Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estratégias para a inclusão da pessoa com TCE na comunidade Apresentação Olá, aluna(o)! A pessoa acometida por um Traumatismo Cranioencefálico (TCE) pode ter sequelas capazes de mudar o seu modo de viver. Por isso, é necessário garantir estratégias para a inclusão da pessoa com TCE na comunidade para que não existam barreiras na acessibilidade que a impeça de executar suas atividades. Você sabe como ajudar nesse processo? Você reconhece as ações que podem promover ou ajudar a promover auxílio nessa inclusão da pessoa com TCE na comunidade? Ao longo deste recurso, esperamos que você consiga responder a esses questionamentos. Durante a leitura, você irá conhecer sobre as estratégias de inclusão da pessoa com TCE na comunidade. Aprenderá que, para essa inclusão, há ferramentas, como a tecnologia assistiva, que podem facilitar a participação na sociedade. Ao final do estudo deste recurso, você deve ser capaz de compreender as estratégias e os recursos utilizados para a inclusão da pessoa com TCE na comunidade. OBJETIVO Você conhece a diferença entre esses termos nesse contexto? ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO DA PESSOA COM TCE NA COMUNIDADE O objetivo final das ações de uma equipe interdisciplinar é alcançar a inclusão da pessoa com Traumatismo Cranioencefálico (TCE) na comunidade, promovendo autonomia, independência e qualidade de vida¹˒²˒³. Quando se trata da promoção de ações para garantir participação, autonomia, independência e qualidade de vida para pessoas com TCE e pessoas com deficiência, dois termos podem aparecer como se tivessem o mesmo significado: INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO. Aqui, optamos por falar sob a perspectiva da inclusão. Inclusão Processo mais completo, com necessidade de mudança da cultura da sociedade para que todos tenham suas necessidades atendidas, como preconizado pela nossa constituição. Com a inclusão, é reconhecido que todos são diferentes e as individualidades são valorizadas⁴. Integração Envolve um esforço unilateral e exige uma adaptação da pessoa com deficiência ao que já existe na sociedade⁴. Quer entender mais sobre a diferença e os conceitos de inclusão e integração? Assista ao vídeo abaixo Inclusão x Integração PARA SABER MAIS https://www.youtube.com/watch?v=c5dVQQQFAEo Na estrutura da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), a participação é um dos componentes analisados e é definida como “envolvimento de um indivíduo em uma situação da vida real.”⁵ Portanto, a inclusão na comunidade faz parte do componente de participação da CIF, um componente da funcionalidade, e, portanto, apresenta relação com todos os outros componentes (funções e estrutura do corpo, atividade) os quais são moderados pelos fatores contextuais (pessoais e ambientais) e pela condição de saúde. Portanto, a inclusão da pessoa com TCE na comunidade é conquistada pelo conjunto das ações realizadas ao longo da oferta de cuidado nas diferentes fases do TCE. Além disso, esse processo é individualizado. Sendo assim, a avaliação e os raciocínios clínicos elaborados com o objetivo de promover o êxito na inclusão na comunidade, assim como as intervenções executadas, devem ser realizados especificamente para cada indivíduo, seguindo os pressupostos básicos do processo de cuidado da pessoa com TCE. Dito isso, você verá algumas estratégias e recursos específicos que podem ser utilizados para alcançar essa inclusão. Primeiramente, você precisa reconhecer a terminologia comumente utilizada quando estas questões são discutidas no contexto da pessoa com deficiência. