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Síndrome Metabólica - MARC 6°

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Khilver Doanne Sousa Soares 
Síndrome 
Metabólica 
(Síndrome de resistência à insulina ou síndrome x) 
A obesidade, particularmente a obesidade 
abdominal, está associada à resistência aos 
efeitos da insulina na glicose periférica e na 
utilização de ácidos graxos, muitas vezes levando 
ao diabetes mellitus tipo 2. A resistência à 
insulina, a hiperinsulinemia e a hiperglicemia 
associadas e as citocinas dos adipócitos 
(adipocinas) também podem levar à disfunção 
endotelial vascular, um perfil lipídico anormal, 
hipertensão e inflamação vascular, todos os quais 
promovem o desenvolvimento de doença 
cardiovascular aterosclerótica (DCV). 
A co-ocorrência de fatores de risco 
metabólicos para diabetes tipo 2 e DCV 
(obesidade abdominal, hiperglicemia, dislipidemia 
e hipertensão) sugeriu a existência de uma 
"síndrome metabólica". 
Os critérios ATP III (National Cholesterol 
Education Program ATP III) definem a síndrome 
metabólica como a presença de quaisquer três 
dos cinco traços a seguir: 
 Obesidade abdominal, definida como uma 
circunferência da cintura ≥102 cm (40 
pol) em homens e ≥88 cm (35 pol) em 
mulheres; 
 Triglicerídeos séricos ≥150 mg/dL (1,7 
mmol/L) ou tratamento medicamentoso 
para triglicerídeos elevados; 
 Colesterol de lipoproteína de alta 
densidade (HDL) sérico <40 mg/dL (1 
mmol/L) em homens e <50 mg/dL (1,3 
mmol/L) em mulheres ou tratamento 
medicamentoso para colesterol HDL baixo; 
 Pressão arterial ≥130/85 mmHg ou 
tratamento medicamentoso para pressão 
arterial elevada; 
 Glicose plasmática em jejum (FPG) ≥100 
mg/dL (5,6 mmol/L) ou tratamento 
medicamentoso para glicemia elevada ou 
diabetes tipo 2 previamente diagnosticado. 
Além da idade, raça e peso, outros fatores 
associados a um risco aumentado de síndrome 
metabólica no NHANES incluíram status pós-
menopausa, tabagismo, baixa renda familiar, dieta 
rica em carboidratos, não consumo de álcool e 
inatividade física. 
Identificação de pacientes com alto risco 
metabólico: a avaliação deve incluir a medição da 
pressão arterial, circunferência da cintura, perfil 
lipídico em jejum e glicemia de jejum. 
Estudos observacionais prospectivos 
demonstram uma forte associação entre a 
síndrome metabólica e o risco de 
desenvolvimento subsequente de diabetes tipo 2. 
Outras associações – A síndrome 
metabólica também tem sido associada a vários 
distúrbios relacionados à obesidade, incluindo: 
 Doença hepática gordurosa com 
esteatose, fibrose e cirrose; 
 Carcinoma hepatocelular e 
colangiocarcinoma intra-hepático; 
 Doença renal crônica (DRC; definida como 
uma taxa de filtração glomerular inferior 
a 60 mL/min por 1,73 m2) e 
microalbuminúria; 
