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DEFINIÇÃO O estudo dos sistemas orgânicos nas aves domésticas e suas principais diferenças com a anatomia dos animais mamíferos domésticos. PROPÓSITO Reconhecer a estrutura anatômica e a funcionalidade dos sistemas orgânicos das aves domésticas é importante para compreender a fisiologia, comparar as semelhanças e as diferenças destas em relação aos animais mamíferos domésticos, mas também para identificar e interpretar sinais clínicos e alterações patológicas que as aves possam desenvolver. MÓDULO 1 Reconhecer as estruturas e as funcionalidades de cada órgão dos sistemas orgânicos das aves domésticas INTRODUÇÃO O estudo da anatomia sistêmica das aves domésticas é importante para a contextualização e a aplicabilidade em outras áreas de ensino e de práticas médico-veterinárias. As aves apresentam particularidades anatômicas adaptadas aos seus diferentes hábitos de vida. Aqui estudaremos os seguintes sistemas orgânicos: digestório, respiratório, cardiovascular, linfático, endócrino, urinário, reprodutor masculino e feminino, cujos componentes anatômicos principais podem ser observados na figura a seguir: Fonte: Adaptado de Patten, 1920 Componentes principais do sistema orgânico de uma ave doméstica Sugerimos que você, aluno, leia e crie uma tabela comparativa com todas as diferenças entre os mamíferos e as peculiaridades de uma ave doméstica. Vamos lá? SISTEMA DIGESTÓRIO NAS AVES DOMÉSTICAS Ele consiste em uma estrutura tubular com início na orofaringe e término na cloaca. Porém, cabe ressaltar que é pela ranfoteca, conhecida popularmente como bico, que uma ave doméstica ingere o alimento, de acordo com sua dieta. A ranfoteca substitui os lábios e os dentes, inexistentes nas aves. A seguir, a figura aponta a sequência de órgãos que formam o sistema digestório das aves. Fonte: MCCRACKEN e KAINER, 1999. Componentes principais do sistema orgânico de uma ave doméstica. Agora vamos estudar cada um dos componentes do sistema digestório das aves domésticas na ordem que é encontrado. OROFARINGE A orofaringe corresponde ao trajeto que vai da ranfoteca até chegar ao esôfago. No teto da orofaringe (dorsalmente), encontramos o palato, que apresenta medial e rostralmente uma fenda chamada coana. Esta se comunica com a cavidade nasal e fica fechada quando a ave deglute. No palato, ainda encontramos uma fenda menor medial e caudal à coana chamada de fenda infundibular. Esta é a abertura comum das tubas auditivas. No assoalho da orofaringe (ventralmente), encontramos a língua e a elevação laríngea. A língua é triangular, está presa pelo osso hioide e auxilia no momento da deglutição. Foto: Pixabay ATENÇÃO Devemos lembrar que o bolo alimentar deve ser embebido por saliva, para que seja deglutido. Então sim! As aves possuem glândulas salivares que desembocam os seus óstios no interior da orofaringe. Posteriormente à língua, encontramos a elevação laríngea que apresenta uma fenda medial chamada de glote. Diferentemente dos mamíferos, a entrada da glote nas aves é desprovida de epiglote. Vamos falar posteriormente sobre a glote e as cartilagens da laringe no sistema respiratório, certo? ESÔFAGO O esôfago das aves começa após o término da orofaringe e acompanha dorsalmente a traqueia na descida pelo pescoço. Este apresenta grande mobilidade e, na entrada torácica, exibe uma grande dilatação ventral denominada de inglúvio (conhecido popularmente como papo). O inglúvio apresenta glândulas mucosas que lubrificam o bolo alimentar. VOCÊ SABIA Você já deve ter ouvido falar em “leite de pombo”. Ele é produzido pela mistura da secreção das