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1 PEÇA - DIREITO TRIBUTÁRIO

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DISCIPLINA: PRÁTICA JURÍDICA TRIBUTÁRIA
ACADEMICA: GEYSE MONTEIRO MARIA
TURMA: 9º DIN
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL E DE FAZENDO PÚBLICA DA COMARCA DE MACAPÁ-AP DO ESTADO DO AMAPÁ.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPFJ nº xxxxxxxx-xx, sediada na Capital do Estado do Amapá, vem através de sua advogada infra-assinada, conforme procuração em anexo...., com escritório na rua xxx nº xxx, Bairro xxx, cidade xxx, com endereço eletrônico que indica para os devidos fins xxxx, com fundamento no Art, 5º, XIX, da CRFB/88, e da Lei nº 12.016/09, impetrar o presente:
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO, COM PEDIDO LIMINAR.
Contra ato ilegal e arbitrário cometido pelo senhor DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DO ESTADO DO AMAPÁ, autoridade apontada aqui como coatora, cujo endereço para notificação é: xxxx, o que se faz com base nos fatos e fundamentos a seguir elencados:
1. DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE 
Para A SOCIEDADE EMPRESÁRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL, o Mandado de Segurança Preventivo tem como pressuposto necessário, a existência de ameaça a direito líquido e certo, que importe justo receio de que venha a ter intensidade bastante para que o elemento subjetivo (justo receio), seja sintomático da ilegalidade.
Sendo, o mandado de segurança é uma das garantias que a Constituição Federal assegura aos indivíduos para proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade. Está previsto no artigo 5º, inciso LXIX, in verbis:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Portanto, a impetração é cabível, na forma como foi proposta, isto é, preventivamente, haja vista a ameaça ao direito líquido e certo do impetrante.
Da mesma forma, assevera-se que é tempestiva o mandado de segurança, uma vez que conforme disciplina o Art.23, da Lei 12.016/09, o prazo para impetrar tal recurso é de 120 (cento e vinte dias), vejamos:
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
O impetrante tomou conhecimento do ato impugnado no início do mês de dezembro, significa que antes mesmo da medida encontrar em vigor, e até mesmo de decorrerem os 120 (cento e vinte dias), o impetrante tende por impugnar, através desde ato.
2. DOS FATOS
O Governador do Estado instituiu, através de Decreto 255/2021, publicado no Diário Oficial no dia 30 de novembro de 2021, taxa de serviço de segurança que será devida pelas pessoas jurídicas com sede no Estado. A base de Cálculo da taxa é correspondente a 0,25% (vinte e cinco porcento) do seu faturamento líquido mensal. A taxa, será devida mensalmente por seus sujeitos passivos, a referida cobrança foi criada com o objetivo de remunerar o serviço de segurança pública prestado na região.
O fato gerador da taxa acontecerá todo dia 1º de cada mês e será lançada de ofício, com vencimento até o último dia do mês subsequente e o não pagamento do tributo no prazo legal ensejará a aplicação de multa de 150% e o decreto entrará em vigor no dia 01 de janeiro de 2022. O impetrante, é Pessoa Jurídica dentro da Circunscrição do Estado é enquadrado como sujeito Passivo da Taxa de Conservação, irresignada com a nova exação, que entende contrária ao ordenamento jurídico, decide impugnar judicialmente a taxa de serviço, pelo presente Mandado de Segurança.
3. DO DIREITO
3.1 – A INCONSTITUCIONALIDADE DA COBRANÇA DA TAXA
A taxa cobrada pelo Decreto 255/2021 é inconstitucional, decreto não é meio correto para se criar taxa e afronta diretamente ao princípio da legalidade, disposto no Art. 5º, II Constituição federal de 1988, bem como, ao que disciplina mais especificamente ao direito tributário no Art. 150, I, II, in verbis:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Ver tópico (1294185 documentos)
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
III - cobrar tributos: 
Destarte, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu em sede de ADI que a segurança pública não pode ser remunerada, a atividade de segurança pública só pode ser custeada pela receita de impostos, conforme se pode observar do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da ADI 1.942 PA: 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO TRIBUTÁRIO. TAXA. SEGURANÇA PÚBLICA. EVENTOS PRIVADOS. SERVIÇO PÚBLICO GERAL E INDIVISÍVEL. LEI 6,010/96 DO ESTADO DO PARÁ. TEORIA DA INDIVISIBILIDADE DAS LEIS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de que a atividade de segurança pública é serviço público geral e indivisível, logo deve ser remunerada mediante imposto, isto é, viola o art. 145, II, do Texto Constitucional, a exigência de taxa par sua fruição. 