 Síndrome dos ovários policísticos; 
 Distúrbios respiratórios do sono, incluindo 
apneia obstrutiva do sono; 
 Hiperuricemia e gota. 
Terapia 
 Tratar as causas subjacentes 
(sobrepeso/obesidade e inatividade física) 
intensificando o controle de peso e 
aumentando a atividade física; 
 Tratar os fatores de risco cardiovascular 
se persistirem apesar da modificação do 
estilo de vida. 
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Khilver Doanne Sousa Soares 
É possível tratar a resistência à insulina 
com medicamentos que aumentam a ação da 
insulina (por exemplo, tiazolidinedionas e 
metformina). 
Modificação do estilo de vida — A 
modificação agressiva do estilo de vida com foco 
na redução de peso e aumento da atividade física 
é a terapia primária para o manejo da síndrome 
metabólica. 
Dieta — Várias abordagens dietéticas têm 
sido defendidas para o tratamento da síndrome 
metabólica. A maioria dos pacientes com 
síndrome metabólica está acima do peso, e a 
redução de peso, que melhora a sensibilidade à 
insulina, é um objetivo importante de qualquer 
dieta. 
Exercício – O exercício pode ser benéfico 
além de seu efeito na perda de peso, removendo 
mais seletivamente a gordura abdominal, pelo 
menos nas mulheres. 
Prevenção do diabetes tipo 2 – Embora não 
abordem estritamente a síndrome metabólica, os 
ensaios clínicos mostraram que as modificações 
no estilo de vida podem reduzir substancialmente 
o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e 
os níveis de fatores de risco para DCV em 
pacientes com risco aumentado. 
Agentes hipoglicemiantes orais – Entre os 
hipoglicemiantes orais usados para tratar 
diabetes tipo 2, a metformina e as 
tiazolidinedionas (rosiglitazona e pioglitazona) 
melhoram a tolerância à glicose, em parte, 
aumentando a sensibilidade à insulina. 
A metformina pode prevenir ou retardar o 
desenvolvimento de diabetes em indivíduos com 
intolerância à glicose. 
O controle da hipertensão é importante em 
pacientes com diabetes mellitus. A meta de 
pressão arterial pode ser um pouco menor do que 
a da população geral e varia com a presença ou 
ausência de nefropatia diabética com proteinúria. 
Quando Rastrear DM em Adultos? 
IMC > 25 kg/m2 e: 
1. Sedentarismo 
2. História familiar (1º grau) para diabetes; 
3. HAS; 
4. Dislipidemia (triglicérides ≥ 250 mg/dL ou 
HDL ≤ 35 mg/dL); 
5. História de DMG ou RN com + de 4 kg; 
6. SOP; 
7. História prévia de alteração do nível 
glicêmico; 
8. Acantose nigricans; 
9. História de DCV. 
Quais Valores são Critérios Diagnósticos 
para DM?
 GJ Glicemia 2h após 75g 
glicose 
Glicemia casual HbA1c (hemoglobina 
glicada) 
Normal < 100 < 140 < 5,7% 
Risco aumentado para diabetes 
GJ alterada 100 – 125 5,7 – 6,4% 
Tolerância à 
glicose diminuída 
 140 – 199 
DM ≥ 126* ≥ 200 ≥ 200 + sintomas 
clássicos ** 
≥ 6,5%*** 
 