glândulas mucosas do inglúvio com as células epiteliais descamativas. A fêmea utiliza esta secreção para a alimentação dos filhotes. ESTÔMAGO Fonte: Shutterstock Estômago da galinha: (a) Proventrículo; (b) Ventrículo (moela). PROVENTRÍCULO O primeiro é chamado proventrículo. É o estômago glandular, dotado de glândulas que produzem e secretam ácido clorídrico e pepsina. VENTRÍCULO O segundo compartimento do estômago é o ventrículo (também chamado de moela). É o estômago mecânico. O ventrículo apresenta dois sacos cegos: um cranial e um caudal. SAIBA MAIS VENTRÍCULO Ventrículo compreende uma estrutura de paredes grossas e musculosas onde o alimento, que já está amolecido e misturado a enzimas digestórias, será triturado. Sua mucosa áspera junto com os grãos de areia ingeridos (como é hábito das aves domésticas) funcionam como um verdadeiro triturador — afinal, esses animais não apresentam dentes. A parede interna do ventrículo é revestida pela coilina, uma membrana protetora. No ventrículo, observamos o orifício pilórico (limite anatômico entre ele e o duodeno). DUODENO, JEJUNO, ÍLEO, CÓLON-RETO E CLOACA DUODENO javascript:void(0) Como nos mamíferos, o duodeno das aves é o início do intestino. É formado por duas alças em formato de “U”. No meio delas se encontra o pâncreas. JEJUNO O jejuno é formado por espirais frouxas e de longo comprimento. Apresenta uma pequena saculação denominada divertículo vitelino (remanescente do saco vitelino). javascript:void(0) ÍLEO O íleo inicia-se no divertículo vitelino e tem o seu trajeto em permeio ao ceco duplo. A prega íleo-cecal delimita o comprimento do íleo. Diferentemente dos mamíferos, que apresentam apenas um ceco, nas aves domésticas o ceco é duplo, localizados lateralmente ao íleo. No ceco ocorre a decomposição da celulose e nele ainda existe uma acentuada quantidade de tecido linfoide chamado tonsilas cecais. javascript:void(0) CÓLON O cólon e o reto formam um único componente, o cólon-reto, que continua posteriormente após o ceco e termina na cloaca. Não há divisão em cólon ascendente, descendente e transverso. CLOACA A cloaca é uma estrutura comum ao sistema digestório, urinário e genital. Para atender aos três sistemas, a cloaca dispõe de três compartimentos separados por duas pregas incompletas. O coprodeu é o compartimento reservado ao sistema digestório. Vamos tratar dos demais compartimentos, quando estudarmos os sistemas urinário e genital. DIVERTÍCULO VITELINO O saco vitelino armazena uma substância nutritiva responsável pela nutrição do embrião durante seu desenvolvimento, denominada de vitelo. O divertículo é um remanescente deste saco. PREGA ÍLEO-CECAL A prega íleo-cecal é uma dobra de mesentério que liga os segmentos intestinais íleo e o ceco duplo. FÍGADO E PÂNCREAS Não podemos deixar de estudar o fígado e o pâncreas como parte do sistema digestório. São considerados glândulas anexas. Vamos lá? FÍGADO As aves domésticas apresentam o fígado com apenas dois lobos hepáticos (lobos direito e esquerdo), diferente dos mamíferos, que apresentam de cinco a seis lobos, dependendo da espécie. O lobo direito é maior que o esquerdo e tem a vesícula biliar acoplada na superfície visceral. O lobo esquerdo tem menor tamanho e é dividido em duas partes. A superfície parietal dos lobos hepáticos é convexa; a visceral é côncava. Cada lobo tem um ducto biliar e este vai desembocar na extremidade distal do duodeno, conduzindo a bile até essa região. Fonte: shutterstock Fígado de uma ave doméstica. PÂNCREAS As aves apresentam apenas dois lobos pancreáticos (dorsal e ventral). O pâncreas está localizado entre as alças duodenais, conforme