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INFECÇÃOINFECÇÃOINFECÇÃO TRATOTRATOTRATO URINÁRIOURINÁRIOURINÁRIO ALICE WILK CLAUDIA VASCONCELOS GABRIELA CARNEIRO LAUANY ÉVELLIN LÍVIA ARAÚJO A infecção do trato urinário ( ITU) afeta mais de 10% das mulheres e aproximadamente 50% delas apresentam pelo menos um episódio durante a v ida. A infecção urinária de repetição ( ITUr) ocorre entre 10% e 15% das mulheres com mais de 60 anos de idade. Bacteriúr ia assintomática (BA) ocorre entre 2% e 10% das mulheres. De acordo com estudos feitos mais de 75% das ITUs em mulheres, o agente et iológico é a Escherichia col i , responsável pela maioria das cist i tes agudas. Seguindo de outros patógenos como Klebsiel la , Enterobacter , Proteus mirabi l is , Sthaphylococcus saprophyt icus e Streptococcus agalact iae. Um grande desaf io para a escolha empír ica de antibiót icos é a crescente resistência bacteriana. Estudos mostram menor grau de resistência de E. col i a fosfomicina e nitro- furantoína (3% e 5,7%, respect ivamente) . Um estudo feito na Suíça veri f icou resultado semelhante (1,5% e 1%, respect ivamente) . as ITU são classi f icadas em: 1. ITU não complicada : quadro agudo, esporádico ou recorrente, no trato urinário infer ior (c ist i te) ou superior (pielonefr i te) , l imitado a mulheres não grávidas, sem anormal idades anatômicas e funcionais no trato urinário ou comorbidades. 2. ITU complicada (cistite e pielonefrite): ocorre em pacientes com chance aumentada de evolução desfavorável , ou seja, grávidas, pacientes com anormal idades anatômicas ou funcionais do trato urinário, presença de cateteres urinários de demora, doenças renais ou concomitantes, como diabetes mel l i tus, imunossupressão ou transplante renal . 3. Bacteriúria assintomática: caracterizada pela presença de bactérias em meio de cultura na ausência de s inais e s intomas de ITU. 4. Infecção recorrente do trato urinário : ocorrência de dois episódios de ITU em seis meses ou três nos últ imos 12 meses, com confirmação com urocultura. 5. Urossepse : d isfunção orgânica com risco de morte causada por resposta desregulada do hospedeiro à infecção originada do trato urinário. Cistite aguda não complicada Como primeira escolha para tratamento empír ico, recomendam-se nitrofurantoína (100 mg, de 6/6 h, por c inco dias) ou fosfomicina/ trometamol (3 g em dose única) . Outras opções incluem cefuroxima (250 mg, de 12/12 h, por sete dias) ou amoxaci l ina/clavulanato (500/125 mg, de 8/8 h, duran- te sete dias) . Em locais em que a resistência local é infer ior a 20%, pode-se usar sulfametoxazol/tr imetropim (160/800 mg, de 12/12 h, durante três dias) . F luorquinolonas não são recomendadas, em razão do aumento de resistência bacter iana e dos efeitos colaterais adversos ( tendinite , ruptura de tendão, neuropat ia peri fér ica e ruptura de aneurisma de aorta) . Aminopenic i l inas e cefalosporinas de pr imeira geração também não são recomendadas como primeira escolha, pois apresentam ef icácia l imitada. Pielonefrite não complicada Deve-se inic iar tratamento oral com f luoroquinolonas (c iprof loxacino 500 mg, de 12/12 h, durante sete dias, ou levof loxacino 750 mg/dia, durante cinco dias) . Se houver necessidade de internação, recomenda-se usar esquema endovenoso com f luorquinolonas (c iprof lo- xacino 400 mg, duas vezes ao dia, ou levof loxacino 750 mg/dia) ou, ainda, cefalosporina de terceira geração (ceftr iaxona 2 g/dia) . Pielonefrite complicada Requer tratamento hospitalar com fármacos endovenosos, como amoxici l ina/aminogl icosídeo cefalosporina de terceira geração. Como alternativas, incluem-se ceftolozano + tazobactam, imipe- ném-ci lastat ina, ceftazidima + avibactam, meropenem. O uso empír ico de ciprof loxacino deve ser restr ito a locais em que a resistência bacteriana seja inferior a 10%. Define-se como a presença de dois episódios de ITU em seis meses ou três em um ano. 1° - Mudanças comportamentais e de higiene pessoal: adequar ingesta hídr ica, micção pós-coito, enxugar de frente para trás após defecar , ev i tar ducha vaginal e uso de roupa ínt ima oclusiva. Os estudos não são consistentes quanto aos resultados dessas me- didas. 2° - Profilaxia antimicrobiana As três estratégias ant ibiót icas ut i l izadas são: prof i laxia pós-coito, prof i laxia cont ínua e tratamento autoinic iado. Prof i lax ia cont ínua: uso de subdose diár ia com macrodantina 100 mg ao dia ou com fosfomicina 3 g a cada dez dias , por seis meses. Prof i lax ia pós-coi to: pode-se suspeitar de relação causal entre infecções e relações sexuais quando o intervalo entre a infecção e a relação sexual é entre 24 e 48 horas. Prof i laxia com dose única de nitrofurantoína 100 mg. Estrogênio vaginal: na pós-menopausa est imula a prol i feração de lactobaci los no epité l io vaginal , reduz o pH e ev i ta a colonização vaginal por uropatógenos. A estrogenoterapia vaginal reduz a recorrência de ITUs em 36% a 75% e tem mínima absorção s istêmica. Podem ser usados estr io l (1 mg) ou promestr ieno (10 mg) , uma vez por d ia , durante 15 dias , e mant idos duas ou três vezes por semana. ImunoterapiaOM-89 (Uro-Vaxom® ) : imunomodulador com mais ev idências na l i teratura. Consiste em administração de cápsula oral composta de fragmentos de 18 cepas de E. col i . Esse extrato de l isado bacter iano pode agir como imunoest imulante mediante a at ivação de células dendrí tr icas der ivadas de monócitos , est imulando a produção de ant icorpos para E . col i . Recomenda-se uma cápsula ao dia , durante 90 dias , t rês meses de pausa e tratamento adic ional do sét imo ao nono mês (uma cápsula ao dia , durante dez dias por mês) . Recomendado por European Associat ion of Urology e Febrasgo/Sociedade Bras i le ira de Urologia/Sociedade Bras i le ira de Infectologia . Não é recomendado pela American Urologica l Associat ion. Cranberry : ev i ta a adesão de f ímbrias bacter ianas no urotél io . Tem di ferentes doses e apresentações (suco, cápsula) , com prat icamente ausência de efe i tos adversos. Por fa l ta de evidências robustas quanto à ef icác ia , não há recomendação formal , devendo a indicação ser d iscut ida com a paciente. Não é recomendado pela Febrasgo nem pela EAU. Probióticos (Lactobaci l lus cr ispatus) : fa l tam estudos robustos conf irmando sua ef icác ia , tanto em apresentação oral quanto vaginal . D-manose/metenamina/ácido hialurônico intravesical/ervas medicinais chinesas: não são recomendados por fa l ta de ev idências .
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