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1 Khilver Doanne Sousa Soares Síndrome Metabólica (Síndrome de resistência à insulina ou síndrome x) A obesidade, particularmente a obesidade abdominal, está associada à resistência aos efeitos da insulina na glicose periférica e na utilização de ácidos graxos, muitas vezes levando ao diabetes mellitus tipo 2. A resistência à insulina, a hiperinsulinemia e a hiperglicemia associadas e as citocinas dos adipócitos (adipocinas) também podem levar à disfunção endotelial vascular, um perfil lipídico anormal, hipertensão e inflamação vascular, todos os quais promovem o desenvolvimento de doença cardiovascular aterosclerótica (DCV). A co-ocorrência de fatores de risco metabólicos para diabetes tipo 2 e DCV (obesidade abdominal, hiperglicemia, dislipidemia e hipertensão) sugeriu a existência de uma "síndrome metabólica". Os critérios ATP III (National Cholesterol Education Program ATP III) definem a síndrome metabólica como a presença de quaisquer três dos cinco traços a seguir: Obesidade abdominal, definida como uma circunferência da cintura ≥102 cm (40 pol) em homens e ≥88 cm (35 pol) em mulheres; Triglicerídeos séricos ≥150 mg/dL (1,7 mmol/L) ou tratamento medicamentoso para triglicerídeos elevados; Colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL) sérico <40 mg/dL (1 mmol/L) em homens e <50 mg/dL (1,3 mmol/L) em mulheres ou tratamento medicamentoso para colesterol HDL baixo; Pressão arterial ≥130/85 mmHg ou tratamento medicamentoso para pressão arterial elevada; Glicose plasmática em jejum (FPG) ≥100 mg/dL (5,6 mmol/L) ou tratamento medicamentoso para glicemia elevada ou diabetes tipo 2 previamente diagnosticado. Além da idade, raça e peso, outros fatores associados a um risco aumentado de síndrome metabólica no NHANES incluíram status pós- menopausa, tabagismo, baixa renda familiar, dieta rica em carboidratos, não consumo de álcool e inatividade física. Identificação de pacientes com alto risco metabólico: a avaliação deve incluir a medição da pressão arterial, circunferência da cintura, perfil lipídico em jejum e glicemia de jejum. Estudos observacionais prospectivos demonstram uma forte associação entre a síndrome metabólica e o risco de desenvolvimento subsequente de diabetes tipo 2. Outras associações – A síndrome metabólica também tem sido associada a vários distúrbios relacionados à obesidade, incluindo: Doença hepática gordurosa com esteatose, fibrose e cirrose; Carcinoma hepatocelular e colangiocarcinoma intra-hepático; Doença renal crônica (DRC; definida como uma taxa de filtração glomerular inferior a 60 mL/min por 1,73 m2) e microalbuminúria; Síndrome dos ovários policísticos; Distúrbios respiratórios do sono, incluindo apneia obstrutiva do sono; Hiperuricemia e gota. Terapia Tratar as causas subjacentes (sobrepeso/obesidade e inatividade física) intensificando o controle de peso e aumentando a atividade física; Tratar os fatores de risco cardiovascular se persistirem apesar da modificação do estilo de vida. 2 Khilver Doanne Sousa Soares É possível tratar a resistência à insulina com medicamentos que aumentam a ação da insulina (por exemplo, tiazolidinedionas e metformina). Modificação do estilo de vida — A modificação agressiva do estilo de vida com foco na redução de peso e aumento da atividade física é a terapia primária para o manejo da síndrome metabólica. Dieta — Várias abordagens dietéticas têm sido defendidas para o tratamento da síndrome metabólica. A maioria dos pacientes com síndrome metabólica está acima do peso, e a redução de peso, que melhora a sensibilidade à insulina, é um objetivo importante de qualquer dieta. Exercício – O exercício pode ser benéfico além de seu efeito na perda de peso, removendo mais seletivamente a gordura abdominal, pelo menos nas mulheres. Prevenção do diabetes tipo 2 – Embora não abordem estritamente a síndrome metabólica, os ensaios clínicos mostraram que as modificações no estilo de vida podem reduzir substancialmente o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e os níveis de fatores de risco para DCV em pacientes com risco aumentado. Agentes hipoglicemiantes orais – Entre os hipoglicemiantes orais usados para tratar diabetes tipo 2, a metformina e as tiazolidinedionas (rosiglitazona e pioglitazona) melhoram a tolerância à glicose, em parte, aumentando a sensibilidade à insulina. A metformina pode prevenir ou retardar o desenvolvimento de diabetes em indivíduos com intolerância à glicose. O controle da hipertensão é importante em pacientes com diabetes mellitus. A meta de pressão arterial pode ser um pouco menor do que a da população geral e varia com a presença ou ausência de nefropatia diabética com proteinúria. Quando Rastrear DM em Adultos? IMC > 25 kg/m2 e: 1. Sedentarismo 