacerdócio comum a todos os cristãos. A doutrina de 
caráter tem seus fundamentos bíblicos em 2Cor 1, 21s; Ef 1, 13; 4, 30.
Os sacramentos da nova Lei foram instituídos por Cristo e são em núme-
ro de sete, a saber: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a 
Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimónio. Os sete sacramentos tocam 
todas as etapas e momentos importantes da vida do cristão: outorgam nas-
cimento e crescimento, cura e missão à vida de fé dos cristãos. Há aqui uma 
certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual.
Seguindo esta analogia, exporemos primeiro os três sacramentos da inicia-
ção cristã, depois os sacramentos de cura e finalmente os que estão ao ser-
viço dacomunhão e da missão dos fiéis. Esta ordem não é, certamente, a 
única possível, mas permite ver que os sacramentos formam um organismo, 
no qual cada sacramento particular tem o seu lugar vital. Neste organismo, a 
Eucaristia ocupa um lugar único, como sacramento dos sacramentos: todos 
os outros sacramentos estão ordenados para este, como para o seu fim. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1210-1211).
A graça santificante comunicada pelos sacramentos é sempre “participação da 
natureza divina” (2Pd 1, 4), que pode não ser outorgada se o sujeito lhe põe óblice 
(se alguém comunga em pecado mortal, por exemplo, recebe o verdadeiro corpo 
de Cristo, mas não a graça santificante) ou é outorgada em grau exíguo se o sujeito 
recebe o sacramento com tibieza. Por isto, a plena frutuosidade dos sacramentos 
requer também o opus operantis ou o esforço de conversão do sujeito.
Há sacramentos que não supõem o estado de graça no sujeito que os recebe, 
porque comunicam o que se chama “graça primeira” ou a justificação; tais são o 
Como agem os Sacramentos?
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Batismo e a penitência (exigem, o desejo de conversão na medida em que este 
seja possível ao sujeito); são os sacramentos dos mortos” (espirituais). Os outros 
sacramentos supõem o estado de graça (exceto, em casos de inconsciência psico-
lógica, a Unção dos Enfermos). E por isto são chamados “sacramentos dos vivos”.
 função do sacramento é tornar possível que haja um contato entre os fiéis e 
Jesus uma vez que Ele não pode retornar sob a sua forma humana.”
(Pe. Fábio de Melo)
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IVU N I D A D E110
BATISMO
Adentramos nesse momento nos três sacramentos da iniciação cristã que são 
objetivamente o batismo, a Eucaristia e a Confirmação.
O Batismo é o sacramento de entrada no plano da graça. Foi instituído por 
Cristo quando Ele mesmo quis ser batizado no Jordão (Mc 1,9s), dando vigor 
sobrenatural à água, e promulgado pelo mesmo Senhor quando enviou seus dis-
cípulos a pregar e batizar (cf. Mt 28, 18-20; Mc 16, 5).
O nome Batismo vem do grego baptizein, mergulhar. Antigamente era admi-
nistrado por imersão dentro de um rio ou piscina, significando a participação na 
morte e ressurreição de Cristo. É o que São Paulo explica enfaticamente em Rm 
6, 2-10; Cl 2, 11-13. O cristão morre sacramentalmente para o pecado; o “velho 
homem” é imerso ou sepultado com Cristo, e recebe um princípio de vida nova 
ou de filho de Deus.
De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como vi-
veremos ainda nele? Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados 
em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para 
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, 
assim andemos nós também em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua 
morte, também o seremos na da sua ressurreição;
Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para 
que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao 
pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele vivere-
mos; Sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já 
não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele.
Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, 
quanto a viver, vive para Deus (BÍBLIA, Rm 6, 2-10).
Este gesto ritual deve ser reafirmado pelo cristão durante toda a sua existência 
mediante uma conduta de vida isenta de pecado e totalmente pautada pela lei 
de Deus. Por isto se diz o cristão vive o seu Batismo em todo o decurso de sua 
peregrinação terrestre; o Batismo só estará consumado quando o gérmen de vida 
nova transfigurar o próprio corpo do cristão, configurando-o plenamente ao 
corpo de Cristo ressuscitado. Diariamente cada renúncia ao pecado é um passo 
adiante na morte ao velho homem, e cada ato de virtude é um fortalecimento 
da nova criatura iniciada no rito batismal.
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Evidentemente os primeiros discípulos não eram batizados no nome 
de Jesus. Segundo o testemunho de Atos (At 2, 38-41), porém, eles as-
sociam, desde o início, isto é, desde o envio do Espírito no Pentecostes, 
o anúncio do Jesus ressurgido ao batismo em seu nome. Esse testemu-
nho é confirmado pelas primeiras epístolas paulinas: já na Epístola aos 
gálatas (3, 27) e na Primeira Epístola aos Coríntios, Paulo parte natu-
ralmente da prática batismal. ‘Em um só Espírito todos nós fomos ba-
tizados em um só corpo’, escreve Paulo, incluindo a si mesmo, em Cor 
12, 13, e com isso confirma igualmente o relato de At 9, 18. Formação 
de comunidade e batismo são inseparáveis; sobre isso não se discute. 
Como chegaram os discípulos a essa prática? A ponte histórica não é 
simplesmente uma missão recebida do Jesus Terreno, e, sim, o exemplo 
de sua vida missionária, iniciada com o batismo por João (SCHNEI-
DER, 2002, p. 209).
Atualmente, por razões práticas, o Batismo é administrado mais frequentemente 
por infusão (ou derramamento) da água do que por imersão. Tal prática não 
afeta a validade do rito, pois não é a quantidade de água que importa. Pode-se 
crer que já os Apóstolos praticaram a infusão: assim no dia de Pentecostes em 
favor de três mil convertidos (At 2, 41); na prisão de Filipos (At 16, 33); na casa 
do centurião Cornélio (At 10, 47).
Chama-se Batismo, por causa do rito central com que se realiza: batizar (bap-
tizeis, em grego) significa mergulhar, imergir. A imersão na água simboliza a 
sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela ressurreição 
com Ele como nova criatura (2 Cor 5, 17; Gl 6, 15).
Este sacramento é também chamado banho da regeneração e da renovação 
no Espírito Santo (Tt 3, 5), porque significa e realiza aquele nascimento da 
água e do Espírito, sem o qual ninguém pode entrar no Reino de Deus (Jo 
3, 5).
Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este en-
sinamento catequético ficam com o espírito iluminado. Tendo recebido no 
Baptismo o Verbo, luz verdadeira que ilumina todo o homem (Jo 1, 9), o ba-
tizado, depois de ter sido iluminado, tornou-se filho da luz e ele próprio luz. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1214-1216).
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IVU N I D A D E112
No fim do século I, ritual intitulado “Didaquê” atesta que, em caso de necessi-
dade, o batismo podia ser validamente administrado também por infusão (c. 7). 
Os doentes ou “clínicos” só podiam ser batizados por infusão ou aspersão, rito 
estes que S. Cipriano, bispo de Cartago (+258), declarava válidos.
Todavia alguém poderia obter que o verbo baptizein, significa mergu-
lhar. A propósitos notamos que na linguagem grega posterior, principalmente 
na do Novo Testamento (assim como na tradução do Antigo Testamento dita 
“dos LXX”), baptizein tem o sentido de lavar, purificar, às vezes mesmo em sen-
tido figurado. Assim é que Jesus designa a infusão do Espírito Santo sobre os 
Apóstolos como um batismo (cf. At 1, 5); também apresenta sua Paixão como 
um batismo (cf. Lc 12, 50). Donde se vê que a etimologia de baptizein não obriga 
a praticar a imersão.
O Batismo é sacramento necessário à salvação, como ensina o Senhor em Jo 
3, 5 e Mc 16, 16, pois a Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar o Batismo 
mesmo às crianças. No século II, Santo Irineu (+202) atestava o Batismo das 
crianças como prática da Igreja. A própria Escritura insinua o Batismo das crian-
ças, quando diz queuma família inteira foi batizada: Lídia com todos os seus (At 
16, 15); o carcereiro de Filipos e de toda a sua casa (At 13, 33); Crispo e toda a 
sua família (At 18, 8): Estéfanas e todos os seus (1Cor 1, 16).
Cabe notar que a nova vida escatólogica não está vinculada ao ba-
tismo pelo simples fato de que Deus não pretendia conceder a todas 
as pessoas a salvação já no aqui e agora e condicionasse arbitraria-
mente a uma ação concreta. Pelo contrário, deve-se levar a sério que 
ele franqueia aos humanos a salvação pela comunhão consigo mes-
mo. Contudo, a comunhão vive de relacionamentos que brotam de 
um encontro dialogal, o batismo é evento de salvação porque nele 
pessoas crentes se abrem para a atuação de Deus. Entretanto, Deus 
não permanece passivo diante dessa prontidão para a resposta de 
fé, mas pode conceder em vista dela o que desde sempre planejava 
conceder. Por isso abre-se para os batizados o caminho para ter já 
aqui e agora a comunhão com aquele no qual somos representados 
com vida em abundância: Jesus Cristo. Na verdade, nenhuma vida 
humana é sem Deus, e para a vida de cada ser humano vale o ‘por 
nós’ da auto-entrega de Jesus Cristo. Seu objetivo, porém, é ‘estar 
em Cristo’ e ‘estar com Cristo’, ou seja, concretizar a comunhão. O 
batismo constitui o evento concreto corpóreo dessa concretização 
(FABER, 2008, p. 127).
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A razão deste uso é que o Batismo não é simplesmente a matrícula da criança 
em determinada associação humana, mas é regeneração ou comunicação da vida 
divina, que não depende do grau de consciência da criancinha. Ora, assim como 
os pais têm a obrigação de dar aos filhos alimentação, higiene, educação..., têm 
também o dever de levar os filhos a renascer da água e do Espírito; este dom ainda 
é mais importante do que os anteriores. Os pais não podem consultar as crianças 
a respeito do tipo de educação que lhes devem dar, mas escolhem o melhor que 
possam dar, e assumem a responsabilidade do que fazem. Se um dia o cristão 
batizado quiser rejeitar a educação recebida ou o seu Batismo, ele o fará, mas isto 
não isenta os pais de zelar pelo bem de suas crianças enquanto são dependentes.
Desde o dia de Pentecostes que a Igreja vem celebrando e administrando o 
santo Batismo. Com efeito, São Pedro declara à multidão, abalada pela sua 
pregação: convertei-vos e peça cada um de vós o Batismo em nome de Je-
sus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom 
do Espírito Santo (At 2, 38). Os Apóstolos e os seus colaboradores oferecem 
o Baptismo a quem quer que acredite em Jesus: judeus, pessoas tementes 
a Deus, pagãos. O Baptismo aparece sempre ligado à fé: acredita no Senhor 
Jesus e serás salvo juntamente com a tua família, declara São Paulo ao seu 
carcereiro em Filipos. E a narrativa continua: o carcereiro logo recebeu o 
Baptismo, juntamente com todos os seus (At 16, 31-33).
Segundo o apóstolo São Paulo, pelo Batismo o crente comunga na morte de 
Cristo; é sepultado e ressuscita com Ele: Todos nós, que fomos batizados em 
Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte. Fomos sepultados com Ele pelo 
baptismo na morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, 
pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova» (Rm 6, 3-4) (26). 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1226-1227).
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O Batismo é o sacramento da fé (cf. Mc 16, 15; At 8, 37; 16, 30-33; Cl 2, 2...,); mas 
as crianças inocentes não podem ter fé. Entretanto, a fé, no caso, é mera disposi-
ção, cuja ausência não impede a ação purificadora e santificante do sacramento; 
este, portanto, pode ser conferido a sujeitos incapazes de conceber a fé. Contudo, 
nesse sentido temos as afirmações de Sto. Agostinho (+ 430) e S. Tomás (+ 1274) 
que lembram que a fé da Igreja, no caso, supre a fé dos pequeninos; estes são 
batizados por extensão da fé da Igreja. Quando a criança atinge a idade da razão, 
dá-se-lhe a instrução religiosa a fim de que professe devidamente o Credo; a 
Igreja insiste fortemente na catequese dos adolescentes batizados, a fim de que 
o rito do Batismo possa ser realmente vivido pelos cristãos. 
Na discussão mais recente sobre a legitimidade do batismo de crianças 
levantou-se a pergunta se o NT também conhece o batismo de crianças 
que ainda não respondem por si mesmas. Depois de uma longa con-
trovérsia sobre o assunto, evidenciou-se que não é possível dar uma 
resposta garantida historicamente [...] argumentos bíblicos a favor ou 
contra o batismo de crianças não podem ser conseguidos a partir da 
questão de facticidade histórica, mas antes a partir de pontos de vista 
sistemáticos, como, por exemplo, as definições bíblicas da relação de fé 
e batismo (SCHNEIDER, 2002, p. 211).
O Batismo de crianças cujos pais não vivem de acordo com as leis da Igreja, não 
deve ser recusado sem mais. A criança não há de ser punida por causa do tipo 
de vida de seus genitores. O que importa à Igreja para batizar a criança não é a 
conduta moral do casal, mas a probabilidade de instrução religiosa da criança, 
assegurada pelos padrinhos (cujas responsabilidades são enormes) ou pela comu-
nidade eclesial, não há porque rejeitar o Batismo de tal criança.
Sou o filho de Deus, sou a herança do Senhor, sou o presente mais valioso 
que a meus pais Deus enviou.
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CONFIRMAÇÃO
A confirmação ou Crisma está intimamente associada ao Batismo como o segundo 
sacramento da iniciação cristã. O seu rito consiste em imposição das mãos e unção 
com óleo (Crisma) na fronte, enquanto se pronunciam as palavras: “recebe, por 
este sinal, o dom do Espírito Santo”.
Na Sagrada Escritura, lê-se que os Apóstolos impunham as mãos aos fiéis 
batizados e estes recebiam o Espírito Santo; cf. At 8, 14-17; At 8, 14-17; At 19, 
1-6; a Epístola aos Hebreus parece aludir a este costume (6, 1s). São Paulo, refe-
rindo-se à iniciação cristã, fala do selo do Espírito: cf., 2Cor 1, 21s; Ef 1, 13; 4, 30.
Na Igreja dos três primeiros séculos, a unção com imposição das mãos e invo-
cação do Espírito Santo era praticada logo após o Batismo, de modo que não se 
distingue propriamente do rito Batismal. Somente nos escritos de doutores do séc. 
IV: São Cirilo de Jerusalém, + 387, e Santo Ambrósio, + 397, nestes aparece nítida 
a diferença entre a Crisma e o Batismo. No decorrer da história, foi acentuada ora 
a unção, ora a imposição das mãos como elemento característico deste sacramento.
Nos primeiros séculos, a Confirmação constitui geralmente uma única cele-
bração com o Batismo, formando com ele, segundo a expressão de São Ci-
priano, um sacramento duplo. Entre outras razões, a multiplicação dos bap-
tismos de crianças, e isto em qualquer tempo do ano, e a multiplicação das 
paróquias (rurais), ampliando as dioceses, deixaram de permitir a presença 
do bispo em todas as celebrações batismais. No Ocidente, porque se dese-
java reservar ao bispo o completar do Batismo, instaurou-se a separação, 
no tempo, dos dois sacramentos. O Oriente conservou unidos os dois sacra-
mentos, de tal modo que a Confirmação é dada pelo sacerdote que batiza. 
Este, no entanto, só o pode fazer com o myron consagrado por um bispo.
