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1 Khilver Doanne Sousa Soares Afecções da Tireoide Visão Geral da Função Tireoidiana As células foliculares na glândula produzem os 2 principais hormônios tireoidianos: Tetraiodotironina (tiroxina, T4) Triiodotironina (T3) T3 é a forma mais ativa na ligação ao receptor nuclear; T4 tem somente atividade hormonal mínima. Entretanto, T4 tem efeito muito mais duradouro e pode ser convertida em T3 (na maioria dos tecidos) e, dessa forma, serve como um reservatório para T3. Uma 3ª forma de hormônio tireoidiano, T3 reverso (rT3), não possui atividade metabólica; as concentrações de rT3 se elevam em certas doenças. Além disso, as células parafoliculares (células C) secretam o hormônio calcitonina, que é liberado em resposta à hipercalcemia e reduz as concentrações séricas de cálcio. https://www.santelaboratorio.com.br/hipotireoidismo- canino/. Regulação da secreção dos hormônios tireoidianos. O iodo, ingerido na alimentação e na água como iodeto, é ativamente concentrado pela tireoide e convertido em iodo orgânico (organificação) dentro das células foliculares pela peroxidase tireoidiana. As células foliculares circundam um espaço preenchido por coloide, que consiste em tireoglobulina, uma glicoproteína que contém tirosina em sua matriz. A tirosina em contato com a membrana das células foliculares é iodada em 1 (monoiodotirosina) ou 2 (diiodotirosina) locais e depois acoplada para produzir 2 formas de hormônio tireoidiano. Di-iodotirosina + di-iodotirosina → T4 Di-iodotirosina + monoiodotirosina → T3 Hipertireoidismo e Tireotoxicose Hipertireoidismo refere-se à hiperatividade tireoidiana, enquanto tireotoxicose refere-se a síndrome causada por excesso de hormônio tireoidiano. TIREOTOXICOSE DECORRENTE DE HIPERTIREOIDISMO Doença de Graves; Bócio multinodular tóxico; Adenoma tóxico. Doença de Graves A doença de Graves é uma síndrome caracterizada por hipertireoidismo, oftalmopatia, dermopatia localizada (mixedema pré-tibial) e, raramente, acropaquia (deformação dos dedos em baqueta de tambor). A doença de Graves representa 70 a 80% dos portadores de hipertireoidismo. O principal fator causal de hipertireoidismo é de natureza autoimune causada pela produção de imunoglobulinas ou anticorpos estimuladores da tireoide (TSI), dirigidos diretamente ao receptor de TSH (TSHR) nos tireócitos. A produção das TSI é dependente das células T e https://www.santelaboratorio.com.br/hipotireoidismo-canino/ https://www.santelaboratorio.com.br/hipotireoidismo-canino/ 2 Khilver Doanne Sousa Soares vários epítopos no domínio extracelular do TSHR são por elas reconhecidos1. Essas TSI mimetizam a ação do TSH ativando a proteína G (G alfa-s) acoplada ao receptor, o sistema adenilciclase e, consequentemente, a produção de AMP cíclico, provocando o excesso de produção de hormônio tireoidiano, hiperplasia e hipertrofia dos folículos tireóideos. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Bócio difuso tóxico. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Causas de tireotoxicose. Em ambientes iodo-deficientes, a exposição ao iodo suplementar pode precipitar a doença de Graves em alguns indivíduos, mediante o fenômeno denominado iodo-Basedow. A incidência anual em mulheres é de 0,5 a cada 1.000, com maior risco de ocorrência entre 40 e 60 anos; é 8 a 10 vezes menos frequente em homens e incomum em crianças. Há evidências substanciais ligando a doença de Graves à tireoidite de Hashimoto. Anticorpos “predominantemente Hashimoto”, dirigidos contra a TG e a TPO, podem estar presentes na circulação dos portadores de doença de Graves. A oftalmopatia clinicamente evidente ocorre em cerca de 50% dos pacientes com doença de Graves. Dermopatia ou mixedema pré-tibial tem como localização a área pré-tibial e o dorso dos pés. A dermopatia tireóidea é sugestiva de doença tireóidea autoimune severa, enquanto a acropaquia sugere forma ainda mais séria. As manifestações clínicas da doença de Graves podem ser divididas entre as usuais a qualquer forma de hipertireoidismo e as específicas da doença de Graves. Em indivíduos mais jovens (20-50 anos), manifestações clínicas que estão presentes em mais da metade dos pacientes com a doença: Nervosismo; Fatigabilidade fácil; Palpitações; Hipercinesias; Diarréia; Intolerância ao calor; Sudorese; Perda de peso; Sinais de comprometimento exoftálmico (proptose, retração palpebral ou exoftalmopatia podem estar presente). Em pacientes pré-adolescentes: Crescimento linear rápido com aceleração da maturação óssea. Com o aumento da idade: Perda de peso e de apetite está menos exacerbada; Irritabilidade e a intolerância ao calor ficam menos frequentes; 3 Khilver Doanne Sousa Soares A miopatia é bastante severa, com perda de massa muscular, impedindo a deambulação. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Mixedema pré-tibial. A fibrilação atrial é rara em pacientes com menos de 50 anos, mas ocorre em cerca de 20% dos idosos. Em torno de 90% dos pacientes com idade inferior a 50 anos exibem bócio difuso, de consistência firme e elástica, com tamanho variável. Outros fatores clínicos observáveis em pacientes com doenças de Graves: Piora da labilidade emocional em portador de doença psiquiátrica preexistente; Piora da angina ou insuficiência cardíaca em indivíduo com doença coronária; Piora da intolerância à glicose em paciente diabético insulinodependente; Precipitação de crise adrenal em indivíduos predispostos; O diagnóstico de paralisia periódica hipocalêmica indica a necessidade de excluir a existência de doença de Graves precipitante. Aspectos clínicos da doença de Graves 4 Khilver Doanne Sousa Soares Diagnóstico O hipertireoidismo da doença de Graves pode ser clínico e laboratorialmente estabelecido. Todos os pacientes apresentam níveis de TSH diminuídos ou suprimidos, associados a níveis elevados de T4 livre. *pequenos incrementos na produção de hormônio tireoidiano suprimem os níveis circulantes de TSH. Se o TSH é baixo e o T4 livre encontra-se normal, recomenda-se medir o T3 livre. * 10% dos pacientes podem apresentar elevação dos níveis de T3 total e livre, concentração sérica normal de T4 livre seguido de nível de TSH suprimido - tireotoxicose por T3 Em aproximadamente 75% dos pacientes com doença de Graves, encontramos a presença de anticorpos anti-TPO ou anti-TG, que confirmam a presença de doença tireóidea autoimune. A detecção de TRAb no soro de pacientes com doença de Graves chega a 99%, porém sua aplicação clínica apresenta limitações, pois 25% dos pacientes com tireoidite de Hashimoto apresentam TRAB circulante. