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Brend a Aburqu e t iR E S U M O 1 Figueiredo, A. C.; Tenório, F. (2002). O diagnóstico em Psiquiatria e Psicanálise. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 1. Pp. 29-43. Laurenti, R. (1991). Análise da informação em saúde: 1883-1993, Cem anos da Classificação Internacional de Doenças. Revista Saúde Pública, 25 (6). pp. 407-417. Introdução O sofrimento (categoria social) humano gerou o nascimento da Psicanálise. O mal-estar está relacionado a uma categoria existencial; condição no mundo. É produzido na nossa relação com o outro. Caráter: história dos nossos conflitos (cicatrizes). Os modos de sofrer estão inseridos em determinados contextos e épocas. Fenômenos: elementos acessíveis a consciência. Exemplo: tristeza. Psicopatologia É falar sobre a alma que sofre. Sintomas: formas de conteúdo. É possível compreender (pessoal). Para a Psicanálise, é o indicativo do modo de o sujeito de lidar com a realidade. Síndrome: conjunto de sinais e sintomas. O diagnóstico é feito a partir deles. Semiologia: estudo dos sinais e sintomas. Nosografia: descrição metódica das doenças. Inserir o quadro clínico nos termos da nosografia permite uma avaliação prognóstica. Nosologia: classificação de um conhecimento (ciência) de acordo com determinados critérios. Atualmente, está cada vez mais sindrômica. Diagnóstico Sindrômico: descrição do conjunto de sinais e sintomas, sem definir a doença de fundo. Tem a função de orientar o próprio diagnóstico nosológico, uma vez que certas síndromes não ocorrem em certas patologias, ou são patognomônicas de uma patologia etc. Diagnóstico Nosológico: indicaria qual é a “moléstia”, qual é a doença de fundo, nos termos da nosografia psiquiátrica. Identificando a doença propriamente dita, orienta uma intervenção de longo prazo e de alcance supostamente mais profundo. O primeiro objetivo dessa distinção de diagnóstico estaria em orientar a clínica mais imediata, no sentido de sistematizar, pelo diagnóstico sindrômico, os sintomas que devem ser atacados, sobretudo porque as terapêuticas em Psiquiatria são “sintomáticas”. Sistema Classificatório CID e DSM. O DSM nasceu como manual para sistematizar os transtornos mentais, entretanto, o CID é para a saúde em geral. Na atualização do DSM, ocorre uma modificação radical na forma de conceber os transtornos. Ambas enfatizam a descrição e a redução da teoria e da inferência, no sentido de uma busca por uma certa objetividade. Diagnóstico Estrutural Afasta-se do modelo sindrômico. O diagnóstico psicanalítico é pensado de forma a extrapolar a sintomatologia clínica observável. A neurose é diferenciada das perversões e das psicoses, levando-se em conta o tipo de defesa (diante da sexualidade) presente em cada uma destas estruturas clínicas; diferentes formas de se relacionar com o outro. Neurose – laço e apego a realidade compartilhada. O conflito é interno, do sujeito com ele mesmo (prazer e realidade). Tem-se a resposta do sujeito pela fantasia. Psicose – afastamento da realidade. O conflito é externo. Tem-se a saída pelo delírio. O fenômeno de linguagem é presente. Castração: perdas adquiridas ao longo da vida. Estrutura: tenta extrair dos tipos descritivos a estrutura do sujeito, cernido do discurso de cada paciente aquilo que, funcionando como um operador estrutural, organiza o modo de cada sujeito lidar com a castração. São diferentes das categorias. O ICS é estruturado como uma linguagem. Diagnóstico pela Psicanálise É de estrutura (e não apenas fenomenológico), mas também sob transferência. O diagnóstico em Psiquiatria é uma “agregação de sintomas”, e essa é uma clínica do olhar, mais do que da escuta. Fazer falar é o ofício do psicanalista. A Psiquiátrica é fenomenológica e a Psicanálise se propõe a ir além dos fenômenos. Se o diagnóstico psiquiátrico sempre foi fenomenológico, é importante notar que, atualmente, assistimos a uma tendência na Psiquiatria. Trata- se da tendência de substituir as grandes categorias por descrições especificadas de fenômenos objetivos. Ao propor que o diagnóstico incida não exclusivamente sobre o sintoma, mas sobre a implicação do sujeito no sintoma, a Psicanálise cria as condições para que a própria intervenção clínica vá mais-além. Dunker, C. I. L.; Neto, F. K. (2011). A crítica psicanalítica do DSM-IV – breve história do casamento psicopatológico entre psicanálise e psiquiatria. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 14 (4). pp. 611-626. Nesse texto, é feito uma análise crítica acerca da utilização do DSM na clínica psiquiátrica a partir da Psicanálise. É discutido as bases e o estado atual das relações entre a Psiquiatria dita “biológica” e a Psicanálise na pesquisa em psicopatologia. Logo, demonstra que o DSM é o sintoma maior da supressão individual dos múltiplos discursos sobre o mal-estar. Introdução Por vezes, o DSM (assim como a CID) é empregado como pretexto para uma “língua comum” entre os diferentes profissionais, a partir da qual discussões diagnósticas e de tratamento se efetivariam. A base comum é antiga e serve para a homogeneização e silenciamento das controvérsias e divergências “internas”, quer à Psicanálise ou à Psiquiatria. As classificações são políticas. Aspirações que Comandaram a Origem e o Desenvolvimento Histórico do DSM Desambiguação de termos semiológicos e diagnósticos. Orientação para o consenso prático. Função de arbitragem. Aspiração metalinguística. DSM I (1918): A Influência da Psicanálise (Adolf Meyer) Primeira tentativa oficial – censo de 1840, que levou em conta a única oposição: idiotice ou insanidade. Quarenta anos mais tarde, o censo distinguiu-se entre sete categorias: mania, melancolia, monomania, paralisia, demência e alcoolismo. A partir dessas, a Associação Psiquiátrica Americana (APA) e a Comissão Nacional de Higiene Mental desenvolveram um novo guia para os hospitais mentais, o Manual Estatístico para o Uso de Instituições de Insanos (DSM), que incluiu 22 diagnósticos. Influência: sistema diagnóstico de Meyer (1866-1950) com predomínio de categorias de extração psicodinâmica, ressaltando-se a oposição entre neurose e psicose. DSM II (1952): O Compromisso Diagnóstico entre a Psicanálise e a Psiquiatria O sistema amplia a classificação utilizada pelo exército desde 1918, de modo a uniformizar os critérios semiológicos da prática diagnóstica em torno de 180 distúrbios. Assim como a versão anterior, refletia a predominância da psicodinâmica psiquiátrica, embora as perspectivas biológicas e os conceitos do sistema de Kraepelin de classificação estivessem incluídos. Os sintomas não eram especificados com detalhes em distúrbios específicos. DSM III (1973-1974): Novos Eixos e o Expurgo Psicanalítico A associação entre histeria e feminilidade ou homossexualidade e perversão é exemplo de que o manual representaria a realização institucional referendada pelo Estado e articulada aos seus dispositivos educacionais, jurídicos e de pesquisa para repressão política. Um dos objetivos da revisão foi melhorar a uniformidade e a validade do diagnóstico psiquiátrico, além de padronizar as práticas de diagnóstico. A controvérsia surgiu em relação à supressão do conceito de “neurose”: um compromisso político de reutilização do termo foi assumido e inserido entre parênteses, em alguns casos, depois da palavra “desordem”. Considerado uma profunda transformação da Psiquiatria: propondo- se como um sistema classificatório ateórico e operacional das grandes síndromes psiquiátricas. Esse manual modificou a concepção de pesquisa e da prática psiquiátrica, pois a Psiquiatriateria disponível um sistema de diagnóstico preciso do ponto de vida