Um costume da Igreja de Roma facilitou a expansão da prática ocidental, gra-
ças a uma dupla unção com o santo crisma, depois do batismo: a unção já feita 
pelo sacerdote ao neófito ao sair do banho baptismal é completada por uma 
segunda unção, feita pelo bispo na fronte de cada um dos novos batizados. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1290-1291).
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O sentido da Crisma há de ser depreendido da sua 
matéria típica, que é o óleo. Antigamente, antes das com-
petições esportivas, os atletas eram ungidos, afim de obter 
mais agilidade física e êxito na luta. Ora o cristão também é 
ungido para que possa assumir, com fortaleza de ânimo, 
a peleja do testemunho (martyrion, em grego) da fé 
dentro de um mundo que tenta seduzi-lo para o 
mal. A Crisma é, pois, uma confirmação do 
Batismo; supõe o cristão chegando à idade 
da maturidade e devidamente instruído 
a respeito dos deveres que lhe incumbem 
como seguidor de Cristo; em consequência, a 
Igreja exige hoje uma preparação adequada para tal 
sacramento, de modo que marque realmente a vida do 
cristão. Este, conforme S. Paulo, é um atleta de Cristo (1Cor 9, 24-27; Gl 5, 7; Fl 2, 16; 
3, 12-14; 2Tm 2, 5; 4, 7; Hb 12, 1) e um soldado do Senhor (2Tm 2, 3s: 1Tm 1, 18).
A figura do ‘selo’, posta em vigor novamente na fórmula renova em 1971, 
pode servir de chave para uma compreensão hodierna da crisma, que 
mais corresponde aos fatos históricos. Pois a crisma se desenvolveu a 
partir da imposição das mãos e da unção pelo bispo como último ato da 
liturgia batismal da igreja antiga. Esse ato era, como o selo impresso num 
documento, a ‘selagem’, a confirmação do evento batismal. Exatamente 
isso poderia valer também a partir da compreensão hodierna de batismo 
e crisma como elementos de iniciação: a crisma é a selagem, ratificação, 
aperfeiçoamento do batismo, o que é preciso aperfeiçoar no batismo de-
pende da situação concreta: no caso daqueles que foram batizados como 
adultos, a crisma sublinha especialmente o aspecto de pertença à igreja 
no sentido pleno, com todos o testemunho; no caso daqueles que foram 
batizados como crianças menores, a crisma realizada na idade adulta se 
torna, adicionalmente, um sinal da decisão de fé pessoal. Em todos esses 
aspectos, acontece o dom do Espírito, que, por sua vez, é o conteúdo 
central do evento batismal (SCHNEIDER, 2002, p. 239).
Verdade é que os cristãos já receberam o Espírito Santo no Batismo, “renascendo 
pela água e pelo Espírito” (Jo 3, 5); na Confirmação recebem-no em vista de novo 
efeito, ou seja, para exercer a militância cristã com fidelidade. Jesus mesmo, ao 
prometer o Espírito Santo, realçava os efeitos de coragem e decisão que o dom 
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de Deus suscitaria nos discípulos: “Quando vos conduzirem... perante os prin-
cipados..., não vos preocupeis: o Espírito Santo vos ensinará naquele momento 
o que havereis de dizer” (Lc 12, 12). Ou ainda: “Recebereis a força do Espírito 
Santo e sereis minhas testemunhas... até os confins da terra” (At 1, 8). Assim, 
o sacramento da Crisma deve ser proporcionalmente, para cada cristão, o que 
Pentecostes foi para os Apóstolos: aprofundamento da fé, nova compreensão do 
plano de Deus, e compromisso mais coerente com o Senhor Jesus.
A Confirmação completa a graça batismal; ela é o sacramento que dá o Es-
pírito Santo, para nos enraizar mais profundamente na filiação divina, in-
corporar-nos mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço que nos 
prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemu-
nho da fé cristã pela palavra, acompanhada de obras.
A Confirmação, tal como o Batismo, imprime na alma do cristão um sinal 
espiritual ou carácter indelével; é por isso que só se pode receber este sacra-
mento uma vez na vida.
No Oriente, este sacramento é administrado imediatamente a seguir ao Ba-
tismo e é seguido da participação na Eucaristia; esta tradição põe em rele-
vo a unidade dos três sacramentos da iniciação cristã. Na Igreja latina, este 
sacramento é administrado quando se atinge a idade da razão e ordinaria-
mente a sua celebração é reservada ao bispo, significando assim que este 
sacramento vem robustecer o vínculo eclesial. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1316-1318)
Você recebeu o Espírito Santo no Batismo, e na Crisma irá receber a plenitu-
de dos seus dons.
(Monsenhor José Carlos)
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EUCARISTIA
Abordaremos o centro da linha sacramental, a Eucaristia, na qual distinguimos 
dois aspectos: o do Sacrifício e o do Sacramento. A Eucaristia só é sacramento 
porque é a perpetuação do sacrifício do calvário sobre os nossos altares.
A Eucaristia é a celebração central da Igreja. Na verdade, a Igreja não 
celebra a si mesma, e, sim, a história a que ela se deve, a esperança que 
a anima, a vinda do Senhor, por meio da qual ela se deixa transformar; 
no entanto, nessa celebração ela representa, ao mesmo tempo, o que 
ela é ou o que ela deveria ser: uma comunidade que dá testemunho de 
Jesus Cristo e do reino de Deus por ele anunciado, que tenta viver esse 
testemunho no serviço ao próximo e que representa simbolicamente, na 
celebração da liturgia, ambas as coisas, o testemunho da palavra e o tes-
temunho da ação. Da liturgia faz parte tanto o anúncio da Palavra quan-
to o partir do pão. Assim a Eucaristia também é imagem para a Igreja, 
embora aponte para muito além disso (SCHNEIDER, 2002, p. 270).
A ceia eucarística, como ceia sacrificial, implica a comunhão com a vítima ofe-
recida; por conseguinte, ela nos oferece o sacramento do Cristo Eucarístico. O 
pão e o vinho consagrados são consumidos pelos fiéis em estado de graça (não 
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A Eucaristia é fonte e cume de toda a vida cristã. Os restantes sacramentos, 
assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão 
vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na san-
tíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o 
próprio Cristo, nossa Páscoa.
A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a 
Igreja é o que é, são significados e realizados pela Eucaristia. Nela se encontra o 
cume, ao mesmo tempo, da ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, 
e do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai.
Enfim, pela celebração eucarística, unimo-nos desde já à Liturgia do céu e 
antecipamos a vida eterna, quando Deus for tudo em todos (1 Cor 15, 18).
Em síntese, a Eucaristia é o resumo e a súmula da nossa fé: a nossa maneira 
de pensar está de acordo com a Eucaristia: e, por sua vez, a Eucaristia confir-
ma a nossa maneira de pensar. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1324-1327).
se deve comungar em pecado grave, sob pena de sacrilégio), a fim de que possam 
ser mais e mais configurados a Cristo; a Eucaristia é o penhor da ressurreição 
de nossos corpos mortais, pois coloca dentro deles o corpo de Cristo que ven-
ceu a morte e nos é entregue glorioso (Cristo está presente na Eucaristia como 
Ele está no céu). Além de consumida na comunhão, a Eucaristia é guardada nos 
sacrários das igrejas para favorecer a adoração e piedade dos fiéis, que, muito 
louvavelmente, costumam visitar o SS. Sacramento.
Os teólogos têm perguntado como pode Cristo estar presente sob as espé-
cies (ou a figura) do pão e do vinho. E respondem recorrendo ao conceito de 
transubstanciação, que passamos a Expor.
Portamos das noções de subtônica e acidentes tais como o bom senso no-las 
sugere. Em todo ser, podemos distinguir um conjunto de notas mutáveis, como o 
tamanho, a cor, o peso, o sabor... e um substrato permanente que, conservando-
-se sempre o mesmo, dá unidade e coesão ao sujeito manifestado por suas notas 
variáveis, ou seja, por seus acidentes. Esse substrato é chamado substância (o que 
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Reproduçãoproibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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sub-está, o que suporta). Em qualquer pedaço de pão, por conseguinte, há um con-
junto de notas acidentais, como a cor, as dimensões, a posição no espaço..., notas 
que podem sobrevir e desaparecer em uma substância que as sustenta; esta subs-
tância, ninguém a vê como tal, pois só pode ser apreendida por meio das notas 
acidentais que dão a configuração eterna a tal pedaço de pão; a substância, porém, 
é uma realidade que se impõe ao raciocínio.
Pois bem, quando as palavras da consagração são pronunciadas sobre o pão, a subs-
tância deste se converte totalmente em substância do corpo humano de Jesus (donde 
o nome “transubstanciação”); ficam, porém, os acidentes ou as notas externas do pão; 
sendo assim, sem mudar de aparência, o pão já não é pão, mas é substancialmente o 
Corpo de Cristo. Análogo fenômeno se dá com o vinho ao serem pronunciadas sobre 
ele as palavras da consagração; sua substância se converte na do Sangue de Senhor. 
Não há dúvida, temos aqui uma extraordinária intervenção da Onipotência Divina.
Na celebração litúrgica da Eucaristia, Jesus Cristo está presente de di-
versas maneiras como aquele que convida para sua mesa, como aquele 
que concede participação em seu destino e, por fim, como aquele que 
para se comunicar pessoalmente escolhe uma forma concreta e corpó-
rea: oferece pão e vinho, aos quais atribui um novo significado, a saber, 
de serem sinal dele próprio, de modo que aqueles que recebem as dádi-
vas eucarísticas recebem-no em pessoa.
Na história da teologia, a pergunta de como Jesus Cristo está presente nes-
sas dádivas atraiu cada vez mais a atenção sobre si. Ponto de partida são as 
palavras de Jesus na Santa Ceia, ‘Isto é meu corpo’, palavras que não rece-
bem uma interpretação direta no Novo Testamento (FABER, 2008, p. 156).
Esta concepção explica como o corpo de Cristo possa simultaneamente estar pre-
sente em diversas hóstias consagradas em muitas regiões. Com efeito, Jesus não está 
presente na Eucaristia segundo as suas notas acidentais (entre as quais se enumera 
a localização no espaço), mas segundo as notas acidentais do pão. Ora, já que os 
fragmentos de pão se multiplicam com a sua localização própria no espaço, vê-se 
que, onde quer que haja um pedaço de pão consagrado, aí pode estar, e de fato está, 
o Corpo Eucarístico de Cristo.
Estas ideias explicam também que o Corpo de Cristo não se divida quando 
se divide a hóstia consagrada. O Corpo de Cristo sob os acidentes do pão não 
tem extensão nem quantidade próprias; por conseguinte, não se pode dizer que 
tal fragmento da hóstia corresponda a tal parte do corpo de Cristo; quando o 
pão é partido, só se parte a quantidade do pão, não o corpo mesmo de Jesus.
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Jesus diz: Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá 
eternamente. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida 
eterna, permanece em Mim, e Eu nele (Jo 6, 51.54.56).
A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo asso-
cia a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de ação 
de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele 
derrama as graças da salvação sobre o seu Corpo, que é a Igreja.
A celebração eucarística inclui sempre: a proclamação da Palavra de Deus, a 
ação de graças a Deus Pai por todos os seus benefícios, sobretudo pelo dom 
do seu Filho, a consagração do pão e do vinho e a participação no banquete 
litúrgico pela recepção do Corpo e do Sangue do Senhor. Estes elementos 
constituem um só e mesmo ato de culto.
A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, isto é, da obra do salvação 
realizada pela vida, morte e ressurreição de Cristo, obra tornada presente 
pela ação litúrgica. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 1406-1409).
Assim muitas hóstias não constituem muitos Cristos, o que seria absurdo, mas 
muitas “presenças” de um só e mesmo Cristo. Analogicamente a multiplicação 
dos espelhos não multiplica o objeto original, mas multiplica a presença desse 
objeto; também a multiplicação dos ouvintes de uma sinfonia não multiplica 
essa sinfonia, mais apenas a presença dela.
À luz de quanto acaba de ser dito, entende-se também que, quando se desgasta 
o pão eucarístico por efeito do tempo ou dos sucos digestivos, o que se estraga 
são apenas os acidentes do pão: quantidade, cor, figura, sabor (estes acidentes é 
que são atingidos pela deterioração); quanto ao corpo de Cristo, simplesmente 
deixa de estar presente sob os véus eucarísticos, desde que estes sofram altera-
ções tais que, segundo o bom senso, não possam mais ser identificados como tais.
A real presença de Cristo no pão consagrado exige que se recolham os frag-
mentos deste decorrentes da celebração da Eucaristia ou da distribuição da 
Comunhão. Cristo neles está presente enquanto, segundo o bom senso, tais par-
tículas podem ser identificadas como pão.
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Reprodução proibida. A
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O sinal básico desse sacramento é a comunhão de mesa: pão e vinho 
são repartidos, a palavra interpretativa fala da última ceia de Jesus e 
convida: ‘Tomais, comei, (...) bebei!’ (Mt 26, 26s). A Eucaristia cristã, 
a ‘Ceia do Senhor’ (1Cor 11, 20), tem sua origem no cear em Israel, 
que une os participantes entre si e com Deus; nas ceias de Jesus com os 
discípulos, que eram sinais realizadores de seu convite para o reino de 
Deus e de sua pró-existencia (sua existência a favor de outros); na últi-
ma ceia de Jesus, na qual sua pró-existencia em face da morte iminente 
se condensou na entrega extrema e na experiência de seu ressuscita-
mento e de sua nova vinda, que os discípulos fizeram ‘ao partir do pão’ 
(Lc 24,35). Desde a aliança do Sinai até a congregação da comunidade 
na experiência pascal a Ceia sempre é sinal da aliança: A aliança de 
Deus com os homens se realiza quando homens se aliam entre si. No 
comer e beber em comum se recebe a vida, celebra-se a aliança que 
possibilita vida (SCHNEIDER, 2002, p. 262).
Sendo a Missa o ato central da vida cristã, compreende-se que cada fiel esteja 
obrigado a participar dela ao menos no sábado à tarde ou no domingo (além 
dos dias santos de preceito). Este dever não é meramente jurídico, mas é, antes 
do mais, uma exigência natural e vital para o cristão que compreendeu o que é a 
Eucaristia. Não é lícito substituir a Missa dominical pela de um dia da semana, 
pois o domingo é o dia do Senhor por excelência, em que o cristão procura dar 
glória a Deus, revigorar-se interiormente.
Caros alunos, vimos nesta unidade como Deus age nos sacramentos e tam-
bém conhecemos de forma mais aprofundada os três sacramentos que compõe 
a iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Crisma. Esses sacramentos são essen-
ciais para um cristão católico, tendo como centro de sua vida eclesial a Eucaristia.
Santa Teresa D’Ávila (1515-1582), doutora da Igreja:
“Devemos estar na presença de Jesus Sacramentado, como os Santos no 
céu, diante da Essência Divina”.
Fonte: Aquino (2014, on-line)1.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos primeiros séculos, a Fé ainda não se encontrava totalmente formulada em 
dogmas, e é bem provável que alguns elementos da instituição sinagogal foram 
reproduzidos pelas primeiras comunidades cristãs para efetivar a transmissão 
de ensinamentos e o aprofundamento da fé em Jesus Cristo.
Aqueles que aderem a Jesus Cristo pela fé e se esforçam por consolidar essa 
fé na catequese, têm necessidade de viver em comunhão com outros que deram 
o mesmo passo. As comunidades apostólicas orientavampara o batismo, visto 
como o primeiro passo do indivíduo em direção a uma maior união com Jesus 
Cristo Salvador, e que pedia aos cristãos vida comunitária, e testemunho de fé.