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão, pessoa com deficiência é “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”⁶ VOCÊ CONHECE? PROCESSO DE INCLUSÃO DA PESSOA COM TCE NA COMUNIDADE No processo de inclusão da pessoa com deficiência após o TCE na comunidade, há alguns caminhos que devem ser seguidos: O primeiro passo é determinar o interesse vocacional da pessoa, como pelo trabalho, pela escola ou pelo voluntariado. Além de identificar o interesse, é preciso determinar, também, o potencial para esse retorno vocacional, a capacidade existente para que esse retorno seja obtido²˒³, considerando o modelo biopsicossocial para nortear o processo. Quando se fala desse modelo, é muito importante lembrar que você deve considerar as características do indivíduo, as demandas das tarefas a serem realizadas e os fatores contextuais (ambientais e pessoais) que moderam esse processo. O potencial de abordagens é enorme quando você reconhece que suas ações como profissional da equipe de saúde, incluindo a reabilitação, podem ir além das direcionadas para a melhora das deficiências e estruturas do corpo e das características físicas/ fisiológicas do indivíduo. Você precisa intervir, também, nas características relacionadas às atividades, ou às tarefas desempenhadas para as demandas dessas atividades, dentro das possibilidades existentes para intervenção no processo de desempenho delas. 1 Fo nt e: U N A -S U S/ U FM A . Essa avaliação deve contemplar as metas e os objetivos relacionados a esse retorno vocacional, determinados com a participação ativa e colaborativa do paciente e/ou da sua família⁷. O retorno ao trabalho e o interesse vocacional (mais comum quando falamos das pessoas com TCE) são conquistados por menos da metade das pessoas com TCE no período de um a dois anos após o trauma, possivelmente pela frequência com que o trauma acomete os adultos em fase produtiva. Modelo biopsicossocial Trabalho interprofissional Prática centrada no paciente Prática baseada em evidências Tendo este olhar, as possibilidades de intervenções são diversas e, consequentemente, maior é a chance de você promover, com êxito, essa inclusão da pessoa com deficiência após o TCE na comunidade. Para isso, como deve ocorrer em todo o processo de cuidado, uma boa avaliação deve ser realizada considerando os pressupostos básicos de cuidado: Outras possibilidades de intervenção estão relacionadas aos fatores contextuais, com as barreiras e os facilitadores existentes no ambiente em que a pessoa realiza suas atividades e tarefas. 2 Também é importante que as barreiras relacionadas aos fatores contextuais sejam consideradas⁸, apesar de ainda serem pouco estudadas. A identificação delas abre um leque de possibilidades para a identificação de estratégias e de recursos que podem ser utilizados para promover e alcançar o retorno ao trabalho e às outras atividades vocacionais. A discussão do conceito de acessibilidade nos permitirá enxergar melhor as questões relacionadas a essas barreiras. Pontuação na ECG e severidade do TC Tempo de reabilitação na fase agud Tempo de atendimento pelo seviço especializado de reabilitaçã Baixa pontuação na FI Presença de distúrbios cognitivos e comportamentais decorrentes da lesão Fatores relacionados ao processo do TCE⁸˒⁹ Baixo nível educaciona Desemprego antes da lesão Fatores sociodemográficos Depressão Outras condições de saúde associadas⁹ Alguns fatores pré-morbidade constituem preditores já identificados para o retorno ao trabalho, tais como: Muitas questões relacionadas à acessibilidade podem impactar na inclusão da pessoa com TCE na comunidade, incluindo no retorno ao trabalho e às outras atividades vocacionais¹. Você compreende o conceito de acessibilidade? Sabe como ele impacta a inclusão das pessoas com TCE na comunidade? Comumente, quando pensamos em acessibilidade, vêm à nossa mente questões relacionadas ao espaço físico, como as características arquitetônicas e urbanísticas. Algumas pessoas até se lembram das questões de comunicação. No entanto, raramente reconhecemos que as atitudese os comportamentos negativos dos membros da comunidade (como estigma e discriminação) perante pessoas com deficiência, como é o caso de muitas pessoas com TCE, seja de forma individual ou coletiva, também são fatores que estão relacionados à acessibilidade. ACESSIBILIDADE A acessibilidade é construída pelos membros da sociedade. Portanto, as normas que garantem acessibilidade urbanística e arquitetônica não rompem, por exemplo, com as barreiras atitudinais (como preconceitos e rejeição). IMPORTANTE Fonte: Adaptado de Pch.vector. Freepik. Há, pelo menos, seis tipos de acessibilidade¹˒¹⁰: Acessibilidade comunicacional Provém da eliminação ou minimização das barreiras na comunicação interpessoal (face a face, língua de sinais), escrita (jornais, livros, apostilas, revistas,etc.) e virtual (acessibilidade digital). Acessibilidade atitudinal Prioriza-se o respeito, sem preconceitos, discriminação, esteriótipos ou estigmas em relação à sociedade como um todo. Acessibilidade arquitetônica É o tipo de acessibilidade em que não existem barreiras físicas nas residências, nos edifícios, nos equipamentos e espaços urbanos, nos meios de transporte individual ou coletivo. Acessibilidade instrumental Caracterizada pela ausência de barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de lazer e recreação (comunitária, turística, esportiva, etc.). Acessibilidade programática É o tipo de acessibilidade caracterizada pela ausência de barreiras embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, etc.), normas e regulamentos (institucionais, empresariais, etc.). Acessibilidade metodológica Caracterizada pela ausência de barreiras nos métodos e técnicas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social, cultural, artística, etc.), de educação dos filhos (familiar). TECNOLOGIA ASSISTIVA A tecnologia assistiva (TA) engloba uma variedade de produtos, recursos, metodologias, serviços, estratégias e práticas, tanto de alta quanto de baixa tecnologia, que proporciona ou amplia as habilidades funcionais. É um recurso importante de ser utilizado para a inclusão da pessoa com deficiência na comunidade, inclusive a que passou por TCE. Você sabe o que é tecnologia assistiva? Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social¹¹. Por meio da ampliação da comunicação, da mobilidade, do controle de seu ambiente, das habilidades de seu aprendizado e trabalho, a TA proporciona à pessoa com deficiência maior independência, inclusão na comunidade e qualidade de vida¹². Ela rompe barreiras motoras, sensoriais ou cognitivas para promover a participação ativa, a autonomia e a inclusão da pessoa na comunidade. Para aprender mais sobre tecnologia assistiva e qual a sua importância para a inclusão da pessoa com deficiência na comunidade, acesse Vídeo: https://youtu.be/-i9Av0gfzF Página: http://www.casadaptada.com.br/2017/08/10- aplicativos-para-acessibilidade-tecnologia-servico-da- independencia Artigo: https://www.assistiva.com.br/ Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf PARA SABER MAIS https://youtu.be/-i9Av0gfzFI https://casadaptada.com.br/2017/08/10-aplicativos-para-acessibilidade-tecnologia-servico-da-independencia/ https://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf https://youtu.be/-i9Av0gfzFI Considerações finais Neste recurso, você conheceu mais sobre as formas de inclusão da pessoa com TCE na comunidade, sobre os tipos de acessibilidade e sobre a tecnologia assistiva. As estratégias e ferramentas apresentadas visam proporcionar às pessoas com deficiência e pessoas que sofreram TCE um melhor retorno para a sociedade, para que possam voltar ao trabalho e ao convívio social dentro da normalidade e respeitando suas particularidades. Além disso, você pôde perceber como a inclusão é um processo completo, que exige um esforço coletivo, com uma mudança da sociedade para que o indivíduo seja atendido. Com esse conhecimento, você pode, agora, junto com a sua equipe, pensar em estratégias para ajudar na inclusão das pessoas com TCE na sociedade, fazendo com que elas voltem a executar suas atividades dentro de suas capacidades. Até a próxima! Créditos Coordenação do Projeto Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Coordenação Geral da DTED/ UNA-SUS/UFMA Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Gestão de projetos da UNA- SUS/UFMA Amanda Rocha Araújo Coordenação de Produção Pedagógica da UNA-SUS/UFMA Paola Trindade Garcia Coordenação de Ofertas Educacionais da UNA-SUS/ UFMA Elza Bernardes Monier Coordenação de Tecnologia da Informação da UNA-SUS/UFMA Mário Antonio Meireles Teixeira Professora-autora Christina Danielli Coelho de Morais Faria Validadores técnicos - Ministério da Saúde Coordenação-Geral de Saúde da Pessoa com Deficiência (CGSPD/ DAET/SAES/MS) Angelo Roberto Gonçalves Flávia da Silva Tavares Diogo do Vale de Aguiar Denise Maria Rodrigues Costa Validadoras pedagógicas Larissa Di Leo Nogueira Costa Deysianne Costa das Chagas Revisora textual Vitória Regina de Alencar Araújo Design instrucional Guilherme Coêlho Brito Nunes Mizraim Nunes Mesquita Design Gráfico Agnes Milen Guerra Jackeline Mendes Pereira Referências 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Traumatismo Cranioencefálico. 