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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO BILINGUE MATEMÁTICA FINANCEIRA DOCENTE: MANOEL HELENO GOMES DA SILVA DISCENTES: MARIANA IRACEMA DA SILVA RITA DE CASSIA FERREIRA SOUZA Sistema de Amortizações: Tipos, finalidade e instituições que a utilizam. MAMANGUAPE – 2024 Introdução: Nos sistemas financeiros modernos, entender e aplicar métodos eficientes de amortização é essencial para indivíduos e instituições. Uma amortização é o processo de pagamento de uma dívida ao longo do tempo, dividindo-a em prestações regulares que incluem tanto o principal quanto os juros. Entre os diversos sistemas de amortização, um dos mais comuns e amplamente utilizados é o sistema de amortização constante, também conhecido como sistema de amortização francês. Neste trabalho, exploraremos os fundamentos do sistema de amortização, suas características, vantagens e limitações. Analisaremos como ele funciona em comparação com outros métodos de amortização, como o sistema de amortização alemão e o sistema de amortização americano. Além disso, examinaremos a aplicação prática desses sistemas em diferentes contextos financeiros, destacando suas implicações em termos de custos totais e fluxo de caixa. Ao compreendermos profundamente os sistemas de amortização, estaremos mais bem preparados para tomar decisões financeiras informadas, seja ao adquirir um empréstimo para uma casa, financiar um projeto empresarial ou investir em ativos de longo prazo. Vamos mergulhar no mundo das amortizações e desvendar os mecanismos que sustentam a gestão financeira eficaz. Desenvolvimento: O que é Sistemas de Amortização? Os sistemas de amortização são desenvolvidos basicamente para operações de empréstimos e financiamentos de longo prazo, envolvendo desembolsos periódicos do principal e encargos financeiros. Existem diversas maneiras de se amortizar uma dívida, devendo as condições de cada operação estarem estabelecidas em contrato firmado entre o credor (mutuante) e o devedor (mutuário). Uma característica fundamental dos sistemas de amortização a serem estudados neste capítulo é a utilização exclusiva do critério de juros compostos, incidindo os juros exclusivamente sobre o saldo devedor (montante) apurado em período imediatamente anterior. Para cada sistema de amortização é construída uma planilha financeira, a qual relaciona, dentro de certa padronização, os diversos fluxos de pagamentos e recebimentos. São consideradas também modalidades de pagamento com e sem carência, conforme estudadas em capítulos anteriores. Na carência, não há pagamento do principal, sendo pagos somente os juros. Eventualmente, os juros podem ser capitalizados durante o prazo de carência. Definições básicas: Os sistemas de amortização de empréstimos e financiamentos tratam, basicamente, da forma pela qual o principal e os encargos financeiros são restituídos ao credor do capital. Antes do estudo desses vários sistemas, é importante que sejam definidos os principais termos empregados nas operações de empréstimos e financiamentos. ■ Encargos (Despesas) Financeiros – Representam os juros da operação, caracterizando-se como custo para o devedor e retorno para o credor. ■ Amortização – A amortização refere-se exclusivamente ao pagamento do principal (capital emprestado), o qual é efetuado, geralmente, mediante parcelas periódicas (mensais, trimestrais etc.). Alguns poucos tipos de empréstimos permitem que o capital emprestado seja amortizado por meio de um único pagamento ao final do período. Essa situação é descrita no denominado Sistema de Amortização Americano, a ser estudado mais adiante neste capítulo. ■ Saldo Devedor – Representa o valor do principal da dívida, em determinado momento, após a dedução do valor já pago ao credor a título de amortização. ■ Prestação – É composto do valor da amortização mais os encargos financeiros devidos em determinado período de tempo. ■ Carência – Muitas operações de empréstimos e financiamentos preveem um diferimento na data convencional do início dos pagamentos. Conceito de equivalência de fluxos de caixa: Dois ou mais fluxos de caixa são equivalentes a uma determinada taxa de juros se seus valores presentes, calculados com essa mesma taxa, forem iguais. Lembrando que a equivalência de fluxos de caixa e a equivalência de taxas de juros estão diretamente ligadas ao regime de juros compostos. É importante ressaltar que a equivalência de fluxos de caixa depende, necessariamente, da taxa de juros usada para descontar os fluxos de caixa, a fim de obter seus valores presentes. Portanto, se dois ou mais fluxos de caixa são equivalentes a uma determinada taxa de juros, essa equivalência deixará de existir