O centro da primeira pregação, o anúncio evangélico, foi o mistério pascal. 
Além da pregação inicial, a comunidade que se iniciava preocupava-se logo com 
a Educação para a fé; a mensagem da catequese primitiva é a mesma mensagem 
do NT, os quatro evangelhos e também os outros escritos cristãos mais antigos.
Neste contexto, teve início a institucionalização do catecumenato uma fru-
tuosa e eficaz forma de evangelização para firmar de maneira definitiva a fé, a 
ponto de testar sua permanência no cristianismo, pois vinham de um mundo 
pagão. Tal comunicação era tarefa da comunidade, o bispo instruía oficialmente 
sendo o catequista, e a função da comunidade era apoiar com o testemunho.
Aqueles que desejavam tornarem-se cristãos eram levados por vários irmãos, 
introdutores que o acompanhavam para garantir perante a comunidade as boas 
intenções do candidato, estes que o acompanhavam eram chamados padrinhos. 
Guiavam e controlavam a mudança de vida dos candidatos até que o bispo os 
chamasse para que se preparassem para o batismo, passavam então a serem cha-
mados catecúmenos.
Entendia-se que esse tempo servia para a penetração progressiva da pala-
vra de Deus na mente e na vida dos catecúmenos, transcorrido esse tempo os 
catecúmenos se apresentavam para os sacramentos do Batismo, Confirmação 
e Eucaristia.
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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125 
1. Todos os sacramentos são formados por matéria e forma, assim como Jesus 
Cristo, o Verbo Encarnado, Fórmula é o Verbo de Deus e a matéria o corpo ma-
terial de Jesus, nos sacramentos as matérias são: água, pão, Vinho, óleo, ges-
tos... e a forma são as palavras ditas na hora da realização dos sacramentos, que 
são proferidas sobre a matéria, explicitando o significado dela: “Isto é o meu 
corpo... meu sangue... Eu te batizo... “São sete os sacramentos: Batismo, Crisma, 
ou Confirmação, Eucaristia, Reconciliação, ou penitência, Unção dos Enfermos, 
Ordem e Matrimônio. Com base no estudo sobre sacramentos, assinale a alter-
nativa correta:
a) Todo Sacramento é apenas um rito de passagem instituído pela Igreja.
b) Todo Sacramento é eficaz porque é realizado pelo próprio Cristo.
c) Para realizar um sacramento, precisa apenas a fórmula, por exemplo, “eu te 
batizo!”
d) Para realizar um sacramento, apenas é necessário a matéria como a água no 
batismo.
e) Nenhuma alternativa anterior está correta.
2. O nome Batismo vem do grego baptizein, mergulhar. Antigamente era admi-
nistrado por imersão dentro de um rio ou piscina, significando a participação 
na morte e ressurreição de Cristo. É o que S. Paulo explica enfaticamente em 
Rm 6, 2-10; Cl 2, 11-13. O cristão morre sacramentalmente para o pecado; o 
“velho homem” é imerso ou sepultado com Cristo, e recebe um princípio de 
vida nova ou de filho de Deus. Com base no estudo sobre Batismo, assinale a 
alternativa correta:
a) Para acontecer o Batismo, é preciso fazer o mergulho.
b) O Batismo é apenas ingresso na comunidade.
c) O Batismo não me torna filho de Deus, uma vez que já fui criado por Ele!
d) O Batismo é só em nome de Cristo e da Trindade.
e) Nenhuma alternativa anterior está correta.
3. Atualmente, por razões práticas, o Batismo é administrado mais frequente-
mente por infusão (ou derramamento) da água do que por imersão. Com base 
na compreensão do Sacramento do Batismo, analise as questões:
126 
I. A Prática da infusão não é certa para o batismo, pois o que importa é imer-
são total na água.
II. A Prática da infusão não afeta a validade do rito, pois não é a quantidade de 
água que importa.
III. Podemos batizar por imersão ou infusão sem nenhum problema.
IV. A Prática da Imersão é tão correta como a prática da infusão.
V. O batismo tem que ser em um rio de água corrente.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
4. Nos primeiros séculos, a Confirmação constitui geralmente uma única celebra-
ção com o Batismo, formando com ele, segundo a expressão de São Cipriano, 
um sacramento duplo. Entre outras razões, a multiplicação dos batismos de 
crianças, e isto em qualquer tempo do ano, e a multiplicação das paróquias 
(rurais), ampliando as dioceses, deixaram de permitir a presença do bispo em 
todas as celebrações batismais. Com base no Sacramento da Confirmação ou 
Crisma, assinale V para as questões Verdadeiras e F para as questões Falsas:
( ) No Ocidente, porque se desejava reservar ao bispo o completar do Baptis-
mo, instaurou-se a separação, no tempo, dos dois sacramentos.
( ) A Prática da Crisma não deveria ser Sacramento, pois não temos base bíblicas.
( ) O Oriente conservou unidos os dois sacramentos, de tal modo que a Con-
firmação é dada pelo sacerdote que batiza. Este, no entanto, só o pode 
fazer com o myron consagrado por um bispo.
( ) Crisma e Batismo não estão ligados.
( ) Atualmente para Crisma é usado o Óleo do Crisma e a imposição de mãos.
127 
É correto: 
a) V, V, V, F, V.
b) V, F, V, F, V.
c) F, V, F, V, F.
d) V, F, F, V, V.
e) F, F, V, V, F.
5. A Eucaristia é fonte e cume de toda a vida cristã. Os restantes sacramentos, 
assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão 
vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santís-
sima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio 
Cristo, nossa Páscoa. Com base nos estudos sobre o Sacramento da Eucaristia, 
assinale a alternativa correta:
a) A Eucaristia é realmente o Corpo de Cristo, pois ele mesmo disse: “Isto é meu 
corpo” e ordenou “Fazei isto em minha memória”.
b) A Eucaristia é apenas um símbolo do Corpo de Cristo.
c) Jesus ao dizer: “Isso é meu corpo” apenas sinalizou para a partilha.
d) A Eucaristia é apenas lembrança do Corpo de Cristo.
e) Nenhuma alternativa anterior está correta.
128 
A IMPORTÂNCIA DOS SACRAMENTOS DA 
“INICIAÇÃO CRISTÔ NA IGREJA
A iniciação à vida cristã tem um dinamismo 
próprio, que nos vem da antiga tradição da 
Igreja e que tanto necessitamos hoje. A nossa 
Arquidiocese tem um trabalho já há um bom 
tempo sendo construído e aprofundado.
No passado, tínhamos a preparação para 
os Sacramentos, agora a ênfase é a vida 
cristã, porém sempre é importante, nestes 
momentos de definição, aprofundarmos 
um pouco sobre os Sacramentos ligados 
à Iniciação Cristã.
É bom recordar a importante definição teo-
lógico-linguística do termo Sacramento de 
acordo com a explanação feita pela Igreja: 
“A palavra grega mysterion foi traduzida, no 
latim, por dois termos: mysterium e sacra-
mentum. Na segunda interpretação, o termo 
sacramentum exprime prevalentemente o 
sinal visível da realidade oculta da salvação, 
indicada pelo termo mysterium. Neste sen-
tido, o próprio Cristo é o mistério da salvação: 
‘Nem há outro mistério senão Cristo’ (Santo 
Agostinho. Epistulale 187, 11, 34: Patrolo-
gia Latina 33, 845). A obra salvífica da sua 
humanidade santa e santificadora é o sacra-
mento da salvação, que se manifesta e atua 
nos sacramentos da Igreja (que as Igrejas do 
Oriente chamam também ‘os santos misté-
rios’). Os sete sacramentos são os sinais e os 
instrumentos pelos quais o Espírito Santo 
derrama a graça de Cristo, que é a Cabeça, 
na Igreja, que é o seu Corpo. A Igreja pos-
sui, pois, e comunica a graça invisível que 
significa: e é neste sentido analógico que 
é chamada ‘sacramento’” (CATECISMO DA 
IGREJA CATÓLICA, 1983, par. 774).
Como se vê, podemos formular a seguinte 
interpretação do conteúdo sacramental na 
vida eclesial: ele é um sinal (semeion, em 
grego) eficiente que realiza aquilo que sig-nifica ou assinala. Desse modo, teríamos 
uma importante definição: a santíssima 
Humanidade de Cristo é o sinal eficiente 
ou transmissor da graça divina; a Igreja, 
Seu Corpo Místico prolongado na Histó-
ria (cf. Cl 1,24) também o é. Ora, a Liturgia 
dessa mesma Igreja continua essa função 
com seus ritos sagrados, oferecendo aos 
fiéis sete canais da graça divina a nos levar 
à vida eterna, à qual todos somos chama-
dos, dado sermos filhos no Filho (cf. Gl 4,5). 
Eis, porque podemos fazer um esquema de 
quanto foi dito: Vida Eterna → Jesus Cristo 
→ Igreja → Sete Sacramentos → Graça San-
tificante → Cristão.
Importa, aliás, a propósito da eficácia – e não 
do mero simbolismo – sacramental, recordar 
Tertuliano (falecido em 220 aproximada-
mente), ao escrever sobre o Batismo e a 
Eucaristia, em vista da ressurreição do corpo 
e da alma no último dia (cf. Jo 6, 40), que “A 
carne é o eixo da salvação... Lava-se o corpo a 
fim de que a alma seja purificada; unge-se o 
corpo a fim de que a alma seja consagrada... 
O corpo é nutrido pelo Corpo e Sangue de 
Cristo, a fim de que a alma se alimente de 
Deus... Não podem, pois, ser separados na 
recompensa, já que estão unidos nas obras 
de salvação”. (Sobre a Ressurreição da Carne 
8, Patrologia Latina 2, 852)
Os sacramentos não representam apenas, 
mas efetuam ou realizam aquilo que sig-
129 
nificam, uma vez que a Palavra de Deus é 
viva e eficaz, de modo que, no plano sal-
vífico, a palavra proclama o feito divino e 
o feito confirma essa palavra. Daí se poder 
afirmar que temos a Palavra → Feito e, em 
contrapartida complementadora, o Feito 
→ Palavra. Daí se entender que o contato 
do cristão com Cristo, o Mestre, não se dá 
como em uma escola de Filosofia da Anti-
guidade ou de qualquer outra época, de 
modo apenas psicológico ou afetivo. Ao 
contrário, é uma união ontológica (do ser): o 
cristão é tocado, diretamente, por Cristo por 
meio dos sete sacramentos da Igreja, trans-
missores da graça divina a cada homem e 
mulher de todos os tempos e lugares.
Isso é o que nos ensina a propósito da rela-
ção Palavra e Feito, o Concílio Vaticano II: 
“Esta ‘economia’ da revelação realiza-se por 
meio de ações e palavras intimamente rela-
cionadas entre si, de tal maneira que as 
obras, realizadas por Deus na história da 
salvação, manifestam e confirmam a dou-
trina e as realidades significadas pelas 
palavras; e as palavras, por sua vez, decla-
ram as obras e esclarecem o mistério nelas 
contido. Porém, a verdade profunda tanto 
a respeito de Deus como a respeito da sal-
vação dos homens, manifesta-se-nos, por 
esta revelação, em Cristo, que é, simultane-
amente, o mediador e a plenitude de toda a 
revelação” (Constituição Dei Verbum, n. 2).
Isso posto, convém que digamos uma pala-
vra a propósito da ação dos Sacramentos na 
Igreja. Ela ensina que todo sacramento age 
ex opere operato, ou seja, por efeito próprio 
ou do rito em si, de modo que independe 
da santidade do ministro humano aplica-
dor do rito. Em outras palavras, cada um 
dos sete sacramentos age por força própria, 
porque é Cristo, o ministro principal, a agir 
garantindo a autenticidade do rito, desde 
que nesse rito sejam utilizadas a matéria e 
a forma própria (na Eucaristia, a matéria é 
o pão e o vinho e a forma a repetição das 
palavras do Senhor na última Ceia).
Por aí vemos que Cristo age nos sacramen-
tos não obstante a indignidade, maior ou 
menor, do ministro que O representa. O 
pecado ou a infidelidade do ministro não 
afetam a validade do sacramento. Por exem-
plo, um sacerdote pouco digno que celebre 
a Eucaristia, sendo validamente ordenado, 
aplicando a matéria e a forma apropriadas e 
tendo a intenção de fazer o que fez o Senhor 
Jesus, celebra de modo válido para o bem 
do Povo de Deus. Certo é que se espera do 
ministro ordenado que aja como tal e não à 
moda de um mero funcionário do sagrado e 
sem fé. Deve ele ter os mesmos sentimentos 
de Cristo (cf. Fl 2, 5). Todavia, esse aspecto 
pessoal do ministro não invalida o sacra-
mento, conforme já apontava São Tomás 
de Aquino na Suma Teológica III, q. 6, at. 4.
Com os sacramentos – que não dependem 
de forças tão somente humanas, mas da 
ação divina – não há dispensa do receptor 
de ter boas disposições a fim de que a graça 
recebida dê frutos. Quem recebe um sacra-
mento em estado objetivo de pecado, além 
de não alcançar a graça daquele sacramento, 
ainda comete mais um pecado, o do sacrilé-
gio, como lembra o Apóstolo Paulo no que 
concerne à Eucaristia (cf. 1Cor 11,29).
Diante desse quadro é que importa, e muito, 
a reflexão sobre a iniciação à vida cristã, que 
sejamos ajudados pela compreensão dos 
três sacramentos – canais da graça divina: 
o Batismo, a Crisma e a Eucaristia.
Fonte: ArqRio (2017, on-line)2.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Manual de Liturgia III. A celebração do mistério pascal. Os 
sacramentos: sinais do mistério pascal
Conselho episcopal latino-americano 
Editora: Paulus
Sinopse: os sacramentos são os sinais sensíveis produtores da graça, 
instituídos por Jesus Cristo como auxiliares indispensáveis para a pessoa 
conseguir a salvação eterna. Por isso é de fundamental importância a 
todo cristão e aos candidatos ao ministério presbiteral especialmente 
penetrar no verdadeiro valor e significado de cada um dos sacramentos. 
O volume III da série Manual de Liturgia, fruto do trabalho de renomados liturgistas latino-
americanos, aborda os sete sacramentos cristãos, analisando-os a partir da perspectiva da iniciação 
cristã (Batismo - começo da vida nova; Confirmação - sua consolidação; Eucaristia - alimento do 
discípulo de Cristo), do mistério eucarístico (Eucaristia - comunhão de vida com Deus e unidade do 
povo de Deus), dos sacramentos de cura (Penitência e Unção dos enfermos - continuação da obra 
de cura e salvação de Cristo) e do serviço (Ordem e Matrimônio - destinam-se à salvação dos outros, 
por meio do serviço à comunidade).
Site da Cléofas (Doutrina Católica)
O Site da Cléofas é muito útil para formação cristã, rico em texto e documentário sobre a doutrina 
Católica e, por conseguinte, sobre os sacramentos. Vale a pena visitar e ler os textos.
Web: <http://cleofas.com.br/que-papel-tem-os-sacramentos-na-vida-da-igreja/>
REFERÊNCIAS
131
BÍBLIA de Jerusalém. Paulus: São Paulo, 2002.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1983.
CELAM - Conselho Episcopal Latino-Americano. Manual de Liturgia III. A celebra-
ção do mistério pascal. Os sacramentos: sinais do mistério pascal. São Paulo: Paulus, 
2005.
FABER, E-M. Doutrina Católica dos Sacramentos. São Paulo: Loyola, 2008.
SCHNEIDER, T. Manual de Dogmática. Vl II. Petrópolis: Vozes, 2002.
