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Prévia do material em texto

ECLESIOLOGIA 
E DIREITO 
CANÔNICO
Professor Dr. André Phillipe Pereira
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; PEREIRA, André Phillipe. 
 
 Eclesiologia e Direito Canônico. André Phillipe Pereira.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 168 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Teologia. 2. Catolicismo. 3. Eclesiologia. 4. Canônico. 5. EaD. 
I. Título.
ISBN 978-85-459-1247-7
CDD - 22 ed. 207
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Roney de Carvalho Luiz
Designer Educacional
Nayara Garcia Valenciano
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Victor Augusto Thomazini
Qualidade Textual
Érica Fernanda Ortega
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
Doutor em Teologia pela PUCRIO. Mestre em Teologia pela PUCPR, conclusão 
em 2013. Especialista em Educação de História e Geografia pelo CEUCLAR, 
conclusão em 2014. Especialista em Espiritualidade pela FAVI, conclusão em 
2012. Graduação em Licenciatura em Filosofia pela Faculdade Padre João 
Bagozzi, conclusão em 2012. Graduação em Teologia pela PUCPR, conclusão 
em 2011.
Para mais detalhes e informações, acesse: http://buscatextual.cnpq.br/
buscatextual/visualizacv.do?id=K4495979T3 
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando nosso estudo sobre as disciplinas de eclesiologia, a 
ciência que estuda sobre a Igreja, e de direito canônico.
Este estudo vai iniciar apresentando a origem da Igreja, não pensando apenas na insti-
tuição física ou visível da Igreja, mas da Igreja que transcende nossa percepção, pois, as-
sim como o Verbo se fez Carne, mas não se reduziu à Carne, a Igreja que está no mundo 
é visível, porém não se reduz a essa visibilidade, mas a transcende. A Igreja é reflexo da 
trindade no mundo, ela se origina na Santíssima Trindade, a comunica plena de amor e 
está no mundo fisicamente, mas em rumo para o retorno a Trindade, do mesmo modo 
como o Verbo.
A Igreja estando no mundo é plenificada na Encarnação, vida e no Mistério Pascal de 
Cristo, ou seja, é o Próprio Salvador que plenifica sua Igreja e a sustenta. A Igreja está 
presente no mundo desde sua origem, mas é manifestada apenas no Pentecostes; as-
sim, não podemos afirmar que a Igreja inicia em Pentecostes, mas é manifestada pelo 
Espírito Santo, bem como sua missão no mundo.
A Igreja sendo originada no seio Trinitário ela só pode ser Una, Santa, Católica e Apostó-
lica, expressando assim que é una como Deus é Um, Santa à imagem de Deus, Católica, 
pois é para todas as pessoas assim como a Encarnação foi para todos e Apostólica, pois 
continua a obra de Cristo no mundo.
Ainda tendo sua origem na Trindade, a Igreja é também corpo de Cristo, ou seja, está 
plenamente unida a Cristo, e Ele é sua cabeça. Dessa maneira, assim como Cristo é a Luz 
que não tem ocaso, o Concílio Vaticano II definiu a Igreja como Luz dos povos, uma vez 
que ela está plenamente unida a Cristo.
Sabemos então a origem da Igreja e já podemos intuir sua missão no mundo: o anúncio 
do evangelho. Contudo, como nós, Filhos de Deus, estamos no mundo mas não somos 
do mundo, porém precisamos viver de acordo com as leis da sociedade na qual estamos 
inseridos, a Igreja da mesma maneira não é do mundo, mas sendo física e visível está 
inserida em um contexto social e, para realizar a missão que recebeu de Cristo, sua cabe-
ça, precisa de regras e normas que não discordem do Evangelho, mas que sirvam para 
colaborar em tão grande missão no mundo, assim nasce o Código do Direito Canônico.
O Códigodo Direito Canônico é um compêndio de regras que ajudam a regulamentar 
a ação da Igreja do mundo. A missão da Igreja é desenvolvida por nós seres humanos e 
faz parte de nossa vida o seguimento de regras para evitar abusos e confusão. Assim, a 
Igreja, Corpo de Cristo, tenta corajosamente ao longo de séculos anunciar o Evangelho 
da forma mais genuína possível, buscando não esquecer que toda sua Luz e vitalidade 
vem de Cristo. É certo que em momentos da história a Igreja viveu tempos obscuros, 
parecendo que força do ser humano prevaleceu, mas não podemos negar que a Igreja 
se fez presente em todos os momentos da história apresentando ao mundo a Cruz de 
Cristo e anunciando a Salvação que provém apenas dEle. Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
ECLESIOLOGIA E DIREITO CANÔNICO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
ORIGEM DA IGREJA
15 Introdução
16 A Igreja no Antigo Testamento 
20 A Igreja no Novo Testamento 
24 Origem e Natureza da Igreja 
26 A Unidade e a Santidade da Igreja 
33 A Catolicidade e a Apostolicidade da Igreja 
38 Considerações Finais 
44 Referências 
45 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE II
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ECLESIOLOGIA
49 Introdução
50 A Eclesiologia no Período Patrístico 
54 A Igreja no Período Escolástico 
57 A Eclesiologia do Concílio de Trento 
62 A Eclesiologia no Concílio Vaticano I 
65 A Eclesiologia no Concílio Vaticano II 
69 Considerações Finais 
77 Referências 
78 Gabarito 
UNIDADE III
A ECLESIOLOGIA DO SÉCULO XX
81 Introdução
82 A Definição de Igreja na Encíclica Mystici Corporis Christi de Pio XII 
87 Os Membros do Corpo Místico na Encíclica Mystici Corporis Christi de Pio XII 
92 As Três Principais Noções de Igreja na Lumen Gentium 
101 O Povo de Deus a Partir do Concílio Vaticano II 
107 Considerações Finais 
114 Referências 
116 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE IV
DIREITO CANÔNICO E A IGREJA
119 Introdução
120 Introdução ao Direito Canônico 
125 Os Fiéis e o Direito 
128 Obrigações e Direitos dos Fiéis 
131 Os Clérigos e o Direito 
134 Considerações Finais 
141 Referências 
142 Gabarito 
UNIDADE V
DIREITO CANÔNICO E A ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA
145 Introdução
146 A Suprema Autoridade da Igreja na Eclesiologia Conciliar 
150 As Igrejas Particulares 
153 A Organização Interna das Igrejas Particulares 
156 Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica 
160 Considerações Finais 
166 Referências 
167 Gabarito 
168 CONCLUSÃO
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
ORIGEM DA IGREJA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conceituar a Igreja no Antigo Testamento.
 ■ Conceituar a Igreja no Novo Testamento.
 ■ Conhecer a origem e a natureza da Igreja.
 ■ Conceituar Igreja.
 ■ Analisar as notas da Igreja.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A Igreja no Antigo Testamento 
 ■ A Igreja no Novo Testamento
 ■ Origem e natureza da Igreja
 ■ A Unidade e a Santidade da Igreja
 ■ A Catolicidade e a Apostolicidade da Igreja
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade trataremos da origem da Igreja e suas notas 
constitutivas. Veremos, no entanto, que a Igreja é mais do que uma simples ins-
tituição, a Igreja é um reflexo da Trindade no mundo, vem da Trindade e ruma 
para a Trindade. Nessa perspectiva, temos a concepção de uma Igreja perfeita, 
em Deus, que é refletida no mundo para contribuir ou, ainda, ajudar no pro-
jeto de salvação.
Essa Igreja nasce no seio da Trindade, mas é dada ao mundo: em Abraão, 
Deus convoca a Igreja e esta é preparada na História do Povo de Israel. Sabemos 
que a grande Missão do povo de Israel é guardar e propagar a fé em um único 
Deus. Deus que será plenamente revelado no evento Cristo. Ele é quem revela 
O reino de Deus a todos os homens, por isso, nEle também temos a plenifica-
ção da Igreja. Portanto, a Igreja que começa em Israel é instituída em Cristo 
quando Ele reúne seus discípulos em uma comunidade, para continuar sua obra 
na terra. Essa reunião acontece com o chamado dos doze apóstolos tendo um 
como chefe visível: Pedro.
Ao mesmo tempo que a Igreja é plenificada em Cristo, é só na ação do Espírito 
de Deus em Pentecostes que ela é manifestada, ou seja, sua missão começa a ser 
desenvolvida no mundo, tornando-se participação histórica na unidade trinitá-
ria. Quando refletimos a Igreja como uma participação trinitária na história da 
humanidade, mencionamos as quatro notas constitutivas da Igreja: Uma, Santa, 
Católica e Apostólica. Vale a pena lembrar que o nome “Romana”, não seria uma 
nota que constitui a Igreja, apenas a Igreja é Romana, pois sua sede, o Vaticano, 
é construído sobre o túmulo do principal Apóstolo: Pedro.
As quatro notas apresentam a Igreja na sua totalidade enquanto desejo de Deus 
de uma unidade fruto de sua santidade. A missão da Igreja em sua catolicidade 
de apresentar ao mundo todo a Boa Nova sem esquecer de sua Apostolicidade 
expressando sua missão de continuar no mundo a Obra de Cristo.
Introdução
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ORIGEM DA IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A IGREJA NO ANTIGO TESTAMENTO
Caro(a) aluno(a), estamos começando nosso estudo sobre a Igreja. Para fazer-
mos uma boa caminhada em relação à compreensão dela, este item quer situar 
a Igreja no Antigo Testamento. É evidente para nós cristãos, sobretudo os cató-
licos, que a Igreja é um reflexo da Trindade no mundo, ou seja, a Igreja existe já 
no seio da Trindade que é comunhão. Assim, temos a concepção de uma Igreja 
perfeita, em Deus, que é refletida no mundo para contribuir ou, ainda, ajudar 
no projeto de salvação.
Caros(as) estudantes, neste primeiro ponto, veremos a fundamentação da 
Igreja no Antigo Testamento e esta é uma tarefa um tanto árdua, pois entende-
mos o Antigo Testamento como uma preparação para o Novo Testamento, ou 
podemos dizer como os padres da Igreja: no Antigo Testamento encontramos 
prefigurações do Novo testamento. Assim, a Igreja é preparada na História do 
Povo do Israel, plenificada no mundo em Cristo e manifestada pelo Espírito 
Santo em Pentecostes.
A IGREJA PREPARADA NO POVO DE ISRAEL
A Igreja vem da Trindade, a vontade de salvação de Deus Pai, a missão do Filho 
e a obra de santificação do Espírito Santo constroem a Igreja como um Mistério, 
uma verdadeira obra de Deus em nosso meio. Sendo um reflexo trinitário no 
mundo o Concílio Vaticano II afirma Eclesia ab Abel, ou seja, a Igreja preparada 
A Igreja no Antigo Testamento
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desde todos os tempos, reunida em Cristo, a Palavra encarnada e animada pelo 
Espírito Santo, sendo constituída como um verdadeiro ícone trinitário no mundo, 
em sua unicidade e em sua pluralidade, em reflexo trinitário no mundo.
Ao tentarmos fundamentar a Igreja no Antigo Testamento, começamos 
por compreender que a Igreja é prefigurada e preparada no povo de Israel. O 
Catecismo da Igreja Católica (1983) afirma no parágrafo 759:
O Pai eterno, por libérrimo e arcano desígnio de sua sabedoria e bon-
dade, criou todo o universo; decidiu elevar os homens à comunhão 
da vida divina, à qual chama todos os homens em seu Filho: Todos os 
que crêem em Cristo, o Pai quis chamá-los a formarem a santa Igreja. 
Esta família de Deus se constitui e se realiza gradualmente ao longo das 
etapas da história humana, segundo as disposições do Pai. Com efeito, 
desde a origem do mundo a Igreja foi prefigurada. Foi admiravelmente 
preparada na história do povo de Israel e na antiga aliança. Foi fundada 
nos últimos tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito. E no fim 
dos tempos será gloriosamente consumada.
E ainda afirma no parágrafo seguinte:
O mundo foicriado em vista da Igreja, diziam os cristãos dos primei-
ros tempos. Deus criou o mundo em vista da comunhão com sua vida 
divina, comunhão esta que se realiza pela convocação dos homens em 
Cristo, e esta convocação é a Igreja. A Igreja é a finalidade de todas as 
coisas, e as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o 
pecado do homem, só foram permitidas por Deus como ocasião e meio 
para desdobrar toda a força de seu braço, toda a medida de amor que 
Ele queria dar ao mundo: Assim como a vontade de Deus é um ato e se 
chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e 
se chama Igreja (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1983, Pará-
grafo 760).
Dessa maneira, percebemos que a reunião do povo de Deus inicia no exato 
momento em que o pecado acaba com a maravilhosa comunhão dos seres huma-
nos com Deus e, como consequência, destrói também a comunhão dos seres 
humanos entre si. 
A Consciência da própria pecaminosidade faz com que a reação instin-
tiva do homem, diante da presença de Deus, seja, não a de aproximação 
confiante, mas a de fuga. Tal reação se produz tanto em escala coletiva 
quando individual. O povo inteiro se recusa a continuar a voz de Javé, 
pois, “qual o mortal como nós que ouviu a voz do Deus vivo (...) e ficou 
com vida? (Dt 5,26)” (RUIZ de la PEÑA, 1997, 40).
ORIGEM DA IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Ao convocar a Igreja, Deus reage mediante à desordem provocada pelo pecado, 
e como Deus sempre age em nós, essa reunião se dá no seio de um povo, Israel. 
Gn 12,1-3: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e di-
rige-te à terra que te indicarei! 2Eis que farei de ti um grande povo: Eu 
te abençoarei, engrandecerei teu nome; serás tu uma bênção! 3Abenço-
arei os que te abençoarem, amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar. Por 
teu intermédio abençoarei todos os povos sobre a face da terra!”
É em Abraão que Deus inicia a preparação da plena reunião do Povo de Deus: 
“Eis que farei de ti um grande povo: Eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; 
serás tu uma bênção!” (Gn 12,2), em relação a isso, o Concílio Vaticano II afirma 
que a Igreja foi: “admiravelmente preparada na história do Povo de Israel e na 
Antiga Aliança” (LUMEN GENTIUM 2) 
A Igreja sabendo de seu início já no Povo de Israel, ela conserva par-
te integrante e insubstituível em sua liturgia, que é a expressão de sua 
doutrina, alguns elementos do culto da Antiga Aliança como: a Leitura 
do Antigo Testamento, a oração dos Salmos e sobretudo a memória dos 
eventos salvadores.
O povo nascido da descendência de Abraão é o depositário da promessa feita aos 
patriarcas, é o povo eleito chamado a preparar o congraçamento, um dia em que 
todos os filhos de Deus, crentes ou pagãos, serão reunidos na Igreja.
Assim, temos uma preparação imediata com a eleição de Israel como povo 
escolhido, devendo ser um sinal do congraçamento futuro de todas as nações, 
pois para Deus a aliança é para sempre, nunca deixando de amar. No entanto, 
Israel não cumpriu com sua missão sendo denunciada já pelos profetas, como 
notamos em Isaías “Como se transformou em prostituta a cidade infiel?” (1, 21) 
e ainda em Jeremias “Como a mulher que trai o seu companheiro, assim vós me 
traístes, casa de Israel” (3, 20)
Ao longo de sua história, apesar dos seus erros, Israel ajudado pelos profetas 
vai descobrindo que o amor de Deus por eles é a razão, a única, de sua escolha. E 
esse amor vai ser plenificado na encarnação do seu Filho, o Verbo eterno do Pai, 
que agiu na criação e agora agirá plenamente na salvação. Conforme observamos 
no evangelho segundo São João: “Deus amou tanto o mundo, que entregou seu 
Filho único” (3, 16), deixando a Igreja como continuadora de sua missão salvífica.
A Igreja no Antigo Testamento
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A encarnação do Filho de Deus à terra é um acontecimento grandioso, acon-
tecimento esse que Deus quis prepará-lo durante a história do Povo de Israel. 
Assim, os ritos, figuras e símbolos da Primeira Aliança, todos esses elementos 
convergem para Cristo.
Deus não quer salvar Israel apenas da condenação física como durante a escravi-
dão no Egito (cf. Dt 5, 6). Deus quer fazer a ação completa, salvando-os também 
dos seus pecados. Assim, ao longo de sua história Deus vai cultivando em seus 
corações que a salvação está na invocação do Nome do Salvador
Cristo vem da tradução grega do termo hebraico ‘Messias’, que quer dizer 
‘ungido’. Só se torna nome próprio de Jesus porque Ele cumpre perfeita-
mente a missão divina que tal nome significa. Era o caso dos reis, dos sa-
cerdotes e, em raros casos, dos profetas. Este devia ser, por excelência, o 
caso do Messias, que Deus enviaria para estabelecer definitivamente o seu 
Reino. O Messias devia ser ungido pelo Espírito do Senhor, ao mesmo tempo 
como rei e sacerdote mas também como profeta. Jesus realizou a expecta-
tiva messiânica de Israel na sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
O anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus como sendo o do Mes-
sias prometido a Israel cf. Lc 2, 11. José foi convidado por Deus a ‘levar para 
sua casa Maria, sua esposa’, grávida dAquele que nela ‘foi gerado pelo poder 
do Espírito Santo’ (Mt 1, 20), para que Jesus, ‘chamado Cristo’, nascesse da 
esposa de José, na descendência messiânica de Davi (Mt 1, 16)
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par:436-437).
A Palavra Igreja significa convocação, designa a assembleia daqueles que a 
Palavra de Deus convoca para formarem o povo de Deus e que, alimentados 
pelo Corpo de Cristo, se tornam Corpo de Cristo. 
(Catecismo da Igreja Católica)
ORIGEM DA IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
Por meio dos profetas, Deus forma seu povo na esperança da salva-
ção, na expectativa de uma Aliança nova e eterna destinada a todos 
os homens, e que será impressa nos corações. Os profetas anunciam 
uma redenção radical do Povo de Deus, a purificação de todas as suas 
infidelidades, uma salvação que incluirá todas as nações. Serão sobre-
tudo os pobres e os humildes do Senhor os portadores desta esperança. 
As mulheres santas como Sara, Rebeca, Raquel, Míriam, Débora, Ana, 
Judite e Ester mantiveram viva a esperança da salvação de Israel. Delas 
todas, a figura mais pura é a de Maria (CATECISMO DA IGREJA CA-
TÓLICA, 1983, parágrafo 64).
 A preparação longínqua da reunião do Povo de Deus começa então com Abraão, 
ao qual Deus prometeu a paternidade de um grande povo. Em Israel, eleito, é 
iniciada a grande preparação do futuro congraçamento de todas as nações. No 
entanto, ao ter Israel corrompido a aliança, denunciada pelos profetas, estes 
anunciam uma Nova e eterna Aliança, instituída por Cristo.
A IGREJA NO NOVO TESTAMENTO
Caro(a) aluno(a), vimos no primeiro item desta unidade que a Igreja foi prepa-
rada na história do Povo de Israel, desde o chamado de Abraão, ao qual Deus 
promete ser pai de um grande povo, conforme lemos em Gn 12, 2. No entanto, 
é em Cristo que a Igreja será plenificada, pois cabe a Ele realizar o plano de sal-
vação de seu Pai. 
O Senhor Jesus iniciou sua Igreja pregando a Boa Nova, isto é, o ad-
vento do Reino de Deus prometido nas Escrituras havia séculos. para 
cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o reino dos céus na terra. 
A igreja é o reino de Cristo já misteriosamente presente (CATECISMO 
DA IGREJA CATÓLICA, 1983, 763).
O reino de Deus manifesta-se por Cristo a todos os homens, por isso, Ele reuniu 
seus discípulos em uma comunidade, para continuar sua obra na Terra. Essa reu-
nião acontece com o chamado dos doze apóstolos. O número 12 é importante, 
A Igreja no Novo Testamento
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pois mostra a continuidade com o antigo Israel, com o povo das doze tribos, 
pois segundo os judeus, a vinda do Messias provocaria a reunião das tribos que 
outrora tinham sido dispersas pelo exílio.
No evangelho segundo Mateus (16, 13-19).
13Chegando Jesus ao território de Cesaréia de Filipe, perguntou aos 
discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Disse-
ram: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, 
que é Jeremias ou um dos profetas”. 15Então lhes perguntou: “E vós, 
quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro, respondendo, disse: “Tu és 
o Cristo, o filho do Deus vivo”. 17 Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventu-
rado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que 
te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. 18Também eu te 
digo que tu és Pedro, “e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as 
portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. 19Eu te darei as cha-
ves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o 
que desligares na terra será desligado? nos céus”. 20Em seguida, proibiu 
severamente aos discípulos de falarem a alguém que ele era o Cristo.
Cristo escolhe entre os doze Apóstolos um que seja o chefe visível da Igreja: é o 
Apóstolo Pedro, a quem o Senhor entrega as chaves do Reino dos céus.
No evangelho segundo Lucas, Cristo pede que Pedro confirme seus irmãos 
na fé: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar 
como trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, 
porém, te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22,31s). 
E no evangelho segundo João, Cristo pede que Pedro apascente todo o rebanho. 
15Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro: “Simão, filho de João, 
tu me amas mais do que estes”? Ele lhe respondeu: “Sim, Senhor, tu sa-
bes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta os meus cordeiros”. 16Uma 
segunda vez lhe disse: “Simão, filho de João, tu me amas?” — “Sim, 
Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as 
minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez disse-lhe: “Simão, filho de João, tu 
me amas?” Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe pergun-
tara “Tu me amas?” e lhe disse: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te 
amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas (João 21, 15-17). 
Em relação à Igreja no Novo Testamento, temos também o testemunho do 
Apóstolo Paulo. Ao lermos seus escritos, encontramos duas imagens importan-
tes para designar a Igreja: a imagem do Corpo e a imagem da Esposa.
ORIGEM DA IGREJA
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Em Cl 1,24, “agora regozijo-me nos meus sofrimentos por vós, e completo o 
que falta às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo que é a Igreja”. 
O Apóstolo fala do Corpo de Cristo, que é a Igreja, querendo mostrar a ligação da 
Igreja com Cristo, pois a Igreja é o Corpo de Cristo. Essa expressão corpo já era uti-
lizada pelos filósofos estóicos para designar uma sociedade bem organizada como 
um Estado. Paulo utiliza desta imagem para apresentar a Igreja como uma organi-
zação que teria continuidade histórica, prolongando a história de Jesus pelo mundo.
Outra imagem encontrada em São Paulo é a imagem Esposa, ele usa essa ima-
gem para continuar apresentando a união de Cristo com a Igreja. Essa união é 
mais íntima do que a união entre esposos. Com efeito como o esposo se dá à 
sua esposa, de modo a serem os dois uma só carne, assim Ele se deu à sua Igreja 
mediante a sua morte, ressurreição e a vinda do Espírito Santo. Essa doação de 
Cristo para com a Igreja, não ocorreu somente no passado de forma singular, ao 
contrário essa doação é constante e continuará até o fim dos séculos.
1Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no 
mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de 
um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. 
3Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que 
pousaram sobre cada um deles. 4E todos ficaram repletos do Espírito 
Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes 
concedia se exprimissem. 5Achavam-se então em Jerusalém judeus pie-
dosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. 6Com o ruído 
que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os 
ouvia falar em seu próprio idioma. 7Estupefatos e surpresos diziam: “Não 
são, acaso, galileus todos esses que estão falando? 8Como é, pois, que os 
ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? 
A Igreja só na glória celeste alcançará a sua realização acabada, quando do 
regresso glorioso de Cristo. Até esse dia, a Igreja avança na sua peregrinação 
por entre as perseguições do mundo e das consolações de Deus.
(Catecismo da Igreja Católica)
A Igreja no Novo Testamento
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9Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da 
Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frigia e da Panfília, do Egito e das 
regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; 11tanto 
judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos apregoar em 
nossas próprias línguas as maravilhas de Deus!” 12Estavam todos estu-
pefatos. E, atônitos, perguntavam uns aos outros: “Que vem a ser isto?” 
13Outros, porém, zombavam: “Estão cheios de vinho doce!”
A Igreja é plenificada em Cristo, porém ela é manifestada no Espírito Santo, e 
nEle é vivificada. No Pentecostes, o Espírito Santo congregou em uma só família 
pessoas das mais diversas partes da Terra como podemos conferir em At 2, 1-13. 
É o Espírito Santo que, mediante os seus dons, faz na Igreja a unidade dentro da 
multiplicidade. Jesus está presente e atua na Igreja por seu Espírito. O livro dos 
Atos apresenta uma constante atividade do Espírito na Igreja1.
1 Atos dos Apóstolos 4,8.31.32-34; 6,3.5; 7,51.55; 8,29.39; 10,19.29; 15.28; 16.7.
A IGREJA – MANIFESTADA PELO ESPÍRITO SANTO
767. Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para cumprir na terra, no 
dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para que santificasse con-
tinuamente a Igreja. Foi então que a Igreja foi publicamente manifestada 
diante duma grande multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho 
entre os gentios, por meio da pregação. Porque é convocação de todos os 
homens à salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, enviada 
por Cristo a todas as nações, para de todas fazer discípulos.
768. Para que a Igreja possa realizar a sua missão, o Espírito Santo enriquece-
-a e guia-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos. Pelo que a Igreja, 
enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus 
preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de 
anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e cons-
titui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. 
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (1983, par. 767-768).
ORIGEM DA IGREJA
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ORIGEM E NATUREZA DA IGREJA
Quando falamos sobre Cristo, suas palavras, gestos e obras, é certo que Ele quis 
ser defensor de uma nova forma de viver a lei. Assim, fundou uma nova comu-
nidade religiosa, um novo povo, demonstrado como vimos no chamado dos 
doze e no fato de Jesus ter confiado a eles a difusão da Boa Nova que Ele mesmo 
começou a anunciar. Ao convocar os 12, seu objetivo era fundar a Igreja como 
afirma Ratzinger (1974, p. 77): 
o fato de Cristo procurar os doze, teve sempre em vista o objetivo de 
implantar a Igreja. Os doze, por sua vez, seriam os pais espirituais deste 
novo povo de Deus. Observou-se que o Título filho do Homem, que 
Jesus atribuiu a si mesmo, incluía também o momento da fundaçãoda 
Igreja, pois, encontrada em Dan 7, esta expressão era aplicada ao povo 
de Deus. Atribuindo-se a si mesmo, Jesus se apresenta implicitamente 
como criador e Senhor do novo povo e toda a sua vida se volta para a 
nova comunidade eclesial.
Caro(a) aluno(a), vimos que o evangelho apresenta Jesus em outros momen-
tos querendo fundar a Igreja, por exemplo, ao conferir a Pedro o poder de ligar 
e de desligar2. Outro momento é apresentado na última ceia, quando Ele insti-
tui a Igreja como um programa para sua vida futura em comunidade. A noite 
de Páscoa marca para o povo de Israel sua libertação, na mesma noite o Senhor 
na ceia com discípulos, pede que eles celebrem sempre em sua memória, mar-
cando também o seu desejo de criar um povo, o novo povo.
2 Conforme os evangelhos de Mt 16, 18 e Jo 21,15-17: “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será 
ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.”
Origem e Natureza da Igreja
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Cristo se apresenta e se porta como o novo e o verdadeiro cordeiro pascal 
que se imola por todos os homens. A ceia, durante a qual seu Corpo e seu Sangue 
tornam-se alimentos, é a realização do verdadeiro e definitivo banquete pascal.
Cristo instituiu uma Igreja, isto é, uma nova e visível comunidade de sal-
vação, ele a quer como um novo Israel e como um novo povo de Deus, 
que considera a celebração da ceia como o seu ponto mais alto, em outras 
palavras: o novo povo de Deus é efetivamente um povo, em virtude do 
corpo de Cristo (RATZINGER, 1974, p. 79).
Caro(a) aluno(a), aqui apresentamos a origem da instituição Igreja, mas ao falarmos 
de uma Igreja maior que a instituição, lembramos que a origem da Igreja é trini-
tária. Essa ideia apresentamos dentro da economia da salvação conforme a Lumen 
Gentium 2, “O Pai eterno, por libérrimo e arcano desígnio de sua sabedoria e bon-
dade, criou todo o universo. Decretou elevar os homens à participação da vida divina”.
Assim, mesmo todos sendo pecadores, não por essência, mas por liberdade, 
o Pai realiza esse desígnio salvador por Cristo que é o centro de toda a criação e 
redenção uma vez que tudo foi feito por Ele, com Ele e nEle (Cl 1, 15; Rm 8, 29).
Assim estabeleceu congregar na santa Igreja os que crêem em Cristo. Desde 
a origem do mundo, a Igreja foi prefigurada. Foi admiravelmente prepara-
da na história do povo de Israel e na antiga aliança. Foi fundada nos últimos 
tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito. E no fim dos tempos será 
gloriosamente consumada, quando, segundo se lê nos santos Padres, todos 
os justos desde Adão, do justo Abel até o último eleito, serão congregados 
junto ao Pai na Igreja Universal (LUMEN GENTIUM, 1964, par. 2). 
A Igreja é sinal de fé e também mistério de fé. Ambas as partes tem seu 
centro na Eucaristia. Portanto, a Igreja é povo de Deus, em virtude do corpo 
de Cristo, sendo que corpo de Cristo deve ser entendido aqui, no seu pleno 
sentido, como já vimos. A tarefa constante dos cristãos, portanto, há de ver 
o esforço por eles demonstrado para que a Igreja jamais perca o seu vigor 
e sua plenitude, isto é, a caridade. É através da caridade que o mistério do 
corpo do Senhor se torna algo de concreto e de renovado todos os dias. 
Fonte: Ratzinger (1974, p. 87).
ORIGEM DA IGREJA
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É, portanto, na Igreja, que Cristo realiza e revela o seu próprio mistério, como 
a meta do desígnio de Deus “recapitular tudo nEle”. Assim, a comunhão dos 
homens com Deus é o fim que norteia tudo. Na Igreja, isso acontece pelo meio 
sacramental, ou seja, uma estrutura perfeitamente ordenada à santidade dos 
membros de Cristo.
A Igreja, desta maneira, é a participação histórica na unidade trinitária, a 
realização iniciada sob o véu dos sinais da salvação que brota da iniciativa divina, 
sendo meio da “íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” 
(LUMEN GENTIUM 1).
A UNIDADE E A SANTIDADE DA IGREJA
A unicidade corresponde à primeira nota constitutiva da Igreja, e esta é pro-
fessada no Credo Apostólico. Teologicamente é uma das notas constitutivas 
da Igreja que deve ser refletida com delicadeza, pois leva a uma diversidade de 
análise teológica, isso devido sua compreensão perante a Eclésia e ao compor-
tamento de ser cristão.
A Igreja elaborou o que passou a ser chamado de “Símbolo dos Apóstolos”, 
cujo nome é o resumo fiel da fé dos apóstolos de Jesus. Foi uma maneira 
simples e eficaz de a Igreja exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves 
e normativas para todos. Em seus doze artigos, o ‘Creio’ sintetiza tudo aquilo 
que o católico crê. É como “o mais antigo Catecismo romano”. É o antigo 
símbolo batismal da Igreja de Roma.
Fonte: Canção Nova ([2018],on-line)1.
A Unidade e a Santidade da Igreja
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Por outro lado, a Igreja é única porque Deus é uno. Desta maneira, no início 
da estruturação do cristianismo, os padres da Igreja a apontavam como ícone 
da Trindade. O Espírito Santo é o Orientador da Igreja e é quem proporciona o 
equilíbrio na totalidade, ou seja, na dificuldade de estabilidade o Espírito dará a 
constância na diversidade e unidade da Igreja, na vida laical, sacramental e eclesial.
A unidade é dada por Deus, como comunidade perfeita, é desejo e herança 
de Deus em querer essa unidade para humanidade “para que Deus seja tudo 
em todos” (1Cor 15, 28). Sendo assim, todo ser humano forma uma unidade 
desejosa por Deus como ele mesmo criou no princípio. Isto é, uma unidade que 
chegará ao seu fim escatológico, buscando viver aqui na terra o que se viverá na 
plenitude eterna.
Na presença desta perspectiva, dar-se-á origem ao pensamento de que existe 
só uma Igreja, um só Deus, um só Cristo e um só Espírito Santo. Com a elabo-
ração deste pensar é evidente que, mesmo na diversidade humana de homens e 
mulheres, o propósito de Deus é a unidade de sua criação. Desta forma, Cristo 
encarnou e realizou da divisão dos povos, um só povo. José Comblin comenta 
sobre essa unidade em Deus, que não pode ser desenvolvida por obra humana, 
mas sim por manifestação divina. 
A unidade da Igreja não nasce nem se desenvolve por meios simples-
mente humanos. Cristo e o Espírito Santo são os agentes da unidade. 
E a unidade que de sua ação resulta não é uma unidade comparável à 
unidade que existe entre as sociedades humanas. Nas sociedades, a uni-
dade está baseada numa união inconsciente, como união das famílias, 
das tribos ou dos povos, baseada em fatores psicológicos ou sociológi-
cos que não dependem da vontade dos homens [...] na igreja, a unidade 
vem da fé e da esperança comuns, ela se mantém ativa por meio da 
caridade e da solidariedade (COMBLIN, 1985, p. 147).
Considerando o discurso de Comblin (1985), é possível chegar à definição de 
que a unicidade da Igreja situa-se no próprio mistério Trinitário de Deus. A 
diversidade é existente em Deus, sendo a mesma que está em Cristo e que é 
manifestada na Igreja. Entretanto, essa diversidade não pode ser separada da 
unidade, pois existe uma relação entre as duas compreendidas somente na ple-
nitude celeste.
ORIGEM DA IGREJA
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A Unidade foi a primeira nota constitutiva da Igreja e a Santidade foi o pri-
meiro atributo afirmado à Igreja. No decorrer da história, os estudos fomentaram 
que a Santidade da Igreja provém de sua origem. Assim, não elimina o pecado 
presente nos homens, mas de modo escatológico convoca o homem alcançar 
esta Santidade. “A Santidade – não obstante a presença do pecado na vida das 
comunidades cristãs [...] a Igreja é santa pela sua origemeterna na Trindade e 
fundação histórica por Cristo” (WOLFF, 2007, p. 148).
Neste ponto, é importante alinhar que o elemento Santificador não é a estru-
tura ou os membros participantes da Igreja, contudo é graça desejada por Deus. 
Consequentemente, a realização desta Santidade está na trindade que convoca 
em sentido global a todos a atingir essa santidade escatológica, ou seja, realizar 
já no espaço terreno o Reino prometido na glória de Deus.
Elias Wolff descreve essa santidade como querer de Deus na história, no 
qual a Santidade não provém da Igreja peregrina ou terrena e sim é manifes-
tada por Deus. 
A santidade da Igreja está no fato de ter sido “separada” para Deus, san-
tificando-se no serviço/culto a Deus Pai, realizado na força do Espírito 
de Cristo. Assim, a Santidade vem da relação com Deus, mas somente 
Ele é o todo Santo e único objeto da fé. A partir daí ela deve manifestar-
-se no comportamento dos seus membros, em seus ritos e instituições. 
É na perspectiva do serviço que as atividades da Igreja em função do 
ser humano e do mundo tem sentido santificante, pelo qual Deus opera 
prodígios no meio do povo (WOLFF, 2007, p. 149).
A nota da Santidade da Igreja é algo construído ao longo da história, essa cons-
trução busca ratificar o desejo de Deus, isto é, desde a prefiguração da Igreja no 
coração de Deus, o caminho percorrido foi à constituição da Igreja Santa já no 
ambiente terreno. Desta forma, realizar o que está preparado na plenitude do 
Reino já no ambiente temporal. Medard Kehl descreve está santidade inabalá-
vel da Igreja, “[...] a fé mantém a confiança de que o pecado [...] jamais ganhará 
supremacia sobre a obra do Espírito Santo na Igreja e não poderá destruir a 
comunidade santa de Deus” (1997, p. 364).
Deve-se observar que a atribuição da santidade dada à Igreja é algo que 
nunca eliminará o pecado existente no mundo. Porém, é fator imprescindí-
vel para certificar que a origem da Igreja não está no homem, mas é desejo e 
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realização de Deus. A Palavra de Deus nos descreve este amor através da entrega 
de Cristo, assim o desejo legitima sua Santidade. Na carta de São Paulo aos 
Efésios, ele relata esse amor de Cristo. 
[...] como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la 
com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si 
mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, 
mas santa e irrepreensível (cf. Ef 5, 25-27).
Há que se ressaltar a importância de perceber o chamado que a Santidade da 
Igreja nos proporciona. Uma vez que, ao proclamar que somos participantes da 
comunhão dos Santos, é necessário testemunhar comunitariamente na Igreja pere-
grina que já realizamos aqui o que iremos agraciar na Igreja celeste. A Igreja nos 
afirma, através do catecismo que ela “é, portanto, o povo santo de Deus, e seus 
membros são chamados santos” (Catecismo da Igreja Católica, 1983, par. 823). 
Desta maneira, através do Espírito de Deus como impulsionador, os membros 
do corpo de Cristo, concebem o modo ideal para testemunhar esta santidade. 
Com isso devemos vivenciar as atitudes e ensinamentos de Cristo, no qual será 
manifestada a santidade a que cada sujeito foi chamado.
Medard Kehl ressalta que a Igreja é Santa, e por meio dos seus fiéis é mani-
festada a santidade, ou seja, seus membros são convidados a expressar através 
da fé a realização da santidade em sua vida. 