vemos na figura ao lado. Os ductos pancreáticos desembocam na extremidade distal do duodeno, bem próximos aos ductos biliares, conduzindo o suco pancreático até essa região. Fotografia da cavidade celomática em ave (Gallus gallus domesticus) da linhagem avian 48, mostrando: (D) Duodeno; (Pa) Pâncreas; (a) Ramos da artéria pancreaticoduodenal. Fonte: CARVALHO et al (2011) SISTEMA RESPIRATÓRIO NAS AVES DOMÉSTICAS A figura a seguir mostra a disposição dos componentes anatômicos do sistema respiratório no corpo da ave. Vamos estudar cada um dos componentes na ordem sequencial em que é encontrado. : Fonte: UNESP Anatomia do sistema respiratórioOPÉRCULO O opérculo funciona como uma barreira à entrada de objetos estranhos. NARINAS O sistema respiratório nas aves tem o seu início nas narinas localizadas na ranfoteca. As narinas apresentam uma cobertura córnea chamada de opérculo. Nas narinas há a cavidade nasal, uma estrutura par separada por um septo medial que leva o ar da narina até a orofaringe. Apresenta também comunicação com a coana, como vemos na figura ao lado. A cavidade nasal é preenchida por conchas (rostral, média e caudal) que delimitam recessos. Fonte: SAYED et al (2016) Fotografia da orofaringe de um peru. A letra C identifica a fenda da coana, canal de comunicação com as cavidades nasais. As setas apontam para as papilas mecânicas. LARINGE A laringe das aves é formada apenas pelas cartilagens aritenoides (pares) e cricoide (ímpar) em formato de anel. Não há as cartilagens epiglote e tireoide presentes em mamíferos. Nas aves, as cartilagens que têm a função de fechar a glote por ação muscular reflexa são as aritenoides. As aves não apresentam pregas vocais, portanto, vocalizam por uma estrutura chamada siringe. Veremos suas características mais adiante. TRAQUEIA Diferentemente dos mamíferos, as aves apresentam os anéis traqueais completos ao longo de toda a região cervical. A traqueia bifurca-se em dois brônquios primários, dorsais à base do coração. javascript:void(0) SIRINGE A siringe é formada pela parte terminal da traqueia e o início dos brônquios. Apresenta paredes membranosas que possibilitam a vocalização quando a vibração é provocada. Para ajudar neste mecanismo de vocalização, ainda existe um par de músculo (músculo esternotraqueal) que traciona a traqueia junto à siringe. PULMÕES Diferentemente dos mamíferos, os pulmões das aves são estruturas não lobadas, não expansíveis e não cobrem parte do coração. Estão localizados contra as vértebras torácicas e as costelas. Os brônquios primários penetram na superfície ventral dos pulmões, vão se estreitando e tornam-se contínuos com um dos sacos aéreos (saco aéreo abdominal). No parênquima pulmonar, ramificam-se em brônquios secundários (mais de 40 nas galinhas) e estes emitem os parabrônquios (mais de 400 nas galinhas). Nos parabrônquios, ocorrem as trocas gasosas. A figura a seguir mostra a disposição dos componentes anatômicos do sistema respiratório no corpo da ave. Você sabe o que são sacos aéreos? São dilatações cegas e de paredes finas, com íntima relação com as vísceras torácicas e abdominais, chegando a adentrar alguns ossos. São oito sacos aéreos nas aves: 1 Cervicais (dois) 2 Clavicular 3 Torácicos craniais (dois) 4 Torácicos caudais (dois) 5 Abdominais (dois) Eles auxiliam na respiração das aves, deixam o corpo mais leve e melhoram a estabilidade do voo. Observe a disposição dos sacos aéreos no corpo todo de uma ave e depois isolados. (Fonte: Aldona Griskeviciene | Shutterstock) Vista lateral direita e ventral dos sacos aéreos da ave. Fonte: FAILS et al (2019) Ilustração esquemática de