Referências On-Line
1 Em: <http://cleofas.com.br/o-que-os-santos-disseram-da-eucaristia-e-da-mis-
sa/>. Acesso em: 12 jun. 2018.
2 Em: <http://arqrio.org/formacao/detalhes/1740/a-importancia-%20dos-sacra-
mentos-da-iniciacao-crista-na-igreja>. Acesso em: 12 jun. 2018.
GABARITO
1. B.
2. E.
3. D.
4. B.
5. A.
GABARITO
U
N
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D
E V
Professor Dr. André Phillipe Pereira
OS SACRAMENTOS 
DE CURA E SERVIÇO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender e teologia do sacramento da reconciliação.
 ■ Conhecer o Sacramento da Unção dos Enfermos.
 ■ Analisar o Sacramento do Matrimônio.
 ■ Compreender a estrutura do Sacramento da Ordem.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O Sacramento da Reconciliação
 ■ O Sacramento da Unção dos Enfermos
 ■ O Sacramento da Ordem
 ■ O Sacramento do Matrimônio
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, estudaremos os últimos quatro sacramentos. Apenas para relem-
brarmos, a Igreja Católica crê na existência bíblica de sete sacramentos: Batismo, 
Eucaristia, Crisma, Confissão, Unção dos enfermos, Matrimônio e a Ordem. Os 
sacramentos, ações de Deus para a humanidade, acompanham o desenvolvimento 
e toda a vida do ser humano. Nesta unidade, portanto, refletiremos sobre os sacra-
mentos da cura e do serviço, buscando compreender suas origens e objetivos.O perdão dos pecados é uma prática que existe desde Antigo Testamento, 
feita através de sacrifícios expiatórios. Nosso Senhor Jesus Cristo mostra que é 
Deus quem perdoa os pecados. Ele mesmo, para curar muitas pessoas enquanto 
estava em nosso meio, perdoou os pecados devolvendo a dignidade para as pes-
soas. Assim, os primeiros cristãos entenderam o perdão dos pecados, sendo uma 
ação salvífica de Deus para nos deixar sempre em estado de graça. Na confissão, 
apesar de nos confessarmos a um sacerdote, cremos que é Cristo que, agindo no 
sacerdote, perdoa os pecados.
O sacramento da unção dos enfermos faz memória de Cristo que comparti-
lha o sofrimento físico e moral do ser humano, quando encarnado experimenta 
cansaço, fome, sede, agonia e a morte, e morrendo restitui a vida, ou seja, os 
laços com Deus que o pecado em Adão nos fizera perder. Jesus nos ensina que 
o sofrimento com fé e confiança em Deus tem uma ação salvífica, pois, se sofre-
mos, Ele mesmo sofre conosco e nos dá o alento da salvação.
Os dois últimos sacramentos, o Matrimônio e a Ordem, expressam o ser-
viço ao reino de Deus. São ações salvíficas de Deus também, para nos ajudar a 
assumir nossa vocação e colaborarmos na construção do Reino de Deus e, assim, 
são sacramentos que nos ajudam com muita eficácia a fazer a vontade de Deus, 
uns como Diáconos, Sacerdotes e Bispos e outros como Casados, constituindo 
famílias que amam a Deus e testemunham, em meio à sociedade em suas ativi-
dades, o amor de Deus por nós e as maravilhas da fé cristã no mundo.
Introdução
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O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO
Caros alunos, iniciamos com essa unidade a refletir sobre os Sacramentos da 
Cura. Esta unidade, desta maneira, trabalhará na busca de uma aprofundamento 
sobre a reconciliação sendo o próximo ponto sobre a unção dos enfermos.
O cristão, conforme o ensinamento de São Paulo, “porque a nossa leve e 
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui exce-
lente” (BÍBLIA, 2 Cor 4, 17), é portador de um tesouro em vaso de argila, está 
sujeito a falhas durante a sua caminhada. Daí a necessidade dos dois sacra-
mentos de cura: a Reconciliação, para qualquer situação de pecado, e a Unção 
dos Enfermos, para os momentos de grave moléstia ou debilidade física. 
Nesta unidade, iniciaremos com o estudo do sacramento da Reconciliação.
O Evangelho, mediante a conhecida parábola do filho pródigo (BÍBLIA, 
Lc 15, 11-32), ensina que não há 
pecados que não possam ser per-
doados. O jovem que voltou à casa 
paterna depois de haver esbanjado a 
sua porção de herança foi recebido 
de braços abertos pelo pai, logo que 
reconheceu suas faltas. Bastou-lhe 
dizer, sinceramente arrependido: 
“Pai, pequei contra o céu e con-
tra ti” (15, 21s), para que o pai lhe 
calasse a boca, sem lhe perguntar 
onde estivera e o que fizera com a 
porção de sua herança; imediata-
mente mandou colocá-lo no lugar 
que lhe competia antes que dei-
xara a casa paterna; houve festa por 
ocasião do retorno do filho que se 
perdera e voltara vivo (cf. BÍBLIA, 
Lc 15, 24.32).
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A parábola do filho pródigo é, antes de mais, a história inefável do 
grande amor de um Pai — Deus — que oferece ao filho, que a Ele retor-
na, o dom da reconciliação plena. E ao evocar, na figura do irmão mais 
velho, o egoísmo que divide os irmãos entre si, ela torna-se também a 
história da família humana: mostra a nossa situação e indica o caminho 
a percorrer (João Paulo II, Exortação sobre Reconciliação e Penitência 
nº 6, 1984).
São paralelas a esta parábola as da ovelha perdida e da moeda perdida (Lc 15, 
1-10). O Evangelho acrescenta algo sobre a maneira como o Pai quer perdoar os 
pecados dos homens. Com efeito, vejamos o seguinte texto:
na noite de Páscoa, Jesus apareceu aos Apóstolos reunidos e disse-lhes: 
‘Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio’. A seguir, soprou-
-lhes na face e continuou: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem 
perdoardes os pecados, serão perdoados. A quem os retiverdes, serão 
retidos” (BÍBLIA, Jo 20, 22s).
Estas palavras nos ajudam a compreender que os Apóstolos, não por efeito de 
sua santidade própria, mas em consequência de um dom de Deus — “Recebei o 
Espírito Santo” —, são habilitados a perdoar os pecados. A sentença proferida pelos 
Apóstolos é confirmada pelo próprio Deus. As formas passivas “Serão perdoadas” 
e “Serão retidos” são expressões que os judeus usavam para não proferir o santo 
nome de Javé nas expressões “Javé os perdoará” e “Javé não os perdoará ou os reterá”.
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I. Como se chama este sacramento?
1423. Sac. da conversão, porque realiza sacramentalmente o apelo de Jesus 
à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai da qual o pecador se afas-
tou pelo pecado.
Sac. da Penitência, porque consagra uma caminhada pessoal e eclesial de 
conversão, de arrependimento e de satisfação por parte do cristão pecador.
1424. Sac. da confissão, porque o reconhecimento, a confissão dos pecados 
perante o sacerdote é um elemento essencial deste sacramento. Num sen-
tido profundo, este sacramento é também uma confissão, reconhecimento 
e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem 
pecador.
Sac. do perdão, porque, pela absolvição sacramental do sacerdote. Deus 
concede ao penitente o perdão e a paz.
Sac. da Reconciliação, porque dá ao pecador o amor de Deus que reconci-
lia: Deixai-vos reconciliar com Deus (2 Cor 5, 20). Aquele que vive do amor 
misericordioso de Deus está pronto para responder ao apelo do Senhor: Vai 
primeiro reconciliar-te com teu irmão (Mt 5, 24).
Fonte: adaptado de Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)1.
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Trata-se, no entanto, de perdoar pecados propriamente ditos, faculdade esta que 
os israelitas atribuíam a Deus só. “Sim; Jesus disse ao paralítico: ‘Os teus peca-
dos te são perdoados’” (BÍBLIA, Lc 5, 20).
Declarou também à pecadora anônima: “Perdoados te são os teus pecados” 
(BÍBLIA, Lc 7, 48). Ora em Jo 20, 23 diz o Senhor: “Àqueles a quem perdoardes 
os pecados, serão perdoados”. Nos três casos, a palavra perdoar traduz o verbo 
grego aphíemi; as palavras ‘os pecados’ traduzem o substantivo hamaníai (com o 
artigo definido hai ou tas). Vê-se que as mesmas palavras de Lc 5, 20 e 7, 48 vol-
tam em Jo 20, 23. Ora, como naqueles casos se tratava de pecados propriamente 
ditos relacionados com a consciência da pessoa interpelada, assim, em Jo 20, 23 
trata-se também de pecados no sentido estrito da palavra ou de culpas atinen-
tes à consciência. Donde se deduz que um poder próprio de Deus (“Quem pode 
perdoar os pecados senão Deus?”, Lc 5, 21; “Quem é este que até perdoa peca-
dos?”, Lc 7, 4) é concedido aos ministros do Senhor. Aquilo que Jesus fazia por 
si quando peregrino na terra, Ele havia de continuar a fazê-lo depois de glorifi-
cado mediante o serviço dos seus ministros.
Temos um provável testemunho de que este serviço era realmente executado 
já no século I, em Mt 9, 8. Com efeito, depois que Jesus perdoou os pecados do 
paralítico, “as multidões glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens”. O 
plural aos homens parece ser o sinal de que S. Mateus pensava nos ministros da 
Igreja, que haviam recebido de Jesus tal poder e o punham em prática.
A regra disciplinar de Mateus 18,15-17 dá testemunho da prática do 
perdão dos pecados na Igreja. Prevê para o caso de transgressão de 
um membro da igreja contra as normas fundamentais, vigentes na 
igreja,um procedimento de três etapas: primeiramente um diálogo a 
sós com outro membro da igreja; depois, em caso de desacordo, um 
segundo diálogo mediante recurso a uma ou duas testemunhas. Se 
esse empenho em prol do pecador for infrutífera, a igreja toda deverá 
ser confrontada com o caso. Se a correção rejeitada também diante 
dessa fórum, acontecerá a excomunhão. (FABER, 2008, p. 176).
O poder assim concedido por Jesus não é dado à Igreja inteira, mas apenas aos 
seus ministros. Com efeito, Jesus na noite da Páscoa soprou sobre a face dos 
Apóstolos apenas, e somente a estes, dirigiu as palavras subsequentes; aliás, a 
estes, tinha Ele dito pouco antes: “Assim como o Pai me enviou, assim também 
eu vos envio”. É a estes mesmos que Jesus ordena consagrar o pão e o vinho em 
memória dEle: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19). Trata-se, pois, de 
pessoas especialmente chamadas por Jesus e, mais ainda, enriquecidas por um 
dom especial (“Recebei o Espírito...”), a fim de realizar um ministério singular 
dentro da Igreja.
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II. PORQUÊ, UM SACRAMENTO DE 
RECONCILIAÇÃO DEPOIS DO BAPTISMO?
1425. O apóstolo São João diz também: «Se dissermos que não temos peca-
do, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós» (1 Jo 1, 8). 
E o próprio Senhor nos ensinou a rezar: «Perdoai-nos as nossas ofensas» (Lc 
11, 4), relacionando o perdão mútuo das nossas ofensas com o perdão que 
Deus concederá aos nossos pecados.
1426. A conversão a Cristo, o novo nascimento do Baptismo, o dom do Espí-
rito Santo, o corpo e sangue de Cristo recebidos em alimento tornaram-nos 
«santos e imaculados na sua presença» (Ef 1, 4), tal como a própria Igreja, 
esposa de Cristo, é «santa e imaculada na sua presença» (Ef 5, 27). No en-
tanto, a vida nova recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e 
a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação para o pecado, a que a 
tradição chama concupiscência, a qual persiste nos batizados, a fim de que 
prestem as suas provas no combate da vida cristã, ajudados pela graça de 
Cristo. Este combate é o da conversão, em vista da santidade e da vida eter-
na, a que o Senhor não se cansa de nos chamar.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)1.
A Igreja desde sempre estendeu o perdão dos pecados como um sacramento e, 
assim, como em todo sacramento, também no da Reconciliação distinguem-se 
matéria e forma. De modo geral, pode-se dizer que a matéria (ou quase maté-
ria) são os atos do penitente que, arrependido, se volta para Deus. A forma é a 
ação de Deus que perdoa o pecador. Mais precisamente, os atos do penitente são 
três, como veremos abaixo, e a ação de Deus consiste na fórmula de absolvição.
Até o século VI vigorava a prática da Igreja antiga da penitência de 
excomunhão única e pública. Por fim, porém, passou-se a adiar o pro-
cesso penitencial até a idade avançada, respectivamente, até a hora da 
morte por causa da gravidade das penas impostas. Desse modo a disci-
plina penitencial, originalmente muito exigente, originalmente muito 
exigente e rigorosa, passou a ser um processo comparativamente leve e 
se tornou prática geral. O extraordinário esforço de conversão, do qual 
toda a comunidade participava, se transformou em um sacramento da 
Extrema Unção normal, com isso, porém, surgiu um vácuo: a peni-
tência desapareceu em grande parte da vida da comunidade, a prática 
penitencial já não oferecia mais nenhuma ajuda ao indivíduo para su-
peração de sua culpa na vida (SCHNEIDER, 2002, p. 282).
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O Concílio de Trento declara que a matéria ou quase matéria do sacramento da 
Reconciliação são os atos de contrição, confissão e satisfação.
A contrição supõe um exame de consciência sincero. O penitente procura 
considerar sua conduta com toda a objetividade tal como Deus a considera. 
Não ceda, porém, a escrupulosidade. Deus não pede um esforço sobre-humano; 
geralmente o pecado grave salta aos olhos de quem o comete. Embora somente 
o pecado grave ou mortal seja matéria obrigatória da confissão, muito se reco-
menda também o exame e a confissão de pecados leves ou veniais, pois sobre 
eles também pode recair a absolvição sacramental; esta é sempre acompanhada 
pela graça sacramental necessária para cortar a recaída no pecado.
O exame de consciência deve suscitar a contrição perfeita ou o repúdio do 
pecado porque este ofende a Deus. Pode provocar também a contrição imper-
feita ou atrição, que é o repúdio do pecado porque este maltrata o pecador ou o 
torna sujeito ao juízo de Deus. A parábola do filho pródigo ilustra bem a situa-
ção: quando o jovem se vê humilhado pelo pecado (feito guardador de porcos), 
concebe a atrição ou resolve voltar para casa, a fim de se ver livre da humilha-
ção (cf. BÍBLIA, Lc 15, 15-17); quando, porém, chega à casa do pai, diz-lhe: “Pai, 
pequei contra Deus e te ofendi” (cf. BÍBLIA, Lc 15, 21).
Não é necessário que a dor de haver pecado seja sentida emocionalmente 
ou afetivamente; importa que ela seja efetiva ou atuante, acompanhada do pro-
pósito sincero de evitar toda ocasião de pecado. Alguém pode chorar diante de 
um cadáver e não chorar por seus pecados; o que se requer é que os repudie pro-
fundamente e prometa fazer tudo para os evitar. Notemos bem: prometer evitar 
não é profetizar que evitará a fragilidade humana está sempre sujeita a cair; cf. 
l Cor 10, 12).
O arrependimento leva a confessar os pecados, ou seja, reconhecê-los diante 
de Deus representado por seu ministro.
Por outro lado, no plano psicológico, confessar é uma katharsis ou purificação; 
implica pôr para fora os pecados e isentar-se deles. No plano da fé, a confissão, 
além do sentido psicológico, tem significado eclesial; sim, todo pecado ofende 
e prejudica a comunidade eclesial, na qual o pecador está inserido (ninguém se 
salva sozinho e ninguém se perde sozinho); por isto o perdão do pecado vem 
de Deus por meio da comunidade eclesial.