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Cintilografia de bócio difuso. Tratamento do Hipertireoidismo Agentes antitireóideos. As tionamidas metimazol e propiltiouracil são os agentes de escolha para o tratamento da doença de Graves e outras formas de tireotoxicose. Metimazol age inibindo a organificação do iodeto na glândula tireoide; Propiltiouracil inibe a captação do iodeto pela glândula. Os agentes antitireóideos têm efeitos imunossupressivos, promovendo diminuição dos títulos de TRAb e de moléculas imunologicamente importantes (moléculas de adesão, receptores da IL-2 e IL-6, HLA classe II entre outras), bem como diminuição da infiltração linfocítica tireoidiana. O propiltiouracil é, habitualmente, introduzido com dose de 100 a 150 mg a cada 8 horas, e a dose reduzida a 50 mg, duas ou três vezes ao dia, quando é atingido o eutireoidismo. O metimazol é, usualmente, iniciado com 5 a 15 mg, duas vezes ao dia, podendo atingir 30 mg, duas vezes ao dia, em pacientes muito tóxicos; a dose de manutenção varia entre5 e 10 mg/dia. *Recomenda-se o uso do agente antitireoidiano por 12 a 18 meses, antes de determinar se houve remissão imunológica Radioiodo. O tratamento da tireotoxicose com radioiodo é considerado um recurso seguro, eficiente e com excelente relação custo- benefício produzindo eutireoidismo em seis a oito semanas. É prudente evitar usar radioiodo em indivíduos jovens com menos de sete anos de idade, especialmente se considerarmos o aumento de incidência de câncer tireóideo constatado em crianças, com idade inferior a 15 anos. *O radioiodo não deve ser usado em grávidas ou em mulheres que estão amamentando * As pacientes devem ser advertidas para evitar a concepção por três a seis meses após o tratamento 5 Khilver Doanne Sousa Soares Avaliação de hipertireoidismo Embora o objetivo ideal dessa modalidade seja obter o eutireoidismo, isso raramente ocorre. Cirurgia. A opção cirúrgica para doença de Graves está indicada em casos especiais como: indivíduos tireotóxicos alérgicos às tionamidas e impossibilidade de submeter-se ao radioiodo por gravidez, coexistência de nódulo tireóideo de natureza indeterminada, tiromegalia com sintomas compressivos, por serem muito jovens ou por escolha própria. Hipotireoidismo e hipoparatireoidismo permanentes, e lesão do nervo recorrente laríngeo são as possíveis complicações cirúrgicas, e a taxa de mortalidade é < 1% nos grandes centros. Ao redor de 25% das cirurgias de tireoidectomia levam os pacientes a hipocalcemia transitória e podem ser corrigidas pela suplementação oral de cálcio e vitamina D. Bócio Multinodular Tóxico Vários fatores etiológicos contribuem para a formação do bócio multinodular autônomo e, eventualmente, tóxico: a heterogeneidade funcional inerente dos nódulos tireóideos, fatores de crescimento, agentes bociogênicos, disponibilidade de iodo e anormalidades genéticas. É a segunda causa mais comum de hipertireoidismo. O bócio multinodular não se associa a oftalmopatia ou dermopatia, mas os bócios tendem a ser volumosos e podem provocar sintomas compressivos. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Diagnóstico O diagnóstico clínico do bócio multinodular tóxico evidencia sintomas de instalação geralmente insidiosa, e a maioria dos pacientes são assintomáticos ou pouco tóxicos, com predomínio de manifestações cardíacas, como taquicardia sinusal, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca congestiva. Pacientes idosos podem apresentar queixas de fadiga muscular, perda de apetite, cansaço, fraqueza, inapetência e depressão, caracterizando uma apresentação clínica atípica, conhecida como hipertireoidismo apático. Os resultados podem demonstrar um TSH suprimido, com níveis normais, ou no limite superior do normal, de T3 e T4 livre. A ultrassonografia identifica a presença de pequenos nódulos, não palpáveis ao exame da tireoide, e determina suas características. A cintilografia e a captação tireoidianas SÃO ÚTEIS no diagnóstico diferencial do hipertireoidismo, ajudando a distinguir a tireoidite do bócio multinodular tóxico ou bócio difuso tóxico. Cintilografia do bócio multinodular tóxico distribuição heterogênea, com algumas áreas exibindo maiores e menores captações do radiotraçador. A tomografia computadorizada da região cervicotoráxica permite estabelecer desvio traqueal ou compressão de outras estruturas cervicais. Tratamento O tratamento do bócio multinodular tóxico inclui tionamidas, remoção cirúrgica, ablação com radioiodo e injeção percutânea de etanol. Agentes antitireóideos. Diferentemente da doença de Graves, as tionamidas no bócio multinodular tóxico não promovem remissão da doença e, sim, promovem o eutireoidismo antes de submeter o paciente a cirurgia ou radioiodo, modalidades terapêuticas preferenciais. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Cintilografia de bócio multinodular tóxico. Radioiodo. O I131 é o isótopo de escolha para o tratamento com radioiodo. O paciente deve ser submetido a um pré-tratamento com metimazol até se obter o eutireoidismo. Em geral são requeridas doses elevadas de I131 para o sucesso terapêutico, pois o bócio normalmente é volumoso. Nessa situação pode ser utilizado o TSH recombinante para estimular a captação de radioiodo e redução da dose fornecida de I131 (Recomenda-se limitar o consumo dietético de iodo sete dias antes e durante o tratamento). A radiação levará à destruição e diminuição da população dos folículos tireoidianos com consequente diminuição do bócio. Cirurgia. Quando o bócio do portador de bócio multinodular tem grande volume e provoca sintomas compressivos, ou quando o paciente recusa o tratamento com o radioiodo, a tireoidectomia pode ser indicada. Indica-se o tratamento pré-operatório com agente antitireoidiano, mas não com iodo, que tem o potencial de exacerbar o hipertireoidismo. Injeção percutânea com etanol. Monzani et al.49 trataram 17/117 pacientes com bócio multinodular tóxico com injeção percutânea com etanol; após cinco anos de acompanhamento, 88% foram considerados efetivamente curados, e apenas um paciente apresentou hipotireoidismo após o tratamento. Adenoma Tóxico Aparentemente, sua maior incidência geográfica tem vinculação com a deficiência de 7 Khilver Doanne Sousa Soares iodo. Os adenomas tóxicos são alterações monoclonais de tireócitos, que apresentam aumento da captação de iodo e síntese de hormônio tireoidiano, independentemente de TSH. Diagnóstico A partir de 3-4 cm, os adenomas tóxicos já são palpáveis e apresentam produção hormonal suficiente para manifestações clínicas. Os sintomas clínicos apresentam-se de forma mais insidiosa comparada à doença de Graves, com predomínio de sintomas cardiovasculares nos pacientes mais idosos, e ausência de sinais oculares da oftalmopatia da doença de Graves. Quando a produção hormonal do nódulo excede o limite normal glandular, o nível de TSH será suprimido. Em alguns casos o nódulo secreta primariamente T3; nesse caso, o