um lado do sistema respiratório aviário. A traqueia (não identificada) termina na siringe. O saco clavicular (A) tem um divertículo lateral (A1), um divertículo subescapular (A2) e um divertículo axilar (A3). O brônquio primário passa pelo pulmão, onde dá origem a numerosos brônquios secundários, que são contínuos com os sacos aéreos cervicais (B), torácicos craniais (C), torácicos caudais (D) e abdominais (E). SISTEMA CARDIOVASCULAR NAS AVES DOMÉSTICAS O coração das aves apresenta quatro câmaras, dois átrios (direito e esquerdo) e dois ventrículos (direito e esquerdo). Átrio direito O átrio direito recebe duas veias cavas craniais e uma veia cava caudal. Átrio esquerdo O átrio esquerdo recebe uma veia pulmonar única a partir da união de várias veias pulmonares. Valva atrioventricular direita A valva atrioventricular direita é composta por uma única aba muscular. Valva atrioventricular esquerda A valva atrioventricular esquerda tem três válvulas. O ápice cardíaco é formado pelo ventrículo esquerdo e, diferentemente dos mamíferos, o coração está localizado entre os lobos hepáticos. A figura a seguir mostra a anatomia externa do coração. Sua cavidade é única, chamada de cavidade celomática. Portanto, não há separação entre o tórax e o abdome. Isto explica a sintopia entre o coração e o fígado. Fonte: Bearfotos / Freepik Coração de galinha javascript:void(0) SINTOPIA Sintopia é um termo topográfico que indica a relação de vizinhança entre os órgãos. RAMIFICAÇÕES DA ARTÉRIA AORTA Vamos agora estudar as principais ramificações da artéria aorta, que estão ilustradas nas figuras a seguir. Fonte: KARDONG (2019) Coração de ave: principais vasos da base do coração O esquema a seguir ilustra os principais ramos da artéria aorta e seus locais de irrigação Fonte: Autor Principais ramos da artéria aorta e seus locais de irrigação. As tributárias da veia cava cranial drenam cabeça, pescoço, peito e apêndices torácicos, enquanto as tributárias da veia cava caudal drenam fígado, rins, gônadas e oviduto. VOCÊ SABIA A veia jugular direita é sempre maior que a esquerda e é escolhida muitas vezes para a venopunção. Existe, ainda, um sistema porta-renal nas aves que direciona um pouco de sangue advindo da pelve e dos membros pélvicos diretamente para os rins antes de alcançar a veia cava caudal. Existe uma válvula neste sistema que pode estar aberta ou fechada de acordo com o controle do sistema nervoso autônomo. O sistema porta renal conduz sangue venoso para o parênquima renal e está relacionado com a excreção de ácido úrico. Como os mamíferos, as aves também apresentam o sistema porta-hepático, mas com duas veias porta-hepáticas. Além disso, nas aves o sistema sofre anastomose com o sistema porta-renal através da veia coccígea mesentérica. SISTEMA LINFÁTICO NAS AVES DOMÉSTICAS O tecido linfoide nas aves está distribuído de forma desorganizada quando comparado aos mamíferos. Apenas o ganso e o pato apresentam uma estrutura organizada que conhecemos como linfonodo. Os vasos linfáticos apresentam válvulas, acompanham os vasos sanguíneos e desembocam a linfa nas veias cavas craniais. O tecido linfoide difuso está presente nos seguintes órgãos: pâncreas, pulmões, rins, orofaringe e cecos. Alguns órgãos linfoides em aves podem ser vistos à macroscopia, como por exemplo o baço e o timo, que é dividido em lóbulos ao longo das veias jugulares. Assim como nos mamíferos, o timo regride conforme o avanço da idade das aves. A bolsa cloacal também é um importante órgão linfoepitelial, cheio de folículos linfoides denominados “folículos da bolsa”. Nestes ocorre a diferenciação de linfócitos B