descritivo-terminológico e passível de servir de apoio para a pesquisa empírico-experimental. DSM IV (1994-200): A Dissolução da Psicopatologia Rompeu-se a tradição em que a caracterização das formas de sofrimento, alienação ou patologia mental fazia-se acompanhar da fundamentação ou da crítica filosófica. Trata-se de uma mutação da própria razão diagnóstica e não de um de seus movimentos de contradição interna. DSM V O próprio termo “psicopatologia” é carregado de ambiguidades. Trata-se de uma terminologia fortemente associada às raízes psiquiátricas. Se constitui como um sistema classificatório fidedigno dos padecimentos psíquicos e não possui a pretensão de ser uma psicopatologia. Seu critério de objetivo está alicerçado na descrição formal do plano empírico dos fatos clínicos. Função do Diagnóstico Permite ao sujeito atribuir sentido ao seu sofrimento, inserindo-o no registro simbólico. Permite aos profissionais definir a gravidade de um estado e, se possível, seu prognóstico. Elaborar ações terapêuticas e preventivas mais eficazes. Avaliar os riscos de um estado perigoso e tomar suas medidas de segurança indispensáveis. Comunicar-se de modo mais preciso com outros profissionais e pesquisadores, por intermédio de uma língua franca que possibilite a troca de informações. As Principais Características do Diagnóstico Baseiam-se, preponderadamente, nos dados clínicos: anamnese e exame psíquico (exame do estado mental atual). De modo geral, não existem sintomas psicológico totalmente específicos (sintomas patognomônicos) de um determinado transtorno mental. É sempre pluridimensional – deve-se levar em conta as várias dimensões que perpassam a vida do sujeito. Dalgalarrondo, P. (2018). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed Editora. Vivências Psicopatológicas Transfundos ou ancoragens: contexto geral em que emergem os sintomas. Estáveis e duradouros – personalidade e inteligência. Mutáveis e momentâneos – atenção, consciência, humor/afetos. Sintomas específicos ou emergentes: incluem as esferas que não fazem parte dos transfundos, como uma alucinação (sensopercepção), um sentimento (afetividade), um delírio (juízo), uma paramnésia (memória), uma alteração do pensamento ou da linguagem etc. Surgimento, Constituição e Manifestação dos Transtornos Fatores predisponentes: carga genética, experiência na infância e na adolescência e condições pregressas. Fatores precipitantes: estresses, eventos de vida, perdas etc. Manifestações: patogenia (sintomas diretamente produzidos pelo transtorno mental), patoplastia (fatores externos e prévios ao processo patológico) e psicoplastia (posteriores ao adoecer). Evolução dos Transtornos Processo. Desenvolvimento. Fenômenos agudos (crises ou ataques, reações vivenciais, fases e surtos). Estado residual. Remissão. Recuperação. Recaída ou recidiva. Recorrência. TRANSTORNO DO HUMOR E DA AFETIVIDADE Psicopatologia da Afetividade A afetividade seria a capacidade de experimentar sentimentos e emoções. Humor ou estado de ânimo: é definido como o tônus afetivo do indivíduo, estado emocional basal e difuso no qual se encontra a pessoa em determinado momento. Afetos: define-se como a qualidade e o tônus emocional que acompanham uma ideia ou representação mental. Os afetos acoplam-se às ideias anexando a elas um "colorido" afetivo. ➜ Reação afetiva: a afetividade caracteriza-se particularmente por sua dimensão de reatividade. ➜ Sintonização afetiva: é a capacidade de ser influenciado afetivamente por estímulos externos. Alterações da Afetividade Distimia: alteração básica do humor. Distimia hipotimica ou melancólica – base afetiva da síndrome depressiva, o estado de humor deprimido. Distimia hipertímica, expansiva ou eufórica – humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria. É um estado de ânimo morbidamente elevado. Disforia: distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva mal- humorada, irritativa, agressiva. F30-F39 TRANSTORNOS DO HUMOR [AFETIVOS] Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou dos afetos, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma elação. A alteração do humor em geral é acompanhada de uma modificação do nível global de atividade, e a maioria dos outros sintomas são: quer secundários a estas alterações do humor e da atividade, quer facilmente compreensíveis no contexto destas alterações. SÍNDROMES DEPRESSIVAS Os quadros depressivos caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Causa considerável impacto na saúde física e mental e na qualidade de vida das pessoas acometidas. Depressão é diferente de luto. Classificações EPISÓDIO DE DEPRESSÃO E TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR RECORRENTE (CID 11 E DSM 5). TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE E TRANSTORNO DISTÍMICO (CID 11 E DSM 5). DEPRESSÃO ATÍPICA (DSM 5). DEPRESSÃO TIPO MELANCÓLICA OU ENDÓGENA (CID II E DSM 5). DEPRESSÃO PSICÓTICA (CID II E DSM 5). ESTUPOR DEPRESSIVO OU DEPRESSÃO CATATÔNICA (DSM 5). DEPRESSÃO ANSIOSA OU COM SINTOMAS ANSIOSOS PROEMINENTES (CID 11 E DSM 5) E TRANSTORNO MISTO DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE (CID 11). DEPRESSÃO UNIPOLAR OU BIPOLAR. DEPRESSÃO COMO TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL (CID 11 DSM 5). DEPRESSÃO MISTA (DSM 5). DEPRESSÃO SECUNDÁRIA OU TRANSTORNO DEPRESSIVO DEVIDO A CONDIÇÃO MÉDICA (CID 11E DSM 5). EPISÓDIO DE DEPRESSÃO E TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR RECORRENTE (CID-11 e DSM-5) Sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas e não mais que dois anos de forma ininterrupta. Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos "somáticos". TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE E TRANSTORNO DISTÍMICO (CID-11 E DSM-5) Forma crônica de depressão, muito duradoura (pelo menos dois anos ininterruptos), que pode ser de intensidade leve (distimia) ou de moderada a grave. Começa geralmente na adolescência ou no início da vida adulta e persiste por vários anos. Também são comuns na distimia o mau humor crônico e a irritabilidade. DEPRESSÃO TIPO MELANCOLICA OU ENDOGENA (CID-11 E DSM-5) Predominam os sintomas classicamente endógenos. Apresentam: perda de prazer ou incapacidade de sentir prazer (anedonia) em todas ou quase todas as atividades ou falta de reatividade a estímulos em geral prazerosos. Além de um desses dois sintomas, deve apresentar pelo menos três dos seguintes sintomas: humor depressivo característico com prostração profunda, desespero, hiporreatividade geral; demora em responder às perguntas (aumento da latência entre perguntas e respostas) ou agitação psicomotora; ideias ou sentimento de culpa excessivos e/ou inadequados; perda do apetite e/ou de peso corporal; depressão pior pela manhã, que pode melhorar um pouco ao longo do dia. DEPRESSÃO PSICÓTICA OU DEPRESSÃO COM SINTOMAS PSICÓTICOS (CID-11 E DSM-5) Trata-se de depressão muito grave, na qual ocorrem, associados aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio ou alucinação. Nesse caso, os mais frequentes são sintomas como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou alucinações com conteúdo depressivos. DEPRESSÃO ANSIOSA OU AGITADA OU COM SINTOMAS ANSIOSOS PROEMINENTES (CID-11 E DSM-5) E TRANSTORNO MISTO DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE (CID-11) A ansiedade é, de modo geral, um componente frequente e importante nos quadros depressivos. O DSM-5 e a CID-11 propõem que se distinga uma forma de depressão, geralmente moderada ou grave, com marcante componente de ansiedade, tensão e inquietação psicomotora, chamada Depressão Ansiosa ou Depressão Agitada. O paciente se queixa de angústia ou ansiedade acentuada associada aos