T4 e o T4 livre serão normais ou baixos. Os anticorpos antitireóide e TRAb são negativos. A doença nodular autônoma pode ainda apresentar-se na forma de hipertireoidismo subclínico (adenoma pré-tóxico) - os valores de TSH sérico e hormônios tireóideos estão normais. Tratamento As tionamidas levam o paciente ao eutireoidismo, mas com a descontinuidade do agente a tireotoxicose recidivirá. O I131 tem sido usado com sucesso para tratar esses nódulos. Pela possibilidade de aparecimento de hipotireoidismo pós-radioiodo, muitos advogam a remoção cirúrgica dos adenomas tóxicos. TIREOTOXICOSE NÃO-ASSOCIADA AO HIPERTIREOIDISMO Tireoidite subaguda, também chamada de tireoidite De Quervain (visto adiante em tireoidites); Tireoidite de Hashimoto (visto adiante em tireoidites); Ingestão de iodo. Ingestão de Iodo Os indivíduos sob risco de desenvolvimento de hipertireoidismo causado por iodo incluem portadores de bócio por deficiência iódica, bócio multinodular não tóxico e pacientes eutireoideos tratados previamente com agente antitireoidiano por doença de Graves. A amiodarona exibe tendência peculiar para provocar disfunção tireóidea. Foram descritos dois subtipos de tireotoxicose induzida por amiodarona: O tipo I é encontrado em indivíduos suscetíveis, portadores de bócio multinodular, adenoma funcionante ou doença de Graves latente e desencadeada pelo excesso de iodo (efeito jod-basedow); O tipo II corresponde a uma forma de tireoidite destrutiva provocada pelo efeito tóxico direto do agente. No tipo I a amiodarona pode ser retirada ou mantida por algum tempo após a introdução do agente antitireoidiano - alguns pacientes desenvolvem uma forma refratária de tireotoxicose de difícil tratamento. Na tireotoxicose induzida por amiodarona tipo II, em geral, a amiodarona pode ser mantida, pois a recidiva da tireotoxicoseé muito rara SITUAÇÕES ESPECIAIS Tireotoxicose na Gravidez A morbidade materna e fetal está presente, e o mau controle da tireotoxicose pode levar a aborto, parto prematuro, recém-nascido com baixo peso e eclâmpsia. Os agentes antitireoidianos constituem o tratamento de escolha, podendo apresentar capacidade de atravessar a placenta e causar bócio fetal e hipotireoidismo, causar alergia ou intolerância, e nessa situação recomenda-se o uso de betabloqueadores e tireoidectomia no segundo trimestre da gravidez. 8 Khilver Doanne Sousa Soares A preparação pré-operatória com iodetos não é indicada, porque cruza a placenta e pode causar bócio e hipotireoidismo transitório neonatais. Propiltiuracil é o agente de escolha e pode provocar hipotireoidismo e bócio fetal; o metimazol tem sido considerado teratogênico, especialmente em fetos expostos entre a 3ª e a 7ª semana de gestação. É indicado o acompanhamento do TRAb durante a gravidez, pois títulos elevados podem favorecer o desenvolvimento de hipertireoidismo neonatal. Classificação da tireotoxicose induzida pela amiodarona Tireotoxicose em Idosos Pacientes idosos portadores de hipertireoidismo, muitas vezes, apresentam-se com sinais e sintomas não específicos e atenuados, passíveis de ser atribuídos a outras doenças ou à idade avançada. Inapetência, perda de peso, depressão e isolamento social acompanhados de aumento da frequência cardíaca são referidos como síndrome do hipertireoidismo apático. Nos idosos, anorexia e fibrilação atrial foram mais comuns, enquanto reflexos hiperativos, sudorese excessiva, intolerância ao calor, nervosismo, polidipsia e apetite aumentado foram menos frequentes. Três sinais encontravam-se bastante associados à tireotoxicose no idoso: apatia, taquicardia e perda de peso. Crise Tireotóxica A crise tireotóxica é uma entidade bastante rara atualmente, porém, quando presente, pode oferecer risco de morte ao paciente com doença de Graves. O diagnóstico da crise tireotóxica é feito com base clínica. As principais manifestações são febre elevada com sudorese profusa, taquicardia (às vezes com frequência superior a 140 bpm), agitação, confusão, delírio ou psicose, que pode evoluir para estupor e coma. Sintomas de hipertireoidismo são exacerbados, podendo incluir intensa taquicardia, comprometimento neurológico, disfunção gastrintestinal e hepática. Pelo menos dois mecanismos fisiopatológicos essenciais parecem conduzir o hipertireoidismo grave para a crise tireotóxica: O primeiro seria por aumento súbito de hormônio tireoidiano circulante liberado pela glândula (p. ex., cirurgia tireóidea, retirada de agente antitireoidiano, terapia com radioiodo, palpação tireóidea vigorosa, uso de contrastes iodados); O segundo mecanismo resulta da elevação repentina na disponibilidade de hormônio tireoidiano livre no organismo, pela redução da capacidade de ligação das proteínas transportadoras de hormônio tireoidiano. 9 Khilver Doanne Sousa Soares Tratamento da crise tireotóxica OFTALMOPATIA DE GRAVES O comprometimento dos olhos quando externamente inaparentes pode ser demonstrado por métodos de imagem, tais como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Com esses recursos pode- se demonstrar, mesmo na ausência de sinais oculares, algum espessamento da musculatura extraocular ou aumento da gordura orbitária. Pesquisas de vários autores indicam que o receptor do hormônio estimulante da tireoide (TSH), presente na membrana do fibroblasto orbitário de pacientes com oftalmopatia de Graves, seria o antígeno responsável pela reação. - Calsequestrin marcador específico da forma miopática da oftalmopatia de Graves; Entretanto, os dados vêm se acumulando em favor do fibroblasto como célula repositária do antígeno-alvo dos processos humorais e celulares da reação imunológica. - Receptor do TSH em pré-adipócitos Presente na região orbitária A análise histológica do tecido orbitário mostra, geralmente, fibras musculares intactas e infiltração por macrófagos, linfócitos T ativados e, em menor grau, por linfócitos B. As citocinas estimulam a proliferação dos fibroblastos e a produção de glicosaminoglicanos. O acúmulo desses compostos hidrofílicos acarretando edema e aumento de volume dos tecidos fibrogordurosos da órbita e a restrição fibrótica do conectivo da musculatura extraocular são os responsáveis pela maior parte das manifestações clínicas da doença. O aumento do tecido gorduroso da órbita parece estar relacionado com o aumento da expressão do gene do PPAR-gama no tecido fibrogorduroso orbitário de pacientes portadores da forma ativa da oftalmopatia de Graves O aumento do volume dos tecidos orbitários dificulta as circulações venosa e linfática nesse compartimento, acarretando edema palpebral, característico das formas mais intensas da oftalmopatia de Graves. 