[...] chegamos ao resultado de que a Igreja deve-se entender ao mesmo 
tempo como Igreja para os indivíduos e Igreja constituída dos fiéis in-
dividuais; ou seja, que ela é a Igreja prévia aos indivíduos como dom 
de Cristo e do seu Espírito, “Igreja que santifica” na palavra e no sacra-
mento, e também “Igreja dos santos” que se edifica a partir dos indi-
víduos assim santificados. Enquanto “nós” os fiéis, a Igreja representa, 
portanto, também a forma de expressão comum, marcada pelos fiéis 
individuais, de sua fé pessoal (KEHL, 1997, p. 362).
Desta maneira, todo batizado é convocado a anunciar e testemunhar a Santidade 
de Deus manifestada em Cristo. Com isso, percebemos que a Igreja terrena é 
composta por membros falhos e pecadores, mas através do Espírito Santo e da 
ação salvadora de Cristo é tornada uma Igreja participante da Santidade de 
Deus e utiliza-se dos seus membros para desvelar o mistério da Santidade a 
todo o mundo.
ORIGEM DA IGREJA
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Por sua vez, sendo Una porque Deus é um, a Igreja, vindo de Deus totalmente 
santo, herda também essa característica. Assim, a Igreja é chamada sacramento de 
salvação por causa da ação de Deus que se cumpre por meio dela. Sendo assim, sua 
Santidade é manifestação trinitária, isto é, a Santidade da Igreja é Dom concedido 
por Deus por meio do ato de Cristo Jesus. Por essa razão, o ser humano é chamado 
a uma missão contínua de viver e testemunhar a ação de Deus diante da Igreja.
Antônio José de Almeida descreve esta relação do dom de Deus com seu 
povo como uma vocação universal de anunciar a santidade como o Cristo o fez. 
O dom feito à Igreja toda (e a cada fiel) (cf. LUMEN GENTIUM 40) 
acompanha-se de vocação igualmente universal: todos os fiéis cristãos 
de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã 
e à perfeição da caridade (LUMEN GENTIUM 40b). Aqueles que fo-
ram eleitos “pela santificação do Espírito para obedecer a Jesus” (1Pd 
1, 2) devem tornar-se também santos em todo o seu comportamento, 
“porque está escrito: Sede Santos, porque eu sou santo” (1Pd 1, 15-16) 
(ALMEIDA, 2005, p. 40).
A convocação a que o ser humano foi chamado é a Santidade. Entretanto, todo 
homem carrega consigo a carga do pecado, suas fragilidades e suas limitações. Desta 
forma, permanecer na santidade requer um despojamento do ser humano perante 
a Igreja e, assim, realizar um encontro dialogal com o Senhor. Bruno Forte (2005, 
p. 17) comenta que somente a Igreja proporciona essa oportunidade de diálogo: “a 
Igreja se oferece como o lugar do encontro entre a iniciativa divina e a obra humana”.
Sendo a Santidade da Igreja um elemento existencial, podemos afirmar, tam-
bém, que é intrínseco a ela e utilizamos esse conceito para defini-la, uma vez que 
o desejo de sua realização não é humano e sim divino. A Igreja nasce da reden-
ção em Cristo, mas antes disso já é prefigurada no coração de Deus. A história 
nos mostra toda essa trajetória de Abraão até os dias de hoje: como na Aliança 
de Deus no Antigo Testamento, o pecado não foi suprimido da realidade dos 
homens. Assim ao longo do caminho sempre houve a queda e a tentação e o 
pecado retornou a assombrá-los.
Segundo Dewey Mulholland (2004, p. 32), “Deus, porém, continua a chamar 
seu povo a viver como luz no meio das trevas”. Desta forma, o dom concedido 
por Deus é maior que o pecado, assim não tem como negar a Santidade da Igreja 
como não podemos negar a Luz Divina que emana dela. O homem é convidado 
A Unidade e a Santidade da Igreja
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a desfrutar já na imanência do dom oferecido por Deus, ou seja, Deus oferece 
aos homens a Santidade através do Espírito Santo, no qual é feita a aliança eterna 
de Deus realizada em Cristo que faz o homem a se manter íntegro e continua-
mente afastando-se do pecado.
Por outro lado, não tem como negar que o pecado dos fiéis gera descon-
forto e contrariedade quanto ao termo Santidade da Igreja. Almeida (2012, p. 
41) descreve que “[...] o pecado dos membros da Igreja exerce influxo negativo 
sobre a Igreja toda, impedindo e ofuscando a irradiação no mundo da sua san-
tidade”. Contudo, o pecado nunca será maior que o pecador, pois a justificaçãoem Cristo torna o pecador filho adotivo de Deus. Dessa maneira, ele é sempre 
convocado a retornar ao caminho certo.
Almeida (2012, p. 42) retrata essa Santidade imperecível em que o pecado 
não pode destruí-la: 
A santidade da Igreja é indefectível, ou seja, a Igreja não poderá jamais 
perdê-la. A graça vitoriosa de Cristo não poderá ser suplantada pelo pe-
cado. Unida a Cristo, sua cabeça e redentor, a Igreja é sempre de novo 
santificada e, por ele e nele, sempre santificadora. Por isso, ela sempre 
chama e é chamada à conversão e à reconciliação. [...] A Igreja sabe, to-
davia, de que fonte provém e para qual meta caminha. Por isso, não cessa, 
sobretudo na celebração da eucaristia, de glorificar a Deus pelo dom da 
santidade e de implorar sua misericórdia por seus incontáveis pecados.
Compreende-se então que a Santidade da Igreja ultrapassa o entendimento 
meramente humano. O Dom de Deus é manifestado para todos, assim não há 
escolhido e sim os que buscam a conversão diante do chamado. Todavia, assu-
mir a graça da Santidade desperta um novo comportamento do fiel, no qual o 
sujeito deseja e necessita da graça experimentada. Desta forma, a práxis do fiel 
é assumir a mesma de Cristo e buscar anunciar o Reino de Deus.
Em contrapartida, os fiéis assumem o compromisso com a Igreja terrena: 
realizar já no campo imanente o que será motivo de alegria no transcendente. 
Então, é imprescindível que o sujeito tenha a todo o momento um olhar puri-
ficador, renovador e reformador que leve a instituição Igreja a proporcionar 
santidade a todos. Assim, Pié-Ninot (2013, p. 81) colabora destacando que “a 
Igreja peregrina é chamada por Cristo a essa reforma perene. Dela necessita per-
petuamente como instituição humana e terrena”.
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A Santidade da Igreja, como já afirmado em todo o discurso até o momento, 
não tem origem nas orações e práxis dos homens e mulheres membros da comu-
nidade cristã. No entanto, toda manifestação que salvaguarda a Santidade da Igreja 
é concedida por Cristo Jesus. Segundo Bruno Forte (2005, p. 48): “A comunhão 
(que é a Igreja, ao mesmo tempo, santa e necessitada de reforma) leva em si os 
sinais deste encontro inaudito entre o mundo do Espírito e o mundo dos homens”.
Desta forma, Bruno Forte reafirma a relação da Santidade com o pecado, 
em que a Santidade está presente no meio do pecado. De modo igual, o cate-
cismo da Igreja Católica ratifica que a vida temporal e imperfeita, mas através 
de Cristo somos agraciados e convidados à Santidade da Igreja.
Caro(a) aluno(a), é importante ressaltar esta ação do Espírito que torna a Igreja 
Santa e permite que seus membros busquem esta santificação. Já no primeiro tes-
tamento Deus fala a Moisés: “fala a toda a comunidade dos israelitas. Tu lhes dirás: 
Sede santos, porque eu Iahweh vosso Deus, sou Santo” (Lv. 19, 2). Assim, outrora, 
no princípio Deus manifestava o querer Santo a seu povo, ou seja, Deus manifes-
tava o Dom da Santidade e a missão de vivenciá-la. O então Papa Bento XVI em 
sua audiência geral na Praça São Pedro em 2011 comenta sobre a transforma-
ção, “mas Deus respeita sempre a nossa liberdade e pede que aceitemos este dom 
e vivamos as exigências que ele requer, pede que nos deixemos transformar pela 
ação do Espírito Santo, conformando a nossa vontade com a vontade de Deus”.
A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele e nEle torna-se também santi-
ficante. Todas as obras da Igreja tendem, como seu fim, “à santificação dos 
homens em Cristo e à glorificação de Deus.” É na Igreja que está depositada 
“a plenitude dos meios de salvação.” É nela que “adquirimos a santidade pela 
graça de Deus.” Por sua vez, na terra a Igreja está ornada de verdadeira san-
tidade embora imperfeita”. Em seus membros, a santidade perfeita ainda é 
coisa de adquirir: munidos de tantos e tão salutares meios, todos os cristãos, 
de qualquer condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um por 
seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica (parágrafo 824 e 825).
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A CATOLICIDADE E A APOSTOLICIDADE DA IGREJA
A catolicidade da Igreja é uma das notas constitutivas que se desenvolveu durante 
o decorrer da história. Isso ocorreu por sua dupla interpretação. Por um lado 
se descrevia uma Igreja que abrange a totalidade e por outro a veracidade da 
Igreja. Entretanto, o termo tornou-se permanente no Concílio de Niceia. Pié-
Ninot (2013, p. 82) descreve que “o atributo de Católica apareceu pela primeira 
vez com Inácio de Antioquia e, a partir daí, pouco a pouco assumira um duplo 
significado: de universalidade e de autenticidade”.
Nesse sentido, o desenvolvimento do pensamento transcorreu em uma linha 
de definição para compreender a Igreja local e a Igreja universal. O processo de 
obter um conceito sobre o termo Católica foi se consolidando ao longo da história, 
então se pode determinar que os elementos são intrínsecos. A Igreja local e seus 
membros em comunhão com a igreja universal formando o corpo único de Cristo. 
O teólogo Antônio José de Almeida descreve esta relação da seguinte maneira. 
A palavra “Católica” [...] dá-se em Inácio de Antioquia: “Onde quer 
que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como 
a presença de Jesus Cristo também nos assegura a presença da Igreja 
Católica”. Para alguns, há uma relação de oposição entre Igreja local e 
Igreja universal: “católica” seria sinônimo de universal. Outros inter-
pretam “católica” no sentido Igreja legítima, verdadeira, perfeita. [...] A 
partir do século III, esse sentido está consolidado: “católica” designa “a 
verdadeira Igreja disseminada pelo mundo ou uma comunidade local 
que se encontra em comunhão com ela”. (ALMEIDA, 2012, p. 47).
Da mesma forma, pode-se dizer que não existe divisão do entendimento de 
Igreja. A catolicidade presente na Igreja é a clareza da ação de Deus na história, 
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ou seja, a manifestação de Deus para a humanidade é algo visível. Dessa maneira, 
os seres humanos sempre buscaram resgatar a graça de Deus perdida no pecado 
original e esse movimento nunca foi solitário, isto é, houve a todo o momento 
a intervenção de Deus.
É bom acrescentar ainda o que Bruno Forte (2005, p. 54) descreve sobre a 
catolicidade da Igreja “é católica porque representa em plenitude (kath’ olou) o mis-
tério do Senhor, presente na história, realizador da reconciliação com o Pai”. Desta 
maneira, é possível visualizar que a nota constitutiva Igreja Católica não compreende 
o simples entendimento humano, ou seja, a catolicidade ultrapassa a assimilação 
de tempo, espaço, assim entramos no desejo oculto de Deus. Logo, quando se des-
creve catolicidade, afirma-se que existe somente um único corpo de Cristo.
Com base no Apóstolo Paulo, pode-se compreender a advertência ao escre-
ver para comunidade de Coríntios: “Com Efeito, o corpo é um e, não obstante, 
tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem mui-
tos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo” (1Cor. 12, 12). 
Deste modo, a catolicidade da Igreja é o querer de Deus, através de Cristo pela 
ação do Espírito, realizar um só povo de Deus. Com isso, todos os fiéis têm o 
compromisso de vivenciar essa universalidade.
Pode-se assimilar, então, o que se descreve na constituição dogmática Lumen 
Gentium (1964, par. 13) sobre a Igreja: 
ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este 
Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e 
por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus 
que, no princípio,criou uma só natureza humana e resolveu juntar em 
unidade todos os seus filhos que estavam dispersos (cf. Jo. 11, 52). Foi 
para isto que Deus enviou o Seu Filho, a quem constituiu herdeiro de 
todas as coisas (cf. Hb. 1, 2), para ser mestre, rei e sacerdote universal, 
cabeça do novo e universal Povo dos filhos de Deus. Para isto Deus 
enviou finalmente também o Espírito de Seu Filho, Senhor e fonte de 
vida, o qual é para toda a Igreja e para cada um dos crentes, princípio 
de agregação e de unidade na doutrina e na comunhão dos Apóstolos, 
na fracção do pão e na oração (cf. Act. 2,42 gr.).
A partir dessa reflexão da Lumen Gentium, pode-se afirmar que a catolicidade 
busca realizar um só povo em comunhão já aqui na vida terrena, isto é, conforme 
a vontade de Deus desde a criação até os dias de hoje. O povo é chamado a ser 
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uno e único e Elias Wolff discorre sobre a necessidade desta comunhão. Assim, 
vemos que “a comunhão está na origem, na natureza e na missão da Igreja, uma 
vez que as Escrituras revelam na Igreja o Deus-comunhão, uno e Trino, como 
sua origem, modelo e fim” (WOLFF, 2007, p. 88).
Outra constatação é a de que com a Nota da Catolicidade os fiéis pertencen-
tes a está comunhão com a Igreja são chamados a viver o que Cristo ensinou. Na 
homilia do Papa Bento XVI na solenidade dos Santos apóstolos Pedro e Paulo de 
2005, é descrita essa herança que brota no coração de Deus e perpassa a história, 
tornado em Cristo nossa missão perene. “A finalidade da missão é uma humani-
dade que se tornou uma glorificação viva de Deus, [...] uma catolicidade que já 
nos foi doada e para a qual, contudo, nós devemos encaminhar sempre de novo”.
Desta maneira, a catolicidade exprime visivelmente o desejo de Deus, em que 
desde a origem o Senhor desejou um único povo. Sendo assim, revela-se o mis-
tério de Deus na vida da Igreja e de cada membro, que por meio da pertença na 
comunidade dos batizados obtém partícipe encontro com Deus e com sua obra 
de salvação. Em vista disso, a catolicidade da Igreja não compreende uma ação 
particular ou individual, mas estende-se a tudo e a todos. Almeida comenta sobre 
este “mistério da Igreja” que ao longo do tempo ultrapassa as perspectivas iniciais. 
Com o termo “mistério”, os Padres conciliares pretendiam designar a 
Igreja como “uma realidade divina transcendente e salvífica, que se re-
vela e se manifesta de um modo visível”, definição inspirada no docu-
mento Haec sacra Synodus, de ordinário conhecido como “projeto ale-
mão”. Nesta perspectiva, a Igreja se apresenta como o lugar do encontro 
da iniciativa divina e da acolhida humana, “a presença da Trindade no 
tempo e do tempo na Trindade, irredutível a uma compreensão mera-
mente humana, todavia Igreja de homens e mulheres que vivem plena-
mente na história” (ALMEIDA, 2005, p. 76). 
Dessa forma, pode-se reconhecer que a ação de Deus no processo do entendi-
mento da catolicidade é visível, sendo que, não podendo negar a presença do 
Espírito Santo na vida da Igreja e na missão que cada membro, é convidado ao 
reconhecer-se como partícipe do mistério da Igreja. 
A Igreja sendo católica está intimamente ligada aos Apóstolos. Sendo assim, 
a quarta nota da Igreja é a Apostolicidade, essa é a nota constitutiva da Igreja 
que tem como primícias o Novo Testamento, o qual tem sua base fundamental 
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nos ensinamentos dos Apóstolos, tornando-se um legado perpétuo. Bruno Forte 
(2005, p. 54) descreve que a Igreja
[...] é apostólica porque se coloca em continuidade da tradição apostó-
lica de obediência ao mandamento de Jesus: ‘fazei isto em memória de 
mim’. É ministerialmente estrutura com vistas à realização da missão 
apostólica. 
Sendo assim, a Igreja é chamada a sempre voltar às fontes para seguir um cami-
nho certo. Na Palavra de Deus, Jesus faz a escolha dos Doze para fazer deles 
missionários do Reino do Pai. Hermeneuticamente a simbologia Doze carrega 
uma importância valiosa, porém é de ampla relevância saber que a herança 
apostólica perpassada na história não surge do coração do ser humano, mas é 
ofertado por Deus, através do Espírito Santo. O ressuscitado atua na presença 
de uma comunidade de fé reunida, assim diz a Palavra: “a paz esteja convosco! 
Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). A comunidade tor-
na-se uma sucessora do anúncio do Amor de Deus. A história nos revela que a 
tradição apostólica é medular no propósito de Deus do anúncio do Evangelho.
Desta maneira, a Apostolicidade sustenta a condução de uma comunidade de 
fé, a qual reconhece a presença e incorpora em sua vida os ensinamentos de Cristo, 
ou seja, Jesus por meio da sucessão apostólica permanece existente na comunidade. 
Os apóstolos cumpriram uma dupla missão: a de ser testemunhas especiais da res-
surreição e, como tais, fundadores de Igrejas, missão única e intransferível, ligada 
ao fato irrepetível da encarnação, à vida terrena das testemunhas e ao carisma de 
revelação e inspiração; a de ser mestres e pastores das Igrejas por eles fundadas, 
missão para a qual são seus sucessores os bispos. Mais do que sucessores dos após-
tolos como tais, os bispos são os primeiros ministros designados pelos próprios 
apóstolos, ou por “um” deles, para dirigir as Igrejas por eles fundadas. Os apóstolos 
foram escolhidos, consagrados e enviados pelo próprio Senhor. Os bispos, por sua 
parte, são através de uma mediação. Depois do desaparecimento dos apóstolos, os 
bispos realizam a presença do ministério apostólico – e, através deles, do próprio 
Senhor – à frente das comunidades que presidem no lugar dos apóstolos. 
Fonte: Pié-Ninot (2013, p. 89).
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Contudo, ressalta Dewey M. Mulholland (2004, p. 175) que: “A encarnação de 
Cristo (Cl 1.15-20,2.9) é única. Ao mesmo tempo, sua encarnação continua no 
sentido que Jesus vive hoje, na carne, nos membros do seu corpo, [...] a igreja é 
organismo do qual Cristo é a cabeça”. 
Da mesma forma, pode-se dizer que a Catolicidade ratifica de maneira sig-
nificativa a missão da Igreja, com igualdade, é portadora da tradição e da missão 
dada por Cristo Jesus a seus apóstolos. Elias Wolff descreve sobre a importância 
desta apostolicidade no movimento comunitário. 
A apostolicidade tem dimensões histórica e escatológica, e mesmo se em 
todas as Igrejas ela fosse historicamente vinculada com o ministério orde-
nado reconhecido por todas as Igrejas, a “plenitude” da unidade, catolici-
dade, santidade e apostolicidade da Igreja só se realizará com o advento do 
Reino de Deus. Isso leva a compreender as formas de sucessão apostólica 
como mediações da grande e única tradição apostólica da Igreja. E o grau 
de fidelidade não se mede pela pureza da forma, mas pelo conteúdo do 
evangelho que ela transmite. Se for possível relativizar a forma da sucessão, 
não é possível mudar sua natureza e finalidade. Diante disso, as Igrejas são 
convidadas a reverem suas concepções e estruturas de sucessão apostólica: 
“quando algumas Igrejas negligenciam a importância da transmissão regu-
lar do ministério ordenado, deverão interrogar-se se não terão de mudar 
a sua concepção da continuidade da tradição apostólica. Por outro lado, 
quando o ministério ordenado não serve devidamente à proclamação da 
fé apostólica, as Igrejas deverão perguntar-se se as suas estruturas ministe-
riais não terão necessidade de uma reforma” (WOLFF, 2007, p. 156).
Com base em uma catequese do Papa João Paulo II, pode-se compreender que 
a sucessão Apostólica provém da incumbência concedida por JesusCristo. Em 
seu discurso, ele discorre que “a Igreja de Cristo é ‘apostólica’, ou seja, está edifi-
cada sobre os Apóstolos, dos quais recebeu a verdade divina revelada, por Cristo 
e em Cristo. A Igreja [...] mantém esta tradição apostólica e a conserva como o 
seu tesouro mais precioso” (AQUINO, 2001, p. 9). Por isso, percebe-se a sapi-
ência da Igreja como detentora da continuidade apostólica. 
Caro(a) aluno(a), encerramos nossa unidade sobre a origem da Igreja e suas 
notas constitutivas. Entendemos que a Igreja é maior do que uma pura e mera ins-
tituição temporária, ela é um reflexo trinitário. Bons estudos e aprofundamento 
no desenvolvimento das atividades propostas e na próxima unidade veremos 
como a Igreja desenvolveu sua eclesiologia na história.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Igreja é um reflexo no mundo, um reflexo trinitário, em sua essência a Igreja 
é atemporal, ou seja, existe fora do tempo. No tempo, a Igreja está desde a queda 
do ser humano, quando pelo uso da liberdade sem reta finalidade faz a opção 
pelo pecado. No entanto, a Igreja em Abraão começa seu ciclo de gestação. A 
Igreja é gestada, ou como usamos nessa unidade, preparada na história do povo 
de Israel até chegar a sua plenitude.
O Verbo de Deus encarnado, aquele que agiu desde sempre em nossa histó-
ria, como afirma João (1, 30): “tudo foi feito por Ele, nEle e com Ele”, plenifica 
a Igreja e nos concede a Salvação em sua paixão, morte e ressurreição. A esta 
Igreja pertencemos pelo batismo, uma vez que por este somos incorporados a 
Cristo e este é cabeça da Igreja. No entanto, esta Igreja já plenificada em Cristo é 
manifestada como dom de salvação pelo espírito Santo em Pentecostes. Contudo, 
apenas é dom de salvação para todos os homens e mulheres, de todos os tempos 
e lugares, enquanto unida à sua cabeça, Cristo.
Esta Igreja que, refletida no mundo como uma luz trinitária, exerce sua missão 
mesmo quando preparada na história do Povo de Israel, em Cristo ela encontra 
sua fundamentação principal e recebe do Espírito Criador os dons necessários 
para conseguir no mundo, anunciar a Boa Nova. A Igreja como um reflexo tri-
nitário só pode ser Una, Santa, Católica e Apostólica, pois são atributos divinos, 
as vezes ofuscados pelas soberba e orgulho humanos. No entanto, a Igreja sabe 
que sua luz sempre vem de Cristo e que este é o início e fim de sua missão. Uma 
vez que Ele mesmo, entregou aos seus discípulos a missão de batizar, perdoar os 
pecados, anunciar a todos a Boa Nova e na última ceia pediu que celebrassem o 
mistério de seu Corpo e seu Sangue em memória dEle, prometendo que estaria 
conosco todos os dias de nossa vida até o fim do mundo.
39 
1. Ao falarmos do início da Igreja, marque a alternativa correta.
a) A Igreja está no tempo desde a queda dos nossos primeiros pais.
b) A Igreja só existe em Abraão.
c) A Igreja foi preparada e anunciada nos profetas.
d) A Igreja de Cristo não precisou de preparação, pois Ele mesmo a realiza.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
2. Quando afirmamos que a Igreja foi Preparada na História do povo de Israel, 
estamos afirmando que:
I. A Igreja começa a ser preparada desde o pecado de Adão e Eva.
II. Em Abraão a Igreja começa a ser preparada.
III. Em Cristo a Igreja é plenificada, depois de ter sido preparada em Israel.
IV. Depois de preparada, a Igreja é plenificada em Cristo e manifestada em Pen-
tecostes.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
3. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) A Igreja é no mundo reflexo da Trindade.
( ) Israel já é a Igreja pronta de Deus.
( ) Depois de preparada, Cristo plenifica sua Igreja.
Assinale a alternativa correta:
a) V; V; F.
b) F; F; V.
c) V; F; V.
d) F; F; F.
e) V; V; V.
40 
4. Sobre a relação de Jesus com o povo de Israel, marque a alternativa correta:
a) Jesus não é o Messias esperado pelo povo de Israel.
b) O Espírito Santo em Pentecostes cria a Igreja.
c) Em Abraão, Deus convoca seu povo, ou seja, a Igreja.
d) O Povo de Israel cumpre perfeitamente sua missão.
e) A Igreja não pode ser o corpo místico de Cristo.
5. Em relação a Jesus e o Espírito Santo, marque a alternativa correta:
a) Jesus e o Espírito Santo plenificam a Igreja.
b) O Espírito Santo em Pentecostes manifesta a Igreja.
c) Em Abraão, Deus cria a Igreja.
d) O Povo de Israel não tem ligação com a Igreja e Cristo.
e) A Igreja não faz parte da nova aliança.
6. As quatro Notas Constitutivas da Igreja são:
a) Una, Santa, Católica e Apostólica.
b) A Igreja não tem apenas quatro Notas que a constituem, mas possui muitas.
c) Una, Santa, Católica e Romana.
d) Unidade, Santidade, Apostolicidade e Romanicidade.
e) Igreja, Católica, Apostólica, Romana.
41 
Catecismo da Igreja Católica
PRIMEIRA PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SEÇÃO - EU CREIO – NÓS CREMOS
CAPÍTULO SEGUNDO - DEUS AO ENCONTRO DO HOMEM
50. Pela razão natural, o homem pode conhecer Deus com certeza, a partir das suas 
obras. Mas existe outra ordem de conhecimento, que o homem de modo nenhum pode 
atingir por suas próprias forças: a da Revelação divina. Por uma vontade absolutamente 
livre, Deus revela-Se e dá-Se ao homem. E fá-lo revelando o seu mistério, o desígnio 
benevolente que, desde toda a eternidade, estabeleceu em Cristo, em favor de todos 
os homens. Revela plenamente o seu desígnio, enviando o seu Filho bem-amado, nosso 
Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo.
ARTIGO 1 - A REVELAÇÃO DE DEUS
I. Deus revela o seu desígnio benevolente
51. Aprouve a Deus, na sua sabedoria e bondade, revelar-Se a Si mesmo e dar a conhecer 
o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encar-
nado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tomam participantes da natureza divina.
52. Deus, que habita numa luz inacessível (1 Tm 6, 16), quer comunicar a sua própria 
vida divina aos homens que livremente criou, para fazer deles, no seu Filho único, filhos 
adoptivos. Revelando-Se a Si mesmo, Deus quer tornar os homens capazes de Lhe res-
ponderem, de O conhecerem e de O amarem, muito para além de tudo o que seriam 
capazes por si próprios.
53. O desígnio divino da Revelação realiza-se, ao mesmo tempo, por meio de acções e 
palavras, intrinsecamente relacionadas entre si e esclarecendo-se mutuamente. Com-
porta uma particular pedagogia divina: Deus comunica-Se gradualmente ao homem e 
prepara-o, por etapas, para receber a Revelação sobrenatural que faz de Si próprio e que 
vai culminar na Pessoa e missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.
Santo Ireneu de Lião fala várias vezes desta pedagogia divina, sob a imagem da familia-
ridade mútua entre Deus e o homem: O Verbo de Deus [...] habitou no homem e fez-Se 
Filho do Homem, para acostumar o homem a apreender Deus e Deus a habitar no ho-
mem, segundo o beneplácito do Pai.
42 
II. As etapas da Revelação
DESDE A ORIGEM, DEUS DÁ-SE A CONHECER
54. Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo, oferece aos homens um 
testemunho perene de Si mesmo nas coisas criadas, e, além disso, decidindo abrir o 
caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se a Si mesmo, desde o princípio, aos 
nossos primeiros pais. Convidou-os a uma comunhão íntima consigo, revestindo-os de 
uma graça e justiça resplandecentes.
55. Esta Revelação não foi interrompida pelo pecado dos nossos primeiros pais. Com 
efeito, Deus, depois da sua queda, com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança 
da salvação, e cuidou continuamente do género humano, para dar a vida eterna a todos 
aqueles que, perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação.
E quando, por desobediência, perdeu a vossa amizade, não o abandonastes ao poder da 
morte [...] Repetidas vezes fizestesaliança com os homens.
A ALIANÇA COM NOÉ
56. Desfeita a unidade do género humano pelo pecado, Deus procurou imediatamente, 
salvar a humanidade intervindo com cada uma das suas partes. A aliança com Noé, a 
seguir ao dilúvio, exprime o princípio da economia divina em relação às nações, quer 
dizer, em relação aos homens reagrupados por países e línguas, por famílias e nações 
(Gn 10, 5).
57. Esta ordem, ao mesmo tempo cósmica, social e religiosa da pluralidade das nações, 
destinava-se a limitar o orgulho duma humanidade decaída, que, unânime na sua per-
versidade, pretendia refazer por si mesma a própria unidade, à maneira de Babel. Mas, 
por causa do pecado, quer o politeísmo quer a idolatria da nação e do seu chefe são uma 
contínua ameaça de perversão pagã a esta economia provisória.
58. A aliança com Noé permanece em vigor enquanto durar o tempo das nações, até à 
proclamação universal do Evangelho. A Bíblia venera algumas grandes figuras das na-
ções, como o justo Abel, o rei e sacerdote Melquisedec, figura de Cristo, ou os justos 
Noé, Danel e Job (Ez 14, 14). Deste modo, a Escritura exprime o alto grau de santidade 
que podem atingir os que vivem segundo a aliança de Noé, na expectativa de que Cristo 
reúna, na unidade, todos os filhos de Deus dispersos (Jo 11, 52).
Fonte: Vatican ([2018], on-line)2. 
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
O site do vaticano, no link textos fundamentais, apresenta um vastíssimo material para estudo online, 
com textos eclesiais riquíssimos para compreender melhor a Igreja, em várias línguas, o que pode 
contribuir para o crescimento do estudante.
Web: <http://www.vatican.va/archive/index_po.htm>. 
Catecismo da Igreja Católica
Papa João Paulo II
Editora: Loyola
Sinopse: o Catecismo da Igreja Católica é fruto de uma vastíssima colaboração: 
foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido em um espírito de 
atenta abertura e com apaixonado ardor. O projeto tornou-se objeto de vasta 
consulta de todos os Bispos católicos, de suas conferências episcopais ou de 
Sínodos, dos Institutos de teologia e catequética. O catecismo divide-se em 
4 partes: Primeira parte: A profi ssão de fé; Segunda parte: A celebração do 
mistério cristão; Terceira parte: A vida em cristo; Quarta parte: A oração cristã.
REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. J. Lumen Gentium: a transição necessária. São Paulo: Paulus, 2005.
AQUINO, F. R. Q. A Igreja: 51 catequeses do Papa sobre a Igreja. Lorena: Cléofas, 
2001.
Bíblia Sagrada. São Paulo: Paulus, 2002
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1983
COMBLIN, J. A Igreja e sua Missão: Breve Curso de Teologia. Tomo III. São Paulo: 
Paulinas, 1985.
FORTE, B. A Igreja ícone da Trindade. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
KEHL, M. A Igreja: uma eclesiologia católica. São Paulo: Edições Loyola, 1997.
LUMEN GENTIUM. In: Documentos do concílio ecumênico vaticano II. Tradução 
Tipografia Poliglota vaticana, organização geral Lourenço Costa. 6 ed. São Paulo: 
Paulus, 2012.
MULHOLLAND, D. M. Teologia da Igreja: Uma igreja segundo os propósito de Deus. 
São Paulo: Shedd Publicações, 2004.
RUIZ de la PEÑA, J. L. O dom de Deus. Antropologia teológica. Petrópolis: Vozes, 
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PIÉ-NINOT, S. Introdução à Eclesiologia. São Paulo: Loyola, 2013.
WOLFF, E. A unidade da Igreja: ensaio de eclesiologia ecumênica. São Paulo: Pau-
lus, 2007.
RATZINGER, J. O novo Povo de Deus. São Paulo: Paulinas, 1974.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1Em: <https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-e-o-credo/.> Aces-
so em: 25 maio 2018.
2Em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s1c2_50-141_
po.html>. Acesso em: 27 maio 2018.
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
DESENVOLVIMENTO 
HISTÓRICO DA 
ECLESIOLOGIA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender a Igreja no período patrístico.
 ■ Analisar a Igreja no período escolástico.
 ■ Conhecer a reforma católica.
 ■ Entender a eclesiologia do Concílio Vaticano I.
 ■ Estudar o contexto do Concílio Vaticano II.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A Eclesiologia no Período Patrístico
 ■ A Igreja no Período escolástico
 ■ A Eclesiologia do Concílio de Trento
 ■ A Eclesiologia no Concílio Vaticano I
 ■ A Eclesiologia no Concílio Vaticano II
Introdução
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INTRODUÇÃO
Depois que Jesus cumpriu sua missão e nos resgatou da condição que nós mes-
mos assumimos, Ele volta à casa do Pai e nos envia o Espírito Santo, distribuindo 
seus dons e nos fortalecendo na missão. Ao contrário do que muitos pensam, a 
Igreja não inicia em Pentecostes, mas esse é o momento que os discípulos esta-
riam em condições de entender sua missão. Exatamente isso, Deus envia seu 
Espírito para manifestar à primeira comunidade sua vontade, diz o evangelho 
que estavam reunidos os 12 e a Mãe de Jesus estava com eles.
Pentecostes, portanto, é a manifestação da missão da Igreja à primeira comuni-
dade reunida. Agora sim, com todo o discipulado a Nosso Senhor e conhecedores 
da missão, iniciam seu trabalho apostólico, trabalho esse que será entendido 
como protagonismo na história da salvação, que é o anúncio do Evangelho e os 
sacramentos.
A Igreja com essa força vivificadora do Espírito levará corajosamente, entre 
martírios, perseguições e vitórias, o evangelho de Cristo a todos os cantos da 
terra e conseguirá, vivificada pelo Espírito e com consciência de que Cristo é 
sua cabeça, trazer o evangelho até nossos dias e crendo na promessa de Cristo 
— que as forças do inferno não prevalecerão contra ela — continuar sua missão 
de anunciar o evangelho por todos os séculos enquanto espera o retorno glo-
rioso de Nosso doce Salvador.
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A ECLESIOLOGIA NO PERÍODO PATRÍSTICO
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando nossa segunda unidade e nesta vamos apro-
fundar a eclesiologia nos períodos da história da Igreja, ou seja, como a Igreja 
é entendida, como a Igreja se entende e se desenvolve ao longo da história do 
cristianismo.
Ao iniciarmos nosso estudo sobre a concepção da Igreja no período patrís-
tico, é importante definir que a expressão Pais da Igreja simplifica uma realidade 
muito complexa. Quando se fala de Igreja dos Padres, ou Igreja do período patrís-
tico, certamente a referência está sendo feita à Igreja que se constituiu ao longo 
dos seis ou sete primeiros séculos do cristianismo. Um período muito longo para 
ser pensado e compreendido como unidade de uma só dimensão. Há necessi-
dade de se fazer muitas distinções a respeito de doutrinas, disciplinas, práticas 
litúrgicas, modo de exercer a autoridade.
De forma resumida, podemos dividir o início da Igreja em três períodos: a) 
Padres Apostólicos, b) Padres apologistas e c) período patrístico.
O termo Padre designava na sua origem os chefes das comunidades, os 
bispos, foi este o sentido que conservou no caso do primeiro dos bispos, 
o de Roma, o Papa. Neles residia, toda autoridade, quer doutrina, quer 
disciplinar. Mais tarde, o termo passou a aplicar-se sobretudo aos defen-
sores da doutrina, principalmente àqueles que, perante os hereges, lu-
tavam pela fé, mesmo que não tivessem o caráter episcopal. A partir do 
século V, nos tratados teológicos e nos trabalhos dos concílios, a palavra 
tem sempre o sentido que nós lhe atribuímos hoje (ROPS, 1988, p. 265).
A Igreja dos Padres Apostólicos é a Igreja, a Igreja formada e alimentada por 
aqueles que foram os sucessores imediatos dos apóstolos, que estavam ligados, 
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de um modo ou de outro, aos apóstolos como Inácio de Antioquia, Policarpo de 
Esmirna, o Pseudo-Barnabé, Clemente de Roma, Hermas, Pápias.
A Igreja dos Padres Apologistas se estende do início do século II ao início 
do século III, é uma Igreja marcada pelas perseguições, calúnias e difamações. 
Surgem, então, aqueles cristãos que têm cultura e preparo intelectual para defen-
der, perante as autoridades, o senado romano ou os imperadores, a fé e a religião 
cristãs. Algumas dessas defesas (Apologias) chegaram até nós. Por exemplo: a 
de Diogneto, a de Aristides de Atenas, de Taciano, de Atenágoras, de Teófilo de 
Antioquia e as principais entre elas, as obras de Justino Mártir (duas Apologias 
e o Diálogo com Trifão) e a de Ireneu de Lião (Contra as Heresi as).
O terceiro período então denomina-se o período da patrística, propriamente 
dito, vai do século III até o início da Idade Média.
É o período dos grandes concílios ecumênicos nos quais foram decididos 
os dogmas fundamentais do cristianismo. “Pais e Mães da Igreja” são, portanto, 
todos aqueles homens e mulheres que, pela doutrina ou pelo empenho e teste-
munho de vida (martírio), alicerçaram e solidificaram, determinantemente, a 
fé e a doutrina cristãs.
O termo teológico “Patrística” estende-se à era de atuação dos Padres da 
Igreja, sua época e suas obras, especificamente entre os séculos II ao séc. VII.
Reflete sobre todo o trabalho que realizaram estes homens, nas áreas dog-
mática, doutrinária, exegética, filosófica e teológica. Os Padres da Igreja en-
contram-se entre as mais importantes figuras da Igreja, pelo notável empe-
nho que tiveram além de suas colaborações às perspectivas doutrinárias da 
Teologia. No período Patrístico, consolida-se a doutrina da Igreja em seus 
aspectos fundamentais, vencem-se as heresias e as controvérsias doutriná-
rias que ameaçavam a integridade da fé e a continuidade da Igreja.