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É verdade que no sacramento da penitência está em primeiro plano o 
distanciamento da culpa; no entanto, também o aspecto curativo faz parte 
da teologia penitencial. Nesse contexto, é preciso lembrar o que a teologia 
tradicional chamava de anulação das penas do pecado. Pois a libertação 
da perversão provocada no ser humano pelo pecado foi um dos motivos 
principais da penitência na Igreja antiga (SCHNEIDER, 2002, p. 297).
O fundamento bíblico da confissão está em Jo 20, 21.23. A forma do sacramento 
é a resposta de Deus aos atos do penitente. Consiste na absolvição sacramental, 
que atualmente consta dos seguintes dizeres:
Deus, Pai de Misericórdia, que pela morte e ressurreição de seu Filho, 
reconciliou o mundo consigo, e enviou o Espírito Santo para a remissão 
dos pecados, te conceda pelo ministério da Igreja o perdão e a paz. E 
eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito 
Santo (SACRAMENTÁRIO, 2008, p. 65).
Como se vê, a fórmula põe em relevo o respectivo papel do Pai, do Filho e do 
Espírito Santo, que agem pela Igreja, na santificação do homem.
Note-se também que a fórmula tem o caráter de uma sentença judicial. Não 
é simplesmente declaratória: o ministro não declara apenas que Deus já perdoou 
os pecados em vista da contrição do penitente, mas, pelas palavras do ministro 
que absolve, passa a graça do perdão de Deus.
O Concílio de Trento (1545) definiu solenemente que os ministros da 
Reconciliação são os Bispos e os presbíteros. Estes, porém, só podem exercer 
seu ministério de reconciliação após ter recebido do seu Bispo a jurisdição para 
tanto. Isto querdizer que o poder das chaves é de competência própria dos Bispos, 
que a delegam aos presbíteros. A razão desta afirmação é que reconciliar significa 
reintegrar na Igreja alguém que dela se afastou por pecado grave; ora é o Bispo 
como pastor diocesano que deve, no caso, representar a Igreja. Qualquer sacer-
dote, porém, pode absolver uma pessoa que esteja em perigo de morte.
Confessar-se com um sacerdote é um modo de pôr a minha vida nas mãos e 
no coração de outro, que nesse momento atua em nome e por conta de Jesus.
(Papa Francisco)
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O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS
Jesus se apresentou como o Restaurador do homem e da natureza, feridos pelo 
pecado, de acordo com o anúncio dos Profetas. Assim, por exemplo, diz-nos Lc 4, 
16.22 que Jesus entrou na Sinagoga de Nazaré e leu o seguinte trecho de Isaías 61, 10:
o Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para evan-
gelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e 
aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimi-
dos e para proclamar um ano de graça do Senhor.
Após a leitura, Jesus comentou: “Hoje cumpriu-se aos vossos ouvidos essa passa-
gem da Escritura”. Outros textos proféticos, como os de Is 35, 5s; Jr 33, 6, haviam 
anunciado a restauração do homem por parte do Messias. Assim, as curas mila-
grosas realizadas por Jesus são sinais de que o Reino de Deus já chegou e a vitória 
sobre o pecado e suas consequências já foi iniciada (aliás, as curas efetuadas por 
Jesus aparecem não raro associadas ao perdão dos pecados; cf. BÍBLIA, Mc 2, 1-12).
Embora pecado e morte estejam conjugados entre si na Escritura (cf. Gn 2, 17; 
3, 19; Rm 5, 12), Jesus não aceita a tese segundo a qual toda doença é castigo de 
pecados pessoais. Com efeito, diante do cego de nascença, afirma: “nem ele nem 
seus pais pecaram, mas esta doença ocorre para que nele se manifestem as obras 
de Deus” (Jo 9, 3).
1506. Cristo convida os discípulos a seguirem-no, tomando a sua cruz. Se-
guindo-O, eles adquirem uma nova visão da doença e dos doentes. Jesus as-
socia-os à sua vida pobre e servidora. Fá-los participar no seu ministério de 
compaixão e de cura: E eles «partiram e pregaram que era preciso cada um 
arrepender-se. Expulsavam muitos demônios, ungiam com óleo numerosos 
doentes, e curavam-nos» (Mc 6, 12-13).
1507. O Senhor ressuscitado renova esta missão («em Meu nome... hão-de im-
por as mãos aos doentes, e estes ficarão curados»: Mc 16, 17-18) e confirma-a 
por meio dos sinais que a Igreja realiza invocando o seu nome. Estes sinais ma-
nifestam de modo especial, que Jesus é verdadeiramente «Deus que salva».
1508. O Espírito Santo confere a alguns o carisma especial de poderem curar 
para manifestar a força da graça do Ressuscitado. Todavia, nem as orações 
mais fervorosas obtêm sempre a cura de todas as doenças.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)1.
Jesus mesmo quis compartilhar o sofrimento físico e moral dos homens, expe-
rimentando cansaço, fome, sede, a agonia e a morte, a fim de transfigurar a dor 
humana (BÍBLIA, cf. Mt 8, 16s; Mc 14, 32.42; 15, 21-41; Jo 4, 6). Quis ensinar-nos 
que o sofrimento, aceito com fé e confiança em Deus, vem a ser salvífico; é parti-
cipação da Cruz redentora de Cristo. Consciente desta grande verdade, o Santo 
Padre João Paulo II termina a sua Carta sobre a Dor Salvífica com o seguinte apelo:
pedimos a todos vós que sofreis, que nos ajudeis. Precisamente a vós 
que sois fracos, pedimos que vos tomeis uma fonte de força para a Igre-
ja e para a humanidade. Na terrível luta entre as forças do bem e do 
mal, de que o mundo contemporâneo nos oferece o espetáculo, que 
vença o vosso sofrimento em união com a Cruz de Cristo (n. 31).
A Igreja continuou a se interessar pelos enfermos e sofredores. Em Cl 1, 24, São 
Paulo vê seus padecimentos como participação da Paixão de Cristo: «completo 
em minha carne o que falta à Paixão de Cristo em favor do seu Corpo, que é 
a Igreja”. Da mesma forma, o Apóstolo valoriza seus sofrimentos à luz dos de 
Cristo em 2Cor 1, 5: «assim como os sofrimentos de Cristo são copiosos para 
nós, assim também por Cristo é copiosa a nossa consolação.
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VU N I D A D E144
Muitas vezes se lê nas narrativas de cura do Novo Testamento que Jesus 
tocava os enfermos fisicamente. Jesus toma a sogra de Simão pela mão 
e a ergue (Mc 1,31), estende a mão ao leproso e o toca (Mc 1,41), im-
põem as mãos à mulher encurvada (Lc 13,13). Na cura do surdo, que 
não entende a linguagem das palavras, usa uma série de gesto: toma o 
homem em separado, põe os dedos nos dois ouvidos surdos e toca a 
língua com saliva (Mc 7,32-35); de modo semelhante procede na cura 
do cego, para o qual as pessoas tinha, solicitado expressamente que o 
tocasse (Mc 8,22-25; Jo 9,6). (SCHNEIDER, 2002, p. 303).
O texto que mais revela a solicitude pastoral da Igreja com os enfermos, é o de 
Tg 5, 14-16. Leia-o. São Tiago representa a corrente tradicional do judeo-cris-
tianismo. Por conseguinte, o que na sua carta ele refere a respeito da assistência 
religiosa aos doentes, não pode ser inovação, mas há de ser o eco de uma prá-
tica anterior. São Tiago fala de doentes que não podem procurar os presbíteros 
na Igreja, mas chamam a estes. Isto supõe doença grave.
EM CASO DE GRAVE ENFERMIDADE.
1514. A Unção dos Enfermos «não é sacramento só dos que estão prestes a 
morrer. Por isso, o tempo oportuno para a receber é certamente quando o 
fiel começa, por doença ou por velhice, a estar em perigo de morte».
1515. Se um doente que recebeu a Unção recupera a saúde, pode, em caso 
de nova enfermidade grave, receber outra vez este sacramento. No decurso 
da mesma doença, este sacramento pode ser repetido se o mal se agrava.
«...CHAME OS PRESBÍTEROS DA IGREJA»
1516. Só os sacerdotes (bispos e presbíteros) são ministros da Unção dos 
Enfermos (126). É dever dos pastores instruir os fiéis acerca dos benefícios 
deste sacramento. Que os fiéis animem os enfermos chamarem o sacerdote 
para receberem este sacramento. E que os doentes se preparem para o re-
ceber com boas disposições, com a ajuda do seu pastor e de toda a comuni-
dade eclesial, convidada a rodear, de um modo muito especial, os doentes, 
com as suas orações e atenções fraternas.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)1.
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Neste período, os presbíteros não eram apenas “os mais anciãos”; a palavra já 
tinha sentido técnico, designando os pastores da comunidade (no sentido suge-
rido por At 14, 23). Por conseguinte, a função que eles eram chamados a realizar, 
não era esporádica, mas algo de institucional; eram os presbíteros da Igreja, o 
que significa que agiam em nome da Igreja.
A unção assim praticada não se compara a nenhuma daquelas que o Antigo 
Testamento já conhecia para significar alegria (cf. Is 61, 3; SI 44, 8), consagra-
ção (I Sm 10, 1s; 1Rs 1, 39; Ex 29, 7.29; 30, 30...), cura (Is 1, 6; Lv 14, 10.32)... 
Com efeito; a unção, em Tg 5, pode não só aliviar o paciente, mas perdoar-lhe 
os pecados.
Os efeitos do rito são três:
 ■ Salvar. Este verbo ocorre quatro vezes em Tg (1, 21; 2, 15; 4, 12; 5, 20), 
sempre com o sentido de benefício para o homem inteiro.
 ■ Erguer, no sentido físico e moral.
 ■ Perdoar os pecados, quando necessário.
O Concílio de Trento declarou que o sacramento da Unção dos Enfermos 
(UE) é insinuado por Mc 6, 13 e promulgado por Tg 5, 14s(cf. DENZINGER; 
HUNERMANN, 2007).
A história deste sacramento pode ser dividida em duas fases anteriores ao 
Concílio do Vaticano II (1962-1965).
Na história anterior ao Concílio Vaticano II, os documentos não apresen-
tam um ritual da Unção dos Enfermos, mas apenas as fórmulas de bênção do 
óleo, que era aplicado a doentes de todos os tipos (não apenas aos de moléstias 
graves) pelo ministério dos presbíteros ou até de leigos e do próprio paciente 
(quando a unção não era feita na Igreja, mas em casa de família).
A fórmula mais antiga encontra-se na Tradição Apostólica de Hipólito 
Romano (215):
assim como, santificando este óleo, com o qual ungiste reis, sacerdotes 
e profetas, concedes, ó Deus, a santidade aos que são com ele ungidos e 
aos que o recebem, assim proporcione a ele consolo aos que o provam; 
e saúde aos que dele se servem (n. 18).
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Na história desse sacramento após o Concílio Vaticano II, certas modificações 
ocorrem na prática do sacramento: aparecem os primeiros Rituais da Unção 
dos Enfermos, com grande número de orações e gestos; o óleo era aplicado, pri-
meiramente, às partes doloridas do corpo; depois, foi reservado aos órgãos dos 
sentidos, pois costumam ser os veículos do pecado.
A administração do sacramento tornou-se tarefa exclusiva do clero, foram mais 
e mais postos em relevo os efeitos espirituais do sacramento, ou seja, a remissão 
dos pecados. O sacramento da Unção dos Enfermos foi aproximado do sacra-
mento da Penitência; os fiéis foram sendo exortados a aproveitar a doença para se 
converter e reconciliar-se com Deus — o que exigia o ministério dos sacerdotes.
O sacramento expressa de forma salutar que o favor prometido de Deus 
rompe os limites da ajuda humana e acolhe a situação da enfermida-
de em uma dimensão diferente. Pelo fato de que a presença direta do 
Senhor tem caráter de sinal, o vínculo da celebração sacramental ao 
ministério ordenado continua sendo necessário e plausível, devendo 
ser diferenciado do aconselhamento pastoral, que a seu modo torna 
perceptível o favor de Jesus Cristo (FABER, 2008, p. 206),
Assim, a Unção dos Enfermos foi sendo considerada como graça preparatória para 
a morte. Passou a fazer parte da tríade dos últimos sacramentos: Reconciliação, 
Comunhão Eucarística (às vezes sob forma de Viático), Extrema Unção (novo 
nome dado ao sacramento). Assim, a Unção foi postergada para os casos de 
doença muito grave. A Teologia desenvolveu considerações sobre a Unção como 
sendo o penhor de santa morte e da visão de Deus face-à-face. Todavia nos ritu-
ais medievais ainda se fazia menção do alívio corporal e da eventual restauração 
da saúde física que a Extrema Unção podia obter de Deus.
O Concílio do Vaticano II estipulou diretrizes significativas para a Teologia 
e o rito da UE. Assim se exprime a Constituição Sacrosantum Concilium:
73. A Extrema Unção, que também e melhor pode ser chamada Unção 
dos Enfermos, não é o sacramento apenas daqueles que estão no fim da 
vida. Por conseguinte, o tempo oportuno para recebê-la é certamente o 
momento em que o fiel começa a correr perigo de morte por motivo de 
doença ou de idade avançada.
74. Além dos ritos separados da Unção dos Enfermos e do Viático, fa-
ça-se um rito conjunto pela qual se administre a unção ao enfermo 
depois da Confissão e antes da recepção do Viático.
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75. O número de unções seja adaptado às circunstâncias. As orações 
que acompanham a cerimônia da Unção dos Enfermos, sejam revistas 
a fim de corresponderem às várias condições dos enfermos que rece-
bem este sacramento.
Em atendimento aos anseios do Concílio, foi elaborado e, aos 07/12/1972, pro-
mulgado novo Ritual do Sacramento da Unção dos Enfermos. Este é caracterizado 
por novas notas:
1. A matéria do sacramento é o óleo de oliveira, mas, caso seja difícil obtê-
-lo, é licito recorrer a qualquer outro óleo vegetal.
2. Os destinatários do sacramento são os fiéis cujo estado de saúde esteja 
gravemente comprometido por doença ou por velhice (donde se vê que 
as pessoas idosas em gozo de boa saúde não são o sujeito adequado deste 
sacramento). Pode-se conferir a Unção antes de uma intervenção cirúrgica, 
se a causa da operação é uma doença perigosa. Às crianças seriamente 
enfermas, é licito ministrar a UE desde que tenham uso da razão e pos-
sam compreender o valor do sacramento. A gravidade da moléstia há 
de ser avaliada segundo as categorias da prudência e da probabilidade.
3. O Ritual enfatiza a necessidade de catequese tanto para os enfermos 
quanto para os familiares. É preciso que o paciente tenha viva fé na sal-
vação obtida pela morte e a ressurreição de Cristo, mediante as quais 
podemos entrar na vida eterna.
4. A UE pode ser reiterada durante a mesma doença, desde que se agrave 
o estado de saúde.
5. O Ritual prevê que o enfermo possa ir à Igreja para receber o sacramento, 
de preferência dentro do quadro da Santa Missa.
6. As partes do corpo a serem ungidas são a fronte, que lembra o cérebro 
e o pensamento, e as mãos, que são os instrumentos da ação; assim, a 
pessoa é atingida na totalidade do seu ser. Na impossibilidade de se atin-
girem fronte e mãos, qualquer outra parte do corpo (ainda que uma só) 
pode ser ungida.
