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CAPÍTULO III - FINANCIAMENTOS III.1 - AMORTIZAÇÃO DE DÍVIDAS A disponibilidade de recursos é, sem dúvida, fundamental para a concretização de um investimento. Se os recursos próprios forem insuficientes as empresas devem recorrer a empréstimos. O valor desses empréstimos, ou seja, o principal, evidentemente terá que ser restituído à instituição financeira, acrescido de sua remuneração, que são os juros. À forma de devolução do principal mais juros, chama-se de “sistema de amortização”. Os sistemas mais usados serão vistos a seguir. A) SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO (PRICE) Também conhecido como “Sistema Price” ou “Sistema de Prestação Constante” é muito utilizado nas compras de prazos menores e no crédito direto ao consumidor. Neste sistema as prestações são constantes, ou seja, correspondem a uma série uniforme “A”. A parcela de juros decresce com o tempo, ao passo que a parcela de amortização aumenta com o tempo. Graficamente pode-se apresentar este comportamento da seguinte maneira: Como em todos os sistemas corretos de amortização, no sistema Price a prestação é a soma da amortização com os juros do período, ou seja: pk = ak + jk Onde: pk - prestação no período k ak - amortização no período k jk - juros no período k Além disso, os juros no período k são calculados sobre o saldo devedor anterior: jk = i*(Saldo devedor)k-1 Nota-se, portanto, que quanto menor o saldo devedor menores serão os juros e, como as prestações são constantes no sistema Price, a amortização crescerá com o tempo. A prestação p é calculada da seguinte forma: VP = P 1-(1+i)-n i Onde P é o principal, ou seja, o valor do empréstimo. As fórmulas do Sistema Francês de amortização são apresentadas no quadro abaixo: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação(pk) Amortização(ak) Juros(jk) 0 VP0 =VP 1 VP1 = VP0 - a1 p =P(A/P,i,n) a1 = p – j1 j1 = i VP0 2 P2 = P1 - a2 p a2 = p – j2 j2 = i VP1 ... = 0 K - ak Pk = P k-1 - a k = 0 p a k = p – jk jk = i VPk - 1 Pode-se calcular o saldo devedor após a k-ézima prestação a partir da seguinte fórmula: Sdk = VP = P 1-(1+i)- k i Ou seja, o saldo devedor é o valor presente das prestações futuras. EXEMPLO III.1 Montar o quadro de amortização para um financiamento de R$1.000,00, a juros de 36% a.m. com prazo de 4 meses, amortizável pelo sistema Price em 4 prestações mensais. Calcular também o saldo devedor, imediatamente após a segunda prestação, sem o uso da tabela. Solução: 1.000 = P 1-(1,36)-4 P = 508,6976465 0,36 Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação(pk) Amortização(ak) Juros(jk) 0 1.000,00 1 851,3023535 508,6976465 148,697465 0,36x1.000 = 360,00 2 649,0735543 508,6976465 202,2287992 306,4688473 3 374,0423911 508,6976465 275,031167 233,6664795 4 0 508,6976465 374,0423857 134,6552554 E o saldo devedor após a segunda prestação é: B) SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) É o sistema normalmente utilizado para financiamentos de longo prazo. Neste sistema as amortizações são constantes e calculadas da seguinte forma: a= vp/n Onde P é o principal e n é o número de prestações. O saldo devedor após o pagamento da k - ézima prestação é dado por: Sdk = P - k a Graficamente a prestação pode ser representada assim: As fórmulas do SAC são apresentadas no quadro abaixo: EXEMPLO III.2 Elaborar a tabela financeira pelo sitema SAC para o financiamento do exemplo anterior. Calcular também, o saldo devedor após a segunda prestação. Solução: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação(pk) Amortização(ak) Juros(jk) 0 1.000,00 1 750,00 610,00 250,00 0,36x1.000 = 360,00 2 500,00 469,60 250,00 219,60 3 250,00 320,00 250,00 180,00 4 0 365,20 250,00 115,20 E o saldo devedor após o segundo pagamento, sem utilização da tabela, pode ser calculado assim: O PERIODO DE CARÊNCIA A concessão de um período de carência é muito utilizada pelas instituições financeiras. Durante o período de carência paga-se somente juros e o principal permanece inalterado, ou ainda, não se paga juros e estes são capitalizados acrescendo o principal. Se, no exemplo anterior, fosse concedido dois meses de carência, a tabela financeira do financiamento ficaria assim: C) SISTEMA AMERICANO No sistema americano, pagam-se apenas os juros e o principal é devolvido ao final do empréstimo. Para um principal P e uma taxa i, haverá um pagamento de juros iP. No último período são pagos os juros iP mais o principal P. Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação(pk) Amortização(ak) Juros(jk) 0 1.000,00 1 1.000,00 360,00 0 0,36x1.000 = 360,00 2 1.000,00 360,00 0 360,00 3 1.000,00 360,00 0 360,00 4 0 1.360,00 1.000,00 360,00 Quem toma um empréstimo neste sistema deve normalmente formar um fundo para amortizar o principal. Denominando q os depósitos periódicos deste fundo, pode-se calcula-lo da seguinte forma: Q = P (A/F; ; n) Onde é a taxa de remuneração do fundo Se i for igual a , tudo se passará como no Sistema Francês, pois o tomador pagará periodicamente os juros iP do empréstimo e aplicará P (A/F; ;n) na formação do fundo. O desembolso periódico será: IP + P(A/F;i;n) = P= P(A/P;i;n) D) OUTROS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO Sistema de Pagamento Único : É muito utilizado para financiamentos industriais de capital de giro. Paga-se, neste caso, juros e principal no final do empréstimo. Nada mais do que achar F dado P. Pagamento antecipado: Aqui os juros são cobrados antecipadamente e o principal é devolvido ao final do empréstimo. É uma forma conhecida de “aumentar” a taxa de juros efetiva cobrada por uma instituição financeira. Decididamente este não é um sistema correto sob o ponto de vista da matemática financeira. Para que um sistema seja correto o valor presente das prestações, descontado à taxa de juros do financiamento, deve ser igual ao principal. III.2 Exercícios Propostos III.2.1. Para uma dívida de R$ 50.000,00, uma taxa de juros de 10% ao período e um plano de 5 prestações construa um quadro de amortizações pelo sistema: a) PRICE b) SAC c) SAC com um período de carência. III.2.2. Considere uma dívida de $100.000,00 a ser resgatada em 25 prestações com 4% de juros. Depois de quantas prestações o valor da prestação do sistema PRICE passa a ser superior à do sistema SAC. III.2.3. Uma pessoa fez um empréstimo de R$ X a juros de 4% ao mês e saldou a dívida pelo SAC em 10 prestações. A soma dos valores nominais das prestações foi de R$ 50.000,00. Se a dívida tivesse sido paga pelo sistema Price, qual seria a soma dos valores das prestações?