10 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Microfotografia de tecido orbitário de paciente portador de doença de Graves e oftalmopatia. Material de necropsia. A: Infiltrado linfoplasmocitário em meio a tecido adiposo e músculo. B: Infiltrado predominantemente linfocitário perivascular em meio a tecido adiposo. Aumento 63 x. Coloração H.E. Imagem gentilmente cedida pelo Prof. Hélio Bisi, do Departamento de Patologia da FMUSP. Sintomas e sinais da oftalmopatia de Graves* Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Tomografia computadoriza de paciente com oftalmopatia de Graves de formas lipogênica (A) e miogênica (B). Hipertireoidismo Subclínico O hipertireoidismo subclínico é uma síndrome caracterizada pela diminuição do nível sérico do TSH na presença de concentração sérica normal de T4 livre e T3, em indivíduos assintomáticos ou minimamente sintomáticos. As causas do hipertireoidismo subclínico são as mesmas do hipertireoidismo e da tireotoxicose, e classificam-se em endógenas e exógenas. Etiologia do hipertireoidismo subclínico Os pacientes com hipertireoidismo subclínico podem apresentar sinais e sintomas de excesso de hormônio tireóideo e consequente diminuição da qualidade de vida. Tanto no hipertireoidismo subclínico endógeno como no exógeno, ocorre elevada prevalência de: palpitações, tremores, intolerância ao calor, sudorese, nervosismo, ansiedade, medo, hostilidade, inabilidade de concentração, diminuição da sensação de bem-estar e diminuição do sono. SCV As consequências adversas do hipertireoidismo subclínico sobre o sistema cardiovascular devem-se aos efeitos de curto prazo da ação eletrofisiológica dos hormônios tireóideos e aos efeitos de longo prazo decorrentes do aumento do trabalho cardíaco. Os pacientes que apresentam hipertireoidismo subclínico têm aumento da frequência cardíaca e elevação da prevalência de arritmias supraventriculares. O hipertireoidismo subclínico é um fator de risco para a ocorrência de fibrilação atrial (FA). Metabolismos mineral e ósseo O hipertireoidismo subclínico depleta sítios esqueléticos ricos em osso cortical e a extensão da depleção depende da intensidade e da duração do hipertireoidismo subclínico + outros fatores que influenciem. Os hormônios tireóideos aceleram a taxa de remodelação óssea e provocam um balanço negativo de cálcio e perda de massa óssea, o que acelera o desenvolvimento da osteoporose e eleva o risco de fratura - somente o uso de LT4, desde que mantido o nível sérico de TSH normal, não eleva o risco de fratura óssea; mas, se o nível 11 Khilver Doanne Sousa Soares sérico de TSH estiver abaixo da normalidade, há aumento desse risco. Alterações Laboratoriais Essas alterações são pouco frequentes, não aparentam ter implicações clínicas e incluem: aumento das concentrações séricas de TGO, TGP e gama-GT, pequeno aumento sérico do SHBGe diminuição da concentração sérica da CPK. Diagnóstico Uma diminuição do nível sérico do TSH abaixo do seu valor normal, ou seja, TSH < 0,40 mU/L, na vigência de nível sérico normal dos hormônios tireóideos (T3 e T4 livre normais), é diagnóstico de hipertireoidismo subclínico – ressaltando que várias outras causas que reduzem o nível sérico do TSH. Quanto aos diagnósticos diferenciais: Surto agudo de doença psiquiátrica: Foi descrita a diminuição discreta e transitória do nível sérico do TSH em pacientes internados em unidades psiquiátricas; Insuficiência hipotalâmica ou hipofisária; Uso de medicamentos: dopamina, glicocorticóides, AAS, furosemida, amiodarona, etc.; Gravidez: A gonadotrofina coriônica estimula a tireoide, o que eleva a secreção dos hormônios (T4 e T3), causando, assim, uma diminuição do TSH; Idade avançada. Tratamento As indicações para o tratamento são: idosos, sintomas de hipertireoidismo e evidência de fatores de risco para doenças cardiovasculares e/ou esqueléticas. Nos pacientes jovens sem esses fatores de risco, não está indicado o tratamento, mas somente observação periódica. Avaliação e tratamento do hipertireoidismo subclínico 12 Khilver Doanne Sousa Soares HIPOTIREOIDISMO Pode ser definido como um estado resultante da produção insuficiente dos hormônios tireoidianos. Segundo o momento da ocorrência, é qualificado em: Congênito: perturbação da função tireoidiana existente desde o nascimento; Adquirido: hipotireoidianos em que os sintomas aparecem tardiamente. Conforme o local da lesão determinante é classificado em primário (na tireoide), secundário (na hipófise) ou terciário (no hipotálamo), sendo os dois últimos também reunidos sob a designação de hipotireoidismo central. Pela sua intensidade, pode ser classificado em subclínico (brando) ou clínico (manifesto). Nos pacientes com hipotireoidismo primário, nos quais a tireotrofina (TSH) sérica encontra-se elevada. A distinção entre a clínica e subclínica pode ser realizada bioquimicamente, pela concentração da tiroxina livre (T4L) sérica - se encontra abaixo, no primeiro, ou dentro da faixa de referência, no último. - Cretinismo. É uma denominação reservada a um complexo de sinais e sintomas que inclui surdez neurossensorial, retardo mental, baixa estatura e fácies característica, que ocorre em indivíduos portadores de hipotireoidismo congênito não tratado. *Em raras ocasiões, o hipotireoidismo pode ser suficientemente intenso para ser considerado emergência médica (coma mixedematoso) Hipotireoidismo Congênito A deficiência endêmica de iodo persiste como causa importante mundial de hipotireoidismo congênito. Em regiões com suficiência iódica, afeta 1 em 4.000 recém- nascidos. Em casos esporádicos, a moléstia resulta de disgenesia tireoidiana (relacionada a mutações nos genes codificadores do PAX8 e fatores de transcrição tireoidianos TITF1 e FOXE1) ou de defeitos genéticos herdados da síntese hormonal tireoidiana (p. ex., mutações nos genes que codificam a peroxidase tireoidiana, importador de sódio-iodeto, pendrina, oxidase tireoidiana 2 DUOX2 e tireoglobulina). A passagem transplacentária de anticorpos bloqueadores antireceptor de TSH (TRAb), da mãe com doença tireoidiana autoimune para o feto, pode também dar origem ao hipotireoidismo de caráter transitório. Causas de hipotireoidismo Hipotireoidismo Primário Adquirido Tireoidite Autoimune Também designada doença de Hashimoto, é a causa mais comum de hipotireoidismo adquirido em adultos; apresenta prevalência sete vezes maior em mulheres e sua incidência aumenta na meia-idade. A patogênese autoimune é corroborada pela infiltração linfocitária da tireoide, presença de autoanticorpos tireoidianos circulantes e células T ativadas (helper) CD4+ específicas para antígenos tireoidianos, e 13 Khilver Doanne Sousa Soares expressão de proteínas do complexo de histocompatibilidade (MHC) classe II apresentadoras de antígeno pelos tireócitos. Como a tireoidite autoimune é mais comum em áreas geográficas com aporte dietético iódico elevado, tem sido postulado que um excesso do elemento causa aumento na antigenicidade da tireoglobulina, implicada como um dos antígenos no processo. Nos portadores de tireoidite autoimune, a tireoide pode ser impalpável ou encontrar-se difusamente aumentada (150 a 300% acima do tamanho normal), com consistência firme, sem nódulos e contorno irregular. Nos pacientes com a variante fibrosa, a glândula mostra-se endurecida e bastante aumentada. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Tireoidite de Hashimoto. Nesta imagem histológica, em aumento médio e coloração HE, observa-se denso infiltrado de células plasmáticas e linfócitos com formação de centro germinativo. Com frequência, os tireócitos exibem citoplasma granular abundante, em virtude da riqueza em mitocôndrias, correspondente a alteração metaplásica oncocítica (em tonalidade rósea). Em consequência, estas células são conhecidas como oncócitos ou células de Hurthle. Os indivíduos afetados podem ostentar hipotireoidismo, eutireoidismo ou tireotoxicose transitória seguida por hipotireoidismo (hashitoxicose), que ocorre infrequentemente. O exame para a confirmação diagnóstica presuntiva de tireoidite autoimune é a determinação dos autoanticorpos tireoidianos. Obs.: em alguns casos, não se consegue detectar autoanticorpos tireoidianos em portadores de hipotireoidismo de longa duração e isso não exclui o diagnóstico! Os anticorpos antiperoxidase (antiTPO) estão presentes em número expressivo de pacientes (aproximadamente 80%), enquanto os anticorpos antitireoglobulina (antiTG) encontram-se em cerca de 60%. Verificou-se que existe um relacionamento direto predominante entre o título dos anticorpos antiTPO e o nível elevado de TSH sérico. +CAUSAS O hipotireoidismo primário adquirido pode resultar também de dano tireoidiano prévio por cirurgia ou irradiação – seja na forma de tratamento com iodo radioativo para tireotoxicose, radioterapia externa para tumores malignos da cabeça e pescoço, exposição ambiental acidental ao radioiodo ou uso experimental de imunoglobulinas radioiodadas para tratamento do câncer. Duas outras condições inflamatórias da tireoide, a tireoidite subaguda (tireoidite de De Quervain) e a tireoidite linfocítica (também chamada de tireoidite pós-parto, silenciosa ou indolor), podem levar a um estado de hipotireoidismo transitório. A tireoidite linfocítica é um fenômeno autoimune que afeta 6 a 10% de mulheres entre 1 a 12 meses após o parto, ocorrendo raramente naquelas sem gravidez precedente e em homens; como a maioria dos pacientes afetados recupera o eutireoidismo – cerca de 85% com tireoidite subaguda e 75% com tireoidite linfocítica –, quase nunca é necessário o tratamento com hormônio tireoidiano. Drogas e substâncias tóxicas causadoras de hipotireoidismo. A talidomida causa hipotireoidismo por mecanismo desconhecido em usuários da droga. O agente retroviral estavudina tem sido igualmente associado ao aparecimento de hipotireoidismo. A administração prolongada de iodo em quantidades farmacológicas, seja na forma de amiodarona ou expectorantes, pode inibir a produção tireoidiana hormonal, particularmente em pacientes com tireoidite autoimune. O carbonato de lítio interfere na liberação hormonal glandular, resultando em elevação transitória de TSH em 30% e permanente em 10% dos pacientes. O agente quimioterapêutico aminoglutetimida inibe a síntese hormonal e pode induzir ao hipotireoidismo com bócio. Tem sido relatado que o uso medicinal de 14 Khilver Doanne Sousa Soares interferon-alfa desencadeia a autoimunidade tireoidiana, que pode provocar tanto hipo como hipertireoidismo; este efeito é frequentemente revertido pela interrupção da terapia imunomoduladora. A exposição industriala produtos difenílicos policlorados ou polibromados e ao resorcinol, utilizado na produção têxtil, podem levar ao hipotireoidismo. Hipotireoidismo Secundário e Terciário (central) Doenças que interferem na produção hipotalâmica de TRH, sua transferência por intermédio da haste hipofisária ou que prejudicam a geração de TSH podem provocar hipotireoidismo central. As causas mais comuns desta deficiência são os adenomas hipofisários e os procedimentos cirúrgicos ou radioterapêuticos para tratá-los. Além disso, pode resultar de tumores que invadem o hipotálamo (germinoma, glioma e meningioma) ou a haste hipofisária na região suprasselar (craniofaringioma, cordoma). Sarcoidose, hemocromatose e histiocitose são capazes de induzir igualmente a produção deficiente de TRH. Ainda, a disfunção do tireotrofócito pode ser causada por hipofisite linfocítica, infecção, doença metastática, apoplexia (síndrome de Sheehan ou necrose tumoral) e pelo bexaroteno, ligante seletivo do receptor retinóide X, usado no tratamento do linfoma cutâneo de células T. Fisiopatologia O quadro clínico do hipotireoidismo, independentemente de suas causas, é função do grau de insuficiência tireoidiana, da época da vida em que tal deficiência se instalou, do tempo de duração do hipofuncionamento glandular, além de fatores individuais, variáveis em cada caso. Reflete a atuação sistêmica deficiente do hormônio tireoidiano, sobre a modulação da calorigênese e consumo de oxigênio na maioria dos tecidos e efeitos adicionais órgão-específicos. Quadro Clínico O quadro clínico do hipotireoidismo manifesto é bem característico e compreende sintomas e sinais que incluem intolerância ao frio, ganho de peso, obstipação, pele seca, bradicardia, rouquidão, melancolia e raciocínio lento. A maioria dos achados reflete a redução generalizada dos processos metabólicos e o acúmulo intersticial de glicosaminoglicanos e ácido hialurônico nos vários tecidos. O hipotireoidismo pode provocar deficiência cognitiva, particularmente problemas de memória. Outros achados neurológicos incluem depressão, psicose, ataxia, convulsões e coma. É causa potencial reversível de apnéia do sono. Também pode causar redução sensorial do paladar, audição e olfato. Outras manifestações atípicas do distúrbio abrangem hipotermia, insuficiência cardíaca congestiva, efusão pericárdica ou pleural, pseudo-obstrução ileal e intestinal e coagulopatia. É bem conhecido que alterações menstruais acompanham frequentemente mulheres portadoras de disfunção tireoidiana. De fato, a deficiência hormonal afeta o eixo reprodutivo de várias maneiras. Hiperprolactinemia, anovulação e, possivelmente, deficiência da fase lútea podem contribuir para a fertilidade reduzida no hipotireoidismo estabelecido. Por outro lado, mulheres com anticorpos antitireoidianos – atuando provavelmente como marcadores de disfunção autoimune – encontram-se em situação de maior risco de perda da gravidez, independentemente, da alteração funcional. 