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AULA 5 CUSTOS DE MÃO DE OBRA Prof. Valter Pereira Francisco Filho 2 INTRODUÇÃO Um sistema de custeio tem como objetivo estabelecer os recursos consumidos na produção de um determinado produto ou serviço, utilizando esse valor no processo decisório, principalmente na avaliação de resultados. O sistema de custeio é a combinação de princípios e métodos para o tratamento dos gastos e informações operacionais da produção, possibilitando diversas abordagens de gestão que atendam às necessidades do processo decisório. Nesta aula, iremos explorar os princípios e os principais métodos utilizados. TEMA 1 – IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS DE CUSTEIO Os métodos são processos lógicos e sistemáticos de tratamento das informações de custeio para estabelecer quanto cada produto ou serviço consome de recursos. Desta forma, é de extrema importância que o método ou conjunto de métodos escolhido pela empresa possa suportar o processo de gestão de custos. Cada empresa fará escolhas alinhadas com suas estratégias e capacidades de execução dos métodos. Destacamos que os métodos podem ser, para uma melhor performance do sistema de custeio, combinados. Nosso objetivo é tratar dos principais métodos, destacando que o método de Custeio Baseado em Atividades será tratado em conteúdos posteriores. 1.1 Centro de custos Para facilitar o controle dos custos, muitas empresas optam pelo método de centro de custos ou departamentalização. Além de ter um responsável pelos custos incorridos, os departamentos facilitam e melhoram o processo de alocação dos gastos aos produtos (Bruni, 2009, p. 95). Para Martins (2008, p. 65), departamento é a unidade mínima administrativa para a Contabilidade de Custos, representada por pessoas e máquinas (na maioria dos casos) em que se desenvolvem atividades homogêneas. Diz-se unidade mínima administrativa porque sempre há um responsável para cada Departamento ou, pelo menos, deveria haver. Nesse método, o centro de custos é utilizado para acumular os custos incorridos no período, facilitar o planejamento e controle por parte do responsável e facilitar o processo de alocação aos produtos e serviços. A facilidade de alocação se deve ao fato de o departamento ter recursos e atividades 3 homogêneas, o que possibilita a definição de critérios de alocação (rateios) mais adequados aos custos indiretos. Segundo Bruni (2009, p. 96): Os departamentos podem ser genericamente divididos em dois grandes grupos: departamento de serviços: corresponde à parte essencial da organização, não trabalhando, porém, na elaboração dos produtos ou serviços. Sua função consiste em atender às necessidades dos departamentos de produção ou de outros departamentos de serviços; departamento de produção: elabora diretamente os produtos, transformando fisicamente as unidades em processamento. Como os departamento de produção recebem os benefícios executados pelos departamentos de serviços, os custos destes últimos devem ser também incorporados à produção. Logo, o custo de produção será a soma dos custos dos departamentos de produção e dos departamentos de serviços. Podemos considerar que o método de centro de custos é o mais fácil de ser aplicado nas empresas, de qualquer porte ou segmento de atuação, sendo aderente à estrutura organizacional. Em muitas situações, o centro de custos pode ser mais detalhado do que o departamento, por exemplo, em que cada máquina é um centro de custo. 1.2 Custo-padrão O método de custo-padrão é desenvolvido com o objetivo de planejamento e controle das atividades produtivas. Os benefícios de utilização são o uso gerencial das informações no processo de planejamento e o fechamento rápido dos relatórios contábeis. Esse último é motivado pela necessidade, em muitos casos, de enviar os relatórios em prazos curtíssimos para consolidação na matriz da empresa. Podemos ter várias abordagens para o custo-padrão. Martins (2008, p. 315) lista o custo-padrão Ideal como aquele em que a empresa tem 100% de eficiências nas suas operações, sem qualquer perda, desperdício ou parada não programada, algo realmente utópico. Assim, o custo-padrão Ideal tem pouca aplicabilidade na prática, podendo ser considerado um objetivo de longo prazo para a empresa. Já o custo-padrão Corrente leva em consideração a realidade da empresa em termos de produtividade, considerando os padrões físicos de consumo de materiais, mão de obra direta, energia elétrica etc., além dos padrões monetários dos recursos aplicados. Ainda de acordo com Bruni (2009, p. 130- 131): 4 O custo-padrão diferencia-se do estimado em razão de