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7. A fórmula sacramental é a seguinte: “Por esta santa unção e por sua 
piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do 
Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua 
bondade, alivie os teus sofrimentos”. Estas palavras significam que a UE 
deve proporcionar alívio ao paciente, antes do mais, no plano espiritual, 
mas também no corporal, caso isto seja para o bem do enfermo. O sacra-
mento confere à paciente fortaleza especial para que possa enfrentar o 
agón (= luta, em grego) que toda doença grave impõe: no fim da vida, o 
cristão deve rematar o seu currículo com fé e amor, corrigindo e desdi-
zendo faltas passadas, concluindo fielmente o testemunho de vida que 
deixa aos pósteros.
8. A UE pode ser ministrada aos doentes privados de sentidos, desde que se 
possa crer que a pediriam se estivessem no pleno gozo das suas faculda-
des. Visto que entre a morte clínica e a morte real há um lapso de tempo, 
a UE pode ser conferida sob condição (“Se estás vivo, ...”) duas ou três 
horas após a morte clínica.
Para um cristão, a doença e a morte podem e devem ser meios para se santi-
ficar e redimir com Cristo. Para isto, contribui a Unção dos Enfermos.
Fonte: Opus Dei ([2018], on-line)2.
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O SACRAMENTO DA ORDEM
Iniciaremos agora a refletir sobre os sacramentos do serviço, ou seja, os sacra-
mentos do Matrimônio e da Ordem. Os dois sacramentos não se destinam tanto, 
como os anteriores, à santificação do indivíduo, mas, sim, ao serviço da comu-
nidade; daí serem chamados “sacramentos de estado”; fundam um estado de 
vida e serviço. Comecemos nosso estudo pela Ordem ou o sacramento dos bis-
pos, presbíteros e diáconos.
O Antigo Testamento conheceu o sacerdócio como função confiada à tribo 
de Levi; donde chamar-se “sacerdócio levítico”. Aarão, irmão de Moisés, é o pri-
meiro grande sacerdote levítico.
OS SACRAMENTOS AO SERVIÇO DA COMUNHÃO
1534. Dois outros sacramentos, a Ordem e o Matrimónio, são ordenados 
para a salvação de outrem. Se contribuem também para a salvação pessoal, 
é através do serviço aos outros que o fazem. Conferem uma missão particu-
lar na Igreja,e servem a edificação do povo de Deus.
1535. Nestes sacramentos, aqueles que já foram consagrados pelo Batismo 
e pela Confirmação para o sacerdócio comum de todos os fiéis, podem re-
ceber consagrações particulares. Os que recebem o sacramento da Ordem 
são consagrados para serem, em nome de Cristo, «com a palavra e a graça 
de Deus, os pastores da igreja». Por seu lado, «os esposos cristãos são forta-
lecidos e como que consagrados por meio de um sacramento especial em 
ordem ao digno cumprimento dos deveres do seu estado».
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)3.
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O papel desse ministério sacerdotal era fazer 
a mediação entre Deus Santo e o povo 
pecador, oferecendo sacrifícios de víti-
mas irracionais; estas representavam o 
homem desejoso de se oferecer a Deus, 
mas, por serem irracionais, ficavam 
abaixo do nível do homem e de Deus. 
Multiplicavam-se os sacrifícios, porque 
nenhum deles era cabal ou adequado 
para fazer a ponte entre o homem e Deus. 
Em suma, havia muitos sacerdotes e muitos 
sacrifícios, regidos por minuciosa legislação 
(cf. Nm 3, 11-39; Lv 1, 1.27, 34).
Jesus Cristo aboliu o sacerdócio levítico e 
fez-se Ele o único Sacerdote da nova e definitiva aliança, de acordo com o modelo 
não de Levi, mas de Melquisedeque, que era rei e sacerdote (cf. Hb 7, 1.28; 10, 
4-10). Cristo Sacerdote ofereceu um único sacrifício, que é o holocausto de Sua 
vontade e de Sua vida entregues ao Pai; como novo Adão, Ele disse um Sim ins-
pirado por amor, apagando o Não dito pelo primeiro Adão em desamor ao Pai 
(cf. Rm 5, 12-21).
Verdade é que no Novo Testamento somente a epístola aos Hebreus se refere 
explicitamente ao sacerdócio de Jesus Cristo. Os outros livros, ao falar de Cristo 
e dos Apóstolos, atribuem-lhes serviços ou ministérios, não, porém, sacerdócio. 
Pergunta-se: por que isto?
A resposta é deduzida do fato de que hiereus (= sacerdote, em grego), para 
os primeiros cristãos, era designativo dos ministros do Antigo Testamento e das 
religiões pagãs; por isto aplicar tal vocábulo a Cristo levaria facilmente a equí-
vocos, visto que Jesus e os Apóstolos não eram sacerdotes naquele sentido; para 
os judeus, Jesus era um leigo, pois não pertencia à tribo de Levi, mas à tribo de 
Judá, à qual era proibido usurpar funções sacerdotais. Jesus associa em si sacer-
dócio e realeza, como Melquisedeque.
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1536. A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo 
aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, 
portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: 
o episcopado, o presbiterado e o diaconato.
I. Porquê este nome de sacramento da Ordem?
1537. A palavra Ordem, na antiguidade romana, designava corpos consti-
tuídos no sentido civil, sobretudo o corpo dos que governavam, Ordinatio 
designa a integração num ordo. Na Igreja existem corpos constituídos, que 
a Tradição, não sem fundamento na Sagrada Escritura, designa, desde tem-
pos antigos, com o nome de táxeis (em grego), ordines (em latim): a liturgia 
fala assim do ordo episcoporum – ordem dos bispos –, do ordo pres-
byterorum - ordem dos presbíteros – e do ordo diaconorum –ordem dos 
diáconos. Há outros grupos que também recebem este nome de ordo: os 
catecúmenos, as virgens, os esposos, as viúvas...
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)3.
Todavia os livros do Novo Testamento apresentam Jesus como agente de um 
sacerdócio novo e mais perfeito do que o veterotestamentário. É esboçado pela 
figura do Servo de Javé descrita em Is 52, 13-53, 12: o Servo inocente assume 
sobre si os pecados alheios e presta satisfação por eles, merecendo o perdão aos 
pecadores. Com efeito, temos os seguintes textos:
 ■ 2Cor 5, 21: “Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por 
nós, para que nele nos tornássemos justiça de Deus”.
 ■ Gl 3, 13: “Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, fazendo-se Ele mesmo 
maldição por nós”.
A morte de Cristo é descrita em linguagem de rito de sacrifício e, indiretamente, 
em linguagem sacerdotal:
 ■ 1Cor 5, 7: “Nossa Páscoa, Cristo, foi imolado”.
 ■ Jo 1, 19: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
 ■ Ap 5, 9s: “Tu foste imolado e resgataste para Deus pelo Teu sangue homens 
de toda raça, língua, povo e nação. Tu fizeste deles para nosso Deus um 
Reino de Sacerdotes, que reinam sobre a terra”.
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 ■ 1Pd 18: Fostes resgatados “pelo precioso sangue de Cristo, o cordeiro ima-
culado e sem defeito algum”.
Muitas vezes os autores sagrados referem que Cristo se entrega ou entrega Seu 
sangue em favor dos homens: Jo 6, 51; 10, 11.15; Lc 22, 19; Mc 10, 45.
 ■ Ef 5, 2: “Vivei no amor como Cristo também nos amou e se entregou a 
Deus por nós, como oferenda e sacrifício de suave odor”.
 ■ Ef 5, 25: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para santificá-la”.
 ■ 1Jo 2, 2: “Jesus é a vítima de expiação pelos nossos pecados. E não somente 
pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro”.
 ■ Em suma, a afirmação de que Cristo se imolou pelos nossos pecados é 
constante no Novo Testamento; cf. Gl 1, 4; 2, 20; 1Tm 2, 6; Tt 2, 14...
Estes textos evidenciam que, embora o título “sacerdote” não seja explicitamente 
atribuído a Cristo nos Evangelhos, Jesus é, no entanto, tido como o Sacerdote 
que se oferece ao Pai como vítima pelos pecados.
Cristo quer continuar o seu sacerdócio aplicando os frutos da Redenção aos 
homens, mediante ministros que Ele escolhe. Estes não são sacerdotes ao lado 
de Jesus Sacerdote, mas são participantes do único sacerdócio de Cristo e ofe-
recem o único sacrifício de Cristo na Cruz como se fossem a mão estendida do 
Senhor através dos séculos.
O povo cristão não é povo amorfo, mas estruturado por uma hierarquia 
definida, que se encontra esboçada pelos textos mesmos do Novo Testamento. 
Com efeito; Jesus quis escolher os doze Apóstolos para serem seus íntimos cola-
boradores; cf. Mc 3, 13-16: “Ele fez doze... para estarem com Jesus”. É posto em 
relevo o fazer ou o criar os doze - o que significa mudança interior dos mes-
mos. Eles agiriam como se fossem o próprio Cristo: “Quem vos escuta, a Mim 
escuta” (Lc 10, 16). Segundo o Concílio de Trento, os Apóstolos foram consti-
tuidos sacerdotes na última Ceia (cf. Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio 1752, 
doravante citado como DS).
Jesus confiou a 72 discípulos missão análoga à dos Apóstolos: cf. Lc 
10, 1-16 e 9, 1-6. Ora os Apóstolos foram desdobrando o ministério que 
receberam.
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A Sagrada Escritura e, mais ainda, a Tradição oferecem os dados neces-
sários para se reconstituir a evolução. Com efeito, as primeiras comunidades 
cristãs eram governadas pelos Apóstolos, que tinham jurisdição universal, mas 
eram itinerantes ou não residiam em sede fixa. Deixaram, pois, em cada Igreja 
um colegiado de presbýteroi ou epískopoi, que governavam de imediato a comu-
nidade, tendo abaixo de si os diákonoi; ver Fl 1, 1: “Paulo e Timóteo, servos de 
Jesus Cristo, a todos os santos em Jesus Cristo que estão em Filipos, com os seus 
epíscopos e diáconos”.
Em At 20, 17.28, São Paulo chama os presbýteroi pelo apelativo de epískopoi 
(as traduções brasileiras não usam essa terminologia, que é a mais fiel aos origi-
nais). Tal tipo de governo só podia ser provisório; só duraria enquanto vivessem os 
Apóstolos. Ao aproximar-se o fim de vida destes, tiveram que promover a escolha 
de um membro do colegiado de presbýteroi-epískopoipara tornar-se o respon-
sável supremo de cada comunidade. A este foi reservado o título de epískopos, 
que se traduz por bispo, ao passo que os demais membros do colegiado ficaram 
sendo presbýteroi. Um exemplo desta transição é bem perceptível na 3ª Epístola 
de S. João; a comunidade à qual o Apóstolo escreve, é dirigida por um certo 
Diotrefes, que não se quer subordinar ao autor da carta (cf. v. 9). A carta data de 
fim do século I. Pouco depois em Antioquia, aparece nitidamente o episcopado 
monárquico, exercido por S. Inácio († 107 aproximadamente).
Os apóstolos também instituíram diáconos, que ocupavam lugar abaixo dos 
presbíteros: At 6, 1-6; Fl 1, 1; I Tm 3, 8-13.
O sacramento da Ordem consta, pois, de três graus de ministério. Em cada 
um destes se confere mais do que uma função ou um título; há aí um dom de 
Deus na linha do ser e não apenas na linha do agir, que torna o ministro parti-
cipante do sacerdócio de Cristo de modo essencialmente diverso do sacerdócio 
comum dos fiéis (cf. Lumen Gentium n. 10). Os sacerdotes agem In persona 
Christi ou como se fosse o próprio Cristo (cf. LG n. 10); é instrumento de Cristo 
(cf. Presbyterorum Ordinis n. 12). Este dom é também chamado “caráter (selo, 
marca) sacerdotal”.
A plenitude do sacerdócio de Cristo é conferida pela ordenação episcopal: 
o bispo pode não somente consagrar a Eucaristia, mas também ordenar minis-
tros da Eucaristia ou presbíteros, ao passo que estes não podem ordenar outros 
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presbíteros. Além dos três graus enunciados, existem ministérios inferiores na 
Igreja, que não são partes do sacramento da Ordem, mas são sacramentais: o 
leitorado e o acolitado.
Nos primeiros séculos da Igreja, houve diaconisas, isto é, mulheres encarre-
gadas da catequese, de auxiliar no Batismo de mulheres adultas, da comunhão de 
enfermos... Não recebiam o sacramento da Ordem (diaconato), mas um minis-
tério (um sacramental).
A palavra “ordem” era usada pelos antigos romanos para designar determi-
nadas categorias sociais, como as dos Senadores e Cavaleiros. Fora de Roma, nas 
colônias, a palavra “ordem” designava o conjunto daqueles a quem era confiado 
o governo local; distinguiam-se da população governada. O vocábulo foi trans-
ferido para a linguagem cristã, designando os ministros que tinham a função 
de apascentar o povo de Deus. A seguir, a palavra “ordem” passou a designar os 
diversos graus existentes dentro do próprio clero; daí falar-se de “ordem dos diá-
conos, ordem dos presbíteros, ordem dos bispos”. Ainda no decorrer do tempo, 
especialmente na Idade Média, ordem perdeu o seu significado coletivo para 
designar o próprio sacramento que institui os ministros do Novo Testamento, 
ministros distribuídos por três graus.
De modo semelhante, os vocábulos “ordenação” e “ordenar’, que antigamente 
designavam a nomeação de funcionários, passaram a indicar, na literatura cristã, 
o rito que constitui alguém participante do sacerdócio de Cristo dentro da hie-
rarquia da Igreja.
Pelo sacramento da Ordem, o ministério dos Bispos, presbíteros e diáconos 
torna-se uma participação especial no sacerdócio de Cristo. Diz o Catecismo 
da Igreja Católica:
alguém validamente ordenado pode, é claro, por justos motivos ser 
destituído das obrigações e das funções ligadas à ordenação ou ser 
proibido de exercê-las, mas jamais poderá voltar a ser leigo no sentido 
estrito, porque o caráter impresso pela ordenação permanece para sem-
pre. A vocação e a missão recebidas no dia de sua ordenação marcam a 
pessoa de modo permanente (par. 1583).
Consta, pois, que o sacramento da Ordem, como o do Batismo e o da 
Crisma, confere caráter indelével, que configura a pessoa a Cristo Sacerdote, 
Profeta e Rei.
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Sobre a matéria, tem-se a definição do Papa Pio XII feita aos 30 de novem-
bro de 1947: definiu o papa que a matéria da ordenação episcopal, presbiteral e 
diaconal é a imposição das mãos do celebrante sobre o(s) candidato(s), ao passo 
que a forma do sacramento é a oração consecratória que acompanha e interpreta 
a imposição das mãos. Esta decisão é conforme ao que se lê nas Escrituras do 
Novo Testamento, vejamos: “Não descuides o dom da graça que há em ti e que 
te foi conferido mediante profecia, junto com a imposição das mãos do presbi-
tério” (1Tm 4, 14).
Este texto menciona a profecia concomitante da ordenação: podia ser a ora-
ção consecratória ou, segundo alguns comentadores, a indicação do candidato 
à Ordem sacra por parte de profetas da comunidade. Quanto à imposição das 
mãos, verifica-se que era efetuada também pelos presbíteros presentes e não só 
pelo celebrante do rito.