15 Khilver Doanne Sousa Soares Principais sintomas e sinais do hipotireoidismo Influência do hipotireoidismo sobre o aparelho reprodutor feminino A criança com hipotireoidismo congênito, na época neonatal, apresenta hipotermia, dificuldade de alimentação, bradicardia, icterícia, fontanela posterior alargada, obstipação intestinal e hérnia umbilical – alguns casos podem parecer perfeitamente normais. Outras manifestações podem coexistir de forma branda e menos evidente, a saber: crescimento linear prejudicado com maturação óssea retardada, epífises femorais disgenéticas, erupção retardada dos dentes permanentes, puberdade retardada ou precoce, pseudohipertrofia muscular (síndrome de Debré- Semelaigne), aumento hipofisário por hipertrofia dos tireotrofócitos e galactorréia. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Paciente do sexo feminino com 5 anos de idade e hipotireoidismo congênito. Notar a fácies cretina, bastante característica, com acentuação do sulco naso-orbital, macroglossia, olhar vago e distante, cabelos escassos e aparência apática. Pode-se ainda constatar o abdome protuberante com hérnia umbilical, devido a uma hipotonia muscular generalizada e lordose lombar, o evidente atraso somático de desenvolvimento, predominando o segmento superior do corpo sobre o inferior. (Cortesia da Dra. Léa Maria Zanini Maciel, FMRP-USP). Exame Físico Os sinais físicos clássicos do hipotireoidismo incluem bradicardia, hipertensão diastólica, bulhas cardíacas hipofonéticas, hipotermia, pele seca, áspera e fria, queda de cabelos e das sobrancelhas, fala lenta e rouca, dificuldade na articulação das palavras, edema generalizado que não cede à pressão dos dedos, reflexos tendíneos profundos (p. ex., reflexo aquileu) lentos. 16 Khilver Doanne Sousa Soares Em portadores de tireoidite autoimune, a glândula tireoide pode ser impalpável, apresentar- se com tamanho normal ou difusamente aumentada com contorno irregular, consistência firme e lobo piramidal perceptível ao tato. Raramente, a tireoide apresenta-se macia e dolorosa. Exames Laboratoriais São especialmente comuns em pacientes hipotireoidianos as elevações séricas do colesterol e a homocisteína. Além disso, pode ocorrer hiponatremia, hiperprolactinemia, hipoglicemia, elevação no nível de creatina- fosfoquinase e hipercarotenemia. Concentrações elevadas de TSH identificam os pacientes com distúrbio primário, independentemente da causa ou do grau de deficiência. Quando a elevação do TSH é detectada, o teste deve ser repetido e a concentração da T4 livre sérica determinada. Este procedimento adicional confirma o diagnóstico de hipotireoidismo e define o grau da deficiência. - Em portadores de HIPOTIREOIDISMO CENTRAL. O TSH sérico pode encontrar-se baixo, normal ou modestamente elevado. - Síntese de molécula de TSH com atividade biológica diminuída. T4 livre baixo + ausência de elevação do TSH. Em pacientes portadores de hipotireoidismo primário sem antecedentes de irradiação cervical, terapia com radioiodo, cirurgia tireoidiana, situação pós-parto e uso de medicações indutoras de disfunção tireoidiana, a causa mais provável é a tireoidite autoimune. A detecção dos autoanticorpos tireoidianos é útil para confirmação diagnóstica. Ultrassonografia Tireoidiana A demonstração de um padrão ultrassonográfico hipoecogênico, expressando destruição da arquitetura tecidual folicular causada pelo processo autoimune, pode ajudar a identificar os pacientes antiTPO negativos com tireoidite. Fonte: Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016. Imagem ultrassonográfica transversa da tireoidite de Hashimoto. A glândula encontra-se difusamente aumentada e hipoecogênica, com várias estrias fibróticas lineares (A), em comparação a uma tireoide normal (B). Tratamento do Hipotireoidismo Primário No presente, a medicação de escolha é a levotiroxina (L-T4). A etiologia do distúrbio parece influenciar a dose de reposição. Em pacientes adultos jovens com hipotireoidismo primário, a dose média requerida de L-T4 é 1,6 mcg/kg/dia. O seguimento é feito por avaliação laboratorial da função tireoidiana em 6 semanas após a dose inicial para verificar a estabilização dos níveis hormonais. Os idosos portadores de hipotireoidismo necessitam de menos L-T4 que o paciente jovem, e a reposição deve começar com doses mais baixas. A quantidade sugerida para os primeiros pode ser calculada em 1 mcg/kg/dia, mantida por 4 a 8 semanas. A dose ideal inicial de L-T4 para o tratamento do hipotireoidismo congênito é maior e aconselha-se administrar 10 a 15 mcg/kg/dia, pois crianças depuram a L-T4 mais rapidamente 17 Khilver Doanne Sousa Soares que adultos; como consequência, a dose diária de reposição deve ser maior. Não se deve tentar suprimir a concentração do TSH no1o ano de tratamento, sob risco de induzir hipertireoidismo iatrogênico. Recomenda-se controlar o T4 livre e o TSH durante os primeiros 3 anos de vida para garantir a terapia adequada. Reações Adversas à Terapia Hormonal Tireoidiana As reações adversas ao sobretratamento com L-T4 abrangem a tireotoxicose branda e a sintomática, implicando risco aumentado potencial de perda óssea e taquiarritmia atrial. A predisposição à osteoporose ocorre principalmente em mulheres na pós-menopausa. A fibrilação é mais comum em pacientes acima dos 60 anos de idade. Causas potenciais e drogas que diminuem a eficácia da levotiroxina Hipotireoidismo Subclínico Define-se hipotireoidismo subclínico (HTSC) como uma síndrome na qual se encontra uma elevação do nível sérico do TSH na presença de níveis séricos normais dos hormônios tireóideos (T3 e T4) em indivíduos assintomáticos ou minimamente sintomáticos. Os sintomas são inespecíficos e semelhantes aos encontrados nos pacientes com hipotireoidismo clínico: pele seca, diminuição de memória, lentidão do pensamento, fraqueza muscular, fadiga e intolerância ao frio. Relata-se a melhora dos sintomas após o tratamento com levotiroxina (LT4) e consequente normalização do nível sérico do TSH. Consequências adversas do HTSC Diagnóstico e Diagnóstico Diferencial O diagnóstico do HTSC é laboratorial, uma vez que os pacientes são assintomáticos ou minimamente sintomáticos. Logo, uma elevação do nível sérico do TSH acima do seu valor normal, ou seja, TSH > 4,20 mU/L na vigência de nível sérico normal dos hormônios tireóideos (T4 livre normal), é diagnóstico de HTSC. Quanto aos diagnósticos diferenciais: 18 Khilver Doanne Sousa Soares Doença não-tireóidea; Doença psiquiátrica aguda: A maioria dos pacientes com doença psiquiátrica tem TSH normal ou suprimido; o TSH volta ao nível normal após a recuperação do episódio psiquiátrico; Deficiência de glicocorticoides: Na insuficiência adrenal primária ocorre uma elevação do TSH; Insuficiência renal: Pacientes eutireoideos com insuficiência renal terminal podem apresentar níveis séricos de TSH elevados; Medicamentos que interferem com a