apresentar maior rigor técnico e busca de eficiência em sua estimativa. Ambos poderiam ser conceituados da seguinte forma: custo estimado: estabelecidos com base em custos de períodos anteriores, ajustados em função de expectativas de ocorrências futuras, porém sem muito questionamento sobre as quantidades (materiais/mão de obra) aplicadas nos períodos anteriores e respectivos custos. Em geral, é empregado para cálculo de taxas de aplicação dos custos indiretos de fabricação, podendo ser estendido aos custos diretos; custo-padrão: estabelecido com mais critério, representa o que determinado produto deveria custar, em condições normais de eficiência do uso do material direto, da mão-de-obra, dos equipamentos, de abastecimento do mercado fornecedor e da demanda do mercado consumidor. Pode ser ideal – quando obtido com base em estudos científicos, desprezando ineficiências e apresentando, portanto, poucas chances de ser alcançado – ou corrente – quando considera as características normais do processo e do produto (incluindo qualidade e materiais, ineficiências, paradas etc.), que representam a meta a ser alcançada em determinado período. O custo-padrão não elimina ou diminui o trabalho de apuração do custo real, já que, posteriormente ao fechamento do período, ocorre a comparação entre padrão e realizado, identificando os motivos das variações e gerando feedbacks para melhoria contínua do processo produtivo. 1.2.1 Análise das variações A análise das variações entre o custo-padrão e o custo real deve ser desdobrada em variações de preço e variações de quantidade. Figura 1 – Variações em preço e quantidade Fonte: Bruni, 2009, p. 133. 5 As variações de preço analisam as diferenças ocorridas entre o preço padrão e o preço real dos insumos aplicados na produção, variação monetária, considerando a quantidade-padrão. Variação de Preço = (Preço Real – Preço-padrão) x Quantidade-padrão A variação de quantidade analisa as diferenças físicas entre a quantidade- padrão e a quantidade real, mantendo o custo do preço-padrão. Variação de Quantidade = (Quantidade Real – Quantidade-padrão x Preço- padrão As variações mistas entre preços e quantidades, a variação conjunta, equivale ao produto das diferenças. Variação Conjunta = (Preço Real - Preço-padrão) x (Quantidade Real - Quantidade-padrão A variação total é representada pelo somatório das variações de preço, de quantidades e conjunta. Bruni (2009, p. 132-133) aponta as principais vantagens em adotar o método do custo-padrão: • A eliminação de falhas nos processos produtivos com base nos parâmetros e análises das variações; • Aprimoramento dos controles de gestão, evitando desvios significativos dos recursos; • Instrumento de avaliação de desempenho das diversas atividades produtivas; • Contribuição para o aprimoramento dos procedimentos de apuração do custo real; • Rapidez na obtenção de informações para realização de orçamentos e estudos pontuais. 1.3 RKW O método RKW foi disseminado originalmente na Alemanha por um órgão semelhante ao antigo CIP – Conselho Interministerial de Preços, o qual atuou no Brasil para controle de preços no mercado interno. O principal objetivo do RKW é estabelecer o preço de venda com base no total de gastos incorridos, custos maisdespesas e um lucro desejado. O método pode ser chamado de custeio integral. 6 Figura 2 – Funcionamento do método RKW Fonte: Valter Pereira Francisco Filho. Os produtos ou serviços receberão a alocação dos custos, diretos e indiretos, das despesas diretas e indiretas, além de um valor do lucro desejado para cada unidade. Os critérios de alocação dos gastos indiretos, os rateios, normalmente causam distorções nos valores alocados, já que os critérios não refletem o real consumo de recursos. Ocorre que esse método pode ser aplicado em uma economia de decisão centralizada, segundo Martins (2008, p. 220), ou em situações de monopólio ou oligopólio. Um bom exemplo é o caso de combustíveis como a gasolina, em que a empresa produtora atua sozinha no mercado, sem concorrentes, ditando o preço aos compradores. Numa situação de economia de mercado, com concorrentes, a relação de oferta e demanda fará o equilíbrio do preço, sendo ineficaz a aplicação da metodologia RKW. TEMA 2 – CUSTEIO POR ABSORÇÃO O custeio por absorção é considerado o esquema básico da contabilidade de custos. É um princípio de custeio utilizado para atender às demandas fiscais- 7 tributárias das empresas. Ele é aceito para efeito de cálculo dos impostos sobre o lucro no caso de empresas que estejam no regime tributário do lucro real. Figura 3 – Esquema de funcionamento do custeio por absorção total na indústria