Saiba mais acessando o link disponível em: <http://cleofas.com.br/valor-da-
-patristica-para-a-teologia/>.
Fonte: Aquino (2018, on-line)1.
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Tendo em vista esses três períodos, podemos ressaltar alguns pontos comuns 
entre eles, mas o ponto fundamental são as Escrituras do Antigo Testamento e 
as do Novo. Os padres contextualizados nesse período liam, refletiam e elabora-
vam suas homilias, preparavam a catequese sempre com as Escrituras nas mãos. 
Enorme quantidade de seus escritos são paráfrases bíblicas, tecidos de repetidas 
citações bíblicas ou longos comentários dos livros bíblicos. Não podemos esquecer 
de mencionar como um dado comum entres os padres desses períodos a celebra-
ção da Eucarística que marcou o início da Igreja e esteve presente ao longo de sua 
história. Com pregações e celebrações, destacamos outro ponto comum o cha-
mado Catecumenato que se define como o tempo de preparação para o batismo.
O tom pastoral de suas atividades, a busca de salvação, o detestar as práticas 
pagãs, a edificação espiritual, a catequética, o valor dado à liturgia, a ênfase na 
penitência e no jejum eram também pontos comuns. E, claro, todas essas prá-
ticas mencionadas gera um amor incondicional a Cristo, Filho único de Deus, 
Mediador de todas as coisas e único Salvador.
Os Padres da Igreja tiveram uma participação fundamental nos primeiros Concí-
lios Ecumênicos, como o de Nicéia, no ano 325, que condenou o arianismo que 
negava a divindade de Jesus; o Concílio de Constantinopla I, em 381, que con-
denou o macedonismo que negava a divindade do Espírito Santo; e os outros 
concílios que enfrentaram e condenaram as heresias cristológicas e trinitárias.
Eles estiveram um tanto esquecidos, mas a partir dos anos 40 surgiu na Europa, 
de modo especial na França, um forte movimento voltado à Patrística. Esse mo-
vimento foi liderado pelo Cardeal Henri de Lubac e Jean Daniélou, o qual deu 
origem à coleção “Sources Chréstiennes”, com mais de 300 títulos. No Concílio 
Vaticano II cresceu ainda mais esse movimento de redescoberta da Patrística 
por causa do desejo da renovação da liturgia, da exegese, da espiritualidade e 
da teologia a partir dos primórdios da Igreja. Foi a sede de “voltar às fontes” do 
cristianismo. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://cleofas.com.
br/voce-sabe-o-que-e-a-patristica/>.
Fonte: Aquino (2018, on-line)2.
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Esses três períodos foram também tempo de lutar contra heresia que crescia no 
contexto cristão, mas como Deus consegue tirar coisas boas até do mal produzido 
pelo ser humano, a heresia colabora, e colabora muito, para o desenvolvimento da 
doutrina cristã, uma vez que para refutar a heresia os Santos Padres dedicavam muito 
tempo à leitura da palavra de Deus, à meditação e à oração e também aos ensinamentos 
que já formavam, de fato, ainda um pequeno tesouro, que é a tradição e o magistério.
É tal a importância da Eucaristia na vida cristã que, desde as origens 
assume o lugar central nas cerimônias. Quando se perguntar aos pri-
meiros cristãos em que consiste o essencial do seu culto, sempre men-
cionarão o repasto sagrado. A sinaxe ou reunião litúrgica, descrita di-
versas vezes nos Atos dos Apóstolos, e de que se encontram numerosos 
exemplos nos primeiros séculos – em Jerusalém, em Antioquia, em 
Alexandria, em Éfeso, em Roma, em Gália e na África-, referidos por 
inúmeros textos, é essencialmente a celebração da Eucaristia, a comu-
nhão com o Deus vivo (ROPS, 1988, p. 212).
Refutar as heresias era ao mesmo tempo um árduo trabalho de ir ao encontro do 
judeu e do pagão e tentar, com o auxílio do Espírito Santo, a conversão destes a 
Cristo. Essa preocupação se apresenta nesse período como uma grande tarefa dos 
padres da Igreja, portanto, a Igreja nesse período é uma Igreja em que a comu-
nidade tem muito valor, mas o ensinamento dos padres também; grande tempo 
de desenvolvimento da doutrina cristã, tempo que o cristianismo se entende 
como protagonista da história, um tempo marcado por grandes catequese bíbli-
cas tendo Cristo como centro de toda a Palavra escrita, e a certeza que o mais 
importante da Igreja é Cristo o Verbo de Deus Encarnado.
A Literatura Patrística até hoje é fonte de teologia. Colabora muito para com-
preendermos o contexto da Igreja neste período, bem como ajuda a compreender 
a relação entre Sagrada Escritura, Tradição e Magistério.
A Literatura Patrística compõe altíssima importância para o Cristianismo, 
nestas verificamos o que a Igreja primitiva pregava e observava, qual foi a fé 
dos primeiros cristãos.
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A IGREJA NO PERÍODO ESCOLÁSTICO
A Idade Média, período da história compreendido entre o século IV até o século 
XV, abrangeu quase um milênio. Foi de fundamental importância para o estabele-
cimento das atuais estruturas políticas, econômicas, sociais e também eclesiásticas 
e, por conseguinte, o seu estudo se reveste de primordial valor para que enten-
damos o porquê de muitas questões que repercutiram até os dias de hoje.
No século IV, depois da vitória de Constantino, a Igreja, que era perseguida, 
vivia de forma muito viva e corajosa o martírio e as celebrações nas catacum-
bas. Inicia-se um processo que vai chegar a ser a religião do Estado, mas isso já 
com o imperador Teodósio aproximadamente em 394.
A Igreja que já era institucionalizada e, como vimos, já se sentia protagonista da 
história, aos poucos vai assumindo a condição de senhora sempre ligada ao Império 
que muito ligeiramente se tornava cristão. Nesse tempo, encontramos a constru-
ção dos primeiros Templos Cristãos, um deles existente até hoje, a Basílica de Santa 
Maria Maiorem Roma; surge também nesse período o Monacato, apresentando ao 
mundo uma forma radical de experienciar e viver o Evangelho com trabalho e oração.
Em meados do século V a VIII, surge a ideia do papado monárquico, levando 
os papas a assumirem um papel acima dos imperadores, pois estes eram coroados 
pelo Papa. Um Marco que esse período gerou foi a coroação como imperador do 
Ocidente Carlos Magno. Lembramos que desde Constantino, existia apenas um 
imperador do mundo, e isso acabou no século IX quando a Igreja coroa Carlos 
Magno como Imperador do Ocidente. Surge também nesse período os Estados 
Pontifícios e todos os reinos deveriam pagar os impostos desses territórios. Sobre 
Carlos Magno, Daniel Rops (1991, p. 398) afirma:
A Igreja no Período Escolástico
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Durante toda sua vida, Carlos será assim: rápido, clarividente, enér-
gico. O segredo de sua obra incomparavelmente fecunda reside nes-
sas qualidades instintivas, a serviço das quais um vigor irredutível 
desenvolve uma prodigiosa atividade. [...] E há nele outras qualida-
des complementares que definem a sua grandeza: prudência, mode-
ração, sentido realista das possibilidades e desconfiança dos gesto 
irrefletidos, mais do que César ou Alexandre, Carlos Magno lembra 
o imperador Augusto. 
É um período de muitas mudanças na vida social e também religiosa. Isso cola-
bora para uma nova concepção do sacerdote, pois a liturgia deixou de ser uma 
celebração comunitária ou eclesial, para se tornar uma obra individualista. Surgem 
as “missas privadas” e as “missas votivas”, encomendadas como intenções parti-
culares, o que gerou uma grande distância entre o padre e o povo. Foi também 
neste momento histórico que o Latim, língua oficial da Igreja até os dias atuais, 
deixou de ser obrigatório para os sacramentos desde o Concílio Vaticano II, que 
aconteceu entre 1962 – 1965.
A Igreja Católica exerceu uma influência marcante sobre a população me-
dieval, ultrapassando em muito sua função religiosa e espiritual. Sua ação 
manifestava-se nos setores assistencial, pedagógico, econômico, político 
e mental, tornando-se o principal centro irradiador de cultura da Idade 
Média.
A situação da Igreja partia de uma centralizada e bem organizada estru-
tura, onde, em sua diocese, o bispo era responsável pela fé, pela liturgia 
e pela assistência social aos pobres e desvalidos, sobressaindo-se pelo 
poder e riqueza de sua sede. Era auxiliado pelos padres encarregados das 
paróquias, também letrados e versados na Doutrina da Igreja. A cristiani-
zação do mundo rural foi facilitada pela expansão de mosteiros, abadias 
e conventos, instituições fundadas por grupos de padres que procuravam 
o isolamento do mundo para se dedicar a Deus. Os sacerdotes que faziam 
parte dessas instituições formavam ordens religiosas, constituindo o clero 
regular da Igreja.
Fonte: adaptado de Portal São Francisco ([2018], on-line)3. 
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IIU N I D A D E56
A primeira universidade do mundo foi a de Bolonha em 1980. A filosofia 
desde o início do cristianismo foi usada para ajudar a compreender e expli-
car a teologia e a doutrina cristã, mas a partir do século IX, inicia o período 
conhecido como escolástica que perdurou até o fim da idade média. Escolástica 
deriva do termo latino scholasticus, entendido como aquele que pertence a uma 
escola. Foi um método dedicado à formulação da filosofia cristã. São Tomás 
de Aquino foi o padre de maior destaque na escolástica promovendo a tran-
sição do platonismo para o Aristotelismo, mas destacam-se também Occam, 
Scoto e Erígena.
Esse método baseia-se em leitura crítica de obras selecionadas, aprendendo 
a apreciar as teorias do autor, por meio do estudo minucioso de seu pensamento 
e das consequências deste. Na comparação entre o texto e os documentos rela-
cionados, de forma especial, podemos apresentar a produção intraeclesial, que 
produzia sentenças, ou usando o termo sententiae, era geralmente curtas, mas lis-
tavam as discordâncias entre as fontes estudadas. Elas podiam, de acordo com o 
assunto, incluir também recortes dos textos originais, para comparação e comen-
tário, valendo-se da análise filológica e da lógica formal.
A escolástica foi um método de pensamento e de ensino que surgiu 
e se formou nas escolas medievais e se plasmou de modo inexcedível 
nas universidades do século XIII, máxime através do magistério e das 
obras de Santo Tomás de Aquino. O termo escolástica, porém, significa 
ainda o conjunto das doutrinas literárias, filosóficas, jurídicas, médicas 
e teológicas, e mais outras científicas, que se elaboraram e corporificam 
no ensino das escolas universitárias do século XII ao século XV, pois 
não nos cabe considerar a Segunda Escolástica que floresceu na época 
do Renascimento (NUNES, 1979, p. 244).
O período da escolástica podemos dividi-lo em dois, sendo o primeiro conectado 
de forma direta à filosofia agostiniana e por consequência à filosofia de Platão.
O segundo período se apresenta com Santo Tomás de Aquino e outros que 
fazem a transição para o Aristotelismo, descrevendo e apresentando a doutrina 
cristã, a partir do pensamento aristotélico, é o chamado pensando Aristotélico 
Tomista que fundamenta a doutrina cristã Católica até os dias atuais.
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Uma dupla condição domina o desenvolvimento da filosofia tomista: a 
distinção entre razão e fé, e a necessidade de sua concordância. Todo o 
domínio da filosofia pertence exclusivamente à razão; isso significa que 
a filosofia deve admitir apenas o que é acessível à luz natural e demons-
trável apenas por seus recursos. A teologia baseia-se, ao contrário, na 
revelação, isto é, afinal de contas, na autoridade de Deus (GILSON, 
1995, p.655).
Após esse segundo período, último da escolástica, com o iluminismo, a institui-
ção da escolástica chega a seu termo, mas permanece até os dias de hoje como 
um vasto e rico campo de estudos e pesquisas, que ainda reconheceremos seu 
valor histórico e científico.
Além da colaboração para as pesquisas sobre a escolástica, com o Papa Leão XIII 
na idade moderna, o ensino na formação dos sacerdotes voltou a ser escolástico.
A ECLESIOLOGIA DO CONCÍLIO DE TRENTO
Os reformadores almejavam uma Reforma para tornar a Igreja única de todos, 
ou seja, o Movimento Protestante queria ser apenas uma resposta para as imen-
sas dificuldades da Igreja na época. Facilmente, caímos no erro de considerar a 
Reforma como uma resposta aos abusos e maus Papas da época, porque a Reforma 
não trata de um simples retorno às formas de vida anteriores, mas da adaptação 
e da inserção em uma nova época com características novas. 
São Tomás de Aquino tinha uma pergunta difícil para os teólogos: poderia o 
pensamento cristão receber algum contributo da filosofia pagã? São Tomás 
respondeu: “Toda verdade, dita por quem quer que seja, vem do Espírito Santo”.
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IIU N I D A D E58
A Reforma, no sentido lato, foi causada pela necessidade de dissolver a ordem 
medieval com os fundamentos que a sustentavam por ainda não ter se adaptado à nova 
época. Na ocasião, fazia-se necessária uma ruptura da unidade que englobava a vida 
política, espiritual e religiosa. As constantes tensões entre o Império e o Pontificado 
ainda não tinham sido resolvidas. Estando o Pontificado no centro, quis garantir a 
liberdade religiosa e independência do Império, vendo-se assim obrigado a enfra-
quecê-lo. Contudo, ao se concentrar sobre o Império, desleixou sua própria missão.Outros episódios do período entre anos 1250-1500 que contribuíram para a 
Reforma foram: a descoberta da imprensa, tornando-se um grande instrumento 
de comunicação social; novas técnicas de navegação; novas técnicas bélicas, por 
exemplo, a pólvora; grande aumento de instituições superiores, expandindo-se, 
assim, a alfabetização na Europa e na Ásia; o grande crescimento demográfico 
que veio acompanhado por crises (religiosa, climática, econômica, ambiental, 
higiênica, social, demográfica e política).
Constata-se que, diante de tantas transformações e descobertas, tudo começa 
a ser mais questionado. Com certeza, a Igreja sofreu os efeitos dessas mudanças, 
nas quais o humanismo afirma a autonomia criativa do indivíduo, não negando a 
revelação cristã, mas coloca em segundo plano os conceitos tradicionais de auto-
ridade, dogma, teologia sistemática, revelação e tradição, priorizando a reflexão 
pessoal e crítica. Isso acarretou uma motivação às pesquisas das leis da natu-
reza e da história, o que contribuiu para o avanço das ciências exatas e aplicadas.
A Reforma Católica foi um grande movimento religioso que ergueu a Igreja 
Católica na metade do século XVI e XVII como um ato de reação à reforma pro-
testante; é muito simples, mas a realidade é outra, visto que a tentativa de reforma 
já acontecia no século XV em meio à sociedade cristã.
Nesse sentido, faz-se apropriado explicar que:
Houve ao mesmo tempo a “Reforma Católica”, eclosão de uma fonte 
que vinha sendo alimentada há muito tempo, e a “Contra-Reforma”, 
reação católica destinada a fechar as brechas feitas pelo protestantismo, 
ou seja, reconquistar as zonas sublevadas. O Concílio de Trento situa-
-se na encruzilhada dessas duas correntes. (PIERRARD, 198, p. 183). 
Lenzenweger (2006, p. 233) relata, também, que a palavra “Contra-Reforma”, 
aponta, desde Leopold von Ranke, a época da história da Europa a partir de 1555, 
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que abarca tanto a renovação Católica como a conduta política contra o protes-
tantismo. Em 1946, Hubert Jedin propõe a substituição dos conceitos “Reforma 
e Contra-Reforma” por “Reforma Protestante e Reforma Católica” para melhor 
identificar as duas correntes.
Conforme Lenzenweger (2006, p. 233), a Reforma Católica significa: “Todas as 
manifestações vitais da velha Igreja que, por volta do fim do século XVI, leva-
ram a um notável revigoramento, e sem as quais o sucesso de medidas políticas 
também não seria compreensível”.
A Reforma Católica enfrentou dois desafios: o distanciamento de um grande 
número de cristãos das fontes e da sustentação da religiosidade, e de outro lado 
os preconceitos, a ignorância e as superstições (PIERINI, 2006, p. 177).
Pierini (2006, p. 178) também registra que o movimento ganhou corpo após 
o martírio de Jerônimo Savonarola (1498) e da iniciativa dos genoveses. Uma cor-
rente de leigas, leigos, sacerdotes, religiosos e religiosas, cardeais e bispos deram 
oxigênio ao movimento de reforma, por meio de obras de caridade.
A consciência de Roma era despertada ainda por outro fato. As ideias revo-
lucionárias “transalpinas” iam penetrando na Itália, especialmente em Nápo-
les; as obras de Lutero, Zvínglio, Calvino e Erasmo difundiam-se entre o clero 
e o povo, conseguindo a apostasia do Padre Geral Ochino dos Capuchinhos 
em 1542; apareciam personagens ambíguos que, sem romper com a Igreja, 
se compraziam nas obras dos Reformadores protestantes. Para conter tais 
avanços, Paulo III reorganizou a Inquisição, inspirado pelo Cardeal Carafa 
(futuro Paulo IV) e por S. Inácio de Loyola: uma comissão de seis Cardeais 
recebeu a faculdade de nomear sacerdotes “inquisidores” em qualquer lu-
gar onde o julgasse necessário. Assim se originou a Congregação do Santo 
ofício, que, após o Concílio do Vaticano II, tem o nome de Congregação para 
a Doutrina da Fé, visto que nada tem de comum com a Inquisição. Esta pro-
cedeu energicamente contra os inovadores, conseguindo exterminar por 
completo as novas ideias na Itália. Para saber mais, acesse o link disponível 
em: <http://cleofas.com.br/historia-da-igreja-o-concilio-de-trento/>.
Fonte: Aquino (2018, on-line)4.
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ECLESIOLOGIA
Reprodução proibida. A
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IIU N I D A D E60
A primeira etapa do movimento engloba a expressão “Contra-Reforma” com 
o domínio dos mediterrâneos, espanhóis e italianos, representados no Concílio 
de Trento, que assumem uma atitude radical, semelhante a dos luteranos.
A necessidade de definir determinados artigos de fé, no século XVI, era evi-
dente, e foi o Papa Adriano VI (1459-1523) quem deu início a isso. Ele nasceu na 
França, sendo o último Pontífice não Italiano antes de João Paulo II. A brevidade 
do seu pontificado não lhe permitiu aquela reforma in capite et in membris, ou 
seja, na cabeça e nos membros, conforme desejava. Para tanto, sugeriu que fosse 
em uma cidade alemã a realização de um concílio ecumênico. Essa sugestão foi 
aceita de acordo com a Dieta de Worms, mas negada a aprovação da cláusula 
luterana que daria direito aos leigos participarem no concílio.
Após sua morte, foi eleito seu sucessor Júlio de Médicis, que utilizou o nome 
Clemente VII (1523-1534). Ele não se encontrou igualmente nas condições de 
realizar grandes mudanças. Clemente VII foi um papa indiferente à Reforma 
Protestante e incapaz de impedir o seu avanço. Presenciou o saque de Roma (5 
de maio de 1527), quando foi feito prisioneiro no castelo de Santo Ângelo, pelos 
Cavaleiros Imperiais. Com muita humilhação e ruínas amontoadas, o pontífice 
não desejava um concílio. Por isso, adiou sua convocação servindo-se da má 
vontade de Francisco I.
Somente sob o pontificado de Paulo III (1468-1549), eleito Papa em 13 de 
outubro de 1534, a Reforma Católica começou a ganhar consistência. Logo após 
a eleição, o novo Pontífice nomeou alguns dentre os eclesiásticos mais propensos 
a tentar o acordo doutrinário com os protestantes. No dia 29 de maio de 1536, 
convocou um concílio ecumênico que deveria ocorrer em Mântua. Apesar da 
falta de coro, obrigou-se a adiar o concílio, sine die (21/05/1539) devido ao rei-
nício da Guerra entre Francisco I e Carlos V. Ele fez uma segunda tentativa em 
1542, também sem êxito. Com o tratado de Crépy-en-Laonnois, entre o rei da 
França Francisco I e o Imperador Carlos V, Paulo III, conseguiu convocar para 
15 de março de 1545, um concílio, em Trento, cidade do império localizada na 
encosta italiana dos Alpes.
A abertura oficial ocorreu em 13 de dezembro de 1545. Estiveram presentes 
aproximadamente trinta participantes, testemunhado por uns quarenta teólogos. 
Entretanto, nenhum protestante participou do evento. (PIERRARD, 1986, p. 185).
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Na abertura, conforme Suffert (2001, p. 292), não havia nada previsto: “nem 
ordem do dia, nem programa real”. Os participantes foram induzidos a aterem-se 
às regras estritas pelos legados até 1549. O Concílio começou pela Reforma da 
Igreja, deixando para depois os problemas da doutrina. Essa opção foi imposta 
por Carlos V, que tinha por objetivo restabelecer a unidade dos cristãos e a dis-
ciplina da Igreja. Habilmente, os padres conciliares trabalharam os dois temas 
simultaneamente.
São duas as obras do Concílio de Trento: a obra disciplinar e a obra dou-
trinária. A obra doutrinária é a resposta às teses contestadas pelos luteranos. O 
Concílio estava preocupado em esclarecer a autoridade do texto bíblico. Estabelece 
o conteúdo e enumera todos os livros canônicos. Declara a Bíblia, chamada de 
Vulgata autêntica, e proíbe que a Sagrada Escritura seja editada, em qualquer 
língua, sem antespassar pelas autoridades eclesiásticas. Com essa proibição, ela 
controla abusos, com relação ao manuseio da Bíblia.
Com relação à tradução da Sagrada Escritura, em língua popular, o Concílio 
não votou, nem contra, nem a favor. Para Alberigo (2005, p. 341), após a con-
firmação da autoridade da Bíblia, “o Concílio se recusou a admitir que todo o 
conteúdo da fé esteja só na Escritura. Esta deve ser completada com ‘as tradi-
ções não escritas”.
Sobre o pecado original, ficou definido que: “não é apenas a imitação do 
pecado de Adão, mas sua consequência hereditária” (ALBERIGO, 2005, p. 342).
Após a sessão VII, o assunto foram os sacramentos. Primeiramente, o Concílio 
manteve os sete sacramentos, indo contra os protestantes que reconheciam apenas 
dois, o Batismo e a Eucaristia, pois, para eles, estes são eficientes por si mesmos 
(ex opere operato). A partir dessas constatações, podemos afirmar que a Reforma 
Católica foi uma ação interna da Igreja preocupada em reformar-se e não um 
movimento contrário ao movimento Protestante que iniciara no mesmo século 
pouco tempo antes. O concílio de Trento delineou claramente a concepção de 
fé católica frente ao Movimento Protestante. O Concílio de Trento não foi um 
concílio contra o movimento protestante, mas teve apenas uma preocupação ad 
intra eclesiae. O Movimento interno da Igreja para um Concílio iniciou muito 
tempo antes de Lutero começar a falar. A realização do Concílio tardou muito, 
por problemas políticos e sociais que estavam acontecendo na Europa.
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A ECLESIOLOGIA NO CONCÍLIO VATICANO I
O Concílio Vaticano I foi, sem dúvida, o evento eclesial mais importante da Igreja 
no século XIX. Convocado por Pio IX em 1864. Como na maioria das vezes em 
que um Concílio foi convocado pela Igreja, essa convocação também gerou entu-
siasmo e claras apreensões.
Segundo o estilo da época, Pio IX determinou que fossem secretamente 
interpelados a esse respeito os cardeais que trabalhavam na cúria; as 
respostas foram encorajadoras, pelo menos da parte de quinze dos 21 
interrogados; de qualquer modo, aí já se manifestavam as resistências 
existentes no ambiente curial, desconfiado quanto à eventualidade de 
uma assembleia conciliar. Contudo, o Papa se sentiu estimulado a rea-
lizar o projeto, longamente amadurecido, e no início de março de 1865 
pôde formar uma comissão cardinalícia encarregada da preparação do 
futuro concílio. Na primavera seguinte aconteceu uma cautelosa con-
sulta a um restrito grupo de membros do episcopado; a eles foi pedido 
o ponto de vista sobre os assuntos que o concílio deveria tratar. (ALBE-
RIGO, 2005, p. 368).
Ao oitavo dia do mês de dezembro de 1869, aconteceu a abertura do Concílio na 
Basílica de São Pedro e participaram 764 bispos; os ortodoxos e os protestantes 
foram convidados, mas não compareceram.
Durante o Concílio, foram realizadas quatro sessões públicas, mas na ter-
ceira sessão promulgou a Constituição Dogmática Dei Filius, que fora aprovada 
por todos os presentes.
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O documento apresenta, em seu conteúdo, temas como a existência de um 
Deus pessoal, livre, Criador de todas as coisas e independente do mundo criado, 
ensina que certas verdades religiosas, como a existência de Deus, podem ser 
conhecidas com certeza pela luz natural da razão humana, proclama que a fé é 
uma adesão livre do homem a Deus, que surge um dom da graça divina e define 
os setores próprios da razão e da fé e lembra que qualquer aparente desacordo 
entre razão e fé só pode vir de falsa compreensão das proposições da fé ou das 
conclusões da razão.
Sobre o dogma da Infalibilidade Papal, vamos lembrar que antes do Concílio 
a infalibilidade papal não era dogma, mas era motivo de fé de todos os Católicos. 
Este Dogma foi definido em 18 de julho de 1870 durante a quarta sessão do 
concílio definindo a infalibilidade do Papa e seu primado de jurisdição sobre a 
Igreja inteira.
A constituição aprovada que tinha título de primeira constituição dog-
mática sobre a Igreja de Cristo abria-se com um proêmio que evocava 
a instituição da Igreja por Cristo, a missão dos apóstolos e a função de 
Pedro como princípio perpétuo e fundamento visível da unidade da 
Igreja. Acrescentava-se também o que o concílio queria propor aos fiéis 
a doutrina da instituição, perpetuidade e natureza do sagrado primado 
apostólico. Em seguida, o cap 1, centrado na ampla citação dos versícu-
los 16-19 do cap. 16 do evangelho segundo Mateus, era dedicado a sus-
tentar a instituição do primado apostólico do beato Pedro, repudiando 
a posição dos que negavam que Pedro tivesse recebido verdadeiro pri-
mado de jurisdição, como também a teses segundo a qual o primado, 
direta e imediatamente, teria sido conferido não a Pedro, mas à Igreja 
e, por meio dela, a ele como seu ministro (ALBERIGO, 2005, p.383).
O documento aprovado sobre este dogma é formado por quatro capítulos, que 
afirmam o fundamento bíblico e patrístico, a duração perpétua, o valor e a essência 
do primado romano, assim como a infalibilidade do magistério papal. A autori-
dade do Papa foi definida como sendo sumo e imediato poder de jurisdição sobre 
toda a Igreja, ficando assim condenados o galicanismo e o febronianismo. O texto 
define como dogma revelado por Deus, que as definições do Romano Pontífice 
proferidas ex cathedra, isto é, na qualidade de Mestre da Igreja inteira, em ques-
tões de fé e de Moral, gozam de especial assistência do Espírito Santo; são, pois, 
infalíveis e irreformáveis por si mesmas, sem necessitar da aprovação da Igreja.
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De forma inusitada, este Concílio teve que ser interrompido, pois no dia 
seguinte, 19 de julho, estourou a guerra franco-alemã, que obrigou muitos 
prelados a regressar à pátria. Sobreveio a ocupação de Roma em 20/09/1870, 
que tornou praticamente impossível a continuação dos trabalhos. Em con-
sequência, em 20/10/1870 o Papa suspendeu o Concílio, que deveria voltar 
a reunir-se em época mais apropriada, mas na verdade nunca foi reaberto; o 
Concílio do Vaticano II (1962-1965) havia de completar os seus trabalhos, o 
que não aconteceu.
O Concílio Vaticano II ao ser convocado assumiu um outro papel com 
novos objetivos como veremos no próximo item; assim, até hoje o primeiro 
Concílio Vaticano está sem uma conclusão objetiva.
A importância do Concílio Vaticano I é enorme para a Igreja. A definição 
da infalibilidade papal era a conclusão lógica de premissas contidas na pró-
pria Escritura (Mt 16, 16-19; Lc 22, 31; Jo 21, 15-17) e desenvolvidas através 
dos tempos.
Pastor Aeternus
Cap. III – A natureza e o caráter do primado do Pontífice Romano
1826. Por isso, apoiados no testemunho manifesto da Sagrada Escritura, e 
concordes com os decretos formais e evidentes, tanto dos Romanos Pon-
tífices, nossos predecessores, como dos Concílios gerais, renovamos a defi-
nição do Concílio Ecumênico de Florença, que obriga todos os fiéis cristãos 
a crerem que a Santa Sé Apostólica e o Pontífice Romano têm o primado 
sobre todo o mundo, e que o mesmo Pontífice Romano é o sucessor de S. 
Pedro, o príncipe dos Apóstolos, é o verdadeiro vigário de Cristo, o chefe de 
toda a Igreja e o pai e doutor de todos os cristãos; e que a ele entregou Nos-
so Senhor Jesus Cristo todo o poder de apascentar, reger e governar a Igre-
ja universal, conforme também se lê nas atas dos Concílios Ecumênicos e 
nos sagrados cânones. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://
www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/vaticano1/#s3>.
Fonte: Montfort ([2018], on-line)5.
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A ECLESIOLOGIA NO CONCÍLIO VATICANO II
O 21º Concílio Ecumênico da Igreja foi o Concílio Vaticano II, realizado entre os 
anos de 1962 e 1965. Este representa um marco para a história do cristianismo, 
pois inaugurou uma nova era do Espírito no interior da vida da Igreja e de toda 
humanidade. Foi, no dizer de Karl Rahner, o “Concílio da Igreja sobre a Igreja 
e um Concílio de Eclesiologia, em uma concentração tal de temas como nunca 
se deu até então, em nenhum outro Concílio” (2005, p. 86).
Quando, a 5 de janeiro de 1959, concluindo a semana de preces pela 
união dos cristãos, João XXIII anunciou a sua decisão de convocar um 
novo Concílio, a surpresa foi geral, tanto mais que o clima de guerra 
fria era ainda predominantemente e se temia que durasse indefinida-
mente. o papa, eleito há menos de três meses e escolhido presumivel-
mente para que garantisse à Igreja uma tranquila transição, após o lon-
go e dramático pontificado pacelliano, amadurecera sozinho a decisão, 
limitando-se a comunicá-la, alguns dias antes, ao seu mais abalizado 
colaborador, o cardeal Tradini, pró-secretário de Estado. diferente-
mente da acolhida por parte dos cardeais, o eco do anuncio tanto no 
catolicismo quanto junto às outras igrejas cristãs e na própria opinião 
pública foi enorme. (ALBERIGO, 2005, p. 394).
Com este Concílio a Igreja buscou uma nova compreensão sobre sua natureza 
e missão no mundo, assim como diálogo e abertura para as novas tendências 
da vida do homem moderno. Não há dúvida que assim como a convocação de 
outros, quando a Igreja convoca este Concílio, ela causa surpresa, alegria, mas 
também angústias. Pode-se citar três aspectos que fundamentam esta convoca-
ção: a vida pastoral da Igreja, uma maneira de compreender o conjunto de fé e 
uma abertura ao mundo moderno. A Igreja estava enfrentando muitos problemas 
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referentes à moral e à fé e o evolucionismo pedia mais clareza acerca do sen-
tido da criação, do pecado original, da Escritura etc. A vida no mundo moderno 
causava no ser humano angústias, tristezas e questionamentos, assim, a reflexão 
pastoral veio para responder essas aspirações, como também injetar certo oti-
mismo diante do mundo.
O Concílio aplicou doses de esperanças e de aggiornamento, uma Igreja atenta 
às vicissitudes do mundo moderno, inserida na atualidade e aberta ao diálogo 
com o diferente. A Igreja tinha perdido, por um lado, o diálogo com o mundo 
moderno, com a história e com homem e, por outro, a coerência com sua ver-
dadeira tradição e renovação. Por isso, lançou-se para recuperar essa defasagem. 
Portanto, como afirma a Lumem Gentium 1, diferente da eclesiologia clássico-
-jurídica e pós tridentino-apologética, o Concílio Vaticano II apresentou novas 
perspectivas de compreensão da vida da Igreja. Ele procurou refletir a relação 
da Igreja com a Trindade Santa e com sua missão no mundo, a fim de compre-
ender a Igreja, seu próprio mistério e sua ação salvadora.
A partir das considerações conciliares, percebemos que a eclesiologia do 
Concílio Vaticano II suprime uma teologia fundada no direito, na hierarquia e no 
poder para suscitar uma reflexão teológica do mistério trinitário, da Igreja dialo-
gante (com o mundo) e sua realização local. Assim, o Concílio quer apresentar de 
uma Igreja voltada sobre si para uma Igreja aberta ao mundo de hoje; de uma Igreja 
centrada na hierarquia para uma Igreja Povo de Deus; e de uma compreensão uni-
versalista de Igreja para uma Igreja local ou particular. Assim, uma Igreja aberta 
para o mundo, tendo como concepção que se explica de uma Igreja povo de Deus, 
que assume sua missão no mundo, mesmo sem ser do mundo, que fazendo parte 
da história busca em seu peregrinar colaborar na construção do Reino de Deus.
Além desses pontos, o Concílio apresenta a Igreja com uma nova concep-
ção, uma concepção hermenêutica que acontece pela substituição da ortodoxia 
para os significados das coisas.
Portanto, a eclesiologia do Vaticano II apresenta uma Igreja capaz de dia-
logar com a pluralidade da cultura, com outras religiões e com as ciências; de 
identificar os problemas da humanidade e procurar soluções cabíveis, segundo 
o projeto de Deus para o homem; e de permanecer fiel ao seu chamado de sal-
vação e testemunho de Cristo.
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No conjunto, a constituição Lumen Gentium representava um passo 
adiante em relação às decisões do Concílio Vaticano I e a algumas po-
sições rígidas do magistério papal dos decênios seguintes, contraria-
mente às previsões, não bastou acrescentar às prerrogativas papais o 
reconhecimento dos direitos dos bispos; o documento, de amplo al-
cance espiritual e teológico, traçava a fisionomia da Igreja, sem limi-
tar-se à dimensão jurídico-institucional e respeitando a dinâmica de 
um corpo vivo e em contínuo crescimento. a alteridade entre reino de 
Deus e Igreja, e entre Igreja e Cristo e tradições eclesiais, superava a 
unidimensionalidade e o eclesiocentrismo que haviam dominado a te-
ologia da Igreja dos últimos séculos e punha as premissas para uma 
sadia desclericalização (ALBERIGO, 2005. p. 430).
Uma Igreja Povo de Deus no qual todos são construtores do reino e protagonis-
tas em Cristo do projeto salvífico. Uma Igreja vivificada pelo Espírito Santo que 
vive a comunhão com Deus e com o ser humano em todos os lugares e por isso 
Católica. Em suma, todos os cristãos são chamados a unirem-se a Deus e desen-
volver a perfeição da santidade. Na Igreja do Concílio Vaticano II, todos são 
chamados a viver e a anunciar o Evangelho testemunhando Cristo na sua vida.
O Concílio expandiu ainda o conceito de santidade, agora não apenas os 
religiosos e o clero são chamados à santidade, mas todos aqueles que fazem a 
vontade de Deus são convocados à santidade e convocados e levar a todos os 
lugares o evangelho de Cristo, mesmo onde a Igreja não consegue chegar a par-
tir de seus ministros, nesses lugares, os leigos vivem e trabalham, constroem 
suas vidas e suas famílias, o concílio reconhece que tudo que gira em torno da 
vida dos leigos é um frutuoso campo missionário. Isso colaborou para os leigos 
tomassem consciência de que são colaboradores na grande obra de Deus que é 
salvar a todos. Por fim, o Concílio apresenta uma igreja em profunda transfor-
mação buscando responder as questões do tempo presente.
Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizai-as em nome do Pai e do Filho e do 
Espírito Santo, ensinai-as a observar tudo aquilo que vos mandei. Eis que 
estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos. 
(BÍBLIA, Mt 28, 19-20)
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Caro(a) aluno(a), até o momento refl etimos sobre a origem da Igreja e para isso 
partimos nossa refl exão da Sagrada Escritura que juntamente com a Tradição e 
o Magistério eclesial, formam as três colunas que sustentam a Igreja, sendo per-
cebidas com dignidade igual umas às outras.
Nesta unidade que encerramos, verifi camos o desenvolvimento da Igreja e 
sua concepção ao longo da sua história, confi gurando-se como história de sal-
vação também. Gostamos de entender que entre acertos, que sempre foram 
inspirados pelo Espírito de Deus, e erros, momentos pelos quais a prepotência 
humana se sobrepôs ao projeto amoroso de Deus. A Igreja corajosamente ten-
tou responder ao contexto em que estava inserida e corajosamente testemunhou 
e anunciou o evangelho de Cristo.
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Eclesiologia é a ciência que estuda a Igreja, tenta responder como a Igreja se 
apresenta ou se apresentou ao longo da história, mas, também, entender a pre-
sença da Igreja nas Sagradas Escrituras. A eclesiologia também relata a história 
da Igreja; em certo sentido, compreendemos a autoconsciência eclesial, a par-
tir da história.