se a taxa de juros for alterada. Conceitos de amortização e de saldo devedor de financiamentos: O conceito de amortização está diretamente ligado ao principal do financiamento. O fluxo de caixa das amortizações é a forma como o principal é devolvido ao financiador ao longo do tempo. Assim, a soma das amortizações contidas nas prestações de qualquer financiamento é sempre igual ao valor do principal do financiamento. Nos sistemas de amortização de financiamentos é fundamental a definição da forma como o principal do financiamento vai ser amortizado. No sistema de pagamento único, no SAC e no sistema americano, as amortizações são claramente definidas por ocasião da assinatura dos contratos, ao passo que no sistema de prestação constante – Tabela Price, costuma-se apenas definir o valor das prestações, que é composto de amortização e juros. Sistemas equivalentes de amortização de financiamentos: Sistema de Pagamento Único: Nesse sistema, o devedor realiza um único pagamento ao final do prazo estipulado, não havendo pagamentos periódicos intermediários. Nesse caso, o valor a ser pago é composto pelo montante principal da dívida, acrescido dos juros acumulados durante o período. O cálculo envolve a aplicação da taxa de juros ao montante principal para determinar o valor dos juros. O valor final a ser pago é a soma do montante principal e dos juros calculados. Sistema de amortização americano: O Sistema de Amortização Americano (SAA) estipula que a devolução do capital emprestado é efetuada ao final do período contratado da operação de uma só vez. Não se prevê, de acordo com esta característica básica do SAA, amortizações intermediárias durante o período de empréstimo. Os juros costumam ser pagos periodicamente. Fundo de amortização: Junto com o SAA, costuma ser constituído pelo mutuário um Fundo de Amortização no qual vão sendo acumuladas poupanças periódicas durante o prazo do empréstimo. O objetivo deste fundo é que o seu montante, ao final do prazo n, seja igual ao valor da dívida. Estes depósitos são remunerados por meio de uma taxa periódica de juros. Sistema de prestações iguais – Tabela Price ou Sistema francês: Também conhecido como Tabela Price, é um dos sistemas de amortização mais utilizados do mercado. Nele, as prestações também são fixadas e compostas parte pela amortização do montante principal e parte pelos juros, que são maiores no início e diminuem progressivamente, enquanto a amortização aumenta ao longo do tempo. O cálculo envolve a utilização de uma fórmula específica para determinar o valor das prestações, levando em consideração a taxa de juros, o montante principal e o prazo do contrato. Exemplo numérico: Determine o valor do principal de um financiamento e o valor de sua prestação sabendo que ele é liquidado pela Tabela Price em quatro prestações iguais e sucessivas. A primeira prestação vence um período após a liberação dos recursos, e os valores das duas primeiras parcelas de amortização são $2.154,71 e $2.370,17, respectivamente. Solução As amortizaçõesda Tabela Price crescem exponencialmente, com a mesma taxa do contrato, assim temos: A2 = 2.370,17 = A1 (1 + i) = 2.154,71 (1 + i) → i = 0,10 = 10% por período A quarta e última amortização é obtida como segue: A4 = A2 (1 + i)2 = 2.370,17 (1 +10%)2 = 2.867,91 O valor da prestação PMT é obtido através da relação que mantém com a última amortização (A4), como segue: PMT = An (1 + i) = 2.867,91 (1 + 10%) = 3.154,71 O valor do principal do financiamento é obtido pela relação entre a amortização e juros da 1a prestação, como segue: J1 = PMT – A1 = 3.154,71 – 2.154,71 = 1.000,00 J1 = 1.000,00 = PV × i = PV × 0,10 → PV = $10.000,00 Sistema de amortização constante – SAC: O Sistema de Amortização Constante (SAC), tem como característica básica serem as amortizações do principal sempre iguais (ou constantes) em todo o prazo da operação. O valor da amortização é facilmente obtido mediante a divisão do capital emprestado pelo número de prestações. Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, cujo montante decresce após o pagamento de cada amortização, assumem valores decrescentes nos períodos. Em consequência do comportamento da amortização e dos juros, as prestações periódicas e sucessivas do SAC são decrescentes em progressão aritmética. Exemplo numérico: Um banco realizou um financiamento com pagamentos pelo sistema SAC, com amortizações mensais, iguais e sucessivas, e com a 1a prestação ocorrendo 30 dias após a liberação dos recursos. Desse financiamento são conhecidos os seguintes valores: • Valor da 1a prestação = $25.000,00; • Valor da 2a prestação = $24.000,00; • Valor da última prestação = $21.000,00. Determine para esse financiamento: • o prazo (em