via dopaminérgica: antagonistas dopaminérgicos, tais como metoclopramida e domperidona, alteram o efeito inibitório da dopamina sobre a secreção do TSH e, consequentemente, ocorre elevação do nível sérico do TSH. Tratamento As indicações mais aceitas para tratamento são: Nível sérico de TSH maior do que 10 mU/L; Presença de anticorpos antiperoxidase (anti- TPO). A tireoidite de Hashimoto frequentemente evolui para o hipotireoidismo clínico; portanto, iniciando o tratamento, evita-se a progressão; Presença de bócio. O TSH é um fator de crescimento do bócio e, portanto, quando mantido em níveis séricos normais, não estimulará o crescimento da tireoide; Melhora dos sintomas inespecíficos após o tratamento com LT4. Quando o paciente refere melhora da sintomatologia após o tratamento com LT4 (e a consequente normalização do TSH), é indicada a manutenção do tratamento; Hipercolesterolemia (aumento da LDL-C) secundária ao HTSC. Quando ocorre elevação do nível sérico da LDL-C secundária ao HTSC, é indicado o tratamento com LT4 (e a consequente normalização do nível sérico do TSH) o que deverá normalizar a LDL-C; Infertilidade feminina (por disfunção ovariana). Quando a infertilidade é secundária à disfunção ovariana, recomenda-se o tratamento do HTSC, pois isso poderá corrigir a infertilidade; Gravidez. O tratamento durante a gravidez é sempre recomendado, pois o HTSC não- tratado durante a gravidez está associado com alterações do desenvolvimento mental da criança. O objetivo do tratamento é manter o TSH em nível normal; o nível normal de TSH varia de 0,5 a 4,20 mU/mL (alguns autores recomendam que o nível ideal de TSH seja entre 0,5 e 2,0 mU/mL; outros recomendam de 0,5 a 3,0 mU/mL; enquanto prosseguem estudos para definir um novo intervalo de normalidade para o TSH, na prática usamos 0,5 a 4,20 mU/mL). TIREOIDITES Tireoidite de Hashimoto; Tireoidite De Quervain; Tireoidite infecciosa; Tireoidite induzida por radiação; Tireoidite induzida por medicamentos. O termo tireoidite descreve um conjunto de distúrbios caracterizados por alguma forma de inflamação da glândula tireoide. Tireoidite Subaguda; De Quervain Essa entidade conhecida como tireoidite de De Quervain, tireoidite dolorosa, tireoidite de células gigantes e tireoidite granulomatosa, é causada por comprometimento tireóideo pós- infecção virótica do trato respiratório superior ou dor de garganta. É uma doença inflamatória e autolimitada da tireoide. É quatro vezes mais frequente na mulher do que no homem e ocorre mais frequentemente entre 40 e 50 anos de idade. 19 Khilver Doanne Sousa Soares O seu pico de incidência é no verão e coincide com o pico de incidência do enterovírus; outros vírus também propostos como causa desta tireoidite são coxsackie grupo A e B e echovírus. O quadro clínico inicia-se após entre 1-3 semanas após quadro de IVAS e apresenta: 1. Alteração do estado geral: mialgias generalizadas, faringite, febre e fadiga. 2. Dor forte no pescoço (tireoide dolorosa à palpação) e inchaço local. 3. Sintomas de tireotoxicose (ocorre em mais de 50% dos pacientes) A tireoide, usualmente, encontra-se endurecida e a dor pode ser desencadeada por movimentação da cabeça ou deglutição. Após a fase da tireotoxicose, segue-se, habitualmente, uma fase de hipotireoidismo que dura de algumas semanas até 6 meses. Diagnóstico O diagnóstico clínico pode ser facilmente suspeitado quando os sinais e sintomas habituais estão presentes. O episódio de tireoidite subaguda é geralmente autolimitado, com duração de 6 a 12 semanas, podendo estender-se por períodos de até um ano. As manifestações de tireotoxicose, quando presentes, regridem em cerca de seis semanas. O processo de recuperação da função glandular pode passar por fase de hipotireoidismo transitório, que pode perdurar por até dois meses. O nível sérico dos hormônios tireóideos (T4 e T3) está elevado, e a razão T4/T3 é menor que 20, refletindo as proporções dos hormônios armazenados na tireoide; o nível sérico do TSH está diminuído ou indetectável. O nível sérico dos anti-TPO encontra-se habitualmente normal. A tireoglobina pode estar elevada. A captação com radioiodo está caracteristicamente diminuída. O US tireóideo demonstra parênquima glandular difusamente hipoecogênico. Aqui encontram-se células gigantes intrafoliculares. A ultrassonografia com Doppler mostra baixo fluxo, refletindo uma vascularização normal ou diminuída. Tratamento Não tem tratamento específico, lida-se com os sintomas. Geralmente, a aspirina ou outro anti- inflamatório não-esteroide alivia a dor moderada. Para dores mais intensas pode ser necessário o uso de glicocorticóide. Tireoidite de Hashimoto Após o período tireotóxico, que pode perdurar por meses, cerca de 40% evoluem para hipotireoidismo, mas alguns podem retornar à condição de eutireoidismo. Diagnóstico Os níveis séricos do TSH estão suprimidos e os níveis séricos de hormônios tireoidianos, elevados. A inflamação da tireoide provoca liberação de antígenos na corrente sanguínea e a produção de anticorpos em muitos pacientes. Esses anticorpos não são a causa do processo inflamatório autoimune, mas refletem apenas o dano glandular - admite-se que têm como base infecções bacterianas ou viróticas, excesso de iodo ou alterações do microambiente local. Os títulos de anti-TPO encontram-se elevados em mais da metade dos afetados e os de anti-TG em aproximadamente 25% deles. Assim, se houver uma polarização Th1, com predomínio de citocinas como o IFN-gama, TNF-alfa e IL-2, ocorrerá predomínio dos mecanismos de imunidade celular, com infiltração linfocitária exuberante da tireoidee citotoxicidade mediada por linfócitos T CD8 ativados e pelo complemento. 20 Khilver Doanne Sousa Soares Se, pelo contrário, houver uma polarização Th2, com predomínio de citocinas como a IL-4 (interleucina 4), IL-5 (interleucina 5) e IL-10 (interleucina 10), sobrevirá dominância dos mecanismos de imunidade humoral, com produção de anticorpos estimuladores dos receptores da TSH (TRAb) e escassa infiltração linfocitária *O primeiro evento no desencadeamento do processo autoimune é o aumento do número de CAA (células apresentadoras de antígenos) na tireoide. A partir do momento da ativação de células T helper específicas para antígenos da tireoide, e subsequente produção das respectivas citocinas, os tireócitos vão assumir papel fundamental na progressão da doença. As células da tireoide expressarão moléculas HLA-classe I e II, induzidas pelo IFN-gama, o que lhes permite fazer a apresentação antigênica diretamente aos linfócitos T, e mesmo a ativação de linfócitos T CD8 citotóxicos. A prevalência desse tipo de tireoidite ocorre entre 45 e 65 anos de idade, é 10 a 20 vezes mais frequente nas mulheres. A evolução habitual da tireoidite de Hashimoto é a perda gradual