Esta unidade tentou apresentar a Igreja, sua consciência e como se apresen-
tava ao seu contexto a partir de fatos importantes nas eras da história. A Igreja 
assumiu ainda na era apostólica, o mandato de Cristo de anunciar o evangelho 
e Batizar todos em todos os tempos, assumiu outros mandamentos como, per-
doar os pecados e celebrar a eucaristia, sem esquecer as bem aventuranças. Na 
verdade, ao olharmos para o desenvolvimento da eclesiologia ao longo da his-
tória, percebemos claramente o mesmo que aconteceu com Cristo, a realização 
das bem aventuranças, pois pregou a justiça, cuidou do depósito da fé, foi per-
seguida e espera o retorno de Cristo, no qual ela encontrará sua plenitude.
Muitas coisas aconteceram na Igreja, mas a certeza de que Cristo é sua cabeça 
sempre estiveram presentes, assim como a lua não tem luz própria, mas que sua 
luz vem do sol, ela apenas reflete no mundo. A Igreja sabe que sua luz e seu bri-
lho vem de Cristo, e com seu trabalho apostólico de anúncio do evangelho ela 
reflete a luz de Cristo sobre todas as pessoas do mundo.
Evidente é o fato que muitas vezes ao longo de sua história a Igreja se esque-
ceu que não tinha luz própria e, assim, algumas vezes fracassou em sua missão, 
mas também é evidente o fato de que retornou e, olhando para a Paixão de Cristo 
e crendo em sua ressurreição, rezou com piedade sua contrição e está continua-
mente voltando sempre ao evangelho, à sua tradição e ao Magistério para com a 
graça de Deus continuar tão importante obra: anunciar o evangelho a todos as 
pessoas, em todas as partes do mundo em todos os tempos e lugares.
70 
1. A Igreja dos Padres Apologistas se estende do início do século II ao início do 
século III, e é uma Igreja marcada pelas perseguições, calúnias e difamações. 
Surgem, então, aqueles cristãos que têm cultura e preparo intelectual para de-
fender, perante as autoridades, o senado romano ou os imperadores, a fé e a 
religião cristãs. Algumas dessas defesas (Apologias) chegaram até nós. Com 
base no texto acima, assinale a alternativa correta.
a) Apologia quer dizer ataque.
b) Os Padres apologistas fazem parte do movimento de defesa da fé cristã.
c) A Patrística é formada apenas por apologistas.
d) A Patrística é um tempo apenas de defesa da fé.
e) Os Padres Apologistas foram os únicos do primeiro século.
2. A escolástica foi um método de pensamento e de ensino que surgiu e se for-
mou nas escolas medievais e se plasmou de modo inexcedível nas universida-
des do século XIII, máxime através do magistério e das obras de Santo Tomás 
de Aquino. O termo escolástica, porém, significa ainda o conjunto das doutri-
nas literárias, filosóficas, jurídicas, médicas e teológicas, e mais outras científi-
cas, que se elaboraram e corporificam no ensino das escolas universitárias do 
século XII ao século XV, com base na compreensão de escolástica, podemos 
afirmar que (assinale a alternativa correta):
a) Escolástica era apenas um ensino interno da Igreja.
b) São Tomás foi o fundador da escolástica.
c) Escolástica foi a forma de ensino no tempo da Idade Média.
d) A Escolástica não leva em conta a fé revelada.
e) Fé e razão não fazem parte da Escolástica.
71 
3. A Reforma, no sentido lato, foi causada pela necessidade de dissolver a ordem 
medieval com os fundamentos que a sustentavam por ainda não ter se adap-
tado à nova época. Na ocasião, fazia-se necessária uma ruptura da unidade 
que englobava a vida política, espiritual e religiosa. As constantes tensões en-
tre o Império e o Pontificado ainda não tinham sido resolvidos. Com base nos 
conhecimentos sobre o Movimento Protestante e Reforma Católica, analise as 
questões:
I. O protestantismo foi apenas um movimento religioso.
II. A Reforma Católica foi um movimento interno à Igreja Católica.
III. A reforma Católica teve seu auge em Trento, mas iniciou muito tempo antes 
do século XVI.
IV. A Reforma Católica apenas iniciou depois das 95 teses de Lutero.
V. A Reforma Católica foi apenas uma resposta às teses protestantes.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
4. O Concílio Vaticano I foi sem dúvida o evento eclesial mais importante da Igreja 
no século XIX. Convocado por Pio IX em 1864, como na maioria das vezes em 
que um Concílio foi convocado pela Igreja, essa convocação também gerou 
entusiasmo e claras apreensões. Com base nos estudos sobre o Concílio Vati-
cano I, assinale V para verdadeiro e F para falso:
( ) O Concílio Vaticano I teve apenas uma preocupação doutrinal.
( ) Nenhum dogma foi proclamado no Vaticano I.
( ) A Infalibilidade Papal é um dogma.
( ) O Concílio gerou apenas documentos dogmáticos.
( ) Sobre o Concílio, podemos afirmar que foi encerrado como os outros da 
Igreja.
( ) O Concílio Vaticano II conseguiu encerrar o Vaticano I como foi esperado.
72 
5. Sobre o Concílio Vaticano, podemos afirmar que com este Concílio a Igreja bus-
cou uma nova compreensão sobre sua natureza e missão no mundo, assim 
como diálogo e abertura para as novas tendências da vida do homem moder-
no. Levando em consideração o maior Concílio da Igreja, assinale a alternativa 
correta:
a) O Concílio Vaticano II encerrou as questões apresentadas no Concílio Vati-
cano I.
b) O Concílio Vaticano II também teve como preocupação somente o pensa-
mento dogmático.
c) O Concílio Vaticano II foi o único grande acontecimento eclesial que promo-
veu uma verdadeira reforma desde o Concílio de Trento.
d) O Concílio Vaticano II não apresentou uma preocupação pastoral.
e) O Vaticano I e Vaticano II tiveram as mesmas preocupações.
73 
CAPÍTULO I
O MISTÉRIO DA IGREJA
Objecto da Constituição: a Igreja como sacramento
1. A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja 
ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, 
anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15). Mas porque a Igreja, em Cristo, é 
como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade 
de todo o género humano, pretende ela, na sequência dos anteriores Concílios, pôr de ma-
nifesto com maior insistência, aos fiéis e a todo o mundo, a sua natureza e missão universal. 
E as condições do nosso tempo tornam ainda mais urgentes este dever da Igreja, para que 
deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente ligados uns aos outros, pelos diver-
sos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo.
Missão e obra do Filho: fundação da Igreja
3. Veio pois o Filho, enviado pelo Pai, que n’Ele nos elegeu antes de criar o mundo, e nos 
predestinou para sermos seus filhos de adopção, porque lhe aprouve reunir n’Ele todas as 
coisas (cfr. Ef. 1, 4-5. 10). Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na 
terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando, com a própria obediência, 
a redenção. A Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmen-
te no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a 
água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr. Jo. 19,34), e preanunciam-nos 
as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: «Quando Eu for elevado acima da ter-
ra, atrairei todos a mim» (Jo. 12,32 gr.). Sempre que no altar se celebra o sacrifícioda cruz, 
na qual «Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor. 5,7), realiza-se também a obra da nossa 
redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se rea-
liza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo (cfr. 1 Cor. 10,17). Todos os 
homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem 
vivemos, e para o qual caminhamos.
O Espírito santificador e vivificador da Igreja
4. Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra (cfr. Jo. 17,4), foi 
enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que santificasse continuamente a Igreja 
e deste modo os fiéis tivessem acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito (cfr. Ef. 2,18). Ele é 
o Espírito de vida, ou a fonte de água que jorra para a vida eterna (cfr. Jo. 4,14; 7, 38-39); por 
quem o Pai vivifica os homens mortos pelo pecado, até que ressuscite em Cristo os seus 
corpos mortais (cfr. Rom. 8, 10-11). O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como 
num templo (cfr. 1 Cor. 3,16; 6,19), e dentro deles ora e dá testemunho da adopção de filhos 
(cfr. Gál. 4,6; Rom. 8, 15-16. 26). A Igreja, que Ele conduz à verdade total (cfr. Jo. 16,13) e uni-
fica na comunhão e no ministério, enriquece-a Ele e guia-a com diversos dons hierárquicos 
e carismáticos e adorna-a com os seus frutos (cfr. Ef. 4, 11-12; 1 Cor. 12,4; Gál. 5,22). Pela força 
do Evangelho rejuvenesce a Igreja e renova-a continuamente e leva-a à união perfeita com o 
seu Esposo (3). Porque o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: «Vem» (cfr. Apoc. 22,17)!
74 
Assim a Igreja toda aparece como «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do 
Espírito Santo (4).
A Igreja, Corpo místico de Cristo
7. O filho de Deus, vencendo, na natureza humana a Si unida, a morte, com a Sua morte 
e ressurreição, remiu o homem e transformou-o em nova criatura (cfr. Gál. 6,15; 2 Cor. 
5,17). Pois, comunicando o Seu Espírito, fez misteriosamente de todos os Seus irmãos, 
chamados de entre todos os povos, como que o Seu Corpo.
É nesse corpo que a vida de Cristo se difunde nos que crêem, unidos de modo misterio-
so e real, por meio dos sacramentos, a Cristo padecente e glorioso(6). Com efeito, pelo 
Baptismo somos assimilados a Cristo; «todos nós fomos baptizados no mesmo Espírito, 
para formarmos um só corpo» (1 Cor. 12,13). Por este rito sagrado é representada e rea-
lizada a união com a morte e ressurreição de Cristo: ; «fomos sepultados, pois, com Ele, 
por meio do Baptismo, na morte»; se, porém, ; «nos tornámos com Ele um mesmo ser 
orgânico por morte semelhante à Sua, por semelhante ressurreição o seremos também 
(Rom. 6, 4-5). Ao participar realmente do corpo do Senhor, na fracção do pão eucarísti-
co, somos elevados à comunhão com Ele e entre nós. ; «Porque há um só pão, nós, que 
somos muitos, formamos um só corpo, visto participarmos todos do único pão» (1 Cor. 
10,17). E deste modo nos tornamos todos membros desse corpo (cfr. 1 Cor. 12,27), sendo 
individualmente membros uns dos outros» (Rom. 12,5).
E assim como todos os membros do corpo humano, apesar de serem muitos, formam 
no entanto um só corpo, assim também os fiéis em Cristo (cfr. 1 Cor. 12,12). Também na 
edificação do Corpo de Cristo existe diversidade de membros e de funções. É um mes-
mo Espírito que distribui os seus vários dons segundo a sua riqueza e as necessidades 
dos ministérios para utilidade da Igreja (cfr. 1 Cor. 12, 1-11). Entre estes dons, sobressai 
a graça dos Apóstolos, a cuja autoridade o mesmo Espírito submeteu também os ca-
rismáticos (cfr 1 Cor. 14). O mesmo Espírito, unificando o corpo por si e pela sua força e 
pela coesão interna dos membros, produz e promove a caridade entre os fiéis. Daí que, 
se algum membro padece, todos os membros sofrem juntamente; e se algum membro 
recebe honras, todos se, alegram (cfr. 1 Cor. 12,26).
A cabeça deste corpo é Cristo. Ele é a imagem do Deus invisível e n ‘Ele foram criadas 
todas as coisas. Ele existe antes de todas as coisas e todas n’Ele subsistem. Ele é a cabeça 
do corpo que a Igreja é. É o princípio, o primogénito de entre os mortos, de modo que 
em todas as coisas tenha o primado (cfr. Col. 1, 15-18). Pela grandeza do Seu poder do-
mina em todas as coisas celestes e terrestres e, devido à Sua supereminente perfeição e 
acção, enche todo o corpo das riquezas da Sua glória (cfr. Ef. 1, 18-23) (7).
Todos os membros se devem conformar com Ele, até que Cristo se forme neles (cfr. Gál. 
4,19). Por isso, somos assumidos nos mistérios da Sua vida, configurados com Ele, com 
Ele mortos e ressuscitados, até que reinemos com Ele (cfr. Fil. 3,21; 2 Tim. 2,11; Ef. 2,6; Col. 
2,12; etc.). Ainda peregrinos na terra, seguindo as Suas pegadas na tribulação e na perse-
guição, associamo-nos nos seus sofrimentos como o corpo à cabeça, sofrendo com Ele, 
para com Ele sermos glorificados (cfr. Rom. 8,17).
75 
É por Ele que «o corpo inteiro, alimentado e coeso em suas junturas e ligamentos, se 
desenvolve com o crescimento dado por Deus» (Col. 2,19). Ele mesmo distribui continu-
amente, no Seu corpo que é a Igreja, os dons dos diversos ministérios, com os quais, gra-
ças o Seu poder, nos prestamos mutuamente serviços em ordem à salvação, de maneira 
que, professando a verdade na caridade, cresçamos em tudo para Aquele que é a nossa 
cabeça (cfr. Ef. 4, 11-16 gr.).
E para que sem cessar nos renovemos n’Ele (cfr. Ef. 4,23), deu-nos do Seu Espírito, o qual, 
sendo um e o mesmo na cabeça e nos membros, unifica e move o corpo inteiro, a ponto 
de os Santos Padres compararem a Sua acção à que o princípio vital, ou alma, desempe-
nha no corpo humano(8).
Cristo ama a Igreja como esposa, fazendo-se modelo do homem que ama sua mulher 
como o próprio corpo (cfr. Ef. 5, 25-28); e a Igreja, por sua vez, é sujeita à sua cabeça (ib. 
23-24). «Porque n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da natureza divina» (Col. 
2,9), enche a Igreja, que é o Seu corpo e plenitude, com os dons divinos (cfr. Ef. 1, 22-23), 
para que ela se dilate e alcance a plenitude de Deus (cfr. Ef. 3,19).
Fonte: Lumen Gentium ([2018], on-line)6. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Henri Arida é um jovem teólogo que todas as semanas disponibiliza vídeos rápidos com explicações 
sobre diversos temas relacionados à Igreja e sua doutrina, vale a pena conferir.
Web: <https://www.youtube.com/channel/UCtm3tDp_SAJsTmfENz-RZHQ>.
Este site é o mais completo para se conhecer a igreja, o autor Prof. Felipe Aquino disponibiliza 
vários texto frutos de sua pesquisa sobre muitos temas, dentres eles: eclesiologia, história da Igreja, 
doutrina entre outros.
Web: <http://cleofas.com.br/>.
Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II
Padres Conciliares
Editora: Paulus
Sinopse: Sentir com a Igreja, no momento atual, signifi ca sentir e sintonizar 
com o Vaticano II. E para viver e amar este XXI Concílio Ecumênico é necessário 
conhecê-lo em seus documentos, em sua intenção e em seu espírito. Esta 
obra apresenta as Constituições Dogmáticas ‘Lumen Gentium’, ‘Verbum Dei’, 
‘Gaudium Et Spes’, ‘Sacrosanctum Concilium’ e os alguns decretos como: 
Unitatis Redintegratio, Orientalium Ecclesiarum, Ad Gentes, Christus Dominus, 
Presbyterorum Ordinis e Perfectae Caritatis.
Comentário: esse é o Compêndio do Concílio Vaticano II, todos os documentos deste Concílio 
estão presentes neste Compêndio, vale dar um tempo para ler algumas partes, alguns documentos 
ou ele inteiro, pois ajudará o estudante a compreender melhor a Igreja, como ela se apresenta e 
como ela se entende nos dias atuais.
REFERÊNCIAS
ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2005.
GILSON, E. A filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
LENZENWEGER, J. História da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2006.
NUNES, R. A. C. História da Educação na Idade Média. Capítulo IX A escolástica. 
São Paulo: Edusp, 1979.
PIERINI, F. A idade média: Curso de História da Igreja II. 2. ed. São Paulo: Paulus, 
2006.
PIERRARD, P. Históriada Igreja. Paulinas: Paulus, 1986.
ROPS, D. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires, v. I. São Paulo: Quadrante, 1988.
_____. A Igreja dos tempos bárbaros, v. II. São Paulo: Quadrante, 1991.
SUFFERT, G. Tu és Pedro: A história dos primeiros 20 séculos da Igreja fundada por 
Jesus Cristo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1Em: <http://cleofas.com.br/valor-da-patristica-para-a-teologia/>. Acesso em: 29 
maio 2018.
2Em: http://cleofas.com.br/voce-sabe-o-que-e-a-patristica/>. Acesso em: 29 maio 
2018.
3Em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/igreja-medieval>. Aces-
so em: 29 maio 2018.
4Em: <http://cleofas.com.br/historia-da-igreja-o-concilio-de-trento/>. Acesso em: 
29 maio 2018.
5Em: <http://www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/vaticano1/#s3>. Aces-
so em: 29 maio 2018.
6Em: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/
vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html>. Acesso em: 29 maio 2018.
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GABARITO
1. A.
2. C.
3. B.
4. V, F, V, V, F, F.
5. C.
GABARITO
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E III
Professor Dr. André Phillipe Pereira
A ECLESIOLOGIA DO 
SÉCULO XX
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Analisar a definição de Igreja na Encíclica Mystici Corporis.
 ■ Conceituar os membros do corpo Místico na encíclica Mystici 
Corporis.
 ■ Diferenciar as três principais noções de Igreja na Lumen Gentium.
 ■ Compreender o sentido de Povo de Deus a partir do Vaticano II.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A definição de Igreja na Encíclica Mystici Corporis Christi de Pio XII
 ■ Os membros do corpo místico na Encíclica Mystici Corporis Christi de 
Pio XII
 ■ As três principais noções de Igreja na Lumen Gentium
 ■ O povo de Deus a partir do Concílio Vaticano II
INTRODUÇÃO
O conceito teológico de Igreja como Corpo de Cristo sofreu várias interpreta-
ções ao longo da história do Cristianismo. Esta noção, originariamente paulina, 
desenvolveu-se com o passar dos séculos, recebendo acentos diferentes con-
forme as exigências dos tempos e sofrendo sempre o risco de distorções, as quais 
de fato ocorreram, levando a teologia católica a desprezar tal definição de Igreja 
por muito tempo. A encíclica Mystici Corporis Christi do Papa Pio XII readmi-
tiu a designação de Igreja como Corpo Místico de Cristo e a propôs como a mais 
adequada definição de sua natureza.
Atualmente, dá-se muito destaque à ideia de Igreja como Povo de Deus como 
se a definição de Igreja como Corpo Místico de Cristo tivesse sido abandonada 
e rejeitada pelo Concílio Vaticano II. Assim sendo, torna-se necessário aferir 
se o Vaticano II de fato rejeitou a teologia do Corpo Místico de Cristo, substi-
tuindo-a por outras, especialmente pela do Povo de Deus ou, em vez disso, quis 
apresentar uma teologia rica em noções eclesiológicas, as quais complementa-
riam, à sua maneira, algumas lacunas da reflexão sobre a Igreja.
A encíclica Mystici Corporis Christi é resultado de um longo processo histórico 
teológico do conceito de Igreja como Corpo de Cristo. Esta encíclica foi citada várias 
vezes nos textos do Concílio Vaticano II, especialmente na Constituição Dogmática 
Lumen Gentium. Torna-se, deste modo, imperioso analisar em que consiste a relação 
entre Cristo e a Igreja, como ela foi apresentada pelo magistério pontifício de Pio 
XII e de que modo ela foi enriquecida com outras imagens eclesiológicas, as quais 
apresentaram “novas” dimensões do luminoso e intrincado mistério que é a Igreja.
Tratar-se-á do desenvolvimento e, por vezes, obscurecimento de algumas 
facetas da Igreja em virtude das mudanças históricas, da necessidade de voltar 
a relacioná-la com o mistério de Cristo, em especial, com o mistério eucarís-
tico, bem como da relação entre a expressão Corpo Místico de Cristo e a Igreja 
Católica Apostólica Romana.
Contudo, a Constituição Dogmática sobre a natureza da Igreja denominada 
Lumen Gentium, é uma referência imprescindível para pensar a Igreja em nossos 
dias, de maneira que lê-la corretamente evitará novas visões parciais e unilate-
rais na compreensão de sua essência, perigo que ela deve evitar a todo custo.
Introdução
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A DEFINIÇÃO DE IGREJA NA ENCÍCLICA MYSTICI 
CORPORIS CHRISTI DE PIO XII
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando nossa terceira unidade e, nesta, vamos refle-
tir sobre a Igreja no século XX. Iniciaremos nosso estudo com a Encíclica do 
Papa Pio XII, Mystici Corporis, buscando entender o conceito de Igreja corpo 
místico, seguiremos até o Concílio Vaticano II, para entender como a Igreja se 
apresentou ao mundo moderno. Bons estudos!
A Igreja fora definida como Corpo Místico de Cristo por Pio XII. Quatro 
tendências confluíram para esta definição que busca abordar a Igreja sempre 
em relação com Cristo, sua Cabeça, contribuindo para interpretar sua complexa 
constituição, pois se ela é o Corpo Místico do Filho de Deus encarnado, pos-
sui uma natureza em algo parecida com a dEle e, por consequência, repete suas 
ações pelos séculos adentro.
A encíclica está dividida de acordo com cada um dos conceitos que com-
põem a expressão Corpo Místico de Cristo. Pio XII se pôs a explicar o significado 
de cada uma das palavras daquela que é para ele a melhor definição de Igreja. É 
imprescindível reproduzir as próprias palavras do Papa Pio XII para discorrer 
sobre a natureza da Igreja de Cristo:
nada há de mais nobre, nem mais excelente, nem mais divino do que 
o conceito expresso na denominação “corpo místico de Jesus Cristo”; 
conceito que imediatamente resulta de quanto nas Sagradas Escrituras 
e dos santos Padres frequentemente se ensina (MYSTICI CORPORIS 
CHRISTI, 1943. par. 13, on-line)1.
Tratar-se-á, agora, de explanar cada uma das palavras desta definição, acenando 
aos ensinamentos contidos em cada uma delas individualmente.
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A IGREJA É UM CORPO
Esta parte da encíclica ensina que a Igreja é um corpo único, indiviso, visível, 
orgânico e hierarquicamente composto, com certos órgãos vitais chamados 
sacramentos e constituído de membros bem determináveis, isto é, os batizados.
Pio XII serve-se da reflexão de Leão XIII contida na encíclica Satis Cognitum, 
na qual seu predecessor faz uso da palavra corpo para defender a Igreja como rea-
lidade visível, percebida pelos olhos humanos, contra todo o intento em defini-la 
como algo puramente espiritual, pneumático, invisível. Contudo, sob a contribui-
ção de Penido, percebe-se que o centro da problemática não está na visibilidade 
da Igreja enquanto corpo social, pois isso é inquestionável, mas “o que está em 
jogo é a visibilidade da Igreja enquanto divina, instituição sobrenatural fundada 
por Cristo. Afirma a doutrina católica que essa visibilidade é essencial à Igreja, 
lhe é nativa, pois pertence-lhe à própria constituição” (PENIDO, 1944. p. 170).
De fato, Pio XII assevera que a dimensão jurídica ou social da Igreja decorre 
da natureza que seu fundador, Cristo Jesus, quis que ela obtivesse, a fim de que, 
por meio dela, alcançasse seu fim próprio e sobrenatural (cf. MYSTICI CORPORIS 
CHRISTI, 1943. par. 61, on-line)1.
A Igreja é o Corpo de Cristo
Pio XII continua a expor sua doutrina citando os motivos pelos quais se pode 
ensinar, sem erro, que a Igreja não é um mero corpo, mas é o corpo de Jesus. A 
Igreja é o Corpo de Cristo, pois ele é seu Fundador, sua Cabeça, seu Conservador 
e seu Salvador (cf. PIO XII, MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 1998, 152).
O Papa desenvolve cuidadosamente cada um destes laços de união entre 
Cristoe a Igreja para afastar qualquer impressão de que esta unidade, ainda que 
íntima, seja de caráter hipostático com efeito, ele assegura:
Todavia essa nobilíssima denominação [Corpo de Cristo] não deve en-
tender-se como se aquela inefável união, com que o Filho de Deus assu-
miu uma natureza humana determinada, se estende a toda a Igreja; mas 
quer dizer que o Salvador comunica à sua Igreja os seus próprios bens de 
tal forma que ela, em toda a sua vida visível e invisível, é um perfeitíssimo 
retrato de Cristo (PIO XII, MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 1998, 53).
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Reprodução proibida. A
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Realmente, nos tempos da encíclica difundiam-se algumas opiniões teológicas 
as quais chegaram a defender e identidade total, de ser, entre Cristo e os mem-
bros da Igreja.
Penido oferece um excelente esquema sintético deste capítulo, considerado por 
ele o “âmago da encíclica”, o qual está estruturado em torno dos já citados qua-
tro vínculos de união entre Cristo e a Igreja.
Cristo é o Fundador da Igreja, nada obstante, Ele não a fundou em um 
único ato, mas durante todo o seu ministério público, iniciando-a com a pre-
gação do Evangelho, a eleição dos apóstolos, a escolha de Pedro como Pedra 
da Igreja e a instituição dos dois principais sacramentos: Batismo e Eucaristia; 
concluindo-a e, propriamente, fundando-a com sua morte na cruz fixada 
sobre o monte Calvário; e, finalmente, manifestando-a ao mundo no dia de 
Pentecostes ao derramar sobre ela a abundância dos dons do Espírito Santo 
(PENIDO, 1944).
Cristo é o “conservador” deste corpo
57. O que temos dito da “cabeça mística” ficaria incompleto, se não tocásse-
mos, aquela outra sentença do mesmo Apóstolo: “Cristo é a cabeça da Igreja; 
ele é o Salvador do seu corpo” (Ef 5, 23). Nestas palavras temos a última razão 
pela qual a Igreja é dita corpo de Cristo: Cristo é o Salvador divino desse cor-
po. Com razão foi pelos samaritanos proclamado “Salvador do mundo” (Jo 
4,42); antes deve sem dúvida alguma dizer-se “Salvador de todos”, embora 
com são Paulo devamos acrescentar: “sobretudo dos fiéis” (cf. 1Tm 4,10). De 
fato com seu sangue, mais que todos os outros, comprou ele os seus mem-
bros que constituem a Igreja (At 20,28). “A nossa cabeça, diz santo Agosti-
nho, ora por nós; acolhe uns membros, castiga outros, a outros purifica, a 
outros consola, a outros cria, a outros chama, a outros torna a chamar, a 
outros corrige, a outros reintegra”. A nós é dado cooperar com Cristo nesta 
obra, “de um e por um somos salvos e salvamos”. 
Fonte: Mystici Corporis (1943, on-line)1.
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Cristo é a Cabeça da Igreja, pois possui sete funções em comum com a cabeça 
de qualquer corpo humano: 1) está no lugar mais alto; 2) governa; 3) dirige; 4) 
depende do corpo e o corpo depende dela; 5) conforma-se com a natureza do 
corpo; 6) possui todos os 5 sentidos; 7) age pelo sistema nervoso transmitindo 
movimento e sensibilidade. Pode-se, portanto, ensinar que Cristo é a Cabeça da 
Igreja pelos seguintes motivos: 1) por motivo de excelência; 2) de governo; 3) de 
mútua necessidade; 4) de semelhança; 5) de plenitude; 6) de influxo.
Cristo também é o Sustentador da Igreja, isto é, vive e age nela por meio 
do Espírito Santo, “de sorte que a Igreja é como uma segunda personificação de 
Cristo, não por uma união hipostática, mas pela participação dos bens de Cristo, 
tornando-se retrato de Cristo” (PENIDO, 1944, p. 22).
Cristo, por fim, é o Salvador da Igreja, aliás, de toda a humanidade, mas 
principalmente da Igreja, na qual os seus membros estão obrigados a buscar a 
salvação uns dos outros.
A Igreja é o Corpo Místico de Cristo
Com o termo “místico”, adjunto à expressão Corpo de Cristo, Pio XII ensinou 
o seguinte:
não é só num sentido metafórico ou moral-social que a Igreja é o Cor-
po de Cristo, mas na realidade, embora – eis o outro extremo – não 
no sentido duma unidade biológica-organologicamente entendida, que 
poderia ser entendida como identidade da Igreja com Cristo e como 
despersonalização dos membros da Igreja (FRIES, 1975, p. 50).
O uso deste vocábulo teve como finalidade distinguir o corpo eclesial de Cristo 
tanto de seu corpo físico, gerado por Maria, como de seu corpo eucarístico, e 
categoricamente rejeitar quaisquer teorias que defendessem uma união física 
entre Cristo e os cristãos, ultrapassando os limites ontológicos entre Deus e os 
homens, criatura e Criador.
Tendo também como escopo combater as tendências misticistas e natura-
listas da época, Pio XII explicou que a Igreja não é um corpo natural, no qual os 
membros perdem personalidade e individualidade próprias, nem tampouco um 
corpo moral, no qual os membros se unem somente em vista de um fim comum. 
A ECLESIOLOGIA DO SÉCULO XX
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A Igreja assume as características de corpos físicos e morais, porém ultrapassa 
todos eles em virtude de sua natureza essencialmente diferente de todos os corpos 
sociais. Correto está Eugene Boylan (1957, p. 42) quando prudentemente afirma:
É difícil encontrar palavras que não sejam suscetíveis de uma falsa in-
terpretação, não por causa de uma falta de realidade na união mística, 
que se considera, mas sim por causa da natureza única e a maravilhosa 
riqueza dessa unidade, a qual é tal, que não pode se expressada adequa-
damente com palavras correntes ou ilustrada exatamente por meio de 
exemplos comuns.
Com a expressão “Corpo Místico”, a encíclica não se propôs a indicar precisa-
mente em que consiste a natureza da Igreja, mas, humildemente, quis apontar 
as balizas intransponíveis para uma ortodoxa interpretação, fora dos quais o 
teólogo escorrega facilmente para as heresias. O papa Pio XII apresentou aos 
teólogos um espaço teologicamente sadio para que dentro dele se esforçassem 
em penetrar mais profundamente no mistério da união entre Cristo e a Igreja.
E se às vezes na Igreja se vê algo em que se manifesta a fraqueza humana, 
isso não deve atribuir-se à sua constituição jurídica, mas àquela lamentável incli-
nação do homem para o mal, que seu divino Fundador às vezes permite até nos 
membros mais altos do seu corpo místico para provar a virtude das ovelhas e 
dos pastores e para que em todos cresçam os méritos da fé cristã. Cristo não quis 
excluir da sua Igreja os pecadores; portanto se alguns de seus membros estão espi-
ritualmente enfermos, não é isso razão para diminuirmos nosso amor para com 
ela, mas antes para aumentarmos a nossa compaixão para com os seus membros.
Sem mancha alguma, brilha a santa madre Igreja nos sacramentos com que 
gera e sustenta os filhos; na fé que sempre conservou e conserva incontaminada; 
nas leis santíssimas que a todos impõe, nos conselhos evangélicos que dá; nos 
dons e graças celestes, pelos quais com inexaurível fecundidade produz legiões 
de mártires, virgens e confessores.
De quanto já foi dito, resta apontar qual é, portanto, o princípio interno de uni-
dade entre Cristo e seus membros, a realidade superior a quaisquer corpos físicos ou 
morais que anima os fiéis com a vida de Cristo e os faz concorpóreos a Cristo. Este 
princípio é o Espírito Santo (cf. MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 1943, 61). É por 
causa dEle que se torna impossível descrever à exaustão a natureza da Igreja, pois 
o próprio Espírito do Redentor e sua ação em nós constitui um grande mistério.
Os Membros do Corpo Místico na Encíclica Mystici Corporis Christi de Pio XII
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O Espírito Santo é para a Igreja o que a alma é para o corpo humano (cf. MYSTICICORPORIS CHRISTI, 1943, 61). Esta causa de união supera tanto os vínculos 
jurídicos quanto os vínculos teologais, isto é, as virtudes da fé, esperança e cari-
dade, pois é do Espírito Santo que tais vínculos procedem: 
graças a esta comunicação do Espírito à Igreja, converte-se esta em uma 
como que plenitude de Cristo enquanto de todos os dons, virtudes e caris-
mas que Cristo-cabeça possui de modo eminente, participam os membros 
segundo o lugar que cada um ocupa na Igreja (ANTON, 1987, p. 638).
OS MEMBROS DO CORPO MÍSTICO NA ENCÍCLICA 
MYSTICI CORPORIS CHRISTI DE PIO XII
Acerca dos membros do Corpo Místico de Cristo e da necessidade de mútuo 
auxílio entre eles, Pio XII compara a Igreja a um corpo humano:
15. O corpo requer também uma multiplicidade de membros que uni-
dos entre si se auxiliem mutuamente. E como no nosso corpo mortal, 
quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele, e os sãos 
ajudam os doentes; assim também na Igreja os membros não vivem 
cada um para si, mas socorrem-se e auxiliam-se uns aos outros, tanto 
para mútua consolação, como para o crescimento progressivo de todo 
o Corpo (MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 1943).
O Papa, contudo, somente considera como membros reais da Igreja os batizados 
que estão a ela unidos por laços visíveis: “como membros da Igreja, contam-se real-
mente só aqueles que receberam o lavacro da regeneração e professam a verdadeira 
fé, nem se separaram voluntariamente do organismo do Corpo [...]” (MYSTICI 
CORPORIS CHRISTI, 21). Penido não aceita a tradução “contam-se realmente”, 
A doutrina do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, convida à contemplação to-
dos aqueles a quem move o Espírito de Deus; e, iluminando as suas inteligências, 
incita-os eficazmente a obras salutares, consentâneas com a mesma doutrina.
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mas prefere a versão “contam-se propriamente”, em razão de que existem outras 
passagens da encíclica que admitem certa ordenação, por desejo inconsciente, 
daqueles que não estão unidos visivelmente à Igreja Católica (PENIDO, 1944).
Segundo Anton, a encíclica possui a intenção de discorrer acima de tudo 
sobre os membros efetivos da Igreja, isto é, os batizados, em prejuízo de uma 
reflexão acerca dos vários graus de pertença dos não-batizados e dos cristãos 
não-católicos (ANTON, 1987).
Quanto ao tipo de vida dos membros do Corpo Místico de Cristo, pode-se 
relacioná-la com a obediência do Filho de Deus ao Pai. O Verbo encarnado sub-
meteu-se inteiramente à vontade do Pai. Assim sendo, o Espírito Santo, princípio 
de união entre a Cabeça e os membros do Corpo, atualiza os mistérios da vida de 
Cristo na vida presente dos fiéis, sujeitando à Divina Vontade as vontades rebeldes 
dos homens. Na verdade, Cristo viveu rendido a Deus para nos mostrar como se 
deve viver e para que nossas misérias fossem redimidas por sua força salutífera.
Nesta perspectiva, o sinal excelente da presença de Cristo na Igreja está na 
santidade de seus membros. Cristo não cessa de derramar graças, dons e caris-
mas sobre os seus no decorrer da história, pois o tempo não é capaz de limitar a 
sua ação poderosa. Exemplificou, neste sentido, o cisterciense Boylan:
da mesma maneira que um homem pode ver todo o caminho entre 
dois pontos de uma só vez, assim nós devemos prescindir do tempo 
e ver a Cristo e seus membros como um todo completo, trabalhando 
juntos, reciprocamente, apesar de sua separação no tempo e no espaço 
(BOYLAN, 1957, p. 74).
E se Cristo é a síntese da humanidade, sua Igreja também deve sê-la, contendo 
em si mesma os homens e as mulheres de todos os povos e etnias diferentes, 
expressando assim sua missão de reunir toda a humanidade em Cristo.
A hierarquia no Corpo Místico
A encíclica Mystici Corporis Christi, no número 17, chama os membros do Corpo 
Místico revestidos de poder sagrado de “membros primários e principais, já que 
são eles que, por instituição do próprio Redentor, perpetuam os ofícios de Cristo 
doutor, rei e sacerdote”.
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Após ter instruído que Cristo rege sua Igreja invisível e visivelmente, isto é, por si 
mesmo e pelo Papa, os quais juntos formam uma só Cabeça: Cristo, Cabeça invisível 
e o sucessor de Pedro, o Papa, Cabeça e fundamento visível da Igreja, Pio XII arrazoa:
os bispos não só devem ser considerados como membros mais eminen-
tes da Igreja universal, pois que se unem com nexo singularíssimo à cabe-
ça de todo o corpo, e com razão se chamam “os primeiros dos membros 
do Senhor”, mas nas próprias dioceses, como verdadeiros pastores, apas-
centam e governam em nome de Cristo que lhes foram confiados; [...]. 
Devem pois ser venerados, pelo povo cristão, como sucessores dos após-
tolos por instituição divina; a eles, como sagrados com a unção do Espí-
rito Santo, muito melhor que às autoridades deste mundo, ainda que ele-
vadas, se pode aplicar aquela sentença “Não toqueis nos meus ungidos” 
(1Cr 16, 22; Sl 104, 15) (MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 41, on-line)1.
Jesus Cristo, embora tivesse todo o poder para governar diretamente a Igreja, 
sem mediação visível, não quis fazê-lo. Antes, acomodando-se à condição his-
tórica do homem, segundo a qual ele recebe da sociedade na qual está inserido 
todo o patrimônio humano material e imaterial, o Filho de Deus fundou um 
Corpo, concomitantemente visível e espiritual. Jesus transmitiu a este Corpo 
que é a Igreja seu tríplice múnus de Doutor, Sacerdote e Rei, concedendo a ela 
a incumbência de continuar sua missão.
Começamos pela mútua relação que existe entre a cabeça e o corpo, pelo 
fato de serem da mesma natureza. Neste ponto, note-se que a nossa natureza, 
bem inferior à angélica, a vence por bondade de Deus, de acordo com encíclica 
Mystici Corporis Christi: 
45. De fato Cristo, como diz o Doutor de Aquino, é cabeça dos An-
jos; pois que preside aos Anjos também segundo a humanidade... e 
enquanto homem ilumina os Anjos e influi sobre eles. Mas quanto à 
conformidade de natureza, Cristo não é cabeça dos Anjos, porque não 
assumiu os Anjos, mas, segundo o Apóstolo, a descendência de Abraão. 