sintomas depressivos; sente-se nervoso, tenso, não para quieto; apresenta-se insone; irritado; anda de um lado para outro, desesperado. Na Depressão Ansiosa, há risco ainda maior de suicídio. DEPRESSÃO SECUNDÁRIA OU ORGÂNICA (TRANSTORNO DEPRESSIVO DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA OU INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA OU MEDICAMENTO, CID-11 E DSM-5) Estão presentes as síndromes depressivas causadas ou fortemente associadas a uma doença física, a um quadro clínico primariamente somático, seja ele localizado no cérebro, seja ele sistêmico, isto é, em outra parte do organismo, mas com consequências para todos os órgãos. Condições somáticas sistêmicas, como doenças endocrinológicas, síndrome de Cushing, carências vitamínicas e doenças autoimunes. OBSERVAÇÕES Observar em um atendimento: humor deprimido e ideação suicida; principalmente se a isso se seguir um estado de excitação ansiosa (geralmente estimulado pela medicação). Se o indivíduo não experimenta uma distimia quando existe uma causa que justifique o seu aparecimento, é possível considerar a existência de um estado patológico. Ao mesmo tempo, também falamos de uma distimia anômala quando não se encontra motivo algum que possa explicá-la ou o motivo desencadeante é insignificante. Existem estados depressivos que podem ser descritos, recenseados, mas seus graus e variações desafiam a unificação do conceito. Podemos dizer: a psicose, a psicopatia, o TOC, mas devemos ter cuidado ao dizer a depressão. É preciso não a reduzir ao humor triste. SÍNDROMES ANSIOSAS A Histeria Não respeita a anatomia; não há uma causalidade no corpo. Não é uma lesão e não é uma mentira; é uma manifestação do inconsciente (para a Psicanálise). É caracterizada fundamentalmente (em psicopatologia) por certa hiperexpressividade somática das ideias e dos afetos inconscientes. Conversão, Somatização, Dissociação. Manuais Classificatórios O DSM-3, do início dos anos de 1980, até o DSM-5, desmontaram o constructo histeria em várias condições distintas. A CID-11, entretanto, mantém de certa forma, o constructo histeria, ao agrupar todas ou quase todas as condições dissociativas e conversivas em uma rubrica única, denominando-a “Transtornos Dissociativos”. No entanto, o DSM-5 e a CID-11 mantêm separado desses constructos o Transtorno da Personalidade Histriônica (não mais presente na CID-11). DSM-5: Transtornos Conversivos são também chamado de Transtornos de Sintomas Neurológicos Funcionais (fraqueza ou paralisia, movimentos anormais, dificuldade ou impossibilidade de deglutição, alterações da fala, ataques e anestesia ou perda sensorial). CID-11 E DSM-5 Transtornos Dissociativos. Amnesia Dissociativa; Fuga Dissociativa; Transtorno Dissociativo de Identidade; Transtorno de Despersonalização/Desrealização; Estupor Dissociativo; Transtornos de Transe e de Possessão. Transtornos Somatoformes. Transtornos de Somatização; Fibromialgia; Síndrome da Fadiga Crônica (Neurastenia); Transtornos Hipocondríaco. Transtornos Conversivos. Especificar o tipo de sintoma: (f44.4) Com fraqueza ou paralisia; (f44.4) Com movimento anormal (p. ex., tremor, movimento distônico, mioclonia, distúrbio da marcha); (f44.4) Com sintomas de deglutição; (f.44.4) Com sintoma de fala (p. ex., disfonia, fala arrastada); (f.44.5) Com ataques ou convulsões; (f44.6) Com anestesia ou perda sensorial; (f44.6) Com sintoma sensorial especial (p. ex., perturbação visual, olfatória ou auditiva); (f44.7) Com sintomas mistos. Especificar se: Episódio agudo: sintomas presentes há menos de seis meses; persistente: sintomas ocorrendo há seis meses ou mais. Especificar se: Com estressor psicológico (especificar estressor); sem estressor psicológico. Transtorno Conversivo A. Um ou mais sintomas de função motora ou sensorial alterada. B. Achados físicos evidenciam