1ª ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015. 132 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_traumatisco_cranioencefalico.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2021. 2. JOLLIFFE, L. et al. Systematic review of clinical practice guidelines to identify recommendations for rehabilitation after stroke and other acquired brain injuries. BMJ Open. [S. l.], v. 8, n.º 2, fev. 2018. Disponível em: <doi:10.1136/ bmjopen-2017-018791>. 3. NEW ZEALAND GUIDELINES GROUP. The diagnosis, acute management and rehabilitation of people after traumatic brain injury. Wellington, NZ: Accident Compensation Corporation, jul. 2006. Disponível em: <www.nzgg.org.nz/ guidelines/dsp_guideline_popup.cfm?guidelineID=129>. Acesso em: 05 nov. 2021. 4. DIFERENÇA entre incluir e integrar pessoas. Talento Incluir, 2019. Disponível em: <https://talentoincluir.com.br/emprego/diferenca-entre-incluir-e-integrar- pessoas-com-deficiencia/>. Acesso em: 05 nov. 2021. WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Classification of Functioning, Disability and Health: IFC. Geneva: WHO, 2001. Disponível em: <https:// apps.who.int/iris/handle/10665/42407>. 5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Classification of Functioning, Disability and Health: IFC. Geneva: WHO, 2001. Disponível em: <https:// apps.who.int/iris/handle/10665/42407>. 6. BRASIL. Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República, [2015]. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 05 nov. 2021. 7. BOVEND’EERDT, T. J.; BOTELL, R. E.; WADE, D. T. Writing SMART rehabilitation goals and achieving goal attainment scaling: a practical guide. Clinical Rehabilitation. [S. l.], v. 23, n.º 4, p. 352-361, abr. 2009. Disponível em: <https:// doi.org/10.1177%2F0269215508101741>. 8. SALTYCHEV, M. et al. Return to work after traumatic brain injury: systematic review. Brain injury. [S. l.], v. 27, n.º 13-14, p. 1516-1527, out. 2013. Disponível em: <https://doi.org/10.3109/02699052.2013.831131>.Referências 9. SCARATTI, C. et al. Work-related difficulties in patients with traumatic brain injury: a systematic review on predictors and associated factors. Disability and Rehabilitation. [S. l.], v. 39, n.º 9, p. 847-855, abr. 2016. Disponível em: <https:// doi.org/10.3109/09638288.2016.1162854>. 10. O QUE é e para que serve a Lei de Acessibilidade no Brasil. Projemak, 2021. Disponível em: <https://projemak.com.br/o-que-e-e-para-que-serve-a-lei-de- acessibilidade-no-brasil/>. Acesso em: 05 nov. 2021. 11. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. Brasília, DF: CORDE, 2009. 138 p. Disponível em: <http://www.galvaofilho.net/livro-tecnologia- assistiva_CAT.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2021. 12. BERSCH, Rita. Introdução a tecnologia assistiva: tecnologia e educação. Porto Alegre, 2013. Disponível em: <https://www.assistiva.com.br/ Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf>. FARIA, Christina Danielli Coelho de Morais. Estratégias para a inclusão da pessoa com TCE na comunidade. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Atenção à pessoa com deficiência II: Mulheres com deficiência, Saúde bucal da Pessoa com Deficiência, Pessoa com Acidente Vascular Encefáico, Pesso com Traumatismo Cranioencefálico (TCE), Pessoa com Paralisia Cerebral, Reabilitação Visual, Triagem Auditiva Neonatal (TAN) e triagem ocular neonatal (TON). Atenção à pessoa com Traumatismo Cranioencefálico (TCE). São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021. Como citar este material © 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade Federal do Maranhão.É permitida a reprodução, a disseminação e a utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, na forma da legislação ao mesmo tempo em que deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa dos seus autores, conforme a Lei de Direitos Autorais - LDA (Lei n.⁰ 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Compartilhar