E não só assumiu Cristo a nossa natureza, mas fez-se nosso consanguíneo em 
um corpo passível e mortal. Ora se o Verbo “se aniquilou a si mesmo tomando 
a forma de servo” (Fl 2, 7), fê-lo também para tornar os seus irmãos segundo a 
carne consortes da natureza divina (cf. 2Pd 1, 4) tanto no exílio terreno pela graça 
santificante, como na pátria celeste pela eterna bem-aventurança. [...](MYSTICI 
CORPORIS CHRISTI, 41, on-line)1.
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É forçoso relembrar que o Bispo — e também o seu cooperador, o presbítero 
— está ligado, segundo expressão de Pio XII, por um vínculo “singularíssimo” 
à Cabeça da Igreja que é Cristo. Logo, este múnus concedido à Igreja não é pos-
suído por todos os seus membros de maneira igualitária e indistinta. O uso do 
superlativo acima citado tem o intuito de fazer compreender que a participação 
dos leigos no tríplice ofício de Cristo, especialmente no sacerdócio, é essencial-
mente diferente da participação daqueles que foram marcados pelo sacramento da 
Ordem. Com efeito, existe desigualdade por vontade de Deus na Igreja também 
em relação à autoridade, pois nela há clero e leigos, governantes e governados.
Oxalá esta linguagem não pareça transmitir uma ideia estritamente jurídica 
e fria de Igreja! Ao se referir à autoridade concedida por Cristo aos apóstolos, 
Foresi (1977, p. 7) assim se expressou:
Jesus, de fato, os enviou para que os homens conheçam a Deus, o amem 
e se amem entre si. O Papa se subscreve “servo dos servos de Deus”, e 
taldenominação não quer ser uma tradição vazia de todo o conteúdo; 
ela surgiu espontânea nos Sumos Pontífices, justamente porque o seu 
encargo é o de serem chefes para poder mais amar. Sem a hierarquia, 
seria a Igreja um corpo sem espinha dorsal, um amontoado de carnes 
onde seria impossível qualquer vida orgânica.
Enfim, pode-se dizer que nenhum membro do Corpo Místico de Cristo está 
alheio a uma de suas características fundamentais: sua índole sacerdotal. Todos 
os membros da Igreja estão ligados a Cristo Sacerdote, Cabeça do Corpo Místico, 
cada qual de modo diferente, de acordo com o seu lugar dentro da Igreja (cf. 
PENIDO, 1956, p. 160).
Os fiéis leigos no Corpo Místico
Por causa do combate ao protestantismo e de sua negação do sacerdócio orde-
nado, o papel e o lugar do leigo na Igreja foram eclipsados, juntamente com a 
doutrina do sacerdócio universal dos fiéis. A fim de combater certa concepção 
eclesiológica exclusivamente hierárquica, Pio XII ensinou:
Não se julgue, porém, que esta bem ordenada e “orgânica” estrutura do 
corpo da Igreja se limita unicamente aos graus da hierarquia. [...]. Contu-
do, os santos Padres, quando celebram os ministérios, graus, profissões, 
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estados, ordens, deveres deste corpo místico, não consideram só os que 
têm ordens sacras, senão também todos aqueles que, observando os con-
selhos evangélicos, se dão à vida ativa, à contemplativa, ou à mista, segun-
do o próprio instituto; bem como os que, vivendo no século, se consagram 
ativamente a obras de misericórdia espirituais e corporais; e, finalmente, 
também os que vivem unidos em santo matrimônio. Antes é de notar que, 
sobretudo nas atuais circunstâncias, os pais e as mães de família, os padri-
nhos e madrinhas, e notadamente todos os seculares que prestam o seu 
auxílio à hierarquia eclesiástica na dilatação do reino de Cristo, ocupam 
um posto honorífico, embora muitas vezes humilde, na sociedade cristã, 
e podem muito bem sob a inspiração e com o favor de Deus subir aos 
vértices da santidade que por promessa de Jesus Cristo nunca faltará na 
Igreja (MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 1943, 17, on-line)1.
Nos períodos Antigo e Medieval, os leigos tinham grande liberdade de atuação 
dentro da Igreja. Muitas mulheres colaboravam com o apóstolo Paulo na difusão 
do Evangelho; escravos cristãos pregavam a Palavra de Deus a outros escravos e 
até mesmo aos seus senhores. Na Idade Média, as ordens mendicantes, como o 
franciscanismo, eram constituídas inicialmente de leigos.
Desde o ímpeto reformador do século XVI, provavelmente em virtude de sua 
realização fora da Igreja, ficou ainda mais difícil refletir sobre a função do leigo 
na comunidade eclesial. O exagero do protestantismo, chegando à negação do 
sacerdócio hierárquico, resultou, por parte da Igreja Católica, num movimento 
contrário, isto é, na acentuação exacerbada da hierarquia identificando-a, na 
prática, completamente com a Igreja. Esta identificação acabou lançando os lei-
gos na periferia da vida eclesial.
O resgate do leigo e de sua importância na Igreja, obscurecida pela ênfase 
na hierarquia, deu-se especialmente por meio do movimento da Ação Católica 
e dos estudos sobre o sacerdócio universal.
Historicamente, o número insuficiente de clérigos e a premente necessidade 
de evangelização deu brecha para que a Igreja refletisse sobre o valor do laicato e a 
importância de sua colaboração com a vinda do Reino de Deus. Pio XII, além de 
tê-los chamado de “princípio vital da Igreja na sociedade humana”, declarou: “Por 
isso eles, especialmente eles, devem ter uma consciência cada vez mais clara, não 
só de pertencerem à Igreja, mas de serem a Igreja [...]” (PENIDO, 1956. p. 192).
Encerramos assim nosso estudo sobre Eclesiologia na encíclica Mystici Corporis 
Christi, e nos próximos itens abordaremos a Igreja na encíclica Lumen Gentium.
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AS TRÊS PRINCIPAIS NOÇÕES DE IGREJA NA LUMEN 
GENTIUM
Com a publicação da encíclica Mystici Corporis Christi em 1943 (on-line)1, o apoio 
à noção de Corpo Místico em vez de aumentar, diminuiu consideravelmente, dando 
lugar a outros conceitos de Igreja como Povo de Deus e Sacramento. Contudo, uma 
definição do magistério não pode simplesmente ser relegada ao esquecimento. 
Seus desdobramentos surgem em confronto com outras ideias, permitindo a eli-
minação de tendências parciais e promovendo a visão do todo eclesial.
O Concílio Vaticano II (1962-1965) ofereceu à Igreja 16 documentos, dentre 
eles quatro Constituições, duas delas denominadas Constituições Dogmáticas: A 
Dei Verbum sobre a Palavra de Deus e a Lumen Gentium sobre a Igreja.
Com efeito, com o anúncio de um Concílio Ecumênico por João XXIII em 1959, 
foi criado um grupo de cardeais cuja finalidade era a de reunir as opiniões de 
todos os bispos do mundo sobre os temas que se colocariam à baila. No que diz 
respeito à Igreja, os bispos exigiam que o Vaticano II completasse a doutrina do 
Vaticano I sobre a Igreja, o qual foi impedido de continuar seus trabalhos por 
razões já mencionadas, considerando, contudo, o progresso eclesiológico prin-
cipalmente desde os anos 30.
Quanto ao processo de elaboração da Lumen Gentium, a comissão pré-con-
ciliar forneceu aos padres conciliares um esquema chamado De Ecclesia, o qual 
foi duramente criticado por vários motivos, dentre eles pelo insuficiente pro-
gresso na noção de Igreja em vista dos avanços eclesiológicos do século XX.
As diversas censuras ao texto pré-conciliar surgiram em razão da pouca 
importância concedida à Igreja como mistério. A Igreja pode ser analisada a par-
tir de dois pontos de vista: do visível e institucional para o invisível ou vice-versa. 
103. Mas Cristo Senhor nosso mostrou seu amor à esposa imaculada não só 
trabalhando incansavelmente e orando constantemente, senão também com 
as dores e ignomínias que, por ela, espontânea e amorosamente tolerou.
(Mystici Corporis Christi).
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O Vaticano II optou, com a rejeição do esquema da comissão preparatória, pela 
reflexão teológica cujo ponto inicial se encontra no mistério da Igreja, isto é, em 
sua dimensão espiritual para, em seguida, abordar sua estruturação jurídica-ins-
titucional como sinal das realidades místicas.
Vê-se, pois, que as discussões de caráter eclesiológico não se situaram à mar-
gem do Concílio. Ao contrário, segundo Mário Midali (1969, p. 44):
O Vaticano II já passou definitivamente para a história como “o Con-
cílio da Igreja”. A Igreja esteve no centro da reflexão, dos debates, das 
decisões da reunião ecumênica. Os documentos conciliares se polari-
zam ao redor da Constituição Dogmática De Ecclesia que representa o 
coração do Vaticano II, o esquema central que dá significado e propor-
ção aos outros documentos, pois estes dela recebem seu fundamento 
último e os princípios que os inspiram e que os tornam inteligíveis em 
seus valores ecumênicos .
No Concílio, a Igreja se colocou como objeto de reflexão teológica. Este posicio-
namento há muito não agradara alguns teólogos, pois para estes isto substituiria 
ou obscureceria o objeto da Teologia: o Deus revelado por Jesus Cristo. Todavia, 
este argumento não é convincente, porquanto a Igreja não é um grupo meramente 
humano, mas uma obra divina, na qual Deus vive de modo misterioso. Para outros, 
o esforço de definição da Igreja é inútil, pois sua natureza seria inalcançável à 
paupérrima inteligência dos homens. A esta posição, responde-se que, embora a 
Igreja em toda sua riqueza designificado seja inatingível, é possível se aproximar 
e retirar luzes verdadeiras de seu mistério no desenrolar da história, conforme 
as circunstâncias exijam ênfase neste ou naquele aspecto de sua rica realidade.
A palavra-chave da eclesiologia do Vaticano II é “complementariedade”. O 
Concílio buscou integrar às noções de Igreja já existentes novas ideias, figuras e 
aspectos da Igreja pouco salientados ou relegados a um segundo plano.
Destarte, analisar-se-á as três grandes noções de Igreja que tiveram acesso 
no Concílio Vaticano II, colaborando para a consecução de uma visão equili-
brada de Igreja e respondendo às exigências da renovação dos estudos bíblicos, 
patrísticos e litúrgicos, bem como os apelos do homem atual.
Nas duas décadas anteriores ao Concílio Vaticano II, três grandes correntes 
eclesiológicas, a saber: Corpo Místico, Povo de Deus e Sacramento estavam em 
questão. A tarefa dos teólogos consistia em elaborar sínteses sobre a rica realidade 
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da Igreja, optando por uma perspectiva ou imagem eclesiológica, sem, todavia, 
desprezar as outras. Buscar-se-á apresentar estas três noções e demonstrar como 
as duas últimas, Povo de Deus e Sacramento, enriqueceram a de Corpo Místico, 
afastando-a de interpretações unilaterais alheias à natureza da Igreja.
A Igreja como Corpo Místico de Cristo: sua dimensão teândrica
A Lumen Gentium apresenta várias imagens da Igreja para que por meio delas 
se possa conhecer a sua essência. Ela é chamada de redil, grei, lavoura de Deus, 
campo de Deus, construção de Deus, casa de Deus, família, templo santo, tenda 
de Deus entre os homens, cidade santa, Jerusalém celeste, nossa mãe e esposa 
do Cordeiro (cf. LUMEN GENTIUM, 6). Não obstante, predomina entre todas 
elas, depois da noção de Povo de Deus, a imagem do Corpo Místico de Cristo, 
em prol da qual os padres conciliares se servem abundantemente dos textos bíbli-
cos, mormente paulinos, como já mencionado. Não se pode, contudo, deixar de 
citar alguns trechos do texto conciliar, a saber: “Ao comunicar o Seu Espírito, 
[Cristo] fez de Seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os com-
ponentes de Seu próprio Corpo”, e, ainda:
A Igreja está sujeita à sua cabeça (ib. 23-24). “Porque nele habita cor-
poralmente toda a plenitude da divindade” (Col 2, 9), enche com seus 
dons divinos a Igreja que é seu Corpo e Sua plenitude (cf. Ef 1, 22-23), 
para que ela se desenvolva e chegue à completa plenitude de Deus (cf. 
Ef 3, 19) (LUMEN GENTIUM, 7, on-line)2.
A analogia com o Verbo encarnado, empregada por Pio XII na Mystici Coporis, 
a qual, por sua vez, dependeu da encíclica Satis Cognitum de Leão XIII, também 
se encontra na Lumen Gentium. Esta relação entre a Igreja e o Verbo encarnado 
teve como intuito eliminar a tendência de colocar lado a lado a dimensão visível 
e invisível da Igreja, como duas realidades unidas com laços mais ou menos for-
tes. Como resultado, os padres conciliares assim ensinaram na Lumen Gentium:
[...] mas a sociedade provida de órgãos hierárquicos e o corpo místico 
de Cristo, a assembleia visível e a comunidade espiritual, a Igreja terres-
tre e a Igreja enriquecida de bens celestes, não devem ser considerados 
duas coisas, mas formam uma só realidade complexa em que se funde o 
elemento divino e humano (LUMEN GENTIUM, 8, ([2018], on-line)2.
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A Constituição logrou êxito no combate a uma tendência sempre verifi-
cada na cristologia e, por consequência, na eclesiologia: durante a história 
da Igreja, Cristo foi dividido, tendo sido acentuada exageradamente ora sua 
humanidade, ora sua divindade. Do mesmo modo, a Igreja sofreu esta tensão 
histórica, este rasgo em sua natureza multifacetada. O trabalho de harmoni-
zação destas duas dimensões eclesiais à luz do mistério de Cristo, abordado 
por Leão XIII e prosseguido por Pio XII, receberá do Vaticano II uma nova 
atenção e um novo desenvolvimento a partir de outros aspectos do grande 
mistério que é a Igreja.
Com efeito, o contato com a teologia ortodoxa fez reviver entre os católicos oci-
dentais as imagens bíblicas da Igreja, estimadas principalmente pelos Padres 
gregos, causando a superação do exclusivismo da ideia de Corpo. Baseando-se em 
Semmelroth, é possível admitir certo paralelismo entre o Vaticano I e o Vaticano 
II a respeito da rejeição da ideia de Corpo Místico. Já desde o Vaticano I a noção 
de Corpo Místico tinha sido recusada, agora, no Vaticano II, ainda que já esti-
vesse introduzida oficialmente na doutrina católica por Pio XII, a expressão foi 
alvo de críticas ainda mais ásperas. Entendeu-se que:
É por Ele que “o corpo inteiro, alimentado e coeso em suas junturas e liga-
mentos, se desenvolve com o crescimento dado por Deus” (Col. 2,19). Ele 
mesmo distribui continuamente, no Seu corpo que é a Igreja, os dons dos 
diversos ministérios, com os quais, graças ao Seu poder, nos prestamos mu-
tuamente serviços em ordem à salvação, de maneira que, professando a ver-
dade na caridade, cresçamos em tudo para Aquele que é a nossa cabeça (cf. 
Ef 4, 11-16 gr.).
E para que sem cessar nos renovemos n’Ele (cfr. Ef. 4,23), deu-nos do Seu 
Espírito, o qual, sendo um e o mesmo na cabeça e nos membros, unifica e 
move o corpo inteiro, a ponto de os Santos Padres compararem a Sua ação à 
que o princípio vital, ou alma, desempenha no corpo humano.
Fonte: Lumen Gentium 7 ([2018], on-line)2.
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[...] no primeiro esquema reparava-se a omissão dos demais pronun-
ciamentos do Novo Testamento sobre a Igreja, pelos quais a imagem do 
Corpo Místico deveria ser completada. Além disso o enunciado sobre 
a Igreja como Corpo Místico era apresentado demasiadamente a modo 
de uma definição lógica 241, da qual se pareciam deduzir outros dados. 
(SEMMELROTH, 1965, p. 477).
Henri De Lubac, no entanto, já em 1953 em sua obra Meditación sobre la Iglesia, 
identifica o termo “místico” como uma realidade velada aos homens, sem uma 
conotação de cunho racionalista. E como que entrevendo a inserção da noção sacra-
mental de Igreja na reflexão magisterial cerca de 10 anos depois, assim escreveu:
Também se tem feito observar que esta palavra não pode ser tomada 
como sinônimo de invisível, senão que mais bem se aplica ao sinal sensí-
vel de uma realidade oculta, e que indubitavelmente designa a esta Igreja 
que, segundo São Paulo, é o Corpo de Cristo (DE LUBAC, 1988, p. 111).
Antes de ingressar na discussão em torno da conexão estreita entre Corpo Místico 
e Sacramento, é preciso abordar igualmente qual é a importância da noção de Povo 
de Deus para explicar adequadamente a natureza da Igreja, sem exclusivismos e 
visões parciais. Ver-se-á que também a ideia de Igreja como Povo de Deus está 
associada à perspectiva sacramental, especialmente ao sacramento da Eucaristia.
A Igreja como Povo de Deus: sua dimensão histórica
Depois da rejeição veemente do esquema da comissão preparatória, a Igreja foi 
designada como Povo de Deus, todavia, enquanto os leigos entraram nesta classi-
ficação, a hierarquia aparentemente nela não estava contida, pois vinha abordada 
antes, em um capítulo específico. Esta estrutura, duramente criticada, foi refor-
mulada, na intenção de inserir o clero dentro da categoria de Povo de Deus.
Logo após o primeiro capítulo sobre o mistério da Igreja, a Lumen Gentium 
preferiu ponderar sobre a totalidade dos fiéis, naquilo que tanto os leigos quanto 
a hierarquia possuem em comum, a saber: a filiação adotiva concedida pelo 
batismo e realizada por meio de Cristo. Enquanto a noção de Corpo Místico de 
Cristo servia para definir aIgreja como uma sociedade de desiguais (hierárquica), 
a noção de Povo de Deus convinha para inculcar a igual dignidade de todos os 
batizados, clérigos ou leigos. Deste modo, a Constituição ensina:
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Na verdade, os que crêem em Cristo, os que renasceram não de semen-
te corruptível, mas incorruptível pela palavra do Deus vivo (cf. 1Pd 1, 
23), não da carne, mas da água e do Espírito Santo (cf. Jo 3, 5-6), são fi-
nalmente constituídos em linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação 
santa, povo adquirido... que outrora não eram, mas agora são povo de 
Deus (1Pd 2, 9-10) (LUMEN GENTIUM, 9, on-line)2.
Ainda que a tendência democratizante pré-conciliar tivesse preparado e predis-
posto os padres conciliares para a elaboração e aceitação da estrutura conciliar 
supracitada, existiu mais outra razão em vista da qual a Igreja foi considerada 
como Povo de Deus: sua dimensão histórica.
De fato, a Igreja não apareceu improvisadamente, mas, por desígnio de Deus, 
já existia debaixo da Lei Mosaica. A Septuaginta, a tradução grega da Bíblia, 
utilizou-se do termo Igreja para indicar a assembleia do povo da antiga aliança 
nos dias de Moisés. Jesus chamou sua Igreja com a palavra aramaica Quehila no 
intuito de apontar a ligação entre a antiga e a nova assembleia do povo de Deus. 
Os cristãos primitivos tinham uma consciência muito sensível acerca desta ver-
dade e se entendiam como a verdadeira descendência de Abraão (Rm 4, 9-12). 
A obra O Pastor de Hermas, elaborada no século II, descreve a Igreja como uma 
anciã, criada antes do mundo (249). Esta Igreja, a qual pertencem Adão, Abel e 
todos os eleitos, conforme a Constituição Lumen Gentium, caminha na história 
rumo à sua consumação (cf. LUMEN GENTIUM, 2). De acordo com De Lubac 
(1988, p. 62), esta consumação não significa sua eliminação; ao contrário, assi-
nala sua transformação:
[...] uma primeira transformação foi a que se realizou quando o Israel 
segundo a carne cedeu passo a Israel segundo o espírito: trânsito do 
primeiro estado ao segundo, figura antecipada daquela outra transfi-
guração gloriosa que se realizará no fim dos tempos, quando a Igreja 
da terra, passando ao seu estado definitivo, se converterá no Reino 
dos céus.
Esta dimensão histórica é aquilo que faltava à noção de Corpo de Cristo.
Efetivamente, quando a Igreja fazia uso da expressão “Povo de Deus” no 
período pós-tridentino, ela a interpretava em sentido jurídico e não na perspec-
tiva histórico-salvífica. A eclesiologia nos anos pré-conciliares ainda se ressentia 
de uma visão “a histórica e estática” muito usada na abordagem da Igreja como 
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Corpo de Cristo. Com a noção de Igreja como Povo de Deus, não houve a rejeição 
desta faceta do mistério eclesial, mas o seu enriquecimento e complementarie-
dade, pois que aproximar-se da Igreja tida como Povo é interpretá-la à luz da 
história da salvação em vista da continuidade que ela estabelece com o antigo 
Israel, isto é, com o povo do Antigo Testamento.
Existe, no entanto, algo que diferencia o Povo da nova e eterna aliança do 
Povo da antiga aliança. Existe uma realidade a partir da qual esse Povo é cons-
tituído. E é este ponto que este trabalho quer ressaltar. Para Ratzinger o que 
precisamente distingue o Povo de Deus do Antigo Testamento do novo Povo 
de Deus é o ser o Corpo de Cristo, seu novo templo e seu novo fundamento. A 
comunidade primitiva, através da fração do pão, pela qual realizava o memorial 
da última ceia, concedia um alimento espiritual que não permitia aos cristãos 
esquecer sua pertença ao novo Povo de Deus, ao Povo dos últimos tempos. 
Ratzinger (1974, p. 96) afirma:
[...] poder-se-ia definir a Igreja como povo de Deus em virtude do cor-
po de Cristo. A Igreja é o povo de Deus e, em assim sendo, ela tem uma 
característica em comum com o povo da Antiga Aliança. Mas a Igreja 
é povo de Deus em virtude do corpo de Cristo e é precisamente isto 
que a distingue como novo povo. É o corpo de Cristo que confere uma 
característica especial à existência e à unidade ao novo povo de Deus 
que é a Igreja. 
O novo Povo de Deus nasce da Eucaristia, o Corpo de Cristo. Vê-se que Ratzinger, 
na linha das reflexões pós-conciliares, relaciona os dois conceitos de “Povo de 
Deus” e “Corpo de Cristo” postos no período pré-conciliar lado a lado, até mesmo 
como se fossem antagônicos (255). Este trabalho de pesquisa analisou a evolu-
ção histórico-teológica da expressão Corpo de Cristo para designar a Igreja e 
demonstrou que em diferentes períodos históricos ela sofreu as mais variadas 
interpretações de acordo com as sucessivas aspirações dos tempos. O Vaticano II 
fala da Igreja como Corpo Místico, mas, para inseri-lo numa perspectiva histó-
rico-salvífica, recorre à expressão Povo de Deus. Entretanto, para a consecução 
de um equilíbrio teológico ainda mais satisfatório, faz-se necessário trazer à dis-
cussão outra noção de Igreja, a qual se destaca neste trabalho científico: a noção 
sacramental da Igreja, notadamente em sua perspectiva eucarística.
As Três Principais Noções de Igreja na Lumen Gentium
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A Igreja como Sacramento: sua dimensão mistérica
O primeiro capítulo da Constituição Lumen Gentium, em seu primeiro número, 
fornece a seguinte definição acerca do mistério da Igreja: “a Igreja é em Cristo 
como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e 
da unidade de todo o gênero humano” (LUMEN GENTIUM, 1). O conceito de 
Igreja como Sacramento, sinal visível da graça invisível, impede a tendência ao 
nestorianismo eclesiológico, segundo o qual a Igreja é uma realidade complexa 
de duas dimensões apenas justapostas, a invisível-mística e a jurídica-visível. 
Pio XII já havia reprovado na Mystici Corporis, número 63, o erro daqueles que 
instituem uma oposição entre Igreja da caridade e Igreja jurídica, com desprezo 
por esta última.
Em virtude da luta contra esta tendência, Pio XII tinha evocado na interpre-
tação do mistério da Igreja a comparação com o mistério do Verbo encarnado. A 
Lumen Gentium não se distanciou desta chave de leitura, mas a enriqueceu com 
outra noção, estreitamente ligada à primeira: a noção de Sacramento.
Com efeito, desde o segundo século a palavra latina sacramentum passou a 
ser usada pelos cristãos como tradução do termo grego mistérion. Na Igreja pri-
mitiva, a noção de mistérion se desenvolveu e chegou ao terceiro século assim 
definida: o plano divino da salvação, mantido em segredo, mas agora desvendado 
e realizado por Deus na pessoa de Jesus e na vida da Igreja em vista daqueles 
que Ele elegeu.
Quando se entende sacramentum como “sinal eficaz da graça” assim como 
foi definido na Idade Média, torna-se necessário acautelar-se quanto à interpre-
tação deste axioma. A graça não é um objeto, uma coisa, mas é comunhão com 
Deus que se doa ao homem. O sinal, portanto, não é um mero canal da graça, 
distinto dela, mas “é precisamente a forma da própria graça, o lado visível de 
uma ação de Deus, na qual estabelece comunhão com o homem” (SMULDERS, 
1965. p. 409).
Ratzinger parece ter sempre diante dos olhos estas considerações. Quando 
a eclesiologia estava imersa em contendas a respeito da natureza da Igreja, ora 
tendendo para seu aspecto social, ora inclinando-se para seu aspecto invisível e 
místico, a dimensão sacramental, entendida à luz da Eucaristia, apareceu como 
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a solução para pôr em equilíbrio a reflexão eclesial.Em resposta ao perigo do 
antagonismo entre Igreja jurídica e Igreja da caridade surge uma leitura do mis-
tério eclesial centrada no Corpo de Cristo eucarístico. Assim, a partir desta chave 
de leitura, Ratzinger afirmou: “Em verdade, existe uma só Igreja indivisível, que 
é ao mesmo tempo mistério de fé e sinal de fé, vida misteriosa e manifestação 
visível desta vida.
Conforme Smulders, a salvação assume uma forma neste mundo, e esta 
forma se chama Igreja. Ela não é apenas um meio de salvação, um sinal entendido 
como mero canal da salvação, mas “Ela é, de algum modo, a própria salvação, 
realizada, a nova criação da humanidade segundo a imagem do Criador, a qual 
está irrevogavelmente restabelecida e antecipada para sempre”. (SMULDERS, 
1965. p. 414).
Desta maneira, a modo de sacramento, a Igreja não é simples sinal, canal 
ou instrumento de salvação, mas realiza aquilo que significa, ou seja, torna-se 
a própria salvação entre os homens. Nesta perspectiva, para Henri De Lubac, 
a Igreja pode ser definida tanto como mistério quanto como sacramento, pois 
são termos equivalentes (DE LUBAC, 1988, p. 163).
A dimensão sensível do sacramento por si mesma nada vale assim como 
a palavra nada vale se não transmitir um conceito ou ideia. Ora, Cristo disse 
a Felipe que quem o vê, vê o Pai (cf. Jo 14, 7-9); neste sentido, à semelhança 
da humanidade de Cristo, sacramento de Deus Pai, a Igreja, realidade visível e 
espiritual, comunica Cristo, nosso Salvador. De Lubac estava tão convencido da 
natureza sacramental da Igreja que assim se expressou: “A Igreja, toda a Igreja, 
a única Igreja, a de hoje como a de ontem e a de amanhã, é o sacramento de 
Jesus Cristo. De fato, ela não é outra coisa. Ou se tem algo mais, é coisa acres-
centada” (DE LUBAC, 1988. p. 171).
Todos os atos da Igreja são, portanto, salvíficos. Todavia, eles o são em vir-
tude da salvação merecida por Cristo por sua morte e ressurreição. Amando a 
humanidade até o fim, seu sacrifício obteve o valor de redenção, de reparação, 
de expiação e de satisfação. A Igreja prolonga a salvação merecida por Cristo, 
de modo singular, pela celebração da Ceia do Senhor, memorial de sua paixão, 
morte e ressurreição.
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O POVO DE DEUS A PARTIR DO CONCÍLIO VATICANO II
Neste tópico iremos refletir sobre a concepção de Povo de Deus, essa concepção 
é tipicamente do Concílio Vaticano II e nos ajudará a entender a questão ecle-
sial em nossos dias.
O SENTIDO “POVO DE DEUS”
O sentido de “Povo de Deus” é proveniente do Antigo Testamento (am Iahweh). 
Segundo Medard Kehl (1997, p. 271), no campo semântico, esse conceito está 
ligado à “situação linguística de diálogo entre Iahweh e Israel, e menos da situa-
ção do falar objetivo sobre Israel” (1997, p. 272), ou seja, Iahweh usa esse termo 
para se comunicar através de um profeta com Israel e o povo de Israel usa esse 
termo para orar a Iahweh. Explica Kehl (1997) que nos textos mais antigos apa-
rece o termo “am Iahweh” em três sentidos:
 ■ O primeiro quando os exércitos de Israel ou o exército de Iahweh está 
reunido para a batalha ou para a celebração de uma vitória, conforme Jz 
5, 13; 2 Sm 1, 12.
 ■ O segundo que será mais tarde aquele que predominará está ligado a deter-
minado grupo de adoradores de Iahweh, que entendiam essa terminologia 
como os parentes ou como posse “hereditária” de Iahweh, conforme 1Sm 
9, 16; 2Sm 3, 18; Sl 28, 9. Para estes neste período Iahweh é aquele que 
ouve seus gritos e lhes envia um rei para salvá-los;
 ■ E por último, explica Medard Kehl que este conceito deva ter se referido 
aos pobres de Israel que Iahweh ouve sua oração.
A palavra Igreja significa convocação. Designa a assembleia daqueles que a 
Palavra de Deus convoca para formar o seu povo, e que, alimentados pelo 
Corpo de Cristo, se tornam, eles próprios, Corpo de Cristo.
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Nessa evolução de sentido se assim podemos chamar, Medard Kehl (1997, p. 272) 
relata que este conceito de “Povo de Deus” no tempo pós-davídico já se destina a 
todo o povo de Israel e expressa assim a compreensão teológica de ser o povo da 
prosperidade de Iahweh, ou o povo escolhido por Iahweh, diferente dos outros 
“povos”. Neste sentido, Israel é libertado do Egito pelo fato de ser este povo esco-
lhido desde sempre (Ex 3, 7). E é com este povo que Iahweh realiza uma aliança 
para sempre (Ex 6, 7), e somente através dessa aliança que Israel torna-se o “Povo 
de Deus” (KEHL, 1997, p. 272). Destaca ainda Kehl que nos profetas exílicos e 
pós-exílicos o motivo pelo qual acontece a renovação da aliança e por consequ-
ência disso a transformação deste povo está ligada a questão salvífica operada 
por Iahweh, ou seja, Deus que se dá a conhecer e os chama para se converterem 
e serem seu povo. “Eu lhes dou um coração para que conheçam que eu sou o 
Senhor. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois eles se converterão a 
mim com todo o coração” (Jr 24, 7).
Obviamente, Israel é “povo de Deus” já no exílio e antes; mas no retor-
no ele se constitui – pela nova relação salvífica de Iahweh com Israel e, 
sendo assim, pelo comportamento novo e purificado de Israel com seu 
Deus – de maneira nova como “povo de Deus”; o que também é sim-
bolizado pelas “renovações litúrgicas da aliança” (KEHL, 1997, p. 273).
Entretanto, o profeta Oséias relata que Israel pela sua apostasia a Iahweh perde 
de forma provisória este sentido ou caráter de “povo de Deus” (Os 1, 9), expres-
sando assim Oséias que em um tempo posterior Iahweh voltaria a receber Israel 
como seu povo novamente (KEHL, 1997, p. 273).
Por outro lado, Geraldo Luiz Borges Hackmann (2003, p. 156) relata que a 
categoria “povo de Deus” constitui uma das manifestações diversas do Antigo 
Testamento. Essa expressão povo de Deus é encontrada em Nm 11, 29; 17, 6; Jz 5, 11; 
1Sm 1, 12; 6, 21; 14, 13; 2Rs 9, 6; Sb 2, 10. E ainda, que essa expressão se encontra na 
Promessa de Deus em Ex 19, 5. Ou seja, Iahweh é Deus de Israel e este é seu povo.
Segundo Hackmann (2003, p. 156) a palavra Láos, que foi a escolhida pelos tradu-
tores gregos indica a expressão “povo de Iahweh”, passa a ser o termo empregado para 
diferenciar o povo de Israel dos outros povos denominados pagãos (éthne), ou seja, é 
Israel o “povo de Deus” diante das demais nações ou povos. Explica Hackmann ainda 
que esse conceito de povo no termo grego designa um relacionamento particular, 
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íntimo de comunhão de vida com Deus pelo povo de Israel, de destino de um para 
o outro, sem comparação com os deuses dos outros povos (2003, p. 157).
O mesmo autor ainda expressa que ser povo de Deus diz respeito a duas 
grandezas que é a Filiação Divina e a fraternidade, ambas categorias do Reino de 
Deus, ou seja, fazer parte do povo de Deus é pertencer a esta filiação bem como 
viver a fraternidade no mesmo povo (HACKMANN, 2003, p. 157).
Pié-Ninot (2013, p. 31), assim declara:
o claro fundamento da eclesiologia do povo de Deus na tradição ve-
terotestamentária e a sua relação com a categoria da aliança, que é o 
seu elo com o Novo Testamento, tornaram mais fácil o emprego desse 
conceito. Provavelmente é o conceito mais decisivo que fundamenta a 
Igreja no Antigo Testamento e em Israel. 
Lembra-nos ainda Hackmann que a promessa descrita no livro de Amós 9, 11-15 
foi realizada plenamente no Novo Testamento baseando-se assim no autor lucano. 
Ao olhar para as passagens bíblicas do Novo Testamento que designam “o povo 
de Deus”, chama-nos a atenção dois aspectos importantes para sua compreensão.O primeiro trata-se sempre de citações do Antigo Testamento indicando 
assim que “tudo aquilo que foi dito ao Antigo Israel é, agora, aplicado ao povo da 
nova aliança” (HACKMANN, 2003, p. 157), e o segundo com relação ao termo 
Láos que no Novo Testamento tem o mesmo sentido do Antigo Testamento, ou 
seja, “a Igreja do Novo Testamento, a da nova aliança, é vista como cumprimento 
das promessas feitas ao povo do Antigo Testamento, como novo Povo de Deus” 
(HACKMANN, 2003, p. 157). E ainda,
para a comunidade cristã, as promessas veterotestamentárias estavam 
cumpridas e nelas constava a esperança na futura realização em pleni-
tude do Reino de Deus, iniciado pelo Messias, que é aquele que veio 
anunciado por João Batista e crido como tal pelos seus discípulos. (HA-
CKMANN, 2003, p. 158).
É importante ter-se presente que a partir desse momento tem-se um novo para-
digma de povo, ou seja, “a diferença não está mais na raça (etnia judaica), mas 
na opção por Cristo pela fé, que conduz à recepção do batismo” (HACKMANN, 
2003, p. 159). E aí pela fé em Jesus Cristo é que temos essa inclusão dos gentios 
no mistério do “povo de Deus”.
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O novo Povo de Deus
A Igreja primitiva a partir dos escritos do Antigo Testamento considera-se 
esse novo povo de Deus. Segundo Hackmann, “na primeira época da Igreja, ao 
menos até o ano 70, ela se vê como ‘Povo de Deus da nova aliança’. Até o século 
IV, o termo ‘povo’ é empregado pelos Padres apostólicos para a Igreja” (2003, p. 
159); nessa eclesiologia, era ignorada qualquer ligação entre o povo do Antigo 
Testamento e do Novo Testamento, explica Hackmann que, devido à compre-
ensão que se tinha, o povo judeu era o povo da apostasia, que havia perdido 
o direito de primogenitura e que agora era a Igreja esse novo povo de Deus 
(HACKMANN, 2003, p. 160).
Esse período desenvolve-se assim uma eclesiologia que privilegia a dimen-
são cristológica e assim a noção de povo não tem muito destaque. Expõe 
Hackmann que o sentido de Igreja povo de Deus vai tomando ao longo da 
história, sobretudo sob Santo Agostinho e seus escritos, um novo conceito. 
Passa de um conceito histórico de povo para uma concepção mais teológica-
-salvífica, por isso, “já no século IV, o conceito histórico-salvífico de Povo de 
Deus representa cada vez mais os leigos frente aos bispos” (HACKMANN, 
2003, p. 160).
Joseph Ratzinger (1974, p. 80) utilizando-se dos escritos paulinos sobretudo 
1 Cor 6, 12-20 desenvolve sua reflexão que da mesma forma que o homem e a 
mulher tornam-se “só carne” assim também Cristo e o cristianismo são “um só 
Espírito”, ou uma única e nova existência espiritual. Assim destaca Ratzinger: 
“se a comunidade daqueles que creem (não o cristão individualmente conside-
rado) aparece como ‘esposa’ (2 Cor 11 ,2; Ef 5, 22-33), isto há de significar que 
essa comunidade tem o direito de ser chamada o novo povo de Deus” (1974, p. 
80) e continua o autor que “a Igreja é ‘povo’ porque constitui uma só realidade 
com Cristo” (1974, p 80). Destaca ainda:
os cristãos são, seguramente, o novo povo de Deus. Eles são, contu-
do, este novo povo, pelo fato de formarem um só corpo com Cristo, 
ou como dizia Eckart, eles são “filhos no Filho”. E são Paulo dizia ‘... 
pois vós todos sois um só em Cristo Jesus’ (RATZINGER, 1974, p. 