meses); • a taxa de juros efetiva, em % ao mês; • o valor do principal financiado. SOLUÇÃO O decréscimo dos juros é igual a A × i, isto é: 25.000,00 – 24.000,00 = 1.000,00 = A × i Na última prestação temos a seguinte relação: PRn = 21.000,00 = A + A × i = A + 1.000,00 → A = 20.000,00 A taxa de juros é obtida pela relação a seguir: A × i = 1.000,00 = 20.000,00 × i → i = 0,05 = 5% a.m. Na 1a prestação temos: J1 = PR1 – A = 25.000,00 – 20.000,00 = 5.000,00 = PV × 5% Então temos: PV = 5.000,00 / 5% = 100.000,00 O prazo do financiamento é obtido como segue: Prazo = n = PV / A = 100.000,00 / 20.000,00 = 5 meses Sistema de amortização misto – SAM: O sistema de amortização misto – SAM é uma mistura do SAC com a Tabela Price, e suas prestações são obtidas pela média ponderada entre as prestações desses dois sistemas de amortização. O Sistema de Amortização Misto (SAM) foi desenvolvido originalmente para as operações de financiamento do Sistema Financeiro de Habitação. Representa basicamente a média aritmética entre o sistema francês (SAF) ou Sistema de Prestação Constante (SPC) e o sistema de amortização constante (SAC), daí explicando-se a sua denominação. Para cada um dos valores de seu plano de pagamentos, deve-se somar aqueles obtidos pelo SPC com os do SAC e dividir o resultado por dois. Financiamentos com parcelas intermediárias – Uso de parcelas unitárias: O valor presente de um fluxo de caixa é sempre igual à soma das suas parcelas futuras, descontadas com uma certa taxa de juros. Quando se trata de um financiamento, se esse valor presente for igual ao valor do principal do financiamento, a taxa de desconto é sua taxa interna de retorno, pois anula o valor presente líquido do financiamento. Quando o financiamento apresentar fluxo de caixa que envolve pagamentos de prestações iguais e de parcelas intermediárias, seu valor presente (VP) é sempre igual à soma do valor presente das prestações com o valor presente das intermediárias, isto é: VP = VPprestações + VPintermediárias Quando as prestações são conhecidas, o valor presente das parcelas intermediárias tem de ser igual a: VPintermediárias = VP − VPprestações E vice-versa, quando as parcelas intermediárias são conhecidas, o valor presente das prestações tem de ser igual a: VPprestações = VP − VPintermediárias Financiamentos com parcelas mensais interrompidas – Uso de parcelas unitárias: Os exemplos numéricos deste item servem para mostrar a solução de problemas com prestações periódicas, quando ocorre uma interrupção de pagamento de alguma prestação, impossibilitando a utilização da função PMT da HP 12C e do simulador em Excel para o diagrama-padrão. Conclusão: Apresentamos detalhadamente o conceito de equivalência de fluxos de caixa, que é indispensável no processo de tomadas de decisão de investimentos. Fluxos de caixa são equivalentes, a uma determinada taxa de juros, se seus valores presentes (VP), calculados com essa mesma taxa de juros, forem iguais. Assim, a equivalência representa o ponto de indiferença entre dois fluxos de caixa. Tanto faz realizar o investimento A ou o investimento B se seus valores presentes forem iguais. A questão focal é que essa equivalência e, portanto, a igualdade de valores presentes, depende necessariamente da taxa de juros usada para descontar os fluxos de caixa, a fim de obter seus valores presentes (VP). Assim, se dois ou mais fluxos de caixa são equivalentes a uma determinada taxa de juros, essa equivalência deixará de existir se a taxa de juros for alterada. A equivalência de capitais, no regime de juros compostos, pode ser verificada no final de qualquer período n, desde que o período escolhido seja o mesmo para todos os fluxos de caixa envolvidos. Apresentamos também os conceitos de amortização e de saldo devedor de financiamentos, e detalhamos os principais sistemas de amortização de financiamentos usados no mercado (sistema de pagamento único, sistema americano, Tabela Price, SAC e SAM). Exemplificamos a obtenção dos valores de parcelas intermediárias em planos de financiamento, que dão uma flexibilidade na definição dos pagamentos para os mutuários, sem prejudicar a rentabilidade do financiador, desde que os planos de pagamentos sejam equivalentes. Referências Bibliográficas: NETO, Alexandre A. Matemática Financeira e suas Aplicações. Editora: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559773244. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559773244/. Acesso em: 20 abr. 2024. PUCCINI, Abelardo de L. Matemática financeira. Editora: Editora Saraiva, 2022. E- book. ISBN 9786587958064. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786587958064/. Acesso em: 20 abr. 2024. DOCENTE: MANOEL HELENO GOMES DA SILVA MAMANGUAPE – 2024