Fonte: elaborado com base em Martins, 2008, p. 57. Observando seu funcionamento, verificamos que o primeiro passo é a separação dos gastos em custos e despesas. As despesas serão lançadas diretamente ao resultado do período que incorreram. O próximo passo é fazer a apropriação dos custos diretos aos produtos, normalmente por critério objetivos e de fácil mensuração. A seguir, serão alocados os custos indiretos, sempre por meio de rateios, sendo o volume o principal direcionador desses custos. O rateio é a alocação por meio de um critério arbitrado, subjetivo, o que pode causar distorções no custeio dependendo da representatividade dos custos indiretos e da qualidade dos critérios de rateio. Desta forma, todos os custos serão absorvidos pelos produtos fabricados no período. Os valores absorvidos pelos produtos serão alocados ao estoque da empresa e lançados para o resultado somente no momento da venda, quando são consideradas as receitas. 2.1 Absorção total no custeio de serviços O esquema de funcionamento da absorção total no custeio de serviços não é muito diferente da indústria. 8 Figura 4 – Esquema de funcionamento do custeio por absorção total na prestação de serviços Fonte: elaborado com base em Martins, 2008, p. 57. A diferença que deve ser destacada é que não existe a figura do estoque. Todos os custos incorridos na prestação do serviço serão lançados no resultado no momento da venda. É claro que podemos ter insumos e materiais aplicados na prestação do serviço, mas no momento de seu consumo, será considerado o custo do serviço prestado. O estoque na indústria funciona como um regulador, possibilitando que a produção seja mais linear, menos oscilante em relação às vendas. No momento de queda da demanda, o excesso de produção aumenta o saldo do estoque. Já no momento de aquecimento da demanda, o estoque de produto acabado é reduzido. As empresas prestadoras de serviços não podem se aproveitar desse benefício do estoque, por isso é necessário disponibilizar os recursos quando o cliente demanda a prestação do serviço. A preocupação com a gestão dos custos indiretos, normalmente estruturais e fixos, é mais relevante na prestação de serviços, sendo necessária uma maior flexibilidade para sua desmobilização no momento de queda da demanda. Isso trará reflexos importantes na política de preços, forçando estratégias que respeitem essa sazonalidade. 9 2.2 Critérios de rateio A qualidade dos critérios de rateio, utilizados pela empresa para alocação dos custos indiretos no custeio absorção total, é fundamental para a geração de informações adequadas à tomada de decisões. Quando não existem grandes diferenças no processo produtivo entre os diversos produtos, o critério de volume em unidades produzidas é muito utilizado. Quanto maior o volume de produção, maior a parcela de custos indiretos absorvidos. A dificuldade começa quando existe uma variedade grande de produtos, com esforços de produção muito distintos. A modelagem do sistema de custeio poderá utilizar diversos critérios para essa alocação. Será necessário avaliar como o recurso é consumido pelos diversos produtos e estabelecer um critério que não traga distorções nas alocações. Segundo Martins (2008, p. 79): Todos os custos indiretos só podem ser apropriados, por sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc. Todas essas formas de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivismo; portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só a aceitamos por não haver alternativas melhores. Em muitos casos, é necessário avaliar se o recurso tem correlação com espaço físico, com o volume de materiais aplicados, esforço da mão de obra direta ou da estrutura de máquinas disponíveis. TEMA 3 – CUSTEIO VARIÁVEL Esse princípio de custeio variável é uma alternativa ao custeio por absorção total, mais simples, mais fácil de ser modelado, porém pode não atender determinadas demandas fiscais-tributárias da contabilidade financeira da empresa. Seu papel é fundamentalmente gerencial, associado ao modelo de gestão e indicadores de performance desagregados: por produto, por cliente, por canal de distribuição, por filial e por unidade de negócio. O esquema de funcionamento começa com a separação dos custos fixos e variáveis, e não mais diretos e indiretos. Desse modo, Bruni (2009, p. 164) lembra que as expressões diretos e variáveis baseiam-se em conceitos bastante diferentes. A diferença entre custos diretos e indiretos refere-se à possibilidade de 10 identificação dos gastos com um produto ou serviço específico. Custos fixos e variáveis se comportam em função das variações de volume de produção. Em