81).
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Outra questão que Ratzinger expõe é o fato da realização da unidade em Cristo, 
pois a unidade com o ‘Adão”, consiste no fato de a existência corpórea depen-
der dele, ou seja, todos viemos desse “Adão”, do humano, corpo, carne, e então 
como tornar-se um em Cristo? Utilizando-se de São Paulo 1 Cor 10, 14-22; Rm 
6, 1-11, novamente, Ratzinger (1974, p. 81-82) explica que:
somos, por assim dizer, seres provenientes da massa corpórea de Adão 
e estamos enxertados na realidade espiritual de Cristo, o segundo 
Adão, e, portanto, transformados em novo organismo, em um novo 
corpo[...]. O novo Adão, por assim dizer, nasce sobre a cruz, causando 
assim, a morte do velho Adão [..]. A Igreja, portanto, torna-se Igreja, 
graças à cruz e esta, consequentemente, continua sendo sempre fonte 
para a vida da Igreja. 
Ou seja, se pela cruz de Cristo somos enxertados em seu corpo místico, também 
somos agregados a esse novo povo de Deus.
Chama-nos a atenção Ratzinger para o fato que, de forma alguma podemos 
substituir a expressão “Corpo de Cristo” pelo conceito “povo de Deus” como 
conceito verdadeiro e único da Igreja. Deve-se ter presente que também o povo 
de Israel era “o povo de Deus”. E ainda, que, “aquilo que constitui a caracterís-
tica deste povo, distinguindo-o, não apenas dos ‘povos do mundo profano’, mas 
também da teocracia política da Antiga Aliança, vem expresso através do con-
ceito de Corpo de Cristo” (RATZINGER, 1974, p. 82).
Mais ainda, chama-nos a uma reflexão sobre a importância da última ceia 
para a Igreja. Destaca que “do seu corpo sacramental Jesus fez o centro da Igreja” 
(RATZINGER, 1974, p. 83), e que “na celebração da eucaristia, pela própria von-
tade de Jesus, a comunidade daqueles que creem nele, deve ser sempre considerada 
pelo que ela é: povo de Deus, em virtude do Corpo de Cristo” (RATZINGER, 
1974, p. 83-84), ou seja, de forma alguma segundo Ratzinger (1974, p. 84) pode-
mos desassociar o sentido da Igreja como “povo de Deus” do sentido de “Corpo 
de Cristo”, uma complementa a outra. 
Aprofundando sua reflexão, Joseph Ratzinger explica o termo ecclesia na 
concepção da Igreja primitiva, onde destaca que esse termo recebeu um tríplice 
significado. Três significados diferentes e três aplicações também. Para o autor, 
esse termo era aplicado para a assembleia de culto, também para as comuni-
dades locais e para a Igreja Universal (RATZINGER, 1974, p 95). Explica que
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IIIU N I D A D E106
existe o organismo único da Igreja, do povo de Deus, deste povo de 
Deus que se reúne neste mundo. Esta única Igreja de Deus manifesta-se 
concretamente através das múltiplas comunidades locais e estas, por 
sua vez, mostram toda a sua vitalidade na assembleia do culto (RAT-
ZINGER, 1974, p. 95).
Compara o autor que, da mesma forma que o povo de Israel permaneceu unido 
entre si a partir do templo, também o novo povo, a nova assembleia fi el a Cristo 
permanece unida em virtude do Corpo do Senhor. (RATZINGER, 1974, p. 95), 
e ainda que, não precisa mais do laço de sangue para tornar-se povo de Deus, 
pois possuem um laço ainda mais profundo que é o pão que o Senhor os dá unin-
do-os em torno dEle mesmo (RATZINGER, 1974, p. 95). Termina refl etindo:
nesta perspectiva, poder-se-ia defi nir a Igreja como povo de Deus em 
virtude do corpo de Cristo. A Igreja é o povo de Deus e, em assim 
sendo, ela tem uma característica em comum com o povo da Antiga 
Aliança. Mas a Igreja é povo de Deus em virtude do corpo de Cristo 
e é precisamente isto que a distingue como novo povo. É o corpo de 
Cristo que confere uma característica especial à existência e à unidade 
ao novo povo de Deus que é a Igreja (RATZINGER, 1974, p. 96).
Com essa unidade sobre a Constituição Dogmática sobre a natureza da Igreja 
denominada Lumen Gentium, uma verdadeira referência para pensar a Igreja 
em nossos dias, de maneira a lê-la corretamente, encerramos esta unidade. Boa 
leitura do texto complementar e bons estudos.
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Igreja é um mistério que não pode ser conhecido inteiramente com apenas uma 
imagem, metáfora, noção ou conceito. Desdeos tempos bíblicos até o Concílio 
Vaticano II, o mistério eclesial foi defi nido a partir das mais variadas ideias, 
sendo que cada um dos períodos históricos pelos quais a Igreja peregrinou pos-
suiu um ou vários motivos históricos e/ou teológicos para enfatizar uma noção 
em detrimento de outras.
No fi nal do primeiro milênio, o perigo das heresias que negavam a presença 
de Cristo na Eucaristia impeliu os teólogos da época à refl exão e à elaboração 
de uma defi nição terminológica mais rigorosa. A Eucaristia, antes denominada 
corpus mysticum, recebeu a denominação de corpus verum, expressão antes reser-
vada à defi nição de Igreja. Por esta época, a Igreja assumira a tarefa de conquistar 
sua autonomia diante da intromissão do poder civil em assuntos eclesiásticos. A 
expressão corpus mysticum, então aplicada à Igreja e não mais à Eucaristia, por 
causa das exigências do período histórico, perdeu seu sentido original ligado ao 
mistério eucarístico, sofreu mudança de signifi cado e passou a designar a Igreja 
como corporação de Cristo e não mais como Corpo de Cristo.
Entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o interesse pela noção de Corpo 
Místico retornou. Muitas obras foram escritas acerca desta imagem. Finalmente, 
Pio XII, na encíclica Mystici Corporis Christi de 1943, reabilitou a expressão e a 
considerou a mais adequada defi nição do mistério eclesial. Ele a apresentou por-
menorizadamente, analisando cada um dos termos que compõem.
O Concílio Ecumênico Vaticano II reuniu e assimilou a doutrina de Pio XII 
juntamente com as duas correntes eclesiológicas acima citadas. A Igreja é o Corpo 
Místico de Cristo, contudo, necessita da noção de Povo de Deus para superar 
uma visão estática de si mesma, alheia às vicissitudes da história. Igualmente, o 
mero conceito de Povo de Deus sem o de Corpo de Cristo não o distingue do 
Povo de Deus do Antigo Testamento.
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1. Cristo é o Fundador da Igreja, nada obstante, Ele não a criou em um único ato, 
mas durante todo o seu ministério público, iniciando-a com a pregação do 
Evangelho, a eleição dos apóstolos, a escolha de Pedro como Pedra da Igreja e 
a instituição dos dois principais sacramentos: Batismo e Eucaristia. Com base 
nos estudos, assinale a alternativa que apresenta os motivos pelos quais Cristo 
é a Cabeça da Igreja.
a) Excelência; governo; mútua necessidade; semelhança; plenitude; influxo.
b) Governo; fundamento; origem; necessidade; semelhança; plenitude.
c) Governo; fundamento; influxo; necessidade, semelhança; plenitude.
d) Excelência; fundação; semelhança; plenitude; origem; influxo.
e) Nenhuma das alternativas anteriores estão corretas.
2. Com a expressão “Corpo Místico”, a encíclica não se propôs a indicar precisa-
mente em que consiste a natureza da Igreja. A partir dessa afirmação, analise 
as questões:
I. O papa Pio XII quis mostrar qual era o único método de ver a Igreja.
II. O papa Pio XII apresentou aos teólogos um espaço teologicamente sadio 
para que dentro dele se esforçassem em penetrar mais profundamente no 
mistério da união entre Cristo e a Igreja.
III. O Papa Pio XII com a encíclica quis mostrar o caminho para os teólogos fa-
larem sobre eclesiologia.
IV. Pio XII explicou que a Igreja não é um corpo natural, no qual os membros 
perdem personalidade e individualidade próprias, nem tampouco um cor-
po moral, no qual os membros se unem somente em vista de um fim co-
mum.
V. O Papa Pio XII queria mostrar o único modo de entender a Igreja.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I está correta.
c) Apenas II e IV estão corretas.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
109 
3. “O corpo requer também uma multiplicidade de membros que unidos entre 
si se auxiliem mutuamente. E como no nosso corpo mortal, quando um mem-
bro sofre, todos os outros sofrem com ele, e os sãos ajudam os doentes; assim 
também na Igreja os membros não vivem cada um para si, mas socorrem-se e 
auxiliam-se uns aos outros” (MYSTICI CORPORIS CHRISTI, 15). Com base no texto 
acima, assinale a alternativa correta:
a) O Papa considera que todos os seres humanos são membros da Igreja.
b) O Papa considera somente como membros reais da Igreja os batizados que 
estão a ela unidos por laços visíveis.
c) O Papa considera que, para ser membro da Igreja, apenas precisa professar 
a Fé em Cristo.
d) O Papa considera que todos somos membros da igreja, pois todos somos 
criados por Deus.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
4. A relação entre a Igreja e o Verbo encarnado teve como intuito eliminar a ten-
dência de colocar lado a lado a dimensão visível e invisível da Igreja, como 
duas realidades unidas com laços mais ou menos fortes. Com base nos estudos 
sobre a Lumen Gentium, assinale a alternativa correta:
a) A Igreja instituição não se relaciona de modo algum com a Igreja celeste.
b) A Igreja celeste existe, no entanto, só parte está unida à Igreja terrestre.
c) Somente existe a Igreja terrestre, e a celeste será consumada.
d) A Igreja terrestre e a Igreja enriquecida de bens celestes não devem ser con-
siderados duas coisas separadas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
110 
5. Chama-nos a atenção Ratzinger para o fato que, de forma alguma, podemos 
substituir a expressão “Corpo de Cristo” pelo conceito “povo de Deus” como 
conceito verdadeiro e único da Igreja. Deve-se ter presente que também o 
povo de Israel era “o povo de Deus”. Com base nessa alternativa, assinale V para 
Verdadeiro e F para falso:
( ) O que constitui a característica deste povo, distinguindo-o não apenas 
dos ‘povos do mundo profano’, mas também da teocracia política da An-
tiga Aliança, vem expresso através do conceito de Corpo de Cristo.
( ) O novo povo de Deus apresentado pelo Concílio Vaticano II é da fato a 
Igreja, e isso não tem nenhuma relação com o Corpo de Cristo.
( ) Na última ceia, Jesus, do seu corpo sacramental, fez o centro da Igreja.
( ) Podemos desassociar o sentido da Igreja como “povo de Deus” do senti-
do de “Corpo de Cristo”.
( ) A Igreja precisa sim de reforma, mas o corpo de Cristo não faz isso e sim 
o anúncio do Evangelho.
111 
Universalidade e catolicidade do único Povo de Deus
13. Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este Povo, perma-
necendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se 
cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou uma só natureza hu-
mana e resolveu juntar em unidade todos os seus filhos que estavam dispersos (cfr. Jo. 
11,52). Foi para isto que Deus enviou o Seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas 
as coisas (cfr. Hebr. 1,2), para ser mestre, rei e sacerdote universal, cabeça do novo e uni-
versal Povo dos filhos de Deus. Para isto Deus enviou finalmente também o Espírito de 
Seu Filho, Senhor e fonte de vida, o qual é para toda a Igreja e para cada um dos crentes 
princípio de agregação e de unidade na doutrina e na comunhão dos Apóstolos, na 
fracção do pão e na oração (cfr. At. 2,42 gr.).
E assim, o Povo de Deus encontra-se entre todos os povos da terra, já que de todos rece-
be os cidadãos, que o são dum reino não terrestre mas celeste. Pois todos os fiéis espa-
lhados pelo orbe comunicam com os restantes por meio do Espírito Santo, de maneira 
que «aquele que vive em Roma, sabe que os indianos são membros seus»(23),. Mas por-
que o reino de Cristo não é deste mundo (cfr. Jo. 18,36), a Igreja, ou seja o Povo de Deus, 
ao implantar este reino, não subtrai coisa alguma ao bem temporal de nenhum povo, 
mas, pelo contrário, fomenta e assume as qualidades, as riquezas, os costumes e o modo 
de ser dos povos, na medida em que são bons; e assumindo-os, purifica-os, fortalece-os 
e eleva-os. Pois lembra-se que lhe cumpre ajuntar-se com aquele rei a quem os povos 
foram dados em herança (cfr. Salm. 2,8), e para a cidade à qual levam dons e ofertas (cfr. 
Salm. 71[72], 10; Is. 60, 47; Apoc. 21,24). Este carácter de universalidade que distingue o 
Povo de Deus é dom do Senhor; por Ele a Igreja católica tende eficaz e constantemente 
à recapitulação total da humanidade com todos os seus bens sob a cabeça, Cristo, na 
unidade do Seu Espírito (24).
Em virtude desta mesma catolicidade, cada uma das partes traz às outras e a toda a Igre-
ja os seus dons particulares, de maneira que o todo e cada uma das partes aumentem 
pela comunicação mútua entre todos e pela aspiração comum à plenitude na unidade. 
Daí vem que o Povo de Deus não só se forma de elementos oriundos de diversos povos 
mas também se compõe ele mesmo de várias ordens. Existe de facto entre os seus mem-
bros diversidade, quer segundo as funções, enquanto alguns desempenham o sagrado 
ministério a favor de seus irmãos, quer segundo a condição e estado de vida, enquanto 
muitos, no estado religioso, buscando a santidade por um caminho mais estreito, esti-
mulam os irmãos com o seu exemplo. É também por isso que na comunhão eclesial exis-
tem legitimamente igrejas particulares com tradições próprias, sem detrimento do pri-
mado da cátedra de Pedro, que preside à universal assembleia da caridade (25), protege 
as legítimas diversidades e vigia para que as particularidades ajudem a unidade e de 
forma alguma a prejudiquem. Daí, finalmente, os laços de íntima união entre as diversas 
partes da Igreja, quanto às riquezas espirituais, obreiros apostólicos e ajudas materiais. 
Pois os membros do Povo de Deus são chamados a repartir entre si os bens, valendo 
para cada igreja as palavras do Apóstolo: «cada um ponha ao serviço dos outros o dom 
que recebeu, como bons administradores da multiforme graça de Deus» (1 Ped. 4,10).
112 
Todos os homens são chamados a esta unidade católica do Povo de Deus, a qual anuncia 
e promove a paz universal; a ela pertencem, de vários modos, ou a ela se ordenam, quer 
os católicos quer os outros que acreditam em Cristo quer, finalmente, todos os homens 
em geral, pela graça de Deus chamados à salvação.
Os fiéis católicos; a necessidade da Igreja
14. O sagrado Concílio volta-se primeiramente para os fiéis católicos. Fundado na Es-
critura e Tradição, ensina que esta Igreja, peregrina sobre a terra, é necessária para a 
salvação. Com efeito, só Cristo é mediador e caminho de salvação e Ele torna-Se-nos 
presente no Seu corpo, que é a Igreja; ao inculcar expressamente a necessidade da fé 
e do Baptismo (cf. Mc 16, 16; Jo 3, 15), confirmou simultaneamente a necessidade da 
Igreja, para a qual os homens entram pela porta do Baptismo. Pelo que, não se pode-
riam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por 
meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não 
querem perseverar.
São plenamente incorporados à sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o Espírito 
de Cristo, aceitam toda a sua organização e os meios de salvação nela instituídos, e que, 
pelos laços da profissão da fé, dós sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão, 
se unem, na sua estrutura visível, com Cristo, que a governa por meio do Sumo Pontífice 
e dos Bispos. Não se salva, porém, embora incorporado à Igreja, quem não persevera 
na caridade: permanecendo na Igreja pelo «corpo», não está nela com o coração (26). 
Lembrem-se, porém, todos os filhos da Igreja que a sua sublime condição não é devida 
aos méritos pessoais, mas sim à especial graça de Cristo; se a ela não corresponderem 
com os pensamentos, palavras e acções, bem longe de se salvarem, serão antes mais 
severamente julgados (27).
Os catecúmenos que, movidos pelo Espírito Santo, pedem explicitamente para serem 
incorporados na Igreja, já lhe estão unidos por esse desejo, e a mãe Igreja já os abraça 
com amor e solicitude.
Fonte: Lumen Gentium ([2018], on-line)2. 
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Introdução à eclesiologia
Salvador Pié-Ninot
Editora: Loyola
Sinopse: esta introdução à eclesiologia quer aproximar-nos do paradoxo e 
do mistério da Igreja (DE LUBAC), contribuindo para que os cristãos de hoje, 
e com eles o mundo atual, se sintam novamente atraídos pela fecundidade 
inesgotável de uma “Igreja que é mãe” e pela renovada oferta de uma “Igreja 
que é fraternidade”.
São 10 vídeos aulas sobre o Concílio Vaticano II feitos pelo Padre Libanio, ele aborda os principais 
documentos produzidos pelo Concílio, além do Contexto histórico no qual aconteceu o Concílio. O 
link trará o primeiro vídeo, depois só ir seguindo a ordem, é um riquíssimo conteúdo eclesiológico!
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=U3wcbkQ7R3w>
REFERÊNCIAS
ANTON, Angel. El misterio de la Iglesia: evolución histórica de las ideas eclesioló-
gicas: De la apologética de la Iglesia-sociedad a la teología de la Iglesia-misterio en 
el Vatican II y en el posconcilio, v. 2. Madrid-Toledo: Biblioteca de autores cristianos, 
1987.
ANTON, Angel et al. Pelos caminhos do Concílio. São Paulo: Paulinas, 1969.
BARAÚNA, G. (org.). A Igreja do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1965.
BOYLAN, E. El Cuerpo Místico. Madrid: Ediciones Rialp, 1957.
DE LUBAC, H. Meditación sobre la Iglesia. Madrid: Encuentro Ediciones, 1988.
FEINER, J.; LÖHRER, M. (orgs.). Mysterium Salutis: Compêndio de dogmática histó-
rico-salvífica: a Igreja, v. IV/2. Petrópolis: Vozes, 1975.
FORESI, P. Teologia da socialidade. 2. ed. São Paulo: Editora Cidade Nova, 1977.
FRIES, H. Modificação e evolução histórico-dogmática da imagem da Igreja. In: FEI-
NER, J.; LÖHRER, M. Mysterium salutis: Compêndio de dogmática histórico-salvífi-
ca: a Igreja, v. IV/2. Petrópolis: Vozes, 1975.
HACKMANN, G. L. B. A amada Igreja de Jesus Cristo: Manual de eclesiologia como 
comunhão orgânica. Porto Alegre: Edições PUCRS, 2003.
KEHL, M. A Igreja: uma eclesiologia católica. São Paulo: Edições Loyola, 1997.
MIDALI, M. A fisionomia renovada da Igreja. In: ANTON, Angel et al. Pelos caminhos 
do Concílio. São Paulo: Paulinas, 1969.
PENIDO, M. T-L. O Corpo Místico. Petrópolis: Vozes, 1944.
______. O mistério da Igreja. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1956.
PIÉ-NINOT, S. Introdução à Eclesiologia. 7. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
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RATZINGER, J. O novo povo de Deus. [Tradução: Clemente Raphael Mahl]. São Pau-
lo: Paulinas, 1974.
SEMMELROTH, O. A Igreja, o novo povo de Deus. [Tradução de Edmundo Binder]. In: 
BARAÚNA, G. A Igreja do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1965.
SMULDERS, P. A Igreja como sacramento de salvação. In: BARAÚNA, G. (Org.). A Igre-
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REFERÊNCIAS
115
REFERÊNCIAS ON-LINE
1Em: <http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_ 
29061943_mystici-corporis-christi.html>. Acesso em: 30 maio 2018.
2Em: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/
vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html>. Acesso em: 30 maio 2018.
GABARITOGABARITO
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Professor Dr. André Phillipe Pereira
DIREITO CANÔNICO E A 
IGREJA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender a origem e história do direito canônico.
 ■ Relacionar fiéis e o direito.
 ■ Entender as obrigações e direitos dos fiéis.
 ■ Conhecer o direito e obrigações dos clérigos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Introdução ao direito canônico
 ■ Os fiéis e o direito
 ■ Obrigações e direitos dos fiéis
 ■ Os clérigos e o direito
INTRODUÇÃO
Para uma adequada compreensão da função que compete ao direito canônico na 
formação, na qualidade de disciplina universitária, e dos problemas mais signifi-
cativos propostos pela ciência canônica em nossos dias, é útil considerar, como 
ponto de partida, três temas fundamentais.
Primeiro, é necessário notar que todo ordenamento jurídico responde a 
determinadospressupostos ideológicos e culturais que justificam, com maior 
ou menor coerência, o sentido das estruturas por ele delineadas e as respostas 
que oferece para a solução dos conflitos entre os sujeitos que integram o grupo 
social em que se encontra vigente cada sistema de direito.
Segundo, nota-se que o direito canônico atualmente em vigor foi se decan-
tando ao longo de dois milênios, durante os quais a Igreja, utilizando a técnica 
jurídica de cada momento histórico e forjando, no campo do direito, soluções 
originais que influíram decisivamente em outros ordenamentos jurídicos, foi 
remodelando suas instituições em uma trabalhosa busca de congruência entre 
sua fé e suas estruturas visíveis. Como qualquer outro ordenamento jurídico, o 
atual direito canônico não pode ser compreendido sem levar em conta sua evo-
lução histórica.
Por fim, o terceiro ponto que deve ser considerado é que é preciso ter pre-
sente que o direito canônico se desenvolve paralelamente ao direito da sociedade 
civil. O cristianismo trouxe, como uma de suas derivações teológico-políticas 
mais originais, uma visão dualista da ordem jurídica e social que implica não só 
uma aspiração de independência da Igreja em relação ao poder civil, mas tam-
bém a afirmação da autonomia do temporal, uma de cujas consequências é a 
interdependência do poder civil diante de eventuais extra limitações do poder 
eclesiástico.
Por fim, a finalidade desta unidade é apresentar uma breve introdução ao 
Direito canônico e a relação dos fiéis com o Direito bem como suas obrigações e 
deveres, quando mencionamos fiéis, lembramos sempre que falamos dos minis-
tros ordenados da Igreja bem como dos fiéis.
Introdução
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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INTRODUÇÃO AO DIREITO CANÔNICO
Caro(a) aluno(a), tendo estudando muitos pontos sobre eclesiologia ao longo da 
história e da evolução da ciência que se preocupa com a Igreja, vamos iniciar nossa 
quarta unidade. Nesta vamos conhecer os pontos principais do Código de Direito 
canônico e perceber como a Igreja se relaciona com seus fiéis e sua hierarquia.
Em sentido lato, pode-se usar a palavra lei para designar direito ou ainda 
uma norma de conduta aplicada à maioria das pessoas. Esta pretende ser ordena-
dora para uma boa vivência social e deve sempre contribuir para o bem comum.
Sabemos que a Igreja é uma grande família que é identificada, como vimos 
nas unidades anteriores, como Povo de Deus. A Igreja não é do mundo, mas está 
no mundo, conforme nos apresenta São Paulo, e, assim, foi-se desenvolvendo 
ao longo da história a partir do evento Cristo. Portanto, estando no mundo, a 
Igreja necessita suas regras e normas e estas não devem, de forma alguma, negar 
as Sagradas Escrituras, a Tradição e o magistério.
Ao falarmos do direito na e da Igreja, os conceitos que a legislam estão prin-
cipalmente fundamentados na Sagrada Escritura, especificamente no Antigo 
Testamento. De forma mais objetiva, podemos, por exemplo, citar Moisés, porém 
essas leis baseadas no Antigo Testamento são com muito cuidado alimentadas 
nos Livros dos Evangelhos. Ao longo da história do Ocidente e, claro, da Igreja, 
sobretudo seu desenvolvimento no Império Romano, as leis dos Cristãos recebe-
ram muita influência do seu contexto, construindo assim sua estrutura jurídica 
muito parecida com a do Império Romano. Assim, o Direito Canônico é a lei da 
Igreja Católica, sendo como que um conjunto das normas que regulam a vida 
da Igreja no âmbito da comunidade eclesial, diretamente relacionado sempre às 
atividades diárias dos católicos de todo o mundo.
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Pode-se afirmar, no entanto, que o Direito nasceu no interior da Igreja contextu-
alizada no Império Romano e vem até os nossos dias, mas é claro que a lei da Igreja 
está baseada na Revelação e na Tradição. Na verdade, toda a tradição jurídica e legis-
lativa da Igreja provém do direito contido nos livros do Antigo e do Novo Testamento.
Quando Moisés tirou os filhos de Israel do Egito, conduzia apenas uma massa 
humana, os israelitas de então reportavam-se vagamente às suas origens em Abraão, 
Isaac e Jacó, chamado também Israel. Não tinham, porém, nenhuma organização 
própria. Antes pelo contrário: encontravam-se em uma situação de escravidão a 
serviço do faraó.
Inicialmente, Moisés tentou resolver todos os problemas pessoalmente. Deus o 
investiria em uma missão que lhe dava autoridade indiscutível. Entretanto, a coisa 
não era fácil. O fator número e a complexidade dos problemas o deixavam exausto 
e, além do mais, provocavam descontentamentos entre a massa humana que lhe 
fora confiada.
O Sogro de Moisés, ao perceber o esgotamento por falta de regras, sugeriu que 
ele escolhesse dentre os filhos de Israel homens idôneos tementes a Deus, íntegro, 
inimigos da avareza e os pusesse à frente do povo, como chefes de mil, chefes de 
cem, chefes de cinquenta e chefes de dezenas, em outras palavras propôs ao genro 
organizar o povo.
As leis da disciplina sagrada
Movidos por este mesmo propósito e satisfazendo finalmente a expectativa de 
todo o orbe católico, determinamos neste dia, 25 de Janeiro de 1983, a publica-
ção do Código de Direito Canónico já revisto. Ao fazê-lo, o Nosso pensamento 
volta-se para o mesmo dia do ano 1959, quando o Nosso Predecessor João XXIII, 
de feliz memória, anunciou pela primeira vez ter decidido a reforma do Corpus vi-
gente das leis canónicas, que tinha sido promulgado na solenidade de Pentecos-
tes do ano 1917. VIII Código de Direito Canónico Constituição Apostólica “Sacrae 
Disciplinae Leges” IX Esta decisão da renovação do Código foi tomada com outras 
duas, das quais aquele Pontífice falou nesse mesmo dia, que se referiam à inten-
ção de realizar o Sínodo da diocese de Roma e de convocar o Concílio Ecuménico. 
Fonte: Código do Direito Canônico (1983, p. 07).
DIREITO CANÔNICO E A IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E122
Dizemos que a herança da Lei e dos Profetas do Antigo Testamento é formada 
pela história e pela experiência do Povo de Deus. No Antigo Testamento, as leis 
eram tidas como vindas de Deus, e o seu cumprimento era sinal de fidelidade à 
Aliança do Sinai. Tais leis foram educando no povo o sentido de Deus e o respeito 
pelo próximo. Mais tarde os Profetas contribuíram para o seu aprofundamento, 
despertando a responsabilidade pessoal.
A organização do povo de Israel foi-se fazendo lentamente. A primeira 
coisa para alcançar esse objetivo era distribuir as tarefas e responsabi-
lidades. Isto porém já significava que havia algo a fazer: havia metas e 
diretrizes comuns. Ao mesmo tempo em que se foram distribuindo as 
responsabilidades, elaboraram-se, pois, também as grandes normas de 
ação. Os filhos de Israel chamavam de Lei (Torah) os primeiros livros 
da Bíblia. Era a norma para a sua vida como povo de Deus.
Com o passar dos anos e dos séculos, a Lei requeria atualizações. Apa-
recem, então, também com chancela divina, os profetas. Forma-se, em 
consequência, o binômio inseparável para a vida do Antigo testamento: 
‘A Lei e os Profetas’. (GRINGS, 1986. p.13)
No Novo Testamento, o longo período sem profetas levou os Judeus e, sobre-
tudo, os fariseus, no início da era cristã, a uma interpretação formalista de uma 
legislação extremamente minuciosa, contra a qual Jesus Cristo se insurgiu, con-
trapondo à lei de Moisés a lei do Evangelho baseada no Mandamento Novo do 
amor do próximo.
Cristo assume este binômio e lhe dá uma nova perspectiva, devido às 
transgressões verificada, cria um novo Povo por meiode uma Nova 
Aliança. Estabelece como chefes os Apóstolos, e lhes confia a Nova Lei. 
Devem continuar a sua missão até o fim dos tempos: tornar discípulos 
seus todos os povos e batizá-los, constituindo-os em Povo de Deus.
Cristo tem uma missão a cumprir no mundo: estabelecer o reino de 
Deus. Neste reino há duas dimensões a destacar: uma presente: a vi-
vência por parte do Povo de Deus da mensagem de salvação ou do 
Evangelho, já neste mundo; e outra futura: a felicidade definitiva junto 
de Deus, no céu. Ambas as dimensões se compreendem sob a palavra 
salvação. A Boa Nova que Cristo veio trazer aos homens e de alegria e 
de vida plena neste e no outro mundo. (GRINGS, 1986. p.14)
A Igreja dos primeiros séculos viveu intensamente o espírito evangélico, como se 
depreende dos Atos, das Epístolas, dos Padres da Igreja e dos relatos dos martírios. 
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São Paulo ensina que a Igreja é um corpo em que todos os membros têm a sua 
função. para os cristãos a Salvação ou ainda a justificação não se obtém pela rea-
lização das obras da Lei mas sim pela realização das obras da fé, por exemplo, 
a caridade que torna a fé cristã viva e eficaz e ainda encarnada assim como o 
Verbo Eterno. As obras da fé claramente não eliminam na vida cristãa obrigato-
riedade do Decálogo, e também não nega a importância da disciplina na Igreja.
Chama-se direito canônico ao ordenamento jurídico da Igreja católica, 
vale dizer, ao conjunto de fatores que estruturam a Igreja como uma 
sociedade juridicamente organizada. Utiliza-se também a expressão 
direito canônico para fazer alusão à ciência que estuda o ordenamento 
canônico como também à disciplina que o ministra nos cursos univer-
sitários. (LOMBARDIA, 2008, p. 15).
A Igreja sendo uma comunidade formada por pessoas, com ideias, gostos, vonta-
des e ações diferentes, tem necessidade de normas, não só para que a sua estrutura 
hierárquica e orgânica se torne visível e o exercício do poder sagrado e da adminis-
tração dos Sacramentos possa ser devidamente organizado, mas também para que 
as relações mútuas dos fiéis possam ser reguladas segundo a justiça baseada na cari-
dade. Assim, como afirma Antônio Pinto Leite (1995, p.828) direito canônico “é o 
conjunto de normas jurídicas propostas, estabelecidas ou aprovadas pela autoridade 
eclesiástica competente com o fim de regular as matérias da competência da Igreja. 
A Igreja recebeu de Jesus esta incumbência: levar a salvação a todos 
os homens. Obteve por isso também os meios indispensáveis: o poder 
de ensinar, de santificar e de governar junto com uma série de dons e 
valores para administrar: uma doutrina que é revelação divina, sacra-
mentos, como sinais eficazes da graça, uma constituição fundamental a 
garantir a perenidade e a unidade deste povo.
Com este deposito em mãos a Igreja começa o seu trabalho na madru-
gada de Pentecostes. Ao ver crescer o número dos seus membros, sente 
a necessidade de organizar-se melhor, detalhar mais acuradamente as 
diversas funções e estabelecer normas para um bom entrosamento de 
todas as atividades distintas ao cumprimento de sua missão específica. 
Surge desse modo a legislação eclesiástica (GRINGS, 1986. p.14).
A lei suprema da Igreja, que impregna toda a sua legislação, é uma só; a salus anima-
rum, ouse já a salvação de todos os homens. Mais do que uma lei, este é o próprio 
objetivo de todas as leis eclesiásticas. Constitui, por isso, um pano de fundo para 
a própria interpretação da legislação da Igreja. Um segundo aspecto que se pode 
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Reprodução proibida. A
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chamar de princípio seria o da liberdade, pode parecer contraditório, mas as leis são 
criadas para favorecer o maior âmbito possível de liberdade de todos e de cada um.
O Espírito age de modo especial na hierarquia da Igreja, não somente quando esta 
exerce suas funções sacramentais, mas também quando preenche tarefas jurídi-
cas e administrativas. Não há oposição entre o elemento jurídico (institucional) 
da Igreja e a ação carismática do Espírito Santo: o Direito Canônico também é 
fruto da ação do Espírito na Igreja; ele está a serviço da caridade e da santificação 
de todos os fiéis. O mesmo Espírito que na Igreja desperta a criatividade, ins-
pira também a obediência e a submissão à lei. A ação do Espírito tende a integrar 
cada vez mais os fiéis no corpo e na estrutura visível da única Igreja de Cristo.
Portanto, ao promulgar hoje o Código, estamos plenamente cônscios de que 
este ato é expressão da autoridade Pontifícia, e por isso se reveste de um ca-
rácter primacial. Mas estamos de igual modo cônscios de que este Código, no 
que diz respeito à matéria, manifesta em si a solicitude colegial pela Igreja por 
parte de todos os Nossos Irmãos no Episcopado; além disso, por certa analogia 
com o Concílio, o mesmo Código deve ser considerado como o fruto de uma 
colaboração colegial, que surgiu de energias da parte de homens e instituições 
especializadas que, em toda a Igreja, se uniram num todo. Surge agora uma 
outra questão sobre a natureza do próprio Código de Direito Canónico. Para 
responder devidamente a esta pergunta, é preciso recordar o antigo patrimô-
nio de direito contido nos livros do Antigo e do Novo Testamento, de onde pro-
vém, como da sua primeira fonte, toda a tradição jurídica e legislativa da Igreja. 
Fonte: Código do Direito Canônico (1983, p. 11).
A força do direito deve superar o direito da força.
(Rui Barbosa)
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OS FIÉIS E O DIREITO
O Concílio Vaticano II, definindo a Igreja como povo de Deus, operou uma pro-
funda revalorização do significado da pertença de tal povo. Colocou em plena 
luz o status de fiel que é comum a todos os batizados, inclusive a hierarquia que 
no direito são chamados clérigos e os não ordenados chamam-se leigos. Este 
status, identificando-se com a própria pertença à Igreja, constitui o pressuposto 
necessário de toda posição eclesial mais específica, conexa ao exercício de uma 
determinada função ou à prática de um determinado estado de vida.
O segundo livro do código de Direito canônico é o que mais direta-
mente retrata o Concílio vaticano II. O próprio título ‘Povo de Deus’ é 
extraído da Constituição dogmática ‘Lumen Gentium’. Muitos cânones 
praticamente nada mais são que transcrição do documento conciliar. A 
grande novidade, além de todo o conteúdo, é a inversão da elaboração 
do tema. Não se inicia mais, como se fazia no passado, de cima, mas 
debaixo. Na base estão todos os fiéis e, entre estes, os leigos ocupam, 
pelos menos numericamente, o primeiro lugar.
Todo este livro pode ser sintetizado à luz de um duplo princípio funda-
mental: 1) a comunhão eclesial e 2) a exigência da funcionalidade pas-
toral. Na luz destes princípios, devem ser entendidos os 542 cânones 
que compõem este livro.
A primeira noção, que se encontra na base do Povo de Deus, é a dos 
‘Fiéis católicos’. O Código a exprime com a palavra ‘Christifideles’: Fiéis 
cristãos. Vem apresentados como aqueles que, incorporados em Cristo 
mediante o batismo, constituídos Povo de Deus e, em consequência, 
participantes da missão sacerdotal, profética e real de cristo, são cha-
mados a exercer a missão que Deus confiou à sua Igreja, neste mundo. 
Alguém está em plena comunhão com a Igreja Católica quando está in-
tegrado em Cristo por meio do tríplice vínculo: da profissão da mesma 
fé, dos sacramentos e do governo eclesiástico. (GRINGS, 1986, p. 51).
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O Código do Direito Canônicotem sua importância, a sua última edição traz 
uma clara relação com os apontamentos do Concílio Vaticano II e não pode-
ria ser diferente, pois, são os Concílios Ecumênicos que dão o direcionamento 
no pensamento católico, e isto o Código apresenta bem, ou seja, está em plena 
comunhão com o pensamento da Igreja na atualidade.
Para compreender a força desta inovação é necessário recordar que, antes do vati-
cano II, a sociedade eclesiástica era descrita prevalentemente como composta, 
por direito divino, de categorias de sujeitos claramente distintos e desiguais. Isto 
se dava por causa de uma concepção eclesiológica que exaltava o papel da auto-
ridade, a ponto de colocar na sombra a realidade global da comunidade cristã, e 
acentuava a diferença entre vários níveis hierárquicos, a ponto de ofuscar a con-
dição comum de todos os batizados.
Cân. 204 — § l. Fiéis são aqueles que, por terem sido incorporados em Cristo 
pelo batismo, foram constituídos em povo de Deus e por este motivo se 
tornaram a seu modo participantes do múnus sacerdotal, profético e real de 
Cristo e, segundo a própria condição, são chamados a exercer a missão que 
Deus confiou à Igreja para esta realizar no mundo. § 2. Esta Igreja, constitu-
ída e ordenada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja Católica, 
governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.