2. História familiar (1º grau) para diabetes; 3. HAS; 4. Dislipidemia (triglicérides ≥ 250 mg/dL ou HDL ≤ 35 mg/dL); 5. História de DMG ou RN com + de 4 kg; 6. SOP; 7. História prévia de alteração do nível glicêmico; 8. Acantose nigricans; 9. História de DCV. Quais Valores são Critérios Diagnósticos para DM? GJ Glicemia 2h após 75g glicose Glicemia casual HbA1c (hemoglobina glicada) Normal < 100 < 140 < 5,7% Risco aumentado para diabetes GJ alterada 100 – 125 5,7 – 6,4% Tolerância à glicose diminuída 140 – 199 DM ≥ 126* ≥ 200 ≥ 200 + sintomas clássicos ** ≥ 6,5%*** 3 Khilver Doanne Sousa Soares *Jejum de pelo menos 8h **Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polifagia, polidipsia e perda não explicada de peso. ***Dispensável em caso de sintomas ou glicemia ≥ 200 mg%. Confirmar qualquer alteração repetindo exame; se necessário utilizar TOTG para critério de dúvida do diagnóstico. Fonte: American Diabetes Association e Sociedade Brasileira de Diabetes. O diagnóstico deve ser sempre confirmado pela repetição dos testes de GJ e HbA1c em outro dia. Glicemia ao acaso acima de 200 + sintomas clássicos da DM já é considerado diagnóstico. Quando pesquisar lesões microvasculares na DM? DM I Até 5 após diagnóstico DM II Imediatamente após diagnóstico Período de acompanhamento de exames em pacientes diabéticos Função renal (exame qualitativo de urina, creatinina com estimativa do clearance e pesquisa de microalbuminúria), exame de fundo de olho e exame dos pés (monofilamento, diapasão, feridas) ANUALMENTE PARÂMETROS NCEP ATP3 2005* Número de anormalidades ≥3 de: Glicose Glicemia de jejum ≥5,6 mmol/L (100 mg/dL) ou tratamento medicamentoso para glicose sanguínea elevada Colesterol HDL <1,0 mmol/L (40 mg/dL) (homens); <1,3 mmol/L (50 mg/dL) (mulheres) ou tratamento medicamentoso para colesterol HDL baixo Triglicerídeos ≥1,7 mmol/L (150 mg/dL) ou tratamento medicamentoso para triglicerídeos elevados Obesidade Cintura ≥102 cm (homens) ou ≥88 cm (mulheres) Hipertensão ≥130/85 mmHg ou tratamento medicamentoso para hipertensão * Critérios mais comumente aceitos para síndrome metabólica. Observe que a obesidade abdominal não é um pré- requisito para o diagnóstico; a presença de quaisquer 3 dos 5 critérios de risco constitui um diagnóstico de síndrome metabólica. 4 Khilver Doanne Sousa Soares METAS FATORES DE RISCO DO ESTILO DE VIDA Obesidade abdominal Ano 1: Reduza o peso corporal de 7 a 10 por cento Continuar a perda de peso depois com o objetivo final de IMC <25 kg/m2 Inatividade física Pelo menos 30 min (e de preferência ≥60 min) de exercício contínuo ou intermitente de intensidade moderada 5 vezes por semana, mas de preferência diariamente Dieta aterogênica Ingestão reduzida de gordura saturada, gordura trans, colesterol FATORES DE RISCO METABÓLICOS Dislipidemia Alvo primário colesterol LDL elevado Alto risco*: <100 mg/dL (2,6 mmol/>L); opcional <70 mg/dL Risco moderado: <130 mg/dL (3,4 mmol/L) Menor risco: <160 mg/dL(4,9 mmol/L) Alvo secundário elevado colesterol não-HDL Alto risco*: <130 mg/dL (3,4 mmol/L); opcional <100 mg/dL (2,6 mmol/L) risco muito alto Risco moderado: <160 mg/dL (4,1 mmol/L) Menor risco: <190 mg/dL (4,9 mmol/L) O alvo terciário reduz o colesterol HDL Aumente o máximo possível com redução de peso e exercícios Pressão arterial elevada Reduzir para pelo menos <140/90 (<130/80 se diabético) Glicose elevada Para IFG, incentive a redução de peso e o exercício Para DM tipo 2, meta A1C <7 por cento Estado protrombótico Aspirina em baixa dose para pacientes de alto risco Estado pró-inflamatório Terapias de estilo de vida; sem intervenções específicas Definições de síndrome metabólica em crianças e adolescentes 5 Khilver Doanne Sousa Soares * Circunferência da cintura étnico-específica Critérios de Framingham FÓRMULA DE FRIEDEWALD: LDL + HDL + TRIGLICERÍDEOS / 5 = COLESTEROL TOTAL Obs.: válido até triglicerídeo de 400 6 Khilver Doanne Sousa Soares _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ REFERÊNCIAS GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti; DIAS, Lêda Chaves. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. MEIGS, James B. Síndrome metabólica (síndrome de resistência à insulina ou síndrome X). Up to Date. 2022. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/met abolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome- or-syndrome- x?search=sindromes%20metabolicas&source =search_result&selectedTitle=1~150&usage_t ype=default&display_rank=1>. Acesso em: 17 mar 2022. https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 https://www.uptodate.com/contents/metabolic-syndrome-insulin-resistance-syndrome-or-syndrome-x?search=sindromes%20metabolicas&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
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