incompatibilidade entre o sintoma e as condições médicas ou neurológicas encontradas. C. O sintoma ou déficit não é mais bem explicado por outro transtorno mental ou médico. D. O sintoma ou déficit causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo ou requer avaliação médica. Neuroses São doenças da personalidade caracterizadas por conflitos intrapsíquicos que inibem as condutas sociais. As reações neuróticas são quadros mentais crônicos e são consideradas "menores", pois elas desestruturam menos profundamente do que as psicoses, o sistema do eu com a realidade. As neuroses provocam mais um desequilíbrio interior do sujeito do que uma alteração em seu sistema de realidade. Ansiedade realística: uma reação à percepção de um perigo externo – isto é, de um dano que é esperado e previsto. Ansiedade neurótica: um estado de apreensão generalizada (espécie de ansiedade livremente flutuante); histeria de angústia (ansiedade das fobias); ansiedade neurótica (pode aparecer, na histeria, como acompanhamento dos sintomas histéricos). Fobia Medo persistente e irracional de um objeto ou de uma situação específica, que passam a ser evitados inclusive em pensamento. O simples fato de pensar no objeto temido pode causar reações intensas de medo no paciente. A maioria das pessoas sabem que seus medos são excessivos e irracionais. Categorias: Fobia Específica (ou Fobia Simples): medo persistente irracional de um objeto ou de uma situação específica; a exposição ao estímulo fóbico provoca quase que invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade; o indivíduo reconhece que o medo é excessivo ou irracional. Fobia Social (Transtorno da Ansiedade Social): medos graves, persistentes e irracionais de situações sociais ou de atuação em que possa ocorrer complicação; expressam medo de se comportar de forma inadequada ao interagir com outras pessoas ou agir na frente delas. Agorafobia: medo de sair de casa e se dirigir a lugares públicos, principalmente desacompanhados; geralmente ocorre associada ao Transtorno do Pânico. Transtorno do Pânico: ataques de pânico (explosões de terror) que ocorrem de forma repetida e súbita, sem razão aparente; podem sofrer alterações disfuncionais no pensamento ou no comportamento como resultado dos ataques de pânico por um período de, no mínimo, um mês. Caso Clínico PI era uma auxiliar administrativa de 41 anos encaminhada para avaliação ambulatorial por seu clínico geral com a seguinte queixa principal: “Estou sempre nervosa”. Ela vivia sozinha e nunca havia casado nem tido filhos. Era a primeira vez que se consultava com um psiquiatra. Ela estava vivendo com seu namorado, com o qual estava há muitos anos, até oito meses antes, quando ele interrompeu o relacionamento repentinamente para ficar com uma mulher mais jovem. Em seguida, PI começou a ficar angustiada com as tarefas cotidianas e com a possibilidade de cometer erros no trabalho. Sentia-se atipicamente tensa e cansada. Tinha dificuldades em se concentrar. Também começou a se preocupar excessivamente com dinheiro e, para economizar, mudou-se para umapartamento mais barato em um bairro menos agradável. Buscava apoio repetidamente dos colegas de escritório e da mãe. Parecia que ninguém conseguia ajudá-la, de modo que ela temia ser “um fardo”. Diagnóstico: Transtorno de Ansiedade Generalizada. Comportamento Obsessivo O indivíduo com obsessões em geral tenta ignorar ou suprimir esses pensamentos ou impulsos ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação (compulsão). As compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento, ao invés de oferecer prazer ou gratificação. Na maioria dos casos, a pessoa sente-se compelida a executar a compulsão para reduzir o sofrimento que acompanha uma obsessão ou para evitar algum evento ou situação temidos. Ideias Obsessivas As obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, que são vivenciados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento. A qualidade intrusiva e inadequada das obsessões é chamada de ego distônica. O termo refere-se ao sentimento do indivíduo de que o conteúdo da obsessão é estranho, não está dentro de seu próprio controle nem é a espécie de pensamento que ele esperaria ter. Entretanto, ele é capaz de reconhecer que as obsessões são produto de sua própria mente e não impostas a partir do exterior (como na inserção de pensamento). A Neurose Obsessiva e a Psicanálise A dúvida. A culpa. A angústia. Configuração do desejo-o objeto de desejo deve ser mantido como impossível. Transtorno Obsessivo Compulsivo na Psiquiatria A partir do DSM 3, o termo “Neurose” não existe mais. É um transtorno caracterizado essencialmente por ideias obsessivas ou por comportamentos compulsivos recorrentes. O comportamento compulsivo tem por finalidade prevenir algum evento objetivamente improvável, frequentemente implicando dano ao sujeito ou causado por ele, que ele teme que possa ocorrer. O transtorno se acompanha quase sempre de ansiedade. Esta ansiedade se agrava quando o sujeito tenta resistir à sua atividade compulsiva. Freud, S. (2013). Observações sobre um caso de neurose obsessiva (“O homem dos ratos”). In S. Freud, Obras Completas (Paulo César de Souza, trad., Vol. 09, pp. 13-112). São Paulo: Companhia das Letras. Original publicado em 1909. Um Caso de Neurose Obsessiva Ernest Lanzer teve contato com a obra “Psicopatologia da Vida Cotidiana” e foi ao encontro de Freud, com a queixa de ser atormentado por sintomas obsessivos desde a infância. ➜ É configurado, principalmente, como neurose obsessiva por: 1. Pensamentos obsessivos (intrusivos, persistentes e egoísticos). 2. Atos compulsivos (rituais). Medo Obsessivo Relata o medo de que algo possa acontecer a pessoas que ama. Freud parte do princípio de que como as experiências reprimidas na infância resultava no inconsciente, logo, o medo compulsivo de algo desagradável acontecer com seu pai e sua mulher amada teria influência do passado. Em certa ocasião, ouviu de um capitão cruel a narrativa de uma tortura: um prisioneiro nu e imobilizado tinha uma vasilha com um rato fixado às nádegas. Essa história provoca forte impacto e suscita uma angústia. Amor x ódio. Desde criança, era atormentado por pensamentos a respeito da morte do pai, sempre pensando que algo ruim lhe aconteceria. Diante dessa crença, há um esforço do paciente por cumprir algumas promessas obsessivas a fim de impedir essa punição. Isso lhe gerou enorme culpa e uma forte formação reativa de “amar o pai mais do que a qualquer outra pessoa”. Desejo x medo. Freud pontua também que ao escutar a interpretação de que repetição do pensamento da morte do pai e o desejo inconsciente de matá-lo, o paciente se denuncia ao ficar agitado e incrédulo, visto que não se tratava de objeto de desejo e, sim, de objeto de medo. Vale também ressaltar o aspecto de vantagem sob falecimento pois, caso o pai morresse, Ernest poderia herdar todo seu dinheiro e casar-se com sua namorada. Mas imediatamente recusa esse pensamento por analisar e entender que a recompensa não valeria uma perda de tamanha gravidade. Sexualidade Infantil Cenas da infância. Medidas de proteção. Escopofilia. A Transferência A chegada do analista. Capitão. Sonho com a filha de Freud. Hostilidade com o analista. 1 – Diferencie as diferentes perspectivas em Psicopatologia, ou seja, diferentes formas de encarar e diagnosticar o adoecimento mental. 2 – Qual a definição de sintoma? E de síndrome? 3 – Enumere alguns aspectos/perguntas que precisam ser observados na entrevista de um paciente com transtorno mental? 4 – Quais aspectos observamos quanto à evolução de um transtorno?
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