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Khilver Doanne Sousa Soares 
*Jejum de pelo menos 8h 
**Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polifagia, polidipsia e perda não explicada de peso. 
***Dispensável em caso de sintomas ou glicemia ≥ 200 mg%. 
Confirmar qualquer alteração repetindo exame; se necessário utilizar TOTG para critério de dúvida do diagnóstico. 
Fonte: American Diabetes Association e Sociedade Brasileira de Diabetes.
O diagnóstico deve ser sempre confirmado 
pela repetição dos testes de GJ e HbA1c em 
outro dia. Glicemia ao acaso acima de 200 + 
sintomas clássicos da DM já é considerado 
diagnóstico. 
Quando pesquisar lesões microvasculares na 
DM? 
DM I Até 5 após diagnóstico 
DM II Imediatamente após diagnóstico 
 
Período de acompanhamento de exames em 
pacientes diabéticos 
Função renal (exame 
qualitativo de urina, 
creatinina com 
estimativa do 
clearance e pesquisa 
de microalbuminúria), 
exame de fundo de 
olho e exame dos pés 
(monofilamento, 
diapasão, feridas) 
 
 
 
 
ANUALMENTE 
PARÂMETROS NCEP ATP3 2005* 
Número de anormalidades ≥3 de: 
Glicose Glicemia de jejum ≥5,6 mmol/L (100 mg/dL) ou 
tratamento medicamentoso para glicose 
sanguínea elevada 
Colesterol HDL <1,0 mmol/L (40 mg/dL) (homens); <1,3 mmol/L 
(50 mg/dL) (mulheres) ou tratamento 
medicamentoso para colesterol HDL baixo 
Triglicerídeos ≥1,7 mmol/L (150 mg/dL) ou tratamento 
medicamentoso para triglicerídeos elevados 
Obesidade Cintura ≥102 cm (homens) ou ≥88 cm (mulheres) 
Hipertensão ≥130/85 mmHg ou tratamento medicamentoso 
para hipertensão 
* Critérios mais comumente aceitos para síndrome metabólica. Observe que a obesidade abdominal não é um pré-
requisito para o diagnóstico; a presença de quaisquer 3 dos 5 critérios de risco constitui um diagnóstico de síndrome 
metabólica. 
 
 
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Khilver Doanne Sousa Soares 
 METAS 
FATORES DE RISCO DO ESTILO DE VIDA 
 
Obesidade abdominal 
Ano 1: Reduza o peso corporal de 7 a 10 por cento 
Continuar a perda de peso depois com o objetivo final de IMC <25 kg/m2 
Inatividade física Pelo menos 30 min (e de preferência ≥60 min) de exercício contínuo ou intermitente de 
intensidade moderada 5 vezes por semana, mas de preferência diariamente 
Dieta aterogênica Ingestão reduzida de gordura saturada, gordura trans, colesterol 
FATORES DE RISCO METABÓLICOS 
Dislipidemia 
 
Alvo primário colesterol 
LDL elevado 
Alto risco*: <100 mg/dL (2,6 mmol/>L); opcional <70 mg/dL 
Risco moderado: <130 mg/dL (3,4 mmol/L) 
Menor risco: <160 mg/dL(4,9 mmol/L) 
 
Alvo secundário elevado 
colesterol não-HDL 
Alto risco*: <130 mg/dL (3,4 mmol/L); opcional <100 mg/dL (2,6 mmol/L) risco muito alto 
Risco moderado: <160 mg/dL (4,1 mmol/L) 
Menor risco: <190 mg/dL (4,9 mmol/L) 
O alvo terciário reduz o 
colesterol HDL 
Aumente o máximo possível com redução de peso e exercícios 
Pressão arterial elevada Reduzir para pelo menos <140/90 (<130/80 se diabético) 
 
Glicose elevada 
Para IFG, incentive a redução de peso e o exercício 
Para DM tipo 2, meta A1C <7 por cento 
Estado protrombótico Aspirina em baixa dose para pacientes de alto risco 
Estado pró-inflamatório Terapias de estilo de vida; sem intervenções específicas 
 
Definições de síndrome metabólica em crianças e adolescentes 
 
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Khilver Doanne Sousa Soares 
* Circunferência da cintura étnico-específica 
Critérios de Framingham 
 
 
 
FÓRMULA DE FRIEDEWALD: LDL + HDL + TRIGLICERÍDEOS / 5 = COLESTEROL TOTAL 
Obs.: válido até triglicerídeo de 400 
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REFERÊNCIAS 
GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti; 
DIAS, Lêda Chaves. Tratado de medicina de 
família e comunidade: princípios, formação e 
prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. 
MEIGS, James B. Síndrome metabólica 
(síndrome de resistência à insulina ou síndrome 
X). Up to Date. 2022. Disponível em: 
<https://www.uptodate.com/contents/met
abolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-
or-syndrome-
x?search=sindromes%20metabolicas&source
=search_result&selectedTitle=1~150&usage_t
ype=default&display_rank=1>. Acesso em: 17 
mar 2022. 
https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
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