muitas situações, verificamos o uso de termo custo direto e variável que nem sempre coincide com seus conceitos teóricos. Na prática, observamos que a grande maioria dos gastos diretos possui um comportamento de variabilidade em relação ao nível de atividade. Figura 5 – Esquema de funcionamento do custeio variável na indústria Fonte: elaborado com base em Martins, 2008, p. 57. Os custos fixos e as despesas são lançados diretamente ao resultado, sendo essas últimas divididas em fixas e variáveis. Não há necessidade de rateios ou critérios de alocação arbitrários. São alocados aos produtos, no processo de custeio, somente os custos variáveis. Assim, o valor obtido como resultado é inferior ao custeio por absorção total, já que os custos fixos foram lançados ao resultado. O demonstrativo de resultado ganhou uma nova estrutura e leitura, na qual o lucro bruto dá lugar à margem de contribuição, que, em seu cálculo, também considera as despesas variáveis. 3.1 Custeio variável de serviços O processo de custeio de serviços apresenta as mesmas características que o custeio industrial, com a eliminação do conceito de estoque. 11 Figura 6 – Esquema de funcionamento do custeio Variável na prestação de serviços Fonte: elaborado com base em Martins, 2008, p. 57. Desta forma, podemos considerar que o custeio variável é o mais apropriado ao custeio de serviços, já que não há a figura do estoque, não havendo necessidade de rateios. 3.2 Comportamento dos custos A facilidade de modelagem do processo de custeio variável é observada pela ausência de critériosde rateios. Os custos variáveis são, em sua maioria, diretos, e podem ser alocados de forma objetiva e precisa, gerando informações mais oportunas. Além disso, devemos observar o comportamento dos custos unitários quando temos a variação de volume. Figura 7 – Comportamento dos custos unitários em relação ao volume Fonte: Valter Pereira Francisco Filho. 12 Podemos observar que os custos variáveis, quando observamos os valores por unidade produzida, possuem um comportamento estável. O custo de matéria- prima por unidade produzida, por exemplo, tende a ser constante com a oscilação da quantidade produzida. O comportamento dos custos fixos por unidade varia de acordo com a quantidade produzida: quanto maior o volume de produção, menor o custo fixo por unidade. Se produzirmos 1 unidade, ela deverá absorver 100% do custo fixo. Já se a produção alcançar 100 unidades, cada uma delas deverá absorver 1% do custo fixo. Assim, o custeio variável não sofre com esse efeito de diluição do custo fixo, sendo seu comportamento estável e de fácil análise. 3.3 Custeio variável de comércio A atividade de comércio não realiza nenhuma transformação de materiais e insumos em produto acabado. Seus processos estão relacionados ao esforço de vendas, portanto, despesas. O custo refere-se apenas ao esforço de aquisição das mercadorias que serão comercializadas. O processo de custeio no comércio vai tratar apenas do valor de aquisição e outros gastos eventuais e acessórios como frete, seguros e armazenagem. É um processo simples e de fácil modelagem. Podemos dizer que os custos de aquisição das mercadorias, lançados ao estoque, são 100% variáveis em relação ao nível de atividade da empresa, sendo reconhecidos no resultado somente no momento da venda. TEMA 4 – DIFERENÇAS ENTRE O CUSTEIO VARIÁVEL E O CUSTEIO POR ABSORÇÃO Vamos avaliar as diferenças entre os dois princípios de custeio: absorção total e variável. Quadro 1 – Custeio absorção total e variável Custeio Absorção Total Custeio Variável Contabilidade financeira Atende às demandas da contabilidade financeira Não atende à demanda da contabilidade financeira 13 exigidas para cálculo dos impostos sobre o lucro Contabilidade gerencial É limitada para suporte ao processo de tomada de decisão É mais adequada ao processo de tomada de decisão Avaliação de resultados Boa na avaliação agregada de resultados Excelente na visão desagregada de resultados Usuários da informação Usuários externos (demonstrações financeiras) e internos da empresa Usuários internos da empresa Qualidade da informação de custeio Informação pode ter distorções decorrentes dos critérios de rateios utilizados no custeio Informação clara e concisa, sem distorções Fonte: Valter Pereira Francisco Filho. Podemos afirmar que o custeio absorção total atende às demandas da contabilidade financeira, respeitando os princípios contábeis para a geração dos relatórios de balanço patrimonial e demonstração de resultados. Desse modo, sua utilização na avaliação agregada da empresa e por usuários externos, como bancos, credores e governo, mostra que o custeio absorção total é adequado para esse escopo de análise. O custeio variável mostra-se mais adaptado às necessidades da contabilidade gerencial quando comparado com a absorção total. O ponto forte que destacamos é a avaliação de resultados desagregada, que fornece um feedback de qualidade ao processo de decisão dos gestores internos. TEMA 5 – APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS PARA O PROCESSO DECISÓRIO O processo decisório envolve diversos fatores, mas quais são os principais fatores a serem analisados? 