A Ordem é o Sacramento que habilita ao exercício do ministério confiado 
por Jesus aos Apóstolos de apascentar com amor o seu rebanho, compreen-
dendo três graus: episcopado, presbiterato e diaconato.
(Papa Francisco)
OS SACRAMENTOS DE CURA E SERVIÇO
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O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
Estudaremos, a seguir, o segundo sacramento de estado, que é o do matrimônio, 
começando pela respectiva fundamentação bíblica.
Um dos textos mais antigos que temos é o de Gn 2, 21.24 (século X a.C.). 
Mostra que o matrimônio é uma instituição natural, derivada da própria índole 
masculina e feminina do ser humano. O texto incute a monogamia em um mundo 
que adotava a poligamia. A sexualidade aí aparece como dom de Deus; por isto 
não é má, antes, é sagrada, porque oferece ao homem e à mulher a oportunidade 
de colaborar com Deus, transmitindo a vida. Eis os respectivos dizeres:
o Senhor Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou 
uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar. Depois, da costela 
que tirara do homem o Senhor Deus modelou uma mulher e a trouxe 
ao homem. Então o homem exclamou: ‘Esta, sim, é osso de meus ossos 
e carne de minha carne. Ela será chamada ‘mulher (‘isha)’ porque foi 
tirada do homem (‘ish)’. Por isto o homem deixa seu pai e sua mãe, 
une-se à sua mulher e eles se tornam uma só carne.
Em Gn 1, 27s (século VI a.C.), além da monogamia e da dignidade dos cônju-
ges, é incutida a fecundidade. Esta tem sua origem em Deus e pode ser ocasião 
de uma vocação especial dada pelo Senhor ao homem:
O Sacramento do Matrimônio
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Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; ho-
mem e mulher Ele os criou. Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sede fecun-
dos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; dominai sobre os pei-
xes do mar as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra.
Em Gn 3, 1.24, aparece o aspecto difícil da vida conjugal, que exigirá sem-
pre a grandeza de alma da parte dos cônjuges, pois o matrimônio é missão 
ou tarefa. Com efeito, o orgulho se apodera do homem e da mulher, que que-
rem ser como Deus, árbitros do bem e do mal, desobedecendo ao Senhor no 
estado paradisíaco. Em consequência, afastam-se do Senhor e desentendem-
-se entre si: o homem lança a culpa do pecado sobre a mulher, e esta a lança 
sobre a serpente. Pode haver desunião entre marido e mulher em virtude da 
perda de fidelidade ao Senhor Deus. Com muita sabedoria, o autor bíblico 
descreve o episódio do pecado dos primeiros pais e suas consequências pre-
judiciais para a vida do casal.
O SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO
1601. «O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem en-
tre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao 
bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os batizados foi 
elevado por Cristo Senhorà dignidade de sacramento».
I. O matrimônio no desígnio de Deus
1602. A Sagrada Escritura começa pela criação do homem e da mulher, à 
imagem e semelhança de Deus, e termina com a visão das «núpcias do Cor-
deiro» (Ap 19, 9). Do princípio ao fim, a Escritura fala do matrimónio e do seu 
«mistério», da sua instituição e do sentido que Deus lhe deu, da sua origem 
e da sua finalidade, das suas diversas realizações ao longo da história da 
salvação, das suas dificuldades nascidas do pecado e da sua renovação «no 
Senhor» (1 Cor 7, 39), na Nova Aliança de Cristo e da Igreja.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)3.
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Nos livros dos Profetas, a união matrimonial é frequentemente evocada como 
imagem da Aliança de Deus com o seu povo. Esta vai além dos termos jurídi-
cos, pois é doação gratuita que Deus faz de si à “Filha de Sion”, ciente de que esta 
é criatura oscilante — ver principalmente Os 1, 2-3.5; Ez 16, 1.34; Jr 31, 21s; Is 
54, 1-10; 5, 1-7. Esta imagem persistirá nos escritos do Novo Testamento para 
designar a nova e definitiva Aliança de Deus com toda a humanidade, como se 
verá adiante. No livro do Profeta Malaquias, há uma passagem que recomenda 
a estabilidade da união conjugal: “Não traias a esposa de tua juventude! Porque 
odeio o repúdio, diz o Senhor dos exércitos” (Ml 2, 15s).
Dois livros ainda merecem especial atenção. O Cântico dos Cânticos des-
creve as fases do amor, desde o seu primeiro despertar até as núpcias, como 
figura do amor de Deus ao seu povo; são oito capítulos cheios de realismo, que 
deixam entrever a consumação escatológica do amor. O livro de Tobias apre-
senta o matrimônio santificado pela oração e a bênção de Deus; é a vivência de 
um casto amor, que sabe sofrer e vencer sob a proteção do Criador.
Seguimos a discussão com a fundamentação no Novo Testamento e obser-
vamos em Mt 19, 1.9 e Mc 10, 1.12 que Jesus volta ao texto do Gênesis, citando 
explicitamente Gn 1,27; 2,24; diz que o Gênesis apresentou o matrimônio na 
sua forma ideal, que exclui a dissolubilidade; repudiar a mulher e casar com 
outra é adultério (Mt 5, 32). Os dizeres de Mateus hão de ser lidos no contexto 
das demais afirmações do Novo Testamento, que são contrárias à dissolução do 
matrimônio: Mc 10,11; Lc 16, 18; 1Cor 7, 10s. Aliás, Jesus observa que já um 
mau desejo, alimentado interiormente, é equiparável a um adultério (Mt 5, 28).
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O MATRIMÓNIO NO SENHOR
1612. A aliança nupcial entre Deus e o seu povo Israel tinha preparado a 
Aliança nova e eterna, pela qual o Filho de Deus, encarnando e dando a sua 
vida, uniu a Si, de certo modo, toda a humanidade por Ele salva, preparando 
assim as «núpcias do Cordeiro».
1613. No umbral da sua vida pública, Jesus realiza o seu primeiro sinal – a 
pedido da sua Mãe por ocasião duma festa de casamento. A Igreja atribui 
uma grande importância à presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê nes-
se facto a confirmação da bondade do matrimónio e o anúncio de que, do-
ravante, o matrimónio seria um sinal eficaz da presença de Cristo.
1614. Na sua pregação, Jesus ensinou sem equívocos o sentido original da 
união do homem e da mulher, tal como o Criador a quis no princípio: a per-
missão de repudiar a sua mulher, dada por Moisés, era uma concessão à du-
reza do coração: a união matrimonial do homem e da mulher é indissolúvel: 
foi o próprio Deus que a estabeleceu: «Não separe, pois, o homem o que 
Deus uniu» (Mt 19, 6).
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, on-line)3.
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O contrato natural do matrimônio, apresentado por Gênesis, é por Jesus Cristo 
elevado à nova dignidade ou ao plano sacramental — o que quer dizer que, den-
tro dos moldes da vida humana de um casal cristão, se processa uma realidade 
transcendental; esta passa através do cotidiano do esposo e da esposa e o ultra-
passa, encarnando o amor fecundo de Cristo à Igreja e da Igreja a Cristo. É São 
Paulo quem o expõe em Ef 5, 25-27.31s:
maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a Igreja e se entre-
gou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela 
Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja gloriosa, sem mancha nem 
ruga ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível... Por isto deixará 
o homem o seu pai e a sua mãe e se ligará à sua mulher e serão ambos 
uma só carne. É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo 
e a sua Igreja.
Este texto há de ser entendido dentro das grandes linhas da teologia de São Paulo. 
O Apóstolo considera o primeiro Adão como tipo ou imagem do segundo Adão, 
Jesus Cristo, o Homem por excelência e o Pai de uma nova linhagem (cf. Rm 
5, 14; Ef 1, 10.21s; 1Cor 15, 45.47). Este novo Adão tem como Esposa a comu-
nidade cristã, que é a Igreja; a união de Cristo com a Igreja no amor torna-se 
assim o modelo do qual toda união matrimonial participa; esta participação 
não quer dizer apenas imitação, mas significa configuração pequena à Realidade 
grande, que se estende em cada casal. É isto que faz a grandeza do matrimônio: 
sacramento grande em relação a Cristo e à Igreja (Ef 5, 32). Isto também quer 
dizer que a união do matrimônio-sacramento é mais rica de conteúdo e signi-
ficado do que a união de vínculo natural; esta participa do binômio Adão-Eva, 
ao passo que aquela é a configuração pequena do binômio Cristo-Igreja (novo 
Adão e nova Eva); em consequência, o lar cristão é, com razão, chamado «Igreja 
doméstica»; por ele a vida eterna, conquistada por Cristo na cruz para a huma-
nidade, é transmitida a novas e novas gerações.
Estas verdades ficaram gravadas na consciência dos antigos cristãos, de modo 
que, embora se casassem como todos se casam (sem ter um cerimonial próprio, 
mas adotando símbolos usuais da cultura greco-romana), sabiam que as suas 
núpcias tinham um conteúdo específico, muito denso e dignificante.
Como dito, o sacramento do matrimônio eleva ao plano sobrenatural a ins-
tituição natural do casamento: a obra da redenção, que se realiza por Cristo e 
pela Igreja, se efetua em miniatura na união e na vida dos cônjuges cristãos. Diz 
o Concílio de Florença em 1439: “o sacramento do matrimônio é sinal da união 
de Cristo e da Igreja como afirma o Apóstolo: “este sacramento é grande em vista 
da relação entre Cristo e a Igreja’ (Ef 5, 32)”.
A seguir, o Concílio cita três bens do matrimônio, aliás já apregoados por 
S. Agostinho:
 ■ o bem da prole: o matrimônio é destinado à perpetuação do gêne-
ro humano, de modo que a exclusão total e incondicional de prole 
torna inválido o casamento religioso. Também o torna inválido a 
impotência (incapacidade de relacionamento sexual incurável e an-
terior ao casamento (Cânon 1084));
 ■ o bem da fidelidade ou do apoio mútuo e complementar existente 
entre os cônjuges;
 ■ o bem do sacramento, entendendo-se “sacramento” no sentido da 
antiga linguagem latina, ou seja, como juramento sagrado inviolável 
ou indissolúvel. (cf. DS 1327).
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O Concílio do Vaticano II, na sua Constituição Lumen Gentium no II desen-
volve tais noções nos seguintes termos:
Os cônjuges cristãos, pela virtude do sacramento do matrimônio, pelo 
qual significam e participam do mistério de unidade e fecundo amor 
entre Cristo e a Igreja, ajudam-se a santificar-se um ao outro na vida 
conjugal bem como na aceitação e educação dos filhos; têm para isso, 
no seu estado e função, um dom especial dentro do povo de Deus (cf. 
I Cor 7,7). Desse consórcio procede a família, onde nascem os novos 
cidadãos da sociedade humana, que, pela graça do Espírito Santo, se 
tornam filhos de Deus no Batismo, para que o povo de Deus se per-
petue no decurso dos tempos. É necessário que nesta espécie de igreja 
doméstica os pais sejam para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os 
primeiros mestres da fé.
A Constituição Gaudium et Spes, do mesmo Concílio, em seu n. 48 volta ao 
assunto:
A família cristã patenteará a todos a presença viva do Salvador no mun-
do e a autêntica índole da Igreja pelo amor dos cônjuges, pela fecundi-
dade generosa, pela unidade e fidelidade e, pela amável cooperação de 
todos os membros, porque se origina do matrimônio, que é imagem e 
participação do pacto de amor entre Cristo e a Igreja.
Estes dizeres têm significado profundo. Implicam que a analogia entre a Igreja e 
o matrimônio não é meramente extrínseca, como se fossem duas entidades que, 
consideradas em si mesmas, não revelariam qualquer nexo ou relacionamento 
mútuo; na verdade, é uma analogia que se deriva da mesma matriz: o amor de 
Deus, que se doa à humanidade inteira mediante a Igreja e a cada célula da huma-
nidade inteira dentro da família.
A matéria do sacramento do matrimônio é a união do homem e da mulher 
assumida na vida da Igreja. Não se trata apenas da união sexual, mas de todo o 
contexto de amor e doação, do qual a união sexual é a expressão; esse contexto 
tem características morais e jurídicas. A sexualidade no ser humano, embora 
tenha traços comuns com a dos animais irracionais no plano biológico, difere da 
sexualidade dos infra-humanos; é parte integrante da pessoa, que tem um apelo 
para a Transcendência ou para o Absoluto; é para atingir essa finalidade maior 
que o homem e a mulher se casam; em consequência as funções biológicas dos 
esposos tomam traços de espiritualidade e nova dignidade.
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A forma do sacramento é o consentimento mútuo dos nubentes, que se unem 
em comunhão com a Igreja.
A partir da Idade Média, os teólogos falam de contrato matrimonial, enfa-
tizando o aspecto jurídico da união conjugal. Esta posição não é falsa, mas não 
diz tudo o que é o casamento sacramental; na verdade, não se trata aí de bens 
meramente materiais, mas de duas pessoas que se doam mutuamente, e se doam, 
antes do mais, por amor espontâneo, não por obrigação; os nubentes se compro-
metem por amor. O elemento jurídico é importante e deve ser conservado para 
fortalecer a perseverança na doação, quando há dificuldades; o contrato regis-
trado na Igreja ou em cartório é sempre um espelho no qual os nubentes podem 
contemplar sua personalidade e evitar dizer que o casamento acaba quando o 
amor acaba ou quando faltam disposições subjetivas para sustentá-lo.
Para dois católicos validamente batizados, o contrato civil de casamento não 
substitui o sacramento. A Igreja respeita o matrimônio civil; é necessário para 
garantir os efeitos civil do casamento, mas ela julga que, quando é dissolvido 
pelo divórcio, fica aos cônjuges civilmente divorciados a possibilidade de con-
trair um matrimônio sacramental. As pessoas divorciadas que não se unem a 
outro(a) consorte, mas vivem castamente, são pessoas que edificam a comunidade 
por guardarem fidelidade ao vínculo conjugal; podem receber os sacramentos.
O amor ao cônjuge não pode ser um disfarçado amor a si próprio. Muitos 
casamentos fracassam porque os esposos não estão unidos por um amor 
autêntico, mas por um egoísmo a dois. O verdadeiro amor mede-se pela 
capacidade de sacrifício e de entrega mútua.
(São João Paulo II)
Os sacramentos do serviço colaboram para fazermos com fervor e alegria a vontade 
Deus no mundo. O sacramento do Matrimônio une duas pessoas em uma só carne 
para que juntas busquem a santidade e a justiça e eduquem seus filhos no amor a Deus.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), concluímos nossa última unidade sobre liturgia e sacramentos. 
Nesta unidade que encerramos, percebemos que a ação de Deus perpassa toda 
nossa vida pelos sacramentos. Desde que nascemos, nossa vida, nosso serviço 
e até na hora da dor e do sofrimento, Deus se faz presente, como o Bom Pastor 
que não abandona uma só ovelha no meio de uma centena.
Assim Deus é conosco, somos centenas de milhares no mundo e todos nós 
temos nosso nome gravado no Coração de Jesus. Desse coração de um Pastor e 
Deus, nunca seremos esquecidos, Ele mesmo diz: “Pode uma mulher esquecer-se 
de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? 
Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que 
nas palmas das minhas mãos eu te gravei” (Isaías 49, 15-16).
Os sacramentos, portanto, são ações de Deus que acompanham nossa vida, 
nos encorajando, para vivermos sempre em harmonia com nosso Criador e reden-
tor e com coragem buscar sempre evitar o pecado — pois este ofende a Deus e 
nos afasta do próximo — e a buscarmos sempre a Sua vontade.