(STF – ADI: 1942 PA, Relator; EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 18/12/2015, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 15/02/2016) 
Portanto, a autoridade coatora não deverá cobrar o tributo, devendo a taxa ser posteriormente revogada, pois taxa criada para remunerar os serviços de segurança pública está eivada de inconstitucionalidade.
3.2. DA NÃO INCIDÊNCIA DE TAXA EM SERVIÇO DE SEGURANÇA PÚBLICA.
Em caráter inicial, cumpre pontuar acerca da espécie tributária mais adequada para o fim proposto, qual seja, a instauração de cobrança pelo serviço público de segurança. 
A Constituição da República Federativa do Brasil ao tratar o sistema tributário nacional, demonstrando as espécies de tributos, em seu art. 145, inciso II diz que caberá à União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituir os seguintes tributos:
Art. 145 (...)
II – taxa, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. 
Ao que pese a norma supracitada, o conceito legal de taxa se faz alinhado com a norma constitucional, pois, o fato gerador se demonstra caracterizado pelo exercício regular da utilização efetiva ou potencial, de serviço público especifico e divisível, trazendo ao caso concreto, não verifica-se que a taxa de 0,25%, tenham os pressupostos de divisibilidade e especifidade, posto que é usufruível por todos de forma indistinta. 
 Sustenta-se que a cobrança de serviços de segurança pública, somente podem ser custeados por intermédio de impostos, tal inteligência é pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, in verbis: 
TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO. TAXA DE INCÊNDIO. ART. 113, IV, DA LEI 6.763/75, NA REDAÇÃO DA LEI 14.938/2003, AMBAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS. INADEQUAÇÃO CONSTITUCIONAL. ILEGITIMIDADE. JULGAMENTO PELO STF. RE 643.247/SP. ACÓRDÃOS DO TRIBUNAL DE ORIGEM E DESTA CORTE EM CONFRONTO COM O ATUAL ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF SOBRE A MATÉRIA, EM JULGAMENTO REALIZADO SOB O REGIME DA REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543-B, § 3º, DO CPC/73 (ART. 1.040, II, DO CPC/2015). RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO, EM JUÍZO DE RETRATAÇÃO. I. Recurso Ordinário, interposto contra acórdão publicado a vigência do CPC/73, anteriormente improvido, pela Segunda Turma desta Corte, ao fundamento de que"'é legítima a taxa de incêndio instituída pela Lei Estadual 6.763/75, com redação dada pela Lei 14.938/03, visto que preenche os requisitos da divisibilidade e da especificidade e que sua base de cálculo não guarda semelhança com a base de cálculo de nenhum imposto' (RMS 21.049/MG e 21.280/MG, Relator Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma)". II. O Recurso Ordinário retornou - por determinação da Vice Presidência do STJ, para julgamento pelo Órgão colegiado, com fundamento no dispostono art. 543-B, § 3º, do CPC/73 (art. 1.040, II, do CPC/2015), após a interposição de Recurso Extraordinário, pela parte impetrante -, para juízo de retratação, em face de julgado do STF, proferido no RE 643.247/SP, em regime de repercussão geral da questão constitucional. III. Não merece acolhida o pedido de retirada de pauta de julgamento e sobrestamento do presente feito, até o julgamento definitivo, no STF, tanto dos EDcl no RE 643.247/SP, quanto da ADI 4.411/MG. Com efeito, a Primeira Seção do STJ, ao julgar AgRg nos EAREsp 174.508/RJ (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe de 04/09/2014), proclamou que"a pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dos recursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF". Cumpre destacar, outrossim, que a aplicação da tese, pacificada em julgamento de recurso submetido ao rito da repercussão geral, não depende do seu trânsito em julgado. Precedentes: STF, AgRg no ARE 673.256/RS, Rel. Ministra ROSA WEBER, PRIMEIRA TURMA, DJe de 22/10/2013; AgRg no ARE
Portanto, resta claro a inconstitucionalidade da cobrança da taxa pela utilização potencial do serviço de segurança pública, este, que deve ser remunerado através da arrecadação de impostos, não se fazendo plausível sua satisfação mediante taxa. 