Cân. 206 — § 1. Estão ligados à Igreja, de modo especial, os catecúmenos, 
isto é, aqueles que, por moção do Espírito Santo, com vontade explícita an-
seiam por ser nela incorporados, e graças a esse desejo, assim como pela 
vida de fé, esperança e caridade que levam, se unem à Igreja, que já os trata 
como seus. § 2. A Igreja tem especial solicitude para com os catecúmenos, 
pois ao convidá-los a viver segundo o Evangelho e ao introduzi-los na cele-
bração dos ritos sagrados, concede-lhes várias prerrogativas, que são pró-
prias dos cristãos.
Fonte: Código do Direito Canônico (1983, p.120).
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O Livro II do código trata extensivamente do Povo de Deus. Prin-
cipia com as normas sobre os fiéis cristãos, isto é, ‘aqueles que, por 
terem sido incorporados em Cristo pelo batismo, foram constituídos 
em povo de Deus, (...) e, segundo a própria condição, são chamados a 
exercer a missão que Deus confiou à Igreja para esta realizar no mun-
do’ (c.204 – 1)
A condição de fiel adquire-se pelo batismo, o catecumenato, que embo-
ra não pertença ainda à Igreja, mas se prepara para nela entrar, recebe 
já algumas prerrogativas próprias dos cristãos. Ser plenamente católico 
exige que se mantenham os vínculos de unidade na profissão da fé, dos 
sacramentos e da disciplina eclesiástica.
O Cânon 207 expõe a diversidade de fiéis existente na Igreja. Por um 
lado, por instituição divina, há alguns fiéis que são ministros sagrados, 
também chamados, clérigos; os outros fiéis designam-se leigos. Por ou-
tro lado, fiéis de ambos os grupos (clérigos e leigos) podem professar 
os conselhos evangélicos, mediante votos ou outros vínculos sagrados, 
reconhecidos e sancionados pela Igreja, constituindo o que se designa 
por vida consagrada (própria dos Institutos religiosos e dos Institutos 
seculares).
Ainda como a distinção entre clérigos e leigos é de instituição divina 
(de direito divino) a vida consagrada é de instituição meramente 
eclesiástica (de direito humano eclesiástico). (TOURNEAU, 1998, 
p. 27).
Esta é uma concepção decididamente superada pelo Concílio Vaticano II que, 
mesmo reforçando o valor da hierarquia, reconhece nela uma função específica 
da Igreja que não pode de nenhum modo, esgotar sua missão e seu significado. 
Em especial, os clérigos e os leigos não constituem duas classes separadas, mas 
são estreitamente ligados entre si. Enquanto os ministros sagrados estão a ser-
viço dos outros batizados que são chamados a uma colaboração ativa, todos 
os fiéis, no exercício das diversas funções que lhe são confiadas, contribuem, 
eficazmente para manifestar e incrementar a unidade do povo de Deus. “A dis-
tinção entre clérigos e leigos é, pois, de caráter exclusivamente funcional que 
nada acrescenta ou diminui à dignidade e à liberdade comum a todos os mem-
bros da Igreja” (FELICIANI, 1994, p. 134).
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IVU N I D A D E128
Esta mudança de perspectiva, que privilegia o elemento social e comunitário sobre 
o hierárquico e autoritativo, foi certamente favorecida pela consciência democrá-
tica contemporânea, sendo uma redescoberta, preparada por dezenas de estudos.
OBRIGAÇÕES E DIREITOS DOS FIÉIS
Enquanto o Código de 1917 só regulava as obrigações e direitos dos clérigos e dos 
religiosos, o novo código dedica muita atenção aos de todos os fiéis, quer sejam 
clérigos, pessoas de vida consagradas ou leigos. O Código sublinha a substancial 
igualdade e dignidade existente entre todos os fiéis pela sua regeneração no batismo, 
pelo qual “todos eles cooperam para a edificação do Corpo de Cristo, segundo a 
condição e a função próprias de cada um” conforme o cânon 208 (1983, p. 121).
O código de direito canônico de 1983 procura dar um especial realce à po-
sição dos leigos na Igreja. De fato, principalmente a partir de Pio IX e Pio 
X, os leigos haviam ficado num lugar muito modesto na Igreja. Não mais 
chegava a ter uma fisionomia própria. Eram definidos de modo negativo, 
como aqueles que não são clérigos. Com isso se firmava uma concepção 
eclesiástica prevalentemente clerical, o que, evidentemente, não corres-
ponde à verdade, nem à história da Igreja, onde os leigos tiveram, prin-
cipalmente no regime de Cristandade, uma importância vezes decisiva.
Cân. 207 — § l. Por instituição divina, entre os fiéis existem os ministros sa-
grados, que no direito se chamam também clérigos; os outros fiéis também 
se designam por leigos. § 2. De ambos estes grupos existem fiéis que, pela 
profissão dos conselhos evangélicos por meio dos votos ou outros vínculos 
sagrados, reconhecidos e sancionados pela Igreja, se consagram a Deus de 
modo peculiar, e contribuem para a missão salvífica da Igreja; cujo estado, 
embora não diga respeito à estrutura hierárquica da Igreja, pertence contu-
do à sua vida e santidade.
Fonte: Código do Direito Canônico (1983, p. 121).
Obrigações e Direitos dos Fiéis
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Depois de declarar a igualdade fundamental de todos os fiéis, o Código 
passa à consideração dos leigos. Além da importância estatístico-so-
ciológica — são indubitavelmente a larguíssima maioria na Igreja — 
os leigos se caracterizaram também por uma condição constitucional 
própria, que está na origem de sua função específica na Igreja. Situando 
o tema do leigo na base do Povo de Deus, o código visa evitar uma 
perspectiva prevalentemente clerical, bem como precaver-se de uma 
interpretação exclusivamente secularizada, serve-se, ao invés, de uma 
matriz de totalidade, dentro dos dados de que a Igreja dispõe acerca do 
caráter clerical (GRINGS, 1986, p. 54).
Disso surgem mútuos direitos e obrigações de comunhão com a Igreja entre todos 
os fiéis. Assim, os fiéis devem colaborar com os seus pastores com a sua obediên-
cia, confiança e ciência, e os pastores com os fiéis que têm direito a receber dos 
primeiros, como relata o cânon 213, “os auxílios hauridos dos bens espirituais da 
Igreja, sobretudo da palavra de Deus e dos sacramentos”, do modo e na medida 
necessários para que cada um possa viver plenamente a sua própria vocação.
Acerca das relações com a hierarquia afirma-se, preliminarmente, o 
dever dos fiéis de seguir, com obediência cristã e na consciência da 
própria responsabilidade, quando os sagrados pastores ensinam comomestres da fé ou estabelecem como guias da comunidade. Ao mesmo 
tempo, salienta-se a necessidade de um relacionamento que seja verda-
deiramente dialógico e não marcado pela passividade ou mera submis-
são. De fato, não só se afirma a liberdade de manifestar as exigências 
pessoais, sobretudo espirituais, como também as reconhece o direito, 
que pode tornar-se um deve, de levar ao conhecimento dos pastores, 
segundo a própria ciência, competência e prestígio, opiniões casuais 
atinentes ao bem da Igreja, e de torná-las conhecida aos outros fiéis, 
mesmo tendo de respeitar uma série de rigorosas condições. Neste 
contexto, são enunciados, também direitos mais precisos como o de 
prestar culto a Deus segundo as prescrições legítimas do próprio rito, a 
seguir a própria forma de vida espiritual, desde que seja consoante com 
a doutrina da Igreja, a receber uma educação cristã que permita alcan-
çar a maturidade humana e conhecer como também viver o mistério da 
salvação (FELICIANI, 1994, p. 141).
Compreende-se, portanto, que todos têm o direito de tributar culto a Deus de 
acordo com o próprio rito e de seguir a espiritualidade que mais convenha a 
cada um; todos tem a obrigação de ajudar a Igreja nas necessidades do culto 
divino, do apostolado, da caridade e da honesta sustentação dos ministros sagra-
dos, e todo têm o dever de promover a justiça social e de ajudar os pobres com 
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IVU N I D A D E130
os seus bens, de ser fiel à Palavra de Deus, de aderir ao magistério autêntico da 
Igreja, de conservar íntegra a fé, de a professar abertamente e fazer que fruti-
fique em obras.
Se não fosse assim, a Igreja seria marcada por uma falta grandiosa em seu 
seio, vejamos a afirmação:
[...] ausência da atuação do ministério específico dos leigos dá a im-
pressão de uma igreja desligada da realidade. Esta propõe os grandes 
princípios e faz pronunciamentos que depois não é capaz de atuar. Mas 
este, mormente no plano político, é o terreno específico dos leigos e não 
do clero. Onde o clero se pronuncia sobre assuntos que competem aos 
leigos, estes se omitem, escorando-se passivamente nos ombros cleri-
cais. Portanto, quando se pergunto sobre o que a Igreja faz no campo do 
bem comum, é preciso devolver a questão aos leigos.
O ministério dos leigos radica-se no tríplice ministério de Cristo: par-
ticipam do caráter profético, como testemunhas de Cristo, na união de 
sua vida cristã com a vida temporal; participam da realeza de Cristo, 
empenhados como estão na extensão de seu reino, na santificação das 
coisas e das estruturas humanas, na integração da cultura na vida reli-
giosa; participam do sacerdócio de Cristo, pela obrigação de levar uma 
vida santa, de consagrar o mundo pelo trabalho e, às vezes em circuns-
tâncias especiais, de substituir os ministros sagrados, numa palavra, o 
ministério dos leigos abrange a ordem espiritual, pelo dever de salva-
ção e santificação do mundo; e a ordem temporal, para sua restauração 
constante em Cristo. (GRINGS, 1986, p. 55).
A importância em se valorizar a missão de leigos e leigas desta maneira e obter 
uma nova concepção dos ministérios diz respeito ao caráter insubstituível da 
sua missão. Leigos e leigas passam a ser sinais e testemunhas de Cristo em luga-
res onde a Igreja não alcança e não atinge. É como fermento na massa, nessa 
real situação em que estamos vivendo a igreja não pode mais sobreviver por si 
mesma nem fechar-se no interior de seus prédios. Ao contrário, ela precisa atin-
gir o mundo e, ao mesmo tempo, ser atingida por ele.
Enfim, é oportuno observar que, porquanto concerne aos deveres dos fiéis, o 
código apresenta a obrigação da colaboração financeira com a missão da Igreja, 
da promoção da justiça social e de socorrer os pobres, missão esta que o próprio 
Senhor deu aos seus seguidores.
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OS CLÉRIGOS E O DIREITO
São Ministros sagrados os fiéis que receberam algum dos três graus do sacra-
mento da ordem sagrada: diaconato, presbiterado e episcopado. O episcopado é 
a plenitude do sacerdócio, e somente os bispos podem ordenar sacerdotes e diá-
conos. O código recorda que toda a comunidade cristã deve preocupar-se com 
as vocações, especialmente as famílias cristãs, os educadores e, de modo parti-
cular, os sacerdotes e os bispos.
Todo o clérigo tem de estar incardinado a uma Igreja particular, ou seja, 
todos devem estar inseridos em uma diocese ou Arquidiocese sob a ordem de 
um Bispo, ou ainda, no caso de clérigos, fazer parte de congregações religiosas 
sob a obediência de um superior geral. Não é permitido, portanto, existir cléri-
gos vagos ou acéfalos, ou seja, sem vinculação de incardinação.
Na Igreja ocupa, por instituição divina, um lugar especial o ministério 
sagrado, exercido por aqueles que receberam o sacramento da Ordem. 
Juridicamente constitui o estado clerical, que se caracteriza pela estabi-
lidade, publicidade e reconhecimento oficial. A base é pois sacramen-
tal. Mediante e consagração, efetuada pelo sacramento da Ordem — 
nos três graus do diaconato, presbiterato e episcopado — que funda a 
estrutura constitucional da igreja, o fiel adquire o sacro poder de agir 
na pessoa de Cristo, emprestando-lhe a voz, as mãos e a própria pessoa.
Teologicamente se fala de um caráter que vem impresso na pessoa do 
ordenando. Juridicamente ele é posto numa situação nova, original 
e definitiva, com a determinação de uma qualificação existencial de 
serviço na Igreja. A Carta aos Hebreus diz que o pontífice é alguém 
escolhido dentre os homens e constituído a favor dos mesmos, como 
mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, Psicologicamente deve 
sentir-se e ser entre os homens um profissional da fé, um especialista de 
Deus, um mestre de oração, um modelo de penitência, um homem de 
comunhão e um modelo transparente de Cristo (GRINGS, 1986, p. 57).
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IVU N I D A D E132
Da sua destinação ao ensino, à santificação e ao governo do povo de Deus, 
deriva, para os ministros sagrados, uma série de direitos e deveres que consti-
tuem o seu status pessoal.
Antes de tudo, os clérigos, no momento mesmo em que recebem o diaconato, 
são incardinados em uma determinada Igreja particular ou em um determinado 
Instituto de vida consagrada ou Sociedade de vida apostólica, a cuja autoridade 
devem obediência e reverência, aceitando e desempenhando os encargos que 
lhe são confiados.
Entre os principais deveres evidenciados pelo decreto Presbiterorum 
Ordinis e reafirmados pelo Código, o principal é o de tender à per-
feição da vida pessoal, desenvolvendo fiel e constantemente o próprio 
ministério e valendo-se, sobretudo, do auxílio da Sagrada escritura e 
da Eucaristia. Para este fim, é estabelecida, entre outras, a obrigação 
específica de rezar diariamente o Ofício divino, composto de partes ti-
radas do Antigo e do Novo Testamento e de outros textos da literatura 
eclesiástica, e dedicar-se periodicamente ao retiro espiritual.
Ademais, os clérigos devem aprofundar o estudo das ciências sagradas, 
seguindo a doutrina comumente recebida pela Igreja e proposta pelo 
magistério, servindo-se dos instrumentos instituídos para este fim, sem 
descuidar das outras disciplinas úteis ao desempenho do ministério 
pastoral (FELICIANI, 1994. p. 152).
Além do exposto, os clérigos devem usar também a veste eclesiástica segundo 
as normas do direito particular e abster-se de todas as profissões, atividades 
e comportamentos que resultem incompatíveis ou mesmo pouco adequados 
ao seu estado. Em especial, não podem aceitar cargos públicos que importem 
participação no exercício do poder 
civil, nem, de regra, tomar parte ativa 
nos partidospolíticos e na direção de 
associações sindicais, nem alistar-se 
voluntariamente no Exército. É, ao 
contrário, tarefa sua trabalhar sempre 
e com todas as forças para que entre os 
seres humanos se mantenha uma paz 
e uma concórdia fundada na justiça.
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Cân. 241 — § 1. O Bispo diocesano só admita ao seminário maior 
aqueles que, pelos seus dotes humanos e morais, espirituais e intelec-
tuais, saúde física e psíquica, e ainda pela vontade reta, sejam julgados 
aptos para se dedicarem perpetuamente aos ministérios sagrados. § 2. 
Antes da admissão, os alunos devem apresentar certidão de baptismo 
e confirmação e os outros documentos que sejam requeridos segundo 
as prescrições das Normas para a formação sacerdotal. Cân. 242 — § 
1. Em cada país haja Normas para a formação sacerdotal estabelecidas 
pela Conferência episcopal, tendo em conta as normas dadas pela su-
prema autoridade da Igreja; aquelas Normas devem ser aprovadas pela 
Santa Sé, e ir-se acomodando às circunstâncias, também com aprova-
ção da Santa Sé, e nelas definam-se os princípios mais importantes e 
as orientações gerais para a formação do povo de Deus a ministrar no 
seminário, adaptadas às necessidades pastorais de cada região ou pro-
víncia (Código do Direito Canônico, 1983, p. 135)
Aos clérigos, reconhecem-se dois direitos subjetivos, particularmente signifi-
cativos em nosso tempo: o direito a uma adequada remuneração e o direito de 
associação. Quanto ao primeiro:
[...] supera-se o sistema beneficiário, ao qual se ligava, antigamente os 
cargos eclesiásticos. Passa-se decididamente para o sistema atualiza-
do da retribuição, com todos os demais direitos inerentes de férias, de 
previdência e assistência sociais, note-se porém, o espírito que deve 
animar todo o sistema. Justiça sem dúvida. Mas não para enriquecer. 
Insiste no teor de vida simples (GRINGS, 1986, p. 58).
Quanto ao segundo:
garante-se ao clérigo o direito de associação, particularmente no senti-
do de estimular a santidade e favorecer a unidade. Adverte-se, porém, 
que não participem de associações cuja atividade não seja compatível 
com o estado clerical. Aqui entra particularmente a relação com a polí-
tica (GRINGS, 1986, p. 59).
Caro(a) aluno(a), finalizamos esta unidade que nos apresentou uma introdução 
ao estudo do Direito canônico e as relações dos fiéis com o direito, lembrando 
que, ao falarmos de fiéis, nos vem à mente o conceito de Povo de Deus, ou seja, 
hierarquia e fiéis leigos, todos eles no fim são fiéis da Igreja e são contemplado 
pelo Código de direito canônico. Em relação à organização interna da Igreja do 
direito, veremos na próxima unidade. Bons estudos.
DIREITO CANÔNICO E A IGREJA
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IVU N I D A D E134
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito Canônico nasceu com a Igreja primitiva e desenvolveu-se à medida que 
se foi manifestando a necessidade de dizer o que era correto ou justo nas relações 
da vida eclesiástica. Não podemos apresentar, nem mesmo sucintamente, o seu 
processo histórico, mencionamos apenas a aparição sucessiva de compilações de 
normas jurídicas emanadas por diversos concílios da antiguidade e de coleções 
que reúnem decisões de concílios, normas dos papas e textos de padres da Igreja, 
até chegar a constituição de um único corpo legislativo para toda a Igreja Católica, 
o Corpo do Direito canônico, que esteve em vigor até 1917, ano em que o Papa 
Pio X promulgou o primeiro código, no sentido moderno de direito canônico.
Concluímos afirmando que todo o direito canônico se encontra recolhido no 
código. Contudo, existem matérias, como liturgia, eleição do novo Papa e tudo 
quanto se refere às canonizações e beatificações, que são, por sua vez, reguladas 
por normas independentes. Por outro lado, também não pertencem ao código 
as leis promulgadas pelos bispos, pelas conferências episcopais, pelos concílios 
e pelos sínodos particulares.
Assim, entende-se que direito canônico é o direito da Igreja Católica, o termo 
canônico vem de cânon palavra grega que significa norma, os princípios funda-
mentais desse direito foram definitivamente fixados com a morte do último dos 
Apóstolos. Esses princípios baseiam-se na revelação de Deus e mostram a von-
tade de Deus enquanto legislador supremo: por isso são chamados princípios 
de direito divino. Informam toda a organização e realização da Igreja Católica, 
sociedade de crentes cujo bem comum consiste em que todos os homens de 
todos os lugares e tempos sejam santos, participantes da mesma santidade de 
Deus. O direito canônico apresenta-se, portanto, como um direito de essência 
puramente religiosa.
135 
1. Em relação ao direito da Igreja, os preceitos que a regem estão fundamentados 
no Antigo Testamento, sobretudo em Moisés, mas são regras sempre fortaleci-
das pelos Santos Evangelhos. Depois, porque se desenvolveu no Império Ro-
mano, a estrutura da Igreja e os seus preceitos jurídicos receberam a influência 
da própria estrutura constitucional do Império. Com base nos estudos de direi-
to canônico, assinale a alternativa correta:
a) O Direito Canônico não é a lei da Igreja Católica, o conjunto das normas que 
regulam a vida na comunidade eclesial, diretamente relacionado ao dia a 
dia dos católicos de todo o mundo.
b) O Direito Canônico é a lei da Igreja Católica, o conjunto das normas que re-
gulam a vida apenas da hierarquia da Igreja, diretamente relacionado ao dia 
a dia dos católicos de todo o mundo.
c) O Direito Canônico é a lei da Igreja Católica, o conjunto das normas que re-
gulam a vida na comunidade eclesial, diretamente relacionado ao dia a dia 
dos católicos de todo o mundo.
d) O Direito Canônico é a lei da Igreja Católica, o conjunto das normas que re-
gulam a vida na comunidade eclesial, diretamente relacionado ao dia a dia 
da hierarquia eclesiástica.
e) Nenhuma das alternativas anteriores estão corretas.
2. A herança da Lei e dos Profetas do Antigo Testamento é formada pela história 
e pela experiência do Povo de Deus. No Antigo Testamento, as leis eram tidas 
como vindas de Deus e o seu cumprimento era sinal de fidelidade à Aliança 
do Sinai. Tais leis foram educando no povo o sentido de Deus e o respeito pelo 
próximo. Mais tarde os Profetas contribuíram para o seu aprofundamento, des-
pertando a responsabilidade pessoal. Assinale a alternativa correta.
a) A lei da Igreja se fundamenta também na Bíblia.
b) A lei da Igreja não tem base bíblica.
c) A lei da Igreja é apenas uma norma que necessariamente não precisa ser 
seguida.
d) A lei da Igreja não é para todos os católicos.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
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3. Colocou em plena luz o status de fiel que é comum a todos os batizados, in-
clusive a hierarquia que no direito são chamados clérigos e os não ordenados 
chamam-se leigos. Este status, identificando-se com a própria pertença à Igre-
ja, constitui o pressuposto necessário de toda posição eclesial mais específica, 
conexa ao exercício de uma determinada função ou à prática de um determi-
nado estado de vida. Com base no texto, analise as afirmações:
I. Apenas é fiel a pessoa batizada, mas não ordenada.
II. Todos os batizados na Igreja são fiéis.
III. Os padres, diáconos e bispos também são fiéis.
IV. A Hierarquia não é fiel da Igreja pois, é ordenada.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
4. A importância em se valorizar a missão de leigos e leigas desta maneira e obter 
uma nova concepção dos ministérios diz respeito ao caráter insubstituível da 
sua missão. Assinale V para as questões verdadeiras e F para as questões falsas.
( ) Os leigos só recebemcatequese e não participam da missão da Igreja.
( ) Todos os fiéis participam da missão da Igreja.
( ) Todos os fiéis têm o direito e o dever com a caridade.
( ) Todos os fiéis têm o direito e o dever de prestar culto a Deus.
( ) Só os leigos participam da missão da Igreja.
137 
5. O código recorda que toda a comunidade cristã deve preocupar-se com as vo-
cações, especialmente, as famílias cristãs, os educadores e, de modo particular, 
os sacerdotes e os bispos. Com base no direito dos clérigos, assinale a alterna-
tiva correta:
a) Todos os fiéis são ministros sagrados.
b) Um diácono não é ministro sagrado.
c) Somente um bispo é ministro sagrado.
d) Todos os que recebem o sacramento da ordem em um dos graus (diaconato, 
presbiterado e episcopado) são ministros sagrados.
e) Nenhuma das alternativa anteriores está correta.
138 
Os Leigos no Novo Direito Canônico – EB (Parte 1)
Em síntese: Verifica-se que aos leigos toca o direito-dever de anunciar o Evangelho. Por 
isso são delegados para atividades apostólicas em virtude da sua participação na mis-
são da Igreja decorrente do Batismo e da Crisma. Além disso, os leigos são chamados a 
impregnar a ordem temporal com o espírito evangélico, dando o testemunho cristão no 
exercício das suas funções seculares.
Os leigos casados edificam, pela sua vivência matrimonial e pela educação dos filhos, o povo 
de Deus e, de modo geral, a sociedade civil. Além disto, os leigos – homens e mulheres – 
podem ser chamados a exercer na Igreja funções e ministérios para os quais estejam aptos. 
Somente os homens são incumbidos do leitorado e do acolitado estáveis e institucionais, 
ao passo que às mulheres podem ser confiados ministérios temporários e extraordinários.
Estes dados manifestam o papel relevante que o leigo desempenha na Igreja, fazendo 
parte da mesma comunhão eclesiástica em que estão inseridos os clérigos.
O novo Código de Direito Canônico, cuja Eclesiologia está fundada sobre a Constituição 
Lumen Gentium (LG) do Concílio do Vaticano II, deu grande ênfase aos leigos na Igreja. 
Estes são considerados no livro II, intitulado “Do Povo de Deus”.
O livro II se divide em três partes: 1) Dos Fiéis em geral; 2) Da Constituição Hierárquica da 
Igreja; 3) Dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
As funções dos leigos são analisadas na Parte I (Dos Fiéis). Esta consta de quatro cânones 
introdutórios (cânones 204-207) e de cinco títulos: a) Deveres e Direitos de todos os Fiéis 
(cân. 208-223); b) Deveres e Direitos dos Fiéis Leigos (cân. 224-231); c) Ministros Sagra-
dos ou Clérigos (cânones 232-293); d) Prelazias Pessoais (cân. 294-297); e) Associações 
de Fiéis (cân. 298-329).
Interessa-nos, nas páginas seguintes, apresentar o conteúdo dos cânones introdutórios 
da Parte I e o dos dois primeiros títulos referentes respectivamente aos fiéis em geral e 
aos leigos em particular.
1. A Igreja, comunhão de membros iguais e desiguais (cân. 204-207) Eis o teor do cânon 
204, § 1º: “Fiéis são os que, incorporados a Cristo pelo batismo, foram constituídos como 
povo de Deus e, assim, feitos participantes, a seu modo da função sacerdotal, profética 
e régia de Cristo, são chamados a exercer, segundo a condição própria de cada um, a 
missão que Deus confiou para a Igreja cumprir no mundo”.
Note-se que nestes dizeres é afirmada a igualdade básica de todos os membros da Igreja 
entre si, igualdade decorrente do fato de que foram incorporados a Cristo pelo sacra-
mento do batismo, a fim de formar um único povo de Deus. Dentro dessa igualdade 
fundamental, porém, registra-se uma desigualdade de funções; cada qual, a seu modo 
e segundo a sua vocação pessoal, participa das funções sacerdotal, profética e régia de 
Cristo; há, pois, diversos modos de colaborar para a implantação e a consumação do 
reino de Cristo na terra (…).
139 
Esta verdade é repetida pelo cânon 208, o primeiro que trata dos deveres e direitos de 
todos os fiéis:
“Entre todos os fiéis, pela sua regeneração em Cristo, vigora no que se refere à dignidade 
e atividade, uma verdadeira igualdade, pela qual todos, segundo a condição e os ofícios 
próprios de cada um, cooperam na construção do Corpo de Cristo”.
É sobre o fato de que há desigualdade de funções na Igreja que se fundamenta a exis-
tência de uma hierarquia ou de um grupo de fiéis aos quais Deus quis confiar, de modo 
especial, o ministério sacerdotal de Cristo. Assim a Igreja é uma comunhão hierárquica.
Os cânones 204 § 1º e 208 têm enorme importância pelo fato de que indicam os crité-
rios para se avaliarem as diferenças de funções na Igreja. Dizem-nos, sim, que estas são 
encargos, tarefas e responsabilidades para o serviço dos irmãos, e não títulos de vã gló-
ria. Muito a propósito vêm as palavras de Santo Agostinho citadas em Lumen Gentium 
(Constituição Luz dos povos) nº 32: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que 
sou convosco. Pois para vós sou bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto, 
uma graça. O primeiro é um perigo; o segundo, salvação” (serm. 340,1).
O cânon 207, o último dos introdutórios, explicita a estrutura fundamental da Igreja. O 
primeiro parágrafo afirma que, por instituição divina, existem na Igreja ministros sagra-
dos ou clérigos e leigos. O § 2 acrescenta que em ambos os estados –o clerical e o laical 
– se encontram pessoas consagradas a deus pelos votos ou votos vínculos reconhecidos 
pela Igreja; esta observação realça, ao lado do aspecto jurídico, hierárquico e institu-
cional da Igreja, o aspecto carismático da mesma, pois a vida consagrada pelos votos 
religiosos é um dos frutos mais belos da imprevisível ação do Espírito. Dado que o caris-
ma da Vida Religiosa se exerce tanto entre os clérigos como entre os leigos, verifica-se 
que não há tensão entre clérigos e leigos; uma comunhão de vida e um relacionamento 
fraterno se estabelecem entre aqueles e estes independentemente da sua posição hie-
rárquica. A própria hierarquia da Igreja, com seu caráter institucional e estável, é fruto 
do Espírito Santo. O direito não tem outra missão que não a de reconhecer a riqueza 
dos dons do espírito e determinar as condições para que se possam exercer em vista do 
bem comum.
Fonte: Aquino (2010, on-line)1. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Código do Direito Canônico
Documento da Igreja
Editora: Loyola
Sinopse: o livro ‘Código de Direito Canônico’ trata do texto promulgado por 
João Paulo II em 25 de janeiro de 1983, traduzido pela Conferência Nacional 
dos Bispos do Brasil (CNBB). O ‘Código de Direito Canônico’ é um documento 
legislativo da Igreja e tem o objetivo de tornar visível sua estrutura hierárquica 
e orgânica.
O site Cleofas do professor Felipe Aquino tem vários textos publicados sobre o direito Canônico, 
são textos de acesso gratuito, de fácil entendimento e de rico conteúdo. Os temas são abordados 
de forma fácil de serem compreendidos.
Web: <http://cleofas.com.br//?s=direito+canonico>.
REFERÊNCIAS
CÓDIGO DO DIREITO CANÔNICO. São Paulo: Loyola,1983.
FELICIANI, G. As bases do direito da Igreja. Comentários ao Código de Direito Ca-
nônico. São Paulo: Paulinas, 1994.
GRINGS, D. A Ortopráxis da Igreja. O direito Canônico a serviço da Pastoral. Apare-
cida: Santuário, 1986.
LEITE, A. P. Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa: Editorial Verbo, 1995
LOMBARDIA, P. Lições de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 2008.
TOURNEAU, D. O Direito da Igreja. Iniciação ao direito Canónico. Lisboa: Diel, 1998.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1Em: <http://cleofas.com.br/os-leigos-no-novo-direito-canonico-eb-parte-1/>. Aces-
so em: 01 jun. 2018.
141
GABARITO
1. C.
2. A.
3. B.
4. F, V, V, V, F.
5. D.
GABARITO
U
N
ID
A
D
E V
Professor Dr. André Phillipe Pereira
DIREITO CANÔNICO 
E A ESTRUTURAÇÃO 
HIERÁRQUICA DA IGREJA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Entender a autoridade da Igreja.
 ■ Compreender a relação das Igrejas Particulares com a Igreja Católica.
 ■ Compreender a organização interna das Igrejas Particulares.■ Conhecer os Institutos e a vida consagrada e sua relação com a Igreja.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A suprema autoridade da Igreja na eclesiologia conciliar
 ■ As Igrejas Particulares
 ■ A organização interna das Igrejas Particulares
 ■ Institutos e a vida consagrada
INTRODUÇÃO
A Igreja que se plenifica em Jesus Cristo, o Verbo encarnado, espalhada por toda 
a terra e integrada pelo conjunto de todos os fiéis, constitui a Igreja Universal, 
ou simplesmente a Igreja. Nesta, alguns fiéis exercem a função de governo de 
outros fiéis.
A autoridade suprema da Igreja, por vontade divina, reside no Papa e no colé-
gio episcopal. O Papa é a cabeça do Colégio episcopal, mas o ministério pontifício 
é o único que goza de sucessão pessoal direta, no caso, de São Pedro Apóstolo, 
enquanto que todos os outros bispos da Igreja gozam da sucessão enquanto colé-
gio. Assim, o Papa sucede o Apóstolo Pedro imediatamente, enquanto que todos 
os outros bispos enquanto formam um colégio, o colégio episcopal, sucedem o 
grupo dos apóstolos.
O Papa tem poder supremo, pleno, imediato e universal em toda a Igreja, 
que pode sempre exercer livremente. Tem também esse poder sobre todas e cada 
uma das Igrejas particulares, deste modo, fortalece e defende o poder ordinário 
e imediato dos bispos sobre a sua própria Igreja particular. Assim, o Romano 
Pontífice está sempre em plena comunhão com os outros bispos e com toda a 
Igreja, exercendo sua função para o bem comum do conjunto, sendo para a Igreja 
um ponto de unidade.
O colégio episcopal exerce seu poder sobre toda a Igreja, primeiro de um 
modo solene reunido em concílio ecumênico, e também pela ação dos bispos 
dispersos pelo mundo, que como tal tenha sido solicitada ou livremente aceita 
pelo Romano Pontífice.
As Igrejas particulares constituem o primeiro anel da dimensão ordinária 
da Igreja. Apoiando-se na definição do Vaticano II. Elas são manifestações da 
Igreja universal, ou seja, da Igreja Católica. Constituem uma comunidade de 
pessoas que participam dos mesmos sacramentos e que se encontram unidas 
pelos laços da comunhão com o seu pastor, constituindo, por isso, uma porção 
do povo de Deus.
Introdução
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VU N I D A D E146
A SUPREMA AUTORIDADE DA IGREJA NA 
ECLESIOLOGIA CONCILIAR
Caro(a) aluno(a), estamos na última unidade do nosso estudo sobre eclesiologia 
e direito canônico, e, nesta unidade, vamos entender um pouco melhor como é 
a relação da questão de autoridade eclesial e direito canônico 
O Livro II do Código de Direito Canônico de 1983 apresenta normas e orien-
tações gerais para o governo da Igreja, tratando-se das defi nições pertinentes ao 
Povo de Deus. Antes de tudo, é a necessária reorganização do poder eclesial e da 
Igreja à luz da eclesiologia desenvolvida no Concílio Vaticano II. Mais: é a apli-
cação concreta da nova compreensão eclesial nascida das refl exões conciliares.
O século XX foi o palco de uma das mais belas e profundas refl exões teoló-
gicas para a Igreja, mais do que isso, da mais signifi cativa elucubração teológica 
para o seu reconhecimento (identidade) e para sua missão (pastoral) como Igreja. 
É a longa, extensa e pertinaz refl exão eclesiológica. Esta perpassará todo o século 
XX, culminando no grande acontecimento do século, o Concílio Vaticano II, 
que se defi nirá, justamente, em termos de buscar, em relação à Igreja, “(...) uma 
noção mais completa de si mesma” (PAULO VI, 2013, p. 49).
Semelhante necessidade apresentava-se frente às profundas mudanças ope-
radas pela modernidade. Tornava-se cada vez mais necessária uma refl exão da 
Igreja sobre a sua missão e cooperação com o mundo, por conseguinte, de sua 
identidade própria, da qual decorre toda a sua ação.
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Ao longo dos séculos, múltiplas definições foram dadas sobre Igreja, os dados 
bíblicos falam de povo de Deus, Corpo de Cristo, membros de um corpo, templo 
do Espírito Santo, casa de Deus assentada sobre os Apóstolos, videira e outras 
definições (WIEDENHOFER, 2012). A Patrística compreendeu a Igreja como 
Corpo real do Senhor, vitalizado e enxertado em Cristo por meio da Eucaristia. Na 
Idade Média, por sua vez, insere-se nesta definição de Corpo de Cristo, o termo 
“místico” com a finalidade de diferenciar Corpo Eucarístico de Corpo Eclesial. 
Frente à heresia que dizia que a Eucaristia era apenas simbólica, foi necessário 
dar uma ênfase especial na sua veracidade e realidade.
Com Lutero, aparece a noção de uma Igreja puramente espiritual, desli-
gada de qualquer instituição humana. Para tanto, a Igreja Católica, fazendo 
frente à espiritualização eclesial promovida por Lutero, acentua o caráter jurí-
dico e visível da Igreja. O Catecismo Romano pós-Trento definiu a “(...) Igreja 
como povo fiel espalhado por todos os recantos da terra” (RATZINGER, 1974, 
p. 91). Em conformidade, Roberto Belarmino entende que “(...) a Igreja é a 
união dos fiéis que professam a mesma fé cristã e que participam dos mes-
mos sacramentos, sob a orientação dos legítimos pastores e sobretudo do 
único vigário de Cristo sobre a terra, o bispo de Roma” (BELARMINO apud 
RATZINGER, 1974, p. 91).
No contexto de Modernidade, por sua vez, apareceu mais forte a imagem 
da Igreja como uma sociedade perfeita. As décadas que separam o Vaticano I e 
Pio XII serão repletas de reflexões eclesiológicas que caminham, na sua maio-
ria, entre as duas definições: uma com acento institucional-jurídico (Sociedade 
Perfeita) e outra com acento místico-orgânico (Corpo de Cristo). É a definição 
de Sociedade Perfeita que predominou na constituição do Código de Direito 
Canônico de 1917 (2015, on-line)1.
Foi Pio XII a reafirmar a definição de Igreja como Corpo Místico de Cristo. 
Entretanto, a encíclica com a qual dá à Igreja esta definição que se pretendia um 
ponto de chegada, tornou-se um ponto de partida para uma série de discussões 
eclesiológicas, que culminaram no Vaticano II, que faz uma síntese das três defi-
nições de Igreja em destaque até o seu momento: Corpo Místico, Povo de Deus 
e Sacramento Universal de Salvação. Sobre este tema vejamos o que apresentam 
os cânones 204 e 205 do Código do Direito Canônico
DIREITO CANÔNICO E A ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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É neste contexto de debate eclesiológico que se deve entender a suprema auto-
ridade da Igreja. Afinal, “(...) a Igreja é em Cristo como que o sacramento ou o 
sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero 
humano” (LUMEN GENTIUM, 1). Assim, a Igreja, sinal de unidade, é, em pri-
meiro lugar, povo de Deus. Neste corpo orgânico e variado, diferentes ministérios 
manifestam a diversidade e complementariedade existente. Neste sentido, o 
Código de Direito Canônico definirá, à luz desta eclesiologia, a missão de cada 
qual no interior da Igreja.