 Vimos nesta última unidade quatro sacramentos, denominados como 
sacramentos da cura e do serviço. Os sacramentos estabelecem em nós o per-
dão salvífico de Deus e aumenta ainda mais nossa ligação com ele. Juntamente 
com a Eucaristia a confissão nos ajuda a um dia como São Paulo dizer: não sou 
eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim.
O Sacramento da Unção dos enfermos vem trazer o conforto do Bom Pastor 
para a pessoa que sofre a enfermidade e muitas vezes colabora para tranquili-
zar o enfermo na hora da agonia, mostrando a ele que mesmo na hora da nossa 
morte, o Senhor está conosco, segurando nossas mãos e nos acolhendo para a 
vida eterna.
Os dois últimos sacramentos nos mostram e nos dão a força de Deus para 
conseguirmos servi-lo com mais entusiasmo. Quando acertamos nossa voca-
ção, conseguimos com alegria servir a Deus e amar o próximo, como o próprio 
Deus nos amou.
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165 
1. Em relação aos sacramentos pregados e praticados pela Igreja Católica Apostó-
lica Romana, assinale a alternativa correta.
a) A Igreja não faz diferença dos sacramentos.
b) Apenas existe um sacramento administrado de formas diferentes.
c) A Igreja divide os sacramentos em três grupos: Sacramentos da Iniciação 
Cristã, Sacramentos da Cura e Sacramentos do Serviço.
d) Todos os Sacramentos são da Cura.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
2. Os Apóstolos, não por efeito de sua santidade própria, mas em consequência 
de um dom de Deus “Recebei o Espírito Santo”, são habilitados a perdoar os pe-
cados. A sentença proferida pelos Apóstolos é confirmada pelo próprio Deus. 
As formas passivas “Serão perdoadas” e “Serão retidos” são expressões que os 
judeus usavam para não proferir o santo nome de Javé nas expressões “Javé os 
perdoará” e “Javé não os perdoará ou os reterá”. Com base nos estudos sobre o 
Sacramento da confissão, assinale a alternativa correta:
a) O perdão dos pecados é feito somente por Deus, e durante a confissão com 
um sacerdote é Cristo mesmo que perdoa os penitentes por meio das pala-
vras proferidas pelo Sacerdote.
b) Só Deus perdoa pecados.
c) A Igreja não pode pedir aos fiéis que confessem, pois somente Deus pode 
perdoar os pecados.
d) Os padres é que perdoam os pecados.
e) Nenhuma das alternativa anteriores está correta.
3. A Igreja continuou a se interessar pelos enfermos e sofredores. Em Cl 1, 24, São 
Paulo vê seus padecimentos como participação da Paixão de Cristo: «Completo 
em minha carne o que falta à Paixão de Cristo em favor do seu Corpo, que é 
a Igreja». Da mesma forma, o Apóstolo valoriza seus sofrimentos à luz dos de 
Cristoem 2Cor 1, 5: «Assim como os sofrimentos de Cristo são copiosos para 
nós, assim também por Cristo é copiosa a nossa consolação. Com base no tex-
to, analise as afirmações:
I. Os doentes não colaboram no mistério de Cristo.
II. Cristo sofre com os enfermos, consolando-os.
III. O Sacramento da Unção dos Enfermos é uma ação de Deus para salvar.
IV. O Sacramento da Unção dos Enfermos é apenas para encomendar a alma da 
pessoa que está morrendo a Deus.
166 
 Podemos afirmar que:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e V estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
4. A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Após-
tolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sa-
cramento do ministério apostólico. Com base nos estudos sobre o Sacramento 
da Ordem, marque V para afirmações Verdadeiras e F para afirmações Falsas:
( ) O Sacramento da Ordem divide-se em graus.
( ) O Diaconato, Presbiterado e Episcopado são os três graus do sacramento 
da Ordem.
( ) Pode-se afirmar que o Sacramento da Ordem não foi instituído pelo pró-
prio Cristo.
( ) Homens e Mulheres podem ser ordenados sacerdotes católicos.
( ) Durante a administração dos sacramentos, Cristo age por meio dos Sacerdotes.
a) F, V, V, F, V.
b) V, V, F, V, V.
c) V, F, F, V, V.
d) V, V, F, F, V. 
e) V, V, V, V, F.
5. O sacramento do matrimônio eleva ao plano sobrenatural a instituição natural 
do casamento: a obra da redenção que se realiza por Cristo e pela Igreja, se 
efetua em miniatura na união e na vida dos cônjuges cristãos. Diz o Concílio de 
Florença em 1439: “o sacramento do matrimônio é sinal da união de Cristo e da 
Igreja como afirma o Apóstolo: “Este sacramento é grande em vista da relação 
entre Cristo e a Igreja’ (Ef 5, 32)”. Conforme os estudos sobre o Sacramento do 
Matrimônio, assinale a alternativa correta.
a) Cristo permite a separação dos casais.
b) O Sacramento do Matrimônio não é indissolúvel.
c) O Matrimônio não é sacramento.
d) O Sacramento do Matrimônio é indissolúvel.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
167 
QUE PAPEL TÊM OS SACRAMENTOS NA VIDA DA IGREJA?
Há certas perguntas que nos espantam 
num primeiro momento por se apresen-
tarem tão evidentes. Perguntar sobre a 
ligação entre os sacramentos e a Igreja nos 
parece mais ou menos pedir a razão pela 
qual alguém se queima ao colocar a mão no 
fogo. Entretanto, é justamente pelo fato de 
serem muitos os motivos desta relação, que 
convém organizar os argumentos, pois mui-
tas razões evidentes postas em desordem 
não são de grande valia. Procuremos então 
analisar, através da história da salvação, o 
papel dos sacramentos na vida da Igreja.
Rompimento com a graça Divina: Por 
um ato de misericórdia, Deus criou o uni-
verso e tudo que nele contém, e como obra 
prima dentre as criaturas visíveis, criou o 
homem à sua imagem e semelhança, a fim 
de que este pudesse participar de sua pró-
pria vida, através da graça. Tragicamente 
o homem quebrou a aliança estabelecida 
com Deus, e por meio do primeiro pecado, 
todo o gênero humano ficou privado de sua 
graça e estava condenado a não mais parti-
cipar do fim para o qual Deus o havia criado. 
Que grave e duro castigo infligido pela Jus-
tiça Divina ao pecado cometido! Entretanto, 
quão doce e suave solução encontrada pela 
Misericórdia Infinita do Criador, pois Ele 
enviou ao mundo o seu Filho Unigênito, a 
fim de redimir todo o gênero humano, e é 
por isso que a Igreja não hesita em cantar 
“O Felix Culpa, que há merecido a graça de 
um tão grande Redentor”.
Redenção do gênero humano: Tendo 
o homem sido infiel, perdeu o maior dos 
tesouros que lhe fora confiado: a graça de 
Deus; não só as portas do paraíso terres-
tre lhe foram fechadas, mas o céu já não 
podia receber o homem fora do estado de 
graça. Entretanto, em sua Infinita misericór-
dia “Deus amou tanto o mundo que lhe deu 
seu filho unigênito” (Jo 3,16) e a todos que 
cressem no seu nome, deu o poder de se 
tornarem filhos de Deus (cf. Jo 1, 12). Com a 
vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo à Terra, 
“a revelação de Deus entrou no tempo e 
na história, e [esta] torna-se, assim, o lugar 
onde podemos constatar a ação de Deus 
em favor da humanidade”.
A Santa Igreja continua a missão de 
Cristo: Ao se entregar como vítima para a 
salvação dos homens, Nosso Senhor não 
só reparou a ofensa feita a Deus através 
do pecado, mas mereceu para todos os 
homens a graça e de “sua plenitude todos 
nós recebemos graça sobre graça” (Jo 1, 16).
Deus poderia distribuir sua graça aos 
homens diretamente por Si mesmo; entre-
tanto, quis dispensá-la por meio da “Igreja 
visível, formada por homens, a fim de que 
por meio dela todos fossem em certo 
modo, seus colaboradores na distribuição 
dos divinos frutos da Redenção” e a Igreja é 
desta forma a continuadora da obra come-
çada pelo Salvador.
Igreja fortalecida pelos Sacramentos: A 
vida e os ensinamentos de Cristo deitam 
luz sobre a existência do homem, e lhe é 
traçada uma meta que pareceria um exa-
gero se não fosse proposta pelo próprio 
Filho de Deus: “Sede perfeitos como vosso 
Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48). Como atin-
gir este alto objetivo sendo o homem tão 
frágil e volúvel?
168 
Certamente seria difícil imaginar que os 
pais dissessem a um filho recém-nascido: 
“Nós demos a vida a você, mas não haverá 
alimento quando você tiver fome, nem 
remédios quando adoecer, nem apoio de 
um braço quando você se sentir fraco. Por-
tanto arranje-se como puder”. Se os homens 
não são capazes de tratar assim a um filho, 
sobretudo Deus não o faria. (Cf. Lc 11, 13). 
Assim como o corpo humano necessita de 
energias especiais para que se mantenha 
vivo, cresça e se desenvolva, “o Salvador do 
gênero humano providenciou admiravel-
mente ao seu corpo místico enriquecendo-o 
de sacramentos, que com uma série ininter-
rupta de graças amparam o homem desde 
o berço até ao último suspiro”.
Os Sacramentos na vida pessoal e social: 
Os sacramentos estão presentes em toda 
vida da Igreja, “existem por meio dela e 
para ela”, e segundo a afirmação de Santo 
Agostinho, “são esses sacramentos que 
fazem a Igreja”.
Às necessidades espirituais, Cristo instituiu 
os sacramentos do batismo, crisma, Eucaris-
tia, penitência e unção dos enfermos, afim 
de que o homem pudesse alcançar, recupe-
rar, e aumentar a graça de Deus ao longo 
de sua vida. Assim, aos que nasceram para 
esta vida mortal, lhes é infundido a ver-
dadeira vida da graça através do batismo, 
pelo qual são feitos membros da Igreja, e ao 
serem assinalados com o caráter batismal, 
passam a ter o direito de receber todos os 
outros dons sagrados. Com a crisma, o cris-
tão passa a ser um verdadeiro soldado da 
Santa Igreja, recebendo as forças necessá-
rias para proclamar e defender sua fé. Pelo 
sacramento da penitência, a Igreja oferece 
a seus filhos o perdão de suas faltas e um 
novo vigor em sua marcha rumo ao céu. 
Pela Sagrada Eucaristia, “fonte e ápice de 
toda a vida cristã”, os fiéis não somente são 
alimentados e fortificados, mas manifestam 
a unidade de todos entre si constituindo 
um só corpo unido a Cristo, sua Cabeça. Por 
fim, pela Unção dos enfermos, a Santa Igreja 
ampara e consola os doentes, concedendo 
às almas feridas o remédio sobrenatural, 
que lhes abrirá a porta do céu, onde pode-
rão gozar da divina bem-aventurança por 
toda a eternidade.
Às necessidades sociais: foi dado o matri-
mônio, afim de prover o “aumento externo 
e bem ordenado da sociedade cristã” 
constituindo a família como uma igreja 
doméstica, afim de que pela palavra e pelo 
bom exemplo, os pais possam ser verda-
deiros e dignos reflexos de Deus para os 
próprios filhos. Por fim, pelo sacramento 
da Ordem, Cristo provê a Igreja de pasto-
res que cuidem do rebanho, sustentando-o 
com o Pão dos Anjos e com o alimento da 
doutrina, dirigindo-o com os conselhos, e 
fortalecendo-ode todas as formas com as 
graças celestes, especialmente através da 
distribuição dos sacramentos.
Fonte: adaptado de Aquino (2014, on-line)4.
Os Sinais da Salvação (Século XII - XX)
Bernard Sesboué; Henri Bourgeois; Paul Tihon 
Editora: Loyola
Sinopse: o terceiro período (séculos XII a XX) tem seu ponto de partida 
na Idade Média latina: é nessa época que vem à luz a consideração 
técnica dos sacramentos, de sua definição e de seu número. É claro 
que os Padres tinham falado do Batismo, da Eucaristia e dos demais 
ritos que mais tarde tomarão o nome genérico de sacramentos. No 
século XV, aparecem os primeiros tratados da Igreja. A consideração dos 
sacramentos está no primeiro plano da preocupação do concílio de Trento; a da Igreja se torna 
cada vez mais precisa até as constituições dogmáticas do Vaticano I e do Vaticano II.
Site da Cléofas (os sacramentos)
Como já demonstrei acima o site da Cléofas é muito rico em explicações sobre doutrina Católica. 
Claro que os sacramentos não ficaram de lado nas produções do Professor Felipe Aquino. O Site é 
muito bom, vale a pena visitar!
Web: <http://cleofas.com.br/os-sete-sacramentos/>
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
REFERÊNCIAS
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1983.
FABER, E-M. Doutrina Católica dos Sacramentos. São Paulo: Loyola, 2008.
DENZINGER, H.; HUNERMANN, P. Compêndio dos símbolos, definições e declara-
ções de fé e moral. São Paulo: Paulinas, 2007.
HIPÓLITO DE ROMA. Tradição Apostólica. Disponível em: <https://www.ecclesia.
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Acesso em: 14 jun. 2018.
1. Alternativa C.
2. Alternativa A.
3. Alternativa B.
4. Alternativa D.
5. Alternativa E.
GABARITO
171
CONCLUSÃO
Concluindo nosso estudo sobre o conceito de liturgia, conseguimos compreender que 
a prática Litúrgica é a vida da Igreja, e para compreendê-la é necessário conhecê-la 
sempre relacionada à história da salvação, e foi esse o caminho fizemos nesta disciplina 
que se encerra. Ao mesmo tempo que damos importância para a história da salvação 
revelada, também levamos em consideração as práticas devocionais que também 
fizeram história na liturgia.
A Liturgia é tida com grande apreço pela Igreja Católica, que a 
celebra à luz da fé, sendo configurada como o último tempo da história da 
salvação, uma vez que se torna presente a obra redentora de Cristo mediante 
sinais sagrados que são os sacramentos, que veremos nas unidades seguintes.
Toda Religião tem alguma forma de celebrar aprofundando sua fé em relação ao seu 
fundador ou ao ser transcendente que se crê. No entanto, na Igreja Católica a Liturgia 
perpassa a dimensão de celebração à medida que compreende que Liturgia também é 
o serviço aos outros próximos membros de sua comunidade ou distantes.
Sendo uma celebração e ao mesmo tempo um serviço, é a real ação de Deus na história 
e na vida das pessoas que dela participam, configurando-se como ação salvífica para a 
comunidade, estabelecendo-se como sacramentos. Deus mesmo através da união da 
palavra com a matéria realiza o sacramento. Assim, não é sacerdote que batiza ou ainda 
que absolve na confissão, mas é Deus que através do sacerdote, das palavras proferidas e 
da matéria utilizada que realiza o Batismo ou ainda que confere a absolvição sacramental.
Pelos Sacramentos, Deus perpassa toda a nossa vida: já desde cedo pelo Batismo nos 
tornando seus filhos adotivos, nos alimentando com seu Corpo e seu Sangue na Euca-
ristia, nos conferindo os seus sete dons na confirmação, nos unindo em matrimônio e 
ordenando outros presbíteros, diácono e bispos para melhor servirmos na sua messe, 
nos absolvendo de nossas faltas para que possamos viver em estado de graça e curando 
nosso corpo e nosso espírito, nos fortalecendo pela unção. Deus está conosco em todos 
os momentos de nossa vida e de nossa existência, esse é o verdadeiro e real significado 
da liturgia e dos sacramentos celebrados.
CONCLUSÃO

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