da função tireoidiana; à medida que a função tireoidiana diminui, o TSH se eleva e a combinação do TSH elevado com T4 livre e T3 normais é denominada hipotireoidismo subclínico. À medida que progride a falência tireoidiana, o T4 livre diminui e o quadro é denominado hipotireoidismo clínico; o T3 somente irá diminuir quando a doença estiver muito avançada (pois o TSH continuará estimulando a tireoide a produzir preferencialmente T3), e, então, aparecerão os sinais e sintomas do hipotireoidismo. Algumas vezes o processo inflamatório no início da doença pode ser muito grave, causando rompimento dos folículos tireóideos e a liberação de hormônios na circulação que, por sua vez, provocam o hipertireoidismo transitório. A maioria dos pacientes apresenta bócio, classicamente firme, com consistência aumentada, móvel à deglutição, às vezes acompanhado de desconforto doloroso local e com superfície irregular à palpação. O diagnóstico é feito com base em dados clínicos. A associação de bócio e hipotireoidismo é geralmente diagnóstica de tireoidite de Hashimoto. Na PAAF, o aspecto citológico da tireoidite de Hashimoto demonstra a presença de linfócitos, macrófagos, coloide escasso e poucas células epiteliais, que podem apresentar aspecto de células de Hurthle. Tratamento Quando a tireotoxicose ocorre na tireoidite de Hashimoto, costuma ser transitória e não exige terapia adicional, além do propranolol ou outros betabloqueadores para melhora sintomática. Obs.: se persistir por mais de 3 ou 4 meses, investigar presença de doença de Graves ou bócio multinodular tóxico. Tireoidite Infecciosa A causa mais frequente da tireoidite infecciosa é uma inflamação bacteriana (especialmente Sthaphylococcus aureus, Streptococcus pyrogenes ou Streptococcus pneumoniae); outros agentes etiológicos podem ser: fungos, micobactéria ou parasitas. Ocorre geralmente (50% dos casos) em pacientes que já têm uma doença tireóidea: câncer da tireoide, tireoidite de Hashimoto, bócio multinodular, anomalias congênitas da tireoide, como a fístula do seio piriforme (a causa mais comum de infecção nas crianças) e do seio do quarto arco braquial; Também ocorre em pacientes imunossuprimidos, idosos ou debilitados. A tireoidite supurativa bacteriana é mais frequente em mulheres entre 20 e 40 anos de idade. Os pacientes apresentam dor intensa, aguda, unilateral na região anterior do pescoço, uma massa flutuante na região da tireoide e 21 Khilver Doanne Sousa Soares eritema cutâneo. Febre, disfagia e disfonia também estão presentes. Esses sintomas podem ser precedidos por uma infecção de vias aéreas superiores. *Os sintomas da tireoidite supurativa ocorrem, em média, 20 dias antes do diagnóstico. A VHS está elevada, o leucograma mostra leucocitose com desvio para a esquerda. O TSH e os hormônios tireoidianos estão em níveis normais (raramente pode haver hipotireoidismo ou hipertireoidismo). Em pacientes suspeitos realizar ultrassonografia do pescoço revela a formação de abscesso ou inchaço unilobar. A causa da infecção é determinada pela PUNÇÃO ASPIRATIVA da lesão com obtenção de material para coloração para Gram, cultura e antibiograma. O tratamento consiste em antibioterapia parenteral e drenagem cirúrgica do abscesso. Comparação entre a tireoidite infecciosa aguda e a tireoidite subaguda Tireoidite Induzida por Radiação Aproximadamente 1% dos pacientes submetidos à terapia actínica para controle da tireotoxicose desenvolvem tireoidite como consequência da radiação de 5 a 10 dias após o procedimento. Os pacientes referem dor na região anterior do pescoço, e ocorre uma exacerbação da tireotoxicose. O quadro clínico é decorrente da rápida destruição do parênquima tireoidiano e da consequente liberação dos hormônios que estavam armazenados na tireoide. O tratamento para o alívio da dor é feito com anti-inflamatórios não-hormonais, raramente sendo necessário utilizar prednisona. 22 Khilver Doanne Sousa Soares A tireoidite manifesta-se, habitualmente, dentro dos primeiros três meses após a radioterapia externa. Tireoidite Induzida por Medicamentos Amiodarona Guarda uma semelhança estrutural com os hormônios tireoidianos. Um comprimido de 200 mg de amiodarona contém 75 mg de iodo – 10% do qual é liberado diariamente na circulação. Vejamos alguns efeitos colaterais previsíveis do tratamento com amiodarona: Aumento do conteúdo iódico da tireoide; Inibição da desiodase tipo 1 no fígado, músculo e outros tecidos, resultando em aumento de 10% no T4 livre sérico, diminuição de 60% no T3 e incremento de 150% no T3 reverso; Inibição da desiodase tipo 2 na hipófise, resultando em aumento modesto no TSH circulante na presença de doença tireóidea autoimune subjacente; o TSH habitualmente permanece normal em indivíduos saudáveis; Aumento de 30 vezes na excreção urinária de iodo, de 50 vezes na concentração sérica de iodo inorgânico, e diminuição da captação tireoidiana de radioiodo. Os pacientes medicados com amiodarona encontram-se sob risco de desenvolver tanto hipotireoidismo como hipertireoidismo. Lítio Apresenta importantes efeitos tireoidianos inibitórios, comumente provocando hipotireoidismo passageiro ou persistente. Concentra-se três vezes mais na tireoide que no sangue, e reduz a proteólise da TG e a formação das vesículas de coloide. Em consequência, a produção hormonal diminui em cerca de 40% e o iodo acumula-se na glândula. Paradoxalmente, seja por efeito tóxico direto sobre os tireócitos afetando a autoimunidade tireóidea – especialmente a função dos linfócitos T supressores – ou por meio do incremento iódico, o lítio induz uma tireoidite silenciosa e hipertireoidismo por liberação de iodotironinas. Por outro lado, pode aumentar os títulos circulantes de anti-TPO em pacientes com doença tireoidiana autoimune preexistente. HORMÔNIOS TIREOIDIANOS • MIT + DIT → T3 (triiodotirosina); • DIT + DIT → T4 Possuem efeitos de ação nucleares, ou seja, duradouras Co-transporte Na+ / Iodeto Contra-transporte RTE iodeto cloreto Iodo entra no folículo coloide Ação da enzima peroxidase Conjuga-se à tireoglobulina Complexo TG T3 + T4 + MIT + DIT 2 DIT = T4 MIT + DIT = T3 Armazenamento nos folículos *MIT-monoiodotirosina; *DIT-diiodotirosina 23 Khilver Doanne Sousa Soares Hipertireoidismo primário: T3 e T4 (alto) / TSH (baixo) Hipertireoidismo secundário: T3 e T4 (alto) / TSH (alto ou não) Hipotireoidismo primário: T3 e T4 (baixos) / TSH (alto) Hipotireoidismo secundário: T3/T4 (baixos) / TSH (baixo ou normal) _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ REFERÊNCIAS GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti; DIAS, Lêda Chaves. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. Martins, Mílton de Arruda. Clínica Médica. 1. ed. BARUERI: Manole, 2016.
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