Deve-se evitar toda forma de dissociação da hierarquia eclesiástica da noção 
de povo de Deus. Pelo contrário, a definição de povo visa integrar todos os bati-
zados, antes de se tratar de uma constituição piramidal da Igreja, pensa-se em 
uma realidade sacramental, orgânica, mistérica:
(...) os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo são con-
sagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, para que por todas 
as obras do homem cristão ofereçam sacrifícios espirituais e anunciem 
os poderes dAquele que das trevas os chamou à sua luz admirável (...) 
ofereçam-secomo hóstia viva, santa, agradável a Deus (LG 10).
Partindo desta concepção eclesial, o Concílio apresenta os Pastores da Igreja 
como servos dos irmãos que formam o povo de Deus (LG 18), fundamentando 
Cân. 204 — § l. Fiéis são aqueles que, por terem sido incorporados em Cristo 
pelo batismo, foram constituídos em povo de Deus e por este motivo se 
tornaram a seu modo participantes do múnus sacerdotal, profético e real de 
Cristo e, segundo a própria condição, são chamados a exercer a missão que 
Deus confiou à Igreja para esta realizar no mundo. § 2. Esta Igreja, constitu-
ída e ordenada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja católica, 
governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.
Cân. 205 — Encontram-se em plena comunhão da Igreja católica neste 
mundo os batizados que estão unidos com Cristo no seu corpo visível, pelos 
vínculos da profissão de fé, dos sacramentos e do governo eclesiástico. Para 
saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.vatican.va/archive/co-
d-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf>.
Fonte: Código de Direito Canônico (1983, on-line)1.
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seu poder no desígnio divino (LG 19-20) e confiando seu exercício na constante 
presença e assistência de Cristo (LG 21).
Em uma compreensão mais sacramental, o Concílio destacou a dimensão cole-
gial do poder episcopal (tríplice múnus de ensinar, santificar e pastorear). Em união 
com o Papa, que possui o poder pleno, supremo e universal na Igreja (LG 22), os 
bispos formam um corpo, um colégio, que exprime a variedade e universalidade 
do Povo de Deus (LG 22). Desta forma, é ampliada a dimensão de infalibilidade 
papal, entendida, agora, participada pelos bispos da Igreja quando ensinam em 
comunhão com o Romano Pontífice. O Código de Direito Canônico (2001) aco-
lherá esta elaboração teológica, apresentando a íntima união entre os bispos e o 
Romano Pontífice na forma de colégio (Cân. 330). Esta dimensão, que manifesta 
a sinodalidade da Igreja, pode ser exercida por meio dos Concílios (Cân. 337) e 
dos Sínodos (Cân. 342). Os sínodos serão uma maneira de manifestar a dimen-
são de comunhão da Igreja; trata-se de uma assembleia em que bispos, padres e 
leigos delegados auxiliam na definição de projetos pastorais para a vida da Igreja.
Nesta eclesiologia de comunhão, ao Sumo Pontífice, por desígnio divino, cabe 
a missão de ser cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e Pastor da Igreja 
Universal (Cân. 331). Deve estar unido a toda a Igreja, por mais que possua o 
direito de governar, de acordo com as necessidades, de modo pessoal (Cân. 333).
Na escolha do Sumo Pontífice, para o seu auxílio e eventual sucessão, exer-
cem especial missão os cardeais (Cân. 349), escolhidos pelo Papa (Cân. 351) e 
organizados de forma colegial. Também, quanto ao governo da Igreja, o Papa é 
auxiliado pela Cúria Romana, reformada a pedido do Concílio, e que consta “(...) 
da Secretaria de estado ou Secretaria Papal, do Conselho para os negócios públi-
cos da Igreja, das Congregações, dos Tribunais e de outros organismos (...)” (Cân. 
360). O Sumo Pontífice é, também, representado nas várias Igrejas particulares, 
nos países e eventos por meio de um legado pontifício, que se torna a presença do 
Papa, como pastor da Igreja, no mundo inteiro, demonstrando a comunhão eclesial.
Pelo apresentado, pode-se perceber que não se relativizou o poder pontifí-
cio, ao contrário, a eclesiologia conciliar passa a compreendê-lo de maneira mais 
clara em relação à sacramentalidade da Igreja, ao seu mistério e à totalidade do 
Povo de Deus. É nesta compreensão que se deve entender, também, a teologia 
conciliar das Igrejas particulares.
DIREITO CANÔNICO E A ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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AS IGREJAS PARTICULARES
O Concílio Vaticano II desenvolveu uma eclesiologia baseada na concepção de 
Sacramento. A analogia é ampla, os elementos presentes da teologia sacramen-
tária católica estão presentes na teologia da Igreja:
• Há matéria, daí a necessidade da materialidade da Igreja, apesar da 
Igreja de Cristo não se identificar plenamente com a instituição, esta 
possui certa identificação e é manifestação material da verdadeira 
Igreja de Cristo, afirmar o contrário seria nestorianismo eclesioló-
gico (LG 8).
• A união entre a dimensão espiritual e a dimensão visível da Igreja 
é comparada à união hipostática, de forma que a Igreja de Cristo, 
que é una, santa, católica e apostólica, constituída e organizada neste 
mundo “(...) subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de 
Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, embora fora de sua 
estrutura visível se encontrem vários elementos de santificação e 
verdade (...)” (LG 8).
• A íntima união entre os batizados, a formarem um só corpo: “O mes-
mo Espírito, unificando o corpo por Si e sua força e pela conexão in-
terna dos membros, produz e estimula a caridade entre os fiéis” (LG 7).
• é mistério, com a missão de anunciar o Reino de Deus e estabelecê-
-lo no mundo, sendo dele já princípio e germe (LG 5).
Dessa maneira, a Igreja é a comunidade dos batizados, fundada por Cristo 
Senhor, sob a guia dos pastores por Ele constituídos, sucessores dos Apóstolos. 
Chama a atenção o fato do poder pontifício estar fundado não na estrutura hie-
rárquica da Igreja, mas na sua dimensão sacramental e na unidade do sacramento 
da Ordem: “[...] a Sagração Episcopal, juntamente com o múnus de santificar, 
Não devemos ter medo da bondade e da ternura.
(Papa Francisco)
As Igrejas Particulares
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confere também os de ensinar e de reger. Estes, todavia, por sua natureza só 
podem ser exercidos em hierárquica comunhão com o chefe e os demais mem-
bros do Colégio” (LG 21). Cada bispo é membro do Colégio Apostólico, por ser 
sucessor dos Apóstolos, e é constituído pastor da Igreja, sendo nela mestre da 
doutrina, sacerdote do culto e ministro do governo (Cân. 375), em conformi-
dade com a teologia conciliar do tríplice múnus.
A partir desta compreensão, salienta-se que os elementos da Igreja univer-
sal estão todos eles presentes na Igreja particular. Apesar da Igreja particular não 
ser a Igreja inteira, possui todos os elementos da Igreja de Cristo, e é sua mani-
festação histórica: “Esta Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas 
as legítimas comunidades de fiéis, que, unidas com seus pastores, são também 
elas no Novo Testamento chamadas ‘Igrejas’” (LG 26). Nesse sentido, o Direito 
Canônico apresenta a Igreja particular como:
(...) uma porção do Povo de Deus confiada aos Bispos com a coopera-
ção do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo 
Evangelho e pela Eucaristia, reunida por ele no Espírito Santo, cons-
titua uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e 
operante a Igreja de Cristo una, santa, católica e apostólica (CÂN. 369).
Por conseguinte, não se pode compreender a Diocese, que é uma das formas de 
Igreja particular, ao lado das prelazias territoriais, das abadias territoriais, dos 
vicariatos apostólicos, das prefeituras apostólicas e das administrações apostólicas 
(Cân. 368), como uma “franquia” da Igreja de Roma. É indubitável compreen-
der a Igreja particular como uma porção do Povo de Deus superando a mera 
visão territorial, constituída em torno de um pastor próprio, com a presença de 
um presbitério, unida pela Palavra e pelo Sacramento e congregada pelo Espírito 
Santo. Forma-se um só corpo, em que “(...) todos são chamados a empregar todas 
as forças recebidas por bondade do Criador e graça do Redentor, como membrosvivos, para o incremento e perene santificação da Igreja” (LG 33).
É a Igreja particular, em realidade, verdadeira manifestação da Igreja de 
Cristo atuante na história, sem esquecer a íntima necessidade de comunhão 
desta “porção” com a Igreja inteira. Neste sentido, torna-se palpável a teologia 
episcopal de Lumen Gentium (LG):
DIREITO CANÔNICO E A ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E152
(...) os bispos individualmente são o princípio visível e fundamento da 
unidade em suas Igrejas particulares, formadas à imagem da Igreja uni-
versal, nas quais e pelas quais existe a Igreja católica una e única. Por 
este motivo cada Bispo representa a sua Igreja, e todos juntamente com 
o Papa representam a Igreja inteira no vínculo da paz, do amor e da 
unidade (LG 23).
Organizadas em paróquias, pequenas comunidades eclesiais (Cân. 374), Cristo 
nelas está presente (LG 26), pois “em toda a comunidade do altar unida para o 
sacrifício, sob o ministério sagrado do Bispo, manifesta-se o símbolo daquela cari-
dade e ‘unidade do Corpo místico, sem a qual não pode haver salvação” (LG 26).
A partir desta concepção eclesial, o bispo exerce, na diocese, um verdadeiro 
ministério eclesial, sendo nomeado pela Igreja (Cân. 377-378), pelo Sumo Pontífice, 
fato que manifesta a unidade da Igreja inteira. Ademais, “antes de tomar posse 
canônica de seu ofício, quem foi promovido faça a profissão de fé e o juramento de 
fidelidade à Sé Apostólica, de acordo com a fórmula por ela aprovada” (Cân. 380).
Cân. 378 — § 1. Para que alguém seja considerado idóneo para o Episco-
pado, requer-se que: 1.° tenha fé firme, bons costumes, piedade, zelo das 
almas, sabedoria, prudência e seja eminente em virtudes humanas e dota-
do das demais qualidades, que o tornem apto a desempenhar o ofício; 2.° 
goze de boa reputação; 3.° tenha, ao menos, trinta e cinco anos de idade; 
4.° tenha sido ordenado presbítero pelo menos há cinco anos; 5.° tenha ad-
quirido o grau de doutor ou ao menos a licenciatura em Sagrada Escritura, 
teologia ou direito canônico, num instituto de estudos superiores aprovado 
pela Sé Apostólica, ou ao menos seja verdadeiramente perito nestas disci-
plinas. § 2. Pertence a Sé Apostólica o juízo definitivo sobre a idoneidade de 
quem deve ser promovido.
Cân. 379 — A não ser que se encontre legitimamente impedido, aquele 
que for promovido ao Episcopado deve receber a consagração episcopal 
dentro de três meses a partir da recepção das letras apostólicas, e antes de 
tomar posse do ofício. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://
www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-cano-
nici_po.pdf>.
Fonte: Código de Direito Canônico (1983, on-line)1.
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Ademais, compreendendo a dimensão colegial e sinodal da Igreja, as dioce-
ses se organizam em províncias eclesiásticas, governadas por um Arcebispo 
Metropolitano (Cân. 435), que é figura de comunhão com a Igreja de Roma, 
com o Sumo Pontífice. Pode-se, também, organizar conferências episcopais, que 
são “(...) um organismo permanente, é a reunião dos Bispos de uma nação ou 
de determinado território, que exercem conjuntamente certas funções pastorais 
em favor dos fiéis de seu território” (Cân. 447), tendo como principal finalidade 
a organização pastoral da Igreja em certo território.
Toda a compreensão conciliar orgânica da Igreja, encontra sua concretização his-
tórica na organização institucional sistematizada no Direito Canônico de 1983. 
É importante perceber que elementos centrais tais como sacramentalidade, uni-
versalidade, comunhão, sinodalidade e mistério estão substancialmente presentes 
em toda eclesiologia pós-conciliar e na constituição eclesial canônica. 
A ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS IGREJAS 
PARTICULARES
Tendo presente a teologia conciliar da Igreja particular, o Código de Direito 
Canônico inicia a sua exposição sobre a organização interna das Igrejas Particulares 
com as disposições para a realização do Sínodo Diocesano, que compreende “(...) 
Amem seus bispos, amem seus padres. Apesar de suas fraquezas, eles são 
uma presença apreciada na vida. 
(Papa Bento XVI)
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uma assembleia de sacerdotes e de outros fiéis da Igreja particular escolhidos, 
que auxiliam o Bispo diocesano para o bem de toda a comunidade diocesana 
(...)” (Cân. 460). Trata-se de uma clara referência à sinodalidade característica da 
eclesiologia do Vaticano II. Todavia, é preciso recordar a necessidade de conse-
lhos diocesanos de pastoral que, em certas circunstâncias, podem se “confundir” 
com o Sínodo Diocesano.
É interessante perceber, ademais, uma superação da perspectiva um tanto 
quanto monárquica da figura episcopal da Igreja pré-conciliar. Sem dúvidas, o 
bispo continua sendo o pastor próprio da Diocese, sua autoridade máxima e a 
figura de Cristo para o rebanho que lhe é confiado (LG 26). No entanto, acon-
selha-se, diversas vezes, o bispo diocesano a escutar seja o conselho presbiteral, 
seja os fiéis leigos. Afirma-se, inclusive, que: “Todas as questões propostas sejam 
submetidas à livre discussão dos membros nas sessões do sínodo” (Cân. 465).
Deve-se, ademais, prestar atenção especial à administração da Cúria diocesana, 
um órgão fundamental para o auxílio do bispo no governo da diocese. O bispo 
deve ser, ademais, auxiliado por vigários gerais e episcopais, pelo conselho pres-
biteral e pelo colégio dos consultores. Cada um destes organismos possui funções 
próprias no trabalho de coordenação da diocese. Esses conjuntos consultivos têm 
sempre como finalidade auxiliar no bem pastoral da porção do povo de Deus (Cân. 
495). Salienta-se, ainda, a constituição de um conselho econômico, que deve pri-
mar pelos bens da Igreja e pela transparência na execução desta tarefa (Cân. 494).
Dentro da compreensão da Igreja como comunhão, própria do Vaticano II, 
é redescoberta a paróquia não apenas como divisão territorial de uma diocese, 
mas como “(...) uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente 
na Igreja particular, e seu cuidado pastoral é confiado ao pároco como a seu pas-
tor próprio, sob a autoridade do Bispo diocesano” (Cân. 515§1). Recebe especial 
atenção a colaboração do presbitério na vida e na missão da Igreja.
Tendo presente que todos os fiéis (pelo batismo) participam do sacerdó-
cio de Jesus Cristo (LG 31), assim todos possuem parte na missão do seu corpo 
porém Jesus instituiu a alguns como ministros entre os fiéis e estes possuem 
como missão “assumir o poder sagrado da Ordem, na comunhão dos fiéis, para 
oferecerem o Sacrifício e perdoarem os pecados, exercendo ainda publicamente 
o ofício sacerdotal em favor dos homens e em nome de Cristo” (Decreto PO, 2). 
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Assim, os Presbíteros são “assinalados com um caráter especial e, assim, con-
figurados com Cristo Sacerdote, de forma a poderem agir na pessoa de Cristo 
cabeça” (Decreto PO, 2).
Na comunidade cristã,
o Pároco é o pastor próprio da paróquia a ele confiada; exerce o cuida-
do pastoral da comunidade que lhe foi entregue, sob a autoridade do 
Bispo diocesano, em cujo ministério de Cristo é chamado a participar, 
a fim de exercer em favor dessa comunidade o múnus de ensinar, san-
tificar e governar, com a cooperação também de outros presbíteros ou 
diáconos e com a colaboração dos fiéis leigos, de acordo com o direito 
(CÂN. 519).
Dessa forma, o presbítero exerce o tríplice múnus que lhe foiconfiado (LG 28) 
como:
• Homem da Palavra, “pois é pela palavra da salvação que no coração 
dos infiéis se desperta e no coração dos fiéis se alimenta a fé; com 
ela se inicia e cresce a comunidade dos fiéis” (Decreto PO, 4);
• Ministro do altar, afinal na Eucaristia encontra-se “todo o bem es-
piritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa e pão vivo, 
dando vida aos homens, através de Sua Carne vivificada e vivifi-
cante pelo Espírito Santo” (Decreto PO, 5). Portanto, a Eucaristia 
é a fonte e o ápice de toda a vida da Igreja (Constituição SC, 11). 
Disso decorre que os presbíteros devem esforçar-se para “cultivar 
retamente a ciência e arte litúrgica, para que, por seu ministério li-
túrgico, Deus, Pai e Filho e Espírito Santo seja louvado com sempre 
maior perfeição, pelas comunidades cristãs a eles confiadas” (De-
creto PO, 5).
• Pastor do rebanho, sendo sua missão a educação na fé, a assistência 
aos fiéis e a formação da comunidade cristã (Decreto PO, 6).
São essenciais, na vida cristã, a oração, a humildade, a caridade para com 
todos: este é o caminho para a santidade. 
(Papa Francisco)
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O pároco exercerá seu ministério na paróquia, distinguindo-se pela sua coerên-
cia doutrinal e pela prática dos bons costumes (Cân. 521§2), tendo o auxílio, se 
possível, de um vigário paroquial (Cân. 550§1) e, na perspectiva de uma Igreja 
dialogal, com o auxílio, a oração e a colaboração dos fiéis leigos. Assim, os pres-
bíteros devem consultar os leigos que possam contribuir para sua ação pastoral 
e os fiéis devem ter para com seus pastores amor filial, compartilhando de suas 
preocupações e auxiliando-os pela oração e ação (Decreto PO, 9). Afinal, “(...) 
os pastores sagrados sabem quanto os leigos contribuem para o bem de toda a 
Igreja. Sabem também que não foram instituídos por Cristo a fim de assumirem 
sozinhos toda a missão salvífica da Igreja no mundo” (LG 30).
Na beleza e diversidade do povo de Deus, aparecem, ademais, os religiosos 
e religiosas, como testemunho de uma vida entregue a Deus pela realização e 
vivência dos votos de pobreza, obediência e castidade.
INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E SOCIEDADES 
DE VIDA APOSTÓLICA
Afirmou o concílio: “(...) como numa árvore frondosa e admiravelmente varie-
gada na seara do Senhor (...) floresceram as diversas modalidades da vida...” (LG 
43). Entende-se, por conseguinte, a variedade de formas de vida consagrada e de 
vocação no seio da Igreja. Neste ínterim, compreende-se a dignidade e o valor da 
vida religiosa.
Por Institutos de Vida Consagrada, entendem-se os institutos em que fiéis con-
sagram suas vidas por meio da profissão dos conselhos evangélicos, em uma forma 
estável de viver, seguindo a Cristo mais de perto sob a guia do Espírito Divino. 
Trata-se de uma consagração integral, dedicando-se à construção da Igreja e à sal-
vação do mundo (Cân. 573§1). Tal estado de vida deve ser promovido por todos 
dentro da Igreja, direcionado a uma parte do Povo de Deus que recebeu o especial 
chamado do Senhor para esta vocação (Cân. 574§1), pois, por meio da vida religiosa,
Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
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[...] a Igreja apresenta Cristo, ora contemplando no monte, ora anun-
ciando o Reino de Deus às multidões, ora curando os enfermos e feri-
dos e convertendo os pecadores ao bom caminho, ora abençoando as 
crianças e fazendo o bem a todos (LG 46).
Este estado de vida, por sua natureza, não é nem clerical nem laical (Cân. 588§1). 
Este pode ser clerical, quando está sob a direção de clérigos e inclui clérigos em 
seu seio, ou laical, quando está isento da presença clerical (Cân. 588§2 e §3).
Cada instituto deve possuir constituições próprias, que determinem o modo 
como os conselhos evangélicos (Cân. 598§1) serão vividos. Sendo eles:
 ■ Castidade, que há de se apresentar como dom da graça, “pois libera de 
modo singular o coração do homem, para inflamar-se mais na caridade 
de Deus e dos homens todos; é ela por isso um sinal peculiar dos bens 
celestes (...)” (Decreto PC, 12). Além de ser sinal de sua íntima comu-
nhão com Deus.
 ■ Pobreza, por meio dela se participa da pobreza de Cristo Senhor, evitan-
do-se, assim, toda forma de luxo, lucro imoderado e acúmulo de bens 
(Decreto PC, 13).
 ■ Obediência, a exemplo de Jesus que veio para cumprir a vontade de 
Deus (Decreto PC, 14). Os religiosos e religiosas devem obedecer aos 
seus superiores e à Regra que estão submetidos com humildade e “de 
coração”; não faria sentido uma obediência imposta, mas apenas livre-
mente assumida.
Deve-se prezar, nos institutos de vida consagrada, pela vida comunitária e fra-
terna (Cân. 602). Há, também, a possibilidade, dentro da vida eclesial, da vida 
eremítica ou anacorética, isto é, a vida com separação rígida do mundo: “(...) 
pelo silêncio da solidão, pela assídua oração e penitência, consagram a vida ao 
louvor de Deus e à salvação do mundo” (Cân. 603).
Os institutos de vida consagrada dividem-se em: institutos religiosos e institu-
tos seculares. No entanto, os primeiros (institutos religiosos) formam comunidade 
religiosa e vivem em casa constituída por Superior designado pelo direito, onde 
tenha um oratório e onde se conserve e se celebre a Eucaristia Cân. 608). Ao con-
trário, os institutos seculares são institutos de vida consagrada, nos quais “(...) os 
fiéis, vivendo no mundo, tendem à perfeição da caridade e procuram cooperar 
para a santificação do mundo, principalmente, a partir de dentro” (Cân. 710). 
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Os membros de institutos seculares, por conta da sua consagração, não mudam 
sua condição de leigo ou clérigo. Trata-se da vivência fecunda do Evangelho no 
mundo, com a vivência dos conselhos evangélicos, na medida das possibilida-
des concretas e conforme requer os estatutos do instituto (Cân. 712).
Os membros de institutos religiosos possuem uma formação inicial e forma-
ção permanente (Cân. 659-661). Vivem o tempo de noviciado (Cân. 646), que 
objetiva a integração na espiritualidade e no carisma da comunidade. Ao final 
do noviciado, professam os votos de forma temporária (Cân. 655). No máximo 
após nove anos de profissão temporária, devem expedir os votos solenes e per-
pétuos (Cân. 657§2). Os seus membros devem participar cotidianamente (se 
possível) do Sacrifício Eucarístico, dedicarem-se à Liturgia das Horas, à leitura 
das Escrituras, à oração mental, ao culto à Virgem Maria, ao retiro anual e a 
outros exercícios de piedade (Cân. 663).
Os membros de institutos seculares, por sua vez, “vivam nas condições ordi-
nárias do mundo, ou sozinhos, ou cada um na própria família, ou num grupo 
de vida fraterna, de acordo com as constituições” (Cân. 714). Podem, ademais, 
servir à vida da comunidade paroquial ou diocesana. Os seus membros devem 
se dedicar à oração, à leitura das Escrituras, ao retiro anual, a outros exercícios 
espirituais, à Celebração Eucarística (cotidiana, se possível) e ao Sacramento da 
Penitência com certa frequência (Cân. 719).
Por seu turno, as Sociedades de Vida Apostólica são formadas por membros 
sem votos religiosos, que buscam a finalidade apostólica da própria sociedade, 
com vida fraterna em comum, seguindo as próprias constituições (Cân. 731). “A 
casa é erigida e a comunidade local é constituída pela autoridade competente da 
sociedade, com o prévio consentimento escrito do Bispo Diocesano, que também 
deve ser consultado quando se trata de sua supressão” (Cân. 733§1). Ao contrário 
dos Institutos Seculares, é exigido que “os membros devem residir numa casa ou 
comunidade legitimamenteconstituída e observar vida comum, de acordo com 
o direito próprio, pelo qual também se regem as ausências de casa ou da comu-
nidade” (Cân. 740). Não há profissão de votos, por mais que se orienta que os 
conselhos evangélicos sejam vividos e assumidos por algum meio determinado 
pelas constituições (Cân. 731§2).
Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
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Desta maneira, pela instituição destes diversos modos de vida no interior 
do povo de Deus, deve transparecer sempre a Igreja “(...) ornamentada com os 
vários dons de seus fi lhos, como uma esposa adornada para o seu esposo e por 
ela se manifeste a multiforme sabedoria de Deus” (Decreto PC, 1).
Encerramos nosso estudo sobre eclesiologia e direito canônico. Vimos a Igreja 
como uma instituição divina, sendo um refl exo da Trindade no mundo. Assim 
como o Verbo se fez Homem, assumindo nossa condição, em uma ação sacramen-
tal, na qual, temos a união da palavra com a Matéria, assim é a Igreja no mundo: 
continuadora visível da ação de Deus no Mundo, que é o anúncio do evangelho.
Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e 
profético da proximidade de Deus.
(Papa Francisco)
DIREITO CANÔNICO E A ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O texto do credo niceno-constantinopolitano, profissão de fé, recitada por todos 
os católicos aos domingos durante a Santa Missa, identifica a Igreja de Cristo 
com quatro características fundamentais: Una, Santa, Católica e Apostólica. A 
fé nesta Igreja se radica na fé no Espírito Santo, como alma do Corpo Místico, 
mas além de Cristo, que é a Cabeça da Igreja, e além do Espírito Santo, que é 
animador constante, há necessidade de garantir institucionalmente estas qua-
tro características.
Como vimos, o Código do Direito Canônico aponta os responsáveis para a 
unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade no plano universal e no plano 
particular. Para fazê-lo, busca sua origem na própria instituição de Cristo, que 
escolhe os apóstolos e destaca Pedro, conferindo-lhes poderes espirituais.
Na Igreja, o poder de governar não é outra coisa que um instrumento de 
evangelização. Lembrando aquilo que é apresentado no evangelho: o primeiro 
no reino de Deus, é o menor, e governar é servir. Portanto, não há, na Igreja, 
poder de dominação, mas serviço de diaconia.
Assim, no cumprimento de sua missão de Pastor supremo da Igreja, o Romano 
Pontífice se serve de quatro órgãos importantes: o Sínodo dos Bispos, o Colégio 
dos cardeais, a Cúria romana e as Nunciaturas apostólicas.
Deve-se levar em consideração, que ao pensarmos no poder do Papa, de 
fato, ele possui jurisdição sobre toda a Igreja, mas o Bispo é a figura central da 
diocese, ou seja, da Igreja particular. A missão do bispo é clara, é uma missão 
de pastor, mas este não pode agir sozinho, como bem entender. O bispo como 
pastor é primeiro animador pastoral da diocese, mas deve e pode contar com 
todas as forças visíveis existentes na diocese, como padres, diáconos, religiosos 
e religiosas, seminaristas e todo povo leigo que forma e dinamizam unidos no 
Espírito a ação pastoral da Diocese.
161 
1. O Livro II do Código de Direito Canônico de 1983 apresenta normas e orien-
tações gerais para o governo da Igreja, trata-se das definições pertinentes ao 
Povo de Deus. Antes de tudo, é a necessária reorganização do poder eclesial e 
da Igreja à luz da eclesiologia desenvolvida no Concílio Vaticano II. Com base 
nas questões sobre governo da Igreja, assinale a alternativa correta. 
a) O poder de dominação foi dado por Cristo aos homens.
b) O maior poder que os cristãos têm é a guerra contra os hereges.
c) O maior poder que os cristãos possuem é o serviço.
d) Poder e serviço na Igreja não se relacionam.
e) Nenhuma alternativa está correta.
2. A Patrística compreendeu a Igreja como Corpo real do Senhor, vitalizado e en-
xertado em Cristo por meio da Eucaristia. Na Idade Média, por sua vez, insere-
-se nesta definição de Corpo de Cristo, o termo “místico” com a finalidade de 
diferenciar Corpo Eucarístico de Corpo Eclesial. Assinale a alternativa correta:
a) A Igreja e Cristo se confundem.
b) A Igreja e Cristo não se relacionam.
c) Cristo não é cabeça da Igreja.
d) A Igreja é a continuadora do anúncio do evangelho feito por Cristo.
e) Nenhuma alternativa está correta.
162 
3. Desta maneira, a Igreja é a comunidade dos batizados, fundada por Cristo Se-
nhor, sob a guia dos pastores por Ele constituídos, sucessores dos Apóstolos. A 
partir da leitura do texto acima, pode-se inferir que:
I. Fiéis na Igreja são apenas os ordenados.
II. Todos os batizados são fiéis.
III. Hierarquia eclesiástica e leigos tem a missão de anunciar o Evangelho.
IV. Somente o Papa e os bispos são responsáveis pela missão de anunciar o 
Evangelho.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
4. Deve-se, ademais, prestar atenção especial à administração da Cúria diocesa-
na, um órgão fundamental para o auxílio do bispo no governo da diocese. O 
bispo deve ser, ademais, auxiliado por vigários gerais e episcopais, pelo conse-
lho presbiteral e pelo colégio dos consultores. Após a leitura do texto assinale 
V para Verdadeiro e F para Falso.
( ) Somente o Bispo deve agir na diocese.
( ) O Bispo deve contar com todas as forças na diocese.
( ) O Clero é único grupo que o Bispo deve contar com a ajuda.
( ) Todos os batizados na diocese devem colaborar com o Bispo.
( ) Diocese é uma formação de pessoas que participam dos mesmos sacra-
mentos.
163 
5. Os membros de institutos seculares, por sua vez, “vivam nas condições ordi-
nárias do mundo, ou sozinhos, ou cada um na própria família, ou num grupo 
de vida fraterna, de acordo com as constituições” (Cân. 714). Podem, ademais, 
servir à vida da comunidade paroquial ou diocesana. Os seus membros devem 
se dedicar à oração, à leitura das Escrituras, ao retiro anual, a outros exercícios 
espirituais, à Celebração Eucarística (cotidiana, se possível) e ao Sacramento 
da Penitência com certa frequência (Cân. 719). Com base no texto, assinale a 
alternativa correta
a) Os religiosos, como batizados, estão inseridos na missão de anunciar e tes-
temunhar o evangelho.
b) Os religiosos estão livres da colaboração pastoral.
c) A missão dos religiosos na Igreja é servir à hierarquia.
d) Os religiosos, uma vez que já deram sua vida em consagração, estão livres 
do trabalho pastoral.
e) Nenhuma alternativa está correta.
164 
A função pastoral dos Tribunais Eclesiásticos
No seu sentido mais verdadeiro e pleno, a pastoral é o conjunto de acções e activida-
des que procuram dar a conhecer e fazer amar Jesus Cristo, que é “Caminho, Verdade e 
Vida” (Jo 14, 6). O direito, por seu lado, tem como lei suprema a salvação das almas (cf. c. 
1752) e consiste na determinação daquilo que é justo em cada caso, de modo a poder 
“dar o seu a seu dono”. Entre a verdadeira pastoral e o direito corretamente entendido 
não só não há oposição, como há a mesma relação que se dá entre caridade e justiça: a 
caridade, para ser verdadeira, nunca pode ser injusta e a justiça, pela sua relação com a 
caridade, não pode perder de vista a sua lei suprema.
É dentro destes parâmetros que funcionam os Tribunais Eclesiásticos, cuja razão última 
de ser e de agir é integrar a acção pastoral da Igreja na salvação das almas, a partir da 
perspectiva que lhe é própria, ou seja, a partir do seu contributo, modesto mas impres-
cindível, de determinar o que é justo no caso concreto. Esta foi uma das ideias centrais 
do discurso que o PapaFrancisco dirigiu, no passado dia 23 de Janeiro, àqueles que 
trabalham no Tribunal Apostólico da Rota Romana: “A função do direito orienta-se para 
a ‘salus animarum’ sob condição de que, evitando sofismas distantes da carne viva das 
pessoas em dificuldade, ajude a estabelecer a verdade no momento consensual: ou seja, 
se foi fiel a Cristo ou à falsa mentalidade mundana.” Desse modo, percebe-se que há três 
realidades que são inseparáveis: caridade, justiça e verdade.
Desde 2007, que as Dioceses de Lamego, Bragança-Miranda e Vila Real possuem um 
Tribunal Eclesiástico comum. O que, na altura, motivou a decisão de constituir este Tri-
bunal Interdiocesano foi a constatação de que cada Diocese, por si só, não possuía os 
meios humanos necessários para administrar, de modo eficaz e célere, a justiça.
É sobejamente conhecido que a quase totalidade dos casos que o Tribunal Eclesiástico 
aprecia referem-se a processos de declaração de nulidade do matrimónio. De facto, des-
de a sua constituição, em 2007, até ao presente, o Tribunal Interdiocesano Vilarealense 
(http://www.villaregalensis.org) apreciou mais de 30 processos de nulidade matrimonial, 
das várias Dioceses que o integram. O que torna possível este contributo pastoral na 
vida concreta das pessoas e da comunidade eclesial é, por um lado, o facto de cada 
Diocese ter pessoas preparadas para acolher e aconselhar aqueles que desejam que a 
Igreja aprecie a veracidade sobre o seu matrimónio. Por outro, a dedicação generosa das 
pessoas que exercem o seu ministério no Tribunal Interdiocesano, no exercício de uma 
missão discreta mas de capital importância para a acção pastoral da Igreja.
Pe. José Alfredo Patrício, in Voz de Lamego, 10.II.2015
Fonte: Patrício (2015, on-line)2.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Introdução ao direito canônico
Pe. Mario Luiz; Menezes Gonçalves
Editora: Vozes
Sinopse: um livro acadêmico para aqueles que iniciam os estudos de Direito 
Eclesial e necessitam entender não somente o texto legislativo da Igreja Latina 
(Código), mas também o seu espírito e íntima sintonia com os documentos 
conciliares e com a tradição canônica da Igreja, além, é claro, da relação dele 
com o antigo Código de 1917.
O site canonicum.org é um bom site para pesquisa para aqueles que buscam uma compreensão mais 
ampla e aprofundada dos temas que o Código do Direito Canônico apresenta, sempre com muitas 
refl exões teológicas sobre os temais mais importantes do Código. Seria muito bom uma visita ao site.
Web: <https://canonicum.org/>.
REFERÊNCIAS
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. Tradução: Conferência Nacional dos Bispos do Bra-
sil. 14. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja (21-
11-1964). In: Compêndio Vaticano II. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1968, p. 37-117.
______. Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia (04-12-1963). 
In: Compêndio Vaticano II. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1968, p. 257-306.
______. Decreto Perfectae Caritatis sobre a atualização dos religiosos (28-10-1965). 
In: Compêndio Vaticano II. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1968, p. 487-504).
______. Decreto Presbyterorum Ordinis sobre o ministério e a vida dos presbíteros 
(07-12-1965). In: Compêndio Vaticano II. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1968, p. 437-483).
PAULO VI. Discurso de Paulo VI na continuação do Concílio Vaticano II (29/09/1963): 
Salvete Fratres in Christo. In: ALMEIDA, J. C. et al. As janelas do Vaticano II: a Igreja 
em diálogo com o mundo. Aparecida: Santuário, 2013.
RATZINGER, J. O novo povo de Deus. Tradução: Clemente Raphael Mahl. São Paulo: 
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WIEDENHOFER, S. Eclesiologia. Tradução: Walter O. Schlupp. In: SCHNEIDER, T (org.) 
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REFERÊNCIAS ON-LINE
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2Em: <https://canonicum.org/2015/02/12/a-funcao-pastoral-dos-tribunais-eclesiasti-
cos/#more-16>. Acesso em: 01 jun. 2018.
REFERÊNCIAS
GABARITO
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1. C.
2. D.
3. B.
4. F, V, F, V, V.
5. A.
GABARITO
CONCLUSÃO
A Santíssima Trindade refletiu no mundo e nos deixou a Igreja. A Igreja já existe 
no seio Trinitário, existindo como comunidade perfeita e plena de amor. No ato da 
Criação o reflexo trinitário já criou a Igreja criando o ser humano na primeira comu-
nidade. Com a queda da primeira comunidade, a Igreja começa a ser gestada; em 
Abraão a comunidade começa a ter consciência de que o Salvador viria, o Verbo se 
faria carne e Deus se tornaria visível. A Igreja já estava visível na comunidade e será 
plenificada na vinda do Salvador e manifestada em Pentecostes.
A Igreja é continuadora da Missão do Verbo Eterno, Ele mesmo é sua cabeça e o Es-
pírito Santo que a vivifica e fortalece para que não desanime nessa missão.
De fato, a Igreja é o Corpo de Cristo, assim, não possui luz própria, todo seu esplen-
dor e brilho vem de Deus. É evidente que algumas vezes a Igreja se esqueceu disso e 
tentou, apenas com forças humanas, levar em frente tão grandiosa missão: não con-
seguiu, foi necessário voltar-se ao Senhor. Evidente também é o fato que corajosa-
mente a Igreja pelos séculos, enfrentando muitos obstáculos, levou a fé por nações, 
anunciou o Evangelho com Sabedoria que somente poderia ser dado pelo Espírito 
Santificador e administrou os sacramentos a muitos e muitos, tornando todos Filhos 
de Deus em Jesus Cristo, absolvendo-os de seus pecados e alimentando-os com o 
Corpo e Sangue de Jesus.
A existência da Igreja se fundamenta pela sua missão: anunciar o Evangelho de Cris-
to e apresentar o Salvador a todos os homens e mulheres que não são do mundo 
mas estão no mundo, assim a Igreja, além de estar voltada para Deus para conseguir 
realizar a vontade dEle mesmo, necessita de leis e regras claras para que sua missão 
não seja usurpada. Nesse contexto, nasce o Código do Direito Canônico que, com 
suas leis, que nunca contradizem os Santos Evangelhos e os demais livros Sagrados, 
servem à comunidade dos batizados, ou seja, dos filhos de Deus, a saberem seu 
lugar e sua responsabilidade na grande missão da Igreja.
CONCLUSÃO

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