3.3. DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
A falta de observância ao princípio constitucional da anterioridade nonagesimal, afeta de forma grotesca o contribuinte, que se vê prejudicado com a efetivação do imposto antes do período de 90 (noventa), dias disposto no Art, 150, inciso III, da CF/88, vejamos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
III - cobrar tributos: 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b
Nesse sentido, verifica-se que o impetrado não respeitou o início do exercício financeiro correto, ou seja, do decurso de 90 dias para proceder a cobrança da taxa discutida, o que caracteriza o pagamento da mesma, evidentemente indevida.
3.4. DA MULTA EXORBITANTE
O Impetrado, estabeleceu multa de 150% (cento e cinquenta por cento), sobre o valor da taxa, sendo tornando o valor cobrado significativamente oneroso para o impetrante/contribuinte, indo de encontro ao que prega o Princípio do Não Confisco Tributário, uma vez que o contribuinte teria que abrir mão de parte do seu patrimônio.
O STF (Supremo Tribunal Federal) entende que o art. 150, IV da CF/88 se estende para as multas excessivamente onerosas ao contribuinte:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, §§2.º E 3.º DO ART. 57 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE TRIBUTPS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua consequência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal. Ação Julgada procedente.
(STF-ADI: 551 RJ, Relator: Ilmar Galvão, Data de Julgamento: 24/10/2002, tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 14-02-2003 PP-00058 EMENT VOL-02098-01 PP-00039)
No caso em tela, o estado não pode agir imoderadamente, uma vez que a atividade estatal arrecadatória, está essencialmente condicionada aos princípios da razoabilidade, equidade e proporcionalidade, princípios estes que se qualificam como verdadeiro parâmetro ou dosimetria para uma aferição de um confisco, e consequentemente, da inconstitucionalidade de uma norma ou da cobrança de uma multa.
4. DA CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR
Conforme dispõe o artigo 300, § 2º do Código de Processo Civil, restam justificados abaixo os são pressupostos que autorizadores da liminar: ¨fumus boni júris e o periculum in mora¨. 
 Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
A iminência de ato coator pelo Diretor de Administração Tributária do Estado do Amapá trará prejuízos irreparáveis para o impetrante, cabendo o requerimento do medida liminar com o objetivo de cessar a ameaça ao direito liquido e certo, com o perigo de demora está claramente demonstrado, eis que a aplicação da cobrança bem como da multa implicará em grandes cargas tributárias, além do mais, o período de licitação encontra-se próximo de ocorrer, podendo haver empecilhos que acarretarão prejuízos irreparáveis ao impetrante, caso seja impedido de ter acesso ao certame licitatório por conta da impossibilidade de obter a certidão de regularidade fiscal. 
5. DOS PEDIDOS
Ante o exposto acima, requer:
a) Que seja notificada a autoridade coatora para prestar esclarecimentos, nos termos do artigo 7º, I, da Lei 12.016/2009.
b) Que seja cientificado o representante legal da autoridade coatora, para que tome ciência da presente ação, assim como do ato realizado pela autoridade, e que lhe seja enviada cópia da inicial, na forma do art. 7º, II, da Lei 12.016/09.
c) Que seja intimado o Membro do Ministério Público, a fim de tomar ciência da presente demanda, na forma do artigo 12, da Lei 12.016/09.
d) A “Oitiva ou audiência” do representante judicial do Estado do Amapá, para se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
e) A concessão da medida liminar, uma vez presentes os requisitos do artigo 7º, III, da Lei 12.016/09, a fim de que suspender a exigibilidade do Tributo cobrado, conforme ante exposto, bem como sua manutenção até o final e a conversão em definitiva com a sentença de procedência.
f) concessão da ordem ao final, para que, em definitivo, a autoridade coatora se abstenha de cobrar o referido imposto dos associados da impetrante.
f) Procedência do pedido, com a concessão da ordem em definitivo.
g) Que seja condenada a parte impetrante no pagamento das custas judiciais. 
Tem-se como, VALOR DA CAUSA: R$ ...
Nestes Termos, pede deferimento
Local... Data ...
Advogado... OAB...

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