14 Figura 8 – As cinco combinações básicas dos aspectos organizacionais e analíticos Fonte: Yu, 2011, p. 7. O modelo proposto tem, em um dos eixos, as preferências e complexidade organizacional, e no outro, a complexidade analítica do problema. As decisões relacionadas à gestão de custos estão presentes em todos os tipos de decisão. No sentido de alocar recursos, então, decidir seguramente significa efetuar escolhas sobre alternativas que combinem tais recursos e caminhos de ação a fim de atingir determinadas preferências e tendo em vista expectativas de resultados associados a cada alternativa. As preferências envolvem objetivos, necessidades, desejos, valores, interesses e toda gama de utilitarismo objetivo ou subjetivo que esteja ligado ao indivíduo ou a grupos nas organizações. A escolha é inteligente ou racional porque pressupõe que o gestor assumirá a alternativa que lhe trará́, ou ao beneficiário, as melhores consequências de acordo com suas preferências. (Yu, 2011, p. 4) Bruni (2009, p. 187) destaca que os procedimentos empregados na análise de custos nasceram na aplicação das normas e princípios da contabilidade, com foco na gestão patrimonial. Na gestão empresarial, as decisões tomadas levam em consideração os efeitos subsequentes, sendo necessário mais do que apenas a contabilidade para tomada de decisões. Assim, a contabilidade de custos deve ser moldada, com princípios e métodos, de forma a desenvolver o modelo de 15 gestão, orientando os gestores para decisões ótimas que gerem os melhores resultados a curto e longo prazo. 5.1 Problemas com os custos fixos Os custos fixos estão em destaque quando falamos de tomada de decisão. Martins (2008) destaca que não há grande utilidade para fins gerenciais de valores em que existam custos fixos apropriados, evidenciando três problemas que impactam no uso. O primeiro problema destacado é que a existência dos custos fixos independe da produção. Eles são, em muitos, casos estruturais, necessários para que a indústria possa operar, ter instalada sua capacidade produtiva. O segundo ponto refere-se aos critérios de rateios aplicados: Por não dizerem respeito a este ou àquele produto ou a esta ou àquela unidade, são quase sempre distribuídos à base dos critérios de rateio, que contêm, em maior ou menor grau, arbitrariedade; quase sempre grandes graus de arbitrariedade. A maior parte das apropriações é feita em função de fatores de influência que, na verdade, não vinculam efetivamente cada custos a cada produto, porque essa vinculação é muito mais forçada do que costumamos acreditar. Se, a fim de avaliar um produto para efeito de estoque, isso pode ser uma forma de minimizar injustiças, para efeito de decisão simplesmente mais confunde do que auxilia; o fato de se apropriar de uma forma pode alocar mais custos em um produto do que em outro, e, se alterarmos o critério de rateio, talvez façamos o inverso. Por se alterar um procedimento de distribuição de custos fixos, pode-se fazer de um produto rentável um não rentável (aparentemente), ou transformar um superavitário em deficitário, e vice-versa. E não há lógica em se alterar o grau de rentabilidade de um produto em função de modificações nas formas de rateio; essa é uma maneira de se auto enganar. (Martins, 2008, p. 197) A dependência do custo fixo por unidade em relação ao volume de produção é o terceiro problema. Toda vez que houver alteração do volume produzido, o custo fixo unitário será alterado. Pior ainda, imagine que um determinado produto não sofre alteração de volume de produção, mas se outros têm a quantidade reduzida, esse produto deverá assumir mais custos fixos, elevando seus custos unitários. Essas são considerações importantes na utilização das informações dos custos fixos, evitando riscos de tomadas de decisões errôneas. 16 REFERÊNCIAS BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preço: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008. YU, A. S. O. (Coord.). Tomada de decisão nas organizações: uma visão multidisciplinar. São Paulo: Saraiva, 2011.
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