independentemente de antígeno. A bolsa tem o seu auge de tamanho após a 6ª semana de nascimento da ave e regride a partir do 3º mês. A bolsa cloacal está localizada no proctodeu, que estudaremos adiante. LINFÓCITOS B Os linfócitos B são componentes do sistema imunológico de um indivíduo. A principal função das células B é a produção de anticorpos. As aves apresentam ainda o baço, que é arredondado nas galinhas e triangular em patos (de cor vermelho-acastanhado) e fica em contato com o fígado. Nas figuras abaixo, observamos a relação de vizinhança anatômica entre o fígado e o baço, além da ramificação arterial da bolsa cloacal. javascript:void(0) Fonte: SINOTTI et al, 2012. Face visceral do fígado de uma galinha. Notar a relação de vizinhança (sintopia) entre o fígado e o baço (seta preta). A seta azul aponta para a vesícula biliar. Fonte: SINOTTI et al, 2012. Ramificação arterial da bolsa cloacal de uma galinha. Bolsa cloacal (B); Artéria Bursocloacal (ABC); Artéria Pudenda Interna (API); Artéria Ilíaca Interna (AII); Artéria Sacral Mediana (ASaM); Artéria Aorta Abdominal (AAA). SISTEMA ENDÓCRINO NAS AVES DOMÉSTICAS As aves domésticas apresentam as seguintes glândulas: TIREOIDES São pares e ovais, castanho-avermelhadas, localizadas caudais ao inglúvio,na entrada do tórax. PARATIREOIDES São duas ou três de cada lado da tireoide, são castanho-amareladas, caudais à glândula tireoide ou aderidas a ela. ULTIMOBRANQUIAIS São róseas e caudais às paratireoides. ADRENAIS São duas, castanho-amareladas e localizadas cranialmente a cada rim. HIPÓFISE Localiza-se ventralmente ao diencéfalo e divide-se em adenohipófise e neurohipófise. A figura a seguir mostra a localização das glândulas tireoides e paratiroides nas aves. Fonte: KARDONG (2019) Glândula tireoide e paratireoide de uma ave. Notar que, nas aves, estas glândulas localizam-se na entrada do tórax. SISTEMA URINÁRIO NAS AVES DOMÉSTICAS Os rins nas aves são alongados e estão localizados em recessos contra o sinsacro. Cada rim é dividido em três partes: cranial, média e caudal. O ureter origina-se na parte cranial e recebe em sua passagem outros ramos da parte média e caudal. O ureter termina no urodeu presente na cloaca, portanto, não existe vesícula urinária nas aves. O orifício uretérico no urodeu fica na parede dorsolateral, acima da papila do ducto deferente. Observe a figura a seguir. Fonte: Adaptado de REECE, 2015. Órgãos geniturinários e estruturas associadas de um frango. Aorta abdominal (a); Artéria epididimal (ae); Artéria renal cranial (ar); Cloaca (c); Epidídimo (e); Veia ilíaca externa (ei); Veia porta renal caudal (p); Veia renal (r); Testículo (t); Artéria testicular (ta); Ureteres (u); Veia cava caudal (v); Ducto deferente (dd); 1, 2, e 3, lobos cranial, médio e caudal do rim, respectivamente. VOCÊ SABIA Cada parte do rim, ou seja, parte cranial, média e caudal é irrigada por três artérias renais e drenada por duas veias renais, conforme ilustrado na figura. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO NAS AVES DOMÉSTICAS É formado pelos seguintes órgãos: testículos, epidídimos, ductos deferentes e falo. Estudaremos cada um deles a partir de agora. TESTÍCULOS Ao contrário dos mamíferos, nas aves os testículos são intracavitários, ou seja, não há bolsa escrotal nas aves. Essas estruturas são pares e simétricas, amareladas, craniais aos rins, presas por um curto mesórquio e podem aumentar um pouco de tamanho quando estiverem no período reprodutivo. A figura a seguir mostra testículos de galo de corte e de postura. MESÓRQUIO O mesórquio é uma prega do peritônio que envolve o testículo. javascript:void(0) Fonte: SANTOS et al, 2012 Testículos de um galo. Vista ventral dos testículos direito (TD) e esquerdo (TE) in situ em codornas de corte e postura. Barra = 1cm. Na figura, observamos que, independentemente de o galo ser um reprodutor destinado para a produção de aves de corte ou postura, os testículos aumentam o seu tamanho de modo considerável na época reprodutiva (155 dias). EPIDÍMO O epidídimo é uma estrutura única sobre o testículo. É formado por dúctulos eferentes que se unem para formar o ducto epididimário. Serve de passagem para os espermatozoides do testículo para o ducto deferente. Os ductos deferentes abrem-se na parede lateral do urodeu, um dos compartimentos da cloaca. FALO O falo (órgão copulador) está localizado na cloaca, mais precisamente na superfície ventral do proctodeu. É análogo ao pênis nos mamíferos. O falo pode protrair (pato e ganso) ou não protrair (galo) no momento da cópula. É formado por um tubérculo fálico mediano e corpos javascript:void(0) fálicos laterais pares. O falo recebe os espermatozoides para formar o ejaculado a partir dos ductos deferentes. A figura a seguir exibe os órgãos geniturinários, artérias e veias de uma ave doméstica. PROTRAIR Protrair o falo (Protusão) significa deslocar o falo para a frente. Fonte: Shutterstock Componentes do sistema reprodutor masculino de ave. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO NAS AVES DOMÉSTICAS Para conhecer o sistema reprodutor feminino nas aves domésticas, assista ao vídeo a seguir. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. LEIA ATENTAMENTE AS AFIRMATIVAS SOBRE A ANATOMIA DOS SISTEMAS ORGÂNICOS DE AVES DOMÉSTICAS. I - AS AVES APRESENTAM CARTILAGENS CRICOIDE E ARITENOIDES NA LARINGE; II - O PÂNCREAS DAS AVES FICA LOCALIZADO EM PERMEIO ÀS ALÇAS DUODENAIS; III - O FÍGADO DAS AVES APRESENTA, AO TODO, QUATRO LOBOS; IV - AS AVES APRESENTAM CECO DUPLO; V - PARA COMPENSAR A AUSÊNCIA DE DENTES, EXISTE NAS AVES UM ÓRGÃO CHAMADO PROVENTRÍCULO (MOELA). ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE CONTEMPLA AS SENTENÇAS VERDADEIRAS: A) I, III e IV B) I, II e IV C) I, II, IV e V D) II, IV e V 2. LEIA ATENTAMENTE AS AFIRMATIVAS SOBRE A ANATOMIA DOS SISTEMAS ORGÂNICOS DE AVES DOMÉSTICAS. I - AS AVES APRESENTAM GLÂNDULAS TIREOIDES PARES, LOCALIZADAS NO INÍCIO DA TRAQUEIA; II - AS AVES APRESENTAM GLÂNDULAS ADRENAIS LOCALIZADAS CRANIALMENTE AOS RINS; III - A HIPÓFISE NAS AVES É DIVIDIDA EM ADENOHIPÓFISE E NEUROHIPÓFISE; IV - AS AVES APRESENTAM GLÂNDULAS ENDÓCRINAS CHAMADAS ULTIMOBRANQUIAIS; ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE CONTEMPLA AS SENTENÇAS VERDADEIRAS: A) II, III e IV B) I e IV C) II e III D) II, III e IV GABARITO 1. Leia atentamente as afirmativas sobre a anatomia dos sistemas orgânicos de aves domésticas. I - As aves apresentam cartilagens cricoide e aritenoides na laringe; II - O pâncreas das aves fica localizado em permeio às alças duodenais; III - O fígado das aves apresenta, ao todo, quatro lobos; IV - As aves apresentam ceco duplo; V - Para compensar a ausência de dentes, existe nas aves um órgão chamado proventrículo (moela). Assinale a única alternativa que contempla as sentenças verdadeiras: A alternativa "B " está correta. As aves apresentam apenas dois lobos hepáticos. O nome correto da moela é ventrículo e não proventrículo. 2. Leia atentamente as afirmativas sobre a anatomia dos sistemas orgânicos de aves domésticas. I - As aves apresentam glândulas tireoides pares, localizadas no início da traqueia; II - As aves apresentam glândulas adrenais localizadas cranialmente aos rins; III - A hipófise nas aves é dividida em adenohipófise e neurohipófise; IV - As aves apresentam glândulas endócrinas chamadas ultimobranquiais; Assinale a única alternativa que contempla as sentenças verdadeiras: A alternativa "D " está correta. As glândulas tireoides nas aves estão localizadas caudais ao inglúvio, na entrada do tórax. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante nosso estudo, vimos que os órgãos que compõem os diferentes sistemas orgânicos das aves apresentam particularidades anatômicas que estão relacionadas à adaptação desses animais ao meio. Com base no estudo da morfologia dos órgãos e suas respectivas funções, podemos notar semelhanças e diferenças encontradas entre os sistemas orgânicos das aves domésticas quando comparados aos dos mamíferos domésticos. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS CARVALHO, F.S.; SEVERINO, R.S.; RINALDI, F.C.Q.; SILVA, T.A.; PEREIRA, S.A. Origem e distribuição da artéria celíaca em aves (Gallus gallus domesticus) da linhagem cobb avian 48. Veterinária Notícias, v.17, p. 148-154, 2011. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WESING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. cap. 39, p. 773-798. FAILS, A.D.; MAGEE, C. Frandson. Anatomia e fisiologia dos animais de produção. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520447529/cfi/46!/4/2@100:0.00 KARDONG, K.V. Vertebrados: anatomia comparada e evolução. 7ª Ed. São Paulo: Roca, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527729697/cfi/6/2!/4/2@0:0 KING, A.S. Introdução às aves. In: GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Vol. II. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986, p. 1677-1962. MCCRACKEN e KAINER, 1999. Reproduzido, com autorização, de John Wiley & Sons, Inc. Extraído de FAILS, A.D.; MAGEE, C. Frandson. Anatomia e fisiologia dos animais de produção. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520447529/cfi/46!/4/2@100:0.00SANTOS, T.C.; FERRARI, C.C.; MENCONI, A.; MAIA, M.O.; BOMBONATO, P.P.; PEREIRA C.C.H. Veias do sistema porta-hepático em gansos domésticos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, p. 327-332, 2009. SANTOS, T.C.; MURAKAMI, A.E.; OLIVEIRA, C.A.L.; COSTA P.D. Desenvolvimento corporal e testicular em machos de codornas de corte e de postura de 25 a 360 dias. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 32, p. 1205-1212, 2012. SAYED, R.K.A.; SALEH A.M.; AHMED, A.K.; ABDALLA, K.E.H. Gross anatomical, light and scanning electron microscopic studies on the pharyngeal roof of turkey (Meleagris gallopavo): comparative study. Journal of Advanced Veterinary Research, v. 6, p. 112-117, 2016. SINOTTI, J.F.; MARTINS, A.B.; BIRCK, A.J.; FILADELPHO, A.L. Vascularização arterial da bolsa cloacal em (Gallus gallus domesticus) da linhagem Coob slow. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 19, p. 1-10, 2012. EXPLORE+ Como vimos, o sistema reprodutor feminino das aves é bastante diferente do sistema dos mamíferos, e isso está relacionado com a formação de ovos. Você pode aprofundar seu conhecimento assistindo ao vídeo Virtual Chicken: Part 1: The Female Reproductive Tract , da Auburn University, disponível na plataforma YouTube, que oferece uma visão geral e bastante didática sobre o assunto. Além disso, se você se interessou pelas peculiaridades do sistema digestório das aves, pode também assistir ao vídeo Virtual Chicken: Full Digestive System , do canal Virtual Chicken, disponível na plataforma YouTube e aprofundar seu conhecimento. CONTEUDISTA Mariana Correia Oliveira CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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